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A CRISE DAS DEMOCRACIAS

AS DITADURAS NA EUROPA NOS


ANOS 20/30
OBJETIVOS

CONTEÚDOS Objetivo Geral - Conhecer e compreender a


Crise, ditaduras e democracia na emergência e consolidação do(s) fascismo(s) nas
década de 1930 décadas de 20 e 30 .

Os fascismos nas décadas de 20 e 30:


- Comparar o mapa político após a 1.ª Grande
- A ascensão dos regimes ditatoriais Guerra com o mapa político da década de 30,
na Europa nos anos 20 e 30. localizando os principais regimes ditatoriais à escala
mundial.
– Relacionar as dificuldades económicas do após-
• A ascensão de Mussolini em Itália guerra e os efeitos da revolução soviética com o
avanço da extrema-direita e dos partidos
comunistas, identificando a base social de apoio de
• A ascensão de Hitler na Alemanha cada um.
- Relacionar as consequências da Grande
• Características dos regimes fascistas Depressão com o crescente descrédito dos regimes
demoliberais, salientando os momentos de crise
económica e social como conjunturas favoráveis ao
crescimento dos adeptos de propostas extremistas.
- Descrever sucintamente a subida ao poder do
Partido Nacional Fascista, em Itália, e do Partido
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
– Caracterizar os princípios ideológicos comuns
ao(s) fascismo(s).
• O enquadramento da população nos – Descrever as organizações e formas de enquadramento de
regimes fascistas . massas e de repressão desenvolvidos pelos regimes
fascistas.
• A política económica e social dos
regimes fascistas .
– Relacionar a consolidação dos regimes fascistas com os
• As especificidades do nazismo resultados obtidos pelas respetivas políticas económicas e
• O Holocausto sociais.
- Caracterizar as especificidades do nazismo, destacando o
seu caráter racista e genocidiário.

– Analisar as causas e consequências do racismo alemão,


destacando a crença na superioridade da “raça ariana”, a
• A ascensão política de Salazar criação do “espaço vital” e as vagas de perseguição
antissemita que culminaram no Holocausto.
Objetivo Geral - Conhecer e compreender a emergência e
consolidação do Estado Novo em Portugal
• Comparação do regime português com – Referir a manutenção da instabilidade política e dos
os fascismos europeus. problemas financeiros nos primeiros anos da Ditadura Militar
(1926-1928).
– Descrever o processo de ascensão de António de Oliveira
• Os mecanismos de controlo do Estado
Salazar no seio da Ditadura Militar (1928-1933)
Novo
– Comparar as características do Estado Novo com as
características dos regimes ditatoriais italiano e alemão,
destacando as suas semelhanças e diferenças.
– Caracterizar as organizações repressivas e os mecanismos
de controlo da população criados pelo Estado Novo.
A era estalinista na URSS Objetivo Geral- Conhecer e compreender o
regime totalitário estalinista implantado na
• A violência estalinista União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
• A coletivização dos campos e a planificação (URSS).
da economia.
• Os custos da política estalinista – Caracterizar o “regime de terror” instituído
• As diferenças e as semelhanças entre o por Estaline na URSS entre 1927 e 1953,
estalinismo e os fascismos. salientando a adoção de fortes medidas
repressivas.
– Caracterizar a política económica seguida
por Estaline, salientando a coletivização dos
meios de produção e a planificação da
economia.
– Avaliar a política estalinista em termos de
eficácia económica e custos sociais.
– Distinguir estalinismo de fascismo,
salientando a existência de formas
semelhantes de atuação em regimes ideolo-
gicamente antagónicos.
CRISE DAS DEMOCRACIAS

Dificuldades económicas do pós-guerra:


- desemprego;
- degradação das condições de vida; Descrédito dos partidos
- agitação social
(greves, manifestações, ocupação de terras e políticos tradicionais,
fábricas). responsabilizados pelos
problemas económico-sociais.

Crise de 1929 : Avanço de ideologias de


- Agravamento das condições económico-
financeiras; campos opostos: extrema-
- Agravamento da degradação das condições direita e partidos de esquerda.
de vida;
- Aumento da agitação social
Triunfo de movimentos políticos
que defendiam soluções
ditatoriais.
Triunfo da revolução Socialista na Rússia
- Receio do contágio das ideias socialistas
As origens do fascismo

A crise do pós-guerra vai seguidamente acelerar o processo


de decomposição social e ideológica da democracia liberal
pela conjugação de dois fatores essenciais: a inflação, que
intensifica a proletarização da classe média iniciada com a
guerra, e a ameaça bolchevista, que leva as classes dirigentes
a apostarem no fascismo como força de substituição do
Estado liberal decadente. A crise de 1929, reabrindo as Berlim, no início da década de 1920. A inflação
feridas mal saradas do pós-guerra e suscitando com o galopante deu origem a situações como estas:
desemprego novas categorias de marginalizados tem era necessário um cesto de notas para comprar
legumes
idênticas consequências do ponto de vista político. [...]
Inversamente, o fascismo é uma resposta à frustração
nacional resultante de uma derrota (Alemanha), de uma
vitória incompleta (Itália) [...].

