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Domingo, 21 de Janeiro de 2018 ESTE SUPLEMENTO É PARTE INTEGRANTE DO JORNAL PÚBLICO N.º 10.137 E NÃO PODE SER VENDIDO SEPARADAMENTE

O miúdo porta-se
mal? Não chame
a supernanny P10 a 13
Um ano de Trump
América, a vida
normal? P14 a 19
ENRIC VIVES-RUBIO

Os afectos que tornaram Marcelo


o provedor de cada português
P4 a 8
c7cefd8c-c234-4fc7-a112-a5487cd94c2a
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2 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Índice
4 10 14 20
Tema de capa O miúdo Um ano de Carlota
Sim, o afecto na porta-se mal? Trump América, Joaquina
política conta para Não chame a vida normal? foi às compras
o sucesso de um país a supernanny

Ficha técnica Director David Dinis Directora de Arte Sónia Matos Editor Sérgio B. Gomes Designers Marco Ferreira e Sandra Silva Email: sgomes@publico.pt

Semana ilustrada Por Eduardo Salavisa

As imagens de camiões de
bombeiros, carros de polícia,
luzes de sirenes a iluminar a noite,
pessoas agasalhadas com cobertores
de olhar perdido pareciam ter
ficado em 2017, depois dos trágicos
incêndios que, em dois períodos
catastróficos, ceifaram a vida a
dezenas de pessoas e deixaram um
rasto de destruição que será difícil
de esquecer. Claro que os acidentes
e as catástrofes não escolhem lugar,
contexto ou oportunidade para se
manifestarem. E tudo o que se pode
fazer é tentar evitar que aconteçam
ou minimizar os seus efeitos.
O início de 2018 começou com
mais uma tragédia em Portugal.
Desta vez em Tondela, quando,
no sábado à noite da semana
passada, a cobertura do salão da
Associação Recreativa de Vila Nova
da Rainha entrou em combustão,
espalhando o pânico entre as
cerca de 70 pessoas que, no piso
superior, jogavam ou assistiam a
um campeonato de sueca. O último
balanço aponta para nove mortos
e dezenas de feridos, alguns ainda
em estado grave. Uma tragédia que
talvez pudesse ter sido evitada. Caso
os bombeiros tivessem alguma vez
vistoriado o edifício; se a câmara
local tivesse licenciado as obras;
ou se a cobertura que o abrigava,
feita de um material altamente
combustível, tivesse sido declarada
inapropriada.
Sérgio B. Gomes

Palavras, expressões e algumas irritações Por Rita Pimenta

Ama
O dicionário ensina que “ama” é seja escolhida, recebe a visita de das crianças, designadamente o público. “Pode um drama real
uma “mulher que amamenta o filho uma ‘superama’ para a ajudar a direito à imagem, à reserva da vida duma criança — no contexto duma
de outra mulher” (a que também recuperar ‘o controlo da educação privada e à intimidade”. Os pais do exposição que a compromete,
se chama “ama-de-leite”) ou ainda dos filhos’. Funciona assim o “episódio” de hoje tentaram que para sempre — ser considerado...
uma “mulher que, na sua própria Supernanny.” não fosse transmitido. entretenimento?”, questionou o
casa, toma conta de crianças”. Vai para o ar, de novo, logo A “superama” chama-se Teresa psicólogo Eduardo Sá.
Não se regista “superama”, como à noite, apesar das críticas da Paula Marques, é psicóloga clínica O programa foi criado em 2004
seria a tradução do título do novo Comissão Nacional de Promoção e propõe-se ajudar famílias “a no Reino Unido e reproduzido
programa da SIC: Supernanny. E dos Direitos e Protecção das controlar a rebeldia dos filhos”. em Espanha, Alemanha, França,
que parece ser a antítese de quem Crianças e Jovens, da Unicef e do À vista de todos. De acordo com Suécia, EUA, Brasil e China. Não
se dedica a “criar uma criança”, Instituto de Apoio à Criança e das informações divulgadas, os recebemos notícias de “filhos
com os erros e dificuldades que queixas recebidas pela Entidade agregados receberão mil euros problemáticos” agora adultos
humanamente implica. Reguladora para a Comunicação para ser “ajudados”. terem tentado processar os pais ou
Descrição no PÚBLICO: “Uma Social e Ordem dos Psicólogos. O íntimo e privado que a as produtoras. Mas temos pena.
criança porta-se mal, a família Em causa está o “elevado risco educação pressupõe transforma-
inscreve-se no programa e, caso de o programa violar os direitos se assim em entretenimento rpimenta@publico.pt
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 3

22 24 30 31
Obituário Televisão Toda Estar bem Crónica
Paul Bocuse a gente fuma Malucos da As redes sociais são
(1926-2018) “Monsieur Tecnologia A bitcoin corrida? fantásticas. As redes
Paul era a França” pela voz dos donos sociais são perigosas

Instagramar @project.vanlife

Eles tiveram a coragem de instagram @project.vanlife países, que impedem a utilização quotidianamente as suas imagens
necessária (e os recursos) para se transmite uma imagem positiva do veículo como domicílio. Os nas redes sociais. A liberdade e as
despedirem dos seus empregos —, no entanto, como qualquer grandes adeptos deste modo de paisagens de cortar a respiração
e se dedicarem inteiramente outra experiência, esta acarreta vida são, segundo a mesma fonte, estão patentes nas fotografias
às viagens a bordo de vantagens e desvantagens. O os entusiastas da vida ao ar livre, que marcam no Instagram com a
autocaravanas. Disseram adeus site thevanual.com, um guia as pessoas que “trabalhavam hashtag #projectvanlife, que, mais
à rede wi-fi ilimitada, ao conforto online exclusivamente dedicado num escritório e que agora tarde, sob escrutínio curatorial,
de uma casa de banho privada, à vida sobre rodas, refere como realizam trabalho freelance”, os passam a integrar a conta oficial
de uma máquina de lavar a loiça e
até de um sofá digno desse nome,
em virtude de uma experiência de
principais benefícios deste
estilo de vida a liberdade de
movimento, a poupança e o
jovens que não podem gastar
quantias exorbitantes em espaços
de habitação ou até mesmo os
@project.vanlife, que é seguida
por mais de 700 mil pessoas. A seguir
estrada. minimalismo material; como “recém-casados que desejam Ana Marques Maia
Viver numa carrinha pode inconvenientes, o isolamento, o iniciar a sua vida a dois com Mário Centeno
parecer uma experiência desconforto logístico, e, por fim, uma grande aventura”. São eles Ver mais em
idílica — o conteúdo da conta as leis que vigoram em alguns nómadas urbanos, que partilham p3.publico.pt Depois de nas últimas
semanas ter estado em
digressão pelas principais
capitais europeias, o
ministro das Finanças
português vai, amanhã,
liderar pela primeira
vez uma reunião do
Eurogrupo. Na agenda
estão, além da inevitável
Grécia, os dois grandes
desafios de Mário
Centeno. Em primeiro
lugar, o debate sobre a
reforma da zona euro, que
foi aliás o grande tema das
suas reuniões recentes
com os ministros francês e
alemão. Por esta altura, o
ministro português já terá
uma ideia mais concreta
sobre como encontrar
um plano que possa ser
apoiado em simultâneo
por Paris e Berlim. Em
segundo lugar, a situação
de Portugal, com a análise
do último relatório sobre
o país pela Comissão
Europeia. Aqui, Centeno
beneficia do facto de este
relatório ter pelo menos
tantos elogios como
alertas, mas ainda assim
terá, na conferência de
imprensa que se segue à
reunião, de encontrar a
fórmula certa para falar de
Portugal como presidente
do Eurogrupo.
Sérgio Anibal
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4 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Tema de capa A eleição de Marcelo Rebelo de Sousa no dia 24 de Janeiro


de 2016 trouxe as emoções para o terreno político. Será que este ambiente
carregado de sentimentalismo está relacionado com os bons resultados
do país? Muito mais do que se pensaria. “Os astros têm estado bem
alinhados em Portugal”, diz o neurocientista António Damásio
Por Leonete Botelho
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Marcelo
Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 5

Sim, o afecto
ANTÓNIO PEDRO SANTOS/LUSA

na política conta
para o sucesso
de um país
M
arcelo Rebelo de tos dos líderes políticos contam e potenciam todos os organismos biológicos, mesmo os uni-
Sousa trouxe os afec- o sucesso de um país. celulares, que os impulsiona não só no sentido
tos para a arena po- “Não tenho qualquer dúvida de que o perfil da sobrevivência, mas da criação das melhores
lítica. A sua eleição afectivo dos líderes políticos tem uma influ- condições possíveis para a sua evolução e a da
como Presidente da ência notável na homeostasia sócio-cultural e espécie. E defende que a interacção favorável e
República, apenas que pouco importa o tamanho do país, dado desfavorável entre sentimento e razão deve ser
dois meses depois da que a influência das personalidades políticas reconhecida nessa homeostasia, se quisermos
entrada em cena de é transmitida à distância pelos meios da co- compreender os conflitos e as contradições
uma solução governativa inédita, consagrou municação”, afirma o neurocientista António que afligem a condição humana, dos dramas
o novo ciclo político e psicológico do país. Damásio, em resposta escrita às perguntas do humanos pessoais às crises políticas.
Portugal entrou a partir daí numa autêntica P2. “O afecto das figuras de autoridade copia-se Perguntámos-lhe se esse raciocínio também
espiral ascendente, com resultados positivos e interioriza-se, inconscientemente e não só. se aplica a países e civilizações, ou seja, se é
claros na economia e na governação em geral, Reflecte-se nos afectos de um povo e exprime- possível, através dos afectos, inverter o sen-
mas também com sucessos invejáveis e inespe- se através da esperança, do desespero, da cal- timento colectivo negativo em positivo. “Os
rados em muitos outros sectores — empresa- ma e da confiança, da ansiedade e irritação instrumentos e as práticas culturais têm sido,
riais, culturais, desportivos, diplomáticos — com desse mesmo povo.” historicamente, motivadas e moduladas pela
evidente reconhecimento internacional. Em Mas isso, alerta, é uma faca de dois gumes: homeostasia e pelos seus agentes principais:
meros dois anos, passámos de “lixo” a “heróis “O perfil afectivo de um líder, para o melhor e os sentimentos. É esta a ideia que defendo em
do mar”, numa visão feliz que Lídia Jorge es- para o pior, pode actuar independentemente A Estranha Ordem das Coisas. Assim sendo, a
creveu ainda antes da vinda da troika. das ideias e das acções políticas objectivas. É forma como decorrem os processos sociais
Em que medida se pode relacionar a mu- possível a um líder de que o povo gosta defen- e culturais está sujeita, inevitavelmente, em
dança política com esta profunda alteração do der políticas desastrosas e a situação inversa maior ou menor grau, à influência dos impe-
sentimento colectivo e as vitórias alcançadas é igualmente possível.” O facto de viver nos rativos homeostáticos”, responde.
em catadupa? E que papel podem ter desem- Estados Unidos da América não deve ser alheio Mas a transposição do raciocínio original da
penhado as emoções nessa terapia colectiva à necessidade de fazer este aviso. biologia para a política exige cautela e tempo:
(ou nessa revolução silenciosa)? Desafiámos Na sua última obra, A Estranha Ordem das “É necessário ter em conta que a homeostasia
cinco estudiosos das emoções de diferentes Coisas - A Vida, os Sentimentos e as Culturas Hu- se desenvolveu e refinou ao longo da evolução
áreas a percorrer o caminho dos afectos até à manas, Damásio parte do conceito de home- biológica de modo a promover a eficiência de
política. E a resposta comum é: sim, os afec- ostasia como aquela energia vital presente em vidas individuais e de pequenos grupos. c
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6 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018


MIGUEL MANSO MIGUEL MANSO RUI GAUDÊNCIO

Claro que é possível transferir essa eficiência denção pela via da austeridade foi executado desse “alinhamento de astros”: “Tivemos esta
para a escala de nações, mas a transferência
não é fácil. Requer um esforço civilizacional
“Marcelo Rebelo com notório desacautelamento emocional”,
analisa Lídia Jorge, anotando o contraste: “En-
maravilhosa conjugação de um Governo que
tem conseguido, de forma mais distanciada
intenso e duradouro. Uma parte significativa
dos problemas das sociedades actuais tem que de Sousa tem quanto em Itália uma ministra chorava em pú-
blico porque aumentava os impostos da classe
das pessoas e mais focada na performance, ob-
ter resultados a transcender as limitações que
ver com esta dificuldade e com a insuficiência média, em Portugal as medidas de austeridade estávamos a viver, com um Presidente mais
do esforço civilizacional.”
Um esforço civilizacional “intenso e dura-
uma vantagem eram apresentadas com notória satisfação e
regozijo. Estabeleceu-se um horizonte de não
próximo das pessoas.”
Na sua perspectiva de psicologia positiva,
douro” para promover a eficiência da vida
colectiva é algo de que Portugal não se pode muito grande: esperança.”
“O país estava de gatas”, resume o psiquiatra
Helena Marujo considera que Marcelo Rebe-
lo de Sousa “faz parte do modelo de como se
gabar; ao invés, o seu percurso tem sido dis-
ruptivo e com picos de profundo retrocesso.
O período que antecedeu estes dois últimos
ele é muito José Gameiro, especialista em Terapia Fami-
liar, colunista do Expresso e colega de escola de
Marcelo Rebelo de Sousa. “Foram anos muito
constrói a felicidade pública”. Mas, para isso,
“temos de ter organizações virtuosas, um cres-
cimento sustentável e relações entre as pessoas
anos foi um deles.
próximo das duros, sobretudo para algumas pessoas, com
uma crispação muito grande, quer social, quer
que trazem a fraternidade e a reciprocidade
para o centro das relações”. “Marcelo Rebelo
De “lixo” a “heróis do mar”
O momento em que Lídia Jorge escreveu o en-
pessoas e precisa pessoal, quer com os actores políticos.”
“Era necessária uma mudança de protago-
nistas e uma mudança de sentido político”, afir-
de Sousa tem tentado fazer esse caminho, tam-
bém na maneira como se tem interligado com
os nossos líderes governativos, com diálogo,
saio O Contrato Sentimental (Sextante Editora,
Setembro, 2009) é anterior à crise económica,
que as pessoas ma a escritora. Quis o calendário eleitoral que
entre a tomada de posse do Governo apoiado
uma tentativa de não estar inclinado sobre si
próprio, fazendo a diferença num tempo em
política e social ocorrida a partir de 2011 em
Portugal, mas a sua visão sobre a bipolarida-
de lusa, oscilante entre o sentimento de não
sejam próximas pelas esquerdas e a eleição de Marcelo Rebelo
de Sousa passassem meros dois meses. E quis
o destino e as circunstâncias conjunturais que
que tudo é instrumentalizado”, defende a pro-
fessora do ISCSP e coordenadora do projecto
da cátedra UNESCO para o Desenvolvimento
ser mais que “lixo” e a condição de “heróis
do mar” a que se alcandora com pequenas
dele”, revela o precisassem tanto um do outro.
Aos novos rostos institucionais do país, assu-
da Paz Sustentável.
Outra vantagem das emoções e dos afectos é
vitórias, era premonitória. Foi nesse ano de
2011 que as agências de rating atiraram Portu-
gal para o “lixo” e durante quatro anos o país
psiquiatra José midos por António Costa e Marcelo Rebelo de
Sousa, “cabia trazer uma mensagem oposta à
que vinha vigorando”. Nesse sentido, sustenta
que ultrapassa as ideologias, nota a psicóloga:
“A complementaridade Governo/Presidência
está quase ao nível do arquétipo e tem conse-
viveu como tal, num período de austeridade
(não apenas económica e financeira, mas até
Gameiro, que Bruno Paixão, “a mudança de pessoas trouxe
a almejada mudança no clima político e social
guido criar um nível de confiança, de abertura,
de respeito que nos tem ajudado a ganhar de
colectivamente emocional) apresentado co-
mo uma inevitabilidade. A saída do resgate,
em 2013/14, podia ter alterado naturalmente
conhece o actual e permitiu a Portugal virar efectivamente a pá-
gina, com a inerente retoma de optimismo e
confiança”.
novo uma certa estima como portugueses.”
Mas não tenhamos ilusões: “Continua a ser di-
fícil termos uma relação construtiva, positiva,
esse panorama, mas foi preciso a entrada em
cena de um novo ciclo político para que essa
Presidente da Isto apesar de as políticas que se seguiram
não terem invertido a lógica da severidade
com a nossa identidade nacional.”

mudança anímica se tornasse visível.


Na conversa com o P2, Lídia Jorge vai mais
atrás para melhor perceber o que aconteceu
República dos dos orçamentos, nem a população ter visto
o dinheiro do seu bolso aumentar significati-
vamente, como sublinham Lídia Jorge e José
O contrato sentimental
Se a conjugação novo Governo-novo Presidente
depois, e porquê. “Ainda está por demonstrar
a necessidade da intervenção da troika naquele
tempos da Gameiro. “O que mudava era o clima emocio-
nal. Foi como se, de novo, se pudesse respirar.
foi importante, a forma como Marcelo Rebelo
de Sousa interpreta as suas funções, no discur-
ano de 2011. Mas o clima que então foi gerado
passava pela demonstração para o exterior de
que se vivia um desastre total. Essa matriz do
escola Os políticos deveriam meditar sobre o que o
teatro grego ensina em relação à ligação da
conduta dos dirigentes e o clima psicológico
so e na práxis, tem tido um papel fulcral. “Sem
dúvida que foi o Presidente da República que
mudou o ambiente”, sustenta José Gameiro,
Governo que sustentou a intervenção da troi- da cidade. Minimizar os limites da capacidade com o distanciamento de quem se identifica
ka usou o clima de desastre até à exaustão, de sacrifício é sempre uma grande maçada”, com a área socialista, foi antigo apoiante de
não só executando um programa de grande comenta a escritora. Jorge Sampaio e assume que não votou em
austeridade como anunciando medidas cada Estava “escrito nas estrelas” que a mudança Marcelo Rebelo de Sousa. Mas recorda como
vez mais gravosas, e assim se criou um clima política era vital para a alteração desse clima “a crispação inicial face à chamada ‘geringon-
claustrofóbico. Só não o era para os próprios e emocional, capaz de gerar um contraciclo que ça’ foi terrível”. “A solução governativa gerou
para a Europa severa daqueles dias.” já tardava. Para António Damásio, “os astros conflito, mesmo entre algumas pessoas dentro
Essa sensação de claustrofobia é também têm estado bem alinhados em Portugal”. “Ao do PS que foram contra, e um sentimento de
identificada por Bruno Paixão, doutorado pe- lado de um Governo que funciona e obtém re- traição por parte de algumas pessoas por não
la Universidade de Coimbra em Ciências da sultados, o povo elegeu um Presidente capaz ter governado o partido mais votado.”
Comunicação e investigador de Comunicação não só de dispensar simpatia, carinho e com- “O Presidente da República tornou-se uma
Política: “O período de austeridade conduziu paixão, mas também de inspirar essas mesmas peça central do desanuviamento”, acrescenta
a uma espiral de instabilidade e encarcerou as emoções positivas no povo que o elegeu. Nada Lídia Jorge. “Surpreendeu muito. Apoiou a so-
pessoas na representação do papel de servos de mais saudável no momento político actual, lução governativa no país e na Europa, o que
do seu tempo. A política de austeridade trouxe que se define, internacionalmente, em torno de nem sempre é lembrado. Ao que me consta,
ao cidadão o medo de não ser capaz de orga- emoções destrutivas, de conflitos sem solução Marcelo Rebelo de Sousa terá feito compreen-
nizar a sua vida no interior da nova realidade aparente e de intolerância.” der, junto de instâncias europeias, o sentido
económica, receio de não ser reconhecido e Helena Marujo, coordenadora do Executi- da coligação de esquerda que lhes surgia, no
temor de perder a posse do que legitimamente ve Master em Psicologia Positiva Aplicada e início, como uma solução inviável. Defendeu a
tinha como seu.” co-autora de um estudo sobre a felicidade dos estabilidade, defendeu o sentido das alianças
“Esse clima castigador que levava a uma re- portugueses, também sublinha a importância e o valor do consenso. Tem sido um intérprete
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 7


DANIEL ROCHA

Um tónico
chamado Marcelo
A escritora Lídia Jorge, a
psicóloga Helena Marujo
e o neurocientista António
Damásio (à esquerda,
respectivamente) elogiam a
presidência “afectuosa” de
Marcelo Rebelo de Sousa.
O novo ciclo político Costa/
Marcelo deu alento ao país

astuto, surpreendendo, tanto quanto me dou viragem política fundamental”, diz o investiga-
conta, aqueles que pensavam que o comenta- dor em comunicação política. Parafraseando
dor iria transformar-se num criador desestabili- Marcelo, hoje é impossível fazer política na
zante de casos políticos. Tem sido o contrário”, base apenas da cabeça.
sustenta a escritora. “O Presidente procura que os afectos sejam
Desde o princípio do mandato, Marcelo foi inseparáveis da razão, inaugurando assim uma

