You are on page 1of 4

Adolescência: uma fase de oportunidades

O relatório da Situação Mundial da Infância 2011 analisa a adolescência,


caracterizada como um período da vida de imensas possibilidades, não devendo ser
denominada com problema, mas considerando suas necessidades perante a sociedade, as
políticas públicas e tomadores de decisão.
Busca-se no relatório uma abertura de visão sobre a adolescência e suas
possibilidades de atuação para toda a sociedade, abandonando o paradigma de que seja uma
fase de riscos e vulnerabilidades. Além disso, aborda questões que reforça a necessidade de
compreensão de suas vivências para identificar as razões e reverter problemas de direitos
básicos.
Quando uma visão é reducionista ao aspecto biológico, expõe a
adolescência como uma fase de “explosão hormonal”, de confusão mental e sem autonomia
para seguir a vida adulta. Cabendo ao relatório reconceituar a adolescência, enfatizando a
importância da continuidade investigativa do desenvolvimento de meninos e meninas após a
primeira década de suas vidas.
De acordo com o relatório é difícil definir a adolescência em um único
conceito, pois possuem experiências diversas e variáveis individuais como a maturidade
física, emocional e cognitiva.
No Brasil o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) compreende esta
fase entre 12 e 18 anos incompletos, porém o relatório aponta esta fase de vida entre os 10 e
19 anos, argumentando que nesta fase há um potencial para o desenvolvimento do indivíduo,
consolidando de forma sustentável duradoura e participações positivas, as transformações
geradas na primeira infância. Assim, investindo no desenvolvimento dos adolescentes
disponibiliza a estes, ferramentas para enfrentar os desafios propícios ao período através do
meio em que vive toda a sociedade.
Para o relatório, mesmo com os riscos persistentes, atualmente os
adolescentes são mais saudáveis que as gerações anteriores devido ao favorecimento de
educação fundamental e serviços de saúde mais eficazes no período infantil.
Há uma dificuldade no enfrentamento desta fase (adolescência) pela
escassez ao acesso de políticas essenciais ao seu desenvolvimento.
No Brasil há uma grande composição de jovens na população, tendo à
necessidade de se atender as necessidades específicas em suas políticas, pois, não se
preocupando com esta ação, estes indivíduos estarão invisíveis às políticas públicas.
Em nosso país não há estatísticas que relacionem os dados da primeira
infância com a adolescência, havendo no relatório um foco justificável por maiores
informações às questões de saúde e educação.
Segundo o relatório, as meninas são mais vulneráveis a respeito da saúde
sexual e reprodutiva, pela iniciação sexual precipitada e com menos utilização de métodos
contraceptivos. Havendo no Brasil, números consideráveis de gravidez na adolescência, onde,
de forma alarmante ocorre um grande número de mortes relacionadas à gravidez e partos com
meninas adolescentes.
Assim, a transmissão de DST/AIDS ameaça a vida de adolescentes
femininas, onde a cada dois novos casos de infecção do sexo masculino, há três novos casos
de contaminação do sexo feminino. Sendo que em nosso país, os jovens de 15 a 29 anos não
utilizam preservativos em um total de 39%, por não reconhecerem o risco de contaminação,
mesmo obtendo conhecimento dos métodos preventivos.
Há uma considerável relação de dados à maioria dos jovens infectados
possuírem menor escolaridade.
Deve-se investir na saúde do adolescente e neste acompanhamento existente
das redes municipais com as relevantes informações sobre a saúde sexual e reprodutiva.
Relativo à educação, o relatório expõe uma dificuldade de estudos ao
Ensino Médio, havendo no Brasil um adolescente fora da escola para cada sete inseridos. Isto
ocorre geralmente pelo maior custo que deve ser empregado na educação secundária.
O Brasil possui medidas e leis favoráveis para a reversão deste quadro, mas
possui uma distorção n relação idade/série, com uma média de anos de estudos menor do que
a necessária para se completar o Ensino Fundamental.
Mundialmente é maior o número de meninos que abandonam a educação
secundária, atrelando estes dados em sua maioria à necessidade de trabalhar (meninos) e
gravidez precoce (meninas).
A exploração no trabalho, à violência e o abuso sexual, juntamente com os
conflitos de justiça criminal, ameaçam os adolescentes. Uma pequena parcela de jovens que
cumprem medidas socioeducativas possui o Ensino Médio.
Há um grande número de assassinato de adolescentes brasileiros entre 15 e