Bernard Droz e Anthony Rowley, História do Século XX, 1.º volume,


Publicações D. Quixote.

a) Quais foram as principais causas para a decadência


do Estado liberal e consequente ascensão do fascismo?
b) Relacione o desfecho da 1.ª Guerra Mundial com a A ascensão de Hitler deu novas esperanças a um
ascensão do fascismo. país em crise.
O FASCISMO NA ITÁLIA
No pós-guerra, a Itália viveu um período de
grande agitação social e vaga revolucionária.
Neste contexto, há o surgimento de um novo
partido de extrema-direita, o Partido Nacional
Fascista, liderado por Benito Mussolini.

Este partido apoiou-se em milícias armadas, os


“camisas negras”, recorrendo à violência em
todo o país, contrariando, desta forma, Base social de apoio
qualquer forma de agitação social. Em 1922, Grandes industriais e proprietários rurais, ex-
Mussolini organizou a “marcha sobre Roma”, combatentes da 1ª guerra e desempregados.
enquanto os “camisas negras” combatiam
Meios utilizados
manifestantes de esquerda. O governo pediu a
Violência: criação de milícias armadas, os
demissão e o rei Vítor Manuel III encarregou “Camisas Negras”, que agem contra pessoas e
Mussolini de formar novo governo. Nas partidos de esquerda.
eleições de 1924, o Partido Nacional Fascista Propaganda (imprensa, rádio, comícios):
obteve larga maioria e Mussolini tornou-se o promessas de estabilidade, melhores condições
“Duce” (chefe) todo-poderoso . de vida, engrandecimento da Itália, emprego,
segurança – mensagem adequada à situação
dos descontentes.
A violência fascista
No vale do Pó, a cidade é, em geral, menos “vermelha” que o campo, porque na cidade
encontram-se os grandes proprietários fundiários, os oficiais, os funcionários, os
membros das profissões liberais, os comerciantes. É nestes grupos sociais que se
recrutam os fascistas [...]
Em cima de camiões com armas cedidas pela Associação Agrária (de proprietários
fundiários) ou pelos depósitos dos regimentos, os “camisas negras” dirigem-se para o
local que é o objetivo da expedição. Uma vez chegados, começam por espancar todos
aqueles que não se descobrem à passagem das bandeiras ou que têm uma gravata ou
camisa vermelhas. Precipitam-se para a sede do sindicato, da cooperativa, da casa do
povo, forçam as portas, atiram para a rua mobiliário, livros e por cima, derrubam bidões
de petróleo: alguns minutos depois, tudo arde [...].

Augusto Tasca, Naissance du Fascisme, trad. francesa, Paris, 1968.

Compreendi…
1. A quem se referem os fascistas quando falam da “cor vermelha”?
2. Que grupos sociais eram recrutados para os fascistas?
3. Carateriza, com base no texto, os “camisas negras”.
4. Qual era o objetivo desta expedição fascista?
O NAZISMO NA ALEMANHA Base social de apoio
Grandes industriais e proprietários rurais, ex-
A Alemanha, humilhada pelo Tratado de Versalhes combatentes da 1ª guerra, classes médias e
e a braços com uma profunda crise económica e desempregados.
social, assistiu ao crescimento do Partido
Meios utilizados
Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães
Violência: criação de milícias armadas, os
(Partido Nazi), dirigido por Adolf Hitler, desde “Camisas Castanhas”, que agem contra toda a
1921. Em 1932, era já o partido mais poderoso do oposição.
Reichstag (parlamento alemão). Em 1933, Hitler, Propaganda (imprensa, rádio, comícios):
foi nomeado chanceler (Primeiro-Ministro) e, em promessas de criar uma Alemanha próspera e
1934, após a morte do Presidente da República, militarmente forte; o fim da humilhação do T. de
passou a governar em ditadura, tornando-se o Versalhes; melhores condições de vida e
emprego; expulsão dos Judeus, considerados os
“Führer”.
causadores de todas as desgraças.

