You are on page 1of 64

Douglas Melman

Gestão da Inovação
Tecnológica
APRESENTAÇÃO

É com satisfação que a Unisa Digital oferece a você, aluno(a), esta apostila de Gestão da Inovação
Tecnológica, parte integrante de um conjunto de materiais de pesquisa voltado ao aprendizado dinâmi-
co e autônomo que a educação a distância exige. O principal objetivo desta apostila é propiciar aos(às)
alunos(as) uma apresentação do conteúdo básico da disciplina.
A Unisa Digital oferece outras formas de solidificar seu aprendizado, por meio de recursos multidis-
ciplinares, como chats, fóruns, aulas web, material de apoio e e-mail.
Para enriquecer o seu aprendizado, você ainda pode contar com a Biblioteca Virtual: www.unisa.br,
a Biblioteca Central da Unisa, juntamente às bibliotecas setoriais, que fornecem acervo digital e impresso,
bem como acesso a redes de informação e documentação.
Nesse contexto, os recursos disponíveis e necessários para apoiá-lo(a) no seu estudo são o suple-
mento que a Unisa Digital oferece, tornando seu aprendizado eficiente e prazeroso, concorrendo para
uma formação completa, na qual o conteúdo aprendido influencia sua vida profissional e pessoal.
A Unisa Digital é assim para você: Universidade a qualquer hora e em qualquer lugar!

Unisa Digital
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 5
1 INOVAÇÃO................................................................................................................................................... 7
1.1 Princípios da Inovação ...................................................................................................................................................7
1.2 Tipos de Inovação.............................................................................................................................................................8
1.3 Conhecimento................................................................................................................................................................10
1.4 Inovação e suas Etapas................................................................................................................................................11
1.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................13
1.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................13

2 GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA............................................................................... 15


2.1 Inovação Tecnológica...................................................................................................................................................15
2.2 Processo de Inovação Tecnológica.........................................................................................................................16
2.3 Competitividade............................................................................................................................................................17
2.4 Vantagem Competitiva...............................................................................................................................................18
2.5 Tecnologia........................................................................................................................................................................19
2.6 Estratégias Tecnológicas.............................................................................................................................................19
2.7 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................20
2.8 Atividades Propostas....................................................................................................................................................21

3 IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA.................................................. 23


3.1 Definições.........................................................................................................................................................................23
3.2 Invenções Bem-Sucedidas ao Longo dos Anos.................................................................................................25
3.3 Invenções Malsucedidas ao Longo dos Anos.....................................................................................................25
3.4 Patentes.............................................................................................................................................................................27
3.5 Patente Verde..................................................................................................................................................................28
3.6 E-Patentes.........................................................................................................................................................................28
3.7 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................29
3.8 Atividades Propostas....................................................................................................................................................29

4 GESTÃO DA PESQUISA PARA O DESENVOLVIMENTO............................................... 31


4.1 Fatores Inibidores e Facilitadores............................................................................................................................31
4.2 Gerência Financeira e Levantamento de Recursos...........................................................................................32
4.3 Gerência Profissional de Projetos ...........................................................................................................................32
4.4 Política de Pessoal ........................................................................................................................................................33
4.5 Cooperação Universidade/Empresa.......................................................................................................................33
4.6 Formas de Cooperação...............................................................................................................................................34
4.7 Incubadoras ....................................................................................................................................................................35
4.8 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................37
4.9 Atividades Propostas....................................................................................................................................................37

5 POLÍTICAS E INCENTIVOS À INOVAÇÃO TECNOLÓGICA......................................... 39


5.1 Política de Inovação......................................................................................................................................................39
5.2 Incentivos Fiscais para a Inovação Tecnológica.................................................................................................41
5.3 Participação Empresarial e a Lei do Bem..............................................................................................................42
5.4 Empresas por Setor de Atividade............................................................................................................................43
5.5 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................44
5.6 Atividades Propostas....................................................................................................................................................45

6 GESTÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO ORGANIZACIONAL................................. 45


6.1 Aprendizagem Organizacional................................................................................................................................45
6.2 Perfil Profissional do Gestor.......................................................................................................................................47
6.3 A Gestão de Projetos de Inovação..........................................................................................................................48
6.4 Organização e Planejamento para a Inovação...................................................................................................48
6.5 Processo de Implementação da Gestão da Inovação......................................................................................49
6.6 Resumo do Capítulo.....................................................................................................................................................50
6.7 Atividades Propostas....................................................................................................................................................50

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................ 51
RESPOSTAS COMENTADAS DAS ATIVIDADES PROPOSTAS...................................... 53
REFERÊNCIAS.............................................................................................................................................. 57
ANEXOS........................................................................................................................................................... 59
INTRODUÇÃO

Caro(a) aluno(a), esta apostila tem como objetivo levar a você o conhecimento sobre uma questão
muito importante nos meios produtivos.
Trata-se da disciplina de Gestão da Inovação Tecnológica, que tem como premissa garantir meca-
nismos para que o aluno conheça os seus fundamentos, os quais estarão sempre presentes no cotidiano
das empresas, das indústrias, do comércio e da sociedade.
Dessa forma, caro(a) aluno(a), faço um convite a você para que inicie uma viagem ao fantástico
mundo da inovação tecnológica.
Teremos um longo desafio, marcado por descobertas, questões a serem respondidas, casos a serem
analisados.
Por fim, estaremos sempre juntos, e antecipadamente agradeço a sua atenção e interesse em par-
ticipar desta viagem rumo à inovação tecnológica!
Seja muito bem-vindo(a) e conte sempre conosco!

Prof. Douglas Melman

5
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
1 INOVAÇÃO

Bem, como em todo início, vamos aprender


e desenvolver algumas definições básicas a res-
peito de nossa disciplina. Ao avançarmos pelos
próximos capítulos, passaremos a nos aprofundar
no assunto principal, que, no nosso caso, será a
gestão da inovação tecnológica.

1.1 Princípios da Inovação

A primeira definição a ser trabalhada é levar está além da criatividade, estando à beira da no-
a você o significado do termo “inovação”. Existem vidade.
várias vertentes para explicar qual o significado
de inovação, mas, dentro do escopo da discipli-
Atenção
na, vamos procurar focar de uma maneira que se
torne compreensível a você e que seja de grande A OCDE é uma organização que surgiu em 30
valia em seu avanço acadêmico e profissional. de setembro de 1961, em conformidade com
a primeira convenção firmada em Paris, com o
Segundo a Organização para o Crescimento
intuito de alcançar o mais alto grau de desen-
e Desenvolvimento Econômico (OCDE, 1997), a volvimento sustentável e de emprego, man-
inovação pode ser definida como: tendo a estabilidade financeira dos países e
contribuindo para o desenvolvimento da eco-
nomia mundial.
[...] a implementação de um produto
(bem ou serviço) novo ou significativa-
mente melhorado, ou um processo, ou
um novo método de marketing, ou um Certamente, você já deve ter ouvido o seu
novo método organizacional nas práticas chefe ou o seu professor falar que a inovação é
de negócios, na organização do local de
um fator de suma importância para o avanço
trabalho ou nas relações externas.
tecnológico de uma nação. Porém, ficam aqui al-
gumas perguntas que procuraremos discutir ao
Contudo, é possível encontrar na literatura longo do curso e consequentemente obter as res-
algo que complemente essa visão, como a trata- postas. Vamos lá?
da por Ron Johnson, vice-presidente de varejo
da Apple, o qual afirma que inovação é algo que ƒƒ Quanto custa a inovação?
representa a intersecção entre a imaginação de
ƒƒ Quem é o responsável por trazê-la até
alguém à realidade, ou seja, inovação é algo que
a direção?

7
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

ƒƒ Como sabemos se a nossa ideia é uma Bem, para que seja possível a desmistifica-
inovação ou um simples aprimoramen- ção do tema apresentado e, consequentemente,
to? a obtenção de respostas às perguntas, será ne-
ƒƒ Existe uma receita para criar inovação cessário conhecermos mais a fundo as particula-
tecnológica? ridades que envolvem a tão sonhada e almejada
inovação.
Como proposto logo no início deste capítu-
Caro(a) aluno(a), formulo mais duas per-
lo, teremos uma longa jornada rumo ao conheci-
guntas para você.
mento, mas tenho certeza de que com a sua aju-
Se todos os profissionais querem a inovação da lograremos ótimos resultados e, quem sabe,
em sua empresa, por que, muitas vezes, encontra- descobriremos o quanto você pode ser inovador.
mos obstáculos para que ela ocorra? Estaria ela
vinculada a algum incentivo do governo, a algu-
ma política interna das empresas, a limitações das Saiba mais
pessoas, a medo de arriscar, entre outros fatores?
Parece que temos muitas perguntas para O Manual de Oslo é uma fonte muito rica de infor-
poucas respostas neste momento. É natural que mações referentes ao nosso tema alvo, e recomen-
do a sua consulta. Ele está disponível para down-
isso ocorra, pois se trata de um assunto bastante
load em: http://download.finep.gov.br/imprensa/
complexo, acerca do qual até profissionais con- manual_de_oslo.pdf
ceituados no mercado apresentam alguns pontos
divergentes em relação às explicações técnicas a
serem dadas a essas perguntas.

1.2 Tipos de Inovação

Fazendo-se uma análise simples de inova- dos. Exemplo: uma solução para um determinado
ção, podemos falar que é algo simples e envolve processo de fabricação criada dentro do ambien-
dois momentos. Primeiro, alguém tem que gerar te acadêmico e transferida à indústria para a apli-
algo diferente, e, segundo, alguém tem que im- cação prática e consequente redução de custos,
plementar. perdas de material, entre outros fatores (parceria).
Entretanto, quando pensamos em inovação No entanto, a inovação também pode ser
propriamente dita, logo pensamos na constru- apresentada de outra forma, e esta é exatamente
ção arrojada de um produto, com a diminuição contrária ao que ocorre na inovação citada ante-
de custos operacionais, agradando os clientes e, riormente. Nesse caso, não existe parceria entre
logicamente, gerando retorno dos investimentos. empresas, universidades, indústrias.
A inovação, porém, não está focada somen- Dessa maneira, o processo de conhecimen-
te nesse caso em particular. Ela está inserida den- to, pesquisa e desenvolvimento ocorre de forma
tro de várias áreas, como as que serão transmiti- interna à empresa. Essa forma é também conheci-
das para você a partir de agora. da como “inovação fechada”, solução criada para
Analisando a inovação com mais aprofun- si mesmo.
damento, podemos informar que ela pode ser Outra possibilidade de inovação é a que
vista como uma conotação direta, ou seja, por pode ocorrer por fatores que envolvem riscos,
ação de parcerias entre empresas, universidades, como a chamada inovação radical, que, como o
indústrias, em que processos e patentes são gera-

8
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

próprio nome sugere, tem seus riscos bem evi-


Saiba mais
dentes.
Entretanto, devemos levar em consideração Contran é o Conselho Nacional de Trânsito. Suas
que a maioria das inovações apresenta certa dose deliberações acerca do Código Nacional de Trânsito
de determinação, arrojo e claro risco, mas deve podem ser acessadas pelo link: http://www.dena-
tran.gov.br/contran.htm
ser bem calculado para que o investimento nessa
ação não seja perdido.
Para os inovadores que não apresentam um
perfil tão radical, temos também uma inovação Já em relação a uma inovação que envolva
que pode ser entendida com baixo risco; porém, um processo, podemos citar o sistema de cons-
caro(a) aluno(a), não se deve entendê-la como trução civil de sustentáveis de baixo custo. Essa
uma “super” inovação. Trata-se da inovação incre- inovação visa a atender a necessidade de mate-
mental, que, em outras palavras, consiste em uma riais de construção a um baixo custo e a reduzir
solução pronta, em que aperfeiçoamos o seu me- o impacto ambiental para sua confecção, visto
canismo de funcionamento, de forma a mantê-la que são utilizados, em sua grande maioria, pro-
em atividade por mais algum tempo no mercado. dutos descartados na natureza, que, ao serem
Com as informações apresentadas até o recolhidos e submetidos a processos de recicla-
momento, podemos gerar um conhecimento bá- gem (químico, por exemplo), acabam voltando a
sico sobre inovação e perceber que, independen- um estado propício para a sua reutilização como
temente do tipo de inovação a ser adotado, é pri- matéria-prima.
mordial que ele tenha como resultado um valor
de conquista, de ganho.
Multimídia
E não pense que esse valor somente possa
ser monetário. Ele pode estar agregado a um ser- Acesse: http://www.casaaqua.com.br/noti-
viço, a um processo de produção que aumente a cias/conheca-a-casa-aqua-um-modelo-de-
satisfação dos funcionários, a uma ação de mar- -habitacao-sustentavel-e-de-baixo-custo
keting.
Que tal exemplificarmos cada segmento?
Como inovação de um produto, podemos
citar a introdução do sistema eletrônico para fre-
nagem (ABS) nos automóveis nacionais a partir
de 2014, atendendo a uma exigência do Conse- Outro exemplo de inovação, agora na área
lho Nacional de Trânsito (Contran), com o intuito de marketing, é a utilização de meios eletrônicos
de propiciar uma frenagem mais eficiente ao veí- para mensurar o grau de satisfação dos clientes
culo e, consequentemente, mais segurança aos em relação a um produto ou serviço, como o Ins-
seus ocupantes. tituto Nielsen propõe.
Esse sistema, em caso da necessidade de Nesse caso, o consumidor interessado pode
uma frenagem mais brusca, evita o travamento responder a várias pesquisas de acordo com o seu
das rodas e, assim, a falta de aderência dos pneus perfil e, dessa forma, dirigir as empresas a tratar
em relação ao solo. os seus produtos e serviços de acordo com a visão
que estes estão recebendo pelo mercado consu-
midor. Esse sistema tem vantagem para ambos os
lados, pois o consumidor cadastrado, além de po-
der opinar sobre um produto ou serviço, recebe

9
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

um valor pelas suas opiniões, e, em contrapartida,


a empresa que contrata os serviços da Nielsen re- Multimídia
cebe um raio X de sua performance e, consequen-
temente, ajusta-se para atender às expectativas Caro(a) aluno(a),
do mercado, aumentando, assim, o número de Assista à palestra de Torrence Boone, mana-
vendas e fidelizando os seus clientes. ging director agency development Americas –
Google, no evento Think Infinite with Google,
E, por último, há a inovação organizacional, realizado em 30 de março de 2011 na cida-
que pode ser ilustrada pela adoção de um pro- de de São Paulo. A palestra aborda a visão da
cesso de capacitação de primeiros socorros aos Google sobre práticas, processos e cultura de
inovação. Disponível em: http://www.youtu-
funcionários de uma empresa, com o objetivo de be.com/watch?v=vxAQrbplCHQ&feature=rel
proporcionar a estes conceitos e ações que deve- ated
rão ser adotados em casos de risco ou emergên-
cia, garantindo, assim, a tranquilidade e o bem-
-estar dos funcionários.

1.3 Conhecimento

Vamos, agora, tratar de um assunto bastan- De acordo com Drucker (1985), a atual so-
te pertinente: o significado de Conhecimento. ciedade tem como alicerce o elemento-chave co-
Mas, antes de justificar a sua utilização em nosso nhecimento, que não é apenas mais um recurso,
estudo, gostaria de fazer mais duas perguntas, as mas o único recurso atualmente significativo.
quais serão respondidas ainda dentro deste tópi- Na mesma linha de pensamento, Gibbons
co. et al. (1994) relatam que o processo de inovação
por intermédio do conhecimento é visto como
ƒƒ Você sabe onde nasce a inovação? um recurso-chave e uma fonte de vantagem
ƒƒ Quais variáveis são fundamentais para competitiva entre empresas em um ambiente em
que a inovação possa surgir? constante competitividade.
De acordo com esse estudo, já temos base
para podermos construir nossa fundamentação
Bem, vamos discutir o presente cenário.
em relação às duas perguntas iniciais deste tópi-
Como você mesmo observa, estamos inseridos
co.
em uma sociedade moderna, tecnológica, que
busca continuamente a especialização, o aperfei- Então, esta questão é para você: onde nasce
çoamento, seja para fins profissionais, seja para a inovação? Ainda está com alguma dúvida? Eu
fins sociais. apostaria que ela nasce da mente brilhante do ser
humano, ou do grupo de seres humanos. O que
Essa mesma sociedade a que estamos nos
você acha?
referindo é a chamada “sociedade do conheci-
mento”, que tem a capacidade de análise do pro- Mas, para que ela nasça nessa mente pri-
blema e de busca por sua resolução. vilegiada, é necessário algum recurso, você não
acha? Que tal denominarmos esse recurso de co-
Muitas vezes, essa resolução pode ser prá-
nhecimento?
tica e simples, mas quando tratamos de proble-
mas ligados à área profissional, esta sempre vem Esclareceu a dúvida? Será que ficou clara a
acompanhada de uma boa quantidade de pes- importância da palavra ‘conhecimento’ para você?
quisa, conhecimento e sabedoria. Vamos reforçar essa explicação!

