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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI – UFVJM

INSTITUTO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA


CAMPUS DO MUCURI

Prof. Dr. Flávio Leal


E-mail: flavioleal@ufvjm.edu.br

Fundamentos e Técnicas de Trabalho Intelectual, Científico e


Tecnológico

Teófilo Otoni - MG
2012
UFVJM 2

UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI – UFVJM


INSTITUTO DE ENGENHARIA, CIÊNCIA E TECNOLOGIA – ICET
BACHARELADO EM CIÊNCIA E TECNOLOGIA – BC&T
Campus do Mucuri – 2012

Disciplina: CTT166 - FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE TRABALHO INTELECTUAL,


CIENTÍFICO E TECNOLÓGICO – 60 horas

Ementa: Ciência Moderna. Cânones da Ciência. Ciência e Tecnologia. Conhecimento


Científico. Fundamentos da Metodologia Científica. Normalização do Conhecimento
Científico. Pesquisa Cientifica e Desenvolvimento Tecnológico. Elaboração de
Relatórios técnico-científicos. Projetos de Pesquisa.

OBJETIVOS GERAIS:
Fornecer os pressupostos básicos de iniciação à pesquisa e ao trabalho científicos, que
permitam ao aluno adequada inserção na Universidade e um bom aproveitamento nos
estudos do Curso. Conscientizar o aluno da importância da formação de hábitos de
leitura e estudo científico que lhes forneçam o desenvolvimento de uma vida intelectual
disciplinada e organizada, garantindo-lhe desta maneira produtividade nos estudos.
Promover no aluno a prática do conteúdo metodológico estudado através de exercícios
e práticas, com o objetivo de adquirir fundamentos científicos e metodológicos à
pesquisa e ao trabalho acadêmico. Promover a concepção da função da Universidade,
por meio do debate sobre a pesquisa e sobre o trabalho científico, de que a
universidade é por excelência o âmbito da ciência, da Educação Superior, da Pesquisa
e do desenvolvimento do raciocínio lógico e do espírito crítico.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS:
Conceituar, diferenciar e relacionar método, técnica, método científico, pesquisa,
ciência e metodologia científica. Conceituar pesquisa, destacar sua importância em
nível de graduação e identificar as suas modalidades e fases. Definir, caracterizar e
diferenciar os tipos de trabalhos técnicos acadêmicos nos cursos de graduação.
Identificar e caracterizar as etapas do trabalho acadêmico. Caracterizar e aplicar os
processos da técnica de leitura analítica para análise e interpretação de textos teóricos
e/ou científicos. Identificar, distinguir e aplicar as diversas técnicas de documentação
para elaboração do trabalho acadêmico. Identificar as características e normas gerais
da linguagem e redação científica e aplicá-las na produção de textos acadêmicos.
Aplicar as normas de citações e referências atuais da ABNT, na elaboração de
trabalhos acadêmicos. Elaborar trabalhos acadêmicos seguindo as orientações
metodológicas.

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
1 APRESENTAÇÕES: da Ementa, dos Conteúdos da Disciplina, das Avaliações, da
Biblioteca, do Laboratório de Informática e da Universidade (04h)
1.1 Educação Superior como Formação Científica, Profissional e Política (02h)
2 CONHECIMENTO (02h)
2.1 Conhecimento empírico
2.2 Conhecimento teológico
UFVJM 3

2.3 Conhecimento filosófico


2.4 Conhecimento científico
3 METODOLOGIA DA PESQUISA (02h)
3.1 A Metodologia e o Ensino Superior
3.2 A Dinâmica de Estudo
3.3 A Leitura (02h)
3.4 O Estudo do Texto
3.5 A Transposição da Leitura
3.6 A Prática do Fichamento
4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
4.1 A CIÊNCIA
4.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS (02h)
4.2.1 Os Métodos de Abordagem
4.2.1.1 O Método Dedutivo
4.2.1.2 O Método Indutivo
4.2.1.3 O Método Hipotético-Dedutivo
4.2.1.4 O Método Dialético
4.2.1.5 O Método Fenomenológico
4.2.2 Os Métodos de Procedimentos
4.2.2.1 O Método Histórico
4.2.2.2 O Método Comparativo
4.2.2.3 O Método Estatístico
4.2.2.4 O Método de Estudo de Caso
5 PESQUISA CIENTÍFICA (02h)
5.1 Classificações das Pesquisas Científicas
5.1.1 Classificação quanto à natureza
5.1.2 Classificação quanto à forma de abordagem do problema
5.1.3 Classificação quanto aos objetivos gerais
5.1.4 Classificação quanto aos procedimentos técnicos
5.2 O Planejamento da Pesquisa
5.2.1 As Etapas da Pesquisa
5.2.2 - Projeto de Pesquisa e sua Composição (04h)
6 TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS (02h)
6.1 Trabalhos de graduação
6.2 Trabalho de Conclusão de Curso
6.3 Monografia
6.4 Dissertação
6.5 Tese
6.6 Artigo científico
7 TÉCNICAS DE LEITURA
8 TIPOLOGIA DE TEXTO ACADÊMICO-CIENTÍFICO (02h)
9 NORMAS DA ABNT (1ª PARTE) (04h)
10 TRABALHOS ACADÊMICOS: TÉCNICAS DE PESQUISA
10.1 Fichamentos: Bibliográfico; Transcrição; Apreciação; Resumo (04h)
10.2 Resenha Crítica (04h)
10.3 Paper (04h)
10.4 Estudo Dirigido (04h)
UFVJM 4

10.5 Esquema (04h)


10.6 Relatórios: Pesquisa Científica; Aula Prática; Visita Técnica (04h)
11. NORMAS DA ABNT (2ª PARTE) (04h)
12 TRABALHOS ACADÊMICOS ORAIS (04h)
12.1 Conferência
12.2 Comunicação Acadêmica Oral
12.3 Comunicação Científica Oral
12.4 Mesa Redonda
12.5 Seminário

PROCEDIMENTOS DIDÁTICOS (Aulas e Tutorias)

O conteúdo programático será trabalhado através dos procedimentos:


1 - Acompanhamento das aulas na apostila do Curso: normas e modelos de trabalhos
acadêmicos.
2 - Leitura analítica de textos teóricos e científicos.
3 - Treinamento individual das técnicas de leitura e de documentação.
4 - Trabalho interdisciplinar.
5 - Aula de apresentação e informação sobre a biblioteca da UFVJM, ministrada por
bibliotecária-documentalista.
6 - Aula de apresentação e informação sobre o laboratório de informática da UFVJM.

Observação: Semanalmente, no decorrer do semestre letivo, durante o turno vespertino


das quintas-feiras, haverá um encontro de Tutoria para auxílio aos discentes: Horário -
14h às 17h.

PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO

l- Exercícios individuais e de grupo de treinamento das técnicas estudadas durante o


Curso: Avaliação qualitativa:
- Pesquisa sobre o Curso: escrita e oral
- Exercícios de utilização da biblioteca da UFVJM
- Exercícios de utilização do Laboratório de Informática para Pesquisa Bibliográfica
(Pesquisas Científicas, Artigos, Dissertações, Teses, Livros etc.).
- Exercícios da Apostila do Curso
- TRABALHOS ACADÊMICOS: TÉCNICAS DE PESQUISA:
- Fichamentos: Bibliográfico; Transcrição; Apreciação; Resumo
- Resenha Crítica
- Paper
- Estudo Dirigido
- Esquema
- Relatórios: Pesquisa Científica; Aula Prática; Visita Técnica
- TRABALHOS ACADÊMICOS ORAIS:
- Conferência
- Comunicação Acadêmica Oral
- Comunicação Científica Oral
- Mesa Redonda
UFVJM 5

- Seminário
- E outros pré-estabelecidos pelo docente.

Valores (100 pontos/semestre):


70 pontos = 07 (sete) trabalhos (somatória de todos os exercícios realizados durante o
semestre letivo).
30 pontos = Projeto de Pesquisa Piloto com tema a ser definido, na área de Ciência &
Tecnologia, apresentado em um Seminário.

Bibliografia Básica:

GIL, Antônio C.. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1996.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Fundamentos de Metodologia Científica. 6.ed. editora
Atlas, 2005.
LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Metodologia Científica. 5.ed. Editora Atlas, 2007.
SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez,
2002.

Bibliografia Complementar:

ANDRADE, Maria M. Introdução à metodologia do trabalho científico. 4. ed. São Paulo:


Atlas, 1999.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 1474: informação e
documentação: trabalhos acadêmicos. Rio de Janeiro: ABNT, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e
documentação: referências: elaboração. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: numeração
progressiva das seções de um documento escrito: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT,
2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informação e
documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6028: informação e
documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6029: informação e
documentação: livros e folhetos: apresentação. 2.ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6032: abreviação de
títulos de periódicos e publicações seriadas. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e
documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e
documentação: trabalhos acadêmicos: apresentação. 2.ed. Rio de Janeiro: ABNT,
2005.
BARROS, Aidil J.da S; LEHFELD, Neide A de S. Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo: Makron, 2000.
UFVJM 6

CERVO, Amado L; BERVIAN, P. A. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall,


2002.
DEMO, P. Introdução à metodologia da ciência. São Paulo: Atlas, 1996.
DEMO, P. Pesquisa e construção de conhecimento. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro,
1997.
DEMO, Pedro. Educar pela pesquisa. 5. ed. Campinas: Autores Associados, 2002.
FACHIN, O. Fundamentos de metodologia. São Paulo: Atlas, 1996.
FIORIN, José L.; SAVIOLI, Francisco P. Para entender o texto: leitura e redação. 3. ed.
São Paulo: Ática, 1992.
FLORES, Lúcia L. et al. Redação: o texto técnico/científico e o texto literário.
Florianópolis: Ed. da UFSC, 1992.
GIL, Antônio C.. Métodos e técnicas em pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.
KELLER, C.B.V. Aprendendo a aprender-Introdução á Metodologia Científica, 21.ed.
Editora Vozes, 2008.
LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Técnicas de pesquisa. São Paulo: Atlas, 1999.
LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. São
Paulo: Atlas, 1996.
LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Metodologia do trabalho científico. 6. ed. São
Paulo: Atlas, 2001.
LUDWIG, A.C.W. Fundamentos e Prática de Metodologia Científica, 1.ed. Editora
Vozes, 2009.
Editora Pearson. KOCHE, J.C. Fundamentos de Metodologia Científica. 24.ed. Editora
Vozes, 2007
MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos e
resenhas. São Paulo: Atlas, 1991.
MINAYO, M. C. de S. (Org.). Pesquisa social. Petrópolis: Vozes, 1999.
OLIVEIRA, C. dos S. Metodologia científica, planejamento e técnicas de pesquisa.São
Paulo: Ed. LTR, 2000.
QUIVY, R., CAMPENHOUDT, L. V. Manual de investigação em ciências sociais. Lisboa:
Gradativa, 1998.
RODRIGUES, M. das G. Informe de metodologia da pesquisa. Brasília: Ed. do Autor,
2000.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia científica. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.
SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. 9. ed. São Paulo: Martins Fontes, 2000.
UFVJM 7

SUMÁRIO

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO DA DISCIPLINA Pág.


1 APRESENTAÇÕES: da Disciplina, da Biblioteca, do Laboratório de
Informática e da Universidade 09
1.1 Educação Superior como Formação Científica, Profissional e Política 10
2 CONHECIMENTO 11
2.1 Conhecimento empírico 12
2.2 Conhecimento teológico 12
2.3 Conhecimento filosófico 12
2.4 Conhecimento científico 12
3 METODOLOGIA DA PESQUISA 13
3.1 A Metodologia e o Ensino Superior 13
3.2 A Dinâmica de Estudo 15
3.3 A Leitura 16
3.4 O Estudo do Texto 17
3.5 A Transposição da Leitura 18
3.6 A Prática do Fichamento 19
4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO 20
4.1 A CIÊNCIA 22
4.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS 23
4.2.1 Os Métodos de Abordagem 24
4.2.1.1 O Método Dedutivo 24
4.2.1.2 O Método Indutivo 25
4.2.1.3 O Método Hipotético-Dedutivo 25
4.2.1.4 O Método Dialético 26
4.2.1.5 O Método Fenomenológico 27
4.2.2 Os Métodos de Procedimentos 27
4.2.2.1 O Método Histórico 28
4.2.2.2 O Método Comparativo 28
4.2.2.3 O Método Estatístico 28
4.2.2.4 O Método de Estudo de Caso 28
5 PESQUISA CIENTÍFICA 29
5.1 Classificações das Pesquisas Científicas 30
5.1.1 Classificação quanto à natureza 30
5.1.2 Classificação quanto à forma de abordagem do problema 31
5.1.3 Classificação quanto aos objetivos gerais 31
5.1.4 Classificação quanto aos procedimentos técnicos 32
5.2 O Planejamento da Pesquisa 34
5.2.1 As Etapas da Pesquisa 36
5.2.2 - Projeto de Pesquisa e sua Composição 40
6 TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS 44
6.1 Trabalhos de graduação 44
6.2 Trabalho de Conclusão de Curso 45
6.3 Monografia 45
UFVJM 8

6.4 Dissertação 45
6.5 Tese 45
6.6 Artigo científico 45
7 TÉCNICAS DE LEITURA 46
8 TIPOLOGIA DE TEXTO ACADÊMICO-CIENTÍFICO 49
9 NORMAS DA ABNT (1ª PARTE) 52
10 TRABALHOS ACADÊMICOS: TÉCNICAS DE PESQUISA 54
10.1 Fichamentos: Bibliográfico; Transcrição; Apreciação; Resumo 55
10.2 Resenha Crítica 56
10.3 Paper 56
10.4 Estudo Dirigido 57
10.5 Esquema 57
10.6 Relatórios: Pesquisa Científica; Aula Prática; Visita Técnica 58
11. NORMAS DA ABNT (2ª PARTE) 59
12 TRABALHOS ACADÊMICOS ORAIS 61
12.1 Conferência 61
12.2 Comunicação Acadêmica Oral 62
12.3 Comunicação Científica Oral 63
12.4 Mesa Redonda 65
12.5 Seminário 66
13 REFERÊNCIAS 69
UFVJM 9

1 APRESENTAÇÕES

A Metodologia do Trabalho Científico, enquanto disciplina da Educação Superior,


possui a incumbência de inserir o aluno no universo da pesquisa científica,
demonstrando suas configurações e possíveis trajetórias. Ainda, possui como intuito
apresentar aos acadêmicos caminhos para construção de trabalhos científicos e
teóricos, imprescindíveis para sua formação e atuação universitária, auxiliando o
desenvolvimento do estudo e da pesquisa.
A aprendizagem e o desenvolvimento do trabalho intelectual acadêmico exigem
conhecimentos de ordem conceitual, técnica e lógica. Estas três dimensões estão
unidas, pois um pensamento ou argumento apresentado pelo aluno ou pesquisador
sem apoio de processos lógicos pode não passar de uma ideia superficial. Entretanto, o
domínio de conceitos reelaborados, sob critérios lógicos e com o auxílio da técnica
(tomada no sentido grego), é fator determinante para o alcance dos objetivos da
formação universitária: aprender a pensar, a debater e a produzir conhecimentos. O
domínio do saber, dos métodos e das técnicas é uma exigência do ensino superior para
vencer o superficialismo e a falta de rigor científico, na produção e socialização do
conhecimento acadêmico.
Este documento de diretrizes metodológicas, em formato de apostila didática, é
apresentado aos educandos para o desenvolvimento de trabalhos técnico-científicos. A
apostila pretende contribuir para o aprendizado acadêmico durante toda a trajetória do
aluno, como também na busca do conhecimento, a partir dos trabalhos técnico-
científicos, permitindo o exercício de práticas essenciais à atividade científica: a busca,
o registro e o uso do saber já acumulado e disponível para propósitos da construção do
conhecimento.
O objetivo desta apostila é favorecer e estimular a produção escrita e leitura crítica de
alunos e professores, sendo que esta é uma condição indispensável ao
desenvolvimento da vida intelectual disciplinada e produtiva, norteada por posturas e
práticas de pesquisa, característica da formação superior. Assim, a apostila de
FUNDAMENTOS E TÉCNICAS DE TRABALHO INTELECTUAL, CIENTÍFICO E
TECNOLÓGICO (Metodologia do Trabalho Científico) apresenta conceitos, que
envolvem a temática da disciplina como: tipos de conhecimento, ciência, métodos e
tipos de pesquisa. O documento aborda também a apresentação oral acadêmica e as
características do texto técnico-científico. Ainda, todas as orientações para a
formatação e uniformização dos trabalhos acadêmicos serão apresentadas, os critérios
da ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas, através das Normas Brasileiras
Regulamentadoras - NBR, como aqueles definidos pela UFVJM.
UFVJM 10

1.1 Educação Superior como Formação Científica, Profissional e Política 1

―O ingresso no curso superior implica uma mudança substantiva na forma como


professores e alunos devem conduzir os processos de ensino e de aprendizagem.
Mudança muito mais no grau do que de natureza, pois todo ensino e toda
aprendizagem, em qualquer nível e modalidade, dependem das mesmas condições
comuns a todo ato de ensino / aprendizagem, a sua implementação no ensino superior
precisa ser intencionalmente assumida e efetivamente praticada, sob pena de se
comprometer o processo, fazendo-o perder sua consistência e eficácia.
O ensino superior, tal qual se consolidou historicamente, na tradição ocidental, visa
atingir três objetivos, que são obviamente articulados entre si. O primeiro objetivo é o da
formação de profissionais das diferentes áreas aplicadas, mediante o
ensino/aprendizagem de habilidades e competências técnicas; o segundo objetivo é o
da formação do cientista mediante a disponibilização dos métodos e conteúdos de
conhecimento das diversas especialidades do conhecimento; e o terceiro objetivo é
aquele referente à formação do cidadão, pelo estímulo de uma tomada de consciência,
por parte do estudante, do sentido de sua existência histórica, pessoal e social. Neste
objetivo está em pauta levar o aluno a entender sua inserção não só em sua sociedade
concreta, mas também no seio da própria humanidade. Trata-se de despertar no
estudante uma consciência social, o que se busca fazer mediante uma série de
mediações pedagógicas presentes nos currículos escolares e na interação educacional
que, espera-se, ocorra no espaço/tempo universitário.
Ao se propor atingir esses objetivos, a educação superior expressa sua destinação
última que é contribuir para o aprimoramento da vida humana em sociedade. A
Universidade, em seu sentido mais profundo, deve ser entendida como uma entidade
que, funcionária do conhecimento, destina-se a prestar serviço à sociedade no contexto
da qual ela se encontra situada ...
Este compromisso da educação, em geral, e da Universidade, em particular, com a
construção de uma sociedade na qual a vida individual seja marcada pelos indicadores
da cidadania, e a vida coletiva pelos indicadores da democracia, tem sua gênese e seu
fundamento na exigência ético-política da solidariedade que deve existir entre os
homens. É a própria dignidade humana que exige que se garanta a todos eles o
compartilhar dos bens naturais, dos bens sociais e dos bens culturais. O que se espera
é que, no limite, nenhum ser humano seja degradado no exercício do trabalho, seja
oprimido em suas relações sociais ao exercer sua sociabilidade ou seja alienado no
usufruto dos bens simbólicos, na vivência cultural.
Para dar conta desse compromisso, a Universidade desenvolve atividades específicas,
quais sejam, o ensino, a pesquisa e a extensão. Atividades essas que devem ser
efetivamente articuladas entre si, cada uma assumindo uma perspectiva de prioridade
nas diversas circunstâncias histórico-sociais em que desafios humanos são postos. No
entanto, no âmbito universitário, dada a natureza específica de seu processo, a
educação superior precisa ter na pesquisa o ponto básico de apoio e de sustentação de
suas outras duas tarefas, o ensino e a extensão.

