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TEMA – DO MITO À RAZÃO (= LOGOS)

 Desde sempre que o ser humano se interroga sobre o mundo que o rodeia, pelo que, ao longo
dos tempos foi recorrendo a diferentes formas de o interpretar / explicar.

 O mito apresenta-se como a forma mais primitiva que o ser humano encontrou para explicar o
mundo e adaptar-se a ele, e teve o seu aparecimento na Grécia Antiga.

 Etimologicamente, mito liga-se à palavra grega «MYTHEO» que significa falar, transmitir e narrar
acontecimentos passados. No entanto, esta palavra possui uma diversidade etimológica mais
alargada, ou seja, o conceito de mito é polissémico, isto é, tem muitos significados, porque é um
termo que é empregado para designar várias realidades diferentes: certas formas de linguagem
ou modos de expressão; certo modo de pensar, isto é, uma visão de mundo; certo modo de
sentir, isto é, um modo de controlar os nossos medos e desejos; um modo de agir, ou seja, de
tentar controlar os acontecimentos recorrendo a forças/entidades sobrenaturais.

Em resumo, podemos dizer que a noção de mito abrange:

Uma linguagem, um modo de expressão: modo de falar;

Uma visão do mundo, uma explicação global: modo de pensar;

Uma manifestação de sentimentos, por ex. medo/curiosidade: modo de sentir;

Uma adaptação ao meio, um tipo de ação: modo de agir.

 A Filosofia nasce com o surgimento de uma nova forma de investigar a realidade (= Physis).

 Representa um corte com a tradição mitológica, inaugurando uma nova forma de abordar o
mundo e tudo o que ele encerra.

 A investigação racional da physis tem sua origem com Tales de Mileto (pré-socrático).

 Considera-se que foi Tales o primeiro filósofo ocidental a perguntar pelo princípio originário de
todas as coisas (= Arché). Motivado pela admiração típica dos filósofos, Tales observou o
movimento de geração e corrupção da natureza, e concluiu que na multiplicidade dos seres existe
uma unidade, um elemento comum a todos: a água. Este é o princípio da existência, elemento
sem o qual a physis não seria possível.

 Compreende-se assim uma nova forma de investigar, baseada na observação e no pensamento


racional, sem recorrer à mitologia. Os demais filósofos pré-socráticos seguirão o exemplo de
Tales; a saber: Anaxímenes, Anaximandro, Parménides, Heráclito, etc., que também investigam a
natureza tendo como objetivo encontrar o princípio originário, ou seja, o elemento primordial de
onde tudo partiu.

 Todos os pré-socráticos apresentam características idênticas: a rutura com a mitologia, a


investigação racional e a busca pela unidade na multiplicidade.

 Este momento da História da Humanidade, ocorrido na Grécia entre os séculos VII e V a.C, foi
chamado de passagem do mito ao logos. O logos corresponde a uma racionalidade que governa a
natureza, uma harmonia íntima que parece organizar a physis e que foi compreendida pelos
primeiros filósofos.
 Sócrates - filósofo ateniense (470 a.C.-399 a.C.).

 “Conhece-te a ti mesmo” e “Só sei que nada sei”, são duas das máximas mais conhecidas deste
filósofo. De acordo com Sócrates, o saber é uma virtude.

 No final do século V a.C. iniciou-se a segunda fase da filosofia grega, conhecida como "socrática"
ou antropológica, onde a preocupação de maior importância deixa de ser a questão da origem do
universo, passando a ser a questão centrada no indivíduo e na organização da Humanidade. As
principais questões passaram a ser: O que é a verdade? O que é o bem? O que é a justiça?

 Platão (427 a.C. - 347 a.C.) foi um filósofo e matemático ateniense, discípulo do filósofo Sócrates,
e considerado um dos principais pensadores da história da filosofia.

 A “República” é uma das principais obras deste filósofo e a primeira utopia da História.

 A sua filosofia estabelece a distinção entre dois mundos: o mundo sensível, isto é, o mundo que
captamos através dos nossos sentidos. Este mundo é ilusório e confuso; e o mundo inteligível,
que é eterno, onde o que existe verdadeiramente são as ideias, que só a razão pode conhecer.

Alegoria da Caverna
1- Quem foi o autor da “alegoria da caverna”?
Platão

2- Identifica as diferentes situações descritas no texto.


1.ª Homens pensam que as sombras são o real
2.ª Libertação física – não é a verdadeira realidade (ofuscação pelo fogo) Liberdade Verdade
3.ª Saída da caverna (descoberta do real – o deslumbramento através do espanto – lugar do saber)
4.ª Libertação dos que ficaram na caverna

2- Que simboliza a luz?