MIGUEL MANSO
construindo essa imagem de proximidade, tan- nova sensibilidade política e uma maior proxi-
to do Governo como do povo. Sobretudo do midade entre o Estado e os cidadãos. Ele sabe
povo, que lhe devolvia os afectos e as selfies que corre com isto alguns riscos de administrar
em recordes de popularidade. E não esperou em excesso a dose dos afectos e assim vulga-
pelas tragédias para entrar pelo “país esque- rizar a função, transformando a sua comuni-
cido” adentro, já lá tinha ido antes, em festas, cação num ‘saco roto de beijos e selfies’. Corre
feiras ou eventos. Quando voltou, nos dias de inclusivamente o risco de os afectos abafarem
luto, já era da casa. o papel da racionalidade. Agir com emoção é
“Não duvido de que Marcelo Rebelo de Sou- poder precipitar-se, o que já lhe aconteceu”,
sa estabeleceu um contrato sentimental com acentua Bruno Paixão.
o país e incita os outros a estabelecerem-no Helena Marujo junta outros perigos. “Na psi-
também. Se não houver nenhuma surpresa, cologia, estudamos os contratos psicológicos
o seu mandato ficará na lembrança como o que as pessoas têm com as empresas e as or-
de alguém que soube segurar a cúpula e ser ganizações, qual é a expectativa que crio e que
ao mesmo tempo eminentemente popular”, me é criada. É uma espécie de contrato sen-
prevê a escritora. Um contrato sentimental timental. Acho que o Presidente faz mais um
baseado nos afectos: “Tem estado ao lado das convite do que um contrato, no sentido de que,
populações, interpretando numa só pessoa o sabendo que é uma relação de longa duração,
que as anteriores presidências interpretavam não pode viver só de paixão, as pessoas têm
com duas. Marcelo Rebelo de Sousa desenvol- de ser integradas em projectos, em sentidos
ve a actividade da Presidência em pleno e é a colectivos. É um pau de dois gumes: de que
sua própria primeira-dama. Ele dá o rosto nos maneira é que isto pode ser vivido e alimenta-
actos de caridade, nas festas escolares, nos la- do não apenas com a emoção e a intensidade
res de terceira idade, junto dos pobres e dos do momento, mas numa perspectiva de longo
sem-abrigo.” Emotions — Why love matter for justice, onde lo tem necessidade disso. Sempre foi assim. prazo. O Presidente tem feito grandes esforços
Quem estuda as questões da liderança anda reflecte sobre a necessidade de trazermos para Conheço-o desde os oito anos, andámos na para estar muito envolvido em tudo o que está
muito interessado nesta dicotomia das lideran- o foro público as emoções, encaradas como escola juntos.” a acontecer no país, talvez seja a sua forma de
ças mais femininas ou mais masculinas — que instrumento fundamental de justiça e de igual- Gameiro conta que, em Cascais, Marcelo perceber que este convite à relação emocional
não tem que ver com o ser homem ou mulher dade; estratégia para conseguirmos caminhar parava para falar com as pessoas todas, cum- precisa de saber que está associado a projectos.
— e dos líderes integradores, que conseguem para formas sociais de maior paridade e maior primentava toda a gente, e não era Presidente Não é só paixão e comoção imediata.”
ter características de um lado e de outro, como respeito. “O problema é conseguir isto sem sen- da República nem sonhava ser. “Era uma coisa
explica Helena Marujo: “Penso que no Presi- timentalismos”, explica Helena Marujo. natural nele. Está muito à vontade, gosta e, O provedor de cada português
dente há uma complementaridade entre as A opção pelos afectos não é isenta de ris- provavelmente, tem necessidade [desse con-
emoções — que são do domínio tradicional do cos, nem mesmo para o chefe de Estado. A tacto]. As pessoas precisam dele hoje em dia, De certa forma, é a essa ligação directa povo-
feminino — e a razão, no sentido de assegurar psicóloga explica porquê: “A presença do Pre- de facto precisam, porque ele tornou-se uma Presidente, sem intermediação nem no voto
que há uma resposta de estruturação racional. sidente da República em múltiplos momen- pessoa próxima, presente, mas ele também nem na rua, que dá corpo à nova competência
O Presidente faz esse esforço de assegurar os tos associados a emoções negativas, em que precisa das pessoas, o que é óptimo.” que Bruno Paixão constata ter sido acrescen-
dois lados, de ser um líder integrador, apesar ele mostrou compaixão — uma emoção que Mas nem sempre a autenticidade chega. tada ao papel presidencial por Marcelo Rebelo
de ser mais visível o lado feminino da sua li- estamos a estudar no contexto das organiza- Na visão de José Gameiro, Marcelo Rebelo de de Sousa: a de “provedor de cada português”.
derança.” ções — tem riscos, porque é uma emoção da Sousa “usou politicamente” os incêndios “e as “Ele é um activo termómetro que mede a tem-
Esse esforço pela omnipresença, que tam- qual nos cansamos. Ninguém consegue estar pessoas não gostam disso”: “Custa-me que ata- peratura do povo, é seu porta-voz, a sua alma
bém lhe vale críticas, a escritora interpreta-o muito tempo a ser compassivo, e isso também quem o Governo por causa daquilo, acho que mater. Mesmo ao aprovar ou vetar diplomas,
como um factor positivo. “O país profundo, pode acontecer a quem vê alguém ser com- aconteceu assim. Marcelo foi lá muito, tirou parece fazê-lo sob essa condição. Aconteceu
para usar o chavão, é pobre e carente de tudo. passivo. E porque é uma emoção que tem de dividendos políticos disso. Mas aquilo é genu- ainda recentemente, com a devolução ao Par-
Encontrarem-se os populares com o Presiden- ser autêntica, não pode ser percepcionada íno nele. É um lado cristão, que antes de ser lamento da alteração à lei do financiamento
te do seu país transforma-se num episódio de como um processo manipulatório, com uma Presidente o fazia visitar doentes em estado partidário”, avalia o investigador.
relevo nas suas vidas. Já vi pessoas que guar- outra intenção.” terminal, ou que o levou a ajudar muita gente “Marcelo é um estratega político que ar-
dam na sala a fotografia com Marcelo, ainda Mas esse é um risco muito reduzido para o aqui em Cascais, até financeiramente.” risca com base nas suas percepções, emo-
que das suas pessoas só apareça um pouco da actual Presidente da República, pelo menos a Não é preciso ser-se psiquiatra para perceber ções e sentimentos. A sua mundividência,
cabeça. Essa dimensão representativa junto julgar pelo que dele conhece o psiquiatra José que a expressão dos afectos é um instrumento que inspira e expira política, fê-lo montar
das populações, no nosso regime, é muito im- Gameiro. “Marcelo Rebelo de Sousa tem uma da acção política deste Presidente, “mas, mais desde o início da sua campanha um cenário
portante.” vantagem muito grande: ele é muito próximo do que isso, é um traço da sua personalidade”, de afectos para o exercício do seu mandato,
das pessoas e precisa que as pessoas sejam nota Bruno Paixão. “A sua biografia mostra-o com um guião gizado pelo próprio. A deter-
Ninguém consegue sentir próximas dele. É uma vantagem porque se em diversas circunstâncias, o que leva a que minação de conciliar as partes e a empatia
percebe que é genuíno. Houve muitos líderes essa prática não seja artificial. Como o próprio que coloca na sua comunicação têm-no aju-
sempre compaixão políticos que tentaram ser próximos das pes- afirmou, as pessoas estavam pessimistas, cép- dado no objectivo de abranger quase todas as
Há cerca de quatro anos, a filósofa norte-ameri- soas, mas percebia-se que não tinham grande ticas e crispadas e a mera viragem psicológica, franjas da população e do espectro político.
cana Martha Nussbaum lançou o livro Political necessidade pessoal disso. Acho que Marce- que passou pelo universo dos afectos, foi uma A consequência disso é uma atenuação c
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8 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018


MIGUEL A. LOPES/LUSA ANTÓNIO COTRIM/LUSA

ideológica de facção que o seu antecessor O Presidente-provedor “É sempre especulativo fazer a ligação en- os êxitos, junta-se à festa e à alegria, e faz delas
não conseguiu apagar”, prossegue. A ligação directa povo- tre uma coisa e outra”, diz Lídia Jorge. “Os bons cartazes de difusão, mostrando os casos
É também surpreendente, considera Bruno Presidente, sem intermediação sucessos dos portugueses são fruto da escola de sucesso ao país, como espelho. Ajuda a ter
Paixão, que Marcelo mantenha um ritmo fre- nem no voto nem na rua, dá democrática prolongada, do investimento na confiança e crença no futuro”.
nético ininterrupto há tanto tempo, “transfor- corpo a uma nova competência ciência que foi feito, na capacidade de circu- E o país bem precisa disso, diagnostica He-
mando a maratona presidencial de cinco anos presidencial muito privilegiada lação dos portugueses pelos fora internacio- lena Marujo. “Partimos de um défice tão gran-
numa corrida veloz de 100 metros”. “Ninguém por Marcelo: a de “provedor de nais, e, sobretudo, de alguma coisa que não de, de carências afectivas tão profundas, que
mais tinha mostrado tanto pulmão político co- cada português” se explica — a vontade e o empenho individual conseguirmos encher este reservatório é um
mo Marcelo, sendo presente, activo e dedican- que acontece por emulação, por acaso ou por processo longo. Mesmo neste momento bom
do humanismo em cada acção presidencial. milagre.” Ou por homeostasia, talvez dissesse em que estamos a viver continua a haver a di-
Por isso, Marcelo consegue fazer pontes on- António Damásio. “O que sabemos, isso sim”, ficuldade de termos uma perspectiva honrada
de a direita não está habituada e aproxima-se prossegue a romancista, “é que Marcelo acolhe de nós próprios. Continuamos a ser um povo
mais daquilo que a própria esquerda vê num PAULO NOVAIS/LUSA
que não arrisca a alegria, a esperança.”
Presidente.” “Quando trazemos uma linguagem políti-
“Claro que ele não tem de governar, é muito ca diferente — e eu acredito que a linguagem
mais fácil para ele, ser Presidente da República constrói a realidade —, quando trazemos um
é muito mais fácil do que ser primeiro-minis- sentido de colectivo maior e abrimos esse es-
tro”, salienta por seu lado José Gameiro. “Ele paço estranho da ternura, do carinho, como
interpreta os sentimentos das pessoas e tem um fio que ajuda a tecer a coesão social, nós
um primeiro-ministro muito mais frio, mui- ficamos melhor. Mas depois, quando acontece
to mais contido, que tem de governar, mas alguma coisa má, temos uma grande tendên-
claramente com muito mais dificuldade de cia a generalizar o negativo e não fazemos o
se aproximar das pessoas. O Presidente faz o mesmo com o positivo. Mas são duas faces da
contraponto. No Governo, não há ninguém que mesma moeda”, analisa a psicóloga.
consiga expor esse lado mais empático, mais Lídia Jorge vê uma relação entre essa “alter-
afectuoso”, frisa o psiquiatra. Nesse sentido, nância bipolar” lusa com a alternância demo-
considera que Marcelo Rebelo de Sousa “de- crática em Portugal: “Os exageros do desastre,
sempenha muito bem o papel: ser Presidente sempre arvorados pelas oposições, e as glori-
da República em Portugal é 95% disto e depois ficações mirabolantes dos governos, nos perí-
há 5% complicados”. odos dos actos eleitorais, ajudam a criar essa
Antigo apoiante da candidatura de Jorge bipolaridade que passa de campo para campo
Sampaio a Belém, Gameiro analisa as diferen- em ciclos de alternância, conforme as cores po-
ças entre os dois tipos de homens de afecto que líticas que estão no poder, o que deixa sempre
são os dois presidentes. “Jorge Sampaio é um um lastro de insegurança e mal-estar.”
homem muito emotivo, muito afectuoso mas Politicamente, diz a escritora, somos extre-
tem um enorme pudor em relação às pessoas, mamente emocionais e clubistas. “O mesmo
tem sempre medo de as incomodar ou de que hospital, com os mesmos problemas, os mes-
elas pensem que ele está a usá-las. Se houver mos hábitos, é visto, pelo médico que nele tra-
um grupo de pessoas, Sampaio tem algum me- balha, como um lugar bastante razoável quan-
do de se intrometer, enquanto Marcelo avança do o seu partido está no governo, e passa a um
e cumprimenta toda a gente. Sampaio é um lugar execrável, logo no dia a seguir à mudança
low profile, é muito afectuoso mas muito mais de liderança. Os próprios comentadores, mar-
esquivo, por pudor. Ao longo dos dez anos de cados também por forte carga ideológica, con-
mandato foi melhorando isso.” correm para os cenários de êxito/desastre. O
E Mário Soares? “Era diferente, ele sabia maniqueísmo ideológico de cúpula transforma-
relacionar-se bem com as pessoas, mas não se em maniqueísmo cultural de base.”
sei se era tão genuíno, era mais do teatro po- Estamos condenados a isso? “Vivemos um
lítico. Soares não era um homem do povo, tempo de distopias, de muito cinismo. Tudo o
estava bem num meio mais intelectual; acho que sejam sinais, práticas que ajudem a man-
que não se sentia bem numa tasca, enquanto termo-nos humanos e voltar a acreditar em
Marcelo se sente bem numa tasca. Acho que utopias é aquilo que nos fará acreditar em nós
é essa a diferença.” como seres humanos”, defende Helena Marujo.
Mas este processo demora e precisa de estímulo.
E as vitórias, interiorizamo-las? Precisa de pessoas que estão “em lugares sim-
bólicos, como a Presidência da República”, que
A espiral de energia positiva que se gerou com nos “possam chamar a atenção para sinais de
a mudança de ciclo político é poderosa, mas que continuamos humanos e promovam esta
não se deve a qualquer “milagre”. Ressalvadas capacidade de acreditarmos uns nos outros, de
as conquistas obtidas a nível económico, finan- construirmos em conjunto, de nos sentarmos
ceiro, político e social, o que já não é pouco, a colaborar, a dialogar, virados para um sen-
para os interlocutores ouvidos pelo P2, todas as tido comum colectivo. Quando isso acontece,
outras vitórias alcançadas a título desportivo, tudo floresce.”
científico e cultural no arranque do novo ciclo
político não passam de coincidências. leonete.botelho@publico.pt
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DIA
25 O
A 25 de Janeiro Eusébio faria
76 anos de vida, uma data que
continua a ser carinhosamente
recordada pelos seus muitos
admiradores e no mundo do futebol.
O Público traz-lhe a banda desenhada
Eusébio Pantera Negra, da autoria

KING
de Eugénio Silva, que mostra
o percurso de vida do craque
e o impacto que teve a nível
mundial, em particular
no nosso país

FAZ
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EDIÇÃO DE CAPA DURA
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10 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Não há uma receita


para educar, mas
há ajudas a que
os pais podem
recorrer. Da família
à ajuda profissional.
Tudo menos expor
os filhos ao olhar
público
Por Bárbara Wong

N
ão é fácil educar. É raro o
pai que nunca se confron-
tou com um dilema, com
uma dúvida sobre a edu-
cação dos filhos. E agora
o que vou fazer? Fiz bem?
Devia ter feito de outra ma-
neira? A culpa é minha? Se
calhar tenho de pedir ajuda, mas a quem? O
polémico programa televisivo Supernanny
procura dar essa ajuda aos pais dos filhos mais
malcomportados. O guião é simples: há uma
família que precisa de ajuda e há uma psicólo-
ga ou terapeuta familiar que tem a solução. A
criança problemática deixa de o ser e os pais
aprendem a gerir os problemas. Final feliz?
Nem por isso. Não é na televisão nacional que
se resolvem os problemas privados. Os pais
têm outras alternativas.
O programa foi para o ar no último domingo
e na segunda-feira de manhã já a Comissão Na-
cional de Promoção dos Direitos e Protecção
das Crianças e Jovens (CNPDPCJ) criticava o
conteúdo por considerar que existe um “ele-
vado risco de o programa violar os direitos das
crianças, designadamente o direito à imagem,
à reserva da vida privada e à intimidade”. Tam-
bém a Unicef e o Instituto de Apoio à Criança
subscreveram as críticas; e a Entidade Regu-
ladora para a Comunicação Social e a Ordem
dos Psicólogos receberam queixas. No final da
semana, já a família do segundo episódio pedia
para que este não fosse para o ar; e a Comissão
de Protecção de Crianças e Jovens de Loures
exigia à SIC que retirasse as imagens da criança
do primeiro episódio do ar, ao que a estação
respondeu que não iria obedecer. c

O miúdo porta-se
Não chame a sup
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 11


RUI GAUDÊNCIO

Chuva de queixas
Logo depois da emissão
do primeiro episódio do
novo programa da SIC,
choveram críticas e queixas
de várias instituições ligadas
à protecção das crianças.
A estação de televisão
defende que “Supernanny”
tem “uma vertente
pedagógica” e promete
manter o programa

Acto clínico e recato


• O comportamento da menina que criança e com os pais.
vemos no programa que passou na Os pais deverão ser sempre
SIC, Supernanny, no passado domingo, considerados, pelo técnico de saúde,
evoca-me, como pedopsiquiatra, uma como sendo, à partida, as melhores
situação de descontrolo emocional bússolas empáticas dos filhos e que, aos
grave, que, pela sua intensidade e olhos destes, deverão ser sempre quem
frequência, sai fora do âmbito do que se se mantém ao leme para que os filhos
considera ser uma birra normal de uma possam continuar a ter confiança nos
criança, entre os dois e os três anos, seus pais, a respeitá-los e a acatar a sua
quando reage às frustrações impostas autoridade parental.
pelo adulto cuidador ou quando Sabendo como são esgotantes
afirma o seu Eu, manifestando as suas e desesperantes para os pais os
emoções, os seus sentimentos, as suas comportamentos frequentes e
vontades, as suas intenções ou as suas interactivos de descontrolos emocionais
necessidades. dos filhos à mínima frustração e ao
Os comportamentos e as reacções mínimo exercício da autoridade parental
que esta menina mostra ter naquele — como se observa nesta menina e que,
programa de televisão, perante as não raras vezes, os próprios progenitores
regras e as ordens banais da rotina apresentam características psicológicas
do quotidiano que a mãe lhe tenta de vulnerabilidade emocional e,
impor, mostrando uma extrema mesmo, de sofrimento psicológico —,
vulnerabilidade psicológica a qualquer é fundamental que o pedopsiquiatra ao
tipo de frustração, enquadram-se no estabelecer o plano terapêutico, numa
quadros psicopatológicos da alteração postura médica baseada na evidência
disruptiva do humor que fazem parte e no respeito pela intimidade familiar
da clínica depressiva da criança, onde e de todos os intervenientes, criança
o sofrimento psicológico está sempre e adultos cuidadores, tenha em conta
presente, mesmo se mascarado por as características psicológicas próprias
comportamentos de oposição e de do temperamento dos progenitores
desafio, como se observa nesta menina. e o contexto educacional que dão à
Sofrimento psicológico que resulta, criança. Isto para que possa ajudá-los
tanto de determinantes psicológicos e a terem a serenidade e a coerência
neurobiológicos próprios da criança, nos seus modelos educativos e de
como de factores relacionados com cuidadores parentais e para que possam
os modelos de parentalidade e de ir encontrando modos de controlar os
vinculação, que a criança criou com os seus possíveis descontrolos emocionais
seus pais e que são, durante a infância, e de ajudar a criança a controlar melhor
os mais importantes reguladores das as suas alterações emocionais e os seus
suas emoções. Sofrimento psicológico comportamentos de oposição
que exige, ao pedopsiquiatra, uma e de desafio.
observação clínica da criança e um É preciso que se mostrem à criança

e mal?
diálogo com os pais, no recato próprio seguros e firmes nas suas decisões e nos
que exige qualquer acto clínico, quer seus modos de a educar, mas sem nunca
médico quer de qualquer técnico de abdicar de ter a “ternura na ponta dos
saúde mental infantil, de forma a que, dedos” própria de um cuidador parental
depois de estabelecido um diagnóstico de uma criança com a idade da menina
a partir dos sinais clínicos, se possa que apareceu no programa Supernanny.
estabelecer um plano terapêutico com a Ana Vasconcelos, pedopsiquiatra

ernanny
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12 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

A SIC defende que Supernanny é um progra-


ma com “uma vertente pedagógica”, acrescen-
tando que o objectivo “é sempre o de auxiliar
Às vezes, os pais
pais e educadores a melhorarem a relação com
os seus filhos, ajudando-os a estabelecer regras
têm pudor em
e limites e melhorando a comunicação entre
todos, criando assim uma dinâmica familiar
mais saudável”. Em causa está o superior in-
pedir ajuda
teresse da criança, abalado com a exposição
mediática, dizem as entidades que se mostram
porque acham
contra o programa e também os especialistas
com quem o P2 falou para este trabalho. Por- que são péssimos
tanto, é ponto assente que, se os pais estiverem
muito desesperados com o comportamento
dos filhos, não devem recorrer a um meio onde
pais. É preciso
os problemas da sua família fiquem expostos
à vista de milhares de pessoas. A audiência do
trabalhar a auto-
primeiro episódio foi de um milhão de espec-
tadores. -estima dos pais
Então a quem recorrer? Em primeiro lugar, à
família e aos amigos. Às vezes não é fácil tomar
a decisão de pedir ajuda externa porque os
pais têm vergonha de não ser capazes de gerir tuguesa, no Porto, tem o projecto Aprender a
o problema sozinhos, reconhece José Morga- Educar, com sessões para os pais sobre temas
do, especialista em Psicologia da Educação e de parentalidade. Para participar “basta ser
professor e investigador no ISPA, em Lisboa. pai”, informa Mariana Negrão, coordenadora
“Às vezes, os pais têm pudor em pedir ajuda do projecto, que reconhece que este chega
porque acham que são péssimos pais. É preciso sobretudo a pais mais informados, que vão à
trabalhar a auto-estima dos pais”, defende o universidade ouvir especialistas, mas também
investigador. expor as suas dúvidas. Até agora foram feitas
Mas não deveria ser um problema pedir aju- 140 sessões para três mil participantes.
da, diz por seu lado Ana Teresa Brito, da Fun- O programa tem saído de portas para a co-
dação Brazelton/José Gomes Pedro. E a ajuda munidade, para escolas e colégios, mas tam-
está em todo o lado. No médico que acompa- bém para “contextos mais complexos” como é
nhou o casal durante a gravidez, no pediatra da o dos pais com Rendimento Social de Inserção,
criança, no enfermeiro do posto de saúde que por exemplo. Nesses casos, tratam-se questões
dá as vacinas, no educador de infância que a específicas e adaptadas ao público, mas o es-
recebe na creche ou no pré-escolar, enumera quema é sempre o mesmo: expõe-se o tema,
a especialista. Há toda uma “aldeia” de pro- ouvem-se os pais partilhar as suas dúvidas ou
fissionais que podem ajudar a família porque as suas histórias. Também José Morgado faz
estabeleceram uma relação com ela, declara. o mesmo, a convite de instituições de norte a
“Uma aldeia cuja família respeite e confie”, sul do país, ilhas incluídas. “Os primeiros 20
acrescenta. minutos falo, depois abro espaço para debate
E se essa aldeia não funcionar? Porque o e a coisa corre bem. No final, há pais que vêm
ideal é que funcione, mas pode não ser sufi- falar dos seus problemas”, resume.
ciente. Então há ajudas mais especializadas. O modelo de Escola de Pais de Patricia Po- seguros que são criados, que permitem que Este é um modelo em que não se privile-
José Morgado acredita que o psicólogo de edu- ppe, psicóloga educacional e psicoterapeuta, é se fale sobre o que se sente, sem medo, sem gia a “parte cognitiva e racional”, que é o que
cação é o profissional que pode ajudar os pais diferente. Desde 2014 que a especialista iniciou julgamentos”, explica Patricia Poppe. acontece nas sessões onde um especialista fala
e as crianças ou adolescentes em questões um programa para os encarregados de educa- de um tema; mas que os pais vivem porque
de comportamento em casa ou na escola. Ao ção da Escola Alemã, em Lisboa, onde trabalha Não há receitas escutam os outros. “Tudo o que se passa no
psicólogo de educação cabe “ouvir e fazer per- desde 1986. Uma vez por semana, durante 15 grupo vai ser interiorizado e levado para casa.
guntas, muitas perguntas” para compreender sessões de hora e meia, os pais reúnem-se e “Muitos pais querem fazer o melhor, mas não Esta é a grande mais-valia”, sublinha Patricia
o que se passa naquela família. “Mas quando conversam entre si. Falam de tudo e aprendem conseguem lá chegar. Por isso, [neste grupo] Poppe, acrescentando que “não há uma re-
se instala em mim a dúvida se é um proble- a ouvir. Não vão ali para ouvir receitas, mas na- procuro criar um ambiente acolhedor e de se- ceita”. “Ninguém diz como é que os pais têm
ma de saúde mental, então encaminho para quela partilha podem encontrar soluções para gurança para que os pais possam falar aberta- de fazer, os pais descobrem sozinhos porque
a pedopsiquiatria. É preciso sensibilidade no a maneira como educam, explica a psicóloga, mente e partilhar”, assim, os pais descobrem nada é imposto, vem do seu interior”, reforça.
âmbito técnico, mas também ético”, defende que também faz este trabalho de grupoanálise que os outros têm problemas semelhantes ou Um conselho que Ana Teresa Brito dá aos
o professor. no seu consultório privado. antevêem as questões com que se poderão pais é “ouvir a sua intuição”. “Acreditamos que
Para entrar no grupo, é preciso passar por confrontar mais tarde — porque os grupos são os pais são os maiores especialistas, mesmo
Pais em grupo uma entrevista e conhecer bem as regras: escu- feitos com pais que têm filhos de diferentes quando estão a falhar, porque foram eles que
tar os outros, respeitar a sua opinião, saber que idades. Esta partilha faz com que “diminua a sonharam o seu bebé, que cresceu dentro da
Muitas vezes, as dúvidas dos pais só precisam tudo o que ali se diz é confidencial, comprome- vergonha e a culpa”. “Quando os filhos têm barriga da mãe”, justifica.
de ser partilhadas, por exemplo, em grupo. ter-se a ir regularmenta e evitar encontrar-se problemas, os pais sentem que a culpa é deles”, Não há uma receita para educar, mas há coi-
Há 14 anos que a Universidade Católica Por- com os outros pais fora do grupo. “São limites constata a psicóloga. sas que se podem aprender, defende Mariana
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 13