1
Conferir SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
p. 22 – 24.
UFVJM 11

De modo geral, a educação pode ser mesmo conceituada como o processo mediante o
qual o conhecimento se produz, se reproduz, se conserva, se sistematiza, se organiza,
se transmite e se universaliza, disseminando seus resultados no seio da sociedade. E
esse tipo de situação se caracteriza então, de modo radicalizado, no caso da educação
universitária. No entanto, a tradição cultural brasileira privilegia a condição da
Universidade como lugar de ensino, entendido e sobretudo praticado como transmissão
de conteúdos acumulados de produtos do conhecimento. Mas, apesar da importância
dessa função, em nenhuma circunstância pode-se deixar de entender a Universidade
igualmente como lugar priorizado da produção do conhecimento. A distinção entre as
funções de ensino, de pesquisa e de extensão, no trabalho universitário, é apenas uma
estratégia operacional, não sendo aceitável conceber-se os processos de transmissão
da ciência e da socialização de seus produtos, desvinculados de seu processo de
geração.
È assim que a própria extensão universitária deve ser entendida como o processo que
articula o ensino e a pesquisa, enquanto interagem conjuntamente, criando um vínculo
fecundante entre a Universidade e a sociedade, no sentido de levar a esta a
contribuição do conhecimento para sua transformação. Ao mesmo tempo que a
extensão, enquanto ligada ao ensino, enriquece o processo pedagógico, ao envolver,
docentes, alunos e comunidade num movimento comum de aprendizagem, enriquece o
processo político ao se relacionar com a pesquisa, dando alcance social à produção do
conhecimento.
Na Universidade, ensino, pesquisa e extensão efetivamente se articulam, mas a partir
da pesquisa, ou seja: só se aprende, só se ensina, pesquisando; só se presta serviços
à comunidade, se tais serviços nascerem e se nutrirem da pesquisa.‖ (SEVERINO,
Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007. P.
22-24)

2 CONHECIMENTO2

Desde os primórdios da humanidade, a preocupação em conhecer e explicar a natureza


é uma constante. Ao analisar a palavra francesa para conhecer, tem-se connaissance,
que significa nascer (naissance) com (con), logo se concluí que o conhecimento é
passado de geração a geração, tornando-se parte da cultura e da história de uma
sociedade. Para conhecer, os homens interpretam a realidade e colocam um pouco de
si nesta interpretação. Assim, o processo de conhecimento prova que ele está sempre
em construção, visto que para cada novo fato tem-se uma análise nova, impregnada
das experiências anteriores. Dessa forma, a busca pelo entendimento de si e do mundo
ao seu redor levou o homem a trilhar caminhos variados, que ao longo dos anos
constituíram um vasto leque de informações que acabaram por constituir as diretrizes
de várias sociedades. Algumas dessas informações eram obtidas através de
experiências do cotidiano que levavam o homem a desenvolver habilidades para lidar
com as situações do quotidiano. Outras vezes, por não dominar determinados
fenômenos, o homem atribuía-lhes causas sobrenaturais ou divinas, desenvolvendo um

2
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p.57 – 64.
UFVJM 12

conhecimento abstrato a respeito daquilo que não podia ser explicado materialmente.
Assim, o conhecimento foi se dividindo da seguinte forma: empírico, teológico, filosófico
e científico.

2.1 Conhecimento empírico


O conhecimento empírico é também chamado de conhecimento popular ou comum. É
aquele obtido no dia a dia, independentemente de estudos ou critérios de análise. Foi o
primeiro nível de contato do homem com o mundo, acontecendo através de
experiências casuais e de erros e acertos. É um conhecimento superficial, onde o
indivíduo, por exemplo, sabe que nuvens escuras é sinal de mau tempo, contudo não
tem idéia da dinâmica das massas de ar, da umidade atmosférica ou de qualquer outro
princípio da climatologia. Enfim, ele não tem a intenção de ser profundo, mas sim,
básico.

2.2 Conhecimento teológico


É o conhecimento relacionado ao misticismo, à fé, ao divino, ou seja, à existência de
um Deus, seja ele o Sol, a Lua, Jesus, Maomé, Buda, ou qualquer outro que represente
uma autoridade suprema. O Conhecimento teológico, de forma geral, encontra seu
ápice respondendo aquilo que a ciência não consegue responder, visto que ele é
incontestável, já que se baseia na certeza da existência de um ser supremo (Fé). Os
Conhecimentos ou verdades teológicas estão registrados em livros sagrados, que não
seguem critérios científicos de verificação e são revelados por seres iluminados como
profetas ou santos, que estão acima de qualquer contestação por receberem tais
ensinamentos diretamente de um Deus.

2.3 Conhecimento filosófico


A palavra Filosofia surgiu com Pitágoras através da união dos vocábulos PHILOS
(amigo) + SOPHIA (sabedoria) (RUIZ, 1996, p.111). Os primeiros relatos do
pensamento filosófico datam do século VI a.C., na Ásia e no Sul da Itália (Grécia
Antiga). A filosofia não é uma ciência propriamente dita, mas um tipo de saber que
procura desenvolver no indivíduo a capacidade de raciocínio lógico e de reflexão crítica,
sem delimitar com exatidão o objeto de estudo. Dessa forma, o conhecimento filosófico
não pode ser verificável, o que o torna sob certo ponto de vista, infalível e exato. Apesar
da filosofia não ter aplicação direta à realidade, existe uma profunda interdependência
entre ela e os demais níveis de conhecimento. Essa relação deriva do fato que o
conhecimento filosófico conduz à elaboração de princípios universais, que
fundamentam os demais, enquanto se vale das informações empíricas, teológicas ou
científicas para prosseguir na sua evolução.

2.4 Conhecimento científico


É através da Ciência que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a
compreensão do mundo que o rodeia por meio de ações sistemáticas, analíticas e
críticas. Ao contrário do empirismo, que fornece um entendimento superficial, o
conhecimento científico busca a explicação profunda do fenômeno e suas inter-relações
com o meio. Diferentemente do filosófico, o conhecimento científico procura delimitar o
objeto alvo, buscando o rigor da exatidão, que pode ser temporária, porém
comprovada. Deve ser provado com clareza e precisão, levando à elaboração de leis
UFVJM 13

universalmente válidas para todos os fenômenos da mesma natureza. Ainda assim, ele
está sempre sob júdice, podendo ser revisado ou reformulado a qualquer tempo, desde
que se possa provar sua ineficácia.

3 METODOLOGIA DA PESQUISA3

A palavra Metodologia vem do grego; meta que significa ao largo; odos caminho;
logos, discurso, estudo. Consiste em estudar e avaliar os vários métodos disponíveis e
suas utilizações. Corresponde a um conjunto de procedimentos que auxiliam na
obtenção do conhecimento. De acordo com Minayo (1999), entende-se por metodologia
o caminho do pensamento e a prática exercida na abordagem da realidade. Neste
sentido, a metodologia ocupa um lugar central no interior das teorias e está referida a
elas. Já a pesquisa é entendida como a atividade básica da ciência, buscando
questionar e construir a realidade. É a pesquisa que alimenta a atividade de ensino e a
atualiza frente à realidade do mundo. Embora seja uma prática teórica, a pesquisa
vincula pensamento e ação. Ou seja, nada pode ser intelectualmente um problema, se
não tiver sido, em primeiro lugar, um problema da vida prática. As questões da
investigação estão, portanto, relacionadas a interesses e circunstâncias socialmente
condicionadas.

3.1 A Metodologia do Trabalho Científico e o Ensino Superior

A Metodologia e a Universidade4
(Aidil Barros e Neide Lehfeld)

Porque não começarmos pela apresentação de um problema àquele que acaba de


ingressar no curso superior: O que é Metodologia? Que relação há entre Ciência e
Metodologia Científica? Qual a sua importância e utilidade para o universitário?
Partindo da definição etimológica do termo temos que a palavra Metodologia vem do
grego ―meta‖ = ao largo; ―odos‖ = caminho; ―logos‖ = discurso, estudo.
A Metodologia é entendida como uma disciplina que consiste em estudar e avaliar os
vários métodos disponíveis, identificando as limitações de suas utilizações. A
Metodologia, num nível aplicado, examina e avalia as técnicas de pesquisa bem como a
geração ou verificação de novos métodos que conduzem à captação e processamento
de informações com vistas à resolução de problemas de investigação.
A Metodologia seria a aplicação do método através de técnicas. Constitui o
procedimento que deve seguir todo conhecimento científico para comprovar sua
verdade e ensiná-la.

3
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 01 – 16.
4
BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. A metodologia e universidade.
In: ___. Fundamentos de metodologia: um guia para a iniciação científica. São Paulo: Mc Graw-Hill,
1986. p. 1-14.
UFVJM 14

O método é o caminho ordenado e sistemático, a orientação básica para se chegar a


um fim e técnica é a forma de aplicação do método. Representa a maneira de atingir um
propósito bem definido. Têm-se então o método como estratégia e as técnicas como
táticas necessárias para se operacionalizar a estratégia.
Assim, o método estabelece de modo geral o que fazer e técnica nos dá o como fazer,
isto é, a maneira mais hábil, mais perfeita de fazer uma atividade.
A Metodologia no quadro geral da ciência é uma ―Metaciência‖, isto é, um estudo que
tem por objeto a própria Ciência e as técnicas específicas de cada Ciência. A
Metodologia não procura soluções, mas escolhe as maneiras de encontrá-las,
integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes
disciplinas científicas ou filosóficas.
Com relação à importância da disciplina Metodologia Científica, esta é baseada na
apresentação e exame de diretrizes aptas a instrumentar o universitário no que tange a
estudar e aprender. Para nós, mais vale o conhecimento e manejo desta
instrumentação para o trabalho científico do que o conhecimento de uma série de
problemas ou o aumento de informações acumuladas sistematicamente. Estamos pois
voltados para assessorar e colaborar com o crescimento intelectual do aluno para a
formação de um compromisso científico frente à realidade empírica.
A Metodologia auxilia e, portanto, orienta o universitário no processo de investigação
para tomar decisões oportunas na busca do saber e na formação do estado de espírito
crítico e hábitos correspondentes necessários ao processo de investigação científica. O
uso de processos metodológicos permitirá ao estudante o desenvolvimento de seu
raciocínio lógico e de sua criatividade.
Assim, um curso de Metodologia Científica deve-se propor a desenvolver a capacidade
de observar, selecionar e organizar cientificamente os fatos da realidade.
Portanto devemos estar voltados para capacitar o estudante, através de reflexões,
práticas e reflexões sobre estas mesmas práticas, a uma análise do conhecimento e do
seu processo de produção.
Através da Metodologia Científica deve-se criar ou estimular o desenvolvimento do
espírito crítico e observador do aluno para que ele possa ver a realidade com toda sua
nudez, analisando-a e refletindo-a à luz de concepções filosóficas e teóricas.
Assim, através do estudo da Metodologia Científica vão sendo apresentadas diretrizes
para a formação paulatina de hábitos de estudos científicos já que a pesquisa e a
reflexão devem constituir-se em objetivos principais da vida universitária.
Metodologia Científica não é um amontoado de técnicas, embora elas devam existir,
mas sim uma disciplina que deve estar sempre em relacionamento e a serviço de uma
proposta nova de Universidade e conhecimento.
A Metodologia Científica estrutura-se portanto para contribuir para que a Universidade
desenvolva as funções que lhe são impostas frente às necessidades culturais e
econômicas emergentes.
Assim, a Metodologia Científica vem para auxiliar na formação profissional do
estudante. Pretende-se alcançar uma formação profissional competente bem como uma
formação sócio-política que conduzirão o aluno a ler crítica e analiticamente o seu
cotidiano.
A formação profissional competente está diretamente relacionada ao crédito dado ao
estudo e à elaboração de um projeto de estudo. Isto é, deve estar implícita a
preocupação em aprender as funções advindas de sua carreia profissional.
UFVJM 15

Considerando-se a Universidade como centro do saber, como uma instituição


preocupada com a qualificação do ensino, com o rigor da aprendizagem e com o
progresso da ciência, ela terá na Metodologia um valioso ajudante quanto ao
desenvolvimento de capacidades e habilidades do universitário. Vem portanto fornecer
os pressupostos do trabalho científico, ou seja, normas técnicas e métodos
reconhecidos pelo uso entre cientistas, referentes ao planejamento da investigação
científica, à estrutura e à aplicação, apresentação e comunicação dos seus resultados.
Aprendendo a pensar, a pesquisar e formando o seu espírito científico, o universitário
estará obtendo conhecimentos novos e ao mesmo tempo construindo-se como ativo e
participante da História. (BARROS, Aidil Jesus Paes de; LEHFELD, Neide Aparecida de
Souza. A metodologia e universidade. In: ___. Fundamentos de metodologia: um guia
para a iniciação científica. São Paulo: Mc Graw-Hill, 1986. p. 1-14.)

Na universidade, o papel do aluno torna-se mais ativo na aprendizagem e é a


metodologia científica a disciplina encarregada de fornecer ao aluno os elementos
necessários para este autoaprendizado.
Segundo Demo (1996, p.5) [...] a proposta atual da metodologia científica é a de
introduzir na academia o gosto pela pesquisa.
Para tanto, faz-se necessário à determinação de algumas normas, que têm por
finalidade validar um estudo científico, ou seja, os métodos de pesquisa.
A importância da Metodologia reside no fato de ser uma disciplina que possui
características investigativas, relacionadas com a busca de caminhos necessários à
obtenção de conhecimentos, auxiliando o aluno no aprendizado da pesquisa e na
sistematização dos conteúdos. Esta instrumentação é importante para o trabalho
científico, porque colabora com o crescimento intelectual do postulante e com a
formação de um compromisso científico frente à realidade empírica, buscando o
conhecimento da verdade e a formação de um espírito crítico para a análise e para a
reflexão científica.
Desenvolver o conhecimento científico é fundamental para a educação superior que
tem como objetivo ensinar e divulgar procedimentos científicos, levando em conta o
estímulo ao pensamento produtivo, ao conhecimento sistemático, à criatividade e ao
desenvolvimento do espírito crítico. A Metodologia estrutura-se, portanto, de forma a
contribuir para que o ensino superior desenvolva as funções que lhe são impostas
frente às necessidades culturais e econômicas emergentes.

3.2 A Dinâmica de Estudo

O ensino superior deve propiciar o desenvolvimento do espírito científico aliado à


prática de trabalhos acadêmicos de qualidade. Para tanto, é importante que os alunos
adquiram hábitos de estudo, buscando informações a respeito de procedimentos que
possam auxiliá-los na execução de tarefas acadêmicas.
A atividade do estudo compõe-se de alguns elementos que são considerados muito
importantes para o aprendizado. Severino (1991) destaca como elementos
principais à leitura e a escrita, pois para aprender, é necessário ler ou ouvir as
mensagens que nos são transmitidas; como, também, é necessário registrar por escrito
o conteúdo, para posteriormente retomar a essa mensagem, pensá-la e/ou
UFVJM 16

reescrevê-la. Adverte, ainda, que o ensino superior exige dos universitários maior
autonomia no processo de aprendizagem e postura de auto-atividade didática
rigorosa, crítica e criativa, bem como um projeto de trabalho intelectual
individualizado, apoiado em material didático e científico que se constitui basicamente
na bibliografia especializada.
Com estas afirmações o autor citado nos leva a refletir sobre a necessidade de
preparação do estudante por meio da consulta bibliográfica afim com as suas
necessidades de aprendizagem. É necessário que o estudante utilize, com a devida
freqüência, as bibliotecas disponíveis. A leitura de livros indicados na bibliografia do
curso, de revistas especializadas, de jornais e outras fontes de consulta facilita a
apreensão dos conteúdos e permite uma visão ampliada do assunto, oferecendo outras
referências que ajudam a ampliar seu horizonte.
A autonomia do processo de aprendizagem requer do aluno um esforço disciplinar, uma
programação das atividades de estudo, uma divisão adequada do tempo que propiciem
a periodicidade de leituras, a participação em seminários, palestras, etc. O ensino
superior requer, além do estudo habitual, a participação em eventos e acontecimentos
que promovam a reflexão e ampliação dos conhecimentos. A auto-atividade didática
é, portanto, imprescindível e deve estar presente na vida do estudante
preocupado com a sua formação.
Um dos objetivos de um curso de graduação é formar nos alunos o espírito científico
que busca a obtenção de conhecimentos novos, aprimorando-os como seres ativos e
participantes da história.
A proposta deve ser a de aprender, isto é, na adianta apenas uma série de
informações, é preciso aprender a fazer e aprender fazendo. As atividades de estudo
como a leitura analítica, o estudo da documentação e a elaboração de trabalhos
científicos têm de ser efetivamente praticados. Estas atividades são desenvolvidas com
o auxílio do instrumental de trabalho, utilizando técnicas de leitura, condensação de
textos, etc.

