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QUAIS OS PRINCÍPIOS E

VALORES DA JUSTIÇA
RESTAURATIVA?
Julho 2017

Yago Daltro Ferraro Almeida


yagoferraro@gmail.com
l Antecedentes da JR
lTeoria em busca da prática ou prática em busca de uma
teoria?
l Aspectos de definição da Justiça Restaurativa

l A JR ao longo do globo

l A JR no Brasil: marcos jurídicos de referência


l

-Abolicionismo penal - Vitimologia

- Criminologia crítica - Crise do sistema penal - Reincidência

-elevado número de cifras ocultas -“tripla vitimização”

- seletividade do Direito Penal -falência na execução da pena

-Crise carcerária - Presídios como escolas de crimes

- Banalização dos bens jurídicos -Racionalidade Penal Moderna


Fonte: http://www.cnj.jus.br/inspecao_penal/mapa.php
l

l Indefinição conceitual da JR: questões temporais e espaciais.


“Estamos ainda numa fase de aprendizado muito intenso nesse
campo” (ZEHR, 2012)
A marca da Justiça Restaurativa é a sua diversidade. Trata-se de
l

um “modelo eclodido” (JACCOUD, 2005)


lO conceito de JR “não existe, pelo menos de forma relativamente
solidificada e pacífica quanto àqueles que seriam os seus
elementos essenciais” (SANTOS, 2014)
A Justiça Restaurativa enxerga o delito além da violação da lei. Enxerga-o
como um fenômeno que causa dano às pessoas, relações e à comunidade. Por
essa razão, uma resposta justa deve abordar os danos causados. Se as partes
estão dispostas, a melhor maneira de fazer isso é ajudá-los a se encontrar para
discutir a extensão desses danos e a forma de solucioná-los.

3 GRANDES IDEIAS:
1- Reparação – crime causa danos e a justiça requer a reparação desse dano;
2- Encontro- A melhor forma de determinar como reparar os danos é fazer com
que as partes decidam em conjunto;
3- Transformação- Essa forma de resolução causa mudanças fundamentais nas
pessoas, relações e comunidades
l

lPara revisar: Justiça Restaurativa…

l-é uma forma diferente de pensar sobre o crime e nossa resposta ao crime (para
além da pena);

l- focada na reparação do dano causado pelo crime e na redução de danos futuros


através da prevenção de novos delitos (evitar a reincidência);

l-requer que os ofensores assumam a responsabilidade pelas suas ações e pelos


danos que eles causaram;

l-procura reparar as vítimas e, mais do que isso, reintegrar ofensor e ofendidos à


comunidade;

l-requer um esforço cooperativo das comunidades e do governo.


l

Resolução nº 225, de 31/05/16- CNJ


lArt. 1º A Justiça Restaurativa constitui-se como um conjunto ordenado e sistêmico de princípios,
métodos, técnicas e atividades próprias, que visa à conscientização sobre os fatores relacionais,
institucionais e sociais motivadores de conflitos e violência, e por meio do qual os conflitos que
geram dano, concreto ou abstrato, são solucionados de modo estruturado na seguinte forma:
lI- é necessária a participação do ofensor, e, quando houver, da vítima, bem como, das suas famílias
e dos demais envolvidos no fato danoso, com a presença dos representantes da comunidade direta
ou indiretamente atingida pelo fato e de um ou mais facilitadores restaurativos;
lII- as práticas restaurativas serão coordenadas por facilitadores restaurativos capacitados em
técnicas autocompositivas e consensuais de solução de conflitos próprias da Justiça Restaurativa,
podendo ser servidor do tribunal, agente público, voluntário ou indicado por entidades parceiras;
lIII- as práticas restaurativas terão como foco a satisfação das necessidades de todos os envolvidos,
a responsabilização ativa daqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a ocorrência do
fato danoso e o empoderamento da comunidade, destacando a necessidade da reparação do dano e
da recomposição do tecido social rompido pelo conflito e as suas implicações para o futuro.
l (...)
l

lLegenda: “Folha” – Identifica mais de 100 países nos quais estão sendo desenvolvidas, em maior ou menor grau,
as práticas restaurativas
l“C”- Identifica os lugares de atuação do “Centro pela JR” e o “Sycamore Tree Project”, em mais de 40 países: Na

América Latina .
lFonte: http://restorativejustice.org/world-map/#sthash.BWf0HTyj.dpbs
l

ARGENTINA
BOLIVIA BRAZIL CHILE COLOMBIA
ECUADOR

PERU

URUGUAY
- Ausência de legislação própria (o que não impede que
experiências sejam realizadas em nosso território)

-Projetos piloto em São Paulo, RS, DF; parceria MJ-PNUD.