10
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

De acordo com Laudon e Laudon (1999), a Portanto, temos, neste momento, o conhe-
palavra ‘conhecimento’ pode ser entendida como: cimento relativo a duas questões importantes
“Conjunto de ferramentas conceituais e catego- sobre inovação, e tenho certeza de que teremos
rias usadas pelos seres humanos para criar, cole- muitas outras informações até o fim da apostila!
cionar, armazenar e compartilhar a informação.”
Então, podemos ratificar que conhecimen-
to é algo próprio do ser humano, que não pode Saiba mais
ser descrito e que vem da sua própria interpreta-
ção a partir de uma informação transmitida e, por Quer saber mais sobre conhecimento e suas va-
consequência, a sua capacidade construtiva que riações? Acesse este artigo: http://www.ime.usp.
br/~vwsetzer/dado-info.html
gera habilidade para o uso ou não desse conhe-
cimento.

1.4 Inovação e suas Etapas

A inovação surgiu de um processo, cuja evo- Na Figura 1, podemos observar as etapas


lução é derivada dos meios econômicos (KLEINK- de nascimento da inovação na forma de processo
NECHT, 1990), sendo Joseph Schumpeter consi- de inovação, sendo dividido em quatro etapas de
derado o pai da inovação, enquanto teórica. desenvolvimento, até a sua implementação.
De acordo com Schumpeter (1982), os in-
vestimentos nas novas combinações de produtos
e processos produtivos de uma empresa repercu-
tem diretamente em seu desempenho financeiro,
de modo que o moderno empresário capitalista
deve ocupar, ao mesmo tempo, um papel de lide-
rança econômica e tecnológica.
Segundo Caron (2006), a inovação combina
necessidade social e demanda com a proposta
tecnológica e científica, transformando produto,
processo e serviço para o mercado. Dessa forma,
podemos concluir que inovação envolve funções
novas com a evolução que altera métodos de pro-
dução, desenvolvendo uma organização de tra-
balho contemporânea que produz novas merca-
dorias, abrindo campo para consumos e criação
de usos.

11
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Figura 1 – O processo de inovação e suas definições.

Fonte: http://www.vendamuitomais.com.br/site/img/Upload/image/processo_inovação.jpg

O processo de inovação ocorre com o surgi- Bem, esse risco sempre estará presente em
mento de um conjunto de ideias, as quais sofrem uma ação inovadora, seja na área de negócios, na
uma filtragem para, posteriormente, sofrer a eta- área médica, na área da construção civil ou em
pa de seleção de uma ou mais delas, que passam nossa área!
a ser trabalhadas com o intuito de chegar a um Vamos trabalhar a palavra ‘risco’ e tentar via-
modelo que esteja plenamente em conformida- bilizá-la dentro do nosso contexto.
de com a margem de investimentos, o tempo
para desenvolvimento e a possibilidade de im-
plementação.
Atenção
Em relação à implementação, os resultados
esperados começam a surgir nessa etapa, e nesse ris.co2: sm (ital rischio) Possibilidade de perigo,
momento é que aparecem possíveis problemas incerto mas previsível, que ameaça de dano a
pessoa ou a coisa. R. bancário, Com: o que de-
não calculados ou que passaram despercebidos.
corre do negócio entre banqueiros ou entre o
É claro que estamos falando de erros que banco e os correntistas. R. profissional, Dir: pe-
nunca são desejados, mas que se tornam reme- rigo inerente ao exercício de certas profissões,
o qual é compensado pela taxa adicional de
diáveis à medida que os planos de contingência
periculosidade. A risco de, com risco de: em
são pré-elaborados. perigo de. A todo o risco: exposto a todos os
Todavia, como discutido anteriormente, er- perigos. Correr risco: estar exposto a.
Fonte: Michaelis (2012).
rar é humano, mas minimizar a tendência ao erro
é vital, e nisso está inserido o fator de risco de
uma inovação.

12
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

Como já poderíamos deduzir mesmo sem Contudo, apesar de todos os riscos, a evo-
essa explicação obtida no dicionário, risco é algo lução nos mostra que inovar é preciso, e, sem ela,
presente em toda ação a ser executada, desde certamente muitos dos recursos de que dispo-
uma simples, como, por exemplo, trocar uma lâm- mos hoje em dia não estariam disponíveis.
pada, até uma ação mais complexa, como a subs-
tituição da linha de fabricação de automóveis por
uma muito mais moderna.
Quando falamos de inovação, devemos ra-
tificar que ela gera certo custo, que pode ser de
ordem econômica/financeira, sustentável, tecno-
lógica e até mesmo social.

1.5 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, estudamos os princípios básicos que geram o contexto inicial de nossa disciplina, a
gestão da inovação tecnológica.
Foi possível a definição de algumas palavras-chave que serão utilizadas em nosso estudo, e, graças
a ele, ficou evidenciada a importância da inovação, aliada ao conhecimento humano.
Portanto, deve-se acreditar no potencial humano e estimulá-lo para sempre proporcionar à socie-
dade recursos que facilitem as relações humanas, empresariais e industriais. Mas, para tanto, é necessário
considerar os riscos que uma inovação pode impactar em um processo, sempre procurando amadurecer
bem a ideia para que ela não gere desgastes, conflitos, perdas econômicas, entre outras dificuldades.
Nessa conjectura, serão abordados, a cada capítulo, os parâmetros que impulsionam a inovação. É
a partir deles que se pretende formar conceitos que possibilitem um franco desenvolvimento em termos
conceituais e práticos acerca do assunto.

1.6 Atividades Propostas

1. Como podemos definir o conceito de Inovação?

2. Quais são os principais tipos de inovação existentes e quais são as suas características particu-
lares?

13
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

3. De acordo com a figura, analise:

a. O que leva a termos muitas iniciativas no início do processo de inovação e poucas no fim.
b. Se o processo de inovação é tão útil e ágil como demonstra a figura, por que ele não está
mais presente na indústria brasileira.

4. Em relação à variável risco, como você enxerga a sua influência em relação ao atual estágio da
indústria ante a inovação de tecnologias? É o principal fator limitante?

5. De acordo com o estudo de Caso 1 – Experiências que levam a inspiração, a criatividade e inova-
ção, presente nos Anexos, como você poderia explicar a importância da inovação para o surgi-
mento das tecnologias atuais?

14
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
2 GESTÃO DA INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

Caro(a) aluno(a), após a descoberta de al-


guns pontos importantes relacionados ao con-
ceito de inovação, passaremos a atentar ao tema
alvo, que é a inovação tecnológica.

2.1 Inovação Tecnológica

Bem, após tratarmos da inovação, está na 3. Abertura de um novo mercado, em que


hora de conceituar a inovação tecnológica. Para o ramo da indústria em questão não te-
nha penetrado, seja este mercado pree-
esse intento, vamos levar em consideração algu-
xistente, ou não.
mas visões de pensadores sobre o tema.
4. Conquista de uma nova fonte de forne-
De acordo com Reis (2008), o principal cimentos já existente, ou a ser criada.
agente de mudança no mundo atual é a inovação
5. Levar a cabo uma nova organização,
tecnológica. Esta pode ser definida como o surgi- uma indústria, tal como criar ou romper
mento de uma nova ideia, uma mudança na tra- uma posição de monopólio.
jetória que estava sendo utilizada em função de
baixo rendimento ou, mesmo, a possibilidade de
De acordo com as preposições anteriores,
maior rendimento tecnológico.
podemos destacar alguns pontos importantes:
Para Mueser (1985), inovação tecnológi-
ca pode ser definida como uma nova ideia, um
ƒƒ valorização da qualidade do produto a
evento descontínuo, amadurecido e colocado em
ser entregue ao consumidor;
prática com sucesso.
ƒƒ incentivo à pesquisa e desenvolvimen-
Já em relação a Barros et al. (1996), o mode-
to de novas soluções no meio produti-
lo é formado por cinco casos:
vo, no modelo de parcerias com centros
de produção científica;
1. Introdução de um novo bem, que os
consumidores não conheçam, ou de uma ƒƒ criação de novas soluções inovadoras
qualidade nova do bem. em diversas áreas/segmentos da socie-
2. Introdução de um novo método de pro- dade.
dução, ainda não testado no meio indus-
trial em questão, que tenha sido baseado
em uma nova descoberta científica e que
possa constituir-se em um novo modo de
manusear comercialmente um bem.

15
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Caro(a) aluno(a), de acordo com o observa-


do até agora, e na visão de outros estudiosos, a Atenção
valorização da inovação tecnológica deve estar
A OCDE também é chamada de “Grupo dos Ri-
em destaque, pois contribui para o crescimento cos”, porque os 31 países participantes atuais
de grandes nações, que investem nesse segmen- produzem juntos mais da metade de toda a ri-
to e que são consideradas potências econômicas queza do mundo. A OCDE influencia a política
econômica e social de seus membros.
e tecnológicas, como examinaremos mais a fren-
Os países que inicialmente integraram essa or-
te em nossos estudos. ganização foram: Alemanha, Áustria, Bélgica,
Então, como resumo, podemos definir ino- Canadá, Dinamarca, Espanha, Estados Unidos,
vação tecnológica como um somatório de even- França, Grécia, Holanda, Irlanda, Islândia, Itália,
Luxemburgo, Noruega, Portugal, Reino Unido,
tos científicos, tecnológicos organizacionais, fi- Suécia, Suíça e Turquia.
nanceiros e comerciais, conforme foi proposto
pela OCDE (1997).

2.2 Processo de Inovação Tecnológica

Com relação ao mecanismo que envolve De acordo com a afirmação anterior, fica
a inovação tecnológica, podemos avaliar inicial- evidenciada a necessidade de termos bons co-
mente que, conforme citado anteriormente, este nhecimentos tecnológicos aliados à visão de
não está limitado somente ao plano tecnológico, marketing e administração. Ou seja, não adianta
mas também está inserido em outras áreas, como, inovar se não se sabe vender o produto e nem ge-
por exemplo, ações de marketing e a própria ges- rir o negócio.
tão de inovação. Caro(a) aluno(a), de acordo com a análise da
Figura 2, é possível a extração de algumas conclu-
sões importantes.

Figura 2 – As fases do processo de inovação tecnológica.

Fonte: Reis (2008, p. 43).

16
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

Na primeira fase, observamos uma crescen- Mais uma vez, é importante ratificar que a
te quantidade de empresas que passam a dispu- inovação depende muito da estratégia de gestão,
tar o mercado; buscam inovações com o intuito sendo ela, quando bem gerida, capaz de antever
de sanar um problema, lançar um novo produto, necessidades do mercado, controle dos custos
um novo processo. envolvidos dentro da empresa e da possibilidade
Na segunda fase, chamada de ponto de ino- de alianças com centros externos de tecnologia,
vação, essas empresas passam a demonstrar as com o intuito de aprimoramento tecnológico.
suas inovações, e apenas algumas conseguem se
manter atuantes no mercado, como fica demons- Saiba mais
trado na fase de denominação, e, a partir desta,
esse pequeno grupo se mantém ativo no merca- Conheça mais sobre estratégia de gestão acessan-
do e alcança a fase de estabilização. do este artigo de Werner Kugelmeier: http://www.
gestaoempresarial.adm.br/artigos_sobre_gestao_
empresarial.asp

2.3 Competitividade

Um fator de suma importância dentro do Figura 3 – Inovação e competitividade.


mercado de produtos, processos, marketing e ne-
gócios é a competitividade entre concorrentes.
Vários são os segmentos atualmente exis-
tentes, e, como sabemos, várias são as alternati-
vas que o consumidor tem para adquirir um bem
ou serviço.
E nesse cenário é que a inovação tecnológi-
ca atua de forma presente, levando as empresas a
um esforço contínuo para o destaque junto a um
mercado tão concorrido.
Na Figura 3, podemos tirar conclusões bas-
tante interessantes sobre o real valor da inovação
diante dos negócios.
Caro(a) aluno(a), observe atentamente!
Fonte: Carvalho, Cavalcante e Reis (2009, p. 23).
Conforme a Associação Nacional de Pesqui-
sa e Desenvolvimento das Empresas Inovadoras
(Anpei), 70% das micro e pequenas empresas no Ainda em relação aos dados da Figura 3, po-
Brasil sabem que investir em inovação é uma das de-se observar, também, que 20% das pequenas
formas mais importantes para concorrer e crescer, empresas obtiveram quase metade de sua receita
sendo que a média está em 20% ao ano, de acor- oriunda da inovação.
do com os estudos realizados.

17
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Portanto, sempre é uma boa hora para pen- As empresas devem extrair mais de suas
sar no estudo e na aplicação da inovação tecno- equipes de gestão, aproveitar os incentivos fiscais,
lógica no mercado! Temos muito a crescer, pois as parcerias com instituições de ensino, questões
apenas 10% das receitas oriundas de investimen- de que trataremos nos próximos capítulos e que
tos em inovação nas Pequenas e Médias Empre- certamente poderão instigá-lo a, quem sabe, dis-
sas (PMEs) são decorrentes do grande volume cutir em sua empresa.
de empresas (41 a 60%); o que é algo a se pensar
com muito carinho.
Atenção
Mas você estar se perguntando: por que
temos somente 10% de retorno oriundo de ino- Veja como é importante o segmento das PMEs
vação pelas PMEs? Bom, precisamos ser mais téc- estudando o Serviço Brasileiro de Apoio às Mi-
nicos para responder a essa explicação. cro e Pequenas Empresas (Sebrae) e a reporta-
gem da revista Exame: http://exame.abril.com.
br/pme/noticias/confianca-das-pequenas-
-empresas-aumenta-diz-sebrae

2.4 Vantagem Competitiva

Conforme foi observado por você, a capa- Dessa forma, os esforços concentrados na
cidade de inovar e extrair vantagem competitiva capacidade operacional aliados à tecnologia fa-
perante os concorrentes é algo extremamente zem a inovação ser uma forte aliada na manuten-
viável e ainda a ser muito explorado. ção das empresas no mercado e na consequente
De acordo com Carvalho, Cavalcante e Reis geração de lucros.
(2009), temos uma série de vantagens em se ado-
tar a inovação tecnológica como forma de obter a
vantagem competitiva.

Aumento da capacidade de inova-


ção: a capacidade tecnológica de uma
empresa está inserida em sua força de
trabalho. Empregados capacitados são
considerados um recurso-chave de uma
empresa inovadora. Sem trabalhadores
capacitados a empresa não conseguirá
dominar novas tecnologias e, muito me-
nos, inovar. A capacidade de inovação
consiste em um conjunto de fatores que
a empresa tem ou não tem, e nos modos
de combiná-los de maneira eficiente.
Redução de custos: aumentar margens
aos preços vigentes que lhe propicie van-
tagem de custo sobre seus concorrentes,
advindas de aumento de eficiência e de
inovação em seus processos.

18
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

2.5 Tecnologia

Caro(a) aluno(a), até agora, a preocupação Se voltássemos no tempo e vislumbrásse-


foi transmitir a você os conceitos e particulari- mos o futuro apontando essas inovações tecnoló-
dades que envolvem a palavra ‘inovação’, mas é gicas, correríamos o risco de sermos classificados
evidente que ela sempre esteve acompanhada pela sociedade da época como loucos!
do conhecimento, da ciência como um todo e da Mas a tecnologia é algo magnífico; quando
tecnologia. bem empregada, leva qualidade de vida às pes-
Tecnologia é algo que acompanha a nos- soas, comodidade e perspectiva de novos hori-
sa evolução, o nosso dia a dia. Quem diria que zontes.
aqueles velhos televisores preto e branco um dia
seriam substituídos por televisores em cores e
atualmente por tecnologia 3D?