3.3 A Leitura5

Ler é assimilar idéias, interagir com o autor, absorvendo o sentido da mensagem,


conhecer, interpretar, decifrar, ampliar os conhecimentos e aprofundar o saber em
determinado campo cultural ou científico. Segundo Salvador (1980), ler é "distinguir os
elementos mais importantes daqueles que não o são e, depois, optar pelos mais
representativos e mais sugestivos‖.
Numerosas idéias são transmitidas em diferentes obras, sendo necessário que o leitor
compreenda a idéia-mestra do texto, que é aquela que corresponde a tudo aquilo que o
autor quer comunicar. Para tanto, a utilização de técnicas de sublinhamento, resumo e
esquematização facilitam o entendimento do sentido do texto através das idéias de
cada parágrafo, auxiliando o leitor no entendimento do pensamento do autor no
contexto da obra.
Ao ler um texto, devemos primeiro prestar atenção em seu conteúdo informativo
fundamental, ao qual se subordinam, de modo articulado, vários enunciados. A maioria

5
Conferir SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
p. 49 – 66.
UFVJM 17

das frases possui uma palavra-chave, que pode ser percebida diretamente ou com a
ajuda de outras palavras que a substituem.
Posteriormente, devemos identificar, nos diversos parágrafos, as idéias secundárias
que articulam o entendimento final do texto.
É importante fazer boas leituras porque esta prática enriquece o vocabulário,
possibilitando ao leitor progredir cientificamente; adquirir experiência, melhorar a
comunicação e, principalmente, a redação. A leitura amplia e desperta a inteligência
para um aprofundamento cada vez maior no conhecimento, clareando as idéias,
permitindo uma abordagem do tema sob diferentes perspectivas, e fornecendo opções
de soluções para os problemas de pesquisa, de acordo com os modelos teóricos de
outros autores/pesquisadores.
A leitura é imprescindível na elaboração de trabalhos de investigação científica. É
importante consultar os autores, os livros e as revistas, que possam fornecer as
informações necessárias. Devemos examinar sumariamente os componentes físicos
dos livros cujos títulos nos interessam. Verificar o nome do autor, seu currículo, ler a
orelha do livro, o sumário, a documentação ou as citações ao pé das páginas.
Investigar a referência, assim como verificar a editora, a data, a edição e ler
rapidamente o prefácio. A convergência desses vários elementos nos
ajuda a identificar o texto e a selecionar as obras de interesse.

3.4 O Estudo do Texto

Segundo Galliano (1986), há várias maneiras de se estudar um texto, mas todas


dependem sempre do propósito do estudo. Assim, um estudo profundo, segue sempre
um processo semelhante, um método. Devemos recordar que não se estuda um texto
como quem lê um romance, por puro entretenimento. Os textos de estudo, mormente
aqueles de cunho científico ou filosófico, requerem sempre o emprego da razão
reflexiva por parte de quem estuda. E isso pressupõe certa disciplina intelectual, um
método de abordagem para o objeto do estudo. Existem diversos tipos de abordagens
acadêmicas e/ou científicas. Pode-se citar, dentre eles, os seguintes tipos:
Fichamentos, Resenhas, Papers, Estudos Dirigidos, Esquemas, Relatórios,
Conferências, Comunicações Acadêmicas, Mesas Redondas, Seminários, dentre
outros.
Assim, o estudo do texto deve ser realizado em várias etapas, sendo necessário para o
desenvolvimento deste, o domínio de algumas técnicas que vão contribuir para o
entendimento do autor e da obra, quais sejam: sublinhar, resumir e esquematizar.
Sublinhar é um método que ajuda a colocar em destaque a idéia-mestra, as palavras-
chaves e os pormenores importantes de um texto. Dentre as normas para sublinhar é
importante destacar que o leitor deve "marcar‖ apenas as idéias principais e os detalhes
importantes. O leitor deve reconstruir o parágrafo a partir das palavras sublinhadas para
depois formar um texto com as idéias-chave. Ao final, deve ser possível ler o texto
sublinhado com continuidade e plenitude de sentido. O texto fica condensado como em
um telegrama, mas continua com o mesmo sentido. É interessante sublinhar com dois
traços as palavras-chave da idéia principal e com um único traço os pormenores
importantes. Assinalar com linha vertical, à margem do texto, as passagens mais
significativas; ou fazer um retângulo. Os pontos de discordância devem ser assinalados
UFVJM 18

com um ponto de interrogação à margem do texto. Há autores que ainda aconselham o


uso de cores diferentes para sublinhar.
Após sublinhar o texto, é necessário condensar as idéias destacadas. O leitor deve
escolher a maneira mais adequada de se condensar o texto, a que mais se identifique
com o propósito de sua leitura. De acordo com a forma de apresentação do conteúdo
sublinhado, o leitor pode integrar as idéias através de um resumo ou esquema.
O resumo é a condensação de um texto capaz de reduzir seus elementos. É a
apresentação concisa e, freqüentemente, seletiva do texto, destacando-se os
elementos de maior interesse e importância, isto é, as principais idéias do autor da
obra. É útil quando se necessita, em rápida leitura, recordar o essencial do que se
estudou e a conclusão a que se chegou. Segundo Galliano (1986), resumir por escrito a
leitura é conveniente quando se coleta material de obra rara e de difícil consulta quando
se prepara um trabalho de maior fôlego e profundidade, como a defesa de uma tese ou
a elaboração de uma monografia ou dissertação, e quando se necessita fazer
exercícios de redação clara e concisa.
Para tanto, é necessário observar algumas normas para se fazer um bom resumo, tais
como: não pretender resumir antes de ler o texto todo; esclarecer os pontos obscuros; e
sublinhar as palavras desconhecidas. É preciso ser breve, porém compreensível.
Percorrer especialmente as palavras sublinhadas e anotações à margem do texto. Nos
casos de transcrição textual (―ao pé da letra‖), usar aspas e fazer referência completa à
fonte. Juntar, principalmente ao final, idéias integradoras, referências bibliográficas e
críticas, pertinentes e oportunas, de caráter pessoal.
O esquema é a linha mestra seguida pelo autor no desenvolvimento de seu escrito.
Para Galliano (1986), o esquema é a representação gráfica e sintética do que se leu. A
elaboração de um esquema fundamenta-se numa seqüência lógica que ordene
claramente as principais partes do conteúdo e que, mediante divisões e subdivisões
represente a hierarquia das palavras, frases, parágrafos-chave que, destacados após
várias leituras, devem apresentar ligações entre as idéias sucessivas para evidenciar o
raciocínio desenvolvido.
Algumas normas se fazem necessárias para a elaboração de um bom esquema, uma
delas é a fidelidade ao texto, captando e compreendendo o tema do autor, destacando
títulos e subtítulos que o guiaram ao escrever o texto.
Por fim, o esquema deve:
a) ser claro, simples e distribuído organicamente;
b) subordinar as idéias e fatos;
c) ter estrutura lógica, mantendo um sistema uniforme;
d) ser flexível e funcional para o uso; e
e) destacar o propósito da leitura, facilitando a captação do conteúdo e
permitindo uma melhor reflexão sobre o texto.

3.5 A Transposição da Leitura

Para auxiliar a transposição da leitura, é necessário que o leitor faça uma análise do
texto. O estudo e a interpretação do texto vão depender dos objetivos do leitor e do fim
a que se destina. Os textos de estudo de caráter científico, por exemplo, requerem, por
parte de quem analisa um método de abordagem e certa disciplina intelectual.
UFVJM 19

Galliano (1986) e Severino (1982) elaboraram modelos de análise que abrangem


alguns itens comuns aos dois autores que são chamados de análise textual, análise
temática e análise interpretativa.
A análise textual é a primeira forma de aproximação com o texto e tem a finalidade de
apresentar o texto e o pensamento do autor. O leitor deve assinalar os vocábulos
desconhecidos, os pontos que requerem posterior esclarecimento e as dúvidas que
possam interferir na captação do pensamento do autor. É importante esclarecer as
dúvidas através de consulta aos dicionários, enciclopédias, manuais, enfim, às obras de
referência que se façam necessárias.
Ao terminar esta análise, o leitor passa a ler com o objetivo de compreender
profundamente o texto. Inicia-se então a análise temática onde o leitor vai processar a
leitura para apreender o conteúdo, sem discutir com o texto, sem debater os conceitos
ou idéias; a intenção é a descoberta e a reflexão da idéia central. É necessário captar
na exposição do tema o problema que motivou o autor, as idéias secundárias, os temas
complementares, enfim, a estrutura de sustentação do texto. A análise temática é
considerada completa quando o leitor estabelece, com segurança, o esquema do
pensamento do autor apreendendo o conteúdo do texto.
A terceira etapa da leitura visa à interpretação do texto. O leitor passa a inferir e
interpretar o que foi apreendido. Ao iniciar a análise interpretativa o leitor deve
relacionar as idéias expostas pelo autor com o contexto da cultura científica e/ou
filosófica recorrendo, se necessário, a outras fontes, complementando-as sempre que o
estudo assim exigir.
Ao terminar a análise interpretativa, o nível de conhecimento do leitor ter-se-á
consolidado e ampliado. E para continuar desenvolvendo este conhecimento, Galiano
(1986) aconselha ao leitor levar sua posição pessoal, seu juízo crítico, ao confronto da
discussão em seminários, grupos de estudo, ou reuniões com colegas.
Para ele, o debate é importante porque algumas conclusões tidas como sólidas e
inabaláveis podem revelar sua fragilidade, enquanto outras ganharão maior vigor,
estimulando novas reflexões e abrindo um novo ciclo de aprofundamento de análises.
Concluindo adequadamente a leitura de um texto, o leitor mais experiente, passa a
produzir conhecimento e/ou a fazer proposições. São nessas condições que ocorre a
transposição da leitura. É através da ampliação dos aspectos que a análise do texto
suscitou e das proposições apoiadas na retomada de pontos relevantes que o
leitor pode ir além, ultrapassar a leitura e produzir o conhecimento; o que é muito
importante, na medida em que o leitor/pesquisador necessite transmitir significados ou
fazer alguma comunicação a respeito de determinadas conclusões.

3.6 A Prática do Fichamento

Em face da necessidade de realização de um trabalho de pesquisa é preciso que o


estudioso execute um levantamento bibliográfico que lhe permita:
a) conhecer a origem do problema;
b) identificar o que já foi pesquisado acerca do problema;
c) avaliar as soluções já experimentadas;
d) colher opiniões de especialistas e participantes do processo;
e) compreender tudo aquilo que irá embasar a formulação de uma possível solução
para o problema pesquisado.
UFVJM 20

Segundo Eco (1989), a situação ideal seria dispor de todos os livros de que se tem
necessidade. Entretanto, verifica-se que essa condição ideal é muito rara, mesmo para
um estudioso profissional. Assim, o armazenamento das informações coletadas em
bibliotecas, repartições públicas, centros culturais, sites de busca na Internet, etc,
poderá ser realizado através de um arquivo de fichas ou um arquivo de computador.
É oportuno destacar que os fichamentos são extremamente importantes na fase de
coleta de informações, pois auxiliam no registro de resumos, opiniões, citações, enfim,
tudo o que possa servir como embasamento para a redação do texto do trabalho de
pesquisa.
Tenha em mente que os esforços empreendidos durante a elaboração dos
fichamentos serão altamente recompensados no momento da redação final da
pesquisa, revertendo em ganho de tempo.
A ficha é geralmente composta pelas seguintes partes: cabeçalho, referências,
resumo da obra, citações, contribuições em relação ao assunto em estudo e
recursos ilustrativos de interesse.
O campo destinado ao cabeçalho solicita informações que facilitarão a identificação
futura do seu trabalho: a linha de pesquisa, o tema, o nome do postulante, a data do
fichamento e o número referência da ficha.
O campo destinado às referências deve ser preenchido conforme as normas da ABNT
(descritas no Manual de Apresentação de Trabalhos Acadêmicos e Dissertações), isto
facilitará a composição do trabalho no momento da redação. O campo destinado ao
resumo da obra, embora simples, deve permitir ao pesquisador identificar quais são os
assuntos tratados, bem como as principais conclusões do autor.
O campo destinado às citações poderá ser preenchido com citações diretas ou
indiretas, tendo por finalidade destacar as idéias que irão sustentar o seu raciocínio
lógico, durante a confecção do Referencial Teórico (capítulo que traduz tudo aquilo que
já foi publicado sobre o tema em estudo) de sua pesquisa. As citações não devem
aparecer no seu trabalho como uma simples cópia do pensamento de outros autores,
elas devem conter subsídios que lhe permitirão a sustentação de hipóteses (DM) ou a
discussão de questões de estudo (TCC). O campo destinado às contribuições em
relação ao assunto em estudo deve conter o seu parecer acerca do pensamento do
autor, visando facilitar a construção do seu raciocínio lógico durante a confecção do
trabalho; anote quantas idéias puder acerca do que foi lido e estudado, este é o melhor
momento para apreender idéias que contribuam para a sustentação da sua posição em
relação ao problema de estudo.
O campo destinado aos recursos ilustrativos de interesse deve conter tabelas,
gráficos, figuras ou outros recursos que enriqueçam e/ou facilitem o entendimento do
leitor acerca do seu trabalho.

4 A CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

Os consideráveis progressos nos meios de comunicação têm permitido que os avanços


científicos se expandam rapidamente nas distintas comunidades mundiais e estejam ao
alcance de um número cada vez maior de pessoas.
O processo do conhecimento necessita da presença de três elementos: o objeto, o
sujeito e uma relação entre os dois. O conhecimento se dá quando o sujeito
UFVJM 21

apreende o objeto e, relacionando-se com ele, forma uma imagem. Independentemente


das distintas teorias existentes para explicar o processo do conhecimento, faremos
referência a dois tipos especiais que são: o conhecimento ordinário ou vulgar (senso
comum) e o conhecimento científico.
Segundo Galliano (1986), o conhecimento vulgar (senso comum) também
denominado ―empírico‖ é o que todas as pessoas adquirem na vida cotidiana, ao
acaso, baseado apenas na experiência vivida ou transmitida por alguém. Em geral
resulta de repetidas experiências casuais de erro e acerto, sem observação metódica
ou verificação sistemática, e por isso, carece de caráter científico. Pode
também resultar de simples transmissão de geração para geração ou fazer parte das
tradições de uma coletividade.
Ao contrário, o conhecimento científico é uma aquisição intencional, consciente e
sistemática; é um processo que chegou ao máximo de seu desenvolvimento com a
aplicação do método científico. De acordo com Galliano (1986), o conhecimento
científico resulta de investigação metódica e sistemática da realidade. Ele transcende
os fatos e os fenômenos em si mesmos, analisa-os para
descobrir suas causas e concluir as leis gerais que os regem.

Ciência e Conhecimento

Atualmente, a sociedade vive a chamada era da informação e do conhecimento,


resultado da evolução e acumulação de competência científica e tecnológica. Para
chegar até aqui, o homem, movido pela curiosidade, buscou conhecer o mundo em que
vivia. Conhecimento é a relação entre quem conhece e o que passa a ser conhecido.
Segundo os metodólogos, existem quatro tipos de conhecimento:
Empírico: conhecimento prático, popular, vulgar ou de senso comum, construído com
base em experiências subjetivas;
Filosófico: Compreende os estudos das relações com todo o universo, baseia-se no
uso da razão para chegar a conclusões ou hipóteses sobre as coisas.
Teológico: Está relacionado com a fé e a crença divina, apóia-se em fundamentos
sagrados, portanto, valorativos;
Científico: resulta de uma investigação metódica e sistemática da realidade, buscando
as causas dos fatos e as leis que os regem. Tem a característica de verificabilidade, isto
é, suas hipóteses podem ser comprovadas. Foco dessa disciplina.
Para Galliano (1979, p.16), ciência ―é o conhecimento racional, sistemático, exato e
verificável da realidade‖. Segundo Koche (1997), o que leva o homem a produzir ciência
é a busca por respostas dos problemas que levem a compreensão de si e do mundo
em que ele vive. Portanto, pode-se dizer que o motivo básico da ciência é a curiosidade
intelectual e a necessidade que o homem tem de compreender-se e o mundo em que
vive. Dessa maneira, o papel das ciências é: Aumentar e melhorar o conhecimento da
realidade, Descobrir novos fatos e fenômenos, Explicar os fenômenos misteriosos e
falsos milagres.
Ciência é o conhecimento racional, sistemático, exato e verificável da realidade. O
conhecimento científico depende de investigação metódica da realidade, por isso,
emprega procedimento e técnicas para alcançar resultados.
Os procedimentos metodológicos servem de orientação para a investigação pretendida,
razão pela qual é importante ter um plano detalhado de pesquisa, objetivando a
UFVJM 22

compreensão do problema a ser estudado e os rumos que se pretende tomar. A


metodologia, segundo Thiolent (2001, p.25), pode ser vista como ―conhecimento geral e
habilidade necessária ao pesquisador para orientar-se no processo de investigação,
tomar decisões oportunas, selecionar conceitos, hipóteses, técnicas e dados
adequados‖.
Cada pesquisa, dependendo do tema e do problema de estudo, segue um caminho
específico. Ou seja, exige um método próprio. Método é um procedimento, ou melhor,
um conjunto de processos necessários para alcançar os fins de uma investigação.
Existem sim momentos ou etapas comuns a todas as pesquisas: toda pesquisa inicia
com seu planejamento, segue sua execução e, por fim, a comunicação dos resultados,
mas cada investigação segue seu próprio caminho.

