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Turísticos
Aula 05
Planejamento e Organização do Turismo Receptivo (I)
Objetivos Específicos
• Caracterizar e analisar os desafios no desenvolvimento de produtos turísticos.
Temas
Introdução
1 Planejamento e organização do turismo receptivo
Considerações finais
Referênciasw
Professora Autora
Caroline Valença Bordini
Políticas e Gerenciamento de Destinos Turísticos
Introdução
Para a existência de um produto turístico são necessários atrativos, acessos e facilidades,
como acomodações e locais de alimentação. Porém, sem que haja o planejamento da atividade,
colocando cada elemento sob a perspectiva sistêmica (onde um afeta e é afetado pelo
outro), o destino poderá receber um número excessivo de turistas – o que irá comprometer
a qualidade dos serviços e atrativos – ou, ao contrário, apresentar uma ociosidade pela falta
de visitantes.
Além de entender o cenário de tudo que o destino possui para oferecer aos visitantes,
o planejamento avalia os dados referentes à demanda turística, ou seja, quem já consome o
produto turístico e quem tem as condições, mas por algum motivo não viaja para o destino.
Em outras palavras demanda real e potencial.
• Em municípios que não tenham um inventário prévio que possa ser atualizado e
ainda que as condições de recursos humanos e financeiros não sejam favoráveis à
sua realização, tal levantamento será menos detalhado, com informações obtidas de
maneira participativa em reuniões específicas, dando ênfase para:
- um levantamento dos atrativos turísticos mais relevantes na região;
A OMT também avalia que uma quantidade significativa de informações necessárias deve
estar disponível em documentação já existente, como relatórios anuais de Ministérios de Turismo,
legislações turísticas, publicações estatísticas do setor turístico, Planos Diretores, estratégias e
políticas de desenvolvimento, de turismo, comércio e investimento, recursos humanos, incluindo
educação e formação, meio ambiente, recursos naturais e cultura (UNWTO, 2013).
Os dados primários poderão ser obtidos por meio de oficinas participativas com as
comunidades envolvidas, ou levantamento em campo, com os instrumentos indicados
(entrevistas, questionários ou formulários). Dessa forma, a primeira fase do inventário
consiste na chamada pesquisa de gabinete, que deverá analisar todas as fontes secundárias
(pesquisa bibliográfica em órgãos de turismo, cultura, técnicos, científicos etc.). Na segunda
fase, temos o trabalho de campo que deverá: a) ratificar os dados e informações levantados;
b) corrigir dados e informações levantados; e c) incluir novos dados e informações que não
haviam sido identificados.
Vale ressaltar que algumas informações muito úteis para os levantamentos de recursos,
principalmente culturais, não estão disponíveis em nenhuma base documental. É o caso de
histórias, conhecimentos tradicionais, hábitos e costumes, que só serão satisfatoriamente
obtidos com a participação das comunidades em oficinas, especialmente por meio de entrevistas.
Outro ponto muito positivo do Invtur está relacionado à padronização dos formulários.
Os instrumentos utilizados para a elaboração do inventário vêm evoluindo e se aprimorando,
principalmente a partir da década de 1990. Sendo assim, os atuais formulários contemplam
praticamente a totalidade das necessidades de informações para que a futura tomada de
decisão seja segura e acertada.
Para a avaliação dos atrativos turísticos, o MTur apresenta uma adaptação da metodologia
da OMT que estabelece prioridades segundo o potencial de atratividade e, posteriormente,
realizar a hierarquização, segundo critérios apresentados específicos.