19 anos, na maioria meninos, afrodescendentes e que estão fora da escola, sendo em maioria
por uso de armas de fogo. O desenvolvimento de hábitos negativos se dá pelo abuso de drogas
e envolvimento com a criminalidade.
O relatório aponta a falta de oportunidades educacionais e profissionais,
mortes violentas, relações sexuais precoces desprotegidas, HIV/AIDS e o trabalho infantil,
como empecilhos para o desenvolvimento dos adolescentes para a vida adulta, assim como os
desafios globais de mudanças climáticas, desordens econômicas, a globalização e tendências
demográficas.
O Brasil tem demonstrado oportunidades insuficientes de inserção social e
produtiva, gerando desemprego e subemprego, violência, degradação ambiental e déficit na
qualidade de vida. As oportunidades são mais escassas quando analisadas as dimensões de
injustiça à idade, renda, condições pessoais, moradia, gênero, raça ou etnia.
Considerável parcela dos adolescentes brasileiros vive em condições de
pobreza, relativamente linear com afrodescendentes, da mesma forma que crianças portadoras
de deficiências.
Esses dados enfatizam a pobreza e a vulnerabilidade de adolescentes
continuarem seus estudos e ficarem expostos a situações de abuso, exploração e violência;
devendo ocorrer um acesso igualitário aos direitos necessários ao desenvolvimento dos
adolescentes.
Para a garantia de investimentos direcionados que ofertem crescimento e
desenvolvimento, devem-se identificar precisamente os adolescentes vulneráveis, sendo que
no Brasil a oferta de políticas e serviços não alcança esta classe necessitada.
Não há como tratar os adolescentes brasileiros como um grupo homogêneo,
pois há uma enorme diversidade e disparidade regional. O tratamento deve ser de uma
compreensão global aos diversos contextos e desigualdades vivenciadas em nosso país, pois
grande um considerável número de adolescentes são afetados por condições climáticas
adversas, falta de acesso à água potável, saneamento, educação e serviços qualitativos de
saúde.
Tendo como maior desafio, a redução de desigualdades, para que os
adolescentes possam se beneficiar de políticas públicas e serviços que favoreçam seu
desenvolvimento integral.
A participação de adolescentes brasileiros em espaços coletivos de debate e
decisão nos âmbitos público, familiares e comunitários, gera agentes de mudanças
contribuintes a todo o seu entorno e à sociedade, ampliando espaços de expressão,
compreensão e proteção ao adolescente.
De acordo com o relatório Situação Mundial da Infância 2011, mesmo com
a sombria situação econômica, investindo no desenvolvimento dos adolescentes se acelera o
enfrentamento à pobreza, iniquidade e discriminação. Não havendo este investimento, tais
problemas serão repassados ciclicamente às próximas gerações, num vício de pobreza e
exclusão social.
O UNICEF/BR aponta que é preciso:
 As políticas públicas devem contemplar as necessidades específicas dos
adolescentes através da promoção do desenvolvimento integral;
 Investimentos precisos em educação, cuidados de saúde, proteção e
participação dos adolescentes pobres e vulneráveis, apoiados desde as fases inicial e
intermediária da infância;
 Coleta de dados e informações aos grupos vulneráveis de adolescentes
garantirão os necessários investimentos, oportunidades e direitos;
 Ouvir os adolescentes em tomadas de decisão auxilia na equidade;
 O aproveitamento desse período pelas escolas, desenvolvendo todo o
potencial dos adolescentes;
 Haja um esforço especial na redução da violência que atinge os
adolescentes, atenciosamente aos homicídios.

Conclusão
Verifica-se uma dificuldade de estudos e parâmetros para a compreensão da
adolescência, pois sua formação integral é influenciada pela cultura em que está inserido e
suas relações socioambientais, socioafetivas, além do parâmetro biologista.
Cabe aos poderes governamentais de todos os âmbitos, criarem medidas e
políticas públicas que se preocupem com os adolescentes, respeitando suas características
regionais e vulnerabilidades existentes.
Muito mais do que ações governamentais, há também a necessidade de
conscientização populacional sobre as inconstâncias deste período, numa unificação do
trabalho educacional direcionado pela comunidade escolar (gestores, mestres e
colaboradores), assim como a comunidade em que vive fora da escola e seu âmbito familiar.
Dessa forma, um ciclo produtivo e favorável pode ser gerado para inserção social destes
adolescentes, diminuindo suas vulnerabilidades e aumentando os parâmetros positivos à sua
iniciação à vida adulta.

You might also like