4.1 A CIÊNCIA

Variados autores apresentam o que entendem por ciência através de conceitos que são
permanentemente ampliados, uma vez que suas idéias não são definitivas.
Pode-se afirmar que ciência é um conjunto de informações sistematicamente
organizadas e comprovadamente verdadeiras a respeito de um determinado tema.
Contudo existem muitas maneiras de pensar, de organizar e de comprovar os estudos,
dependendo do caminho que se segue (método). Os objetivos da ciência podem ser
apresentados como a melhoria da qualidade de vida intelectual e vida material. Para o
alcance dos objetivos, são necessárias novas descobertas e novos produtos. Os
princípios da ciência podem ser classificados como: nunca absoluto ou final, pode ser
sempre modificado ou substituído; a exatidão nunca é obtida integralmente, mas sim,
através de modelos sucessivamente mais próximos; é um conhecimento válido até que
novas observações e experimentações o substituam.
O conceito apresentado por Ander-Egg (1978) define ciência como um conjunto de
conhecimentos racionais, certos ou prováveis, obtidos metodicamente, sistematizados e
verificáveis, que fazem referência a objetos de uma mesma natureza.
Para Trujillo (1974), ciência é uma sistematização de conhecimentos, um conjunto de
proposições logicamente correlacionadas sobre o comportamento de certos fenômenos
que se deseja estudar. Um conjunto de atitudes e atividades racionais dirigidas ao
sistemático conhecimento com objetivo limitado, capaz de ser submetido à verificação.
Pode-se considerar a ciência como uma forma de conhecimento que tem por objetivo
formular, mediante linguagem rigorosa e apropriada (se possível com o
auxílio da linguagem matemática), leis que regem os fenômenos. Neste sentido, o
conhecimento deve ser:
a) objetivo, porque descreve a realidade independente dos caprichos do pesquisador;
b) racional, porque se vale, sobretudo, da razão e não da sensação ou impressões,
para chegar a seus resultados;
c) sistemático, porque se preocupa em construir sistemas de idéias organizadas
racionalmente e em incluir os conhecimentos parciais em totalidades cada vez mais
amplas;
d) geral, porque seu interesse se dirige fundamentalmente à elaboração de leis e
normas gerais, que explicam todos os fenômenos de certo tipo;
e) verificável, porque sempre possibilita demonstrar a veracidade das informações; e
UFVJM 23

f) falível, porque ao contrário de outros sistemas de conhecimento elaborados pelo


homem, reconhece sua própria capacidade de errar.

Segundo Gil (1999), há conhecimentos que não pertencem à ciência, tais como: o
conhecimento vulgar, o religioso e, em certa acepção, o filosófico. A partir destas
características torna-se possível, em boa parte dos casos, distinguir entre o que é
ciência e o que não é.
Segundo Lakatos e Marconi (2000), não existe um consenso na apresentação da
classificação das ciências; o que é ciência para alguns autores, ainda permanece
como ramo de estudo para outros, e vice-versa. Mas, baseando-se em Bunge (1976),
as autoras adotam a seguinte classificação: ciências formais e ciências factuais. As
ciências formais se encarregam do estudo das idéias, dividindo-se em lógica e
matemática. Por não terem relação com algo encontrado na realidade, não podem
valer-se dos contatos com essa realidade para convalidar suas fórmulas, utilizando a
lógica para demonstrar rigorosamente seus teoremas. Os resultados alcançados pelas
ciências formais demonstram ou provam hipóteses.
As ciências factuais se encarregam do estudo dos fatos, dividindo-se em naturais e
sociais. Referem-se a fatos que supostamente ocorrem no mundo e, em conseqüência,
recorrem às observações e às experimentações para comprovar ou refutar suas
hipóteses. Os resultados alcançados pelas ciências factuais verificam, comprovam ou
refutam hipóteses que, em sua maioria, são provisórias.
A grande diferença entre as ciências formais e factuais é que a demonstração (formal)
é completa e final, ao passo que a verificação (factual) é incompleta e, por este motivo
ela é temporária.
Parra Filho (2000), ao referir-se à classificação atual dos vários campos da ciência,
ressalta que as classificações da ciência devem ser provisórias, devido a
sua constante evolução. A classificação é importante porque mostra a unidade e ao
mesmo tempo a variedade do conhecimento humano, assinala o domínio próprio de
cada ciência, patenteia as relações lógicas que as unem entre si e revelam a ordem em
que as ciências devem ser estudadas.

4.2 MÉTODOS CIENTÍFICOS6

A investigação científica depende de um ―conjunto de procedimentos intelectuais e


técnicos‖ (Gil, 1999, p.26) para que seus objetivos sejam atingidos: os métodos
científicos. Método científico é o conjunto de processos ou operações mentais que se
devem empregar na investigação. É a linha de raciocínio adotada no processo de
pesquisa. Os métodos que fornecem as bases lógicas à investigação são: dedutivo,
indutivo, hipotético-dedutivo, dialético e fenomenológico (GIL, 1999; LAKATOS;
MARCONI, 1993). De forma breve veja a seguir em que bases lógicas estão pautados
tais métodos.

6
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 65 – 97.
UFVJM 24

Para que um conhecimento possa ser considerado científico, faz-se necessário


identificar as operações mentais e as técnicas que permitam a sua verificação, ou seja,
determinar o método que possibilite chegar ao conhecimento.
Assim, Gil (1999), define método científico como um conjunto de procedimentos
intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento. Lakatos e Marconi
(2000) descrevem o desenvolvimento histórico do método relatando que a preocupação
em descobrir e explicar a natureza existe desde os primórdios da humanidade.
Nas ciências, o método é fundamental para o desenvolvimento de uma pesquisa e sua
escolha se dá de acordo com a proposta de trabalho do pesquisador. A adoção de um
ou de outro método depende, portanto:
a) da natureza do objeto de pesquisa;
b) dos recursos materiais disponíveis;
c) do nível de abrangência do estudo; e
d) sobretudo, do pesquisador.
Neste sentido, vários sistemas de classificação podem ser adotados. Segundo Gil
(1999), que apresenta uma classificação semelhante a outros autores como Trujillo,
Ferrari (1982), e Lakatos (1992), há dois grandes grupos: os métodos de abordagem
que proporcionam as bases lógicas da investigação científica; e os métodos de
procedimentos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos a serem
empregados.

4.2.1 Os Métodos de Abordagem

Os métodos de abordagem esclarecem acerca dos procedimentos lógicos que deverão


ser seguidos no processo de investigação científica dos fatos da natureza e da
sociedade; são métodos desenvolvidos a partir de elevado grau de abstração, que
possibilitam ao pesquisador decidir acerca do alcance de sua investigação, das regras
de explicação dos fatos e da validade de suas generalizações.
Podem ser incluídos neste grupo os métodos: dedutivo, indutivo, hipotético-
dedutivo, dialético e fenomenológico. Cada um deles vincula-se a uma das correntes
filosóficas que se propõem a explicar como se processa o conhecimento da realidade.
O método dedutivo relaciona-se ao racionalismo, o indutivo ao empirismo, o hipotético-
dedutivo ao neopositivismo, o dialético ao materialismo dialético e o fenomenológico à
fenomenologia.

4.2.1.1 O Método Dedutivo

Método proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz que pressupõe que
só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o
objetivo de explicar o conteúdo das premissas. Por intermédio de uma cadeia de
raciocínio em ordem descendente (análise do geral para o particular) para chegar a
uma conclusão. Usa o silogismo, construção lógica para, a partir de duas premissas,
retirar uma terceira, logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de
conclusão (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).
Veja um clássico exemplo de raciocínio dedutivo:
Exemplo:
UFVJM 25

Todo homem é mortal. ...........................................(premissa maior)


Pedro é homem. .....................................................(premissa menor)
Logo, Pedro é mortal. .............................................(conclusão)

A dedução pressupõe o aparecimento, em primeiro lugar, do problema e da conjectura,


que serão testados pela observação e/ou experimentação.

4.2.1.2 O Método Indutivo

Método proposto pelos empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o
conhecimento é fundamentado na experiência, não levando em conta os princípios
preestabelecidos. No raciocínio indutivo a generalização deriva de observações de
casos da realidade concreta. As constatações particulares levam à elaboração de
generalizações (GIL, 1999; LAKATOS; MARCONI, 1993).
Veja um clássico exemplo de raciocínio indutivo:
E
Antônio é mortal.
João é mortal.
Paulo é mortal.
...
Carlos é mortal.
Ora, Antônio, João, Paulo... e Carlos são homens.
Logo, (todos) os homens são mortais.

Segundo Wricht (apud HEGENBERG, 1976, p. 174), a indução pode ser caracterizada
da seguinte forma: o fato de que algo é verdade, relativamente a certo número de
elementos de uma dada classe, permite concluir que o mesmo será
verdade, relativamente a elementos desconhecidos da mesma classe. Se em especial,
a conclusão se aplica a um número ilimitado de elementos não examinados, diz-se que
a indução leva a uma generalização.
O método indutivo propõe que, em primeiro lugar, está a observação dos fatos
particulares e depois a hipótese a confirmar. Há, portanto, uma inversão de
procedimentos em relação ao método dedutivo.

4.2.1.3 O Método Hipotético-Dedutivo

Proposto por Popper, o método hipotético-dedutivo consiste na adoção da seguinte


linha de raciocínio: ―quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto
são insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o
problema. Para tentar explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas
conjecturas ou hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que
deverão ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqüências
deduzidas das hipóteses. Enquanto no método dedutivo se procura a todo custo
confirmar a hipótese, no método hipotético-dedutivo, ao contrário, procuram-se
evidências empíricas para derrubá-la‖ (GIL, 1999, p.30).
UFVJM 26

O método hipotético-dedutivo se inicia pela percepção de uma lacuna nos


conhecimentos, acerca da qual se formulam hipóteses, e pelo processo de influência
dedutiva, testa-se a predição da ocorrência dos fenômenos abrangidos pela hipótese.
O método Hipotético-Dedutivo confronta as duas escolas anteriores, ou seja,
racionalismo versus empirismo no que diz respeito à maneira de se obter
conhecimento. Ambos buscam o mesmo objetivo, mas enquanto os racionalistas
apóiam-se na razão e intuição concebida aos homens, os empiristas partem da
experiência dos sentidos, a verdade da natureza.
São inúmeras as críticas aos dois métodos, partindo inclusive de seus próprios
defensores, contudo, foi a partir de Sir Karl Raymund Popper que foram lançadas as
bases do método hipotético-dedutivo.
Segundo Popper (1975) o método hipotético-dedutivo é o único realmente científico, por
não se basear em especulações, mas sim na tentativa de eliminação de erros. Luciano
(2001, p. 18) afirma que:

[...] quando os conhecimentos disponíveis sobre determinado assunto são


insuficientes para a explicação de um fenômeno, surge o problema. Para tentar
explicar as dificuldades expressas no problema, são formuladas conjecturas ou
hipóteses. Das hipóteses formuladas, deduzem-se conseqüências que deverão
ser testadas ou falseadas. Falsear significa tornar falsas as conseqüências
deduzidas das hipóteses.

Lakatos e Marconi (2000, p. 74) expõem o esquema apresentado por Popper da


seguinte forma:
Conhecimento Prévio - Problema – Conjecturas - Falseamento

4.2.1.4 O Método Dialético

Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições se


transcendem dando origem a novas contradições que passam a requerer solução. É um
método de interpretação dinâmica e totalizante da realidade. Admite que os fatos não
podem ser considerados fora de um contexto social, político, econômico, etc.
O método dialético penetra o mundo dos fenômenos através de sua ação recíproca, da
contradição inerente ao fenômeno e da mudança dialética que ocorre na natureza e na
sociedade. O conceito de dialética equivale a uma argumentação que faz a distinção
dos conceitos envolvidos na discussão. Empregado em pesquisa qualitativa (GIL, 1999;
LAKATOS; MARCONI, 1993).
Desde a Grécia antiga, o conceito de Dialética sofreu muitas alterações, absorvendo as
concepções de vários pensadores daquela época. Tem-se o conceito de eterna
mudança , instituído por Heráclito (540-480 a.C.) e paralelamente, a essência imutável
do ser instituído por Parmênides que valoriza a Metafísica em detrimento da Dialética.
Posteriormente, Aristóteles re-introduz princípios dialéticos nas explicações dominadas
pela Metafísica, porém esta permanece norteando as discussões sobre o conhecimento
até o Renascimento. No Renascimento, o pensamento dialético entra em evidência,
atingindo seu apogeu com Hegel, que através dos progressos científicos e sociais
impulsionados pela Revolução Francesa, compreende que no universo nada está
isolado, tudo é movimento e mudança e tudo depende de tudo, retornando assim, às
idéias de Heráclito. Hegel por ser um idealista, propõe uma visão particular de
UFVJM 27

movimento e mudança, considerando que as mudanças do espírito é que provocam as


da matéria. Segundo Lakatos e Marconi (2000, p. 82) existe primeiramente o espírito
que descobre o universo, pois este é a idéia materializada . A atual fase da dialética
está apoiada nos ensinamentos de Marx e Engels, denominada dialética materialista
que, assim como na fase anterior, considera que o universo e o pensamento estão em
eterna mudança, mas é a matéria que modifica as idéias e não o contrário. Assim se
pode afirmar que a Dialética é um método de interpretação dinâmica e totalizante da
realidade da qual se pode extrair quatro regras principais:

Tudo se
Relaciona

Tudo se
Transforma

Mudança
Qualitativa

Luta dos
Contrários

4.2.1.5 O Método Fenomenológico

Preconizado por Husserl, o método fenomenológico não é dedutivo nem indutivo.


Preocupa-se com a descrição direta da experiência, tal como ela é. A realidade é
construída e entendida como o compreendido, o interpretado, o comunicado pelo
resultado da pesquisa. Então, a realidade não é única: existem tantas quantas forem as
suas interpretações e comunicações. O sujeito/ator é reconhecidamente importante no
processo de construção do conhecimento (GIL, 1999; TRIVIÑOS, 1992). Empregado
em pesquisa qualitativa.

4.2.2 Os Métodos de Procedimentos

Segundo Lakatos (2000), os métodos de procedimentos seriam etapas mais concretas


da investigação, com a finalidade mais restrita em termos de explicação geral dos
fenômenos menos abstratos. Pressupõem uma atitude mais concreta em relação ao
fenômeno e estão limitadas a um domínio particular.
Gil (1999) expõe que os métodos que esclarecem acerca dos procedimentos técnicos a
serem utilizados, proporcionariam ao investigador os meios adequados
para garantir a objetividade e a precisão no estudo de ciências sociais. Este manual
reforça a conceituação adotada por Gil (1999), referindo-se à conceituação de método,
enquanto conjunto de procedimentos suficientemente gerais, para possibilitar o
desenvolvimento de uma investigação científica. Assim, os principais métodos de
procedimentos utilizados nas ciências sociais, são: histórico, comparativo, estatístico
e estudo de caso.
UFVJM 28

4.2.2.1 O Método Histórico

O método histórico se dá a partir do estudo dos conhecimentos, processos e intuições


passadas, procurando identificar e explicar as origens contemporâneas.
Muitos dos problemas contemporâneos podem ser analisados e entendidos a partir de
uma perspectiva histórica. E a partir da análise, evolução e comparação histórica se
podem traçar perspectivas.

4.2.2.2 O Método Comparativo

O método comparativo desenvolve-se pela investigação de indivíduos, classes,


fenômenos ou fatos, com vistas a ressaltar as diferenças e similaridades entre eles. Sua
utilização nas ciências sociais deve-se ao fato de possibilitar o estudo comparativo de
grandes grupamentos separados pelo espaço e pelo tempo. O método comparativo tem
como objetivo estabelecer leis e correlações entre os vários grupos e fenômenos
sociais, mediante a comparação que irá estabelecer as semelhanças e/ou as
diferenças.

4.2.2.3 O Método Estatístico

Segundo Gil (1999), o método estatístico fundamenta-se na aplicação da teoria


estatística da probabilidade e constitui importante auxílio para a investigação em
ciências sociais. As explicações obtidas mediante a utilização do método estatístico não
podem ser consideradas absolutamente verdadeiras, mas dotadas de boa
probabilidade de serem verdadeiras. Mediante a utilização de testes estatísticos, torna-
se possível determinar, em termos numéricos, a probabilidade de acerto de
determinada conclusão, bem como a margem de erro de um valor obtido. O método
estatístico, apesar das dificuldades para medir os fenômenos, auxilia o pesquisador no
que diz respeito à quantificação matemática dos numerosos fatos que, reduzidos a
números, permitem o estabelecimento de relações e correlações existentes entre eles,
prestando-se tanto para que sejam inferidas como para que sejam deduzidas as
conseqüências dos fatos analisados. É também utilizado quando, pela variedade e
complexidade dos fenômenos, torna-se impossível um conhecimento mais profundo dos
fenômenos e de suas relações sem uma quantificação.
Em ciências sociais não se entende a estatística como uma simples coleção de dados,
mas sim, como define Fisher, a estatística é a matemática aplicada à análise dos dados
numéricos de observação, pois, tão importante quanto o aspecto qualitativo do
fenômeno é o seu aspecto quantitativo, com as suas possíveis utilizações; daí ser um
importante instrumento utilizado pelas ciências sociais. Quando, a partir de uma
amostragem ou de um caso particular, são definidas algumas generalizações, tem-se a
probabilidade e não a certeza da ocorrência de tal fenômeno.

4.2.2.4 O Método de Estudo de Caso

O método de estudo de caso ou método monográfico permite, mediante a análise de


casos isolados ou de pequenos grupos, entender determinados fatos. De acordo com
Gil (1999), este método parte do princípio de que o estudo de um caso em profundidade
UFVJM 29

pode ser considerado representativo de muitos outros, ou mesmo de todos os casos


semelhantes. Esses casos podem ser indivíduos, instituições, grupos, comunidades etc.

Considerações Finais

Conforme o método escolhido pelo pesquisador, utiliza-se um ou outro procedimento de


coleta de dados. O procedimento de coleta de dados requer do pesquisador uma
definição do delineamento da pesquisa, ou seja, como irá proceder para obter as
informações necessárias à resolução do problema investigado. O delineamento da
pesquisa exige do pesquisador uma definição prévia do ambiente e das circunstâncias
em que serão coletados os dados, e as formas de controle das variáveis envolvidas no
problema.