2.6 Estratégias Tecnológicas

Vamos tratar, agora, do valor estratégico, pequeno porte que estão inseridas nesse contex-
mais precisamente das estratégias que devem ser to.
adotadas na implantação, melhoria e na manu- Seu departamento de pesquisa e desen-
tenção dos processos de inovação tecnológica. volvimento é visto como um setor de extrema
Em se tratando de empresa, o estudo rela- importância. Buscam sempre profissionais alta-
cionado à inovação é extremamente relevante mente qualificados e pesquisadores para suas
para o progresso dos negócios. posições estratégicas de inovação.
Mas, de antemão, é importante salientar
que não existe uma fórmula mágica que deva ser Estratégia Defensiva
seguida a risca para a obtenção de sucesso nos
negócios.
Aqui, o processo ocorre de forma mais con-
De acordo com Freeman, existem seis tipos servadora, sendo que se aproveitam inovações já
distintos de estratégias de acordo com o estilo de implementadas e, consequentemente, já testa-
inovação a ser adotado, dos quais trataremos de das.
forma resumida a seguir. Observamos, porém, ca-
Seu departamento de Pesquisa e Desen-
sos de empresas que adotam mais de uma estra-
volvimento (P&D) geralmente se utiliza de ações
tégia combinada para se sobressair no mercado.
oriundas de concorrentes para possíveis imple-
mentações, com o intuito de minimizar os riscos
Estratégia Ofensiva de sua inovação.
Assim como ocorre na estratégia ofensiva,
Esse tipo de estratégia é utilizado por um aqui também são contratados profissionais bem
pequeno número de empresas, as quais procu- qualificados e pesquisadores.
ram o perfil de liderança com capacidade de ino-
var e concorrer. Geralmente são as empresas de

19
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Estratégia Inibidora Seguem um modelo quase “engessado”, so-


frendo poucas mudanças em relação a um seg-
Nesse tipo de estratégia, as empresas apre- mento.
sentam algumas características marcantes. Não
buscam atingir o primeiro lugar, conformando-se Estratégia Oportunista
com posições intermediárias.
São fortes na área de engenharia e desenho Essa última estratégia tem o seu ponto forte
de produção. marcado pela colocação das empresas em mer-
Têm grande capacidade de imitar e apren- cado muito específico, com suas estratégias bem
der como (Know-how). definidas para se adequarem ao processo.
Em decorrência dos fatores citados, têm
baixos custos de produção e desenvolvimento.

Estratégia Dependente

Aqui, o perfil é de empresas terceirizadas, Saiba mais


ocupando nichos específicos deixados pelas em-
presas. Quer conhecer mais sobre estratégias de inovação?
Extremamente conservadoras e de perfil ro- Acesse este estudo de caso: http://www.aom.
com.br/downloads/Ado%C3%A7%C3%A3o%20
busto. de%20Estrat%C3%A9gias%20de%20
Inova%C3%A7%C3%A3o%20Um%20Estudo%20
em%20Empresas%20de%20Software%20
Estratégia Tradicional GCTB2396.pdf

Independentemente de como o mercado


esteja flutuando, as empresas que adotam essa
característica se mantêm estáticas quanto à sua
conduta.

2.7 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, estudamos as principais características que envolvem a gestão da inovação tecno-
lógica.
Foram definidos alguns conceitos importantes, como o fator da competitividade, a estratégia tec-
nológica e seus tipos, inclusive pontuando suas características mais marcantes.
E, em relação a essas características, você já tem condições de avaliar como a empresa em que
você trabalha, ou mesmo na visão de consumidor, se situa em relação aos tipos de gestão estratégica
estudados. Lembre-se de que uma mesma empresa pode adotar uma ou mais estratégias tecnológicas
combinadas.
Em relação à inovação tecnológica, ficou claro que ela nunca está só, pois sempre vem acompanha-
da de fatores como tecnologia, recursos humanos, ciência e investimento.

20
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

2.8 Atividades Propostas

1. De acordo com o gráfico a seguir, o que leva a redução de empresas à fase de dominação/es-
tabilização?

2. Das estratégias citadas, qual, em sua opinião, deve ser aplicada a uma empresa de médio porte
que queira crescer no mercado e tornar-se a primeira no seu segmento de atuação?

3. O que representa a tecnologia em sua vida? Em sua opinião, até onde ela pode chegar?

4. De acordo com o estudo de Caso 2 – Cinco lições de inovações da “Havaianas” para o seu negócio,
presente nos Anexos, como você pode explicar a importância da inovação e da mudança de
atitudes para a viabilização de um projeto?

21
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
IMITAÇÃO, INVENÇÃO E INOVAÇÃO
3 TECNOLÓGICA

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, vamos des- Outro assunto que será estudado é o real
mistificar um assunto que deixa muitos invento- significado da palavra ‘imitação’ em nossa ativi-
res e inovadores com dúvidas. Afinal, sou respon- dade, verificando os males que esse tipo de mo-
sável por uma invenção ou uma inovação? dalidade pode representar à sociedade e às em-
presas.

3.1 Definições

Para começarmos a entender a diferença tipo resultante da combinação de ideias


entre os conceitos invenção, inovação e imitação, em que uma, pelo menos, é inteiramen-
te nova, ou em que o modo como essas
vejamos as definições apresentadas a seguir.
ideias estão combinadas é totalmente
novo, produto da criatividade.
Dicionário

Inovação: i.no.va.ção sf (lat innovatione) 1 Ato ou Dicionário


efeito de inovar. 2 Coisa introduzida de novo. 3
Renovação. 4 Bot Rebento que renova um mus- Invenção: in.ven.ção sf (lat inventione) 1 Ato ou
go. efeito de inventar. 2 Coisa inventada; invento.
Fonte: Michaelis (2012). 3 Criação ou sugestão de suposta realidade. 4
Achado, descobrimento. 5 Astúcia. 6 Manha,
engano. 7 Mentira inventada para enganar. 8
Ficção, fábula, engano. 9 Ret Parte em que se en-
Segundo a OCDE (19997), temos: sina a achar e a escolher os meios de persuadir,
convencer ou agradar. 10 Lit e Bel-art Parte da
composição em que se imagina o assunto e se
Inovação é a implementação de um pro-
lhe dispõe e desenvolve o sentido e as partes
duto (bem ou serviço) novo ou significati- acessórias. 11 Sociol Combinação de elementos
vamente melhorado, ou um processo, ou culturais existentes de maneira a constituir um
um novo método de marketing, ou um elemento novo. Var: invento.
novo método organizacional nas práticas Fonte: Michaelis (2012).
de negócios, na organização do local de
trabalho ou nas relações externas.
Michael Porter, uma das maiores referências
Em relação à ‘invenção’, de acordo a Socie- no estudo da competitividade, cita que a inova-
dade Portuguesa de Inovação (1999), temos: ção pode ocorrer a partir do momento em que
a invenção chega ao mercado, passando a gerar
lucro, paralelamente ao momento em que o novo
Invenção é um passo à frente, no qual se
delineia um produto, processo ou protó- conhecimento é colocado em prática e em produ-

23
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

ção, criando novos produtos, serviços e processo, Na Figura 4, temos um exemplo de imitação
permitindo, assim, que uma organização tenha a que gera, sem dúvida, prejuízos ao idealizador, no
sua expansão. caso a empresa Apple.
De acordo com as definições e a análise do
pensamento de Porter, podemos concluir que, ao Figura 4 – HiPhone (imitação de iPhone) e o iPhone
contrário que poderíamos imaginar inicialmente, da Apple.
a invenção não é um requisito básico para a ino- a)
vação, visto que para a invenção se tornar algo
importante ela necessita ser comprovadamente
viável e útil às pessoas.
Já em relação à inovação, muitas são vistas
como melhorias de processos e práticas que já es-
tão sendo praticados no mercado.
E, agora, caro(a) aluno(a), como podemos
definir a imitação, tão em moda hoje no mercado
que alguns costumam chamar de réplica?

Dicionário Fonte: http://www.guanabara.info/wp-content/


uploads/2011/06/clone-iphone-645x462.jpg
Imitação: i.mi.ta.ção sf (lat imitatione) 1 Ato ou
efeito de imitar. 2 Representação ou reprodução
de uma coisa, fazendo-a semelhante a outra. 3 b)
Contrafação de obra literária ou artística, ou de
produto industrial, com que se procura imitar
sem intuito de logro. 4 Arremedo. 5 Material em
obra, o qual simula, na aparência, outro melhor
e mais caro. 6 Sociol Ato de copiar, consciente
e intencionalmente, certo comportamento. I. de
memória, Dir: gênero de falsificação que con-
siste na reprodução de memória, sem qualquer
exercício, de uma escrita conhecida do falsifica-
dor. I. gráfica, Dir: reprodução da forma de uma
letra ou escrita. I. livre, Dir: falsificação gráfica
executada sem a presença do modelo, após rei-
terados exercícios de reprodução dele. I. servil,
Dir: gênero de falsificação em que o falsificador
copia um modelo colocado à sua frente.
Fonte: Michaelis (2012).

Fonte: http://www.guanabara.info/wp-content/
uploads/2011/06/xing-ling.jpg
Bem, acredito que não temos dúvidas em
relação ao seu verdadeiro significado. A prática
Agora, pergunto a você: olhando rapida-
da imitação vem sendo adotada há muitos anos
mente para a primeira figura, qual é o verdadeiro?
por mercados que se utilizam de tecnologia e
E se olharmos para a segunda figura, será que fi-
inovação alheias para elaborar um produto que
caria mais fácil a distinção entre ambos?
às vezes pode ser idêntico ou parecido, mas que
apresenta grande perda de qualidade em relação
aos materiais empregados na sua construção.

24
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

Bom, após vermos a segunda figura, acre-


dito que já temos a resposta. Temos, à esquerda,
um HiPhone, de origem chinesa, e, ao lado direi-
to, um iPhone, de origem americana.
Portanto, muito cuidado com as cópias, ré-
plicas e imitações. São aparelhos com tecnologia
inferior, dispositivos de qualidade duvidosa e,
consequentemente, não homologados em nosso
país pelas empresas!

3.2 Invenções Bem-Sucedidas ao Longo dos Anos

Caro(a) aluno(a)! Ficaríamos horas, dias, se- Uma invenção a ser mencionada é a da lâm-
manas discutindo a enorme quantidade de in- pada incandescente. O americano Thomas Edison
venções ao longo dos anos que favoreceram a inventou a lâmpada incandescente no ano de
sociedade. 1879, a qual deixou para trás o consumo de velas
Lembro que o intuito aqui é frisar o concei- nos domicílios e, posteriormente, a utilização nas
to de invenção, para que você possa dar uma ex- indústrias e no comércio.
plicação plausível, quando indagado, sobre esse Outra invenção que não poderia deixar de
assunto, que a maioria das pessoas acaba definin- ser comentada é a do computador em seus pri-
do como um sinônimo para inovação. mórdios, sendo o cientista inglês Charles Babba-
Vamos, juntos, conhecer algumas inven- ge o inventor do computador mecânico, que ser-
ções que foram marcantes nas nossas vidas e que viu de inspiração para os computadores digitais
serviram de instrumento para futuras inovações utilizados de forma geral nos dias atuais.
tecnológicas.

3.3 Invenções Malsucedidas ao Longo dos Anos

Da mesma forma que poderíamos passar


um bom tempo discutindo sobre as invenções
ao longo dos anos que favoreceram a sociedade,
posso dizer a você que no caso contrário também
teríamos um bom tempo para falar sobre as in-
venções não aceitas pela sociedade.
Aqui, mostraremos apenas dois desses in-
ventos e, claro, com o intuito de levá-lo a enten-
der que a invenção deve ser algo original, mas
que tenha um propósito claro e objetivo.
A primeira invenção pode ser vista na Figu-
ra 5, lembrando que todas as imagens aqui apre-
sentadas são reais.

25
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Figura 5 – Invenção da pasta de dente com duas tampas.

Fonte: http://imagens.canaltech.com.br/3333.6205-Pasta-dental-2-tampas.jpg

Caso ainda haja dúvidas em relação ao termo “invenção”, veja a Figura 6.

Figura 6 – Manteiga em bastão.

Fonte: http://imagens.canaltech.com.br/3334.6206-Manteiga-Bastao.jpg

26
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

Bem, realmente é algo que faz até duvidar- Pergunte a si mesmo qual o seu propósito,
mos da sua veracidade, porém foi inventado, pa- a sua necessidade em relação à sociedade, mas
tenteado e comercializado. lembre-se: uma ideia pouco interessante, mas
Logicamente, a procura por esses produtos com um toque inovador, pode se tornar um gran-
foi baixa, e o retorno, consequentemente, insufi- de negócio!
ciente ao valor aplicado.
Então, na hora de levar uma ideia em prá- Saiba mais
tica, pense como você gostaria que a invenção
funcionasse. Conheça outras invenções inusitadas em: http://in-
ventores.com.br/

3.4 Patentes

Um assunto que procuraremos estudar com criação do homem, que represen-


mais aprofundamento é a questão da patente. te uma solução para um problema
De acordo com a Agência USP de Inovação, técnico específico, dentro de um
patente é definida como um título de proprieda- determinado campo tecnológico e
de temporária sobre uma invenção ou modelo de que possa ser fabricada ou utilizada
utilidade, outorgado pelo Estado aos inventores industrialmente;
ou outras pessoas físicas ou jurídicas detentoras ƒƒ o modelo de utilidade (MU): é o ob-
de direitos sobre a criação. jeto de uso prático, ou parte deste,
Esse título é de vital importância para a pro- suscetível de aplicação industrial,
priedade intelectual do inventor de uma tecnolo- que apresente nova forma obtida
gia, de um produto, de uma solução ou processo. ou introduzida em objetos conheci-
dos, envolvendo ato inventivo, que
resulte em melhoria funcional no
Saiba mais seu uso ou em sua fabricação.
Quer saber mais sobre patentes e a legislação vi- ƒƒ o certificado de adição de invenção
gente? Acesse: http://www.inovacao.usp.br/pro- (C): um aperfeiçoamento ou desen-
priedade/patentes.php e http://www.inpi.gov.br/ volvimento introduzido no objeto
portal/artigo/guia_basico_patentes
de determinada invenção.
ƒƒ Como registro:
ƒƒ O desenho industrial: a forma plás-
Ainda em relação à Agência, o sistema de tica ornamental de um objeto ou
patente brasileiro contempla, para as criações no o conjunto ornamental de linhas e
campo industrial, as seguintes formas de prote- cores que possa ser aplicado a um
ção: produto, proporcionando resultado
visual novo e original na sua confi-
ƒƒ Como patentes: guração externa e que possa servir
ƒƒ a invenção (PI): concepção resultan- de tipo de fabricação industrial.
te do exercício da capacidade de

27
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

É importante conhecer os deveres e direitos Dentro desse cenário, o ambiente web pas-
que um inventor tem perante os órgãos brasilei- sou a ser um mecanismo muito mais ágil para a
ros, pois existe uma legislação vigente e um rotei- resolução desses trâmites burocráticos.
ro para a sua solicitação. Nessa área, podem ser citados dois novos
Temos, também, o surgimento de inovação produtos, os quais são descritos a seguir.
tecnológica na própria área de patentes, como a
informatização dos processos para criação e regu-
larização de patentes.

3.5 Patente Verde

De acordo com o Instituto Nacional da Pro- cações de patentes nessa área e que os pedidos
priedade Industrial (INPI), a patente verde é um submetidos e aprovados no programa obtenham
instrumento para contribuir no combate às mu- uma decisão em cerca de dois anos.
danças climáticas globais. Teve início em 17 de Dessa forma, o INPI espera possibilitar a
abril de 2012, com o Programa Piloto de Patentes identificação de novas tecnologias que possam
Verdes. ser rapidamente usadas pela sociedade, estimu-
O objetivo desse programa é propiciar lando o seu licenciamento e incentivando a ino-
maior velocidade quanto aos pedidos e verifi- vação no país.