Supernanny: nem crime nem castigo


IMAGENS: DR

• Li, nos últimos dias, tanta coisa e tão causa de tais imagens, como vi escrito!
negativa sobre o programa Supernanny Quem decidiu a sua participação no
que estava preparado para ver um evento programa? Certamente que a mãe, muito
trágico com uma violação evidente e provavelmente também o pai, isto é, aqueles
sistemática dos direitos básicos de uma a quem caberão as responsabilidades
criança designada por “furacão Margarida”. parentais. E são estes que, em primeira linha
Mas, na verdade, não foi isso que vi. e salvo violações graves dos direitos dos
É um programa algo triste e doloroso, filhos, devem decidir estas questões, sem
que retrata uma vida familiar que prejuízo, naturalmente, de a criança ser
compreendemos e, de alguma forma, ouvida e participar na decisão.
todos conhecemos. O chamado “furacão O Estado só deve intervir, nos termos da
Margarida” é uma miúda de sete anos, lei, quando os pais ponham em perigo a
normalíssima, birrenta e afectiva, segurança, saúde, formação, educação
habituada a ver feitas as suas vontades ou desenvolvimento das crianças. E, em
pela mãe e pela avó que — como tantas e princípio, uma criança só estará nessa
tantas mães e avós — exprimem o seu amor situação de perigo, igualmente nos
de forma errática e confusa em termos termos da lei, quando está abandonada,
educacionais e emocionais. sofre maus tratos físicos ou psíquicos ou
Os comportamentos desequilibrados é vítima de abusos sexuais, não recebe
da Margarida no início do programa os cuidados ou a afeição adequados à
— que me pareceram, em certos sua idade e situação pessoal, é obrigada
momentos, teatralizados — vão evoluindo a actividades ou trabalhos excessivos
positivamente e o programa termina ou inadequados à sua idade, dignidade
com uma mensagem de esperança na e situação pessoal ou prejudiciais à sua
evolução daquele furacão que já nem uma formação ou desenvolvimento ou,
tempestade tropical é. Todos ficamos a ainda, está sujeita a comportamentos
gostar da Margarida. que afectem gravemente a sua segurança
Não sendo psicólogo nem educador, ou o seu equilíbrio emocional. Será esta
pareceu-me, também, que os conselhos a situação que legalmente justificaria
e opiniões da designada “Supernanny” a intervenção do Estado na vida da
eram genericamente sensatos, talvez tudo Margarida e da sua família?
tratado de uma forma simplista e algo Na verdade, seria bom que o Estado, tendo
primária, mas este programa da SIC não é tido, agora, conhecimento das dificuldades
propriamente um programa do canal 2 da da Margarida e da sua família, queira
RTP, visto por uma elite, com um debate ajudá-los, eventualmente substituindo-se
entre especialistas sobre a educação e a à Supernanny. Será o Estado capaz disso?
psicologia das crianças. Tem psicólogos e educadores para o
É tão-só um reality show que pretende ser fazer? Ou prepara-se o Estado para fazer
visto por um grande número de pessoas intervir as instâncias repressivas afectando
com tudo o que isso acarreta. Mas estou gravemente o equilíbrio emocional da
em crer que para a Margarida e para a sua Margarida? Ou prefere avançar com a
Família arrependida Negrão. Assim como há cursos de preparação família a participação no mesmo terá sido censura, como parece querer fazer a CPCJ
No final desta semana, para o parto, também devia haver de paren- uma experiência positiva. de Loures, afectando-nos a todos nós?
a família do segundo talidade, considera. “Não se nasce ensinado, Embora ver crianças a fazer birras, a chorar Dito tudo isto, acrescento que poderia
episódio pedia para os pais têm de experimentar, ir aprendendo e e a serem malcriadas com os pais não seja naturalmente a produção do programa
que este não fosse não ter receio de expor a sua ‘incompetência’”, propriamente uma novidade ou motivo ter evitado algumas imagens mais directas,
para o ar. A audiência acrescenta. de escândalo, é certo que imagens da reduzindo o grau de exposição pública
do primeiro episódio Hoje, os pais sentem a pressão para ser per- Margarida e da sua vida privada foram das birras ou dos castigos da Margarida
foi de um milhão de feitos, aponta a professora da Católica. Mas expostas publicamente o que poderá ter mas não vi nada que justifique actuações
espectadores “não precisamos de superpais”, diz José Mor- um efeito, de alguma forma estigmatizante do Estado para além das que a
gado. “Se houvesse receitas, saíamos todos — sendo absurdo que venha a perder Margarida e a sua família desejem.
direitinhos, desenhados a regra e esquadro. possibilidades de emprego futuro por Francisco Teixeira da Mota, advogado
Claro que há princípios e valores que devem ser
ensinados, mas que servem para apoiar a rela-
ção da criança com o mundo. Não queremos
que haja uma receita para educar porque cada
criança é única e queremos que as crianças re-
criem o mundo!”, conclui Ana Teresa Brito.

bwong@publico.pt
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14 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018


JESSICA BRUDER

E América,
ntre Washington e Nova
Iorque, o comboio atraves-
sa as traseiras de pequenas e
grandes cidades, subúrbios e
alguns focos de ruralidade que
deixam a nu as camadas que
marcaram o desenvolvimento
nas últimas décadas. Histórias
de sucesso, esquecimento e revivalismo e o
modo como a arte e a cultura alternativas se
foram apropriando disso. Esse é o lugar onde o

a vida
país se revela naquilo que esconde. Armazéns
sem telhado, gravitações, invadidos por ervas,
prédios em construção, casinhotos de madeira
com muitos acrescentos, gigantescos parques
de estacionamento, carros abandonados em
baldios, parques de caravanas, caravanas so-
litárias, jardins cuidados, jardins onde uma
cadeira de baloiço é a única coisa que resistiu ao
abandono do que já foi uma habitação familiar.
Há alguém que passa, alguém sentado de olhar
parado, miúdos de skate, miúdos que fumam,
gente drogada, bêbedos, muitas pessoas que

normal?
correm para o trabalho, restos de gelo no chão,
restos de folhas, sobras de comida.
As carruagens atravessam o que parece ser
a vida normal quando se sai de Washington a
caminho de Baltimore, Filadélfia, Newark e,
por fim, Nova Iorque. São as cidades onde pára
o rápido que cruza tudo o resto que se interpõe
no percurso apressado, tratando-o como uma
paisagem que irremediavelmente fica para trás.
O que contam esses lugares de passagem? O
que podem contar num dia em que essa viagem
se faz em sentido inverso à que se fez há um
ano quando o caminho foi entre Nova Iorque
e Washington para a tomada de posse do 45.º
Presidente dos Estados Unidos?
Passaram 365 dias. Em jeito de balanço, há
quem fale de um efeito de soco no estômago.
Um ano depois de Donald Trump ter chegado à Casa
Nos jornais, não faltam adjectivos para classifi-
car carácter e administração. Autoritário surge
Branca, Nova Iorque diz-se deprimida e o país aprende
como eufemismo para falar de “um imperador
monstruoso”, por exemplo. Ou seja, escreve-se
a viver o quotidiano com o efeito dos tweets do Presidente.
no presente e, sabe-se, isso é pouco acertado;
escreve-se quando sai um livro como Fire and A crispação é a nova normalidade na América atenta a
Fury, do jornalista Michael Wolff. Mas sabe-se.
Trump inaugurou uma nova maneira de gover-
nar que abanou as regras do sistema. A cada
sinais de mudança. Eis a vida, normalmente
dia, o americano mais atento ia sabendo como
ia o país e a Casa Branca a partir do tweet mais Por Isabel Lucas, em Nova Iorque
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 15


JUSTIN LANE/EPA LUCAS JACKSON/REUTERS

recente do Presidente. O que se seguia era a pára na Penn Station de Nova Iorque às cinco imenso espaço entre a conversa dela, ela e a espaço e os meus filhos têm uma boa escola.”
reacção dos media e do mundo a esse mesmo e 20 dessa mesma tarde. A sensação de quem multidão que continua a circular. Sarah não é Entre 500 mil e 700 mil dólares, é possível
tweet e às suas possíveis consequências. chega é a de que a cidade está a ser evacuada dali, mas tampouco se deixa intimidar. Já co- ser dono de uma casa com três ou quatro quar-
O Presidente que prometera abanar Wa- por uma qualquer emergência. Centenas de nhece a estação por onde todos os dias passam tos, garagem e jardim numa zona com baixos
shington, limpar o pântano, dar emprego à pessoas correm em várias direcções, sabendo mais de 600 mil pessoas no chamado commu- índices de criminalidade, numa área de flores-
classe média, travar a imigração, acabar com exactamente onde se dirigir. Uma multidão te — palavra que define o quase sempre com- ta, servida por bons hospitais, escolas, estra-
o programa de segurança social Obamacare, que se dilui e volta a ser uma massa antes de plexo e determinante percurso casa/trabalho das. No centro de Nova Iorque, o mínimo para
construir um muro, evitar refugiados, comba- se voltar a perder em cada uma das entradas definidor de estilo de vida — entre a cidade e a um apartamento com um quarto vai entre os
ter o terrorismo evitando a entrada de muçul- para os comboios que as levam de volta a casa área metropolitana. Parte dessas pessoas que 650 mil e um milhão de dólares. O preço médio
manos, diminuir impostos, fazer a América depois de um dia de trabalho. É a hora de pon- andam por ali habita as tais traseiras por onde de uma casa nos Estados Unidos é de 200 mil
grande outra vez desafiava a tradição presi- ta de regresso. Não se ouve uma conversa. A continuam a passar os comboios, antes e de- dólares. Depende se quer viver no Ohio, Kan-
dencial de serenar. O Presidente que dramatiza Babel das ruas desaparece e toda a atenção de pois do dia em que metade da América achava sas, Michigan, S. Francisco ou Nova Iorque.
ao vivo a realidade, via redes sociais, abrin- cada um dos ex-falantes se fixa num trajecto a que a outra metade estava errada quando a 8 O metro chega, Jerry passa do pacato cida-
do hostilidades com a imprensa livre, indo às cumprir o mais depressa possível. “Um nova- de Outubro de 2016 elegeu Donald Trump para dão que escuta podcast em mais um commuter
Nações Unidas ameaçar destruir a Coreia do iorquino só sabe andar depressa ou a correr”, a presidência do país. a atacar o espaço por um lugar na carruagem
Norte, rasgando os Acordos de Paris sobre o dissera uns dias antes Martha, uma rapariga Nesse compacto humano em hora de pon- cheia. Braços em asa, ar decidido, quer vencer
clima, sorrindo à Rússia e fazendo cara feia que pedira desculpa por estar a ocupar o lado ta na Penn Station, nada identifica quem fez a batalha por mais uns minutos sentado. Con-
aos aliados. esquerdo da escada rolante que — regra — deve silêncio e quem celebrou nesse dia. Só Sarah, seguiu. O sorriso voltou-lhe ao rosto, ele acena
Esse Presidente mentiu? “Disse inverdades”, ser sempre deixado livre aos que correm para porque a deixamos falar. “Fiquei muito tris- antes de mergulhar outra vez na voz que só ele
sorri Andrea Smith, uma atenta leitora de jor- baixo ou para cima. Ela distraiu-se e foi brinda- te. Não votei. Achei que não era preciso.” O ouve e o entretém.
nais, a única que dobra e desdobra as páginas da com um palavrão, o tradicional vernáculo que é que mudou? “Para já, o muito maior à- Jerry teve tempo para dizer que é um privile-
da edição do New York Times numa tarde de dos stressados de Nova Iorque. vontade com que ouço manifestações racistas giado. Sozinho ganha mais de 160 mil dólares
domingo no metro de Nova Iorque. “Todas as Mas nada como a multidão em hora de ponta entre colegas da universidade... e uma espécie por ano. O rendimento da mulher é irregular,
palavras que ele diz são um exercício ao nosso na Penn Station. O som é dos passos apressados de raiva contida.” mas ajuda a que o orçamento comum fique
entendimento e um teste aos nossos nervos”, e de uma respiração que abafa tudo. Sarah olha Passou um ano, “apenas um ano”, como sa- entre os 200 mil e os 220 mil dólares. A mé-
continua esta psicóloga clínica num dia de um painel. Tem um trólei na mão direita e aper- lienta Jerry. Tem auscultadores nos ouvidos dia nacional, segundo o U.S. Census Bureau,
pausa antes de entrar numa sala de cinema, ta a mochila contra o peito. É uma excepção no que tanto servem para ouvir o podcast como foi de 59 mil dólares em 2016 e tem registado
exactamente o que fez no dia seguinte à vitória formigueiro. “Estou a ver a hora do comboio para proteger as orelhas do frio gelado. “Pa- crescimento nos quatro antes anteriores. Jerry
de Trump, o “Presidente que nos pôs a pensar para Princeton.” Volta à universidade depois rece que está lá há tanto tempo. Já viu tudo o é um dos felizes oito por cento da população
acerca do que é a verdade”. de uns dias de férias forçadas em casa dos pais, que ele disse, a quantidade de polémicas que americana com rendimento de 200 mil dóla-
em New Heaven, no estado vizinho do Connec- criou? Felizmente não tem conseguido fazer res por ano.
Metade certa, metade errada ticut. Loura, alta, destaca-se pela calma e um muito do que prometeu, à excepção da lei de
certo ar perdido. “Vou ter de esperar”, diz, impostos”, continua, sem desviar a atenção Ao volante da “Van Halen”
Foi há um ano. Na América do Presidente que enquanto procura um sítio onde se encostar, do túnel por onde há-de chegar o E Train — a
governa por tweets, a vida diária decorre nor- talvez ler um livro, ver uns mails. Tem 21 anos, linha de metro que vai de Jamaica, em Que- “A casa leva a grande fatia dos rendimentos,
malmente. Ou assim parece, seja lá o que for estuda Arte e aproveitou para ver a exposição ens, junto ao aeroporto JFK, e o World Trade numa percentagem cada vez maior desde os
essa normalidade, pelo menos no eixo entre de David Hockney que acaba de se estrear no Center — e o levará até à Baixa, onde trabalha últimos 30 ou 40 anos”, refere Jessica Bruder.
Washington DC, a cidade para onde se mudou, Metropolitan Museum, uns quarteirões acima. como consultor jurídico num banco. Vive em É jornalista, especializou-se em subculturas
e Nova Iorque, a cidade onde nasceu e sempre “É emocionante! Gosto daquela espécie de rea- Monclair, uma pequena cidade no estado de e em questões laborais na era digital. Quan-
viveu. São 360 quilómetros e uns milhões de lismo brutal, dos retratos, e gostei muito de um New Jersey maioritariamente habitada por uma do Trump estava a ser eleito, ela terminava
pessoas que vivem ou cruzam diariamente es- quadro onde há uma estrada, sabe? Costumo classe média que escolheu ter uma casa maior Nomadland, um livro sobre quem deixou de
se atlas de raças, classes sociais, expectativas, fotografar estradas em Princeton. São largas, por um preço muito menor do que qualquer ter casa e vive sobre rodas, literalmente. Em
frustrações, sonhos. Estão no caminho entre a têm pouco movimento e podemos parar por T1 em Manhattan. carrinhas, caravanas, roulottes, autocarros es-
capital política e a capital dos costumes, acor- ali à espera do melhor ângulo.” Tem dois filhos adolescentes, a mulher dá colares, uma comunidade itinerante que vive
dam, trabalham, fazem as suas refeições, de- Fala de Pearlblossom Highway, de 1986, uma aulas particulares e todos os dias repete a ro- de trabalho precário e cresce desde a crise de
ambulam, vão para a escola e regressam para, fotografia feita de colagens de uma estrada no tina: dez minutos de carro até à estação, mais 2008. Ou seja, antes de Trump. Para isso, ela
no dia seguinte, se tudo correr bem, tudo se deserto americano, paisagem característica do uma hora e 15, se tudo correr bem até à Baixa fez o que se chama “jornalismo de imersão”.
repetir. Que rotina ou rotinas são estas? Sul. Princeton não é assim. Árvores, rios, um de Manhattan. Às cinco da tarde, o mesmo, Pegou ela própria numa van, baptizou-a “Van
O comboio que atravessa as traseiras dessa verde que no Inverno se cobre de branco, de em sentido contrário. Se tudo correr bem. Halen” e fez-se à estrada para conhecer a vida
América sai de Union Station, a estação central neve e gelo. Mas Sarah tenta a experimentação “Foi uma escolha. Leio, ouço música, dormi- e as motivações destas pessoas que deixaram
de Washington DC, às duas e cinco da tarde e de Hockney e quando fala parecer abrir-se um to um pouco, mas chego a casa e posso ter de conseguir pagar uma casa e escolhe- c
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16 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Muita gente começou