A luz simboliza o conhecimento, a verdadeira realidade e a sabedoria.

3- Que simboliza a escuridão?


A escuridão simboliza a falta de conhecimento, ignorância e a aparência.

4- Qual o significado dos prisioneiros?


Os prisioneiros significam sempre o pseudo (falso) conhecimento, os preconceitos, ou as falsas crenças
(correntes, grilhões). É alguém a quem está habituado a ver uma certa crença e é apenas nessa em que
acredita.
5- Porque razão os prisioneiros sentiram dor ao olhar para a luz?
Os prisioneiros sentiram dor ao olhar para a luz porque como a caverna é escura, ao encarar a luz, esta
representa a verdadeira realidade, estes sentiram dor uma vez que a luz da verdade pode ser difícil de
encarar, quer isto dizer que colocar em causa as crenças e os preconceitos não é tarefa fácil isto porque
podemos ter de enfrentar a incompreensão dos outros que se satisfazem com ideias feitas.
6- Qual a semelhança entre nós e os prisioneiros?
A semelhança entre nós e os prisioneiros é que nós adotamos às crenças e preconceitos da nossa
comunidade, quando alguém nos tenta mostrar uma realidade diferente da nossa nós negamo-nos a
aceitá-la, tal como eles. O homem vive numa prisão e não o reconhece como prisão.

7- Identifique formas modernas que nós coloquem em situação idêntica à dos prisioneiros de Platão.
Hoje vive-se num mundo em que se é muito influenciado pela televisão. As opiniões que as pessoas têm
são as que os meios de comunicação querem que tenham. Não será mais fácil pensar que tudo o que se
passa na TV é verdade do que procurar tentar saber se realmente é assim? Vive-se para ter dinheiro e
sucesso, poder e estatuto. Não se tem ideias originais, fala-se o que toda a gente fala, lê-se jornais
desportivos e revistas que falam de acontecimentos triviais (banais, comuns); Não há qualquer tipo de
questionamento. Se dizem que os afegãos são maus, acreditasse e passasse a mensagem, sem investigar
se é verdade ou não.

8- A atitude dos prisioneiros é compatível com as exigências da filosofia? Justifica.


Não. A filosofia está orientada para a procura do conhecimento, ela deve ajudar a libertar-nos do falso
saber, da ilusão em que nos encontramos mergulhados e à qual nos acomodamos. Ela ajuda-nos a pensar
por nós próprios, a construir juízos independentes e a vencer o peso dos preconceitos.

9- Porque razão os prisioneiros que se mantêm na caverna consideram o filósofo um louco?


Os prisioneiros consideram o filósofo um louco porque o filósofo teve acesso ao verdadeiro saber, retorna
à caverna para convidar os que ai permanecem a sair dela, esforçando-se para atingir o conhecimento, a
verdade. Estes não acreditam nele, não querem ser incomodados, não conseguem entender o que ele diz,
não conhecem outra realidade e como não têm consciência da sua ignorância resistem à mudança, por
isso, o filósofo é incompreendido e ridicularizado, o seu discurso vai contra as suas crenças e tabus. Os
homens negam a existencia daquilo que não têm consciência.
Em suma:

 Os seres humanos têm uma visão distorcida da realidade. Nesta alegoria, os prisioneiros somos
nós que vemos e acreditamos apenas em imagens criadas pela cultura, conceitos e informações
que recebemos durante a vida. A caverna simboliza o mundo, mas apresenta-nos imagens que
não representam a realidade (aparência). Só é possível conhecer a realidade, quando nos
libertamos destas influências culturais e sociais, ou seja, quando saímos da caverna
(realidade/essência).

O que é a filosofia? Questão filosófica

 Há tantas definições de filosofia quantos os filósofos que a tentaram responder. (não é fácil
responder)
 Os que dedicam à filosofia são os filósofos. São os que sabem que não sabem e amam a sabedoria.
 O filósofo espanta-se com a realidade, dúvida do saber adquirido, tem curiosidade por saber mais e
adota uma postura ativa perante os problemas.