3.6 E-Patentes

O  programa criado pelo INPI denominado


“e-Patentes” visa à modernização do processa-
mento das patentes dentro do Instituto Nacional
da Propriedade Industrial. Multimídia
Dentro desse programa, é elencado um
grupo grande de soluções tanto na área de e-Ad- Saiba como registrar uma marca: http://www.
ministração (melhorias internas e/ou na comuni- youtube.com/watch?v=BkcY9GZWJ9M
cação com outros órgãos do governo) como na
de e-Serviços (melhorias na comunicação com o
público externo).
Dessa forma, espera-se que se aperfeiçoem
os processos de homologação de patentes em
nosso país, criando, assim, ainda mais incentivos
para o surgimento de inovações.

28
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

3.7 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, tivemos a oportunidade de conhecer mais alguns pontos importantes dentro do
cenário da inovação tecnológica. Ratificamos o conceito de inovação, definimos os conceitos de inven-
ção e imitação.
Foi possível observar as particularidades entre a invenção e a inovação, as quais geram muitas con-
trovérsias em relação aos seus limites.
Ficou definida, também, a importância da lei das patentes e da necessidade de se formalizar a in-
venção e/ou inovação, a fim de garantir o direito de propriedade intelectual e, consequentemente, não
vir a perder o prestígio e o retorno financeiro das mesmas.
Por fim, levamos ao seu conhecimento, dentro do campo de patentes, duas inovações, que são a
possibilidade de inscrição e realização de patente por meios eletrônicos e a recém-chegada patente de
ação ambiental, patente verde, tão importante para o nosso presente e para o futuro da sociedade.

3.8 Atividades Propostas

1. Como você pode definir o termo “invenção”? Você já teve uma ou mais ideias que foram consi-
deradas inovadoras em seu ambiente de trabalho ou em sua residência? Qual ou quais foram?

2. Cite cinco inovações que são consideradas úteis à sociedade e cinco que tiveram o seu projeto
descontinuado em razão de não atender às necessidades das pessoas.

3. De acordo com a definição de patente verde, como você poderia definir a utilização dela para
a mudança do cenário atual em termos ambientais?

4. De acordo com o estudo de Caso 3 – Gerenciando a inovação para o bem, presente nos Anexos,
como você pode analisar o texto que relaciona inovação e a prática de boas ações para o futuro
da sociedade?

29
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
GESTÃO DA PESQUISA PARA O
4 DESENVOLVIMENTO

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, serão abor-


dadas as principais medidas adotadas para o de-
senvolvimento da evolução da tecnologia por
meio do modelo de cooperação universidade/
empresa.

4.1 Fatores Inibidores e Facilitadores

Em se tratando de fatores inibidores ou faci-


Saiba mais
litadores, no que tange à cooperação entre as uni-
versidades e as empresas, sempre deve ser levada Consulte sobre o ESPRIT em: http://www.cordis.eu-
em consideração a participação direta ou indireta ropa.eu/esprit/home.html
do governo e de órgãos responsáveis pelas linhas
de crédito e desenvolvimento.
Todo o trâmite relacionado ao projeto de
inovação é observado pelo governo, que é capaz De acordo com o INPI, é possível comparar
de servir de instrumento para que esse projeto modelos de incentivo de países diferentes a fim
possa ter resultados positivos ou negativos, pois de verificar a disparidade na maneira que cada
detém o comando referente às leis que facilitam governo trata desse assunto. Quando pegamos a
ou inibem projetos de sua realização. realidade americana e a brasileira, percebemos a
Algumas áreas de pesquisa já apresentam distinção de valor que cada um atribui a esse as-
projetos que visam a aumentar a ligação entre sunto.
universidades e organizações. Podemos citar a A visão americana sobre inovação é muito
área de informática, que conta com o programa diferente da que encontramos no Brasil. Lá, existe
ProTeM-CC. A lei que respalda tal ação é a Lei de uma cultura mercadológica voltada para a inova-
Informática nº 8.248/1993. ção, tendo como base o desenvolvimento de uma
Um programa, este praticado na Europa, é rede de Ciência e Tecnologia (C&T) em que o go-
o Programa Estratégico Europeu de Pesquisa em verno incentiva, por meio de projetos de fomento
Tecnologia da Informação (ESPRIT), que trata de e benefícios fiscais, os atores do mundo acadêmi-
dar subsídio à investigação e ao desenvolvimento co e do mundo empresarial.
tecnológico no domínio da tecnologia da infor- Em nosso país, a burocracia impera, e as
mação. É financiado pela Comunidade Europeia alianças entre universidades e empresas em al-
1983-1989, tendo como base jurídica a Decisão nº guns setores tornam-se muito complicadas.
94/802/CE, JO L 334/24 de 22.17.1994.

31
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Alguns estudiosos afirmam que fatores


como a instabilidade econômica e a mudança de
governo (sucessão) dificultam as ações a médio
e longo prazo e, consequentemente, fazem com
que as empresas tomem ações mais veementes
ao reivindicarem ações ante os órgãos governa-
mentais.

4.2 Gerência Financeira e Levantamento de Recursos

Como projeto que demanda investimentos, ƒƒ gerência de investimento financeiro so-


em se tratando de parceria entre universidades e bre os recursos gerados a partir da ativi-
organizações, não seria diferente uma definição dade empreendedora;
quanto ações bem calculadas com o uso de uma ƒƒ execução flexível do orçamento, para
gestão financeira e um levantamento de recur- permitir agilidade e adaptabilidade;
sos, para que não ocorram surpresas desagradá- ƒƒ descentralização financeira para o nível
veis ao longo do desenvolvimento do projeto ou, de centros de custo e receita; cálculo
mesmo, sua viabilização e realização. do custo total dos serviços; cálculo dos
Entretanto, essa parte da gestão financeira custos indiretos nos projetos cooperati-
acaba ficando com as empresas, devido ao fato vos e reciclagem do dinheiro dentro do
de as instituições de ensino, em sua maioria, não próprio centro de custo e receita;
disporem de instrumentos que as tornem aptas a ƒƒ origem dos recursos indispensáveis ao
esse controle. funcionamento da parceria, que podem
Dentro desse cenário, é necessário que o ser de fundos perdidos, disponibiliza-
gestor responsável pela área leve em considera- dos pelo governo, recursos que a uni-
ção alguns pontos em questão, como, por exem- versidade tem ou, mesmo, de doadores
plo: externos, como ex-alunos ou institui-
ções que doam valores unilateralmen-
te, não buscando retorno.

4.3 Gerência Profissional de Projetos

Em relação a projetos que estejam ligados No caso da gerência de projetos, é impor-


à cooperação com a Indústria, existe a real neces- tante atentar para o fato de que, na cooperação
sidade do cumprimento de cronograma e orça- com a Indústria, as tomadas de decisão executi-
mento. vas devem atender ao cronograma, ao orçamento
Esse fator é um inibidor da cooperação, e às metas de qualidade.
uma vez que, por um lado, acadêmicos não são, Já em relação às instituições de ensino, esse
em geral, gerentes profissionais e, por outro lado, tipo de ação é tomado por ações e decisões do
têm dificuldade em se submeter a um gerente ex- colegiado, originando um ponto claro de conflito
terno. que pode inibir o surgimento de projetos.

32
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

Uma solução para esse possível impasse é


o surgimento da universidade adaptativa e em-
preendedora, a qual pode resolver essa situação,
adaptando-se melhor à realidade do cenário in-
dustrial.

4.4 Política de Pessoal

De acordo com Silva (2012), a política de cuidado para não colocar em risco as
pessoal é um problema central para a universida- atividades centrais do professor/pes-
quisador, ou seja, o ensino e a pesqui-
de adaptativa e empreendedora, pelas seguintes
sa;
razões:
• ao se definir uma política de pessoal
que também privilegie a atividade
• a participação em atividades de coo- empreendedora, deve-se levar em
peração com a indústria tende a não consideração a liberdade acadêmica
ser reconhecida como parte do traba- pela escolha de tópicos de pesquisa,
lho acadêmico normal e são tratadas publicação, ensino, etc., inclusive para
como ‘bico’ pela administração e pelo garantir outras motivações profissio-
pesquisador; nais além do dinheiro;
• a carreira acadêmica não reconhece • a existência de organizações satéli-
formalmente a cooperação com a in- te com políticas de pessoal próprias
dústria como relevante para promo- pode introduzir conflitos na interação
ções ou titulações; destas organizações e os departamen-
• ao encorajar o engajamento em ati- tos e faculdades, especialmente quan-
vidades de cooperação, é necessário do as faixas salariais forem diferentes.

4.5 Cooperação Universidade/Empresa

Contextualizando historicamente, nos anos feiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (CA-


de 1950, o Brasil adotou uma política de desen- PES), do Conselho Nacional de Desenvolvimento
volvimento industrial de intensa proteção no Científico e Tecnológico (CNPq), da Financiadora
mercado interno, como barreiras tarifárias e res- de Estudos e Projetos (FINEP) e do Fundo Nacio-
trições às importações, a qual motivou as empre- nal de Desenvolvimento Científico e Tecnológico
sas a investir em práticas como a importação de (FNDCT), os quais possibilitaram recursos em pes-
tecnologia, visto que na época a oferta tecnoló- quisa tecnológica, com o governo demonstrando
gica no mercado internacional era alta e atendia preocupação no desenvolvimento científico e
às demandas locais. As organizações deixaram de tecnológico, fomentando a criação de institutos e
investir em práticas e processos em centros de centros de pesquisa, planos e programas especí-
P&D para adquirir tecnologia de fora. ficos para o apoio às práticas de P&D. No entanto,
A partir de então, o Brasil começou a base a política industrial era centrada na substituição
para o desenvolvimento de uma política de C&T das importações e em pouca participação do
que tinha por objetivo a capacitação competitiva processo de inovação, o que levou ao desenvol-
das empresas, por meio da Coordenação de Aper- vimento a cargo das Universidades e de alguns

33
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

institutos e empresas estatais como a Petrobras, a


Saiba mais
Telebras e a Eletrobras.
Com a globalização da economia e a crise Veja este artigo sobre um estudo de caso de uma
dos anos de 1980, que reduziu os recursos esta- cooperação entre empresa e universidade: http://
tais, minimizando os investimentos em tecnolo- www.anpad.org.br/periodicos/arq_pdf/a_1012.pdf
gia, e sem desenvolvimento próprio como fator
estratégico, não houve avanços nesse ramo de
atividade. A partir de 1990, a política industrial e
de comércio exterior as práticas de C&T começa- Atualmente, encontramos muitos sucessos
ram a sinalizar sinergia entre as políticas, o que de cooperação entre Universidade e Empresas
muda o paradigma de atuação do setor empresa- com pesquisas cooperativas, que têm apresen-
rial com incentivos fiscais para investimentos em tado resultados positivos, em que algumas uni-
P&D, financiamento para projetos, para adentrar versidades são apontadas por sua capacidade
em um mercado de grande concorrência e ga- de pesquisa em cooperação com empresas. Esse
rantindo diferencial competitivo de mercado. Em crescimento da cooperação universidade-empre-
1994, o setor empresarial passou a participar de sa (cooperação U-E) possibilita um novo modelo
20% para 27% na atuação de capacidade tecno- de atuação, com contribuições para consolidar
lógica. e ampliar os processos, buscando sistematizar
a integração e atuação entre governo, iniciativa
privada e instituições de pesquisa, alicerçando o
desenvolvimento econômico e social.

4.6 Formas de Cooperação

As estatísticas elaboradas e informadas ƒƒ as necessidades e os interesses dos di-


pelo governo brasileiro mostram que somente ferentes setores tecnológicos;
empresas que compreendem claramente sua ƒƒ como a divisão do trabalho científico
própria competência e necessidade tecnológica (da pesquisa básica ao desenvolvimen-
conseguem estabelecer ligações maduras e dura- to tecnológico) é expressa em termos
douras com a Universidade e obter ganhos reais organizacionais: complexidade, maturi-
com essas ligações. dade, impacto social etc.;
Contudo, somente quando a Universida- ƒƒ como as três dinâmicas citadas são ex-
de tem uma missão e objetivos explicitamente pressas em termos geográficos e demo-
comprometidos com a produção, disseminação gráficos em um país ou região.
e transferência de conhecimento e processos or-
ganizacionais que suportem essa transferência de
forma profissional e empreendedora, ela pode es- Para que a Universidade seja competitiva
tabelecer ligações também maduras e duradou- em um mercado global, sua atuação, na Socie-
ras com a Indústria. dade da Informação, deve transcender barreiras
geopolíticas, e, por isso, ela precisa estar apta a
A escolha da melhor forma de coopera-
compreender contextos diferentes. Portanto, a di-
ção depende da compreensão do processo e do
versificação de formas e modelos de cooperação
contexto de inovação tecnológica, isto é, a com-
é necessária. A seguir, algumas formas de coope-
preensão de pelo menos três fatores-chave:
ração são brevemente discutidas:

34
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

ƒƒ Cursos de extensão, especialização e ƒƒ Projetos cooperativos têm escopo mais


educação continuada, de forma geral, amplo do que os projetos de curto pra-
têm sido a forma mais clássica de inte- zo, visando ao desenvolvimento de uma
ração entre a Universidade e a Socieda- nova tecnologia ou protótipo. Pesquisa
de, incluindo aí a Indústria. avançada, ou mesmo alguma pesquisa
ƒƒ Pesquisa contratada de curto prazo e básica, é necessária para alcançar os re-
consultoria são duas formas de coope- sultados esperados do projeto. Nesse
ração que estão frequentemente rela- caso, a demanda pelos resultados da
cionadas. Nessa forma de cooperação, pesquisa vem da Indústria. Um dos pro-
o conhecimento é transferido para a blemas nesse tipo de cooperação é a
Indústria por meio da aplicação de tec- necessidade de gerenciamento profis-
nologia ou de consultoria dada por um sional de projetos que leve ao estabe-
time de especialistas. Não existe, neces- lecimento e cumprimento de cronogra-
sariamente, exigência do desenvolvi- ma, orçamento e metas de qualidade
mento de novas pesquisas. Os produtos e produtividade. Essa forma de geren-
da cooperação são avanço tecnológico ciamento é baseada nas tomadas de
do lado da empresa e recursos financei- decisão executivas, podendo entrar em
ros para a Universidade. conflito com o estilo de tomada de de-
cisão colegiada da Universidade.

4.7 Incubadoras

As Incubadoras de Empresas são uma gran- ƒƒ criar empreendimentos de sucesso,


de solução disponível em algumas Universidades, com baixo risco de falência;
pois além de oferecerem apoio gerencial e técni- ƒƒ reduzir os riscos dos investimentos e
co, geram uma série de oportunidades de negó- abrir novas oportunidades de inovação
cios e parcerias para que você desenvolva seu em todos os segmentos econômicos.
projeto/empresa.

Dentro do seu cenário, as incubadoras apre-


Multimídia sentam uma classificação de acordo com a sua
área de atuação, facilitando, assim, sua gestão:
Veja, nesta reportagem do Jornal Nacional,
o que os jovens estudantes de Londrina/ ƒƒ Incubadoras de Base Tecnológica:
PR pensam sobre a incubadora tecnológica:
http://www.youtube.com/watch?v=PB1-Mw- são criadas para abrigar empresas cujos
MoFgI produtos, processos ou serviços são
gerados a partir de resultados de pes-
quisas aplicadas, sendo que a tecno-
logia representa alto valor agregado.
Formam o seu grupo estudantes, cien-
tistas, empreendedores, empresas que
Esse sistema tem mostrado bons resultados
desejam desenvolver novos projetos,
na esfera mundial. Seus objetivos principais são:
produtos e serviços baseados em tec-
nologia inovadora.