5 PESQUISA CIENTÍFICA7

O que é pesquisa? Esta pergunta pode ser respondida de muitas formas. Pesquisar
significa, de forma bem simples, procurar respostas para indagações propostas. Minayo
(1993, p.23), vendo por um prisma mais filosófico, considera a pesquisa como
―atividade básica das ciências na sua indagação e descoberta da realidade. É uma
atitude e uma prática teórica de constante busca que define um processo
intrinsecamente inacabado e permanente. É uma atividade de aproximação sucessiva
da realidade que nunca se esgota, fazendo uma combinação particular entre teoria e
dados‖. Demo (1996, p.34) insere a pesquisa como atividade cotidiana considerando-a
como uma atitude, um ―questionamento sistemático crítico e criativo, mais a intervenção
competente na realidade, ou o diálogo crítico permanente com a realidade em sentido
teórico e prático‖.
Para Gil (1999, p.42), a pesquisa tem um caráter pragmático, é um ―processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método científico. Ainda, ―pode-se definir pesquisa
como o procedimento racional e sistemático que tem como objetivo proporcionar
respostas aos problemas que são propostos. A pesquisa é requerida quando não se
dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a
informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser
adequadamente relacionada ao problema. A pesquisa é desenvolvida mediante o
concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas
e outros procedimentos científicos. Na realidade, a pesquisa desenvolve-se ao longo de
um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema
até a satisfatória apresentação dos resultados‖, de acordo com Antônio Carlos Gil. O
objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas mediante o
emprego de procedimentos científicos‖. Pesquisa é um conjunto de ações, propostas
para encontrar a solução para um problema, que têm por base procedimentos racionais

7
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 139 – 197.
Conferir GIL, Antônio C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. p. 17 –
22.
UFVJM 30

e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um problema e não se tem


informações para solucioná-lo.
Nos cursos, em todos os níveis, exige-se, da parte do estudante, alguma atividade de
pesquisa. Esta, efetivamente, tem sido mal compreendida quanto à sua natureza e
finalidade por parte de alguns alunos e professores. Muito do que se chama de
pesquisa não passa de simples compilação ou cópia de algumas informações
desordenadas ou opiniões várias sobre determinado assunto e, o que é pior, não
referenciadas devidamente.
Assim, pesquisar, num sentido amplo, é procurar uma informação que não se sabe e
que se precisa saber. Consultar livros e revistas, verificar documentos, conversar com
pessoas, fazendo perguntas para obter respostas, são formas de pesquisa,
considerada como sinônimo de busca, de investigação e indagação. Este sentido amplo
de pesquisa, opõe-se ao conceito de pesquisa como tratamento de investigação
científica que tem por objetivo comprovar uma hipótese levantada, através do uso de
processos científicos (ALMEIDA JÚNIOR, 1988, p. 102).
Mas, o que é realmente uma pesquisa? Segundo Lakatos e Marconi(1987, p. 15), ―a
pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método de pensamento
reflexivo que requer um tratamento científico e se constitui no caminho para se
conhecer a realidade ou para descobrir verdade parciais‖. Significa muito mais do que
apenas procurar a verdade mas descobrir respostas para perguntas ou soluções para
os problemas levantados através do emprego de métodos científicos.
Para os iniciantes em pesquisa o mais importante deve ser a ênfase, a preocupação na
aplicação do método científico do que propriamente a ênfase nos resultados obtidos. O
objetivo dos principiantes deve ser a aprendizagem quanto à forma de percorrer as
fases do método científico e à operacionalização de técnicas de investigação. À medida
que o pesquisador amplia o seu amadurecimento na utilização de procedimentos
científicos, torna-se mais hábil e capaz de realizar pesquisas (BARROS; LEHFELD,
1986, p. 88).
As pesquisas devem contribuir para a formação de uma consciência crítica ou um
espírito científico do pesquisador. O estudante, apoiando-se em observações, análise e
deduções interpretadas, através de uma reflexão crítica, vai, paulatinamente, formando
o seu espírito científico, o qual não é inato. Sua edificação e seu aprimoramento são
conquistas que o universitário vai obtendo ao longo de seus estudos, da realização de
pesquisas e elaboração de trabalhos acadêmicos. Todo trabalho de pesquisa requer:
imaginação criadora, iniciativa, persistência, originalidade e dedicação do pesquisador.

5.1 Classificações das Pesquisas Científicas

Existem várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação


serão apresentadas a seguir, levando em consideração: a natureza, a forma de
abordagem do problema, os objetivos gerais e os procedimentos técnicos.

5.1.1 Classificação quanto à natureza

Pesquisa Básica (ou Pura): objetiva a produção de novos conhecimentos, úteis para o
avanço da ciência, sem uma aplicação prática prevista inicialmente. Envolve verdades e
interesses universais.
UFVJM 31

Pesquisa Aplicada: objetiva a produção de conhecimentos que tenham aplicação


prática e dirigidos à solução de problemas reais específicos. Envolve verdades e
interesses locais.

5.1.2 Classificação quanto à forma de abordagem do problema

Pesquisa Quantitativa: admite que de tudo pode ser quantificável, isto é, que é
possível traduzir em números as opiniões e as informações para, posteriormente,
classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas
(percentagem, média, moda, mediana, desvio-padrão, coeficiente de correlação,
análise de regressão, etc.).
Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o
sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do
sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a
atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa. Não requer
o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para
coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave. É descritiva. Os pesquisadores
tendem a analisar seus dados indutivamente.

5.1.3 Classificação quanto aos objetivos gerais

Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema com


vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses. É usada para conhecer variáveis que
são desconhecidas completamente, e cuja informação será básica para poder desenhar
uma investigação mais específica e profunda que alcance o verdadeiro conhecimento
da variável. A pesquisa exploratória tem como principal finalidade desenvolver,
esclarecer e modificar conceitos e idéias, tendo em vista a formulação de problemas
mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Este tipo de
pesquisa é realizado especialmente quando o tema escolhido é pouco explorado e
torna-se difícil sobre ele formular hipóteses precisas e operacionalizáveis. Muitas vezes
as pesquisas exploratórias constituem a primeira etapa de uma investigação mais
ampla (Selltiz et al., 1967).
Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada
população/fenômeno, ou o estabelecimento de relações entre variáveis. É utilizada
para aumentar os conhecimentos sobre as características e magnitude de um
problema, obtendo desta maneira uma visão mais completa. Para este tipo de pesquisa
é necessário que o pesquisador detenha algum conhecimento da variável ou das
variáveis que influenciam o problema. Algumas pesquisas descritivas vão além da
simples identificação da existência de relações entre variáveis, pretendendo determinar
a natureza dessa relação (Selltiz et al., 1967).
Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a
ocorrência dos fenômenos, aprofundando o conhecimento da realidade por explicar a
razão, o ―porquê‖ das coisas. Uma pesquisa explicativa pode ser a continuação de
outra descritiva, posto que a identificação dos fatores que determinam um fenômeno
exige que este esteja suficientemente descrito e/ou detalhado. Nem sempre é possível
a realização de pesquisas rigidamente explicativas em ciências sociais.
UFVJM 32

5.1.4 Classificação quanto aos procedimentos técnicos

Pesquisa Bibliográfica: quando elaborada a partir de material já publicado, constituído


principalmente de livros, artigos de periódicos e, atualmente, de material disponibilizado
na Internet. Dependendo da pesquisa, percebe-se que muitas são desenvolvidas quase
que exclusivamente a partir de fontes bibliográficas, tais como: livros de leitura corrente,
livros de referência, dicionários, enciclopédias, impressos diversos, publicações
periódicas, revistas e jornais etc.
A pesquisa bibliográfica permite ao pesquisador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente;
principalmente quando o problema de pesquisa requer dados muito dispersos pelo
espaço. A pesquisa bibliográfica é indispensável nos estudos históricos, pois não há
outra maneira de conhecer os fatos passados se não com base em dados
bibliográficos.
Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não receberam
tratamento analítico. As fontes, consideradas documentais, podem ser documentos
conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas, tais como:
associações científicas, igrejas, sindicatos etc. Incluem-se outros inúmeros documentos
como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos,
ofícios, boletins etc. Há documentos também, que de alguma forma já foram analisados,
tais como relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc, que
podem ser incluídos no rol da pesquisa, em face da sua importância documental.
Pesquisa Experimental: consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as
variáveis que seriam capazes de influenciá-lo, definir as formas de controle e de
observação dos efeitos que a variável pode produzir no objeto. De modo geral, o
experimento representa um excelente exemplo de pesquisa científica em determinados
campos do conhecimento. Contudo, em boa parte dos casos, a pesquisa experimental
torna-se inviável, quando se trata de objetos sociais, por exigir previsão de relações e
controle das variáveis a serem estudadas.
Quando os objetos em estudo são entidades físicas, tais como porções de líquidos,
bactérias ou ratos, não se identificam grandes limitações quanto à possibilidade de
experimentação. Quando, porém, se trata de experimentar com objetos sociais, ou seja,
com pessoas, grupos ou instituições, as limitações tornam-se bastante evidentes.
Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça
eficientemente nas ciências sociais, razão pela qual os procedimentos experimentais se
mostram adequados apenas a um reduzido número de situações.
Levantamento: caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas que possam estar
envolvidas com o objeto cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente
procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de
pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa,
obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Na maioria dos
levantamentos, não são pesquisados todos os integrantes da população estudada.
Antes da pesquisa de campo, seleciona-se mediante procedimentos, uma amostra
significativa de todo o universo tomado como objeto de investigação. As conclusões
obtidas a partir desta amostra são projetadas para a totalidade do universo, levando em
consideração a margem de erro, que é obtida por meio de cálculos matemáticos
(verifique o Anexo II do Manual de Estatística, v.1). Os levantamentos gozam de grande
UFVJM 33

popularidade entre os pesquisadores sociais, pois proporcionam: conhecimento direto


da realidade, economia e rapidez na obtenção de grande quantidade de dados num
curto espaço de tempo, permite que os dados sejam agrupados em tabelas,
possibilitando a sua visualização e análise por quantificação.
Estudo de Caso: caracterizando-se pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de
poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. É
recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos,
auxiliando a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica
com pertinência nas situações em que o objeto de estudo já é suficientemente
conhecido a ponto de ser enquadrado como um tipo ideal, possibilitando avançar na
pesquisa.
Pesquisa Ex-post-facto: quando o ―experimento‖ se realiza depois dos fatos ocorridos.
A pesquisa ex-post-facto, é a pesquisa que se realiza depois que fatos ou situações se
desenvolveram espontaneamente. Não se trata rigorosamente de um experimento,
posto que o pesquisador não tem controle das variáveis. Todavia, os procedimentos
lógicos de delineamento desta pesquisa são semelhantes aos dos experimentos
propriamente ditos. Neste tipo de pesquisa são tomadas como experimentais as
situações que se desenvolveram naturalmente e trabalha-se sobre elas como se
estivessem submetidas a controle.
Pesquisa-Ação: exige o envolvimento ativo do pesquisador e ação por parte das
pessoas ou grupos envolvidos no problema. Segundo Thiollent (1985), esta pesquisa é
concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um
problema coletivo no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação
ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo.
Pesquisa Participante: quando se desenvolve a partir da interação entre
pesquisadores e membros das situações investigadas. A pesquisa participante,
segundo Thiollent (1985), assim como a pesquisa-ação caracteriza-se pela interação
entre pesquisadores e membros das situações investigativas. Há autores que
empregam as duas expressões como sinônimas. Todavia, a pesquisa-ação geralmente
supõe uma forma de ação planejada, de caráter social, educacional, técnico ou outro. A
pesquisa participante, por sua vez, envolve a distinção entre ciência popular e ciência
dominante.

Considerações Finais

Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências


científicas. Para que seu estudo seja considerado científico você deve obedecer aos
critérios de coerência, consistência, originalidade e objetividade. É desejável que uma
pesquisa científica preencha os seguintes requisitos:
a) a existência de uma pergunta que se deseja responder;
b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam chegar à resposta; e
c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida.
UFVJM 34

Pesquisa científica versus metodologia científica

Pesquisa científica é a realização concreta de uma investigação planejada e


desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia científica.
Metodologia científica é um conjunto de etapas ordenadamente dispostas que devem
ser executadas na investigação de um fenômeno, que inclui a escolha do tema; a
exploração do problema; a construção de um modelo de análise e solução do
problema; a coleta e a tabulação de dados; a apresentação dos resultados; a
análise e discussão dos resultados; a elaboração das conclusões e
recomendações; e a divulgação de resultados.

5.2 O Planejamento da Pesquisa8

Segundo Köche (1997, p. 121) pesquisar significa identificar uma dúvida que necessite
ser esclarecida, construir e executar o processo que apresenta a solução desta, quando
não há teorias que a expliquem ou quando as teorias que existem não estão aptas para
fazê-lo.
Portanto, pesquisar é descobrir, e assim sendo, é um fato natural a todos os indivíduos.
Ruiz (1996, p. 48) considera que pesquisa científica é a realização completa de uma
investigação, desenvolvida e redigida de acordo com as normas de metodologia
consagradas pela ciência.
Para que uma pesquisa seja considerada científica, ela deve seguir uma metodologia
que compreenda uma seqüência de etapas logicamente encadeadas, de forma que
possa ser repetida obtendo-se os mesmos resultados. Dessa maneira, os dados
obtidos contribuirão para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a
sua reformulação ou criação. Sem pesquisa não há progresso!!!
Pesquisa é a construção de conhecimento original de acordo com certas exigências
científicas. Para que seu estudo seja considerado científico você deve obedecer aos
critérios de coerência, consistência, originalidade e objetivação. É desejável que uma
pesquisa científica preencha os seguintes requisitos: ―a) a existência de uma pergunta
que se deseja responder; b) a elaboração de um conjunto de passos que permitam
chegar à resposta; c) a indicação do grau de confiabilidade na resposta obtida‖
(GOLDEMBERG, 1999, p.106). O planejamento de uma pesquisa dependerá
basicamente de três fases:
- fase decisória: referente à escolha do tema, à definição e à delimitação do problema
de pesquisa;
- fase construtiva: referente à construção de um plano de pesquisa e à execução da
pesquisa propriamente dita;
- fase redacional: referente à análise dos dados e informações obtidas na fase
construtiva. É a organização das idéias de forma sistematizada visando à elaboração
do relatório final.

8
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 197 – 215.
Conferir GIL, Antônio C.. Como elaborar projetos de pesquisa. 4 ed. São Paulo: Atlas, 2007. p.161 –
171.
UFVJM 35

A apresentação do relatório de pesquisa deverá obedecer às formalidades requeridas


pela Academia.

Pesquisa científica seria, portanto, a realização concreta de uma investigação planejada


e desenvolvida de acordo com as normas consagradas pela metodologia científica.
Metodologia científica entendida como um conjunto de etapas ordenadamente
dispostas que você deve vencer na investigação de um fenômeno. Inclui a escolha do
tema, o planejamento da investigação, o desenvolvimento metodológico, a coleta e a
tabulação de dados, a análise dos resultados, a elaboração das conclusões e a
divulgação de resultados. Os tipos de pesquisa apresentados nas diversas
classificações não são estanques. Uma mesma pesquisa pode estar, ao mesmo tempo,
enquadrada em várias classificações, desde que obedeça aos requisitos inerentes a
cada tipo. Realizar uma pesquisa com rigor científico pressupõe que você escolha um
tema e defina um problema para ser investigado, elabore um plano de trabalho e, após
a execução operacional desse plano, escreva um relatório final e este seja apresentado
de forma planejada, ordenada, lógica e conclusiva.
Pesquisa, num sentido amplo, é um conjunto de atividades voltadas para a busca de
um determinado conhecimento. Neste sentido, qualquer trabalho escolar que o aluno
busque adquirir e/ou ampliar os conhecimentos passa a ser considerado um trabalho de
pesquisa. Segundo Gil (1999), pode-se definir pesquisa como um processo formal e
sistemático de desenvolvimento do método científico. A pesquisa tem um caráter
pragmático; é um ―processo formal e sistemático de desenvolvimento do método
científico. O objetivo fundamental da pesquisa é descobrir respostas para problemas
mediante o emprego de procedimentos científicos‖. De acordo com Barros e Lehfeld
(2000), a pesquisa científica é o produto de uma investigação, cujo objetivo é resolver
problemas e solucionar dúvidas mediante a utilização de procedimentos científicos.
Consiste em investigar a realidade, utilizando processos (métodos) e técnicas
específicas. Aplicar atentamente os sentidos a um objeto para dele adquirir um
conhecimento claro e preciso. Observar e examinar atentamente, sondar, inquirir, ouvir
com atenção, ler e analisar documentos.
A pesquisa científica é um conjunto de ações metodicamente organizadas, baseadas
em procedimentos racionais e sistemáticos; realizada com o objetivo de solucionar um
problema de cunho doutrinário, administrativo ou de instrução; e relatada através de um
discurso autêntico, coerente e lógico, ausente de contradições.
Desta forma, a pesquisa é um procedimento reflexivo e crítico de busca de respostas
para problemas ainda não solucionados. O planejamento e a execução de uma
pesquisa fazem parte de um processo sistematizado que compreende etapas que
podem ser detalhadas da seguinte forma:

1) escolha do tema;
2) revisão de literatura;
3) justificativa;
4) formulação do problema;
5) determinação de objetivos;
6) metodologia;
7) coleta de dados;
8) tabulação de dados;
UFVJM 36

9) análise e discussão dos resultados;


10) conclusão da análise dos resultados;
11) redação e apresentação do trabalho científico (dissertação ou tese).

5.2.1 As Etapas da Pesquisa

1 Escolha do Tema
Nesta etapa você deverá responder à pergunta: ―O que pretendo abordar?‖ O tema é
um aspecto ou uma área de interesse de um assunto que se deseja provar ou
desenvolver. Escolher um tema significa eleger uma parcela delimitada de um assunto,
estabelecendo limites ou restrições para o desenvolvimento da pesquisa pretendida. A
definição do tema pode surgir com base na sua observação do cotidiano, na vida
profissional, em programas de pesquisa, em contato e relacionamento com
especialistas, no feedback de pesquisas já realizadas e em estudo da literatura
especializada (BARROS; LEHFELD, 1999). A escolha do tema de uma pesquisa, em
um Curso de Pós- Graduação, está relacionada à linha de pesquisa à qual você está
vinculado ou à linha de seu orientador. Você deverá levar em conta, para a escolha do
tema, sua atualidade e relevância, seu conhecimento a respeito, sua preferência e sua
aptidão pessoal para lidar com o tema escolhido. Definido isso, você irá levantar e
analisar a literatura já publicada sobre o tema.

