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Código Nº 3521397 - METAMORFOSES MASCULINAS:

sobre violências, reconhecimento e busca por emancipação


Kevin Samuel Alves Batista e Aluísio Ferreira de Lima
Universidade Federal do Ceará
INTRODUÇÃO RESULTADOS
O sintagma identidade-metamorfose-emancipação representa a
constatação dos autores que trabalham com a metodologia de 1 CONTRIBUIÇÕES FRANKFURTIANAS À CONSTRUÇÃO DE
narrativas de história de vida como fio condutor de seus trabalhos
UM PENSAMENTO CRÍTICO DA SOCIEDADE
(CIAMPA, 1987; LIMA, 2010/2012). Nesta pesquisa em
desenvolvimento, além da categoria Identidade, a categoria gênero • Theodor W. Adorno e Max Horkheimer - “Dialética do
perpassará, necessariamente, às análises e articulações. Portanto, a Esclarecimento” (1985)
partir deste escrito, busco fomentar e divulgar uma discussão mais • Herbert Marcuse em sua obra “O Homem Unidimensional”
profunda diante dos desafios emancipatórios da pesquisa proposta. (2015)
No calor das discussões feministas, Scott (1991) ensina que as 2 FORMAÇÕES CRÍTICAS NO CONTEXTO BRASILEIRO – O
relações de gênero denotam ligações íntimas com os movimentos homem em movimento, identidade e suas metamorfoses
políticos e culturais, sendo categorias que se influenciam e • Antonio da Costa Ciampa, (1987) em sua obra “A Estória do
determinam. Para ela, uma afirmação de força e controle tomou a Severino e a História da Severina”.
forma de uma política sobre as mulheres, de sorte que, a diferença
• Lima; Ciampa; Almeida (2009) em “Psicologia Social como
sexual é concebida em termos de dominação e de controle das
mulheres. Estas relações estão intrinsecamente ligadas às Psicologia Política?”
dinâmicas íntimas, subjetivas e, ao mesmo tempo, perpassam 3 GÊNERO, MASCULINIDADES E RECONHECIMENTO:
aspectos políticos – poder exercido – e práticas socioculturais – categorias críticas de análise social
práticas de dominação–. “O gênero é uma das referências • Lia Machado na obra “Masculinidades” de Mônica Schpun
recorrentes pelas quais o poder político foi concebido, legitimado e (2004)
criticado.” (SCOTT, 1991, p. 27). Portanto, gênero é um elemento- • Pierre Bourdieu em “A dominação masculina” (2014)
chave nas discussões sobre subjetividade e sociedade. • Judith Butler em “Problemas de gênero: feminismo e
subversão da identidade” (2003).
OBJETIVOS
Esta reflexão pretende estabelecer relações plausíveis entre a
Psicologia Social Crítica, os estudos de identidade oriundos desta, e CONSIDERAÇÕES FINAIS
os trabalhos feministas sobre gênero, mais especificamente, Na direção de uma perspectiva crítica da sociedade capitalista, os
daqueles que abordam a temática das masculinidades em uma fenômenos sociais podem ser compreendidos como produtos e
perspectiva emancipadora. Tais articulações foram possíveis com o produtores de formas de viver, o que se aplica ao conceito de
prosseguimento da pesquisa de mestrado “Homens que agridem: gênero. Lima (2009), por sua vez, expressa a noção de que o
estudos sobre narrativas de história de vida por homens autores de discurso social é determinante para elaborar a identidade na
violências de gênero na cidade de Fortaleza”. Essa pesquisa busca formação e reposição de personagens, uma vez que representação
problematizar as violências de gênero sob a ótica da Psicologia e reconhecimento são concomitantes e contínuos. Os personagens
Social criticamente orientada, especificamente, com base nos exercidos podem, entretanto, em virtude da necessidade de
estudos sobre identidade como metamorfose humana em busca de reconhecimento, vir a se transformar em fetiche, tal qual, para Marx,
emancipação. a mercadoria se faz. Assim, as personagens exercidas pelo sujeito
parecem ter ligação direta com a relação de poder que estas dão
acesso. Deste modo, o processo de “mesmice” parece conceder ao
MÉTODOS sujeito a sensação de imutabilidade, de estagnação da identidade.
Como sabemos, as recentes compreensões híbridas das Assim, na compreensão da Psicologia Social Crítica, essa condição
Masculinidades lançam desafiadoras proposições acerca das pode ser denominada de ‘fetichismo da personagem’ e, ainda,
categorias gênero e identidade. Por prismas diversos e coexistentes, ‘identidade mito’. Isto serve aos ideais do capital, pois torna o ser
humano refém de uma suposta identidade atemporal e imutável,
esses olhares formam imagens como em um caleidoscópio, como impedindo-o de buscar a emancipação. Desse modo, a teoria crítica
diz Guita Debert. Destarte, para alcançar o objetivo proposto, da sociedade é expressa como fundamental às análises do
busquei o caminho da pesquisa bibliográfica, mergulhando nos fenômeno em pauta.
escritos sobre o sintagma Identidade-Metamorfose-Emancipação na
perspectiva crítica de Ciampa (1987) e Lima (2009/2012). Nestes
REFERÊNCIAS
autores, encontrei proposições sobre a constituição narrativa das ADORNO, Theodor W; HORKHEIMER, Max (1985). Dialética do Esclarecimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.

identidades e os conceitos de reconhecimento e reconhecimento BOURDIEU, Pierre (2014). A dominação masculina; tradução Maria Helena Kuhner. 1a. Edição. Rio de Janeiro: BestBolso.

perverso. Seguindo articulações sobre masculinidades, tenho me BUTLER, Judith (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Tradução: Renato Aguiar. Rio de Janeiro: Civilização
Brasileira.
apropriado das articulações de Schpun (2004) e Boris (2002), os ______________ (2015). Quadros de guerra: Quando a vida é passível de luto?. Tradução: Sérgio Tadeu de Niemeyer Lamarão e Arnaldo
Marques Cunha. 1ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira
quais discutem as masculinidades sob múltiplas óticas, reforçando a
pluralidade necessária à temática, como também à Bourdieu (2014) CIAMPA, Antonio da Costa (1987). A Estória do Severino e a História da Severina: um ensaio de Psicologia Social. São Paulo: Brasiliense.

no tocante às discussões da dominação masculina. E por fim, LIMA, A.F.; CIAMPA, A. C.; ALMEIDA, J. A. M (2009). Psicologia Social como Psicologia Política? A proposta de Psicologia Social Crítica de
Sílvia Lane. Psicologia Política. Vol. 9. n 18.

recorro a Butler (2003/2015), almejando uma vertente emancipatória MARCUSE, Herbert (2015). O homem unidimensional: estudos da ideologia da sociedade ndustrial avançada. Tradução: Robespierre de
Oliveira, Deborah Christina Antunes e Rafael Cordeiro Silva. São Paulo: EDIPRO.
sobre as construções de gênero, dinâmicas de normatividade e SCHPUN, Mônica Raisa (org.) (2004). Masculinidades. São Paulo: Boitempo Editorial; Santa Cruz do Sul, Edunisc.
enquadramento. SCOTT, Joan (1991). Gênero: Uma categoria útil de análise histórica (C. R. Dabal & M. B. Ávila, Trad.). Recife: Mimeo.

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