a interessar-se pelo
modo como vivem
as pessoas com vidas
diferentes, olha-se
mais à volta”
SWANKIE WHEELS
ram viver fora do sistema dominante, viveu e quanto disto criou Trump? “Os problemas de
trabalhou com elas. que eu falava não são problemas criados por
“O salário mínimo federal por hora é de 7,25 Trump. São problemas sistémicos dos quais
dólares [5,9 euros]”, conta ao P2, salientado não culpo uma administração num curto pe-
que isso acontece enquanto os que fazem par- ríodo. Parece ter-se incrustado na nossa eco-
te do “1% no topo da pirâmide económica ga- nomia, na nossa sociedade”, continua Jessica
nham 81 vezes mais”. Ou seja, seguindo este Bruder.
cálculo, “para os adultos americanos na parte
mais baixa da escada salarial — cerca de 117 Os matizes da vida
milhões — os rendimentos não se alteraram
desde os anos 1970”. Mas a Babel permanece na rua. Todas as lín-
Este não foi, portanto, um problema criado guas se escutam. À porta de edifícios adminis-
por Trump, mas foi um problema que Trump trativos, em lojas, restaurantes, transportes,
prometeu resolver: as dificuldades da classe pequenos grupos de pessoas comunicam nas
média branca onde terá ido buscar grande suas línguas. Pelo modo como se vestem, se
parte dos votos. Os homens e mulheres que comportam, vivem e trabalham ali. Estão ali
Jessica encontrou encaixam nesta faixa: maio- como em casa. Há um ano, muitas dessas pes-
ritariamente de classe média ou média baixa, soas olhavam as outras nos olhos como quem
alguns com formação superior, que, incapazes busca a explicação. Um ano depois, isso parece
de sustentar a chamada “vida normal”, criaram ter mudado. A vida continua normalmente,
a sua normalidade feita de trabalho temporá- assim, à superfície. Em modo mais privado,
rio, precário, mal pago. ouvem-se queixas. Um pai que tem a filha a ser
Estão essas pessoas desiludidas um ano de- operada não a pode ter no hospital mais de um
pois? “A maior parte das pessoas com quem dia. “A operação é simples, mas requeria uma
falei são o que chamaria ‘pós-políticas’, apesar maior observação. Não vou poder pagar isso
de cobrirem quase todo o espectro político. Co- e vou arriscar levá-la para casa.”
nheci conservadores, libertárias, liberais. Uma São oito da noite de outro dia gelado. Há um Entre os “pós-políticos” Trabalha num banco no centro de Nova Ior-
das coisas que as ligam: todas têm uma forte carrinho cheio de mantas em frente ao banco A jornalista Jessica Bruder que, vive em Upper State, uma cidade a uma
autodeterminação em conseguir viver fora das onde ele e ela estão sentados. Ele palra. Ela especializou-se em hora de autocarro, por onde passa por colinas
regras da sociedade dominante. Dito isto, não beija-lhe o rosto, canta-lhe. Único som numa subculturas e em questões de choupos, campos de cultivo abandonado,
têm grandes expectativas em relação aos gover- carruagem de metro cheia de gente. Ao lado, laborais na era digital. Quando fábricas umas desactivadas, celeiros sem fun-
nantes. Ninguém está à espera de que chegue outro adolescente parece dormitar com um Trump era eleito, ela terminava ção, mais campos de caravanas ou casas tem-
alguém capaz de tornar a economia melhor.” telemóvel na mão. Tem os sinais de depen- Nomadland, um livro sobre porárias.
Não serão eleitores de Trump zangados. Vai dência de crack. Agita-se. O olhar, quando se quem deixou de ter casa e vive Saindo da cidade por cada um dos pontos
para além disso. Nem tão alienados que quei- descobre, é baço. É muito magro, rosto negro sobre rodas cardeais, a paisagem devolve sempre a dife-
ram que tudo vá abaixo. de ossos salientes. Indiferente. Ela tocava-lhe. rença. Peter pára o táxi. Trajecto: Lexington
A voz de Jessica muda o tom calmo quando Quer o gorro do bebé. Um passageiro ao lado, Avenue-Long Island City. Ele mete conversa.
passa a falar de si mesma. “Como deve calcu- ajuda-a. O bebé chora. Ela sobe a camisola e, mas ainda “democrático”, como lhe chama “De onde é?” Ouve a resposta. Devolvo a per-
lar, fiquei completamente horrorizada com com um pudor infantil, amamenta-o. Ponta Alex — está habituado a ver quem vive mais gunta. “Sou americano”, mas o sotaque indi-
a Administração Trump. É um pesadelo que da camisola a tapar a mama, a tapar a boca do à margem. Uma viagem numa das linhas cen- ca outra coisa, um inglês carregado de árabe.
todos os dias tem novos capítulos”, e volta a bebé que se acalma. Ela descansa a sua cabe- trais de metro dá, aliás, ideia da estratificação Percebe a interrogação que gerou. “Sou ame-
serenar. “Mas as pessoas que conheci não estão ça na cabeça dele. O namorado coça-se, não marcada daquela sociedade para a qual muito ricano-marroquino. E o meu país dominou o
revoltadas. Apenas pensam que têm de fazer olha. Na estação de sair, como um autómato, recentemente Jeremiah Moss tem chamado a seu.” Ele continua a falar. “Toda a gente diz
qualquer coisa diferente, porque o que esta- levanta-se e prepara o carrinho para receber atenção no livro Vaninshing New York, How a mal de Trump, mas ele é bom. É firme, é jus-
vam a fazer no contexto económico em que o filho. São duas crianças mais uma e o incó- Great City Lost its Soul. to, diz o que não gostam de ouvir. Precisamos
se encontravam já não funcionava. Os proble- modo da carruagem inteira a fingir que só tem A cidade símbolo da diversidade, o grande de ordem.” Votou nele? “Votei, claro!” Acaba
mas que existem em relação à desigualdade de olhos para os telemóveis. Mentira. Todos rece- porto da imigração nos Estados Unidos, que em por dizer que Peter foi o nome que escolheu
rendimentos, de salários entre trabalhadores beram aquilo como parte deles. Já existia antes. 2021 irá receber 67 milhões de turistas —menos quando chegou à América, o nome árabe tra-
qualificados, tudo isso é realmente poderoso “Mas continua a existir e pior”, salienta Alex estrangeiros e mais nacionais devido, julga-se, zia-lhe “problemas”. E os seus conterrâneos,
e sistémico e penso que muitas pessoas estão McKenzie, assistente social, com trabalho no ao efeito imediato Trump — está, acusa Moss, a o que querem vir? “Quem chega primeiro tem
neste momento a prestar atenção a coisas a Bronx e Yonkers, em bairros pobres a norte fazer coro com outros nova-iorquinos, a expul- de ter privilégios. Isto não dá para todos. É
que antes talvez não dessem importância. Acho de Manhattan. sar essa diversidade que tem sido o seu grande imigrante?”
que as pessoas agora querem entender mais “Estas pessoas dependem de cuidados de pólo, activador da energia criativa que fez dela A pergunta do homem que escolheu cha-
que tipo de frustração pode ter permitido o saúde e de educação que só um Estado social, a grande capital — querem crer os nova-iorqui- mar-se Peter no país de Trump é a de muitos
nascimento de uma administração como a de à maneira do que existe na Europa, ou mes- nos — do mundo ocidental e que agora parece imigrantes que temem que lhes tirem o que
Trump. Acho que o que aconteceu suscitou mo aqui no vizinho Canadá, poderia financiar. transformar-se, gentrificada, na capital de uma eles conquistaram. “É um sintoma comum em
grande curiosidade, muita gente começou a Quando a Administração Trump vem cortar civilização em decadência. Será? sociedades como a nossa, onde se celebra o
interessar-se pelo modo como vivem as pessoas nos impostos aos mais ricos, está a emagrecer Há perguntas que permanecem como ecos. sucesso individual”, diz Alex McKenzie, o as-
com vidas diferentes, olha-se mais à volta em os cofres do Estado e o dinheiro vai faltar a Pessimistas, alarmistas, ouve-se de um lado. sistente social que estudou Sociologia e aponta
relação a outros espectros económicos.” quem está mais desprotegido.” Realistas, escuta-se quem se vê remetido a um o exemplo das comunidades imigrantes em
Resumindo, para Bruder, um ano depois de Bruder não viu o que se passou na linha C subúrbio barato, criminalidade alta, depen- França ou em Inglaterra que votam nos na-
Trump, há maior atenção ao mundo dos ou- do Metro. Não é uma cena rara. Quem anda de dência de drogas a subir, apesar de o emprego cionalistas.
tros. O mundo da adolescente que segura ao co- metro — o tal metro que ameaça colapsar em nunca ter estado tão baixo. A nível nacional há Um ano depois é pouco tempo, diz Alex.
lo um bebé. Ele não terá mais de dois anos. Nova Iorque, velho, com atrasos, avarias, caro, tantos anos. O quanto disto se deve a Trump? O Parece muito tempo, diria Jerry. Entretanto,
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 17

aumenta o número dos que vão para a estrada, pelas semelhanças, a procurarem quem é igual,
afirma Jessica. “Usa-se muito a palavra ‘liberda- é importante que o jornalismo possa ajudar
de’ para qualificar o modo de vida, a escolha, essas pessoas a passar algum tempo com quem
mas é uma escolha de certa maneira imposta, é, de algum modo, diferente delas.”
sistémica.” Como é que eles, os que andam
sobre as rodas, se vêem a si próprios; vítimas, Um famoso com outro famoso
sobreviventes, aventureiros, sonhadores? “So-
nhadores, de certeza.” Ninguém gosta da pa- Agora há um café quente na mesa. Através dos
lavra “homeless” que carrega um estigma, a
palavra que usam é “houseless”.
vidros embaciados, vê-se a neve e o silêncio que
ela traz sempre. São poucos os que passam. En-
Os americanos que estão de luto pelo fim da
“Depois de ter escrito o livro, falei com um
sociólogo que gostaria de ter ouvido antes.
colhidos, quase todos. Ao lado, um homem abre
o jornal. Traz na capa Oprah Winfrey no discur-
era Obama — e chocados com o início da era
Disse-me que sim, fazemos escolhas, mas fa-
zemos essas escolhas dentro de uma selecção
so dos Globos de Ouro na noite anterior. A noite
em que as mulheres se vestiram de negro contra
Trump — fazem há meses terapia colectiva no
limitada, escolhas constrangidas. Por isso, os abusos sexuais. Lê-se que há quem peça que Instagram de Pete Souza, o fotógrafo oficial do
quando muitas dessas pessoas dizem ‘esco- Oprah se candidate. Vejo-o a abanar a cabeça.
lhi isto’, a escolha tem que ver com a mani- Pergunto o que acha. “Acho que quem acha que ex-Presidente democrata. Agora, puseram o seu
festação da autonomia, ter uma razão para se ela se deve candidatar não percebe nada disto.”
levantarem todas as manhãs e manterem um Porquê? “porque está a tentar combater um fa- novo livro no topo de vendas
certo controlo sobre as suas vidas. Foi isso que moso com outro famoso, talvez mais competen-
escolheram.” te, mas o que sabe ela de administrar um país?”
Jessica esteve três anos a fazer esse trabalho No país do culto da personalidade, quem tem Por Bárbara Reis
em vários estados. Como eles trabalhou nos êxito pessoal pode chegar ao comando do país.
armazéns da Amazon, a grande empregadora Foi isso que Trump, para já, mostrou. Há quem

Nostalgia por
deste tipo de população, flutuante. A empresa lamente que os democratas não avancem com
de Jeff Bezos criou até uma campanha para os alternativa, que os republicanos se mantenham
atrair, a Campforce. Dá-lhes trabalho na época mais ou menos silenciados por Trump, como
alta de encomendas, três/quatro meses antes quem espera que alguma coisa aconteça. Todos

Obama torna livro


do Natal. Mais uma pergunta para Jennifer: co- os dias acontece um tweet que faz barulho. É a
mo é que este tipo de jornalismo pode ajudar a vida normal há um ano.
entender o que se passa, por exemplo, no inte- E como vai Nova Iorque?, pergunta para ou-
rior de um país como os EUA, tão distante dos tra nova-iorquina. Chegou do meio da neve
centros de decisão? “A mim ajudou-me muito. para partilhar um café. O que se nota neste
Admiro um grande número de jornalistas que
fazem esse tipo de trabalho, de imersão; acho
que é um jornalismo de empatia e de compre-
ano um de Trump? Ela faz uma pausa. Olha a
rua como quem procura sinais, não aquelas
de que falam os comentadores políticos, os de Pete Souza
um blockbuster
ensão e de compaixão. Quase sempre, o que se especialistas que parecem ter-se enganado há
aprende na estrada é que o que une as pessoas um ano. Procura a vida normal. “Nova Iorque
é muito mais do que aquilo que as divide. Que- é uma cidade muito mais deprimida.”
bra o preconceito. Admiro Ted Cornover [autor Linda Schwaub, assim se chama, tem 48 anos
do livro Newjack, Guarding Sing Sing] em que e limita a sua resposta à geografia onde vive e co-

inesperado
ele foi guarda prisional de Sing Sing durante nhece melhor. Movimenta-se no mundo da arte,
um ano. Provavelmente eu tinha alguns este- da cultura, dos restaurantes de luxo. Viaja para o
reótipos na minha cabeça sobre as pessoas que estrangeiro. Trabalha como consultora de arte,
acabam por ser guardas prisionais. Depois de decora apartamentos na área da grande metró-
ler o livro de Ted, acho que fui capaz de olhar pole, com gente que não conta tostões e maiorita-
para essas pessoas com compaixão e ver os riamente até votou em Hillary Clinton. Como ela.

E
matizes das suas vidas.” “Votei na Senhora Clinton convictamente. Não m tempos extraordinários, Unido pela Allen Jane, da Penguin Books) já ti-
Foi isso que se propôs. É isso que propõe por a achar a melhor solução para o país, mas rótulos extraordinárias. Pete nha vendido 200 mil exemplares quando ainda
que faça o espectro que olha pela janela do porque o adversário nem sequer contava para Souza, que foi o principal faltava uma semana para o Natal. Nessa altura,
comboio entre Washington DC e Nova Iorque. este campeonato. Era o que eu achava”, diz en- fotógrafo de Barack Obama a Amazon ficou sem stock, criou uma “janela”
Que olhe e imagine como será viver ali. Como quanto encolhe os ombros e esbugalha os olhos durante oito anos na Casa no site para informar que só aceitaria novas
será ter Trump Presidente, como será cortar numa incredulidade já tantas vezes remoída. Branca, tornou-se uma pílula encomendas quando o livro voltasse a “estar
e enfrentar o trânsito, a agressão da cidade, “Além disso, sou democrata, acredito nos antidepressiva para a América disponível” e criou listas de espera internacio-
beber a energia que ela tem, ouvir as razões princípios da igualdade de direitos, do direito que vive em sobressalto com nais. Neste momento, no site da Little, ainda
da diferença. à diferença; revoltam-me o racismo, a clivagem a nova realidade política. há um comunicado oficial dirigido aos leito-
“Sou mais uma contadora de histórias do que social... Pertenço a um grupo que tem sofrido e Ao fim do primeiro ano de Donald Trump no res, que diz isto: “Estamos encantados com o
uma activista, mas se houver algum activismo parece que vai continuar a sofrer. O Presidente poder, as saudades do ex-Presidente democrata entusiasmo pelo incrível livro de Pete Souza.
no que faço... talvez seja passar a mensagem, é tem instigado discursos xenófobos. Sou uma tornaram aquilo que poderia ter sido apenas Esta procura sem precedentes fez com que este
muito fácil ter estereótipos.” Numa sociedade negra em Nova Iorque, mas pelo menos sou mais um livro de fotografia num inesperado tenha sido o livro do Hachette Book Group que
tão polarizada em que se promove o encontro uma negra em Nova Iorque. Uma privilegiada. blockbuster. mais vendeu num só dia na Amazon em toda a
virtual entre semelhantes ideológicos e se for- Se tudo correr mal, posso pagar uma viagem Lançado a 7 de Novembro, Obama: An In- história. [...] Estamos a trabalhar para além do
talece uma rede em que as pessoas só se dão para sair daqui. Passou só um ano, mas os si- timate Portrait (editado nos EUA pela Little, normal para conseguir pôr mais livros nas lojas
com quem gosta delas, e a só se encontrarem nais são os que todos os dias lemos e ouvimos.” Brown, do Hachette Book Group, e no Reino o mais rapidamente possível.” c
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18 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

James Warren, do Poynter Institute, um pres- Livre acesso na Casa Branca tados Unidos” e por isso não tem tempo para of Boulder Church para o grande auditório do
tigiado centro norte-americano de reflexão e No elevador depois da tomada de falar com os media. teatro da cidade.
estudo sobre jornalismo, analisou o fenóme- posse a 21.01.09 (pág. anterior); Não é totalmente falso. A sua agenda pública O próximo show — a palavra usada por alguns
no editorial de Obama: An Intimate Portrait e na véspera, a caminho da festa impressiona. Nos últimos dias, Souza esgotou dos teatros para descrever estas palestras — é a 3
atribuiu a Pete Souza uma faceta não-humana: oficial (nesta pág.); num jogo de os bilhetes em Los Angeles para duas sessões de Fevereiro, no Teatro Paramount de Austin, no
com o seu novo livro, o fotojornalista tornou-se basquetebol de Sasha em 2011; de apresentação do livro, das 7h45 às 9h15, e à Texas. Aqui, o “bilhete VIP” custa 76 dólares (cos-
“um veículo de duas pernas para a nostalgia Halloween de 2015, e a ouvir noite, na sala do histórico Wilshire Ebell Thea- tuma ser 60), mas dá direito a “conhecer e cumpri-
instantânea por Obama”. Thelma McNair, cuja filha foi tre; três dias depois esgotou o grande auditório mentar Pete Souza”, ter o seu autógrafo e tirar uma
Ninguém na Penguin quis comentar ao PÚ- morta num atentado racista em do Teatro Ikeda, em Phoenix, Arizona; e esta fotografia com o autor. Antes, Souza fez dezenas de
BLICO as razões deste inesperado sucesso. Uma Birmingham em 1963 terça-feira esteve em Boulder, Colorado, onde sessões semelhantes em Washington, Nova Iorque,
assessora de Londres disse que Pete Souza está a procura ultrapassou de tal modo as expecta- Seattle (onde também teve de ser transferido para o
“demasiado ocupado com a digressão nos Es- tivas que a sessão teve de ser mudada da Unity Moore Theatre para responder à procura elevada),
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 19

Sacramento, São Francisco... e na Tate Modern, em


Londres, onde os bilhetes também esgotaram. Obama diz que sido um dos dias mais difíceis dos oito anos na
Casa Branca) e da necessidade de os EUA muda-
rem a legislação sobre o acesso a armas de fogo.
rentes”, diz Tiago Moreira de Sá, investigador
do Instituto Português de Relações Internacio-
nais — Universidade Nova de Lisboa e atento
A luta pela alma da América tem de agradecer Inicialmente, Pete Souza queria seleccio-
nar “100 ou 200 fotografias” das 1,9 milhões
observador da realidade americana actual. “De
um lado, uma América que defende um nacio-
Esta “reminiscência colectiva sobre a vida
antes da era Trump”, como lhe chamou uma
repórter do New York Times, revela uma evi-
a Pete Souza que tirou, mas acabou a publicar mais de 300.
Muitas já são conhecidas — foram sendo dadas
a jornais e agências e publicadas em todo o
nalismo nativista, que tem uma concepção de
uma América essencialmente branca, cristã e
de pessoas de origem europeia, que desconfia
dência: há uma América que está de luto. Pete
Souza, 62 anos, neto de açorianos que emi-
o facto de ter mundo. A visita ao príncipe bebé de roupão; a
reunião inesperada na Sala Oval onde se vêem
das minorias e dos emigrantes, que está muito
ligada ao comunitarismo (a comunidade mais
graram para os EUA no início do século XX
— Obama chama-lhe “o açoriano” —, assumiu
um protagonismo na vida pública americana
“fotografado os apenas sapatos de mulheres; um esboço de um
discurso sobre o Obamacare todo anotado à
mão; a conversa com uma Angela Merkel de
próxima, que é parecida ou igual à sua) e que
sente que os seus valores estão a ser rouba-
dos (religião, respeito, honra, trabalho duro,
pouco habitual para um fotógrafo que, como
nota o ex-Presidente democrata no prefácio
milhões de rostos braços muito abertos; dobrado em ângulo recto
para que um rapaz negro de cinco anos con-
casamento)”, diz ao P2 o professor e autor de
História das Relações Portugal-EUA (1776-2015)
do livro, em oito anos “nunca se tornou parte
da história que as suas fotografias contavam”.
Talvez sem esperar a adesão maciça que
que formam firmasse que o cabelo do Presidente era igual
ao seu. Mas algumas são inéditas. “Para além
de um olho excepcional, Pete tem um talento
(Dom Quixote, 2016).
“E do outro lado há uma América bastante di-
ferente, que defende o internacionalismo, que
acabou por mobilizar, Souza abriu uma con-
ta nova de Instagram a 20 de Janeiro de 2017,
o carácter incrível para se tornar invisível”, escreve Oba-
ma no prefácio, no qual elogia a capacidade do
é uma conjugação de pessoas de várias origens
e religiões, que não distingue protestantes de
o dia em que Trump tomou posse como
Presidente, e começou a publicar fotogra-
fias de Obama com pequenas notas, subtis e
orgulhoso fotógrafo para captar “o espírito, o ambiente e
o significado” dos “momentos”.
No fim da pequena nota, Obama diz que,
católicos ou judeus ou muçulmanos, que olha
para os estrangeiros como uma vantagem para
o país, que inclui brancos, afro-americanos,
irónicas, evidenciando o profundo contras-
te entre o actual e o ex-Presidente. Em pou-
da América “acima de tudo”, tem de agradecer a Pete Sou-
za por uma coisa em particular: o facto de ele
hispânicos e asiáticos, que não desconfia do
estrangeiro, acredita que o país deve envolver-
co tempo, juntou um milhão de seguidores. ter “fotografado os milhões de rostos que for- se no exterior, não acha que o mundo é hostil,
“Agora, sou um cidadão privado e tenho a li- mam o carácter generoso, optimista, diversi- defende políticas de discriminação positiva e
berdade de expressar as minhas opiniões”, disse ficado e orgulhoso da América”. as leis de acção afirmativa, acredita que é uma
numa entrevista à National Public Radio norte- Esta visão sobre os EUA ajuda a explicar o função do Estado proteger as minorias.”
americana. Percebe-se que Souza é um homem sucesso editorial do livro, que fez Souza entrar Esta América foi derrotada e está órfã, con-
prudente. Ninguém o apanha a fazer críticas no circuito dos oradores pop, com sessões pa- clui o investigador. “Não têm ninguém no
explícitas a Donald Trump (“tento ser subtil e gas e esgotadas nos mesmos auditórios onde Partido Democrata que os possa representar
respeitoso”), mas comove-se sempre que fala do Joe Biden, Al Pacino, Neil deGrasse Tyson ou e olham para Obama como alguém que pode
tiroteio na escola primária de Sandy Hook, em Philip Glass dão palestras. É uma visão diame- lutar pela alma desta América.”
Newtown, Connecticut, em que morreram 20 tralmente oposta à de Trump. “Há uma luta por
crianças de seis e sete anos (e que Obama diz ter duas identidades de Américas totalmente dife- breis@publico.pt
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20 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Há sensivelmente 200 anos, a rainha consorte de D. João VI


fez uma avultada compra de peças parisienses no valor de
1.103.709,13 reais, a partir do Brasil. Espreitamos a factura
de 1816 que pertence agora ao espólio do Palácio de Queluz
Por Catarina Lamelas Moura

Carlota foi às compras

Joaquina
(e gastou 15% da despesa do Estado)

J
á de luvas brancas na mão, Inês das peças mais vistosas”, avisa Inês Ferro, “mas por exemplo, são detalhados de forma mais importante historiador brasileiro nascido na
Ferro, directora do Palácio Nacional tem um “potencial enorme” de investigação. viva — há referência aos tipos de materiais, segunda metade do século XIX, descreve Car-
de Queluz, prepara-se para folhear A directora do palácio nota ainda o excelente cortes e cores. “Era interessante conseguir lota Joaquina como “um dos maiores, senão o
uma das mais recentes aquisições ao estado de conservação em que se encontra o fazer corresponder a objectos reais aquilo maior estorvo da vida de Dom João VI”, cujas
espólio: um documento datado a 1816 documento com mais de 200 anos. que vem elencado nesta exaustiva listagem ambições faziam a diplomacia da época “de
onde estão registadas as compras que “Queremos sobretudo sistematizar e de algu- de itens de moda”, de forma a que “as pes- tempo a tempo andar numa roda-viva”.
a rainha Carlota Joaquina fez em Paris, ma forma ilustrar esta listagem, num contexto soas possam ver as tipologias e perceberem “Os traços varonis e grosseiros do seu rosto,
a partir do Rio de Janeiro, onde vivia alargado do que era a silhueta, os adereços, os o que eram os toucados da época, qual era o seu género de preocupações, o seu próprio
em fuga com a família real e corte por- hábitos, os gestos”, indica. Nos próximos me- a linha da indumentária”, refere Inês Ferro. impudor, denotam que em D. Carlota havia
tuguesas desde 1808 — tendo embarcado no ses, o documento será alvo de uma investigação “Do ponto de vista da documentação [este apenas de feminino o invólucro”, escreve em
final do ano anterior, antes da primeira invasão multidisciplinar, com o objectivo de fazer cor- manuscrito] é de um valor incalculável”, co- D. João VI no Brasil. “O traço convencional-
francesa de Portugal. responder as referências às respectivas peças e menta ao PÚBLICO a investigadora Mafalda mente feminino de Dona Carlota era o amor
De barco, chegaram ao Rio de Janeiro oito retratos da época. Deverá culminar com uma Barros, actualmente a desenvolver um dou- das jóias e vestidos, o fraco pelo luxo”, aponta
caixas. Entre largas centenas de peças — cujo publicação dos resultados na linha editorial toramento sobre o legado cultural da rainha ainda, referindo que esta “nunca se resignou
número total ainda não foi contabilizado —, Colecções em Foco, da Parques de Sintra. Carlota Joaquina. “É de todo o interesse ter a ser aquilo para que nascera — uma princesa
contam-se 560 lencinhos de mão, corpetes, im- Antes disso, porém, o público poderá vislum- um conhecimento mais aprofundado das fon- consorte” e que “sentia em si sobeja virilidade
pressionantes vestidos dos mais luxuosos ma- brar a lista de compras da rainha. Ainda não tes primeiras da nossa história porque passa- para ser ela o rei”.
teriais, luvas, cosméticos e peças de joalharia. existem datas ou planos concretos, mas Inês mos muito tempo a ler fontes secundárias que Certo é que a rainha tinha interesses vinca-
Parte das peças vinham compor os enxovais Ferro avança que o documento deverá ser ex- muitas vezes estão contaminadas por visões dos e exercia um poder político activo. Sendo
das princesas Maria Isabel e Maria Francisca posto ainda este ano, à partida no toucador de ideológicas dos seus autores”, acrescenta a ex- a única Bourbon livre — numa altura em que a
de Assis — que iriam casar com dois dos seus Carlota Joaquina — que no Palácio Nacional de vice-presidente Instituto Português do Patri- família real espanhola estava detida em Baiona
tios —, indica a directora do palácio. Para ho- Queluz passou os últimos momentos de vida. mónio Arquitectónico e Arqueológico (actual —, ambicionou tornar-se regente da América
mem, há também dois registos: 144 camisas e Nascida em Espanha, a 1775, Carlota Joaquina Direcção-Geral do Património Cultural). Espanhola. Por outro lado, era uma absolutista
228 pares de meias. de Bourbon — filha do rei espanhol Carlos IV As visões condenatórias e por vezes contradi- ferrenha, que mais tarde viria a apoiar o filho
Ao Palácio de Queluz, o documento che- — chegou com dez anos à corte portuguesa, tórias de Carlota Joaquina são exemplo flagran- D. Miguel na luta entre liberais e absolutistas.
gou no final de Setembro do ano passado. para casar com D. João, que se tornou mais te disso. “Tanto dizem que ela tem traços va- Foi portanto “muito mal tratada pelos liberais.
Foi adquirido através da leiloeira Sotheby’s e tarde príncipe herdeiro aquando da morte do ronis, como depois de certo modo condenam Sobre ela diz-se tudo e mais alguma coisa”,
do antiquário S. J. Phillips, por um valor não irmão primogénito. esse gosto pela moda ou pelas jóias, quando remata Inês Ferro.
divulgado. A faustosa compra da rainha (de O documento permite identificar os gostos isso são leituras feitas em épocas posteriores”,
1.103.709,13 reais) é detalhada em francês e, no da Carlota Joaquina e determinar até que pon- observa a investigadora. Não existe também
Economia de 1816
final, resumida em espanhol pelas 71 páginas to estavam em linha com as correntes euro- falta de fontes que lhe apontem defeitos ao
de um caderno sóbrio de couro marroquino peias da época. Nem todas as peças têm uma aspecto físico, desde a irregularidade das fei- As compras de Carlota Joaquina equivalem de
vermelho, com 22 por 20,5 centímetros. “Não é descrição muito extensiva, mas os vestidos, ções ao formato da cara. Oliveira Lima, um grosso modo a um sétimo da despesa de esta-
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 21