2 Revisão de Literatura
Nesta fase você deverá responder às seguintes questões: quem já escreveu e o que já
foi publicado sobre o assunto, que aspectos já foram abordados, quais as lacunas
existentes na literatura. Pode objetivar determinar o ―estado da arte‖, ser uma revisão
teórica, ser uma revisão empírica ou ainda ser uma revisão histórica. A revisão de
literatura é fundamental, porque fornecerá elementos para você evitar a duplicação de
pesquisas sobre o mesmo enfoque do tema. Favorecerá a definição de contornos mais
precisos do problema a ser estudado (veja a Aula 5, que abordará especialmente a
Revisão de Literatura).

3 Justificativa
Nesta etapa você irá refletir sobre ―o porquê‖ da realização da pesquisa procurando
identificar as razões da preferência pelo tema escolhido e sua importância em relação a
outros temas. Pergunte a você mesmo: o tema é relevante e, se é, por quê? Quais os
pontos positivos que você percebe na abordagem proposta? Que vantagens e
benefícios você pressupõe que sua pesquisa irá proporcionar? A justificativa deverá
convencer quem for ler o projeto, com relação à importância e à relevância da pesquisa
proposta.

4 Formulação do Problema
Nesta etapa você irá refletir sobre o problema que pretende resolver na pesquisa, se é
realmente um problema e se vale a pena tentar encontrar uma solução para ele. A
pesquisa científica depende da formulação adequada do problema, isto porque objetiva
buscar sua solução.
UFVJM 37

5 Determinação dos Objetivos: Geral e Específicos


Nesta etapa você pensará a respeito de sua intenção ao propor a pesquisa. Deverá
sintetizar o que pretende alcançar com a pesquisa. Os objetivos devem estar coerentes
com a justificativa e o problema proposto. O objetivo geral será a síntese do que se
pretende alcançar, e os objetivos específicos explicitarão os detalhes e serão um
desdobramento do objetivo geral. Os objetivos informarão para que você está propondo
a pesquisa, isto é, quais os resultados que pretende alcançar ou qual a contribuição
que sua pesquisa irá efetivamente proporcionar. Os enunciados dos objetivos devem
começar com um verbo no infinitivo e este verbo deve indicar uma ação passível de
mensuração. Como exemplos de verbos usados na formulação dos objetivos, podem-se
citar para:
- determinar estágio cognitivo de conhecimento: os verbos apontar, arrolar, definir,
enunciar, inscrever, registrar, relatar,
repetir, sublinhar e nomear;
- determinar estágio cognitivo de compreensão: os verbos descrever, discutir,
esclarecer, examinar, explicar, expressar, identificar, localizar, traduzir e transcrever;
- determinar estágio cognitivo de aplicação: os verbos aplicar, demonstrar,
empregar, ilustrar, interpretar, inventariar, manipular, praticar, traçar e usar;
- determinar estágio cognitivo de análise: os verbos analisar, classificar, comparar,
constatar, criticar, debater, diferenciar, distinguir, examinar, provar, investigar e
experimentar;
- determinar estágio cognitivo de síntese: os verbos articular, compor, constituir,
coordenar, reunir, organizar e esquematizar;
- determinar estágio cognitivo de avaliação: os verbos apreciar, avaliar, eliminar,
escolher, estimar, julgar, preferir, selecionar, validar e valorizar.

6 Metodologia

Nesta etapa, o pesquisador irá definir onde e como será realizada a pesquisa. Definirá
o tipo de pesquisa, a população (universo da pesquisa), a amostragem, os instrumentos
de coleta de dados e a forma como pretende tabular e analisar seus dados. População
(ou universo da pesquisa) é a totalidade de indivíduos que possuem as mesmas
características definidas para um determinado estudo. Amostra é parte da população ou
do universo, selecionada de acordo com uma regra ou plano. A amostra pode ser
probabilística e não-probabilística.
Amostras não-probabilísticas podem ser:
- amostras acidentais: compostas por acaso, com pessoas que vão aparecendo;
- amostras por quotas: diversos elementos constantes da população/universo, na
mesma proporção;
- amostras intencionais: escolhidos casos para a amostra que representem o ―bom
julgamento‖ da população/universo.
Amostras probabilísticas são compostas por sorteio e podem ser:
- amostras casuais simples: cada elemento da população tem oportunidade igual de
ser incluído na amostra;
- amostras casuais estratificadas: cada estrato, definido previamente, estará
representado na amostra;
UFVJM 38

- amostras por agrupamento: reunião de amostras representativas de uma


população. Para definição das amostras recomenda-se a aplicação de técnicas
estatísticas. Barbetta (1999) fornece uma abordagem muito didática referente à
delimitação de amostras e ao emprego da estatística em pesquisas.
A definição do instrumento de coleta de dados dependerá dos objetivos que se
pretende alcançar com a pesquisa e do universo a ser investigado. Os instrumentos de
coleta de dados tradicionais são:
Observação: quando se utilizam os sentidos na obtenção de dados de determinados
aspectos da realidade. A observação pode ser:
- observação assistemática: não tem planejamento e controle previamente
elaborados;
- observação sistemática: tem planejamento, realiza-se em condições controladas
para responder aos propósitos preestabelecidos;
- observação não-participante: o pesquisador presencia o fato, mas não participa;
- observação individual: realizada por um pesquisador;
- observação em equipe: feita por um grupo de pessoas;
- observação na vida real: registro de dados à medida que ocorrem;
- observação em laboratório: onde tudo é controlado.

Entrevista: é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado


assunto ou problema. A entrevista pode ser:
- padronizada ou estruturada: roteiro previamente estabelecido;
- despadronizada ou não-estruturada: não existe rigidez de roteiro. Podem-se
explorar mais amplamente algumas questões.
Questionário: é uma série ordenada de perguntas que devem ser respondidas por
escrito pelo informante. O questionário deve ser objetivo, limitado em extensão e estar
acompanhado de instruções As instruções devem esclarecer o propósito de sua
aplicação, ressaltar a importância da colaboração do informante e facilitar o
preenchimento.
As perguntas do questionário podem ser:
- abertas: ―Qual é a sua opinião?‖;
- fechadas: duas escolhas: sim ou não;
- de múltiplas escolhas: fechadas com uma série de respostas possíveis.

Young e Lundberg (apud Pessoa, 1998) fizeram uma série de recomendações úteis à
construção de um questionário. Entre elas destacam-se:
- o questionário deverá ser construído em blocos temáticos obedecendo a uma ordem
lógica na elaboração das perguntas;
- a redação das perguntas deverá ser feita em linguagem compreensível ao informante.
A linguagem deverá ser acessível ao entendimento da média da população estudada. A
formulação das perguntas deverá evitar a possibilidade de interpretação dúbia, sugerir
ou induzir a resposta;
- cada pergunta deverá focar apenas uma questão para ser analisada pelo informante;
- o questionário deverá conter apenas as perguntas relacionadas aos objetivos da
pesquisa. Devem ser evitadas perguntas que, de antemão, já se sabe que não serão
respondidas com honestidade.
UFVJM 39

Formulário: é uma coleção de questões e anotadas por um entrevistador numa


situação face a face com a outra pessoa (o informante). O instrumento de coleta de
dados escolhido deverá proporcionar uma interação efetiva entre você, o informante e a
pesquisa que está sendo realizada. Para facilitar o processo de tabulação de dados por
meio de suportes computacionais, as questões e suas respostas devem ser
previamente codificadas.
A coleta de dados estará relacionada com o problema, a hipótese ou os pressupostos
da pesquisa e objetiva obter elementos para que os objetivos propostos na pesquisa
possam ser alcançados. Neste estágio você escolhe também as possíveis formas de
tabulação e apresentação de dados e os meios (os métodos estatísticos, os
instrumentos manuais ou computacionais) que serão usados para facilitar a
interpretação e análise dos dados. Na Engenharia de Produção, muitas vezes, as
dissertações e teses estão comprometidas com o desenvolvimento de modelos e
produtos. Em tais casos a metodologia não seguirá os passos indicados acima, e sim
deve estar adequada à necessidade requerida para criação específica do modelo ou
produto que está sendo desenvolvido.
7 Coleta de Dados Nesta etapa você fará a pesquisa de campo propriamente dita.
Para obter êxito neste processo, duas qualidades são fundamentais: a paciência e a
persistência.
8 Tabulação e Apresentação dos Dados Nesta etapa você poderá lançar mão de
recursos manuais ou computacionais para organizar os dados obtidos na pesquisa de
campo. Atualmente, com o advento da informática, é natural que você escolha os
recursos computacionais para dar suporte à elaboração de índices e cálculos
estatísticos, tabelas, quadros e gráficos. 9 Análise e Discussão dos Resultados
Nesta etapa você interpretará e analisará os dados que tabulou e organizou na etapa
anterior. A análise deve ser feita para atender aos objetivos da pesquisa e para
comparar e confrontar dados e provas com o objetivo de confirmar ou rejeitar a(s)
hipótese(s) ou os pressupostos da pesquisa.
10 Conclusão da Análise e dos Resultados Obtidos
Nesta etapa você já tem condições de sintetizar os resultados obtidos com a pesquisa.
Deverá explicitar se os objetivos foram atingidos, se a(s) hipótese(s) ou os
pressupostos foram confirmados ou rejeitados. E, principalmente, deverá ressaltar a
contribuição da sua pesquisa para o meio acadêmico ou para o desenvolvimento da
ciência e da tecnologia.
11 Redação e Apresentação do Trabalho Científico
Nesta etapa o pesquisador deverá redigir seu relatório de pesquisa: dissertação ou
tese. Azevedo (1998, p.22) argumenta que o texto deverá ser escrito de modo apurado,
isto é, ―gramaticalmente correto, fraseologicamente claro, terminologicamente preciso e
estilisticamente agradável‖. Normas de documentação da Associação Brasileira de
Normas Técnicas (ABNT) deverão ser consultadas visando à padronização das
indicações bibliográficas e a apresentação gráfica do texto.

Considerações Finais
As etapas aqui identificadas e as orientações feitas deverão servir de guia à elaboração
de sua pesquisa e não como uma ―camisa-de-força‖. Portanto, não devem impedir sua
criatividade ou causar entraves à elaboração da pesquisa. A intenção deste documento
é fornecer a você orientações básicas à elaboração de uma investigação científica.
UFVJM 40

5.2.2 - Projeto de Pesquisa e sua Composição

Um projeto de Pesquisa é composto, geralmente, pelas seguintes seções:

1- INTRODUÇÃO
2- OBJETIVOS
2.1 - Geral
2.2 - Específicos
3- JUSTIFICATIVA
4- REVISÃO TEÓRICA
5- METODOLOGIA
6- CRONOGRAMA
8- ANEXOS

1- INTRODUÇÃO
(O QUE É O TEMA?)
Na introdução, o aluno deverá explicar o assunto que deseja desenvolver.

Desenvolver genericamente o tema;


Anunciar a idéia básica;
Delimitar o foco da pesquisa;
Situar o tema dentro do contexto geral da sua área de trabalho;
Descrever as motivações que levaram à escolha do tema;
Definir o objeto de análise: O QUÊ SERÁ ESTUDADO?

2- OBJETIVOS
(VAI BUSCAR O QUÊ?)
Aqui o aluno deverá descrever o objetivo concreto da pesquisa que irá
desenvolver: o que se vai procurar.
A apresentação dos objetivos varia em função da natureza do projeto. Nos
objetivos da pesquisa cabe identificar claramente o problema e apresentar sua
delimitação. Apresentam-se os objetivos de forma geral e específica.
O objetivo geral define o que o pesquisador pretende atingir com sua
investigação.
Os objetivos específicos definem etapas do trabalho a serem realizadas para
que se alcance o objetivo geral. Podem ser: exploratórios, descritivos e
explicativos. Utilizar verbos para iniciar os objetivos:

Exploratórios (conhecer, identificar, levantar, descobrir);


Descritivos (caracterizar, descrever, traçar, determinar);
Explicativos (analisar, avaliar, verificar, explicar)
UFVJM 41

3- JUSTIFICATIVA
(POR QUE FAZER?)
Consiste na apresentação, de forma clara, objetiva e rica em detalhes, das razões de
ordem teórica ou prática que justificam a realização da pesquisa ou o tema proposto para
avaliação inicial. No caso de pesquisa de natureza científica ou acadêmica, a justificativa
deve indicar:
A relevância social do problema a ser investigado.
As contribuições que a pesquisa pode trazer, no sentido de proporcionar
respostas aos problemas propostos ou ampliar as formulações teóricas a esse respeito.
O estágio de desenvolvimento dos conhecimentos referentes ao tema.
A possibilidade de sugerir modificações no âmbito da realidade proposta pelo
tema.

4- REVISÃO TEÓRICA
(O QUE JÁ FOI ESCRITO SOBRE O TEMA?)
Nenhuma pesquisa parte da estaca zero. Mesmo que exploratória, isto é, de avaliação
de uma situação concreta desconhecida em um dado local, alguém ou um grupo, em
algum lugar, já deve ter feito pesquisas iguais ou semelhantes, ou mesmo
complementares de certos aspectos da pesquisa pretendida. Uma procura de tais
fontes, documentais ou bibliográficas, torna-se imprescindível para que não haja
duplicação de esforços.
A citação das principais conclusões a que outros autores chegaram permite salientar a
contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições ou reafirmar
comportamentos e atitudes.
A literatura indicada deverá ser condizente com o problema em estudo;
Citar literatura relevante e atual sobre o assunto a ser estudado;
Apontar alguns dos autores que serão consultados;
Demonstrar entendimento da literatura existente sobre o tema;
As citações literais deverão aparecer sempre entre aspas ou caracteres em
itálico, indicando a obra consultada. CUIDADO COM O PLÁGIO!
As citações devem especificar a fonte (AUTOR, ANO, PÁGINA – referências
bibliográficas);
As citações e paráfrases deverão ser feitas de acordo com as regras da ABNT
6023, de 2002.
Citações literais, utilizar fonte nº 10.

5- METODOLOGIA
(COMO FAZER?)
Descrever sucintamente o tipo de pesquisa a ser abordada (bibliográfica,
documental, de campo, etc. )
Delimitação e descrição (se necessário) dos instrumentos e fontes escolhidos
para a coleta de dados: entrevistas, formulários, questionários, legislação
doutrina, jurisprudência, etc.
Indicar o procedimento para a coleta de dados, que deverá acompanhar o
tipo de pesquisa selecionado, isto é:
UFVJM 42

a) para pesquisa bibliográfica: indicar proposta de seleção das leituras


(seletiva, crítica ou reflexiva, analítica);
b) para pesquisa experimental; indicar o procedimento de verificação /
testagem;
c) para a pesquisa descritiva: indicar o procedimento da observação:
entrevista, questionário, análise documental, entre outros.
Listar bibliotecas visitadas até o momento do projeto e outras a serem
visitadas durante a elaboração do trabalho final.
Indicar outros recursos: jornais, periódicos, Internet.

6- CRONOGRAMA
(EM QUANTO TEMPO FAZER?)
A elaboração do cronograma responde à pergunta quando? A pesquisa deve ser
dividida em partes, fazendo-se a previsão do tempo necessário para passar de uma
fase a outra. Não esquecer que há determinadas partes que podem ser executadas
simultaneamente enquanto outras dependem das fases anteriores. Distribuir o tempo
total disponível para a realização da pesquisa, incluindo nesta divisão a sua
apresentação gráfica.
MES/ETAPAS Mês 1 Mês 2 Mês 3 Mês 4 Mês 5 Mês 6 Mês 7 Mês 8
Escolha do X
tema
Levantamento X X X
bibliográfico
Elaboração do X
anteprojeto
Apresentação X
do projeto
Coleta de X X X X
dados
Análise dos X X X
dados
Organização do X
roteiro/partes
Redação do X X
trabalho
Revisão e X
redação final
Entrega da X
monografia
Defesa X
UFVJM 43

7-BIBLIOGRAFIA
(QUAL O MATERIAL BIBLIOGRÁFICO UTILIZADO?)
A bibliografia utilizada no desenvolvimento do projeto de pesquisa (pode incluir
aqueles que ainda serão consultados para sua pesquisa).
A bibliografia básica (todo material coletado sobre o tema: livros, artigos,
monografias, material da Internet, etc.)
As referências bibliográficas deverão ser feitas de acordo com as regras da
ABNT. Atenção para a ordem alfabética.
Na bibliografia final listar em ordem alfabética todas as fontes consultadas,
independente de serem de tipos diferentes. Apenas a título de exemplo, a seguir,
veja como citar alguns dos tipos de fontes mais comuns :
(a)
(b) Livros:
GIL, Antonio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 2. ed. SP: Atlas, 1991.
LAKATOS, Eva e Marconi, Marina. Metodologia do Trabalho Científico. SP : Atlas,
1992.
RUIZ, João Álvaro. Metodologia Científica: guia para eficiência nos estudos. 4. ed.
SP: Atlas, 1996.

Artigos de revistas:
AS 500 maiores empresas do Brasil. Conjuntura Econômica. Rio de Janeiro. v.38, n.
9, set.1984. Edição Especial.
TOURINHO NETO, F. C. Dano ambiental. Consulex. Brasília, DF, ano 1, n. 1, p. 18-23,
fev. 1997.

