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Compulsões de limpeza
No TOC, uma vez que o indivíduo se sinta sujo ou contaminado, surge de imediato
o impulso de eliminar a contaminação executando lavagens. Tal impulso em geral é muito
intenso, assume prioridade em relação a outras preocupações e se sobrepõe às
avaliações racionais da pessoa. A forma mais comum de limpeza compulsiva é a lavagem
repetida das mãos, que normalmente é feita de forma meticulosa, ritualística,
estereotipada, difícil de controlar e que muitas vezes continuará sendo executada mesmo
que machuque a pele.
Hipervigilância
Neutralizações e reasseguramentos
As compulsões por limpeza, de modo geral, tomam muito tempo na vida dos
indivíduos com TOC. Uma paciente com 65 anos dedicava, em média, 3 horas por dia
para realizar limpezas e lavagens. Apresentava TOC desde os 8 anos. Portanto, há 57
anos gastava 3 horas diárias em seus rituais, ou seja, um total de 62.415 horas, que
correspondiam a mais de 7 anos de sua vida dedicados exclusivamente à limpeza. Se
levarmos em conta apenas o período em que a paciente estava acordada, a proporção
de tempo que os rituais ocupavam em sua vida desperta seria ainda maior.
Poluição mental
Nojo
As crenças sobre a contaminação, não raro, têm qualidade bizarra, não são
baseadas no raciocínio lógico e nas evidências. Podem ser completamente estranhas ao
conhecimento existente e sem qualquer plausibilidade.
A lei do contato
A lei da semelhança
Dúvidas obsessivas
As dúvidas obsessivas são pensamentos repetitivos, persistentes, associados a
medo e ansiedade e a um sentimento de urgência por parte do indivíduo em fazer algo –
as verificações compulsivas ou simplesmente checagens, para ter certeza de que a
ameaça foi afastada, nunca existiu ou deixou de existir. A certeza, geralmente, é de curta
duração e nem sempre possível, sobretudo em relação a acontecimentos vagos ou em
um futuro distante.
Consequências familiares
Psicopatologia
Crenças disfuncionais
Perfeccionismo
Acumulação compulsiva
Terapia cognitivo-comportamental
Uma vez que o paciente tenha compreendido a natureza de seu problema e aceito
iniciar o tratamento, é importante estabelecer um acordo sobre os objetivos deste, que
foca nas consequências da acumulação compulsiva e na eliminação dos reforçadores
positivos e negativos.
Reestruturação cognitiva
Uma das descobertas mais importantes em relação ao TOC foi a de que seus
sintomas poderiam ser diminuídos e até eliminados por um grupo de medicamentos que
aumenta os níveis de serotonina nas sinapses nervosas por meio da inibição de sua
recaptação para dentro do neurônio. Historicamente, a clomipramina foi o primeiro
medicamento com esse efeito antiobsessivo comprovado, ainda na década de 1970. Nos
anos de 1980 e 90, comprovou-se também a eficácia dos inibidores seletivos da
recaptação de serotonina (ISRSs). Esses medicamentos são, até hoje, combinados à
terapia cognitivo-comportamental (TCC), considerados os tratamentos de primeira linha
do TOC. Nos dias atuais, medicamentos que atuam em vias dopaminérgicas e
glutamatérgicas também têm sido testados, e alguns deles já são utilizados como
tratamento adjuvante do transtorno.
Psicoeducação psicofarmacológica
Não raro, o tratamento não funciona. Cerca de 30% dos pacientes não melhoram.
Muitos deles apresentam sintomas graves ou muito graves e, apesar de terem realizado
várias tentativas de tratamento, continuam incapacitados pela doença. Esses indivíduos
não obtêm qualquer alívio dos sintomas, ou o alívio é mínimo com o uso dos
medicamentos. Eles infelizmente não aderem aos exercícios da TCC, representam
enorme fardo para suas famílias e são considerados resistentes ou refratários.
As razões pelas quais os pacientes não melhoram não são bem conhecidas e
incluem uma variedade de fatores, desde a forma como o tratamento foi realizado, se
adequada ou não, aspectos da própria doença, como o tipo de obsessões e compulsões
que predominam, sua gravidade, bem como características do próprio paciente (insight,
motivação) e do funcionamento familiar.
Falhas do terapeuta
O TOC, como regra, compromete não só a vida do paciente como a de toda a sua
família, que compartilha diariamente medos, ansiedade e sofrimento. Ao assistirem seu
ente querido envolvido em rituais exaustivos e intermináveis, os familiares sofrem junto
e, na intenção de ajudá-lo, acabam apoiando a realização desses rituais e atendendo a
suas demandas, uma vez que isso proporciona alívio da ansiedade. Muitos referem que
não podem aproveitar a vida enquanto seu familiar está sofrendo e com a vida pessoal
e/ou profissional comprometida. Pode-se afirmar que, na maioria das vezes,
especialmente quando os sintomas do TOC são graves e incapacitantes, toda a família
“adoece”.
O início dos sintomas OC, na maioria das vezes, é insidioso e nem sempre é
percebido pelos familiares. Com o passar do tempo, entretanto, podem se tornar graves
e até incapacitantes e interferir severamente no funcionamento da família. A maioria dos
sintomas OC interfere de alguma forma, com exceção, talvez, dos pensamentos
indesejáveis de conteúdo violento/agressivo. Esses pensamentos raramente são
expressos pelos pacientes, talvez devido a culpa ou vergonha, e podem passar
despercebidos, incompreendidos ou desconhecidos pelos familiares.
Terapias de grupo
Sessão Inicial
Revisão dos sintomas e das tarefas de casa (ponte para a sessão anterior)
Agenda da sessão
Após a revisão das tarefas, o terapeuta relembra ao grupo a agenda previamente
estabelecida para a sessão no protocolo contido no manual. É dada a oportunidade para
esclarecer dúvidas e, eventualmente, modificar a agenda, o que é comum depois da
oitava sessão.
Explanações psicoeducativas
Próximo ao fim da sessão, são combinados os exercícios para casa, que são
individualizados. Devem ser prescritos para cada paciente em razão dos sintomas que
apresenta, lembrando sempre que o TOC é multidimensional, devendo a terapia levar
isso em conta. É necessário planejar as primeiras tarefas de EPR focando nos rituais
compulsivos e nas evitações, começando pelos exercícios mais fáceis (lista de sintomas
com grau 1 ou 2 de ansiedade). Junto ao paciente, são escolhidas de 4 a 6 tarefas por
semana com base nos exercícios anteriores, ou incorporando novas tarefas. Deve-se
incentivar o paciente a realizar os exercícios até a aflição desaparecer ou diminuir
significativamente, ou pelo maior tempo possível, bem como orientá-lo a repetir os
exercícios o maior número de vezes que puder e atentar para as manobras disfarçadas
de neutralização, para reduzir a intensidade da exposição ou para a execução de rituais
sutis ou dissimulados.