FOTOGRAFIAS: DANIEL ROCHA

Factura à vista mais do que outras. É o caso do vestido


sem preço de 16 mil reais de renda inglesa escolhido por
O documento Carlota Joaquina. A acompanhar a peça vinha
foi comprado um par de mangas compridas e outra de mangas
através da curtas. Não era algo pouco comum, sendo que
leiloeira os próprios corpetes por vezes vinham também
Sotheby’s com duas opções: mais rico ou mais decotado.
e do Em todo o manuscrito não há menção de for-
antiquário necedores ou casas comercias, mas alguns dos
S. J. Phillips termos descritos fazem lembrar termos de ma-
por um rketing contemporâneos. Ora, se as meias super
valor não finas (“superfins”) custavam 65 reais o par, já as
divulgado extra finas (“extrafins”) ficavam por 80 reais.
A encomenda englobava ainda uma série
de outras compras das mais diversas áreas,
inclusive cadernos de música com partituras
em branco, produtos de cosmética e uma “no-
va invenção para escrever em simultâneo um
original e a sua cópia com uma só mão”. Foi
realizada nas vésperas da partida para Espanha
das infantas D. Maria Isabel e Maria Francisca
de Assis para a corte espanhola. “Na iminên-
cia de ter de reunir um determinado número
de objectos que valorizassem a imagem das
infantas que iam ter cargos importantes, a rai-
nha dirige-se a Paris para fazer esta compra”,
explica Inês Ferro.
A própria Carlota Joaquina “durante algum
tempo acalentou o desejo de vir à Europa”
acompanhar as filhas, acrescenta Mafalda
Barros. Acostumada à vivência na corte, esta
do do ano de 1816, de acordo com os cálculos
pedidos pelo P2 ao professor da Universidade
de Lisboa Jaime Reis.
O documento cas portuguesas e as diferentes moedas, apon-
ta que esse valor hoje corresponda a cerca de
24.175 euros.
nunca se conformou com a falta de confortos e
aparato no Rio de Janeiro, indica a investigado-
ra, reforçando que a rainha “não gostava nada
Nos livros de contabilidade do erário régio
consta que nesse ano o Estado gastou cerca
permite Humanizar o discurso
de viver no Brasil”. Só regressou a Portugal,
acompanhada por D. João VI, em 1820.
de 7,5 milhões de reais. O investigador — cuja
principal área de estudo incide sobre a histó-
ria económica de Portugal nos séculos XIX
identificar O estudo dos trajes e artes decorativas é essen-
cial no trabalho de reconstituição da época,
“Em várias cartas escritas do bibliotecário
Luís dos Santos Marrocos ao pai, é possível en-
contrar relatos de que rainha “estava a prepa-
e XX — ressalva, no entanto, que na época o
peso da despesa de Estado sobre a economia
os gostos da explica Inês Ferro. É assim que se consegue
“ilustrar e dar corpo e humanizar um discur-
rar a vinda à Europa”, por volta do ano 1815,
indica a mesma investigadora. Contudo, essa
global do país era bastante menor do que ac-
tualmente.
É possível traçar ainda a comparação com as
Carlota so narrativo”
narrativo e evocar a vivê
acrescenta. “Quando entramos
vivência dos espaços,
entram num palácio co-
mo o Palácio de Queluz, isso i é uma preocu-
ambição era conflituante com os interesses in-
gleses e acabou por retrair o seu apoio.
O inventário que agora ocupa o espólio do
finanças pessoais da população: em média, o
salário diário de um pedreiro era de 600 reais,
Joaquina e pação.” As visitas da manhã
m de crianças
de escola apresentam um exemplo prá-
Palácio Nacional de Queluz fazia parte de uma
colecção privada inglesa. Foi publicado pela
um litro de vinho custava 140 reais e um quilo
de carne de vaca 210 reais.
O equilíbrio das despesa “não fazia parte do
determinar tico: algumas salas ao lado, as turmas
são guiadas por a
tar figuras histór
actores a represen-
históricas da época.
primeira vez no catálogo da exposição The S.J.
Phillips Collection of Jewels of Portugal, organiza-
do pela Sotheby’s, na Casa-Museu Medeiros e
pensamento do antigo regime”, comenta a in-
vestigadora Mafalda Barros. “Naquela altura,
se estavam Umas das conc
conclusões que saltam
à vista, numa leitura
lei inicial do do-
Almeida, em Lisboa, em Maio do ano passado.
Em termos de investigação, o documento dá
as pessoas tinham de ter um certo aparato na
sua apresentação. Fazia parte da representa-
ção”, acrescenta.
em linha cumento, é a influ
francesa tinha, a
A directora do pal
uência que a moda
aponta Inês Ferro.
palácio aponta ainda
pano para mangas. Uma das incógnitas, pelo
menos, já foi descoberta. O signatário da gran-
de factura — que estava descrito no catálogo da
Dos 1.103.709,13 reais da encomenda de
Carlota Joaquina, aproximadamente 168,6
com as para têxteis de val
valor elevado, como
os lamés (tecido com fios de ouro ou pra-
Sotheby’s como baronesa de Ardisson — é, de
acordo com documentos originais revelados
mil reais destinavam-se a encargos como a
comissão de 5% paga ao correspondente em
Paris, seguros, transporte, taxas de alfândega
correntes ta), rendas e bordado
bordados. “Sempre foram
muito valorizados, às vezes quase mais
do que as jóias”, refere.
re
pela investigadora Mafalda Barros, João Bap-
tista Ardisson, um súbdito espanhol enviado
para o Brasil para negociar o casamento das
e correspondência, entre outros.
O professor de História Económica do Ins-
da época As peças aparecem
apar
ora por tip
catalogadas
tipologia (lingerie e
infantas, que no regresso ficou incumbido de
tratar das compras. No final do documento dá o
tituto Superior de Economia e Gestão Nuno luvas), ora por material
luvas) seu aval, assinando “salvo error à omission”.
Valério oferece uma outra análise: tendo por utilizado (renda e se-
utili
base o índice de preços das estatísticas históri- da). Algumas saltam
da catarina.moura@publico.pt
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22 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018


RICK NEDERSTIGT/EPA
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 23

Obituário Genial, polémico, excessivo,


machista, mediático, Paul Bocuse deixa o
seu nome gravado para sempre na história
da cozinha francesa. Morreu aos 91 anos
Por Alexandra Prado Coelho

Paul Bocuse (1926-2018)


“Monsieur
Paul era
a França” BETTMANN ARCHIVE/GETTY IMAGES

P
aul Bocuse teria gostado Guerra Mundial, foi gravemente ferido e teve
de ouvir os obituários que que levar uma transfusão de sangue num
sobre ele foram escritos hospital militar norte-americano, o que o
e as palavras que foram deixou com uma dívida de gratidão para com
ditas após o anúncio da sua os Estados Unidos. Em 1956 voltou para, ao
morte, ontem, aos 91 anos, lado do pai, Georges, trabalhar no restaurante
na mesma localidade onde da família, onde em 58 conquistou a primeira
nasceu, em Collonges-au- estrela (a segunda surgiu em 62 e a terceira
Mont-d’Or, perto de Lyon. em 65). Em 1975, o então Presidente francês
Todos os artigos recuperaram as Valéry Giscard d’Estaing distinguiu-o com a
expressões que, ao longo de décadas, vieram Legião de Honra.
a definir aquele que é considerado um dos Nas décadas seguintes abriu mais de 20
maiores chefs da cozinha francesa: “Papa da restaurantes em vários pontos do mundo,
gastronomia”, “Leão de Lyon”, “Cozinheiro entre os quais um, Les Chefs de France, no
do século”, ou, simplesmente “Monsieur parque temático Epcot, na Florida, e outro
Paul”. Christophe Marguin, restaurador de na Disneylândia de Paris, inspirado no filme
Lyon, resumiu assim o que sentia: “Para Ratatouille, o Bistrot Chez Rémy.
mim, Deus morreu.” “Monsieur Paul era Criou também, em Lyon, em 1987, o
a França”, declarou o ministro francês do concurso Bocuse d’Or, uma competição
Interior, Gerard Collomb. “Simplicidade e entre equipas de cozinheiros de todo o
generosidade. Excelência e arte de viver.” mundo que têm de apresentar elaboradas
Os franceses são, como se sabe, composições perante claques que as
profundamente orgulhosos da sua cozinha aplaudem como se estivessem num estádio
e para muitos Paul Bocuse, que há mais de trabalho nada tinha a ver com a imagem relações com duas outras mulheres, de futebol. Em 90, inaugurou a escola
meio século mantinha as suas três estrelas de pratos com pouca comida e outros Raymonde Carlut e Patricia Zizza), em 1976 Instituto Paul Bocuse, em Ecully.
Michelin no restaurante L’Auberge du Pont estereótipos que ficaram ligados àquele disse à revista People que “as mulheres são Nos últimos anos, já sofrendo de
de Collonges (conquistou a terceira em 1965), movimento que revolucionou a cozinha boas cozinheiras, mas não boas chefs”. problemas de saúde, não aparecia em
era o expoente máximo desse orgulho. francesa e mundial, dando uma nova No entanto, Bocuse era de uma cidade público, embora continuasse a receber
Egocêntrico, por vezes excessivo, outras atenção aos produtos frescos e reduzindo onde, em determinado momento da história, admiradores e amigos na sua casa. O seu
polémico, tornou-se famoso não apenas pelo a presença excessiva de molhos e técnicas as mulheres dominavam o mundo da filho Jerôme é o seu herdeiro no mundo da
seu talento como cozinheiro, mas também que marcara as gerações anteriores cozinha — eram as famosas “mães de Lyon”, gastronomia, dirigindo o Bocuse d’Or e o
pela forma como geriu a sua carreira e se de cozinheiros, inspirados ainda pelos e o jovem Paul formou-se com uma delas, restaurante de Epcot.
tornou mediático numa época em que isso ensinamentos de Escoffier. Eugénie Brazier, La Mére Brazier, a primeira O nome de Paul Bocuse “resumia a
não era tão habitual como hoje no universo Muito antes de os chefs se tornarem mulher a conquistar três estrelas Michelin. gastronomia francesa na sua generosidade,
da gastronomia. marcas comerciais, Bocuse fê-lo “de uma A sua grande referência, toda a vida, foi, respeito pelas tradições, mas também na sua
Foi, na década de 70, um dos rostos forma que escandalizou os tradicionalistas”, contudo, um homem, que considerava o seu inventividade”, disse o Presidente francês
principais da nouvelle cuisine — um termo recorda o The Washington Post. Acusado mestre: o chef Fernand Point, com quem Emmanuel Macron, num comunicado
usado pela primeira vez pela revista Gault frequentemente de ser machista (era trabalhou no restaurante Le Pyramide, em divulgado ontem. “Os chefs choram nas suas
& Millau, que viria a considerá-lo “Chef do também polígamo, mantendo em Vienne, a sul de Lyon. cozinhas, no Eliseu e por toda a França.”
Século” — embora mais tarde se definisse simultâneo, para além do casamento com Nasceu em 1926, numa família ligada à
como “clássico” e sublinhasse que o seu Raymonde Duvert, longas e assumidas restauração e à hotelaria. Combateu na II apc@publico.pt
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24 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Media&Tecnologia

Televisão Tecnologia
A bitcoin
Toda a gente fuma pela voz
dos donos
High Maintenance começou por ser porque estavam contratualmente
Marco Vaza uma web series em 2012, produzida em obrigados a fazê-lo. E o “The Guy”,
modo crowdfunding para o serviço de na série, vive no mesmo prédio e no João Pedro Pereira
“Comédias passadas em Nova Ior- partilha de vídeos Vimeo. “A melhor mesmo andar que a ex-mulher, que
que” é todo um género televisivo que série que não se vê na televisão”, era vive com a namorada. Esta semana arrancou com a bitcoin
dá para tudo — e nada, como era Sein- assim que era promovida nesses tem- “Isto obrigou-nos a confrontar e as restantes criptomoedas (são mais
feld. Sexo e a Cidade era exactamente pos em que cada episódio custava mil muitas coisas e lidar com elas de de mil) a cair abruptamente. O preço
o que o título prometia — sexo na ci- dólares, antes de passar para as mãos uma forma madura. Se não tivésse- da bitcoin chegou a descer para me-
dade. Táxi sobre táxis e taxistas, 30 do gigante do cabo e rei da televisão mos esta série, sabe-se lá como é que nos de dez mil dólares, cerca de me-
Rock era mais “meta” e falava sobre de prestígio, a HBO. Aumentou a visi- isto teria corrido”, questiona Katja tade do pico atingido no ano passa-
os bastidores de uma comédia televi- bilidade, aumentaram os orçamentos, Blichfeld numa entrevista conjunta do, antes de recuperar parcialmente
siva. Faltava uma comédia sobre um aumentou também a visibilidade do à Time Out com o ex-marido. “Talvez As discussões (a volatilidade é enorme; quando ler
gajo barbudo que anda de bicicleta elenco — já não eram só os amigos dos de forma mais tradicional”, respon- online dão um este texto, é possível que o cenário
em Brooklyn. Nada mais “hipster”, criadores —, mas, na essência, ficou deu Sinclair. “O que é a mesma coi- vislumbre do seja diferente).
certo? Talvez. Mas High Maintenance, na mesma, mini-retratos (vários por sa que dizer que teria corrido bem medo, dúvidas A queda levou muitos a afirmar
cuja segunda temporada se estreou episódio) de nova-iorquinos, que, por pior. Quem sabe? A verdade é que, e confiança que é o início do fim da bolha (“A
na madrugada de sexta para sába- uma razão ou por outra, têm o “The de uma forma bizarra e interessante, inabalável bitcoin acaba de rebentar?”, ques-
do no TVSéries (às 4h da manhã), é Guy” na lista de contactos. Entra- preservou a nossa relação e isso é que povoam tionou a agência Bloomberg num
ainda mais hipster que isso: é sobre mos brevemente na casa deles e nas fixe”, acrescenta Blichfeld. Ambos o mundo título, sem dar uma resposta con-
um gajo barbudo que anda de bici- vidas deles, eles compram, fumam trabalharam juntos 70 horas por se- caótico das clusiva). Os defensores das cripto-
cleta em Brooklyn e que vende erva (ou não), e seguimos o gajo da bar- mana e vivem perto um do outro no criptomoedas moedas apressaram-se a lembrar
ao domicílio. ba a pedalar até ao cliente seguinte. mesmo bairro em Nova Iorque, com que já houve descidas no passado e
Comédia sobre marijuana já foi feito. Quando dizemos que High Main- as suas vidas pessoais resolvidas. que os preços acabaram sempre por
Muito bem, como foi Erva, sobre uma tenance não tem um arco narrativo, Há algo a que High Maintenan- recuperar. As discussões online dão
mãe solteira traficante nas “little bo- não é bem verdade, porque a série ce não escapa, que é a referência à um vislumbre do mundo caótico do
xes” dos subúrbios, e muito mal, como transporta, em certa medida, o cres- eleição de Donald Trump. É assim investimento em criptomoedas: há
está a ser Disjointed, comédia falhada cimento pessoal dos seus criadores, que começa o primeiro episódio da dúvidas e medo, confiança aparente-
da Netflix sobre venda de marijuana Ben Sinclair (que é o “The Guy) e Ka- segunda temporada. O “The Guy” mente inabalável e, pelo meio, vários
para uso medicinal, mas com inegável tja Blichfeld, ele então um actor com está a dormir com a namorada, acor- conselhos de investimento.
sentido de oportunidade, porque está pouco trabalho (que só conseguia da, olha para o telemóvel e tem uma “Perdi os meus fundos para a uni-
é uma discussão que ocorre um pouco emprego a fazer de sem-abrigo), ela data de mensagens de clientes. Não versidade nesta queda de preço.
por todo o mundo, Portugal incluído. uma directora de casting com uma há qualquer referência a Trump, Não vou conseguir pagar o próximo
High Maintenance é um bocadinho di- agenda de contactos de centenas de mas deve ter sido exactamente assim semestre se o preço não recuperar,
ferente. Não é sobre charrados nem actores à espera de uma oportunida- que aconteceu a todos os gajos que mas estou confiante de que isso vai
sobre narcotráfico. E não tem propria- de. Eram um casal e foram um casal vendem erva: na manhã seguinte, a acontecer. Até lá, não vou conseguir
mente um arco narrativo forte para até ao dia das eleições norte-ameri- acordar para um novo mundo, muita dormir :)”, desabafou um investidor
além do homem sem nome — “The canas em 2016. Separaram-se, ela gente deve ter precisado de fumar no popular fórum Reddit, onde a bi-
Guy” — que anda de bicicleta a ven- assumiu-se como lésbica, mas con- um charro. tcoin é um dos temas discutidos até
der erva porta a porta. É sobre pes- tinuaram a trabalhar juntos — em à exaustão. Foi criticado por ter apli-
soas, que por acaso também fumam. primeira instância, reconheceram, mvaza@publico.pt cado dinheiro que não se podia dar
DR ao luxo de perder.

A segunda Há também quem se insurja contra


quem avisa para uma possível bolha:
“A beleza de gritar ‘bolha’ é que se
temporada pode sempre estar certo. Algumas
pessoas falam da mania das tulipas [a
de High primeira bolha financeira, no século
XVII] porque faz com que pareça que

Maintenance sabem do que estão a falar. Os preços


sobem? ‘Nah, é uma bolha!’. Os pre-
ços descem? ‘Vêem, é uma bolha!’”
estreou-se E também não falta quem aconse-
lhe a não vender, custe o que custar

neste sábado (uma prática que na comunidade das


criptomoedas ganhou um termo pró-
prio: hodl, uma adaptação da palavra
no TVSéries inglesa hold, que significa “aguentar”
ou “manter”). “O único conselho que
tenho para os novatos é aceitarem a
vossa primeira queda, porque não
vai ser fácil”, escreveu um investidor,
que disse acreditar que o preço che-
gará um dia aos 100 mil dólares.

jppereira@publico.pt
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 25

Semana de lazer

Música LISBOA Coliseu dos Recreios


Dia 25 de Janeiro, às 21h30.
Um toque francês FIGUEIRA DA FOZ Centro de
Os palcos portugueses preparam-se para receber, pela primeira vez, a Artes e Espectáculos
cantora e compositora (e ex-modelo e ex-primeira dama francesa) Carla Dia 26 de Janeiro, às 21h30.
Bruni. Vem apresentar French Touch (2017), o primeiro disco em quatro anos PORTO Coliseu
(o último foi Little French Songs) e o sexto desde que se lançou musicalmente Dia 27 de Janeiro, às 21h30.
em 2002 com Quelqu’un m’a Dit. O novo álbum é uma colecção de versões Bilhetes de 25€ a 70€
minimalistas e jazzísticas de temas favoritos da cantora, com lugar para
Depeche Mode, Rolling Stones, Patsy Cline, Abba, AC/DC e muitos outros.
lazer@publico.pt