Material da Internet / sites


SÃO PAULO. (Estado). Secretaria do Meio Ambiente. Tratados e organizações
ambientais em matéria de meio ambiente. In: Entendendo o meio ambiente. São
Paulo,1999. v. 1. Disponível em: <http://www.bdt.org.br/sma/entendendo/atual.htm> .
Acesso em : 8 mar.1999.
UFVJM 44

6 TIPOS DE TRABALHOS CIENTÍFICOS9

Existem diversos tipos de trabalhos acadêmicos e/ou científicos. Pode-se citar, dentre
eles, os seguintes tipos: Trabalhos de Graduação, Trabalho de Conclusão de Curso,
Monografia, Dissertação, Tese, Artigos Científicos, Fichamento, Resenha Crítica,
Paper, Estudo Dirigido, Esquema, Relatórios, Conferência, Comunicação
Acadêmica Oral, Comunicação Científica Oral, Mesa Redonda, Seminário dentre
outros. Apesar de haver essa classificação, aceita inclusive internacionalmente, é
comum encontrar certos equívocos em torno da palavra monografia com respeito a
dissertações, teses e trabalhos de fim de curso de graduação. Etimologicamente,
monografia é um estudo sobre um único assunto, realizado com profundidade. No
entanto, essa nomenclatura, monografia, parece destinada aos Cursos de
Especialização, e teria como fim primeiro levar o autor a se debruçar sobre um assunto
em profundidade com o intuito de transmiti-lo a outrem ou de aplicá-lo imediatamente.
Esses relatórios científicos possuem características próprias, como a sistemática, a
investigação, a fundamentação, a profundidade e a metodologia. E, dependendo do
caso, a originalidade e a contribuição da pesquisa para a ciência, como é o caso das
teses e dissertações. Em todo o caso, destaca-se que a estrutura dos trabalhos
científicos é quase sempre a mesma, compreendendo quase sempre uma introdução,
um desenvolvimento e uma conclusão. A introdução dos trabalhos costuma abranger os
objetivos da pesquisa, bem como os problemas, asdelimitações e a metodologia
adotada para a realização do trabalho. O desenvolvimento é mais livre, podendo o
pesquisador dissertar sobre o tema propriamente dito, sem, contudo, abandonar pontos
importantes como a demonstração, a análise e a discussão dos resultados. Por fim, o
autor poderá escrever suas conclusões a respeito da discussão realizada ou dos
resultados obtidos. É neste ponto que o pesquisador será enfático, ressaltando as
posições que deseja defender ou refutar.

6.1 Trabalhos de graduação


Os trabalhos de graduação não constituem exatamente trabalhos de cunho científico,
mas de iniciação científica, uma vez que esses trabalhos tenham que ser apresentados
dentro de uma sistemática e organização que estimulem o raciocínio científico. Visto
que o enfoque pretendido em trabalhos de graduação é voltado para a assimilação de
um conteúdo específico, é comum que uma revisão bibliográfica, ou uma revisão
literária, seja tida como suficiente. Porém, nada impede que existam outros tipos de
trabalhos acadêmicos, como relatórios e pequenas pesquisas. No entanto, é importante
ter em mente a cientificidade da sistemática adotada para a realização desses
trabalhos.

9
Conferir SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
p. 199 - 210.
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 218 – 234.
UFVJM 45

6.2 Trabalho de Conclusão de Curso


O Trabalho de Curso (TC), também conhecido como Trabalho de Final de Curso, é tido
como uma monografia sobre um assunto específico. Tem como objetivo levar o aluno a
refletir sobre temas determinados e transpor suas idéias para o papel na forma de uma
pesquisa ou na forma de um relatório. Para o caso da graduação, por se tratar de mais
um requisito para a complementação do curso, o estudo não necessita ser tão completo
em relação ao tema escolhido como o caso de uma dissertação ou tese, mas o aluno
não deve perder de vista a clareza, a objetividade e a seriedade da pesquisa.

6.3 Monografia
A monografia, para obter o título de especialista em cursos de pós-graduação em nível
de lato sensu, é parecida com o Trabalho de Final de Curso apresentado em cursos de
graduação. Também possui como objetivo levar o aluno a refletir sobre temas
determinados e transpor suas idéias para o papel na forma de uma pesquisa. Para o
caso da pós-graduação, o estudo necessita ser um pouco mais completo em relação ao
tema escolhido para a pesquisa.

6.4 Dissertação
As dissertações, que paulatinamente vão se destinando aos trabalhos de cursos de
pósgraduação stricto sensu (mestrado), buscam, sobretudo, a reflexão sobre um
determinado tema ou problema expondo as idéias de maneira ordenada e
fundamentada. E, dessa forma, como resultado de um trabalho de pesquisa, a
dissertação deve ser um estudo o mais completo possível em relação ao tema
escolhido. Deve procurar expressar conhecimentos do autor a respeito do assunto e
sua capacidade de sistematização. E, dentro deste contexto, uma das partes mais
importantes da dissertação é a fundamentação teórica, que procura traduzir o domínio
do autor sobre o tema abordado e a sua perspicácia de buscar tópicos não
desenvolvidos.

6.5 Tese
A tese, a exemplo da dissertação dirigida para o mestrado, vai assumindo o papel de
um trabalho de conclusão de pós-graduação stricto sensu (doutorado). Caracteriza-se
como um avanço significativo na área do conhecimento em estudo. As teses devem
tratar de algo novo naquele campo do conhecimento, de forma que promovam uma
descoberta, ou mesmo uma real contribuição para ciência. O trabalho deve ser inédito,
contributivo e não trivial. Os argumentos utilizados devem comprovar e convencer de
que a idéia exposta é verdadeira.

6.6 Artigo científico


O objetivo principal do artigo é levar ao conhecimento do público interessado alguma
idéia nova, ou alguma abordagem diferente dos estudos realizados sobre o tema, como
por exemplo: particularidades locais ou regionais em um assunto, a existência de
aspectos ainda não explorados em alguma pesquisa, ou a necessidade de esclarecer
uma questão ainda não resolvida. A principal característica do artigo científico é que as
suas afirmações devem estar baseadas em evidências, sejam estas oriundas de
pesquisa de campo ou comprovadas por outros autores em seus trabalhos. Isso não
significa que o autor não possa expressar suas opiniões no artigo, mas que deve
UFVJM 46

demonstrar para o leitor qual o processo lógico que o levou a adotar aquela opinião e
quais evidências que a tornariam mais ou menos provável, formulando hipóteses. A
estrutura do artigo científico é: identificação do trabalho (título e subtítulo do artigo,
autor, disciplina, professor, curso e instituição), resumo e palavras-chave, introdução,
desenvolvimento, conclusão e referências.

7 TÉCNICAS DE LEITURA

Há três espécies de leitura:


1ª] De entretenimento ou distração: visando apenas ao divertimento,
passatempo, lazer, sem maiores preocupações com o aspecto do saber. Talvez tenha
um mérito — o de despertar, no leitor, o interesse e, em conseqüência, a formação do
hábito da leitura.
2ª] De cultura geral ou informativa: tendo como objetivo tomar conhecimento,
de modo geral, do que ocorre no mundo, mas sem grande profundidade. Engloba
trabalhos de divulgação, ou seja, livros, revistas e jornais.
3ª] De aproveitamento ou formativa: cuja finalidade é aprender algo de novo
ou aprofundar conhecimentos anteriores. Exige do leitor atenção e concentração. Essa
espécie de leitura deve ser efetuada em livros e em revistas especializadas.
A leitura não é uma atividade meramente visual. O acesso à informação visual —
isto é, à informação percebida, captada pelos olhos — é obviamente necessário, mas
não suficiente. Pode-se, por exemplo, estar enxergando perfeitamente um texto e,
ainda assim, não se conseguir lê-lo por estar escrito em uma língua que não
conhecemos. Esse conhecimento da língua é imprescindível e já se deve possuí-lo
antes de se empenhar na leitura do texto. Ele faz parte do conhecimento que se possui
estocado na memória, ao qual se dá o nome de conhecimento prévio.
Além do conhecimento da língua, outros tipos de conhecimento são igualmente
importantes na leitura. Por exemplo, o conhecimento sobre o assunto de que trata o
texto. É possível que um leitor não consiga ler um texto que, embora escrito numa
língua que ele domina, trate de um assunto sobre o qual ele não tem informações.
Pode-se afirmar que a leitura é o resultado da interação entre o que o leitor já sabe
e o que ele retira do texto.
O estímulo visual não vai diretamente do olho ao cérebro. As fibras nervosas que ligam
o olho ao cérebro têm pontos de interconexão em que ocorre uma análise complexa e
uma transformação de sinais. Assim, o sinal é reprocessado, de tal maneira que, por
exemplo, ao se observar um prato redondo sobre uma mesa, vê-se como uma forma
circular, embora do ângulo pelo qual é observado o objeto, o olho esteja captando uma
imagem com certeza oval.
A identificação do tópico de um texto é indispensável para sua compreensão. O tópico
parece condicionar a interpretação de cada unidade de um texto. Por exemplo, em um
texto sobre ―economia‖, a palavra banco tenderá a ser interpretada como ―instituição
financeira‖ e não como ―certa peça do mobiliário‖, a menos que haja indicação explícita
do contrário.
Em condições normais, autor e leitor buscam uma interação em que o primeiro escreve
para ser entendido pelo segundo. Essa interação dependerá tanto da habilidade do
escritor na produção do texto, quanto da habilidade do leitor, incluindo-se aí seu
UFVJM 47

conhecimento anterior do assunto, sua bagagem cultural. Disso resulta que ler não é
apenas decodificar os signos gráficos, mas captar tudo aquilo que o autor coloca e
insinua no texto e do maior ou menor conhecimento que o leitor possui.
Para a compreensão de um texto, ou seja, para ser um bom leitor, pode-se afirmar que
algumas questões devem ser consideradas:
1] Compreender os propósitos implícitos e explícitos da leitura — que tenho de ler? Por
que/para que tenho de ler?
2] Ativar a aportar à leitura os conhecimentos prévios relevantes para o conteúdo em
questão — que sei sobre o conteúdo do texto? Que sei sobre conteúdos afins que
possam ser úteis para mim? Que outras coisas sei que possam me ajudar?
3] Dirigir a atenção ao fundamental, em detrimento do que pode parecer mais trivial —
qual é a informação essencial proporcionada pelo texto e necessária para conseguir o
meu objetivo de leitura? Que informações posso considerar pouco relevantes, por sua
redundância, seu detalhe, por serem pertinentes para o propósito que persigo?
4] Avaliar a consistência interna do conteúdo expressado pelo texto e sua
compatibilidade com o conhecimento prévio e com o sentido comum — este texto tem
sentido? As idéias expressadas nele têm coerência? É discrepante com o que eu
penso? Que dificuldades apresenta? Entende-se o que quer exprimir?
5] Comprovar continuamente se a compreensão ocorre mediante a revisão e a
recapitulação periódica e a auto-interrogação — que se pretendia explicar? Qual é a
idéia fundamental que extraio? Posso reconstruir o fio dos argumentos expostos?
Obtive uma boa compreensão dos argumentos?
6] Elaborar e provar inferências de diversos tipos, como interpretações, hipóteses e
conclusões — qual poderia ser o significado de uma palavra que desconheço? Que
sugestões eu daria para solucionar problemas apresentados durante o texto?
A seguir, alguns objetivos da leitura:
1] Ler para obter uma informação precisa — é a leitura que realizamos quando
pretendemos localizar algum dado que nos interessa. Por exemplo, a busca de um
número telefônico em uma lista; a consulta do jornal para descobrir em que cinema e
horário será projetado um filme; a consulta a um dicionário para solucionar dúvida
quanto ao significado de uma palavra.
2] Ler para seguir instruções — é um meio que deve nos permitir fazer algo concreto:
ler as instruções de um jogo; as regras de uso de um determinado aparelho; a receita
de um bolo.
3] Ler para obter uma informação de caráter geral — é guiada pela necessidade do
leitor de aprofundar-se mais ou menos em um assunto. Por exemplo, lemos o título de
um livro e podemos nos interessar por ele; ou lemos a manchete de um jornal e ai
passamos, se nos interessar, à leitura da matéria.
4] Ler para aprender — a finalidade é ampliar os conhecimentos de que dispomos a
partir da leitura de um texto determinado.
5] Ler para revisar um escrito próprio — é uma leitura crítica que nos ajuda a
aprender a escrever com mais clareza, já que o texto deve ser escrito para que o leitor
o entenda.
6] Ler por prazer — é uma leitura feita por escolha bastante pessoal cujos critérios são
estabelecidos pelo próprio leitor.
UFVJM 48

7] Ler para praticar a leitura em voz alta — o objetivo é que a leitura seja feita para
alcançar clareza, rapidez, correção, fluência, pronúncia adequada e entoação
condizente com o tipo de texto.
Além disso, há muitas vantagens de se ler:
1] enriquece o vocabulário.
2] clareia as idéias.
3] amplia o conhecimento da língua.
4] facilita a aquisição de experiências.
5] melhora a nossa redação.
6] fornece a nós soluções de problemas já resolvidos por outras pessoas.
7] desperta a inteligência.
8] ativa a imaginação.
9] aperfeiçoa a cultura acadêmica.
Para finalizar, o leitor ideal seria aquele que:
1] ultrapassou os hábitos escolares de uma leitura palavra por palavra e tem plena
capacidade perceptiva que deve lhe permitir, por fixações sucessivas, alcançar blocos
gráficos mais importantes;
2] não tem mais necessidade de um apoio sonoro (leitura em voz baixa, ou leitura
―muda‖, com subvocalização), mas consegue estabelecer correspondências diretas
entre significantes gráficos e sentido;
3] consegue antecipar o que vai ou pode acontecer na seqüência do texto, isto é, tem
uma capacidade de previsão;
4] sabe ―deslinearizar‖ sua leitura para construir hipóteses sobre o sentido a partir de
uma varredura do texto, de uma exploração que não se faz no decorrer das linhas, mas
que permite uma coleta de índices interpretáveis, as hipóteses semânticas, que podem
em seguida ser confrontadas a outros elementos do texto para confirmação,
informação, ajustamento, desenvolvimento etc.;
5] dispõe de um leque de modos de leitura de acordo com os textos que pratica e com
seus projetos; o leitor completo é capaz de ―embrear‖ tal ou tal tipo de leitura e se
caracteriza então pela palheta de opções da qual detém o controle, mais do que pelo
recurso a uma ―superleitura‖.
No quadro abaixo, as características principais de bons e de maus leitores:

BOM LEITOR MAU LEITOR


Concentra-se nas idéias Concentra-se nas palavras
Lê com o corpo na posição correta Lê com o corpo em posição desconfortável
Pensa no que espera do livro Não tem expectativa quanto à leitura
Lê sempre para frente Volta com freqüência ao início do livro
Folheia o livro para decidir se vale a Não faz leitura de reconhecimento
pena lê-lo
Procura no dicionário o significado das Não se importa com as palavras cujo
palavras que desconhece significado desconhece
O objetivo é tirar proveito da leitura O objetivo é chegar ao final do livro
Lê com calma Lê apressadamente
Examina o prefácio, o índice e a orelha Não examina o livro
do livro
UFVJM 49

8 TIPOLOGIA DE TEXTO ACADÊMICO-CIENTÍFICO

Os textos são classificados, tradicionalmente, em três tipos:


1] Descritivo — é o tipo de texto que mostra as características de determinado objeto,
pessoa, ambiente ou paisagem.
2] Narrativo — é o tipo de texto em que é contada uma história, real ou fictícia,
envolvendo personagens e fatos ocorridos, ou imaginados, em determinado lugar.
3] Dissertativo — é o tipo de texto em que se expõe ou defende-se uma idéia. Toda
dissertação parte de um tema para a defesa das idéias relacionadas àquele tema.
Na faculdade, geralmente, usa-se o texto dissertativo; no entanto, às vezes é
necessário utilizar o texto descritivo, como em relatórios. Mais raramente, são feitas
narrativas.
O texto acadêmico-científico prevê de seu produtor alguns aspectos, tais como:
adequação à norma culta da língua portuguesa; coesão no texto e coerência nas idéias
apresentadas no texto; clareza na exposição do pensamento; informatividade textual;
relevância acadêmica; vocabulário adequado.
Em se tratando de um texto dissertativo, o autor deve, na introdução, demonstrar
sua idéia geral sobre o tema e, de forma bem sintética, expor seu ponto de vista. No
desenvolvimento, aprofundar o ponto de vista exposto na introdução, a fim de que os
argumentos sejam desenvolvidos e, por conseqüência, defendidos. Na conclusão,
elaborar um fechamento das idéias defendidas com o objetivo de finalizar o que se
defendeu, mas não fechar o tema como verdade absoluta, pois isso afetaria a
qualidade do texto. Ainda, na conclusão, podem ser feitas sugestões de solução.
O conteúdo de um texto necessita de informações bem fundamentadas para que a
defesa de uma idéia seja suficientemente argumentada. Por isso, devemos considerar
o predomínio de uma linguagem objetiva em que prevaleça a denotação. Assim,
estaremos conseguindo unir uma estrutura bem organizada a um conteúdo bem
fundamentado.
O texto científico enquadra-se na categoria de dissertação científica, uma vez que
trata, de maneira mais teórica, geralmente com base em pesquisas, de temas cuja
relevância se apresenta na academia. É o texto no qual são expostas idéias referentes
a pesquisas realizadas, como a monografia, o ensaio, a tese, a resenha crítica etc.
Além do texto dissertativo e do texto científico, o texto técnico figura como um tipo
bastante utilizado na faculdade. Ele apresenta fatos/assuntos técnicos ou científicos e
suas principais características são a objetividade, a denotação e a clareza. São
exemplos de textos técnicos: atas, manuais de instrução, relatórios, laudos etc.
UFVJM 50

Características da Redação de Trabalhos Técnico-Científicos


(Anna Florência de C. Martins Pinto)

O estilo da redação de trabalhos técnico-científicos e acadêmicos diferencia de outros


tipos de composição, como a literária, a jornalística, a publicitária, apresentando
algumas características próprias. Este texto pretende identificar e explicar alguns
princípios básicos que devem ser observados na referida redação.

