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ÍNDIA
Transportes Terrestres
Mat. 20090122912-4
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FERROVIAS DA ÍNDIA
Um gigante dentro do país
Há mais de 4.000 anos, havia uma fabricação de tijolos no norte da Índia. No entanto,
não era possível imaginar naquela época que aqueles tijolos seriam usados para
construir uma gigantesca rede ferroviária no subcontinente indiano.
Em média, mais de 8.350 trens percorrem cerca de 80.000 quilômetros transportando mais
de 12,5 milhões de passageiros diariamente. Os trens de carga rebocam bem mais de 1,3
milhão de toneladas em mercadorias. No total, esses trens fazem viagens equivalentes a
três vezes e meia a distância da Terra à Lua todos os dias!
O que levou à construção de ferrovias na Índia? Quando começou esse imenso projeto? E o
que aqueles tijolos de 4.000 anos têm a ver com isso? — Veja o quadro: “Aqueles tijolos
antigos”.
Em meados do século 19, a Índia produzia grandes quantidades de algodão cru para
exportação, que era levado por terra até os portos. Mesmo assim, a Índia não era o principal
fornecedor para a indústria têxtil da Grã-Bretanha; a maior parte vinha dos Estados sulinos
norte-americanos. Mas com o fracasso da safra americana do algodão em 1846, seguido da
Guerra Civil de 1861 a 1865, houve a necessidade premente de um fornecedor alternativo e
a Índia era a solução. A questão era o transporte que precisava ser mais rápido a fim de
manter funcionando as algodoarias de Lancashire, Inglaterra. Estabeleceram-se assim as
Ferrovias da Índia Oriental (1845) e a Ferrovia da Grande Península Indiana (1849).
Assinaram-se contratos com a Companhia Inglesa das Índias Orientais, os maiores
comerciantes do subcontinente indiano. O trabalho foi rápido e, em 16 de abril de 1853, o
primeiro trem da Índia rodou os 34 quilômetros de trilhos desde os cais conhecidos como
Bori Bunder, em Bombaim, até a cidade de Thāne.
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Para ir de Bombaim até a região interiorana onde se plantava algodão, era necessário
cruzar os Gates Ocidentais, uma região montanhosa íngreme e acidentada. Engenheiros e
trabalhadores britânicos, junto com milhares de trabalhadores indianos — às vezes 30.000
de uma só vez — labutaram sem a ajuda da tecnologia moderna. Usando switchbacks
(canteiros para manobras) pela primeira vez no mundo, eles construíram uma via férrea com
555 metros de gradiente em apenas 24 quilômetros, além de escavar 25 túneis com o total
de 3.658 metros de comprimento. Uma vez alcançado o planalto Decão, o avanço da obra
ficou mais fácil. O trabalho continuou acelerado em todo o país, impulsionado não apenas
pelo comércio, mas também pela necessidade de transportar tropas e trabalhadores
rapidamente, já que os interesses britânicos no subcontinente haviam aumentado.
No século 19, viajar de trem de primeira classe — para os que podiam dar-se a esse luxo —
tornava suportáveis o calor e o pó. Em um vagão particular de passageiros havia uma cama
confortável, lavabo com banho, serviçais que levavam desde o chá da manhã até o jantar,
ventilador com recipiente de gelo para a refrigeração do ar, serviço de barbearia e
publicações da Biblioteca Ferroviária Wheeler, incluindo os mais novos romances do autor
indiano Rudyard Kipling. Louis Rousselet, que viajava na década de 1860, disse que podia
‘viajar aquela tremenda distância com relativamente pouca fadiga’.
Por volta de 1900, a rede ferroviária da Índia tinha se tornado a quinta maior do mundo.
Locomotivas — a vapor, a diesel e elétricas —, além de vagões de passageiro e de carga
que antes eram importados, estavam todos sendo fabricados localmente. Algumas
máquinas eram realmente gigantes — locomotivas pesando 230 toneladas, motores
movidos a energia elétrica com 6.000 HPs e um motor a diesel, que pesava 123 toneladas,
de 3.100 HPs. Já em 1862, o primeiro trem de dois andares começou a circular na Índia.
Situam-se em Kharagpur, Bengala Ocidental, a maior plataforma ferroviária do mundo, com
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833 metros de comprimento, e em Sealdah, Calcutá, as maiores plataformas cobertas do
mundo, com cerca de 305 metros.
Os primeiros trens percorriam vias de bitola larga. Mais tarde, para poupar dinheiro,
começou-se a usar vias com bitola de um metro, junto com as de bitola estreita para as
montanhas. Em 1992, entrou em vigor o projeto de bitola unificada e até hoje quase 7.800
quilômetros de vias férreas foram convertidos de bitola estreita e de um metro para a bitola
larga.