Teatro renome, todos de formação


tradicional — dois violinos, uma

Tanizaki viola e um violoncelo — mas


carácter inovador. Um dos mais
aguardados é o norte-americano

representado JACK Quartet, que interpreta,


em estreia absoluta, uma obra
encomendada pela Gulbenkian
a Andreia Pinto Correia e, às
O colectivo-sensação holandês De
escuras, uma peça de Friedrich
Warme Winkel volta a propor um
Dança Haas. Os outros participantes são
trabalho baseado num único autor,
na senda das “peças-obra” que
Capitães à margem o David Oistrakh String Quartet,
que inclui o premiado Andrey
desenvolveu, por exemplo, em torno Na Fábrica das Artes do CCB, Baranov; o Artemis Quartett, em
do compositor Wolfgang Amadeus espaço de espectáculos “para digressão mundial com música
Mozart ou do poeta russo Vladimir todas as infâncias”, estreia-se um de Mozart e Bartók; o Quatuor
Mayakovsky. Desta vez, mergulha sobre uma questão sensível. O Arod, com repertório recente de
na obra de Junichiro Tanizaki (1886- sentido coreográfico de Victor Benjamin Attahir; o Elias String
1965), um dos maiores vultos da Hugo Pontes, a especialidade Quartet, a braços com pautas
literatura japonesa. Com encenação documental do teatro de Joana de Schubert e Bartók no âmbito
Craveiro e a música de Marco do projecto After Beethoven;
de Jetse Batelaan e música de
Castro e Igor Domingues (Throes e o Chiaroscuro Quartet,
Makiko Goto, Tanizaki traça um + The Shine) juntam-se em especialista na interpretação em
“retrato mordaz e necessariamente Margem. Baseia-se nos Capitães instrumentos de época.
pessimista da sociedade ocidental, da Areia de Jorge Amado, para LISBOA F. Calouste Gulbenkian
revelando uma forma quase abordar, à luz da actualidade e De 27 a 29 de Janeiro. Sábado, às
pornográfica da existência humana em trabalho directo com jovens, 15h, 18h e 21h; domingo, às 15h e
que desgasta e desencanta o tema que percorre o romance 18h; segunda, às 21h.
o mundo”. escrito há mais de 80 anos: a Bilhetes a 12€ (concerto)
marginalização das crianças. e 40€ (passe)
“Interessa-me sobretudo
questionar quem são os novos
capitães de areia – explica
Pontes –, inspirando-me na
realidade social destas crianças,
e consciente de que nem sempre
há finais felizes”.
LISBOA Centro Cultural de Belém
De 27 de Janeiro a 1 de Fevereiro.
Sábado, às 21h; domingo, às 16h;
terça a quinta, às 11h.
Bilhetes de 3,50€ a 6€ Música
A guitarra de Kelly
Scott Kelly, vocalista e guitarrista
dos experimentalistas Neurosis
(entre muitos outros projectos),
exibe a solo uma sonoridade
distinta da que praticava na
banda: a sua melhor amiga é a
guitarra acústica — o que não
implica menos peso. É nesta
condição que regressa a Portugal,
Música pronto a revisitar os seus três
Quatro vezes seis álbuns a solo (Spirit Bound Flesh,
The Wake e The Forgiven Ghost in
LISBOA A Gulbenkian estabelece Me) e a mostrar temas inéditos.
Maria Matos Teatro uma parceria com a Biennale LISBOA Sabotage Club
Municipal de Quatuors à Cordes de la Dia 26 de Janeiro, às 22h30.
Dias 26 e 27 de Philharmonie de Paris para fazer Bilhetes a 12€
Janeiro, às 21h30. o seu Festival dos Quartetos PORTO Teatro Rivoli
Bilhetes de Cordas. Em três dias, dá Dia 27 de Janeiro, às 23h.
de 7€ a 14€ a escutar seis grupos de Bilhetes a 5€
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26 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Dia de ficar

Cloud Atlas
CINEMA Os mais vistos da TV RTP1 12,4% Hollywood, 22h
Sexta-feira, 19 Dos aclamados realizadores Lana
A Ponte dos Espiões
SIC, 16h55 A Herdeira
% Aud. Share
TVI 13,8 28,6
RTP2 1,5 e Andy Wachowski (saga Matrix) e
Tom Tykwer (Corre, Lola, Corre),
Com realização do veterano
Steven Spielberg, um thriller
Paixão SIC 11,8 24,4 SIC 17,0 um épico inspirado no best-seller
do escritor inglês David Mitchell.
TVI
Jornal das 8 TVI 10,8 23,1
político que se baseia em eventos
reais ocorridos durante a década
Televisão Telejornal RTP1 9,2 20,1 20,8 Uma história de amor que se
desdobra em vários lugares no
Cabo
lazer@publico.pt Espelho D'Água SIC 8,9 23,7
de 1960, hoje conhecido por
FONTE: CAEM
35,9 tempo, durante um período
“incidente do avião U-2”. A 1 de de 500 anos. Personagens
Maio de 1960, um U-2 (avião de conhecem-se, separam-se e
reconhecimento norte-americano) RTP 1 16.30 Um Pai Natal Para Esquecer FOX voltam a reunir-se em vários
sobrevoava o território soviético 6.00 As Horas Extraordinárias 6.30 18.05 Vizinhos Espiões 19.55 13.14 Hawai Força Especial 17.28 ciclos de nascimento e morte.
quando é atingido pelo inimigo. Espaço Zig Zag 8.00 Bom Dia Portugal Underworld: Guerras de Sangue 21.30 Velocidade Furiosa - Ligação Tóquio Todas as suas acções e escolhas se
Francis Gary Powers, o piloto, Fim de Semana 10.30 Eucaristia Collide - A Alta Velocidade 23.10 19.24 Velozes e Furiosos 21.20 interligam e vão ter implicações
consegue sobreviver ao saltar de Dominical 11.32 Paraíso Verde 12.07 Fragmentado 1.15 A Lagosta 3.10 A Velocidade Furiosa 6 23.34 Blindspot no passado, presente e futuro.
pára-quedas mas é capturado e Pacífico: A Estrada Austral 13.00 Jornal Criada 0.25 Blindspot 1.12 MacGyver Uma alma é moldada a partir de
feito prisioneiro. A sua captura da Tarde 14.23 Sociedade Recreativa um assassino e transformada em
transforma-se num problema 15.27 Flash 16.18 As Aventuras de herói. Cada gesto de bondade
de Estado pois, se Powers Tintin: O Segredo do Licorne 18.13 FOX MOVIES FOX LIFE é replicado através dos séculos
ceder, pode revelar informações Sarilhos em Família 19.59 Telejornal 9.25 Nova Iorque 1997 10.58 Robin 13.42 9-1-1 14.24 Favores Arriscados até se tornar em algo inesperado
fundamentais que porão em 21.16 Planeta Azul: Mares Verdes 22.24 Hood: Heróis em Collants 12.37 O 16.02 Em Risco 17.45 Pretty Woman: que pode inspirar revoluções,
causa muitas das estratégias Os Extraordinários 23.45 Gravidade Lutador da Rua 14.06 O Ás Vale Mais Um Sonho de Mulher 19.57 O Segundo independentemente do espaço ou
militares dos EUA. É então que 1.21 Pacífico: A Estrada Austral 3.10 16.07 O Código do Silêncio 17.44 Exótico Hotel Marigold 22.20 Joy do tempo, seja no século XIX ou
James B. Donovan, o advogado Sociedade Recreativa 3.58 Parlamento Olho por Olho (1981) 19.27 47 Ronin - A 0.41 Noiva em Fuga 2.47 Conviction num futuro longínquo. Com Tom
encarregado de defender Grande Batalha Samurai 21.15 Correio 3.30 Conviction 4.14 Conviction 4.58 Hanks, Halle Berry e Hugh Grant.
Rudolf Abel, um espião do KGB de Risco 22.43 Força Explosiva 0.02 Conviction 5.41 Conviction
capturado anos antes pelo FBI, RTP 2 Predador 1.43 O Mafioso 3.20 A
é contactado para negociar a 7.00 Euronews 7.55 Espaço Zig Zag Grande Evasão 3.54 Justiça Vermelha DOCUMENTÁRIO
libertação do piloto em troca 12.59 Voz do Cidadão 13.13 Caminhos DISNEY
da libertação do seu ex-cliente, 13.40 70x7 14.10 À Grande e à Inglesa 15.23 Lab Rats 16.10 K.C. Agente Jóias, Para Que Vos Quero?
a cumprir 30 anos de pena de 14.33 O Circo No Mundo 15.00 CANAL HOLLYWOOD Secreta 16.35 Mickey Mouse - Edição RTP2, 21h01
prisão. Num esforço para fazer Desporto 2 17.03 Vamos à Descoberta 11.00 Missão Quase Impossível 12.30 A Especial 17.03 Entrelaçados: A Série Uma série documental
o que é correcto e cumprir a sua 17.54 A Mentira da Verdade 18.23 Fonte Misteriosa 14.05 Maléfica 15.50 17.26 Acampamento Kikiwaka 17.50 protagonizada por joalheiros,
missão, Donovan vê-se enredado Cuidado com o Batman 18.48 Os Doze Missão Impossível 3 18.00 A Branca de Melhores Amigas Sempre 18.14 K.C. artistas, artesãos e designers
num ambiente de tensão política Trabalhos de Astérix 20.08 E2 - Escola Neve e o Caçador 20.10 Transporter - Agente Secreta 18.37 Lab Rats 19.00 que contribuem com as suas
entre dois pólos inimigos. E ele Superior de Comunicação Social Correio de Risco 3 22.00 Cloud Atlas A Irmã do Meio 20.59 Miraculous - criações para a história da
sabe que qualquer passo em falso 20.35 Madeira Prima 21.01 Jóias, Para 0.55 Dia de Treino 3.00 EuroTrip 4.30 As Aventuras de Ladybug 21.45 K.C. joalharia portuguesa. Neste
pode significar o início de uma Que Vos Quero?Estreia 21.30 Jornal Platoon - Os Bravos do Pelotão Agente Secreta 22.09 Mickey Mouse primeiro episódio, visita-se o
guerra entre duas superpotências 2 22.13 A Agência Clandestina 23.10 - Edição Especial 22.53 Miraculous - As atelier de Teresa Milheiro, com
e a consequente morte de Curso de Cultura Geral 0.06 Il Volo Aventuras de Ladybug quem se compreende que estar
milhares de inocentes. Com Tom - Noite Mágica 1.57 Cinemax 3.06 AXN vivo não é necessariamente o
Hanks, Mark Rylance, Amy Ryan e Portugal 3.0 3.49 Euronews 13.13 S.W.A.T.: Força de Intervenção contrário de estar morto. Por
Alan Alda. 14.02 Peões em Jogo 15.39 O DISCOVERY entre esqueletos debaixo da cama
Náufrago 18.03 Indiana Jones e o 17.20 Tuning Urbano 18.15 Jóias Sobre e asas de insectos asiáticos, uma
Collide - A Alta Velocidade SIC Templo Perdido 20.06 Invencível Rodas 20.05 A Febre do Jade 21.00 incursão ao universo mais punk
TVC1, 21h30 6.05 Uma Aventura 6.45 Espaço (2006) 21.55 As Voltas da Vida 23.49 A Febre do Ouro 22.00 A Febre do da joalharia portuguesa. Como é
Thriller de acção realizado Infantil 10.15 Lua Vermelha 12.15 Vida Chicago Fire 0.34 Chicago Fire 1.17 Ouro: Austrália 23.50 A Febre do Ouro que uma jóia pode romper tabus
por Eran Creevy (Conspiração Selvagem: The Hunt 13.00 Primeiro Perigosa Perseguição 2.41 Castle 3.27 0.40 A Febre do Jade 1.30 A Febre e falar da alienação social?
Explosiva), segundo um Jornal 14.10 Fama Show 15.00 Dentro Como Defender Um Assassino 4.12 do Ouro 3.00 Segredos do Universo
argumento seu e de F. Scott da Tempestade 16.55 A Ponte dos Castle 5.40 As Voltas da Vida Com Morgan Freeman 4.30 Guerra de
Frazier. Depois de um passado Espiões 19.57 Jornal da Noite 21.40 Leilões Canadá 5.00 Misfit Garage MÚSICA
duvidoso ligado ao submundo Supernanny 22.30 Espelho de Água
do crime, Casey Stein (Nicholas 23.45 O Outro Lado do Paraíso AXN BLACK Il Volo - Noite Mágica
Hoult) é hoje um homem novo. 0.55 Parker 3.15 Os Europeus 3.35 14.36 The Runner - Fator de Risco HISTÓRIA RTP2, 0h06
Mas quando descobre que precisa Poderosas 4.15 Televendas 15.59 Jackie Brown 18.29 Fuga 20.34 17.05 O Génio dos Milhões de Dólares A 7 de Julho de 1990, num dos
de uma enorme quantia de Confronto de assassinos 22.00 Duplo 18.25 Leepu & Pitbull 20.38 Génio do templos mais impressionantes
dinheiro para pagar o transplante Confronto 23.35 Os Soldados da Mal 22.45 102 Minutos Que Mudaram da ópera, o Teatro delle Terme
de rim que salvará a vida de TVI Fortuna 1.07 Fuga 3.10 Confronto de os EUA 0.46 A Maldição de Oak Island di Caracalla, em Roma, José
Juliette (Felicity Jones), a mulher 6.40 Detective Maravilhas 8.23 assassinos 4.34 Velas Negras 2.10 Navy Seals 5.08 Génio do Mal Carreras, Plácido Domingo e
que ama, percebe que a única Campeões e Detectives 9.16 O Bando Luciano Pavarotti cantaram
solução é voltar ao activo. É assim dos Quatro 9.58 Querido, Mudei a juntos pela primeira vez, dando
que decide procurar Geran (Ben Casa! 11.12 Missa 12.27 Somos Portugal AXN WHITE ODISSEIA início ao maior projecto de
Kingsley), o traficante de droga - Carregal do Sal 13.00 Jornal da Uma 14.16 Antárctida - Da Sobrevivência 17.42 Através da Objectiva 18.30 Israel música clássica do século: Os
com quem antes trabalhara. O 14.01 Somos Portugal - Carregal do ao Resgate 16.17 Os Passageiros do Selvagem 19.17 A Vida Secreta dos Três Tenores. Vinte seis anos
que lhe é proposto é simples: em Sal 19.58 Jornal das 8 21.14 Masterchef Tempo 17.03 Psych - Agentes Especiais Cangurus 20.05 Impérios do Reino depois, o trio de jovens italianos
troca do dinheiro, tem de ajudar Júnior 23.00 Amor SOS 0.55 Querido, 17.51 Psych - Agentes Especiais 18.35 Animal 20.52 Planeta Azul Selvagem Il Volo prestou uma homenagem
num assalto a um carregamento Mudei a Casa! 1.54 Anjo Meu A Teoria do Big Bang 20.26 Young 21.38 Através da Objectiva 22.26 ao trio, oferecendo a um
pertencente a Hagen (Anthony Sheldon 21.14 A Teoria do Big Bang Resgate na Praia 23.56 Arte Erótica público mais jovem a mesma
Hopkins), um dos mais perigosos TVC1 22.00 A Troca (2010) 23.39 Alfie e as 0.41 O Ponto G, Uma História de Prazer experiência e emoção daquela
mafiosos da zona. Mas, quando 9.15 O Número 10.55 Uma História Mulheres 1.22 Mágoas de Grandeza 1.34 Arte Erótica 2.19 O Ponto G, Uma “noite mágica”. Destaque para
a missão corre mal, não apenas Americana 12.45 Kubo e as Duas 2.08 Família de Acolhimento 2.53 A História de Prazer 3.11 Resgate na Praia a participação de Nicoletta
a sua vida como a de Juliette fica Cordas (V.P.) 14.30 Capitão Fantástico Troca (2010) 4.30 Alfie e as Mulheres 4.46 A Vida Secreta dos Cangurus Mantovani, viúva de Pavarotti, e
ameaçada. de Plácido Domingo.
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 27

Dia de sair

21h05, 23h40; 47 Metros de Terror M16. 18h45 (V.Port./2D); Jumanji: Bem-Vindos Bad Investigate M14. 13h05, 15h55, 18h40, 17h30 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira

CINEMAS 24h; Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos


Jedi M12. 20h30, 23h50; Ferdinando M6.
11h, 13h35, 16h20 (V.Port./2D); Jumanji:
à Selva M12. 13h10, 16h, 18h50, 21h40,
00h25; O Grande Showman M12. 17h50,
20h40, 23h30; Insidious: A Última
21h25, 00h10; Star Wars: Episódio VIII
- Os Últimos Jedi M12. 18h05; Jumanji:
Bem-Vindos à Selva M12. 12h40, 18h10,
da Estrada M16. 13h10, 15h30, 19h25,
21h40; The Commuter - O Passageiro M14.
11h25, 13h30, 15h20, 17h25, 19h30, 21h45
Lisboa Bem-Vindos à Selva M12. 12h45, 15h30, Chave M16. 13h40, 16h15, 19h, 21h50, 20h50, 23h30; Mudbound - As Lamas do Cineplace - Leiria Shopping
18h20, 21h20, 00h15; Insidious: A Última 00h20; Jogo da Alta Roda M16. 12h20, Mississípi M16. 13h40, 17h, 21h10, 00h05; A CC Leiria Shopping, IC2. T. 244826516
Cinema City Alvalade Chave M16. 16h10, 18h10, 21h50, 00h25; A 15h20, 20h55, 23h55; Um Desastre de Hora Mais Negra M12. 12h35, 15h20, 21h15, 47 Metros de Terror M16. 19h50, 21h50;
Av. de Roma, nº 100. T. 218413040 Hora Mais Negra M12. 12h35, 15h20, 18h10, Artista 19h10 ; Mudbound - As Lamas do 24h; Tad e o Segredo do Rei Midas M6. Coco M6. 16h40 (V.Port./2D); A Estrela
Coco M6. 11h15 (V.Port./2D); Paddington 21h; Basmati Blues M12. 12h50, 15h40, Mississípi M16. 12h35, 15h35, 18h35, 21h35, 10h45, 12h50, 15h (V.Port./2D); Três de Natal 14h (V.Port./2D); Paddington
2 M6. 11h05 (V.Port./2D) ; Star Wars: 18h50, 21h40, 00h30; Tad e o Segredo do 00h30; A Hora Mais Negra M12. 13h, 15h50, Cartazes à Beira da Estrada M16. 17h50, 2 M6. 13h10 (V.Port./2D); Star Wars:
Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12. Rei Midas M6. 11h10, 13h10 (V.Port./2D); Três 18h40, 21h30, 00h20; Basmati Blues M12. 20h40, 23h20 (V.Port./2D); Chama-me pelo Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12.
21h10; Ferdinando M6. 11h20 (V.Port./2D); A Cartazes à Beira da Estrada M16. 13h10, 13h20, 16h05, 21h45, 00h20 ; Tad e o Teu Nome M14. 12h30, 15h45, 18h40, 21h35, 21h10; Ferdinando M6. 14h10, 16h30
Partir de Uma História Verdadeira M12. 15h50, 18h40, 21h30, 00h10; The Segredo do Rei Midas M6. 10h30, 12h45, 00h25; The Commuter - O Passageiro M14. (V.Port./2D), 18h50 (V.Port./3D); Jumanji:
17h35; O Grande Showman M12. Commuter - O Passageiro M14. Sala Imax 15h10 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da 12h55, 15h40, 18h20, 21h, 23h40; The Bem-Vindos à Selva M12. 14h, 21h30 (2D),
13h40; Jogo da Alta Roda M16. 17h50; A ? 13h30, 16h30, 19h, 21h30, 00h20; The Estrada M16. 12h30, 15h15, 18h05, 20h50, Commuter - O Passageiro M14. Sala IMAX ? 19h (3D); O Grande Showman M12. 13h40,
Hora Mais Negra M12. 13h30, 15h55, 18h30, Commuter - O Passageiro M14. 13h, 16h, 23h40; Chama-me pelo Teu Nome M14. 12h40, 15h, 17h20, 19h40, 22h, 00h20 18h50 (V.Port./2D); Jogo da Alta Roda M16.
21h30; Tad e o Segredo do Rei Midas M6. 18h30, 21h05, 23h40 12h25, 15h25, 18h20, 21h15, 00h15; The O Cinema da Villa - Cascais 16h, 21h10; Mudbound - As Lamas do
11h10, 15h45 (V.Port./2D); Três Cartazes à Cinemas Nos Vasco da Gama Commuter - O Passageiro M14. 12h40, Avenida Dom Pedro I, Lote 1/2 (CascaisVilla Mississípi M16. 15h40, 18h40, 21h30; A Hora
Beira da Estrada M16. 13h05, 15h20, 19h35, Parque das Nações. T. 16996 15h20, 18h, 21h, 23h45 Shopping Center). T. 215887311 Mais Negra M12. 15h50, 18h40, 21h20; Tad e
21h50; Chama-me pelo Teu Nome M14. Bad Investigate M14. 13h20, 16h20, Só para Ter a Certeza M12. 14h30, 16h40, o Segredo do Rei Midas M6. 13h50, 15h50,
13h20, 16h, 18h40, 21h20 21h40, 00h20; Ferdinando M6. 11h, 19h, 21h20; Ferdinando M6. 11h, 14h, 16h30 17h50 (V.Port./2D); The Commuter - O
Cinema Ideal 13h30, 16h10 (V.Port./2D); Jumanji: Bem-
Amadora (V.Port./2D); O Grande Showman M12. Passageiro M14. 14h40, 17h, 19h20, 21h40
Rua do Loreto, 15/17. T. 210998295 Vindos à Selva M12. 16h, 18h40, 21h30, CinemaCity Alegro Alfragide 19h; Jogo da Alta Roda M16. 21h20; A
Pop Aye M14. 14h; O Amante de Um 00h10; Insidious: A Última Chave M16. C.C. Alegro Alfragide. T. 214221030 Hora Mais Negra M12. 13h50, 16h25,
Dia 17h45; O Quadrado 19h10; Uma Mulher 18h50, 21h50, 00h30; Um Desastre de Bad Investigate M14. 13h10, 15h55, 18h35, 19h, 21h40; Três Cartazes à Beira da
Santarém
Não Chora M16. 15h50, 21h45 Artista 19h20; A Hora Mais Negra M12. 21h40, 00h20; 47 Metros de Terror M16. Estrada M16. 14h10, 16h40, 19h10, Castello Lopes - Santarém
CinemaCity Campo Pequeno 12h50, 15h30, 18h20, 21h10, 23h50; Tad 19h50, 00h15; Coco M6. 11h20, 13h35, 21h40; Uma Mulher Não Chora M16. 14h, Largo Cândido dos Reis. T. 243309340
Centro de Lazer. T. 217981420 e o Segredo do Rei Midas M6. 11h, 13h50 15h40 (V.Port./2D); My Little Pony - A 16h20, 19h10, 21h30 Bad Investigate M14. 13h, 15h40,
Só para Ter a Certeza M12. 19h55; Coco M6. (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da Magia dos Póneis M6. 11h25 (V.Port./2D); A 18h20, 21h20; Coco M6. 11h, 13h30
11h10, 13h30, 15h35 (V.Port./2D); My Little Estrada M16. 13h10, 15h50, 18h30, 21h20, Estrela de Natal 11h15 (V.Port./2D) ; O (V.Port./2D); A Estrela de Natal 11h
Pony - A Magia dos Póneis M6. 11h05 24h; The Commuter - O Passageiro M14. Fim da Inocência M16. 00h25; Wonder
Sintra (V.Port./2D); Ferdinando M6. 11h, 13h50,
(V.Port./2D); A Estrela de Natal 11h10 13h20, 15h20, 18h, 21h, 23h40 - Encantador M12. 20h; Paddington Cinema City Beloura 16h20, 19h (V.Port./2D); Jumanji: Bem-
(V.Port./2D) ; Paddington 2 M6. 11h15 Medeia Monumental 2 M6. 11h15 (V.Port./2D) ; Star Wars: Beloura Shopping, R. Matos Cruzadas, EN 9, Vindos à Selva M12. 15h50, 18h30, 21h10; O
(V.Port./2D); Star Wars: Episódio VIII Av. Praia da Vitória, 72. T. 213142223 Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12. 18h25, Quinta da Beloura II, Linhó. T. 219247643 Grande Showman M12. 21h; Insidious: A
- Os Últimos Jedi M12. 15h30, 18h30, Lego Ninjago - O Filme M6. 10h30 21h25; Ferdinando M6. 11h10, 15h10, 17h30 Só para Ter a Certeza M12. 13h35, Última Chave M16. 21h40; A Hora Mais
00h05; Star Wars: Episódio VIII - Os (V.Port./2D); O Amante de Um (V.Port./2D); Um Ritmo Perfeito 3 M12. 11h20, 19h55; Coco M6. 11h15, 13h35 Negra M12. 16h, 18h40, 21h15; Tad e o
Últimos Jedi M12. 21h30; Ferdinando M6. Dia 13h30, 15h30, 21h45; O Meu Belo Sol 13h15; Jumanji: Bem-Vindos à Selva M12. (V.Port./2D); My Little Pony - A Magia Segredo do Rei Midas M6. 11h, 13h20, 18h
11h25, 15h20, 17h40 (V.Port./2D); Jumanji: Interior 17h30; Barbara M12. 19h30; Roda 13h40, 16h10, 19h, 21h35, 00h05; O dos Póneis M6. 11h20 (V.Port./2D); Roda (V.Port./2D); O Sacrifício de Um Cervo
Bem-Vindos à Selva M12. 13h10, 21h35, Gigante M14. 19h15; A Hora Mais Negra M12. Grande Showman M12. 17h55; Insidious: Gigante M14. 19h20; Star Wars: Sagrado M16. 13h10; The Commuter - O
00h10; O Grande Showman M12. 17h50, 14h15, 16h45, 21h45; Três Cartazes à A Última Chave M16. 22h10, 23h55; Jogo Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12. Passageiro M14. 13h40, 16h10, 18h50, 21h30
21h55; Insidious: A Última Chave M16. Beira da Estrada M16. 14h15, 16h45, 19h15, da Alta Roda M16. 21h15; Um Desastre de 18h25, 21h25; Ferdinando M6. 11h, 13h,
24h; Jogo da Alta Roda M16. 21h10; Um 21h45; Chama-me pelo Teu Nome M14. 14h, Artista 00h30; Mudbound - As Lamas do 15h20, 17h40 (V.Port./2D); O Grande
Desastre de Artista 13h15, 19h20, 16h30, 19h, 21h30 Mississípi M16. 13h15, 16h, 18h45, 21h30, Showman M12. 17h50; Jogo da Alta
Setúbal
00h30; Mudbound - As Lamas do Nimas 00h15; A Hora Mais Negra M12. 13h30, Roda M16. 21h20; Um Desastre de Cinema City Alegro Setúbal
Mississípi M16. 13h10, 15h55, 18h40, 21h25, Av. 5 Outubro, 42B. T. 213574362 16h05, 18h40, 21h20; Tad e o Segredo do Artista 22h; Preciso Casar Contigo Centro Comercial Alegro Setúbal.
00h10; A Hora Mais Negra M12. 13h25, Uma Mulher Não Chora M16. 13h30, 15h30, Rei Midas M6. 11h30, 13h40, 16h20, 17h35 Pá! M12. 20h; Mudbound - As Lamas T. 265239853
16h, 18h45, 21h20, 23h55; Tad e o Segredo 17h35, 19h40, 21h45 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da do Mississípi M16. 13h10, 15h55, 18h30, Bad Investigate M14. 13h20, 16h, 18h40,
do Rei Midas M6. 11h40, 13h35, 15h30, UCI Cinemas - El Corte Inglés Estrada M16. 13h05, 15h20, 19h30, 21h45, 21h15; A Hora Mais Negra M12. 13h30, 21h20, 24h; 47 Metros de Terror M16.
17h25 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da Av. Ant. Aug. Aguiar, 31. 00h10; Chama-me pelo Teu Nome M14. 16h10, 18h45, 21h30; Basmati Blues M12. 17h35, 00h10; Coco M6. 11h30, 13h45,
Estrada M16. 13h45, 16h10, 18h50, 21h40, Bad Investigate M14. 13h45, 16h20, 13h10, 15h50, 18h30, 21h10, 23h50; The 11h10, 13h15, 15h20, 17h25, 21h45; Tad e o 16h20 (V.Port./2D); My Little Pony - A
00h05; The Commuter - O Passageiro M14. 21h45, 00h20; Só para Ter a Certeza M12. Commuter - O Passageiro M14. 13h25, Segredo do Rei Midas M6. 11h35, 13h30, Magia dos Póneis M6. 11h05 (V.Port./2D)
11h15, 13h20, 15h25, 17h40, 19h45, 21h50 16h15, 21h45; O Espírito da Festa M12. 15h30, 17h40, 19h45, 21h50, 00h10 15h30, 17h25 (V.Port./2D); Três Cartazes à ; A Estrela de Natal 11h10 (V.Port./2D)
Cinemas Nos Alvaláxia 18h55; O Quadrado 18h40; Wonder - UCI Dolce Vita Tejo Beira da Estrada M16. 13h35, 16h, 19h30, ; Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos
Estádio José Alvalade. T. 16996 Encantador M12. 16h25, 21h35; O Meu Estrada Nacional 249/1, Venteira. 21h50; The Commuter - O Passageiro M14. Jedi M12. 13h10, 16h10, 19h10, 21h10,
Man Down - A Guerra M16. 19h20; Bad Belo Sol Interior 11h30, 13h50, 19h15, Bad Investigate M14. 13h35, 16h20, 11h20, 13h25, 15h25, 17h30, 19h35, 21h40 00h10; Ferdinando M6. 11h20, 13h10, 15h30,
Investigate M14. 13h15, 16h, 18h45, 21h30; 00h05; Roda Gigante M14. 16h50, 19h15, 21h50; Star Wars: Episódio Castello Lopes - Fórum Sintra 17h50 (V.Port./2D); Jumanji: Bem-Vindos
47 Metros de Terror M16. 22h; Coco M6. 11h, 19h15, 21h35; Ferdinando M6. 11h30, VIII - Os Últimos Jedi M12. 14h, 17h30, Loja 2.21 - Alto do Forte. T. 219184352 à Selva M12. 13h15, 15h50, 18h30, 21h50,
13h30 (V.P./2D) Wonder - Encantador M12. 13h55 (V.Port./2D); Jumanji: Bem- 21h; Ferdinando M6. 11h30, 13h45, Bad Investigate M14. 13h15, 15h50, 18h30, 00h20; O Grande Showman M12. 22h10,
18h30; Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Vindos à Selva M12. 11h30, 14h, 23h55; O 16h20, 18h45, 21h15 (V.Port./2D); Um 21h20; 47 Metros de Terror M16. 16h, 00h25; Insidious: A Última Chave M16.
Jedi M12. 13h35, 16h50, 21h; Ferdinando M6. Grande Showman M12. 19h05, 21h30, Ritmo Perfeito 3 M12. 13h45; Jumanji: 18h; Coco M6. 11h, 13h (V.Port./2D); A Estrela 11h30, 13h35, 15h40, 17h45, 19h50,
11h, 13h50, 16h20, 18h50 (V.P./2D); Jumanji: 24h; Suburbicon M16. 13h30, 19h10; Jogo Bem-Vindos à Selva M12. 13h45, 16h20, de Natal 11h (V.Port./2D); Paddington 21h55, 00h30; Jogo da Alta Roda M16.
Bem-Vindos à Selva M12. 13h10, 15h50, da Alta Roda M16. 11h30, 14h20, 18h, 21h10, 19h, 21h40; O Grande Showman M12. 2 M6. 11h, 13h05 (V.Port./2D); Star Wars: 21h25, 00h15; Preciso Casar Contigo
21h10; Jumanji: Bem-Vindos à Selva M12. 00h15; Um Desastre de Artista 21h50, 16h35, 19h05, 21h30; Insidious: A Última Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12. Pá! M12. 20h; A Hora Mais Negra M12.
17h, 20h45 O Grande Showman M12. 21h45; 00h10; Preciso Casar Contigo Pá! M12. Chave M16. 16h50, 19h25, 21h50; Jogo da 21h05; Ferdinando M6. 11h, 13h20, 15h40, 19h, 21h35; Tad e o Segredo do Rei
Insidious: A Última Chave M16. 14h, 16h30, 11h30, 13h45; Mudbound - As Lamas Alta Roda M16. 18h35, 21h30; Um Desastre 18h10 (V.Port./2D); Jumanji: Bem-Vindos à Midas M6. 11h40, 13h50, 15h45, 17h40
19h, 21h40; Mudbound - As Lamas do do Mississípi M16. 11h30, 14h25, 18h20, de Artista 21h45; Preciso Casar Contigo Selva M12. 15h50, 18h20, 21h40; Insidious: (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da
Mississípi M16. 14h30, 17h30, 21h; A Hora 21h20, 00h10; A Hora Mais Negra M12. Pá! M12. 14h10; A Hora Mais Negra M12. A Última Chave M16. 17h05, 19h20, Estrada M16. 13h05, 15h20, 19h25, 21h40,
Mais Negra M12. 11h30, 14h20, 17h20, 21h35; 13h35, 16h20, 19h, 21h40, 00h20; Tad e o 13h30, 16h15, 19h, 21h40; Tad e o Segredo 21h35; Jogo da Alta Roda M16. 12h50; A Hora 00h05; The Commuter - O Passageiro M14.
Basmati Blues M12. 14h10, 16h40, 21h50; Segredo do Rei Midas M6. 11h30, 13h40, do Rei Midas M6. 11h30, 14h, 16h30, Mais Negra M12. 15h30, 18h15, 21h10; Tad 13h40, 15h45, 17h50, 19h55, 22h, 00h15
Tad e o Segredo do Rei Midas M6. 11h15, 16h (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da 19h10 (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira e o Segredo do Rei Midas M6. 11h, 13h,
13h20, 15h30, 17h40 (V.P./2D) Três Cartazes Estrada M16. 11h30, 14h05, 16h40, 19h10, da Estrada M16. 13h50, 16h40, 19h20, 15h (V.Port./2D); Três Cartazes à Beira da
à Beira da Estrada M16. 13h25, 16h05, 18h40, 21h40, 00h10; O Sacrifício de Um Cervo 21h50; The Commuter - O Passageiro M14. Estrada M16. 21h15; The Commuter - O
Albufeira
21h25; The Commuter - O Passageiro M14. Sagrado M16. 18h55, 00h15; Chama-me 14h05, 16h25, 19h, 21h35 Passageiro M14. 13h10, 15h40, 18h40, 21h30 Cineplace - AlgarveShopping
11h15, 13h40, 16h10, 18h55, 21h20 pelo Teu Nome M14. 11h30, 14h30, 18h15, Estrada Nacional 125 - Vale Verde.
Cinemas Nos Amoreiras 21h15, 00h05; Uma Mulher Não Chora M16. Bad Investigate M14. 14h, 16h30, 19h,
Av. Eng. Duarte Pacheco. T. 16996 11h30, 14h10, 16h35, 19h05, 21h30,
Cascais Leiria 21h30; 47 Metros de Terror M16. 14h,
Só para Ter a Certeza M12. 18h; 23h55; The Commuter - O Passageiro M14. Cinemas Nos CascaiShopping Cinema City Leiria 22h; Coco M6. 16h20 (V.Port./2D); Star
Ferdinando M6. 10h50, 13h, 15h50 11h30, 13h55, 16h30, 19h, 21h25, 24h; Star CascaiShopping-EN 9. T. 16996 Rua Dr. Virgílio Vieira Cunha. Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12.
(V.Port./2D); Jogo da Alta Roda M16. 20h50, Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12. T. 244845071 16h, 19h; Ferdinando M6. 12h40, 15h,
23h50; Um Desastre de Artista 18h40, 16h05, 21h45 Mudbound - As
Mudboun Bad Investigate M14. 13h30, 16h10, 17h20 (V.Port./2D); Jumanji: Bem-Vindos
21h50, 00h20; Mudbound - As Lamas Lamas do Miss
Mississípi 18h50, 21h30; 47 Metros de Terror M16. à Selva M12. 14h10, 16h40, 21h40 (2D),
do Mississípi M16. 12h40, 15h30, 18h20, 11h20, 17h50, 19h50, 22h; Coco M6. 19h10 (3D); O Grande Showman M12.
21h10, 24h; A Hora Mais Negra M12. 12h50,
Almada 11h20, 13h35 (V.Port./2D); A Estrela de 19h10; Insidious: A Última Chave M16.
15h40, 18h30, 21h20, 00h10; Três Cartazes Cinemas Nos Almada Fórum Natal 11h15 (V.Port./2D) ; Star Wars: 19h40, 21h50; Jogo da Alta Roda M16.
à Beira da Estrada M16. 13h30, 16h20, Estr. Caminho Municipal, 1011. T. 16996 Episódio VIII - Os Últimos Jedi M12. 11h40, 18h20, 21h10; Mudbound - As Lamas do
18h50, 21h40, 00h20; Chama-me pelo Bad Investigate M14. 12h50, 15h40, 15h40; Ferdinando M6. 11h10, 15h20, Mississípi M16. 13h30, 16h20, 21h30; A Hora
Teu Nome M14. 12h30, 15h20, 18h10, 21h, 18h30, 21h20, 00h10; Só para Ter a 17h40, 20h (V.Port./2D); Jumanji: Bem- Mais Negra M12. 13h40, 18h40, 21h20; Tad
23h50; Uma Mulher Não Chora M16. 13h20, Certeza M12. 18h25; 47 Metros de Vindos à Selva M12. 16h, 18h30, 21h35; O e o Segredo do Rei Midas M6. 12h40,
16h10, 19h, 21h30, 00h10 Terror M16. 22h, 00h15; Coco M6. 10h45, Grande Showman M12. 21h50; Insidious: 14h30, 16h20 (V.Port./2D); Três Cartazes à
Cinemas Nos Colombo 13h50 (V.Port./2D); Star Wars: Episódio A Última Chave M16. 13h15, 22h10; Jogo Beira da Estrada M16. 13h50, 16h20, 18h50,
Av. Lusíada. T. 16996 VIII - Os Últimos Jedi M12. 17h15, 20h45, da Alta Roda M16. 18h40; Tad e o Segredo 21h20; The Commuter - O Passageiro M14.
Bad Investigate M14. 13h, 16h, 18h30, 24h; Ferdinando M6. 11h, 13h30, 16h10, do Rei Midas M6. 11h30, 13h25, 15h35, 14h40, 17h, 19h20, 21h40
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28 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Jogos

POLICIÁRIO1381 LUÍS PESSOA FARMÁCIAS


Nova época à vista! Lisboa - Serviço Permanente
Romano Baptista (Junto à Av. de Berlim) -
Rua Passos Manuel, 6-10 - Tel. 213570593
No começo de mais um ano, enquanto POLICIÁRIO DE BOLSO Barreto (Encarnação) - Rua do Loreto, 30

Desafios aguardamos o início da época de


competições, que ocorrerá no próximo
Um blogue feito a partir de Santarém
pela Detective Jeremias que,
- Tel. 213427284 Bela Vista (Marvila) - Av.
República da Bulgária, Lote 12, Loja C - Tel.

José Paulo Viana e Cristina Sampaio dia 4 de Fevereiro, tendo como “tiro recordamos, acabou de se sagrar 218682241 Sete Rios (Sete Rios) - Estrada
de partida” a publicação do primeiro campeã nacional 2017, depois de uma das Laranjeiras, 202-B - Tel. 217264841
desafio, vamos fazer o ponto da situação recuperação notável. Por este blogue
daquilo que todos os confrades poderão passa a divulgação de alguma da imensa Outras Localidades - Serviço Permanente
encontrar no que ao Policiário diz obra do mestre Manuel Constantino Alandroal - Santiago Maior , Alandroalense

Depósitos de água respeito: um autêntico “monstro sagrado” do


policiário, com muitas décadas de
Albufeira - Albufeira Alcácer do Sal
- Alcacerense Alcobaça - Campeão
CORREIO POLICIAL actividade, como produtor de enigmas, Alcochete - Cavaquinha , Póvoas
Dois depósitos destinados ao armazenamento de combustíveis estão (Samouco) Alcoutim - Caimoto Alenquer
Secção publicada no semanário regional ensaísta e estudioso de todo o fenómeno
ligados por duas tubagens independentes. Enquanto se aguarda que Correio do Ribatejo, que se publica em - Catarino Aljustrel - Pereira Almada -
policial, nacional e internacional. Tem
entrem em funções, foram parcialmente cheios de água. Santarém, a cidade capital do Ribatejo, uma vasta obra publicada na APP – Magalhães Herd. Almodôvar - Ramos Alter
O depósito da esquerda tem agora 24000 litros de água e o da direita que sempre tem o seu nome associado a Associação Policiária Portuguesa, de que do Chão - Alter , Portugal (Chança) Alvito
48000. grandes vultos e acontecimentos ligados - Nobre Sobrinho Amadora - Carmele
foi um dos principais artífices.
Para se fazer a manutenção das tubagens, todos os dias à mesma hora se ao policial. Sete de Espadas, natural , Jardim Arraiolos - Vieira Arronches -
Com uma vida muito preenchida, quer
da Chamusca, Manuel Constantino, Batista , Esperança (Esperança/Arronches)
faz circular por uma das tubagens 20% da água que está no depósito da no campo pessoal quer profissional,
de Almeirim, Inspector Aranha, da Arruda dos Vinhos - Da Misericórdia Avis
esquerda para o da direita, e pela outra tubagem envia-se 25% da água do sempre dedicou muito do seu tempo
própria cidade, são nomes e figuras - Nova de Aviz Azambuja - Nova , Peralta
depósito da direita para o da esquerda. livre ao policial, um dos seus grandes
bem conhecidas do meio policial. Para (Alcoentre), Ferreira Camilo (Manique do
Daqui a 30 dias quantos litros de água haverá em cada depósito? amores. Foi alvo de uma homenagem Intendente) Barrancos - Barranquense
além de problemas policiários e outros que lhe foi prestada na sua terra,
desafios, há um espaço muito importante Beja - Fonseca Belmonte - Costa , Central
Almeirim, promovida pela “tribo” (Caria) Bombarral - Franca Borba -
para a divulgação de contos policiais, policiária, que deixou uma marca Central Cadaval - Misericórdia Caldas da
com destaque para alguns de autores indelével em todos os que tiveram Rainha - Perdigão Campo Maior - Campo
bem representativos. o privilégio de estarem presentes e Maior Cascais - Do Rosário , Silveira São
Espaço gerido por um dos “monstros ouvirem da sua boca um emocionado Domingos de Rana (S. Domingos de Rana)
sagrados” do Policiário, o confrade agradecimento pelo modo como a Castelo Branco - Morgado Duarte Castelo
Inspector Aranha (d.cabral@sapo. maioria das pessoas do Policiário sempre de Vide - Roque Castro Verde - Alentejana
pt), sempre nos lugares cimeiros das o tratou. Covilhã - Santana (Boidobra) Cuba - Da
competições policiárias e divulgador Isso e tudo o mais que ficou por dizer, Misericórdia Elvas - Moutta Estremoz -
por excelência de tudo o que apresenta pode (deve) ser visto e lido em http:// Costa Évora - Branco Ferreira do Alentejo
elevado valor em matéria policial. policiariodebolso.blogspot.pt. - Salgado Fronteira - Vaz (Cabeço de Vide)
O Correio Policial é, cada vez mais, um Fundão - Diamantino Gavião - Mendes
espaço de leitura obrigatória! POLICIARISMO (Belver) , Gavião Grândola - Pablo Idanha-
Um blogue especialmente dirigido a-Nova - Andrade (Idanha A Nova) Lagoa
CRIME PÚBLICO - José Maceta Lagos - Telo Loulé - Silveira
à memória do Policiário que por cá
É o blogue que está associado a esta Algarve , Pinto, Maria Paula (Quarteira)
se fez desde sempre. São memórias
nossa secção, servindo de seu suporte, Loures - Santo António dos Cavaleiros ,
de convívios, de competições, de
no sentido de fornecer informação Ribeiro Soares (Urb. Quinta do Castelo)
problemas, de toda uma forma de
atempada, que uma secção semanal com Lourinhã - Correia Mendes (Moita dos
viver o Policiário como actividade
limitações temporais e de espaço, não Ferreiros) , Leal (Rio Tinto) Mafra - Barros
de múltiplas facetas, em que a
permite. Por lá passam as classificações, (Igreja Nova) , Falcão (Vila Franca do
O desafio proposto na semana passada foi o seguinte camaradagem e a formação de gerações
com registo das pontuações obtidas Rosário) Marvão - Roque Pinto Mértola
de jovens, muito jovens mesmo,
2018 Depois da vírgula em cada prova e todas as restantes
informações quanto aos confrontos da
enquanto pessoas, assume papel
relevante. Com alguma regularidade,
- Pancada Monchique - Higya Monforte
- Jardim Montijo - União Mutualista Mora
Taça de Portugal. Digamos que é um elo - Canelas Pais (Cabeção) , Falcão, Central
vão aparecendo curiosidades que
“O Nuno quer encontrar um quadrada é 5000,2018959. prioritário de contacto com o Mundo (Pavia) Moura - Nataniel Pedro Mourão -
Policiário. reavivam memórias passadas e
número inteiro tal que a sua raiz O número encontrado é enorme. Central Nazaré - Silvério , Maria Orlanda
O êxito da nossa grande noite policiária, vividas, ou apenas vagamente lidas em
quadrada tenha como primeiros Deve haver outros antes dele. Para (Sitio da Nazaré) Nisa - Ferreira Pinto
na passagem do ano, com divulgação publicações que já não existem. Uma
Óbidos - Vital (Amoreira/Óbidos) , Senhora
algarismos depois da vírgula os descobrir o menor deles, vamos em directo dos diversos vencedores, viagem que pode ser acompanhada em
da Ajuda (Gaeiras), Oliveira Oeiras - Sacoor
dígitos 2018. usar uma folha de cálculo e alguma foi a cereja no topo do bolo! Uma noite http://policiarismo.blogspot.pt.
Forum Oleiros - Martins Gonçalves
Vamos ajudá-lo? Encontra um astúcia. inesquecível com muitos milhares (Estreito - Oleiros) , Garcia Guerra, Xavier
número desses. Na primeira coluna colocamos de visualizações, que deu uma O DESAFIO DOS ENIGMAS Gomes (Orvalho-Oleiros) Olhão - Progresso
No jornal “Audiência Grande Porto”
Agora, um pouco mais difícil e, os valores de P (até 1000, por demonstração clara da sua enorme Ourique - Nova (Garvão) , Ouriquense
vitalidade e utilidade. podemos seguir a secção que o Palmela - Tavares de Matos (Pinhal Novo)
talvez, com a ajuda da tecnologia: exemplo). confrade Inspector Boavida mantém.
O Crime Público está em http://blogs. Penamacor - Melo Peniche - Higiénica
Qual é o menor número natural cuja Na segunda coluna a diferença Há boa competição, muito interesse e
publico.pt/policiario. Ponte de Sor - Varela Dias Portalegre
raiz quadrada apresenta 2018 logo entre as partes inteiras dos iniciativas importantes na agitação do - Nova Portel - Misericordia Portimão -
após a vírgula?” quadrados de P+0,2019 e de CLUBE DE DETECTIVES nosso meio policiário. “O Desafio dos Amparo Proença-a-Nova - Roda , Daniel
Vamos ver uma maneira de P+0,2018. É o sítio de autoria do confrade Enigmas”, assim se chama a secção, de Matos (Sobreira Formosa) Redondo -
encontrar um número N nas int[(P+0,2019)2] - int[(P+0,2018)2] Daniel Falcão, confrade de Braga, que promoveu um torneio e um concurso Xavier da Cunha Reguengos de Monsaraz
condições pedidas. disponibiliza imensa informação, quer de contos – Um Caso Policial em Gaia - Paulitos Santiago do Cacém - Corte Real
Seja P a parte inteira da sua raiz A maior parte das vezes, isto dá do andamento das competições, quer -, que tiveram assinalado êxito e foram São Brás de Alportel - São Brás Seixal - Do
dos problemas publicados e respectivas por nós amplamente divulgados. O Vale Serpa - Central Sertã - Lima da Silva ,
quadrada, ou seja, a raiz quadrada 0, ou seja, não há nenhum inteiro
soluções. Funciona, ainda, como um endereço postal é Audiência GP/O Farinha (Cernache do Bonjardim) Sesimbra
de N é P+0,2018... N que satisfaça a condição do Desafio dos Enigmas, Rua do Mourato, - da Cotovia Setúbal - Louro , Rodrigues
enorme “arquivo” onde cabe quase tudo
Calculemos agora a diferença enunciado. 70-A, 9600-224 Ribeira Seca RG – São Ferreira Silves - Algarve , Cruz de Portugal,
o que ao policiário diz respeito.
entre os quadrados de P+0,2019 Se aparecer um 1, está encontrado Para além do espaço reservado à Miguel – Açores. Sousa Coelho Sines - Monteiro Telhada
e P+0,2018, e depois igualemos o valor de P. Basta agora calcular o actividade do nosso confrade, um dos (Porto Covo) , Central Sintra - Neves ,
a 1 (para garantirmos que há quadrado de P+0,2018 e arredondar mais premiados, se não o mais premiado, LOCAL DO CRIME Rodrigues Garcia (Agualva), Claro Russo
um número inteiro entre estes para o inteiro seguinte. com vários títulos de campeão nacional, O blogue LOCAL DO CRIME, em http:// (Mercês) Sobral Monte Agraço - Costa
taças de Portugal, Policiarista do Ano localdocrime.blogspot.pt, retomou o Sousel - Mendes Dordio (Cano) , Andrade
quadrados). O menor de todo é para P=42.
e n.º 1 do ranking, merece destaque a seu funcionamento após prolongada Tavira - Félix Franco Torres Vedras - do
(P+0,2019)2 - (P+0,2018)2 = 1 O quadrado de 42,2018 é 1780,99, Choupal Vendas Novas - Santos Monteiro
bibliografia disponível e vasto material ausência, como caixa-de-ressonância
logo N=1781, cuja raiz quadrada é Viana do Alentejo - Nova Vidigueira -
da AHPPP. Neste momento decorre (assim o seu autor gosta de referir)
Simplificando, vem: 42,20189569. da secção O DESAFIO DOS ENIGMAS. Pulido Suc. Vila de Rei - Silva Domingos
a justíssima acção de homenagem ao
0,0002P = 1,00004037 Por curiosidade, indiquemos os nosso mestre Sete de Espadas, com a Mais um local de estacionamento Vila Franca de Xira - Nova Alverca Vila Real
P = 5000,20185 valores seguintes. obrigatório, quando procuramos de Santo António - Carmo Vila Velha de
publicação de SETE problemas de sua
Elevando este número ao quadrado, P=99, N=9841 Rodão - Pinto Vila Viçosa - Torrinha Alvito
autoria, publicados a partir de 1947, coisas de Policiário e que merece,
- Baronia Montemor-o-Novo - Sepúlveda
obtemos 25002018,5407. P=151, N=22862 como noticiámos na passada semana. naturalmente, uma visita, para além da
Redondo - Alentejo
Logo, N = 25002019. A sua raiz P=203, N=41291. Tudo isto e muito mais, está acessível em divulgação que vamos fazendo das suas
http://clubededetectives.pt. iniciativas.
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 29