Sábio ≠ Filósofo ≠ Ignorante


Diz que sabe tudo Humilde Não sabe nem quer saber
Arrogante “só sei que nada sei” Senso-comum
Procura saber cada vez mais
“só sei que nada sei”- Douta Ignorância (Humildade pela parte dos filósofos)
1º Filósofo: Pitágoras (atribuiu esta designação de filosofia a este saber)

A origem da filosofia

A palavra Filosofia é de origem grega. É composta por philos e sophia. Philos significa amor, enquanto
Sophia significa sabedoria. Podemos dizer que filosofia quer dizer amor pela sabedoria, desejo de saber.
O filósofo é aquele que tem a missão de procurar incessantemente o conhecimento das coisas, de si
próprio e dos outros, incentivando-os a não desistirem de pensar.
Os filósofos buscam pelo conhecimento pois sabem que o seu é insuficiente.
Sócrates andava sempre a “picar” as pessoas para as ajudar a pensar por si mesmas.

Método Socrático- através de perguntas simples e ingénuas levar as pessoas a contradizerem-se pois
elas baseiam-se em valores e preconceitos da sociedade e assim auxiliar as pessoas a redefinir valores,
aprendendo a pensar por elas mesmas (1ºDestruir crenças, dogmas em que a pessoa acredita; 2º Auxiliar
no pensamento individual)

“É a demanda[procura] da verdade e não a sua posse que constitui a essência da filosofia, (…) Filosofia
significa estar a caminho.”- Karl Jaspers
Procura incessante pelo conhecimento

Caraterísticas gerais da filosofia:

 Serve-se do pensamento e da linguagem para produzir conceitos e teses (aquilo que se define-
opinião) legitimados por argumentos (as razoes que sustentam uma ideia – justificação)
 Desenvolve a reflexão (movimento do pensamento sobre si mesmo)
 Exerce a crítica (examinar) do saber adquirido e dos limites do conhecimento humano, combatendo
as verdades estabelecidas e os dogmas (ideias não sujeitas à critica – verdades absolutas
inquestionáveis)
 O filósofo alemão Immanuel Kant dá origem à filosofia critica defendendo o método filosófico crítico,
ou seja, questionar o proceder da própria razão, “analisar a faculdade humana de conhecimento no
seu todo” e encontrar os seus limites
 É um saber sistemático (complexo e organizado) que usa métodos (reflexão critica) próprios e
organizados para alcançar as respostas
 Constrói-se na relação dialógica entre um «eu» e um «tu» que discutem problemas e procuram
resolvê-los através de instrumentos do pensamento (razão)
 Inscreve-se e desenvolve-se no real, sendo exigido ao filósofo a máxima consciência do tempo e do
lugar que habita, no sentido de compreender e transformar a realidade (os filósofos atuais debatem
os problemas atuais)
 Requer uma atitude especial perante os problemas:
-espanto perante a realidade (a filosofia nasce do espanto ≠ indiferença, obvio, ALIENAÇÃO)
-dúvida em relação ao saber adquirido
-curiosidade pela descoberta (querer saber mais)
-postura ativa face aos problemas
-recusa da passividade
 Convite ao autoconhecimento (Quem sou? De onde vim? Para onde vou?) e à adoção de um projeto
de vida. Pode ser entendida como uma arte de viver (saber viver pela nossa própria cabeça)

Radicalidade
•O fisosofo vai à raiz dos problemas, não fica pelas aparencias.
-Tenta ultapassar os seus limites (aprofundar conhecimento)
-Perda de liberdade(morte, prisão,exclusão) por pensar diferente

Autonomia ≠ Heteronemia
•"Sapere aude! [Ousa saber!] Tem a coragem de te servires do teu próprio entendimento!" - tem a
coragem de pensar pela tua propria cabeça
•"Por toda aparte se depara com a restrição da liberdade." - quando sou heteronomo/alienado
abdico da minha liberdade (Quem nao ousa pensar abdica do seu dieito à liberdade)

Historicidade
•Aquilo que preocupa os filosofos são os problemas do seu tempo.
•Pensamos o que pensamos graças aos nossos antepassados.
Universalidade
•As questões da filosofia compreendem as inquietações comuns a todo o ser humano.
-O que é a beleza?
-Existe vida para além da morte?
-O que é a felicidade?

CONCEITOS:
 Alegoria (representação figurativa)  Filosofia
 Aparência  Heteronomia (≠ Autonomia; provém de uma
 Ateísmo autoridade exterior ao individuo [Deus; Polícia])
 Autonomia (capacidade de pensar por si mesmo)  Logos (razão)
 Causa  Método (caminho para…)
 Crença  Racismo
 Crítica
 Razão (instrumento da filosofia)
 Democracia
 Realidade (≠Aparência)
 Dogma (verdades indiscutíveis religiosas)
 Verdade

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