O desemprego na Alemanha Evolução dos deputados comunistas e nazis


no Parlamento alemão
Os princípios ideológicos do fascismo e do nazismo

Comuns Específicos fascismo


italiano
→ Totalitarismo – Estado de → Corporativismo
partido único (Estado Forte)
Específicos nazismo
→ Antiparlamentarismo, → Racismo
antissocialismo e anticomunismo (antissemitismo)

→ Nacionalismo
→ Imperialismo
→ Militarismo

→ Culto do chefe

→ Defesa do ideal de Livro infantil – “Judeus não são bem-vindos


aqui." Alemanha, 1936.
autarcia (Autossuficiência)
O fascismo repudia na democracia a absurda ilusão de
igualdade política. […] Para o fascista tudo está no Estado e
nada do que é humano ou espiritual existe fora do Estado.
Nesse sentido, o Fascismo é totalitário […]. Nem partidos
políticos, nem sindicatos, nem indivíduos podem existir fora do
Estado. […]
Mussolini, A Doutrina do Fascismo, 1930
- Com base no texto, explique porque é que o
fascismo é totalitário.

Deves saber que o Duce é como o Pai Eterno: manda produzir cinco
milhões de toneladas de trigo e é preciso produzir cinco milhões. [...]
Se não há trabalho, manda que o haja [...].
Estás a ver como ele é como o Pai Eterno? Além disso, fulmina com o
olhar aqueles que não lhe obedecem e manda persegui-los porque não
gosta de abusos.
D. Biondi, Viva il Duce

Hitler, eis o grito de todos aqueles que creem na ressurreição da


Alemanha. Hitler é a última esperança daqueles a quem tudo tiraram.
[...] Hitler simboliza a vontade triunfante da juventude alemã [...]. Todos
[...] gritaremos àqueles que nos ofereceram frases em vez de pão: “Hitler
vencerá”.
Propaganda eleitoral nazi, 1933

1. Que características têm em comum estes


dois chefes políticos?
Mecanismos de enquadramento de massas e
repressão
O fascismo e o nazismo desenvolveram instrumentos de enquadramento das massas e
órgãos repressivos para concretizarem o projeto de criação de um Estado totalitário.

- Organizações de enquadramento das crianças e jovens (Juventude Fascista;


Juventude Hitleriana)- criadas para incutir os princípios ideológicos e treino militar.
La preghiera del “Balilla”
- Organismos de enquadramento dos trabalhadores:
. Corporações profissionais, controladas pelo Estado
(Itália).
. Frente de Trabalho, de inscrição obrigatória,
controlada pelo Estado (Alemanha).

- Organismos de enquadramento dos tempos livres:


A Dopolavoro na Itália e a “Kraft durch Freude” ( Força
pela alegria)” na Alemanha - organizações recreativas e
culturais para ocupar os tempos livres dos trabalhadores
com actividades que promovessem a ideologia do
Estado.
Os alemães compram produtos alemães –
Semana alemã, bens alemães, trabalho alemão,
1937
Comícios e paradas militares encenadas

CARTAZ DE PROPAGANDA- A Biologia do


Crescimento – fases do crescimento da raça
nórdica

10/5/1933- Queima de livros (Freud, Thomas Mann,


Einstein, Jack London, etc.)

Cartaz de propaganda antissemita


A propaganda foi um pilar fundamental na construção do culto ao chefe e na sua
encenação.

O Chefe é um homem providencial ou super- homem, uma espécie de


herói. Simbolizava o Estado totalitário, encarnava a Nação e guiava os
seus destinos. Devia ser seguido sem hesitação, prestando-se-lhe um
verdadeiro culto.
- Criação de milícias paramilitares que sustentavam a ditadura através de um “regime
de terror” com recurso ao uso da violência- Camisas Negras (Itália); SA/SS
(Alemanha).

- Criação de uma polícia


política:
. OVRA (Itália)
. Gestapo (Alemanha)

GESTAPO
O modelo económico dos regimes fascistas- o ideal de autarcia

Os regimes totalitários cresceram à medida que


se agravavam as condições económicas na
Europa.
Uma vez no poder, estes regimes fizeram da
auto-suficiência económica e da resolução do
problema do desemprego poderosos veículos de
afirmação do nacionalismo político:
- adoção de políticas económicas fortemente
intervencionistas através das quais as
actividades produtivas eram colocadas ao
serviço do Estado ( proteção da agricultura e
da indústria; lançamento de obras públicas
etc. ).