Jogos

CRUZADAS 10.137 SUDOKU TEMPO PARA HOJE


HORIZONTAIS: 1. Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa. Transgressão
Problema
de preceito religioso. 2 - Prodigiosa 8048
civilização pré-colombiana que habitava
na América Central. Pequenino (Bras.). Dificuldade: Viana do Bragança
3 - Grupo de vinte. Aperta com nó. 4 - Castelo 7º 15º
Canto em louvor da Pátria. Deus do Amor
Fácil 9º 15º
Braga
entre os Gregos. 5 - Avantesma. 6 - Cálcio
(s.q.). Interjeição utilizada para chamar a 8º 16º Vila Real
atenção ou para cumprimentar. Idónea. 7 -
Abreviatura de et cetera. Governa. Crómio Solução do 14º Porto 8º 14º
(s.q.). 8 - Caminhos. Jean-Paul (...), escritor problema 8046
10º 16º
e filósofo francês (1905-1980). 9 - Reúne.
Que não é imaginário. 10 - Pôr data em. Viseu
Pau de bandeira. 11 - Pateta (gíria). Limpar 7º 14º Guarda
1,5-2m Aveiro
com areia, cinza, etc. 7º 10º
VERTICAIS: 1 - Comissão do Mercado 11º 17º
de Valores Mobiliários. Gramínea Penha
cerealífera. 2 - Progenitor. Cansar. 3 - Douradas
Traço contínuo. Missiva. 4 - Espécie de Coimbra 5º 9º
verdete que se forma sobre o bronze 11º 16º
antigo. Transpirar. 5 - Perceber por meio Castelo
de qualquer dos sentidos. Redução de Branco
para. 6 - Hora canónica, que se canta ou Leiria 5º 18º
recita antes das vésperas (corresponde Problema 9º 16º
às 15 horas). Agência Espacial Europeia.
7 - Ave pernalta corredora. História longa 8049
e muito movimentada. Hectare (símbolo). Solução do problema anterior Dificuldade: Santarém
8 - Numeração romana (101). Encravar. HORIZONTAIS: 1 - Alas. Afasta. 2 - Farofa. Birr. 3 - Ecoar. Caber. Portalegre
9 - Monte localizado na Turquia onde, 4 - Ir. Macadame. 5 - TER. CARA. PA. 6 - Ema. SER. 7 - Ego. Foca. Muito difícil 11º 18º
8º 15º
segundo o livro do Génesis, encalhou 8 - Are. PE. Hino. 9 - Im. SANTO. Ar. 10 - Par. Roupeta. 11 - Orada.
a Arca de Noé. Trabalho original. 10 - Menor. Lisboa
Expressão. Anarquista. 11 - Terceira divisão 11º 17º
do estômago dos ruminantes. Tornar a ler. VERTICAIS: 1 - Afeito. Aipo. 2 - Lacre. Ermar. 3 - Aro. Rege. Ra. Solução do
4 - Soam. Mo. 5 - FRACA. PARA. 6 - Aa. Ca. Feno. 7 - Carão. Tum. problema 8047 Setúbal
Depois do problema resolvido 8 - Abada. Chope. 9 - Siba. Sai. EN. 10 - Trempe. Nato. 11 - Arrear. Orar.
encontre o título de um filme com 10º 18º Évora
Daniel Day-Lewis (2 palavras). PROVÉRBIO: Ter fraca cara para ser santo. 9º 17º
AMANHÃ

CRUZADAS BRANCAS 15º Sines


10º 15º
Beja
9º 17º

HORIZONTAIS 1. Escorrer.
Parcela. 2. Curso de água 1,5-2m
natural, mais ou menos © Alastair Chisholm 2008 and www.indigopuzzles.com
caudaloso. Narrativa ou
Sagres
acontecimento terrível e Faro
comovente. 3. As regiões
superiores da atmosfera. DESCUBRA AS 8 DIFERENÇAS 11º 16º
10º 19º
Estender ao comprido. 4. 16º
Nivelar. Baixio. 5. Comprimir, 0,5-1m
apertar para extrair um líquido.
6. Vazio. Grande massa de água Açores
salgada. Virtude. 7. Máquina Corvo
para pesar. 8. Contr. da prep.
Graciosa
em com o art. def. os. Aparelhar Terceira
(o cavalo). 9. Junto. Grande ave Flores
S. Jorge 16º 18º
galinácea. 10. Escassez. Grande 15º 18º
porção. 11. Que é feito de
cobre, de bronze ou de arame. 17º 18º
Pico
Elegante.
VERTICAIS 1. Da natureza do Faial
2-3m
éter. Semente do cafezeiro. 2.
Taberna (pop.). Número que é 16º 18º
3-4m S. Miguel
divisível por dois. 3. Eriçado.
Arroz com casca (Índia). 4. Ter 16º 18º
tonturas. Limite ou intersecção Ponta
de linhas (Geom.). 5. Contr. 18º Delgada
da prep. a com o art. def. o. 1-2m
Aquilo que se remete. 6. Senão,
dificuldade. 7. A valer. Graceja. 9. Tatu, Bolero. 10. Ema, Gerar. 11. Maré, Marujo.
Madeira Sta Maria

8. Irisar. Destituir. 9. Variedade Oirar, Ponto. 5. Ao, Remessa. 6. Mas. 7. Deveras, Ri. 8. Iriar, Depor.
de porco doméstico. Dança VERTICAIS: 1. Etéreo, Café. 2. Tasco, Par. 3. Crespo, Nele. 4. Porto Santo
espanhola a três tempos. 10. 15º 19º
Ave pernalta corredora que se Selar. 9. Apenso, Peru. 10. Falta, Ror. 11. Éreo, Airoso. 18º
assemelha à avestruz. Procriar. Rasar, Vau. 5. Espremer. 6. Oco, Mar, Bem. 7. Pesadora. 8. Nos,
11. Movimento periódico do nível HORIZONTAIS: 1. Escoar, Item. 2. Rio, Drama. 3. Éter, Deitar. 4.
das águas do mar. Marinheiro. Solução Funchal
1,5-2m
1m 19º 16º 22º

XADREZ Sol
Nascente 07h51
Lua Crescente

Poente 17h45 24 Jan. 22h20


E. Iriarte
1956
(As brancas ganham) Marés
Leixões Cascais Faro

Preia-mar 17h37 3,0 17h13 3,0 17h17 2,9


05h55* 3,2 05h31* 3,2 05h35* 3,1

1–0
Baixa-mar 11h27 0,7 11h02 0,9 10h53 0,8
4.c6 Rd6 5.e7! Rxe7 6.c7 Rd7 7.c8=D+ Rxc8 8.g8=D
23h38 0,9 23h11 1,0 23h03 0,9
[3...Rxe6 4.g8=D+]
[3...Rxc5 4.Rg6]
1.g6! Cc7 2.g7 Ce8 3.c5+! Re7 A pega do carrinho; Uma estrela; A boca do senhor. Fonte: www.AccuWeather.com *de amanhã
Solução: Soluções: O cartaz; O cabelo da senhora; A perna da mesa; A mala; A boca da senhora;
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30 • Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018

Estar bem

Malucos da corrida?

De footing passou Correr. Tão simples e acessível, Local de corrida atividade física em grupo, como tantas pessoas agora fisicamente
tão natural e, no entanto, antes do Múltiplas escolhas possíveis (%) a competição e o desafio da auto- ativas. A ocorrência de eventos
a jogging... de mera
25 de Abril, as provas de corrida superação. Mas há mais: graves de natureza cardíaca
corrida passou-se à apenas tinham permissão oficial Rio 1 A crescente sensibilização em pessoas que praticam
moda do running. se fossem organizadas pelo Inatel, Pista 3 da população para as questões corrida é muito reduzida,
Ministério da Educação, Exército da saúde e bem-estar e para os quando comparada com outras
A prática de corrida Estádio 4
ou Federação Portuguesa de efeitos benéficos do exercício atividades do dia-a-dia e,
recreativa popularizou- Atletismo. O objetivo de todas elas
Casa 5 (nomeadamente, na gestão de sobretudo, quando contrastada
-se em Portugal, sendo era a competição pura e simples, Praia 6 peso); com o “risco” de melhorias
ou seja, o apurar dos melhores. Parque 14 O efeito agregador e motivador marcantes na saúde e bem-estar.
hoje uma das atividades
As provas oficiais principais dos grupos formais e informais Como problemas, sobram assim
físicas mais praticadas. resumiam-se a corridas na clássica
Trilho 17 de corrida, cada vez em maior para análise as “mazelas do
São mesmo um grupo pista de 400 metros no Verão e Ginásio 30 número; corredor” e o que estas podem
provas de corta-mato e estrada Rua 58 A oportunidade de “correr representar para o abandono
de “malucos” todos estes
no Inverno. Na década de 1960, por uma causa” (para lembrar precoce da prática.
corredores? as provas nacionais de maratona uma efeméride, angariar fundos, No domínio das lesões
não registavam mais do que meia Participou numa prova/evento? celebrar a superação de uma do corredor, importa referir
dúzia de intervenientes e pairava o Nos últimos 12 meses doença); que estas são, sobretudo, de
Pedro Teixeira,
“fantasma” de que as corridas com O marketing associado à corrida, “sobrecarga” e quando existe
Paulo Beckert mais de dez quilómetros eram não só apelando à participação em uma inadequada adaptação dos
e Mário Machado pouco saudáveis. A maratona
Sim
eventos, mas também à compra músculos, tendões, ossos ou
chegou mesmo a ser considerada de equipamento, tecnologia e cartilagens às cargas de treino.
21%
uma prova desumana! outros produtos e serviços (p.ex., Com frequência identifica-se, na
A partir de 1975, a liberdade profissionais de exercício físico prática clínica, que os corredores
chegou também às corridas e a especializados no treino da corrida lesionados têm volumes de treino
pioneira Meia Maratona da Nazaré para “não-atletas”). elevados e metodologias de
demonstrou que pessoas de A corrida é uma verdadeira treino inadequadas. As lesões
todas as idades e níveis de prática história de sucesso na promoção apresentam-se com um quadro
desportiva podiam facilmente Não da atividade física em Portugal, clínico de dor progressiva,
correr 21 quilómetros. O país
vivia uma onda de entusiasmo e
79% pese embora não resulte de
uma estratégia ou de políticas
localizada, e que, numa primeira
fase, não são limitativas da
o aparecimento das chamadas especificamente desenhadas para prática mas que, com o passar do
“provas abertas” disparou por esse efeito. Importa aprender tempo e a persistência da corrida,
todo o país e foi um dos segredos Com quem corre habitualmente? com este exemplo. Mas importa levam à paragem da atividade.
do crescimento desta atividade Múltiplas escolhas possíveis (%) também, para além de atrair novos Por vezes, podem mesmo causar
nas décadas de 80 e 90. Hoje, participantes, preservar tanto alterações dos tecidos que se
temos centenas de corridas Grupo de corrida a motivação como a saúde dos tornam crónicas e prolongam o
abertas todos os anos e, em 2017, 13 actuais corredores. tempo de inatividade.
decorreram 53 provas com mais Família Como vimos antes, o corredor É fundamental que o
de mil corredores a conseguir 14 médio ultrapassa claramente praticante, para além de
terminá-las. Amigos as recomendações para a respeitar as regras e orientações
Desde então, a massificação 23 saúde (150 minutos ou mais de na administração de cargas
da prática de corrida acentuou- Sozinho atividade física moderada numa (planos de treino adequados à
se, sendo hoje a terceira forma 73 semana), algo que apenas um condição e capacidade), saiba
Pedro Teixeira, professor da de atividade física mais popular quarto da população em geral identificar os sinais que o corpo
Faculdade de Motricidade dos portugueses com mais de 14 consegue. Sabemos também que vai dando, nomeadamente
Humana, Universidade de anos. Cerca de 15% dos adultos Corre habitualmente fora de portas? a prevalência da obesidade nos a dor. Para além disso, pode
Lisboa, e diretor do Programa portugueses reporta correr Em ambiente natural corredores recreativos é cerca ser útil envolver profissionais
Nacional para a Promoção da “regularmente” e 11% indica que de 6%, versus 22% na população. de exercício físico, para um
Atividade Física, Direção-Geral corre, por semana, pelo menos Finalmente, é bem provável que correto planeamento do treino,
da Saúde. duas vezes, 60 ou mais minutos no estes “atletas”, ao terem passado e profissionais de saúde, de
Paulo Beckert, médico total. O praticante médio corre 3 a a treinar regularmente, adotem preferência com formação
de Medicina Desportiva 4 vezes, durante 3 horas no total, Não também outros comportamentos específica na área da medicina
e de Medicina Fisica e de percorrendo 20 quilómetros por 32% saudáveis, como melhor desportiva, quando existe dor
Reabilitaçao. Unidade de Saúde semana. alimentação e menor consumo persistente e suspeita de lesão.
e Performance da Federação Serão várias as razões deste de tabaco e álcool, o que significa A corrida recreativa parece
Portuguesa de Futebol; Clínica fenómeno, como a generalização melhorias substanciais nos custos estar para ficar e os benefícios
CUF Alvalade. das oportunidades para correr para o sistema de saúde. para a saúde da população
Mário Machado, diretor da em passeios marítimos/fluviais, Sim
Assim, os badalados largamente superam os
revista Spiridon e organizador passadiços e trilhos cada vez mais riscos da prática de corrida, riscos. Venham, por isso, mais
de eventos de corrida atraentes, bem como os muitos 68% nomeadamente em distâncias praticantes e que a “maluquice”
eventos e “corridas populares” superiores a dez quilómetros, se resuma a saber apreciar uma
Os autores seguem o novo de todos os tipos, que valorizam devem sempre ser considerados vida fisicamente activa, por
Fonte: PÚBLICO
Acordo Ortográfico tanto a participação e o prazer da à luz dos benefícios de existirem muitos anos.
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Público • Domingo, 21 de Janeiro de 2018 • 31

Crónica

As redes sociais são fantásticas.


As redes sociais são perigosas

U
m destes dias,
vi na minha
colectivo abafa a racionalidade
dos argumentos. As redes ridículos. São fantásticas porque
nos emocionam, quando, por
timeline no
Twitter algo
As redes sociais são
fantásticas porque sociais são exemplo, vemos discursos
como os de Oprah Winfrey
que dizia o democratizaram o espaço contra o racismo e o assédio ou
seguinte: público. Já não é apenas uma elite perigosas intervenções como a de Anderson
“Coisas que tem voz. E muitas vezes é lá Cooper a contestar a posição
Por Hugo Daniel que não
existiam em 2003: Facebook,
que se denunciam as mentiras, a
manipulação, as notícias falsas.
porque racista de Trump sobre o Haiti e
outros países pobres.
Sousa Twitter, iPhone, iPad, (...),
Spotify, Dropbox, Instagram,
E foi também lá que nasceram
vários movimentos de indignação
destapam As redes sociais são perigosas
porque destapam e amplificam o
Snapchat, WhatsApp...” A
lista era longa e incluía várias
colectiva, justos e necessários.
As redes sociais são perigosas
e amplificam que de pior o ser humano tem.
As redes sociais são
aplicações e redes sociais que
hoje fazem parte do nosso dia-
porque ajudaram pessoas como
Donald Trump a chegar ao poder,
o que de fantásticas porque nos dão
a conhecer o melhor do ser
a-dia. Algumas fazem parte de
uma forma assustadoramente
seja pela comunicação directa
via Twitter, seja pela propaganda
pior o ser humano e projectos (como o
Humans of New York) que noutras
omnipresente, quase como se
fôssemos incapazes de viver sem
dissimulada e assente em notícias
falsas. E são perigosas porque
humano tem circunstâncias não veriam (ou
teriam mais dificuldade em ver) a
elas. Basta ver, por exemplo, o ajudam a disseminar pensamentos luz do dia.
ruído que se cria de cada vez que abjectos e racistas. As redes sociais são
o Whatsapp ou o Facebook estão As redes sociais são perigosas porque são um vício
em baixo. Uma reacção que não é fantásticas porque permitem e, como alertava Arwa Mahdawi
muito diferente do que acontece combater pessoas como Donald numa recente crónica no
quando faltam a electricidade Trump e desmontar argumentos jornal Guardian, foram feitas para
e o gás e estamos perante a DADO RUVIC/REUTERS
ser adictivas, sendo difícil usá-las
perspectiva de um banho gelado de forma moderada. São também
ou de um jantar frio. palco de hipocrisia social, como
As redes sociais têm hoje a daqueles “amigos” virtuais que
um lugar central (às vezes, passam por nós na rua e não nos
demasiado central) na vida cumprimentam.
das pessoas. Os números de As redes sociais são
utilizadores activos de algumas fantásticas porque são
delas são impressionantes e úteis, como diversão, como
assustadores: Facebook (dois instrumento de trabalho e como
mil milhões de utilizadores rede de contactos.
activos), Facebook Messenger As redes sociais são tudo isto e
(1300 milhões), Whatsapp muito mais. Quando olhamos para
(1200 milhões), Instagram (800 a gravura Day and Night do artista
milhões), etc. O que pensar das holandês M. C. Escher (uma bela
redes sociais? exposição para ver em Lisboa),
As redes sociais são perigosas podemos ver as aves brancas ou
porque lhes demos um poder as aves negras, consoante o foco
desmedido. Sabem quem somos, do nosso olhar. O mesmo acontece
onde estamos, do que gostamos, com as redes sociais. A diferença
de quem somos amigos. Demos- é que nas redes sociais podemos
lhe informação valiosa que gera ir além da atitude contemplativa
milhões em receitas publicitárias. de quem olha para um quadro de
As redes sociais são Escher.
fantásticas porque nos ligam Podemos ser activos e usá-las
(gratuitamente ou a um preço com critério, protegendo-nos. E
reduzido) àqueles de quem até podemos experimentar um
mais gostamos. Conseguimos, período de desintoxicação, como
de forma fácil e prática, falar ou fez Arwa Mahdawi, percebendo o
trocar imagens com familiares e que as redes sociais, em concreto,
amigos que estão do outro lado nos dão e nos tiram. O mais
do mundo. perto que estive disso foi numa
As redes sociais são viagem à Amazónia, onde fiquei
perigosas porque se tornaram num hotel sem telefone e sem
campo aberto para a mentira, a Internet. Como foi? Foi uma bela
manipulação, as notícias falsas, “massagem mental”, em que
a demagogia e, em particular, desliguei do mundo e trouxe sons
para o fenómeno da indignação e cheiros que nenhum smartphone
hugo.sousa@publico.pt colectiva acéfala, em que o ruído consegue captar.
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INÉDITO
EM PORTUGAL

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