Posteriormente, BA, MG, PR, MT, RR e MA (tomando como
base a Resolução 12/2002 da ONU)

BA- Resolução nº 8, de 28/07/2010- criou o Núcleo de JR da


Extensão do 2º Juizado Especial Criminal do Largo do Tanque
Portas de entrada no nosso ordenamento jurídico:

-Lei 9.099/95 (abertura da fase preliminar e os institutos


despenalizadores. Cuidado com o utilitarismo!)

-atenuante inominada (art. 66, CP- A pena poderá ser


ainda atenuada em razão de circunstância relevante,
anterior ou posterior ao crime, embora não prevista
expressamente em lei.)
l
-abrandamento do regime inicial de cumprimento de pena

-Execução penal

Barreiras impostas pelo ordenamento:

-obrigatoriedade da ação penal pelo MP (art. 24, CPP) e


- Crimes de ação penal pública incondicionada (art. 100, §1º,
CP)

-A Resolução 225/2016 do CNJ como o principal (atualmente)


documento sobre JR no Brasil
-A concepção do delito baseada no senso comum:
1) Violação de pessoas e relacionamentos interpessoais (o que
não está nos autos está no mundo)
2) As violações ensejam obrigações (para o ofensor e,
eventualmente, para a comunidade!)
3) É necessário corrigir o mal praticado (principal obrigação)

Ubuntu - todos estamos interligados e todas as coisas estão


interligadas. Formamos uma teia de relacionamentos

O valor maior: Respeito


As diferentes visões da Justiça Criminal Tradicional (Justiça
Retributiva?) e a Justiça Restaurativa (ZEHR, 2012, p. 33):
A diferença nas perguntas (ZEHR, 2012, p. 33):

- Foco no dano (sofrido pela vítima, pela comunidade, ou mesmo


pelo ofensor).

- Engajamento dos envolvidos


A importância do “quem” e do “como”.

- O sistema adversarial do processo penal tradicional (o


alheamento da comunidade e da vítima) e o processo
inclusivo e colaborativo da Justiça Restaurativa
(consensualidade x imposição --- acordo restaurativo x
decisão imposta). A importância do diálogo (“como”)

- Alargamento dos atores envolvidos- As partes interessadas


(“quem”): réu e sociedade x ofensor, vítima e comunidade
10 valores restaurativos indicados por Howard Zehr:

1- Foco nos danos causados pelo crime ao invés de nas leis que
foram infringidas;
2- Ter igual preocupação e compromisso com vítimas e ofensores,
envolvendo a ambos no processo de fazer justiça;
3- Trabalhar pela recuperação das vítimas, empoderando-as e
atendendo às necessidades que elas manifestam;
4 Apoiar os ofensores e ao mesmo tempo encorajá-los a
compreender, aceitar e cumprir suas obrigações;
5- Reconhecer que, embora difíceis, as obrigações do ofensor não
devem ser impostas como castigo, e precisam ser exequíveis;
Continuação…

6- Oferecer oportunidades de diálogo, direto ou indireto, entre vítima


e ofensor, conforme parecer adequado à situação;
7- Encontrar um modo significativo para envolver a comunidade e
tratar as causas comunitárias do crime;
8- Estimular a colaboração e reintegração de vítimas e ofensores, ao
invés de impor coerção e isolamento;
9- Dar atenção às consequências não intencionais e indesejadas das
ações e programas de Justiça Restaurativa;
10- Mostrar respeito por todas as partes envolvidas: vítimas,
ofensores e colegas da área jurídica.
l Referência: Art. 2º, da Resolução nº 225/2016 – CNJ

Art. 2º São princípios que orientam a Justiça


Restaurativa: a corresponsabilidade, a reparação dos
danos, o atendimento às necessidades de todos os
envolvidos, a informalidade, a voluntariedade, a
imparcialidade, a participação, o empoderamento, a
consensualidade, a confidencialidade, a celeridade e a
urbanidade.
- Voluntariedade

Perspectiva minimalista

A JR ao lado da Justiça Criminal Tradicional

art. 2º, §2º, da Resolução nº 225, do CNJ: “É condição


fundamental para que ocorra a prática restaurativa, o prévio
consentimento, livre e espontâneo, de todos os seus
participantes, assegurada a retratação a qualquer tempo, até
a homologação do procedimento restaurativo”.
- Confidencialidade

A impossibilidade de utilização das discussões realizadas no


encontro como prova em caso de eventual insucesso
A importância do cuidado do facilitador na condução das
discussões
-Informalidade
Preferência por espaços não solenes
- Celeridade
Reflexões necessárias (JR como esvaziador de prateleiras?)
SEJAMOS RESTAURATIVOS!!!

MUITO OBRIGADO!!!

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