35
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

ƒƒ Incubadoras Comerciais Indepen- ƒƒ Incubadoras Intraempresariais: vin-


dentes: surgem como resultado de culadas às atividades de P&D corporati-
atividades prospectivas desenvolvidas vas, têm como principais objetivos lidar
por empresários ou empresas vincu- com a descontinuidade tecnológica, in-
ladas ao capital de risco. Apresentam crementar a comunicação entre as fun-
maior liberdade para desenvolver seus ções técnicas e corporativas, minimizar
próprios modelos de negócios. Orienta- a inflexibilidade das estruturas orga-
das para o lucro, essas incubadoras se nizacionais e gerenciais e aprimorar a
baseiam fortemente nas suas compe- habilidade de alinhar a visão de longo
tências internas e focam suas atividades prazo da corporação com as suas neces-
em uma dada tecnologia, indústria ou sidades de curto prazo.
região (por exemplo, software de reco- ƒƒ Incubadoras Virtuais: diferentemente
nhecimento de linguagem; mercado das incubadoras tradicionais, as virtuais
japonês). não oferecem espaço físico ou apoio
ƒƒ Incubadoras Regionais: geralmente logístico. Buscam, porém, construir e
são estabelecidas pelos governos locais fortalecer plataformas e redes de aces-
ou organizações com interesses eco- so a empresários, investidores e consul-
nômicos e políticos regionais similares, tores. Essa modalidade de incubadora
buscando prover espaço e apoio logís- tem sido considerada adequada para
tico para os negócios iniciantes em uma estágios de negócios muito iniciais e,
dada comunidade. Objetivam acoplar preferencialmente, vinculados às tec-
seus resultados aos interesses delinea- nologias de informação.
dos pelas políticas públicas: geração de
empregos, aprimoramento da indústria
Assim, de acordo com o apresentado, uma
local ou aprimoramento da imagem
ótima solução para iniciar uma carreira promis-
pública de uma dada região.
sora na arte de inovar pode estar muito perto de
ƒƒ Incubadoras Vinculadas às Universi- você, dentro do seu ambiente acadêmico.
dades: Universidades podem ser con-
sideradas berço de novas invenções/
inovações e tecnologia de ponta. Essas
incubadoras podem, ou não, estar vin-
culadas a parques tecnológicos já im-
plantados – e atuam como laboratórios
desenhados para aprimorar e fortalecer
a colaboração entre acadêmicos e in-
dustrialistas.

36
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

4.8 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, tivemos a possibilidade de estudar os principais fatores facilitadores e inibidores


relacionados à execução de projetos de inovação tecnológica.
Tivemos um confronto entre as políticas americana e brasileira, e ficou evidenciada a diferença de
filosofia entre ambas. Enquanto a americana propicia recursos para a produção tecnológica em centros
de pesquisa, em nosso país, o cenário é um pouco diferente.
Novas medidas governamentais estão sendo adotadas, como poderemos verificar no próximo ca-
pítulo – ações que certamente farão nosso país avançar muito em termos de inovação tecnológica. Po-
rém, medidas importantes já são praticadas há um bom tempo, como o programa de incubadoras, que
tem um trabalho todo especial para receber os inovadores em um ambiente próximo à realidade, mas
sem os riscos que certamente enfrentaria se não tivesse esse apoio.

4.9 Atividades Propostas

1. O que são fatores inibidores e facilitadores? Qual a interdependência da inovação com as ações
do governo?

2. Quais são as vantagens em se adotar o sistema de parcerias em termos tecnológicos? Quais são
os incentivos para que as parcerias ocorram?

3. Quais são as vantagens que as incubadoras apresentam dentro do cenário de desenvolvimen-


to nacional?

4. Cite cinco entidades no Brasil que têm a competência de agenciar e financiar projetos inova-
dores.

5. De acordo com o estudo de Caso 4 – Como resolver o desafio da inovação, presente nos Anexos,
como você pode analisar o texto que relaciona os desafios envolvidos para a prática da inova-
ção?

37
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
POLÍTICAS E INCENTIVOS À INOVAÇÃO
5 TECNOLÓGICA

Caro(a) aluno(a), neste capítulo, apresen-


taremos as principais medidas que estão sendo
criadas para beneficiar as ações referentes à ino-
vação tecnológica, bem como fortalecer nosso
país como potência tecnológica.

5.1 Política de Inovação

Bem, caro(a) aluno(a), chegamos a um pon- Na Figura 7, a seguir, podemos verificar o


to muito importante em nosso estudo. Trata-se de campo da política de inovação segundo a OCDE.
algumas respostas às perguntas que inicialmente
propomos no Capítulo 1 e que estão ligadas di-
retamente à participação do governo diante dos
incentivos às empresas em prol do desenvolvi-
mento tecnológico.
De acordo com a análise da OCDE (1997),
temos:

Dentro de uma economia baseada no


conhecimento, a inovação parece de-
sempenhar um papel central. Até recen-
temente, no entanto, os processos de
inovação não eram suficientemente com-
preendidos. Um melhor entendimento
surgiu em decorrência de vários estudos
feitos nos últimos anos.
No nível macro, há um substancial con-
junto de evidências de que a inovação é o
fator dominante no crescimento econô-
mico nacional e nos padrões do comércio
internacional.
No nível micro – dentro das empresas – a
P&D é vista como o fator de maior capa-
cidade de absorção e utilização pela em-
presa de novos conhecimentos de todo o
tipo, não apenas conhecimento tecnoló-
gico.

39
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Figura 7 – O campo das políticas de inovação – um mapa das questões.

Fonte: OCDE (1997, p. 37).

De acordo com a OCDE (1997), o campo da reza é significativamente determinada


política de inovação no modelo tratado é deter- pelas características sociais e culturais
da população;
minado como:
• o dínamo da inovação é o domínio
mais central da inovação comercial —
• as condições estruturais mais amplas ele cobre fatores dinâmicos dentro das
dos fatores institucionais e estruturais empresas ou em sua vizinhança ime-
nacionais (como os fatores jurídicos, diata que têm um impacto muito direto
econômicos, financeiros e educacio- em sua capacidade inovadora.
nais), que estabelecem as regras e a
gama de oportunidades de inovação;
• a base de ciência e engenharia – o
conhecimento acumulado e as insti-
tuições de ciência e tecnologia que
sustentam a inovação comercial, for-
necendo treinamento tecnológico e
conhecimento científico, por exemplo;
• fatores de transferência, que são os que
influenciam fortemente a eficácia dos
elos de fluxo de informações e compe-
tências e absorção de aprendizado, es-
senciais para a inovação comercial – há
fatores ou agentes humanos cuja natu-

40
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

5.2 Incentivos Fiscais para a Inovação Tecnológica

De acordo com o Ministério da Ciência, Tec- racionais pela legislação do Imposto


nologia e Inovação (MCTI): sobre a Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ),
realizados com P&D no período;
Os incentivos fiscais à inovação tecnoló- ƒƒ adição de até 20%, no caso de incre-
gica, na atualidade, fazem parte da Estra-
mento do número de pesquisadores
tégia Nacional de Ciência, Tecnologia e
Inovação – ENCTI para o período de 2011 dedicados exclusivamente à pesquisa
a 2014, o que representa uma continui- e ao desenvolvimento contratados no
dade aos esforços do Plano de Ação Ciên- ano de referência;
cia, Tecnologia e Inovação – C,T&I para o
ƒƒ adição de até 20%, no caso de patente
Desenvolvimento Nacional realizado no
período de 2007 a 2010 (PACTI). Além do concedida ou cultivar registrado.
mais, se constitui num dos elos de liga-
ção com as demais políticas do Governo Tal possibilidade corresponde a uma re-
Federal, tais como: Plano de Aceleração
do Crescimento de Infra-estrutura – PAC;
núncia fiscal de até 34% dos dispêndios de P&D,
Política de Desenvolvimento Produtivo – no país, próprios ou contratados junto à Micro e
PDE e, mais recentemente com o Plano Pequena Empresa (MPE) (Lei Complementar nº
Brasil Maior que estabelece uma política 123/2006), a Consultores, a Universidades e a Ins-
industrial, tecnológica, de serviços e de tituições Científicas e Tecnológicas (ICT), desde
comércio exterior embasada no estímu-
lo à inovação e à produção nacional para que mantida a responsabilidade, o risco empresa-
alavancar a competitividade da indústria rial, a gestão e o controle da utilização dos resul-
nos mercados interno e externo. (BRASIL, tados pela empresa beneficiária.
2011, p. 3).

ƒƒ Redução de 50% do Imposto sobre Pro-


Multimídia
dutos Industrializados (IPI) incidente
sobre equipamentos, máquinas, apa-
Assista à entrevista com o presidente da Asso-
ciação Brasileira de Máquinas e Equipamentos relhos e instrumentos adquiridos para
(Abimaq), Luiz Aubert Neto (É Notícia), sobre a pesquisa e desenvolvimento tecnológi-
história da associação: http://www.youtube. co.
com/watch?v=p2IgJG3XbKs
ƒƒ Depreciação Integral e Amortização
Acelerada de equipamentos e bens in-
tangíveis, respectivamente, para P&D.
ƒƒ Redução a zero da alíquota do IR nas
remessas efetuadas para o exterior des-
Os incentivos reais previstos na Lei do Bem
tinadas ao registro e à manutenção de
destinados à P&D nas empresas e usufruídos de
marcas, patentes e cultivares.
forma automática, resumidamente, podem ser
definidos como:
No caso específico do incentivo fiscal rela-
tivo ao crédito de 10% do imposto sobre a renda
ƒƒ exclusão do lucro líquido e da base de
retida na fonte, a título de royalties (inciso V do
cálculo da Contribuição Social sobre o
caput e § 5º do art. 17 da Lei nº 11.196/2005 – Lei
Lucro Líquido (CSLL), o valor correspon-
do Bem), foi revogado desde 27 de julho de 2010,
dente de até 60% da soma dos dispên-
conforme inciso I, do Art. 63 da Lei nº 12.350, de
dios, classificados como despesas ope-
20 de dezembro de 2010.

41
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

5.3 Participação Empresarial e a Lei do Bem

De acordo com os resultados obtidos com a


Multimídia
implementação da Lei do Bem nos últimos anos,
observa-se que grande parte do relativo suces-
Assista ao 2° WORKSHOP DE NEGÓCIOS
so do incremento de investimentos privados em E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, realizado
P,D&I deve ser creditada à adesão a esses incenti- em 12/05/2011, sobre a aplicação da
vos fiscais que vêm sendo operacionalizados des- Lei do Bem: http://www.youtube.com/
watch?v=dJUpXe8NUoo
de 2006.

A Figura 8 mostra uma visão global do nú-


mero de empresas participantes do programa
dos incentivos fiscais no quinquênio fiscal de
2006 a 2010.

Figura 8 – Número de empresas participantes/classificadas.

Fonte: Brasil (2011).

A Figura 8 mostra que existem duas pro- De acordo com esse dados, o número de
jeções de demanda. A primeira projeção (azul) empresas que aderiram ao programa de incenti-
representa o número de empresas participan- vos fiscais, às atividades de pesquisa tecnológica
tes (cadastradas) no MCTI/ano que declararam e ao desenvolvimento de inovação tecnológica
ter usufruído dos incentivos fiscais, e a segunda (linhas A e B) vem crescendo ano a ano.
projeção (vermelha) representa o número real de Como exemplo, no ano fiscal de 2010, o
empresas classificadas/ano, após verificação do MCTI registrou o recebimento de 875 formulários
MCTI das informações prestadas nos formulários de pessoas jurídicas (empresas) que declararam
das empresas.

42
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

ter usufruído dos incentivos fiscais constantes equipe técnica do MCTI os resultados reais com-
do Capítulo III da Lei do Bem, o que significa um putados e consolidados estão registrados e co-
aumento aproximado de 38% em relação ao ano mentados nos itens 5 e 6 deste relatório.
de 2009, quando 635 empresas preencheram os Existem, ainda, algumas opções de recur-
formulários exigidos pela referida Lei. sos a serem disponibilizadas na forma de crédito,
Nesse cenário, a demanda bruta das 875 subvenção econômica e investimentos reembol-
empresas indicou investimentos totais em P,D&I sáveis e não reembolsáveis, em um volume de re-
no valor de R$ 10,7 bilhões (valor bruto), e usu- cursos bastante expressivo, os quais também esti-
fruto de incentivos fiscais (renúncia fiscal) no mulam as empresas a realizar atividades de P,D&I
montante de R$ 2,1 bilhões, que após análise da sem necessariamente receber incentivos fiscais.

5.4 Empresas por Setor de Atividade

De acordo com a Tabela 1, podemos obser-


var que as empresas encontram-se sediadas em
quase todas as Unidades da Federação, embora a
concentração mais expressiva (cerca de 95% das
empresas) esteja concentrada nas regiões Sul e
Sudeste.

Tabela 1 – Distribuição do número de empresas em relação aos setores.

Fonte: Brasil (2011).

43
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Os dados mostram a necessidade de inves-


Saiba mais
timentos em outras regiões do Brasil, visto a sua
grande dimensão geográfica. Medidas fiscais vêm
sendo adotadas com o intuito de promover maior Quer saber mais sobre as políticas e ações criadas
pelo governo para a inovação tecnológica? Aces-
desenvolvimento a essas áreas, inclusive criando-
se: http://www.abimaq.org.br/Arquivos/Html/IPD-
-se novas estruturas para o escoamento dos pro- MAQ/Relat%20Anual%20Utiliz%20Incentivos%20
dutos produzidos pelas futuras empresas. Fiscais%20MCTI.pdf

5.5 Resumo do Capítulo

Neste capítulo, discutimos algumas das ações que o governo e representantes das áreas envol-
vidas estão realizando com o intuito de facilitar o ingresso de novos inovadores ao mercado, ação que
irá incentivar o surgimento de novas tecnologias no mercado e, consequentemente, reduzir o valor dos
produtos, processos e afins.
Fica clara a real necessidade de maiores incentivos e investimentos para que o nosso país se torne
um potência tecnológica, pareando ao que encontramos no primeiro mundo.
Nesse segmento, estão surgindo muitos profissionais especializados em prestar consultoria às em-
presas, o que deve ser levado em consideração na escolha da carreira a ser adotada.
Cabe a nós mesmos inovar, seguir modelos vencedores e, com base neles, adaptar a nossa realida-
de, pois importar tecnologia está cada dia mais caro, e temos recursos humanos suficientes para tornar
nosso país autossuficiente em algumas décadas.

5.6 Atividades Propostas

1. Na sua visão, o que faz a região Sudeste liderar o ranking de pedidos de projetos de inovação?
Como podemos melhorar a participação das demais regiões?

2. Faça um resumo em relação à Lei do Bem. Aponte suas principais características, seus benefí-
cios e a quem se destina. Pode ser consultada a referência bibliográfica da Abimaq para com-
plementar a sua resposta.

3. Pense em um produto que você esteja acostumado a usar ou a comprar. Você acredita que essa
empresa investe em inovação? Se sim, o que o leva a acreditar nesse posicionamento? O que
poderia ser melhorado, na sua opinião, em relação ao produto?

4. De acordo com o estudo de Caso 5 – Como resolver o desafio da inovação, presente nos Anexos,
como você pode analisar a aplicação da Lei do Bem em relação aos benefícios criados às em-
presas? Realmente é uma boa saída criar mecanismos internos e fomentar a implantação da
inovação na empresa? Comente.

44
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
GESTÃO DO PROCESSO DE INOVAÇÃO
6 ORGANIZACIONAL

Bem, caro(a) aluno(a), chegamos ao último


capítulo desta viagem rumo à inovação tecnoló-
gica. Aqui, trataremos de desenvolver os assuntos
que envolvem a organização dos processos liga-
dos à inovação.

6.1 Aprendizagem Organizacional

Quando falamos sobre inovação organiza- a institucionalização de procedimentos, regras e


cional, devemos lembrar de alguns fatores a ela condutas.
associados. Um deles está relacionado à capaci- Devemos lembrar, no entanto, que não es-
dade de aprendizagem que as pessoas adquirem tamos treinando máquinas, mas pessoas, e nes-
ou detêm para que ela seja colocada em prática. sa questão surgem possíveis problemas, que vão
Segundo Fleury e Fleury (1995), a aprendi- desde a ordem da aceitação, passando à crítica,
zagem organizacional é “um tema que assume até casos extremos de conflitos.
hoje crescente relevância, em razão dos proces- Nesse momento, o poder de persuasão,
sos de mudanças por que passam as sociedades, carisma e inteligência emocional do gestor pela
as organizações e as pessoas.” adoção de novos processos deve ser levado em
De acordo com essa visão, a aprendizagem consideração.
começa de forma individual, passando, posterior- Ele passa a ser o principal autor nesse pro-
mente, ao caso de uma coletividade e, por fim, a cesso, capaz não só de transmitir o conhecimento
uma organização. à equipe e posteriormente torná-lo institucional,
Mas, você estar se perguntado: como ocor- mas também de dirimir qualquer tipo de aresta
re a aprendizagem nas organizações? que venha a surgir de forma individual ou coletiva
Bem, o processo de aprendizagem organi- perante o grupo.
zacional ocorre basicamente como informando De acordo com Fleury e Fleury (1995), exis-
anteriormente, ou seja, um indivíduo passa a ser tem três variáveis importantes que tratam dessas
responsável pela transmissão da informação e questões relativas à aceitação do indivíduo, do
compreensão de novos conhecimentos. grupo e da organização ante os processos a se-
Posteriormente, esses conhecimentos são rem inseridos.
compartilhados aos setores de uma empresa e,
por fim, tornam-se institucionalizados e expres-
sos em diversas formas de organização, tais como

45
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

Quadro 1 – Aspectos a serem considerados no processo de aprendizagem organizacional.