Hierarquia Características
É todo atrativo turístico excepcional e de grande interesse, com significação para o mercado
03 ALTO turístico internacional, capaz de, por si só, motivar importantes correntes de visitantes, atuais
e potenciais
Atrativos com aspectos excepcionais em um país, capazes de motivar uma corrente atual
02 MÉDIO ou potencial de visitantes desde país ou estrangeiros, em conjunto com outros atrativos
próximos a este
Atrativos com algum aspecto expressivo, capazes de interessar aos visitantes oriundos de
01 BAIXO lugares no próprio país, que tenham chegados à área por outras motivações turísticas, ou
capazes de motivar fluxos turísticos regionais e locais (atuais e potenciais)
Atrativos sem méritos suficientes, mas que são parte do patrimônio turístico como elementos
0 NENHUM que podem complementar outros de maior hierarquia. Podem motivar correntes turísticas
locais, em particular a demanda de recreação popular
Para a hierarquização, são avaliados seis critérios, conforme os índices: 3 alto, 2 médio,
1 baixo e 0 nenhum:
• Grau de uso atual: permite analisar o atual volume de fluxo turístico efetivo e sua
importância para o município. Difere do grau de interesse por representar a situação
atual, em vez da potencial. Um alto grau de uso indica que o atrativo apresenta uma
utilização turística efetiva. • Representatividade: fundamenta-se na singularidade ou
raridade do atrativo. Quanto mais se assemelhar a outros atrativos, menos interessante
Por fim, os valores de cada item são somados, estabelecendo-se um ranking dos atrativos.
Vale lembrar que os critérios potencial de atratividade e representatividade devem receber a
pontuação em dobro, por serem mais significativos em comparação aos outros.
No turismo, uma poltrona vaga no avião ou um quarto de hotel vazio significam vendas
que não foram realizadas e que nunca serão recuperadas, portanto, o sucesso do produto
turístico está na busca do equilíbrio entre a oferta e a demanda.
Quando uma pessoa demonstra interesse em consumir o produto turístico e o faz, torna-
se a chamada demanda real. Já a demanda potencial consiste em quanto o produto turístico
poderia ser consumido por turistas com as condições de fazê-lo (tempo, vontade e dinheiro),
mas que, por algum motivo, não realizam uma viagem para o destino.
Outro ponto para avaliar a oferta concorrente no país refere-se à metodologia do Fórum
Econômico Mundial, no relatório Índice de Competitividade Travel & Tourism, em que 90
indicadores são analisados segundo 14 pilares.
Acesse a Midiateca para conhecer os índices e variáveis, consulte o relatório The Travel &
Tourism Competitiveness Report 2015, do World Economic Forum.
Considerações finais
O sucesso para um produto turístico consiste em uma relação equilibrada entre todos os
bens e serviços oferecidos e aqueles demandados pelos turistas que o visitam. Esse equilíbrio
certamente não será alcançado sem ações de planejamento que identifiquem de forma segura
e objetiva quais projetos deverão ser executados, em qual tempo, por quem, a qual custo etc.
Para que o planejamento seja bem elaborado, é necessária uma base de informações
ampla, confiável e dinâmica, e cada vez mais o Brasil evolui nesse sentido, padronizando
formulários de coleta de dados e agregando a tecnologia da informação para criar um sistema
virtual de inventário da oferta turística, buscando conhecer, além do produto turístico
brasileiro, quem o consome e quem poderá consumi-lo no futuro.
Referências
ACERENZA, Miguel Ángeles. Administración del turismo: fundamentos e dimensões. 2. Ed.
México: Trilhas, 1987.
DENCKER, Ada de Freitas Maneti. Métodos e técnicas de pesquisa em turismo. São Paulo:
Futura, 1998.
NASCIMENTO, Renê Corrêa do. Reflexões sobre o planejamento turístico regional nos limites do
SISTUR. IN: BENI, Mario (Org.). Turismo planejamento estratégico e capacidade de gestão –
desenvolvimento regional, rede de produção e clusters. Barueri, SP: Manole, 2012. p. 45-68.
RUSCHMANN, Doris van de Meene. Turismo e planejamento sustentável. Campinas, SP: Papirus, 1997.
SARTI, Antonio Carlos. QUEIROZ, Odaléia Telles M. M. Espaço, paisagem, lugar, território e região:
a organização do espaço turístico. IN: BENI, Mario (Org.). Turismo planejamento estratégico e
capacidade de gestão – desenvolvimento regional, rede de produção e clusters. Barueri, SP:
Manole, 2012, pp. 03-28.
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Políticas e Gerenciamento de Destinos Turísticos
WORLD ECONOMIC FORUM. The travel & tourism competitiveness report 2015. Growth
through shocks. Switzerland: SRO-Kunding, 2015.