Até Simla, que era a capital de verão do governo colonial britânico, a 2.200 metros de
altitude, o trem passa por 102 túneis, cruza 869 pontes e faz 919 curvas numa distância de
apenas 95 quilômetros! Pode-se ver um cenário magnífico pelas janelas largas e pelo teto
transparente de fibra de vidro. Certamente, os “trens de brinquedo” são um encanto. Por
outro lado, visto que as tarifas permaneceram baixas, as ferrovias de montanhas
infelizmente estão no vermelho. Os aficionados de trens esperam que se encontre uma
solução para salvar esses divertidos trens.
A longa viagem
Diz-se que o aparecimento de ferrovias na Índia marcou “o fim duma era e o começo de
outra” e que “a ferrovia uniu a Índia como nenhum outro sistema de integração”. Como isso
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é verdade! Se desejar, você pode subir num trem em Jammu, no sopé do Himalaia, e descer
em Kanyakumari, o ponto mais meridional da Índia, onde o mar da Arábia, o oceano Índico e
o golfo de Bengala se encontram. Você terá viajado 3.751 quilômetros, através de 12
Estados e gastado cerca de 66 horas no trem. Talvez você gaste menos de 15 dólares pela
passagem de todo esse percurso — mesmo em cabine com leito. Você terá tido a
oportunidade de conhecer pessoas amigáveis de diversas culturas e que gostam de
conversar. Terá visto muita coisa desse fascinante país. Faça as reservas e . . . boa viagem!
Konkan é uma faixa de terra com cerca de 75 quilômetros de largura, no ponto mais largo,
situada na costa oeste da Índia, entre o mar da Arábia e a cadeia de montanhas Sahyadri.
Estendendo-se ao sul de Bombaim, centro comercial da Índia, até o importante porto de
Mangalore, Konkan tem muito a oferecer em termos de comércio. Por muitos séculos, os
portos ao longo da costa cuidavam desse comércio, não só para a Índia, mas também para
outros países. Como a navegação marítima era muito perigosa — especialmente durante as
monções, quando os rios também ficavam inavegáveis —, usavam-se rodovias e ferrovias
para contornar muitos obstáculos naturais. Os moradores da região queriam um acesso
rápido e direto via terrestre ao longo da costa a fim de transportar mercadorias com rapidez,
principalmente as perecíveis, até grandes mercados. Qual foi a solução?
Konkan foi o maior projeto ferroviário do subcontinente no século 20. O que estava
envolvido? Foi necessário construir 760 quilômetros de trilhos, diques de até 25 metros de
altura e fazer cortes com 28 metros de profundidade. Além disso, foi preciso construir mais
de 2.000 pontes, incluindo o viaduto Panval Nadi — o mais elevado da Ásia, com 64 metros
de altura e que se estende sobre um vale de 500 metros de largura — e a ponte sobre o rio
Sharavati com mais de dois quilômetros de comprimento. Também foi preciso escavar 92
túneis, seis deles com mais de três quilômetros de comprimento, para poder penetrar na
cadeia de montanhas e propiciar às vias férreas o alinhamento mais reto possível. De fato, o
túnel mais comprido da Índia até hoje é o Karbude, com seis quilômetros e meio de
comprimento.
LUXO A Índia tem um passado bem remoto e muitas vezes pomposo. Passeios de trem
exclusivos oferecem uma confortável, porém cara, visita ao passado. O Palace on Wheels
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(Palácio sobre Rodas), puxado por uma locomotiva a vapor, foi inaugurado em 1982.
Luxuosos vagões reformados, usados anteriormente por marajás e vice-reis, mantêm o
clima de sua herança real. As paredes exteriores em branco-pérola, painéis de madeira teca
proveniente da ex-Birmânia, lustres de cristal e ricos brocados exalam um ar de
suntuosidade. Cabines, salas de jantar, saguão e biblioteca palacianos, excelente cozinha
internacional e serviço de bordo com empregados uniformizados fazem os passageiros se
sentirem realmente mimados.
Em 1995, construiu-se um novo Palace por causa da mudança para bitola larga e os vagões
antigos foram aposentados. Um novo trem de luxo chamado The Royal Orient (O Oriente
Real) ainda opera em bitolas de metro nos Estados ocidentais de Gujarat e Rajastão. Os
trens viajam principalmente à noite e de dia os passageiros ficam passeando. Os turistas
atravessam o grande deserto de Thar, com antigos fortes, fortalezas e templos. Pode-se
andar de camelo sobre as dunas e ir de elefante ao famoso Forte Amber. Perto dali está
Jaipur, a cidade cor-de-rosa, rica em acontecimentos históricos e famosa por suas pedras
preciosas e seu artesanato. Faz parte do passeio visitar um santuário de pássaros, uma
reserva de tigres e o habitat dos únicos leões asiáticos livres no mundo. Não deixe de visitar
o palácio no meio de um lago em Udaipur e, é claro, o Taj Mahal! Tudo isso e muito mais
acrescentam emoção a essa viagem de trem.
A vapor, Ferrovia
A eletricidade, Bombaim A diesel, Simla
Darjiling—Himalaia
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Fairy Queen
Fonte: www.watchtower.org/t/20020708/article_01.htm