Fonte: Adaptado de Fleury e Fleury (1995).

Fazendo-se uma análise referente a cada va-


riável, podemos observar que, em relação ao tem-
po, os principais desafios a serem enfrentados
pelo gestor são busca por novos conhecimentos,
novas metodologias, conhecimento das necessi-
dades de seu cliente potencial, novas habilidades
e estar preparado para mudanças!
Em relação à variável “espaço”, os desafios
consistem em criar e gerir um ambiente saudável,
aberto às comunicações desejadas entre as pes-
soas, criar limites flexíveis entre departamentos,
possibilitar o maior entendimento cultural.
Por último, a variável mais delicada, que são
as pessoas. Nesse caso, o gestor deverá enxergar
as pessoas e seu espírito participativo e inovador
ante as questões organizacionais. Deve empre-
gar o devido grau de importância do colaborador
dentro da organização, tornando-o produtivo,
motivado e determinado.

46
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

6.2 Perfil Profissional do Gestor

Assim como qualquer outro profissional, o são características desse tipo de profis-
gestor em inovação deve ter qualidades apreciá- sional.
veis e, nesse caso, além delas, ser um profissional ƒƒ Ser inovador não é pura magia. A boa
inovador cujo quesito faz a diferença. ideia nasce da combinação da obser-
Peter Drucker (2008), em seu livro Inovação vação ou do conhecimento. Conhecer
e espírito empreendedor, lembra que um poeta la- o passado, olhar o presente e pensar
tino-americano costumava chamar o ser humano (antever) o futuro são ingredientes que
de rerum novarum cupidus, ou seja, um “ganancio- fazem surgir as boas ideias.
so por coisas novas”. ƒƒ Busque definir sua Estratégia de Inova-
O lendário pai do management moderno ção, esclarecendo os tipos e as temáti-
recomendava que a administração de empresas cas desejados.
deveria fazer de cada membro da equipe um re- ƒƒ São três fatores: oportunidade/proble-
rum novarum cupidus. ma + criatividade + conhecimento. Aí
Pergunto a você: você é um profissional é que a capacidade criadora entra em
desse tipo? ação pela busca de novas alternativas
Dieter Kelber, diretor-executivo do Instituto em relação às propostas existentes no
Avançado de Desenvolvimento Intelectual (Insa- mercado.
di), ressalta que o profissional inovador conse- ƒƒ Utilize os relacionamentos para gerar e
gue olhar para um trabalho que é feito há anos desenvolver as inovações.
da mesma maneira e transformar o processo em ƒƒ Se você tem essa personalidade, o ideal
algo mais rápido, mais produtivo, com maior va- é buscar empresas em que a prática da
lor para o cliente. inovação é uma realidade. Ideias que
Kelber ainda contextualiza: “Sabemos que não podem ser postas em prática tra-
ninguém nasce pronto. É preciso ter vocação e zem frustrações.
associar algumas práticas do ‘pensar diferente’ e
do questionar” e “As pessoas inovadoras têm tra-
ços de criatividade, rebeldia, foco, perseverança e,
principalmente, acreditam naquilo que propõem”.
Algumas dicas que Drucker (2008) e Kelber
Multimídia
apontam para os profissionais tornarem-se inova-
dores: Quer conhecer mais sobre a profissão de ges-
tor? E de liderança? Veja a entrevista de Dieter
ƒƒ Querer é o primeiro passo para inovar. Kelber sobre o novo profissional “Lidestor”.
Veja se você tem o perfil. Ótimo nicho de mer-
Se temos a convicção ou o sentimen- cado!!!
to de que somos inovadores, devemos http://www.youtube.com/
procurar estar sempre onde existem as watch?v=b44vPdSZjcA
condições para que nos desenvolva-
mos nessa direção.
ƒƒ Ter curiosidade, mente aberta, aceitar
correr riscos, ser persistente e flexível

47
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

6.3 A Gestão de Projetos de Inovação

Boa parte dos projetos de inovação acaba um bom projeto, na identificação do per-
sofrendo algum efeito negativo em sua condu- fil dos gerentes e da equipe, na estrutura
adequada para sua condução, no proces-
ção por efeitos de má administração ou gestão
so de início, avaliação e encerramento,
do projeto, o que acaba, muitas vezes, exigindo nas análises de riscos, recompensa, e efei-
novos recursos financeiros e tempo para o con- tos colaterais positivos e negativos, assim
torno, levando à inviabilidade do projeto. como na gestão nos níveis estratégico e
tático/operacional.
Como tratado anteriormente, o conheci-
mento é de extrema importância para o surgi-
mento das ideias e a forma como ela é trabalha- Nesse sentido, todo cuidado é pouco na
da, na forma prática de técnicas e ferramentas de hora da implantação do projeto, e tudo deve
gerenciamento de projetos na área específica. ser levado em consideração, a fim de evitarmos
De acordo com Diniz (2012): transtornos durante sua execução, o que pode
trazer malefícios ao seu andamento e até mesmo
o seu cancelamento.
O sucesso reside na aplicação de técnicas
sobre como montar, executar e controlar

6.4 Organização e Planejamento para a Inovação

Voltamos a fazer algumas perguntas, agora Se aceitarmos que a estratégia empresa-


voltadas para a empresa. rial define a estratégia de inovação e sua
estrutura e que os resultados do proces-
Existe uma estratégia de inovação da em- so de inovação influenciam a estratégia
presa? empresarial, temos um ciclo virtuoso de
Ela existe formalmente ou apenas de forma realimentação constante, criando uma
espiral ascendente de desenvolvimento,
tácita? num processo sistêmico, dinâmico e per-
A cultura da empresa está voltada para a manente. 
inovação?
Quais são os facilitadores e inibidores do
processo de inovação, e como lidar com eles?
Que tipos de inovação existem (por exem-
plo, inovação fechada ou inovação aberta)?
As respostas a essas perguntas estão inti-
mamente ligadas ao projeto e ao processo de im-
plantação e execução do processo de gestão da
inovação.
De acordo com Diniz (2012):

48
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

6.5 Processo de Implementação da Gestão da Inovação

O processo de gestão da inovação pode ƒƒ saber identificar, priorizar e conduzir


ocorrer de várias formas: dinâmica ou, então, re- projetos de inovação na empresa com
querer acompanhamento, avaliação, atualização base em critérios técnicos, financeiros,
e redirecionamento constantes, aprendendo com mercadológicos e de sustentabilidade e
o sucesso e com o fracasso, sendo necessário es- assimilar técnicas de gerenciamento de
tabelecer e monitorar um sistema de indicado- projetos;
res que considere, além da relação custo benefí- ƒƒ compreender o papel da criatividade,
cio (tangíveis e intangíveis), os quatro pilares do da liderança e do empreendedorismo
processo – pessoas (adequação e capacitação no processo de inovação; estender o
de equipes), estratégia (clareza de foco e desdo- processo de inovação para além das
bramentos), processos (efetividade e eficácia) e fronteiras da empresa, envolvendo for-
recursos (disponibilidades e adequação aos obje- necedores, clientes, centros de pesquisa
tivos empresariais), entre tantas outras questões e outras instituições, de modo a reduzir
igualmente relevantes.  riscos, compartilhar ganhos e acelerar o
Dessa forma, para que se possa compreen- retorno sobre os investimentos;
der e empreender a gestão da inovação na em- ƒƒ entender os aspectos legais da inova-
presa, é necessário, entre outros aspectos: ção, incentivos e fontes de recursos
de fomento e de financiamento, assim
ƒƒ assimilar como a inovação pode impac- como seus mecanismos de acesso e as
tar no aumento de competitividade do questões afetas a proteção e comer-
negócio, tanto em termos de diferen- cialização da propriedade intelectual
ciação no mercado quanto em termos (marcas e patentes). 
do aumento de produtividade e redu-
ção de custos;
ƒƒ olhar para a própria empresa, entender
e conhecer sua cultura e seus valores,
pontos fortes e fracos, ameaças e opor-
tunidades, explicitando e desdobrando
sua estratégia de inovação;
ƒƒ conhecer e aplicar métodos e técnicas
de gestão essenciais para estruturar os
processos, saber identificar as princi-
pais barreiras às inovações e visualizar
como transpô-las;
ƒƒ contribuir com novas melhorias e de-
senvolvimento de produtos, serviços,
processos, mercados e estrutura orga-
nizacional;

49
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

6.6 Resumo do Capítulo

Caro(a) aluno(a), neste ultimo capítulo, foram transmitidos a você os principais fatores que afetam
diretamente a evolução do projeto de inovação.
Como todo projeto, ele deve estar bem fundamentado nas ações a serem praticadas, pois, con-
forme vimos, um número bastante representativo de projetos de inovação acaba ficando no “meio do
caminho” em decorrência de problemas na sua execução.
Foram mostradas, também, as características que um profissional da área deve ter para lograr êxi-
to e, consequentemente, ser um referencial no mercado de trabalho, que, por sua vez, a cada dia está
crescendo em função da necessidade natural de evolução na construção de produtos, na melhoria de
processos e nas ações ligadas à sociedade como um todo.

6.7 Atividades Propostas

1. Defina Aprendizagem Organizacional e os desafios encontrados em sua execução.

2. Por que o processo de Gestão da Inovação requer do profissional um grau elevado de conheci-
mento e criatividade para execução da sua atividade?

3. Você concorda ou discorda da afirmação de Diniz (2012): “O sucesso reside na aplicação de


técnicas sobre como montar, executar e controlar um bom projeto, na identificação do perfil
dos gerentes e da equipe, na estrutura adequada para sua condução, no processo de início,
avaliação e encerramento, nas análises de riscos, recompensa, e efeitos colaterais positivos e
negativos, assim como na gestão nos níveis estratégico e tático/operacional”? Justifique.

4. De acordo com o estudo de Caso 6 – Balanced Scorecard – Inovação na gestão moderna, presen-
te nos Anexos, como essa ferramenta pode ajudar as empresas na implantação da inovação?
Comente.

50
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Caro(a) aluno(a),

Agradeço, em primeiro lugar, por me acompanhar nesta viagem rumo à inovação tecnológica.
Juntos, conhecemos muitos conceitos, realizamos muitas perguntas, descobrimos muitas respos-
tas!
Sem dúvida, é uma área desafiadora, emocionante e extremamente gratificante, pois imagine que
a sua inovação, um dia, poderá estar presente nos lares das pessoas, facilitando as suas vidas e, quem
sabe, proporcionando a existência dela.
Muitos são os caminhos a se percorrer! Neste material, escrito com muito carinho, tentei sintetizar
os assuntos que estão ao seu arredor. Agora, procurarei encerrar nossa viagem de uma forma inovadora...
O que é a inovação?
Onde ela está presente?
E para onde ela caminha?

Muito obrigado!!!!
Prof. Douglas Melman

51
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
RESPOSTAS COMENTADAS DAS
ATIVIDADES PROPOSTAS

CAPÍTULO 1

1. A inovação tecnológica pode ser entendida como a implementação de um produto (bem ou


serviço) novo ou significativamente melhorado, um processo, um novo método de marketing
ou um novo método organizacional nas práticas de negócios, na organização do local de tra-
balho ou nas relações externas.

2. Podemos classificar a inovação como:


a. inovação aberta: com o uso de parcerias externas para captação de inovação;
b. inovação fechada: com o uso de inovação interna;
c. inovação radical: ações que envolvem riscos;
d. inovação incremental: solução pronta com aperfeiçoamento local.

3. As respostas para as perguntas são:


a) Existem algumas variáveis envolvidas, como gestão do projeto, análise financeira, viabili-
dade de implantação.
b) Devido a alguns fatores que envolvem incentivos, benefícios e que geram impedimentos.

4. A industria brasileira está em um estágio de cuidados quanto à produção em virtude de algu-


mas áreas, ora por incentivos, ora por capacidade de produção, não atenderem aos pedidos
dos clientes. É evidente que ninguém gosta de trabalhar com risco, mas, em virtude do atual
estágio, é importante inovar, mesmo que isso tenha um preço, e esse preço pode ser o risco.

5. Você deverá analisar o artigo proposto, e com seus entendimentos em relação ao texto, disser-
tar sobre o assunto conforme o tema central da pergunta.

CAPÍTULO 2

1. Conforme observado no gráfico, temos a relação de empresas e seus respectivos portes em


função do grau de investimento e retorno oriundos da inovação tecnológica. Pode-se observar
que a maioria das PMEs ainda apresenta baixa resposta em termos de valores à inovação, mos-
trando que são necessários incentivos para que as mesmas possam conseguir mais recursos e,
consequentemente, tornar o processo de inovação ainda mais rentável.

2. Aqui, você deverá usar seu conhecimento para observar a proposta da questão e dela concluir
a sua resposta.

3. Você, de acordo com o texto e conforme sua visão, deverá traçar um paralelo entre o que co-
nhece de tecnologia atual e até que ponto ela pode chegar.

53
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

4. Você deverá analisar o artigo proposto e, com seus entendimentos em relação ao texto, disser-
tar sobre o assunto conforme o tema central da pergunta.

CAPÍTULO 3

1. Aqui, você deverá usar seu conhecimento para observar a proposta da questão e dela concluir
a sua resposta.

2. Nesta questão, você deverá trazer, a partir de seus conhecimentos, cinco inovações úteis e cin-
co inovações inúteis que ele conheça ou pesquise.

3. Nesta questão, você deverá utilizar seus conhecimentos adquiridos em módulos anteriores
com o intuito de trazer soluções para a redução do impacto ambiental, por meio de soluções
inovadoras na área de inovação verde.

4. Você deverá analisar o artigo proposto e, com seus entendimentos em relação ao texto, disser-
tar sobre o assunto conforme o tema central da pergunta.

CAPÍTULO 4

1. Fatores inibidores são aqueles que se apresentam como obstáculos ao trâmite natural de exe-
cução do projeto. Fatores facilitadores são aqueles que se apresentam como motivadores ao
processo de execução do projeto. Conforme a apostila, o governo está buscando, por meio de
leis, incentivos para que as empresas possam adotar o programa de inovação em suas bases,
com o intuito de valorizar a tecnologia nacional.

2. Parcerias sempre são muito bem-vindas, e no setor de inovação é primordial a participação de


empresas, indústrias, comércio, universidades, escolas técnicas, com o intuito de formar um
grande esforço em prol de ações inovadoras.

3. São ambientes criados para receber o inovador e dar suporte técnico, administrativo e até fi-
nanceiro, para que sua inovação possa ser idealizada e, quem sabe, comercializada por alguma
empresa.

4. Podemos citar a CAPES, o CNPq, o FINEP e o FNDCT, que possibilitaram recursos em pesquisa
tecnológica.

5. Você deverá analisar o artigo proposto e, com seus entendimentos em relação ao texto, disser-
tar sobre o assunto conforme o tema central da pergunta.

CAPÍTULO 5

1. Você deverá expor a sua visão em relação ao foco da questão e propiciar melhorias de acordo
com a sua visão.

2. Você deverá ler o tópico relacionado à Lei do Bem e, com suas palavras, fazer um resumo, no
qual conste as suas características, seus benefícios e a quem se destina.

3. Nesta questão, você deverá utilizar os seus conhecimentos e, por meio de um produto real,
classificá-lo de acordo com o enunciado da questão.

54
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

4. Você deverá analisar o artigo proposto e, com seus entendimentos em relação ao texto, disser-
tar sobre o assunto conforme o tema central da pergunta.

CAPÍTULO 6

1. Aprendizagem organizacional é a técnica utilizada para a transmissão do conhecimento, em


um primeiro instante, individual, em um segundo instante, em grupo, e, por fim, de forma.