Cartaz de propaganda “Batalha do trigo” ; Mussolini


- Proibição de sindicatos livres e do direito à participa no desenvolvimento do país (Itália)
greve; controlo exercido sobre os
trabalhadores através das corporações ou de
sindicatos do Estado.

Nacionalismo económico e Forte


Dirigismo Estatal

Ligação da grande industria ao nazismo – Empresa


Krupp
A ESPECIFICIDADE DO NAZISMO – o racismo de Estado
Os nazis acreditavam descender de uma
raça superior, a raça ariana, a quem
incumbia a obrigação de dominar o mundo
pela eliminação das raças inferiores. Com a
tomada do poder por Hitler, a partir de
1933 o racismo torna-se político (politica
estatal) e defende-se o direito ao “espaço
vital” através da criação de uma “grande
Alemanha”.

Meios utilizados para afirmar a - Proibição de casamentos mistos e de


superioridade da raça ariana: práticas sexuais entre arianos e não
– Prática da eugenia (purificação da raça arianos.
ariana pela seleção dos seus membros - Politica de discriminação das raças
mais genuínos e eliminação dos impuros). consideradas inferiores (ciganos, judeus,
- Desenvolvimento de politicas natalistas eslavos, minorias religiosas) que viviam
em território alemão.
entre os alemães “puros”.
- Prática de eutanásia (doentes
incuráveis, doentes mentais,
deficientes, idosos etc.).
O ANTISSEMITISMO

O antissemitismo era um dado


histórico na Europa desde a Idade
Média. No século XIX assumiu a
dimensão de racismo: identificação do
povo judeu com uma raça inferior e
destruidora/corruptora da cultura
cristã ocidental.
Ilustrações de um livro Infantil:
Na Alemanha são acusados de serem "Os judeus são a causa do nosso infortúnio" e
causadores de todos os males e por "Como o judeu trapaceia".

isso o seu extermínio torna-se um dos


grandes objetivos políticos do regime.

Esta política passou por várias fases,


desde a discriminação e exclusão da
vida pública até à “solução final”
(extermínio em massa- Holocausto).
Estrela de David – símbolo de identificação dos
judeus
b) 2ª fase (de 1935 a
1938): Intensificação da
perseguição, segregação e
isolamento:
- Politica de profanação de cemitérios e
sinagogas.
- Prisão de milhares de pessoas.
- Utilização obrigatória da estrela
amarela.
- Intensificação do segregacionismo
(proibição de visitar museus, utilizar
transportes públicos, interdição de
algumas profissões.
Gueto de Varsóvia (1943) – foto oficial do relatório - Criação de guetos.
de Himmler
Os seus membros seriam
d) 4ª fase (1941 a 1945) :
encaminhados para dois
– Fase da “Solução Final” da destinos:
Questão Judaica e extermínio em - Os mais fracos – Campos de
massa. extermínio no leste (Auschewitz-
Com o início da guerra e do Birkenau, Majdanek, Treblinka,
expansionismo alemão, as medidas Sobidor, Chelmo, Belzec etc.).
vão sendo aplicadas nos territórios - Os mais fortes – Utilizados em
ocupados (Europa de leste) de trabalhos pesados num regime
forma ainda mais dura: de trabalho forçado (campos de
trabalho).
1941 – Conferência de Wansee -
aprova-se a chamada “solução
final” (política de extermínio em
massa dos judeus):
- Recenseamento de todas as
comunidades judaicas da Europa.

Prisioneiros em Ravensbruck
O SISTEMA COMCENTRACIONÁRIO NAZI

Emblema do prisioneiro 29659 - Lidia Główczewska. P


sobre um triângulo vermelho - prisioneiro político
polaco

As crianças pequenas eram invariavelmente exterminadas,


pois “não serviam para o trabalho.” (Depoimento de R. Höess,
comandante do campo de Auschwitz)
Identificação dos prisioneiros nos campos de concentração
OS CAMPOS DA MORTE
CONCLUSÃO
No final da II Guerra calculam-se entre cerca de 6 a 8 milhões de pessoas
exterminadas de forma mecânica, premeditada e com características
industriais, tendo apenas como justificação a sua raça, a sua religião, a sua
orientação sexual ou o seu pensamento.

OS RESISTENTES
Destacaram-se algumas pessoas que ousaram contrariar esta espiral de loucura
e morte. Ficam apenas alguns nomes, de entre muitos: Hans e Sophie Scholl,
Raoul Walenberg, Aristides Sousa Mendes, Sampaio Garrido, Irena Sendler,
Nicholas Winton, Oskar Schindler…

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