2. Por se tratar de uma atividade que exige que o profissional esteja muito bem preparado e ca-
paz de tomar ações preventivas e corretivas durante a execução do projeto, sem que ocorra o
cancelamento ou paralisação de sua execução.

3. Você deverá analisar a frase e, com suas palavras, ratificar a sua decisão.

4. Você deverá analisar o artigo proposto e, com seus entendimentos em relação ao texto, disser-
tar sobre o assunto conforme o tema central da pergunta.

55
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
REFERÊNCIAS

ALMEIDA, H. S. Um estudo do vínculo tecnológico entre pesquisa, engenharia, fabricação e


consumo. 1981. 163p. Tese (Doutorado) – Escola Politécnica, Universidade de São Paulo, São Paulo,
1981.

BARROS, M. M. et al. Implantação de inovações tecnológicas na produção de edifícios. In: SBRAGIA,


R.; MARCOVITCH, J.; VASCONCELLOS, E. (Orgs.). Anais do XIX Simpósio de Gestão da Inovação
Tecnológica. São Paulo: USP, 1996. p. 260-281.

BRASIL. Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI). Relatório anual da utilização dos
incentivos fiscais: ano base 2010. Brasília: MCTI, 2011. Disponível em: <http://www.abimaq.org.br/
Arquivos/Html/IPDMAQ/Relat%20Anual%20Utiliz%20Incentivos%20Fiscais%20MCTI.pdf>. Acesso em:
23 out. 2012.

CARON, A. Inovação tecnológica e a pequena e média empresa local. In: OLIVEIRA, G. B.; SOUZA-LIMA,
J. E. (Orgs.). O desenvolvimento sustentável em foco: uma construção multidisciplinar. São Paulo:
Annablume, 2006.

CARVALHO, H. G.; CAVALCANTE, M. B.; REIS, D. R. Gestão da inovação: inovar para competir: guia do
educador. Brasília: SEBRAE, 2009.

DINIZ, J. H. Gestão da inovação. Disponível em: <http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/


detalhe_artigo/990>. Acesso em: 18 out. 2012.

DRUCKER, P. F. The discipline of innovation. Haward Business Review, v. 63, n. 3, 1985.

______. Inovação e espírito empreendedor. São Paulo: Thomson Pioneira, 2008.

FLEURY, A. C.; FLEURY, M. T. L. Aprendizagem e inovação organizacional: as experiências de Japão,


Coréia e Brasil. São Paulo: Atlas, 1995.

GIBBONS, M. et al. The new production of knowledge: the dynamics of science and research in
contemporary societies. London: Sage Publications, 1994.

KLEINKNECHT, A. Are there Schumpeterian waves of innovations? Cambridge: Journal of Economics,


1990.

LAUDON, K. C.; LAUDON, J. P. Sistemas de informação. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos,
1999.

MICHAELIS. Dicionário da língua portuguesa. Disponível em: <http://michaelis.uol.com.br>. Acesso


em: 20 out. 2012.

MUSER, R. Identifying technical innovation. IEEE Transactions on Engineering Management, v. 32, n. 4,


p. 158-176, 1985.

57
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

ORGANIZAÇÃO PARA O CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Manual de Oslo –


proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica. Brasília:
FINEP, 1997. Disponível em: <http://download.finep.gov.br/imprensa/manual_de_oslo.pdf>. Acesso em:
30 out. 2012.

REIS, D. R. Gestão da inovação tecnológica. 2. ed. Barueri: Manole, 2008.

SCHUMPETER, J. A. A teoria do desenvolvimento econômico. São Paulo: Abril Cultural, 1982. (Coleção
Os Economistas).

SETZER, V. W. Dado, informação, conhecimento e competência. Disponível em: <http://www.ime.usp.


br/~vwsetzer/dado-info.html>. Acesso em: 03 nov. 2012.

SILVA, F. Q. B. Cooperação empresa/universidade: contexto, análise e perspectivas. Disponível em:


<http://www.di.ufpe.br/~srlm/secomu96/fabio.htm>. Acesso em: 22 out. 2012.

SOCIEDADE PORTUGUESA DE INOVAÇÃO. Definições. 1999. Disponível em: <http://www.spi.pt/


documents/books/inovint/gi/experimentar.manual/1.1/cap_apresentacao.htm>. Acesso em: 10 nov.
2012.

58
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
ANEXOS

CASO 1 – Experiências que levam a inspiração, a criatividade e inovação.

Disponível em: http://www.toptalent.com.br/index.php/2012/01/31/experiencias-que-levam-a-inspiracao-a-criatividade-e-inovacao/

É fato que, para a criatividade e inovação sejam alcançados é necessário viver, sentir e conhecer
novas experiências. É isso que vai fazer com tenhamos inspiração no nosso trabalho, em casa ou em
qualquer outro lugar. A inspiração é o que move as pessoas, fazendo com que busquem por novas op-
ções, maneiras de se fazer algo, de ver ou sentir. É também o que provoca a imaginação e logo, dá asas à
criatividade, podendo proporcionar a inovação.
O mercado de trabalho tem exigido cada vez mais profissionais com grande capacidade de criativi-
dade e inovação. Pessoas, líderes, capazes de buscar inspiração e de contagiar a todos com essa energia.
No entanto, isso somente não basta. É preciso que as pessoas, independente do cargo que ocupam,
busquem viver novas experiências, conhecer outras culturas, ideias, pontos de vista, sabores e histórias.
Tenho percebido o quanto isso é fundamental para que tenhamos melhores resultados no que fazemos,
para que alcancemos o auto conhecimento em um grau ainda maior, e para que possamos viver melhor
e mais felizes.
Sair do habitual, da rotina, é uma das maneiras de buscar o novo. Fazer algo nunca feito antes,
como praticar “snowboarding” e vencer o medo, “desobvializar” em algo, ir para o trabalho por um cami-
nho ou rota diferente, começar a dar a atenção especial para a literatura, artes, música, dança, cinema e
experimentar novos paladares. Essas experiências podem contribuir para que aflore a inspiração. Sou um
exemplo de uma pessoa que começou a dar valor para essas coisas, e tenho descoberto o quanto elas
podem me inspirar na pessoa que sou e nas coisas que faço, de maneira a me tornar melhor do que eu
era e evoluir.

59
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

A literatura é um exemplo do quanto pode ser interessante. Muitas vezes não conseguimos ver o
que está além das palavras, no entanto, vale a pena dar uma atenção especial. Certamente você descobri-
rá o quanto ela é significativa, ampla e com uma sensibilidade humana incrível. Trago para esse artigo um
trecho de Hamlet, uma das obras de Shakespeare mais fascinantes. Diz Hamlet: “De que valeria o homem,
se o bem principal e o interesse de sua vida consistissem em comer e dormir? Não passaria de um animal”
E conclui: “Aquele que nos criou com uma tão vasta inteligência, que abrange o futuro e o passado, não
queria que nos cobríssemos de mofo por falta de uso”. Em seguida, Hamlet elogia a inquietude de Fortim-
brás, que abandona o conforto em que vive, para sair pelo mundo em busca de ação.
Ano passado visitei o Chile, foi uma experiência incrível e o mais sensacional foi me descobrir nessa
viagem. Não me limitei em somente conhecer uma nova cultura, mas também procurei viver essa nova
cultura. Participei de um projeto chamado “Couch Surfing”, fiquei hospedado durante 7 dias na casa de
duas famílias chilenas que nunca tinha visto antes. Fiz questão de conhecer pessoas, ideias, a história do
povo chileno e de experimentar sabores exóticos, como cachorro quente com purê de abacate.
Me senti parte da família e pude absorver com mais profundidade a cultura chilena. Outra grande
experiência foi conhecer duas casas de Pablo Neruda. Uma verdadeira inspiração de criatividade, com
poemas implícitos na decoração, cheias de significados, enigmas e histórias em cada uma das casas. Saí
do Chile inspirado, deixando um pedaço de mim. Percebi o quanto sou um cidadão mundial.
A inquietude é uma grande promotora de satisfação e felicidade. A vida demanda ação e, mesmo
cheio de armadilhas e incógnitas, é preciso imaginar, criar, fazer, construir e realizar. Precisamos melhorar
a capacidade de pensar e imaginar amplamente, quebrar paradigmas, questionar o status e consequen-
temente pensar em soluções e ideias. Nisso tudo acabamos nos auto descobrindo.
Viva novas experiências você também!

60
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

CASO 2 – Cinco lições de inovações da Havaianas para o seu negócio.

Disponível em: http://exame.abril.com.br/pme/noticias/5-licoes-de-inovacao-das-havaianas-para-o-seu-negocio?page=2

Como o exemplo das sandálias pode ensinar os empreendedores a darem uma virada nos negó-
cios.

São Paulo – Não deformavam, não tinham cheiro e não soltavam as tiras. Criadas em 1962, as san-
dálias Havaianas ficaram conhecidas pela comodidade e estavam nos pés de pessoas comuns. Foi em
1994 que a Alpargatas decidiu melhorar a imagem do seu principal produto.
Com um design mais atraente e nas prateleiras de grandes varejistas, a Havaianas deu um salto de
imagem e de vendas. Desde 2000, a marca passou a ser exportada para o mundo e foi parar nos pés de
celebridades, como Jennifer Aniston e Angelina Jolie. Em 2006, as sandálias foram consideradas o produ-
to brasileiro mais popular fora do país.
De simplórias a ícone fashion, as sandálias Havaianas passaram por um processo de inovação que
foi responsável por levar a marca a mais de 80 países, colocar 5,5 mil dos 17,5 mil funcionários fora do
Brasil e trazer 33% da receita em moeda estrangeira. Hoje, a empresa investe de 2% a 3% do faturamento
com inovação. Marcio Utsch, presidente da Alpargatas, deu dicas de inovação aos empreendedores du-
rante um evento.

61
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

1. Reinvente-se
A inovação não está totalmente atrelada a grandes avanços tecnológicos ou mudanças drásticas
na empresa. Pode ser um novo processo ou uma modificação em um produto que vão fazer os clientes te
enxergarem com outros olhos. “Inovação não é só inventar. É também reinventar-se”, sugere o executivo.

2. Não crie um departamento só de inovação


“Se houver um departamento de inovação, você tira dos outros funcionários a função de inovar”,
define Utsch. Segundo ele, as empresas devem ter, sim, equipes especializadas em novas tecnologias e
pesquisa, mas ir além e envolver toda a companhia na ideia de inovação. “Crie um ambiente em que os
valores de empregados e companhia são os mesmos. As ideias vão prosperar e virar coisas importantes”,
diz.

3. Deixe de lado velhas ideias


Para empresas muito consolidadas ou burocráticas, fazer mudanças pode significar um sofrimento.
O executivo acredita que, mais do que inovar, os empreendedores devem estar sempre conectados com
as coisas novas. “A inovação não deve ser um gargalo para modelos de gestão tradicional. O problema
não é ser tradicional, é ser velho e com ideias congeladas”, sugere.

4. Antecipe as necessidades dos clientes


Sai na frente quem for capaz de entregar aos clientes algo que eles nem sabiam que precisavam.
Esta é a concepção do executivo sobre produtos inovadores. “Se você fizer só o que a pesquisa de merca-
do diz, você vai copiar ideias. Você precisa criar baseado em necessidades das pessoas, mas que elas não
sabem que têm”, ensina.

5. Elimine a concorrência com inovação


Deixar a concorrência para trás foi uma das tarefas da Havaianas. Para Utsch, manter-se à frente da
concorrência é vital para qualquer empreendedor. “Concorrente bom é concorrente morto e uma das
formas de eliminar a concorrência é com inovação”, ensina.

62
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

CASO 3 – Gerenciando a inovação para o bem

Disponível em: http://ne10.uol.com.br/coluna/inove/noticia/2009/12/14/gerenciando-a-inovacao-para-o-bem-208368.php

Para muitos de nós, a inovação é algo emocionante e excitante, mas, quando nos abstemos de ob-
servar a inovação apenas com os olhos da paixão e buscamos entender que a inovação é a única maneira
de aprimorarmos a qualidade de vida de todos nós, seres humanos, precisamos parar para pensar em
como racionalmente precisamos gerenciar o processo de inovar como a única maneira de desenvolver-
mos todo o nosso potencial criativo para a geração de valor na vida de todos em nossa volta. 
Recentemente tive a oportunidade de observar as mais novas experiências e habilidades de geren-
ciar o processo de inovação de várias empresas no Brasil, tais como Fiat, Natura, Bosch, Pirelli, Whirlpool
(Consul e Brastemp), Embraco, Rhodia, Braskem e Usiminas. O que pude perceber é que, enquanto há
empresas que já estão bastante avançadas em tornar a inovação parte do dia a dia da organização, outras
ainda estão começando. No entanto essas “iniciantes” (antes a inovação era realizada de forma ad hoc)
estão realizando fortes investimentos nessa disciplina de gestão que é crucial para a sobrevivência no
mundo dos negócios e para evolução da humanidade.
Como modelos de gestão da inovação para realizar as façanhas que irão impactar a todos nós em
um futuro próximo, algumas empresas estão de fato impressionando por sua robustez no modelo de
negócios.
Independentemente do ramo de negócios, todas as empresas acima citadas estão claramente
preocupadas e trabalhando em favor de um mundo melhor em termos de responsabilidade socioam-
biental. Como exemplos mais contundentes, saliento a nova fábrica da Braskem para a produção de um
polímero “verde” a partir da cana de açúcar ao invés do uso do petróleo; a Whrilpool, com uma logística
reversa para reciclar os componentes dos seus refrigeradores; a Fiat, que apresentou um carro conceito
em que todos os componentes da sua fabricação respeitam o meio ambiente; e a Pirelli, que apresentou
um pneu que busca reduzir o consumo de combustível para um impacto menor no meio ambiente. Essa
última tem ainda 180 pessoas envolvidas no processo de P&D com laboratórios dedicados a desenvolver
tecnologias de ponta, tais como a borracha feita a partir de algas marinhas e processos de reciclagem
como o pó de borracha a partir de pneus usados. 
Como modelos de gestão da inovação para realizar as façanhas que irão impactar a todos nós em
um futuro próximo, algumas dessas empresas estão de fato impressionando por sua robustez no modelo
de negócios. É o caso da Natura, que tem um incrível recorde de lançamentos de novos produtos, sendo
lançado pelo menos um novo produto a cada 21 dias de forma sustentável com a natureza. A maior parte
da inovação da Natura é feita através de parcerias, e os desafios corporativos apresentados na estratégia
da empresa são apresentados em “Road shows” no Brasil e no exterior para os parceiros de desenvolvi-
mento. O mais impressionante são os números de investimento dedicados para a inovação, que chegam
a 3% da receita líquida, gerando 67,5% do faturamento oriundos de produtos inovadores lançados nos
últimos dois anos!
Apesar de que todas essas inovações que estamos vendo no Brasil e no mundo, cada uma com seu
maior ou menor grau de mudança gerada em benefício da humanidade, não serem capazes sozinhas de
mudar o mundo, o conjunto delas certamente pode fazer muita diferença para o futuro das nossas próxi-
mas gerações. Ainda assim, acredito que precisamos começar a desenvolver mais inovações que causem
impactos amplamente significativos na qualidade de vida dos 9,2 bilhões de habitantes que a Terra terá
em 2050 (hoje somos quase 7 bilhões). Pois só as inovações radicais serão capazes de significativamente
reverter o estrago que realizamos ao longo da nossa história, em tempo suficiente para continuarmos
a contá-la. Para isso, fica óbvio que existe uma necessidade de inovar não apenas em tecnologia, mas

63
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

também em inovações sociais e de modelos econômicos que precisam evoluir urgentemente face à pre-
mente ameaça à nossa própria existência.
Acredito seriamente que técnicas de gestão da inovação podem ajudar significativamente no pro-
cesso de geração dessas mudanças mais radicais tanto no âmbito empresarial quanto no político e eco-
nômico. Mas o que cada um de nós pode fazer a este respeito além de ter esperança no resultado da
COP15? Podemos iniciar esse processo de mudança a partir das nossas próprias casas e estilos de vida,
passando por uma forte cobrança pela mobilização política e exercendo o nosso principal poder, o do
consumo responsável, priorizando produtos e serviço mais “verdes”. Assim, precisamos criar a consciên-
cia de que, se amamos a nós mesmos e as nossas futuras gerações, é fundamental colocarmos esse amor
como fonte inspiradora de todos os nossos atos diários por menor importância que eles possam parecer
ter, seja no nosso trabalho, seja na nossa vida pessoal. 
Quem sabe um dia ao invés de pensarmos em soluções urbanas nos mesmos moldes que sempre
fizemos, como, por exemplo, ao invés da construção de uma linha verde ou de uma via mangue (que é
mais ecológica) pensarmos na construção de um metrô de superfície que corte toda a cidade do Recife
sobre seus canais e que utilize energia limpa, como a solar ou a obtida a partir da biomassa do próprio
canal? Quem sabe chegaremos um dia ao sonho da cidade de Masdar que está sendo construída no
Oriente Médio e que promete ser a primeira cidade com zero emissão de carbono, zero desperdício de
resíduos (tudo será reciclado), zero consumo de combustíveis fósseis e consumo de água dessalinizada
reduzido em 80%. Por fim, busque inovar se informando sobre as novas soluções verdes que o mundo
oferece, se inspire para mudar o mundo a sua volta e aja com determinação e coragem para executar essa
mudança.

64
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

CASO 4 – Como resolver o desafio da inovação?

Disponível em: http://www.hsm.com.br/artigos/como-resolver-o-desafio-da-inovacao

Chris Trimble, co-autor dos best-sellers ‘O outro lado da inovação’ e ‘Os 10 mandamentos da inovação estratégica’, apresentou aos partici-
pantes do Fórum HSM de Inovação e Crescimento como iniciativas inovadoras podem ser executadas dentro das organizações

“A dificuldade não está em escalar uma montanha e sim nos perigos que a descida pode represen-
tar”. Foi com essa comparação que Chris Trimble, professor na Tuck School of Business, da Dartmouth
University, uma das melhores escolas de administração do mundo, iniciou seu discurso sobre os conflitos
e desafios de se executar a inovação nas organizações.
Conquistar o mercado com uma ideia inovadora pode ser muito entusiasmante, mas chegar lá
requer um trabalho que vai além das sessões de braimstorm e análises estratégicas, sendo necessário
avaliar todas as armadilhas que estão do outro lado da inovação.
Para ele, a arte de gerir a inovação está na capacidade que a organização tem para contrabalancear
o cenário em que está atuando, e também o modo como será feito. “Primeiro, é preciso entender que ino-
vação é qualquer projeto que tenha resultado incerto. Depois, podemos avaliar em que categoria ela se
encaixa, classificando-a como sustentável, inovadora, radical, reversa, estratégica, modular ou disruptiva,
por exemplo”.

Os modelos
Fruto de mais de 10 anos de estudo sobre como executar a iniciativa da inovação, Trimble apresen-
ta o espectro de três modelos que incentivam, guiam e concretizam projetos inovadores.

1) Ideias + Motivação = cultura de inovação


As empresas gostam de dizer que são inovadoras. Sob essa ótica, pode limitar-se ao tempo indivi-
dual disponível, recaindo sobre os ombros do gestor a habilidade em incentivar os colaboradores a bus-
carem a inovação por iniciativa própria. “O que acontece neste caso é das pessoas estarem muito ocupa-
das alocadas em suas atividades, dispendendo tempo insuficiente para praticar a inovação, tornando-a
ineficiente”, alerta Trimble.

2) Ideias + Processo = fábrica de inovação


A ideia tem como ação subsequente o processo e é tida como uma tarefa qualquer que carece de
definição e eficiência. Assim, mapear as etapas, definir papéis, mensurar, aperfeiçoar e ter uma fábrica de
soluções transformam a ideia inovadora em produto de longo prazo, mas que pode ser uma abordagem
interessante para produtos semelhantes ou de mera atualização de linha. Ele alerta ainda para o fato de
que a ideia pode esbarrar na eficiência organizacional, não sendo tratada com o respeito necessário pela
equipe que sustenta os novos projetos.

65
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

3) Ideia + líderes + equipe + plano = equipe dedicada e plano de experimentação disciplinada


Neste caso, a ideia pode advir de qualquer indivíduo e contará com o apoio dos líderes resignados
especificamente para executar um plano de ação. Mesmo contando com equipe própria e plano de exe-
cução individual, o cuidado com o que será solicitado para a equipe de desempenho deve ser constante.
“Nova hierarquia ou mesmo grandes mudanças costumam ser desconfortáveis para a máquina de de-
sempenho”, alerta Trimble.
Sob a ótica de que inovar significa investir em um projeto de futuro incerto, o professor explica
que o terceiro modelo ao mesmo tempo em que parece ser o mais complicado de se implementar, pode
ser o grande passo para efetivação de projetos que realmente fazem a diferença. “Uma ideia que propõe
inovação precisa ser experimentada de forma disciplinada, responsabilizando equipes e diagnosticando
diretrizes e norte para as organizações”, pontua Trimble.
Portal HSM
29/06/2011

66
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

CASO 5 – Lei do BEM: Um incentivo à Inovação Tecnológica

Disponível em: http://gerenciamentoestrategico.wordpress.com/2012/03/09/lei-do-bem/

A Lei do BEM, Lei de número 11.196 de 21 de Novembro de 2005, sob a responsabilidade e gestão
da Secretaria de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (SETEC), do Ministério da Ciência, Tecnologia
e Inovação (MCTI),  dispõe, dentre outros, no seu Capítulo III, sobre os Incentivos à Inovação Tecnológica.
E no corpo do seu Decreto Regulamentador, número 5.798 de 7 de Junho de 2006, que regulamenta os
incentivos fiscais às atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica, está
definido claramente o que é considerado como Inovação Tecnológica.
Essa ampla definição de Inovação Tecnológica abrange desde a concepção de novo produto ou
processo de fabricação bem como a agregação de novas funcionalidade ou características ao pro-
duto ou processo. A abrangência da definição de Inovação Tecnológica é o que torna a Lei convidativa às
Empresas que investem em P&D&I no país..
Lembrando apenas que, esse incremento de novas funcionalidades em produto ou processo já
existente deve implicar em melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade aos
produtos (bens ou serviços) resultando uma maior competitividade no mercado.
Para efeitos da referida Lei, são consideradas atividades de Pesquisa Tecnológica e Desenvolvimen-
to de Inovação Tecnológica:

ƒƒ a pesquisa básica, realizada com o objetivo de adquirir conhecimento quanto à compreensão


de novos fenômenos;
ƒƒ a pesquisa aplicada, com o objetivo de adquirir novos conhecimentos, com vistas ao desen-
volvimento ou aprimoramento de produtos, processos e sistemas;
ƒƒ o desenvolvimento experimental, para os trabalhos sistemáticos, visando a viabilidade técni-
ca ou funcional de novos produtos, processos, sistemas e serviços,
ƒƒ a tecnologia industrial básica, aquelas tais como aferição e calibração de máquinas e equi-
pamentos; e
ƒƒ os serviços de apoio técnico, indispensáveis à implantação e à manutenção das instalações e
equipamentos destinados à execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação
tecnológica.

As Empresas que investem em projetos de P&D&I e em Inovação Tecnológica, conforme definido


na Lei do BEM, poderão usufruir de incentivos fiscais, dentre eles: dedução, para efeito de apuração do
lucro líquido,  de valor correspondente à soma dos dispêndios com pesquisa e desenvolvimento
de inovação tecnológica; adicionalmente, poderá excluir do lucro líquido, na determinação do lucro
real e da base de cálculo da CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), o valor correspondente
a até 60% da soma dos dispêndios realizados no período de apuração; esse valor poderá chegar a
100% adicionais caso a Empresa contrate empregados pesquisadores para os projetos de P&D&I e caso
obtenha patente concedida ou cultivar registrado vinculados à pesquisa tecnológica e desenvolvimento
de inovação tecnológica; redução do IPI incidente sobre equipamento, máquinas, aparelhos e instru-
mentos destinados à pesquisa e ao desenvolvimento de inovação tecnológica; depreciação acelerada
(2x) na aquisição de máquinas, aparelhos e instrumentos novos, destinados EXCLUSIVAMENTE à P&D
de Inovação Tecnológica (Projeto de P&D&I) – chamados tangíveis;amortização acelerada na aquisição

67
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

de bens intangíveis (licenças, etc.), vinculados EXCLUSIVAMENTE às atividades de P&D de Inovação Tec-


nológica; crédito de IR retido na fonte de remessas para o exterior de royalties, assistência técnica ou
científica e de serviços especializados, de contratos de transferência de tecnologia; e, redução a zero da
alíquota do IR na fonte nas remessas efetuadas para o exterior destinadas ao registro e manutenção de
marcas, patentes e cultivares.
Importante ressaltar que todos os dispêndios e pagamentos de que tratam a referida Lei, deverão
ser controlados contabilmente em contas ESPECÍFICAS do projeto (ou programa).
A Empresa beneficiária dos incentivos fiscais de que trata esta Lei do BEM e seu Decreto Regula-
mentador, fica obrigada a prestar ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, em meio eletrônico,
conforme instruções específicas disponibilizadas anualmente no site do MCTI, informações sobre seus
programas de pesquisa e desenvolvimento de inovação tecnológica, até 31 de Julho de cada ano. Tais
informações, incluem  descritivos dos projetos de P&D&I, com os respectivos resultados alcançados e
contendo dados econômico-financeiros de cada programa/projeto apresentado, dentre outras informa-
ções obrigatórias sobre a Empresa e suas atividades.
Todo o trabalho relacionado ao cumprimento das obrigações da Lei do BEM demanda um acom-
panhamento particular e detalhado de cada programa ou projeto ao longo de cada ano, com controle
de despesas por projeto e por centro de custo, acompanhados de informações de todas as áreas da
Empresa, para inserção e preenchimento da ferramenta (FORM P&D) que alimenta o banco de dados
na SETEC. Isso tudo demanda o trabalho de uma equipe de profissionais experientes e qualificados que
atuam em consonância com as diversas áreas correlatas da Empresa (financeira, jurídica, contratos, RH,
P&D, impostos, etc). 
Atualmente, muitas consultorias e profissionais prestam esse tipo de trabalho para as Empresa em
geral, garantindo a qualidade dos relatórios a serem enviados ao Ministério da Ciência e Tecnologia e a
conformidade com os Manuais e Procedimentos exigidos pelo MCT/SETEC.

68
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Gestão da Inovação Tecnológica

CASO 6 – Balanced Scorecard – Inovação na gestão moderna

Disponível em: http://www.unicoconsultores.com.br/index.asp?c=paginas&modulo=


conteudo&url=279&titulo_secao=&titulo_categoria=&titulo_subcategoria=

O mundo dos negócios a cada dia torna-se mais competitivo e tem passado por constantes transi-
ções mercadológicas, onde a informação passa a ser tratada como a força motriz na criação de riquezas
e na alavancagem do desenvolvimento empresarial, onde o sucesso é determinado pelo conhecimento
dos gestores.
O cenário atual, pela concorrência, tecnologia e uma gestão participativa, demanda por grandes
mudanças no modo como as empresas gerenciam seus recursos e medem seus resultados. E, tendo em
vista que, com a globalização da economia, exigindo cada vez mais capacidade de inovação, flexibilidade
e qualidade, a informação tem tornado um dos principais elementos das atividades de negócio, tornan-
do cada vez mais estratégico o papel por ela exercido.
O conceito do Balanced Scorecard (BSC) é abrangente e profundo, exigindo um esforço significati-
vo para que seu uso atinja resultados satisfatórios. A decisão de implementá-lo deve fundamentar-se no
conhecimento adequado de seus princípios e na clareza quanto a sua coerência com os objetivos alme-
jados pela organização por seu intermédio. Não consistindo em uma solução milagrosa para empresas
em crise.
O Balanced Scorecard surgiu da necessidade das empresas em buscarem um sistema de gestão
que complementasse as medidas financeiras do desempenho passado com as medidas dos fatores que
impulsionam o desempenho futuro. Seus criadores foram os americanos Robert Kaplan, professor da Har-
vard Business School, e David Norton, presidente do Renaissance Worldwide Strategy Group que come-
çaram a questionar a validade da utilização de apenas indicadores financeiros para a gestão das empre-
sas, tais como retorno sobre os investimentos, perdas, lucros, produtividade e etc. O Balanced Scorecard
pode ser considerado como uma filosofia prática e inovadora de gestão de performance das empresas e
que permite uma gestão eficaz da performance organizacional, baseando-se na visão e estratégia.
A avaliação de desempenho manifesta-se sob quatro perspectivas:

1) Perspectiva Financeira
A análise de indicadores financeiros é tradicional. Entretanto, isoladamente, é inadequada para
orientar e avaliar a estratégia da empresa em um ambiente competitivo. Devido à sua significância para
analisar o passado e a saúde atual da empresa, esta perspectiva é preservada pelo Balanced Scorecard. A
perspectiva financeira exerce um papel duplo: indicar se a estratégia da empresa e a sua implementação
e execução estão contribuindo para a melhoria dos resultados, bem como servir de meta principal para
os objetivos e medidas das outras três perspectivas.

2) Perspectiva dos Clientes


O perfil dos clientes tem mudado consideravelmente. A cada dia, consumidores tornam-se mais
exigentes, e seus interesses tendem a se enquadrar em quatro categorias: “prazo”, “qualidade”, “desempe-
nho e serviços” e “custo”. O prazo não diz respeito apenas ao tempo que a empresa leva para atender as
necessidades dos clientes, mas também ao prazo para lançar novos produtos no mercado. A qualidade
refere-se à ausência de defeitos, ou seja, um produto/serviço de qualidade deve atingir ou superar as

69
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br
Douglas Melman

especificações do projeto. Desempenho e serviço mensura como os produtos ou serviços da empresa


criam valor para os clientes. O preço é apenas um dos componentes do custo incorrido pelos clientes,
fazendo, também, parte dos custos a emissão do pedido, programação dos recebimentos e pagamentos
dos materiais, recebimento, inspeção, estocagem, geração de sucata, retrabalho e a necessidade de re-
formulação em decorrência de entregas erradas.
O primeiro passo para chegar aos objetivos financeiros é direcionar o foco para o cliente. Entender
os clientes e atender às suas necessidades é fundamental para garantir a sobrevivência no mercado com-
petitivo. Entretanto, não basta satisfazê-los, é preciso encantá-los.
Segundo a filosofia do Balanced Scorecard, as empresas precisam identificar os segmentos de
clientes e mercado nos quais deseja atuar e, partindo daí, definir as suas metas de prazo, qualidade e de
desempenho e serviço, para depois converter as metas em indicadores de desempenho. Há um grupo
de medidas essenciais e básicas, geralmente adotadas pelas empresas, as quais incluem indicadores de:
participação de mercado, retenção de cliente, captação de clientes, satisfação de clientes e lucratividade
de clientes.

3) Perspectiva dos Processos Internos


A empresa deve priorizar o foco no cliente. Desta forma, as atividades internas da empresa devem
estar voltadas para atingir às expectativas dos clientes. A perspectiva dos processos internos está rela-
cionada às melhorias a serem efetuadas nas atividades internas e busca avaliar o grau de inovação nos
processos de gestão que a empresa possui e o nível de qualidade das suas operações.

4) Perspectiva do Aprendizado e Crescimento


Desenvolver medidas para que a empresa possa aprender e crescer é o objetivo da última perspec-
tiva do Balanced Scorecard. Esta perspectiva é a base para que os resultados das outras três anteriores
possam ser atingidos. O aprendizado e crescimento provem de três fontes principais: pessoas, sistemas
e procedimentos operacionais. Investir em equipamentos é fundamental, mas de nada adianta se os
funcionários não estiverem aptos a lidar com a nova tecnologia, afinal são os homens que manipulam as
máquinas.
O Balanced Scorecard é uma ferramenta útil para dirigir uma empresa de forma proativa no curto,
médio e longo prazo, possibilitando aos gerentes uma medição não somente de eventos financeiros
como também indicadores não financeiros. Entretanto, para a conquista dos resultados esperados pela
ferramenta BSC, tornar-se-á preponderante um sistema de informações ágil e eficiente.

Ruperto Vega é consultor de empresas pela UNICO Consultores, Professor da Faculdade de Administração de Pará de Minas –
FAPAM. Economista, Mestre em Administração e Desenvolvimento Organizacional.

70
Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br

You might also like