1 OBJETIVIDADE E COERÊNCIA
Deve-se observar linguagem direta e simples, obedecendo a uma seqüência lógica e
ordenada no desenvolvimento das idéias, evitando-se assim, o desvio do assunto em
questão com considerações irrelevantes. A exposição deve se apoiar em dados e
provas e não em opiniões que não possam ser comprovadas. (INSTITUTO
PARANAENSE DE DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL – IPARDES, 2000,
p. 1).
Deve-se observar também a estrutura da frase, o tamanho dos períodos e a
organização dos parágrafos. Frases curtas e com única idéia central são preferidas a
frases longas contendo várias idéias (DUSILECK, 1982, p. 115).
Ao dividir o trabalho em partes deve-se cuidar do equilíbrio, coesão e seqüência lógica
entre elas, cuidando-se para que não haja uma desproporção entre as diversas partes
que constituem o trabalho. Ao redigir os títulos deve-se cuidar de sua homogeneidade,
não usando ora substantivos para uns, ora frases ou verbos para outros.

2 CLAREZA
O pesquisador deve ser claro na apresentação de suas idéias. Tal clareza de
expressão é obtida em função do conhecimento que se tem de determinado assunto.
Se você não tem idéia bem clara, nítida do que pretende expressar deve retomar o fio
da meada, relendo suas anotações ou o texto original (DUSILEK, 1982, p. 114).
Deve-se, evitar ambigüidade, isto é, expressões com duplo sentido, para não originar
interpretações diversas do que se quer dar. Assim, deve-se usar vocabulário preciso,
evitando-se as linguagens rebuscada e prolixa, usando e a nomenclatura técnica aceita
no meio científico (IPARDES, 2000, p. 2).

3 PRECISÃO
Cada expressão empregada deve traduzir com exatidão o que se quer transmitir
principalmente quanto a registros de observações, medições e análises realizadas.
Deve-se evitar adjetivos que não indiquem claramente proporções e quantidades, tais
como: médio, grande, pequeno, bastante, muito, pouco, mais, menos, nenhum, quase
todos, a maioria, metade e outros termos ou expressões similares, procurando substituí-
los pela indicação precisa em números ou porcentagem (IPARDES, 2000, p. 2).
Exemplos: Em Belo Horizonte, 80% dos alunos
As chuvas atingiram cerca de 360 residências.
A grande maioria (85%) da população concorda com...
Deve-se evitar o uso de adjetivos, advérbios, locuções e pronomes que indiquem o
tempo, modo ou lugar, tais como: em breve, aproximadamente, antigamente,
recentemente, lentamente, adequado, inadequado, nunca, sempre, em algum lugar,
UFVJM 51

provavelmente, possivelmente, talvez, que deixam margem a dúvidas sobre a lógica,


clareza e precisão da argumentação.

4 IMPESSOALIDADE
No texto técnico-científico e acadêmico, utiliza-se a forma impessoal dos verbos, isto é,
verbo na terceira pessoa.
O uso da primeira pessoa do singular ou plural é permitido no caso de relatórios de
participação em eventos e ao fazer justificativas para ingresso em cursos de pós-
graduação.
Exemplo: O meu interesse em realizar o curso de Mestrado em Ciências Sociais deve-
se...

5 UNIFORMIDADE
Deve-se manter a uniformidade no decorrer de todo o texto com relação à aspectos
com: forma de tratamento, pessoa gramatical, utilização de números, símbolos,
unidades de medida, datas, horas, siglas, abreviaturas, fórmulas, equações, frações,
citações e títulos das partes do trabalho acadêmico etc (IPARDES, 2000, p. 3).

FATORES PRAGMÁTICOS DA CONSTRUÇÃO DA TEXTUALIDADE 10


(Aspectos que geram a realização do sentido textual):

O que é Textualidade?

TEXTUALIDADE: O que faz que um texto seja reconhecido como tal e não como uma
seqüência linguística ininteligível? ―Chama-se textualidade ao conjunto de
características que fazem com que um texto seja um texto, e não apenas uma
seqüência de frases. Beaugrande e Dessler (1983) apontam sete fatores responsáveis
pela textualidade de um discurso qualquer: a coerência e a coesão que se relacionam
com o material conceitual e lingüístico do texto, e a intencionalidade, a informatividade,
a aceitabilidade, a situacionalidade e a intertextualidade, que têm a ver com os fatores
pragmáticos envolvidos no processo sociocomunicativo. (COSTA VAL: 1991: 05).

Como a “Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a


ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o
contexto. (Freire: 1997, 11). Para a construção do sentido textual, os fatores
pragmáticos da textualidade devem ocorrer simultaneamente. Vejamos os seus
conceitos e exemplos práticos:

 Coerência; Coesão; Informatividade; Aceitabilidade; Intencionalidade;


Situacionalidade; Intertextualidade;

10
Conferir COSTA Val, Maria da Graça. Redação e textualidade. 2ª edição. São Paulo: Martins Fontes,
1999.
UFVJM 52

9 NORMAS DA ABNT (1ª PARTE) (Vide Manual das Normas da UFVJM)

Toda comunicação técnica e científica necessita ter uma apresentação sistematizada


para poder transmitir adequadamente seu conteúdo. A originalidade de um trabalho
não está na sua forma, mas no seu conteúdo, que deve ser apresentado por meio de
uma linguagem clara e objetiva, sendo o texto compreensível a qualquer pessoa com
razoável cultura geral. Os trabalhos comumente solicitados são: trabalhos acadêmicos,
monografias, dissertações e teses.
De acordo com as normas da ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS
— apresentação de originais —, um trabalho acadêmico deve obedecer à seguinte
estrutura: capa; folha de rosto; folha de aprovação; dedicatória, agradecimentos e/ou
epígrafe; lista de tabelas, de ilustrações, de abreviaturas, de siglas e/ou de símbolos;
sumário; resumo; texto (introdução, desenvolvimento e conclusão); referências;
anexo(s) ou apêndice(s); glossário.
São considerados essenciais à publicação: capa, folha de rosto, sumário, resumo, texto
(introdução, desenvolvimento e conclusão) e referências.
A seguir, a explicação de cada elemento:
1] Capa: serve para proteger e dar melhor apresentação ao trabalho e deve conter o
nome da instituição, do autor, o título do trabalho e o local e ano de defesa ou de
apresentação.
2] Folha de rosto: contém os elementos essenciais à identificação do trabalho na
ordem — nome do autor (centralizado e situado na margem superior do papel), título
(em destaque e centralizado na página), nota explicativa (quando necessária, informa
sobre o caráter acadêmico do documento, a unidade de ensino e a instituição onde foi
apresentado. Essa nota é transcrita com espaçamento simples e alinhada a partir do
centro da página) e local (nome da cidade) e data (ano de defesa ou da apresentação),
ambos indicados ao pé da página.
3] Folha de aprovação: deve vir em folha distinta, contendo identificação de autoria e
título da dissertação ou da tese, nome completo dos membros da banca examinadora,
local para assinatura dos membros e data de aprovação. Outras informações podem
ser incluídas a critério da coordenação do curso.

4] Dedicatória, agradecimentos e/ou epígrafe: são elementos opcionais,


apresentados em folhas distintas. A dedicatória é geralmente um texto pouco extenso,
em que o autor dedica a obra ou presta homenagem a alguém; os agradecimentos
devem vir após a folha de aprovação ou da dedicatória em dissertações e teses ou
após a folha de rosto, nos demais trabalhos e só devem ser feitos a pessoas ou a
instituições que contribuíram, de alguma maneira, para a realização do trabalho e a
epígrafe é a citação de um pensamento relacionado ao escopo da obra, podendo
ocorrer apenas no início da obra, bem como no início das partes principais e/ou
capítulos do trabalho.
5] Lista de tabelas, de ilustrações, de abreviaturas, de siglas e/ou de símbolos:
são opcionais, entretanto recomenda-se listar esses elementos quando o número de
itens por tipologia for superior a cinco. A lista de tabelas e a lista de ilustrações são as
relações das tabelas, das ilustrações e dos gráficos na ordem em que aprecem no
texto; a lista de abreviaturas, de siglas e de símbolos é a relação alfabética das
UFVJM 53

abreviaturas, das siglas e dos símbolos usados no texto, seguidos da expressão


correspondente por extenso. Essas listas devem ser apresentadas em folhas próprias.
6] Sumário: é a apresentação da divisão do trabalho na mesma ordem em que se
sucedem no corpo do texto, seguidas da respectiva paginação. Deve figurar
imediatamente após a folha de rosto, a de dedicatória, a de agradecimentos ou a de
epígrafe, com o título SUMÁRIO centralizado na folha. O sumário deve indicar, para
cada divisão e subdivisão, os seguintes dados: o respectivo indicativo, quando houver;
o título e o número da folha, ligado ao título por linha pontilhada. Se for utilizada a
numeração progressiva na apresentação do trabalho, os indicativos das seções devem
também aparecer no sumário, à esquerda do título de cada parte. A apresentação
tipográfica e o fraseamento dos títulos devem ser os mesmos no sumário e no texto. A
subordinação dos itens no sumário deve ser destacada na apresentação tipográfica
(seções primárias, secundárias etc). É importante não confundir sumário com índice.
Este é a relação detalhada dos assuntos, dos nomes de pessoas, dos nomes
geográficos entre outros, geralmente em ordem alfabética, e deve ser apresentado ao
final da obra.
7] Resumo: o resumo apresenta de modo conciso o conteúdo do texto, destacando os
aspectos mais importantes, o objetivo, a metodologia e as conclusões do trabalho.
Deve ocupar apenas um parágrafo, dando-se preferência ao uso da terceira pessoa do
singular e do verbo na voz ativa.
8] Texto: o raciocínio lógico desenvolvido em um trabalho deve ser escrito dentro de
uma estrutura formal de apresentação das partes fundamentais de um texto:
introdução, desenvolvimento e conclusão. O texto pode ser dividido em seções e
capítulos, se isso contribuir para maior clareza na apresentação do assunto.
9] Referências: consiste na relação, em ordem alfabética e/ou numérica, das obras
efetivamente mencionadas na elaboração do trabalho. Não confundir com
bibliografia, que é a relação alfabética, cronológica ou sistemática de documentos
sobre determinado assunto ou autor.
10] Anexos ou apêndices: material suplementar julgado de possível interesse para
consulta durante a leitura do texto, não sendo, porém, parte integrante do trabalho e
nem sempre de autoria do próprio autor.

11] Glossário: é a relação de palavras, em ordem alfabética, de uso restrito,


empregadas no texto e acompanhadas das respectivas definições.
Os trabalhos devem ser digitados em papel branco, formato A-4, espaço um e meio. No
caso de citações com mais de três linhas e nas notas de rodapé, o espaço deve
simples. A fonte deve ser, preferencialmente, arial 12.
Considerando que uma folha é composta de duas páginas (anverso e verso) e que os
trabalhos acadêmicos, em geral, são impressos apenas no anverso, o documento em
questão será constituído de folhas. A contagem das folhas começa a partir da folha de
rosto, mas a numeração só aparece na primeira folha do texto.
As referências são constituídas de elementos essenciais, podendo ser acrescidas de
elementos complementares.
Os elementos essenciais são aqueles indispensáveis à identificação do documento.
Em geral: autor, título, subtítulo, edição, local, editora e data. Como esses elementos
estão estritamente vinculados ao tipo de suporte em que a informação está registrada,
pode haver variação em sua forma de identificação.
UFVJM 54

Os elementos complementares podem ser acrescentados visando a melhor


caracterizar, localizar ou obter o documento. É bom salientar que tais elementos podem
se tornar essenciais, dependendo do tipo de suporte físico da publicação. Podem ser
elementos complementares: indicação de tradutor, paginação, ilustrações, séries, notas
explicativas etc.
EXEMPLO DE REFERÊNCIA COM INDICAÇÃO DE ELEMENTOS ESSENCIAIS
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,
2001.

EXEMPLO DE REFERÊNCIA COM INDICAÇÃO DE ELEMENTOS


COMPLEMENTARES
SEVERINO, Antonio Joaquim. 21. ed. rev. e ampl. Metodologia do trabalho científico.
São Paulo: Cortez, 2001. 279 p. ISBN 85-249-0050-4.

REFERÊNCIAS MAIS COMUNS UTILIZADAS NA FACULDADE

1] DE LIVROS:

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 2001.

2] DE JORNAIS E DE REVISTAS:

Revista Fonoaudiologia Brasil. Brasília/DF, Abril-2000, ano 3, nº 3

3] DE SITES:

LUCENA, J. C. P. de; CAMPOS, I. M. & MEIRA, S. L. (Ed.). Ciência e tecnologia para


construção da sociedade de informação no Brasil: documento de trabalho. Brasília: CNPQ,
1998. Disponível em: http://www.cct.gov.br/gtsocinfo/atividades/docs/versao3/indice.htm.
Acesso em 20 out. 1999.

10 TRABALHOS ACADÊMICOS: TÉCNICAS DE PESQUISA

10.1 Fichamentos11

Fichar é transcrever anotações em fichas ou em folhas avulsas para fins de estudo ou


de pesquisa.
Observação: a exemplificação feita aqui é ilustrativa, não contempla a obra
referenciada.

11
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 31 – 56.
UFVJM 55

1] FICHAS DE INDICAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS

As fichas de indicações bibliográficas referem-se às informações sobre a obra:


Último sobrenome do autor em letras maiúsculas, nome do autor, nome da obra (livro),
cidade de edição da obra (livro), editora e ano de publicação.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,
2001.

2] FICHAS DE TRANSCRIÇÃO

As fichas de transcrição destinam-se à reprodução fiel de trechos de artigos, de livros


ou de capítulos. É importante abrir a ficha com indicações necessárias à identificação
da obra, do autor e dos trechos transcritos. Os trechos transcritos devem ser colocados
entre aspas, por respeito ao autor da obra.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,


2001.
―Ao dar início a essa nova etapa de sua formação escolar, a etapa do ensino superior,
o estudante dar-se-á conta de que se encontra diante de exigências específicas para a
continuidade de sua vida de estudos‖. (1º parágrafo, p. 23).

3] FICHAS DE IDÉIAS SUGERIDAS PELA LEITURA

As fichas de idéias sugeridas pela leitura devem conter dados sobre a obra que foi
lida, bem como idéias para um futuro aproveitamento.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,


2001.
Entender os instrumentos de trabalho do universitário.
Compreender métodos de estudos.
Traçar diretrizes para leitura, análise e interpretação de textos.
Fundamentar os pré-requisitos lógicos do trabalho científico.

4] FICHAS DE APRECIAÇÃO
As fichas de apreciação consistem na anotação de comentários, de críticas ou de
opiniões sobre o que se leu.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,
2001.
A obra é relevante para universitários, em razão de dar os subsídios necessários à
elaboração de trabalhos acadêmicos bem como iniciar o aluno na perspectiva das
atividades do ensino superior. Por isso, é indicada sua leitura para esse tipo de público
primordialmente.
UFVJM 56

5] FICHAS DE RESUMO

As fichas de resumo são elaboradas para auxiliar a memória a reter informações


necessárias ao desenvolvimento de um trabalho posterior ou estudo de qualquer
disciplina.
De modo geral, a ficha de resumo refere-se a um assunto, a um artigo, a um capítulo
ou a uma parte de um livro.
O resumo lançado em fichas contém uma síntese das idéias do autor, redigida de
forma própria, sem transcrições.
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,
2001.
A obra trata de como funciona a metodologia do trabalho científico na universidade.
Divide-se em oito capítulos, dos quais o capítulo 1 e o 2 expõem questões de estudo,
o 3, o 4 e o 5 explicitam as diretrizes básicas para o estudo na universidade, o 6, o 7 e
o 8 direcionam para a pesquisa científica na graduação e na pós-graduação.

10.2 Resenha Crítica12

Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar


cuidadosamente seus aspectos relevantes, descrever as circunstâncias que o
envolvem.
O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo de
futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um
romance, uma peça de teatro, um filme, um artigo científico etc).
A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser
completa e exaustiva, posto que são infinitas as propriedades e circunstâncias que
envolvem o objeto descrito. O resenhador deve proceder seletivamente, filtrando
apenas os aspectos pertinentes ao objeto.
Em média, a resenha tem uma extensão de uma ou uma página e meia. Um esquema
de produção de resenha pode auxiliar bastante em sua composição:
No 1º parágrafo: indicações bibliográficas em forma de texto.
No 2º parágrafo: exposição do assunto global da obra = resumo.
No 3º parágrafo: ponto de vista adotado pelo autor + principais idéias expostas
por ele.
No 4º parágrafo: opinião, comentários e julgamentos do resenhador.
No 5º parágrafo: recomendação ou não da obra pelo resenhador.

10.3 Paper

O paper é uma discussão temático-teórica que envolve algumas visões de autores


distintos. A extensão de um paper depende dos seus objetivos acadêmicos.

12
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 247 – 251.
UFVJM 57

Na graduação, de uma página e meia a três páginas, com a elaboração de cinco


parágrafos e visão distinta de três autores.
No 1º parágrafo: introdução à temática — elaborada com texto próprio do aluno.
No 2º parágrafo: primeira visão teórica, isto é, apresentação de um dos três
autores.
No 3º parágrafo: segunda visão teórica.
No 4º parágrafo: terceira visão teórica.
Observação: as visões teóricas podem ser em forma de transcrições, de idéias
sugeridas ou de citações indiretas.
No 5º parágrafo: posicionamento do aluno em relação às três visões teóricas, indicando
qual(is) perspectiva(s) adotaria como parâmetro.

10.4 Estudo Dirigido

No estudo dirigido são produzidas questões sobre o texto lido para posterior resposta,
de modo que você possa comprovar a eficácia da leitura.
O objetivo de um estudo dirigido é o de conduzir uma leitura de análise do texto.
Portanto, via de regra, as questões formuladas não são respondidas de imediato.
Um modelo que pode ser seguido é:
SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,
2001.
1] Nas linhas 1, 2 e 3, do 3º parágrafo, da página 139, o autor explica que o
registro bibliográfico das fontes localizadas na rede Internet é feito de acordo com
normas específicas de referenciação. Explique tais normas.

10.5 Esquema

O esquema consiste na re-elaboração do plano de texto que o autor produziu. Ele


pode ser definido, de forma bem elementar, como um resumo não redigido. A maneira
de esquematizar um texto é muito pessoal: podem ser usados símbolos, palavras
abreviadas, gráficos, desenhos, chaves, flechas e outros recursos que contribuam para
a eficiência e compreensão do esquema.

SEVERINO, Antonio Joaquim. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez,


2001. pp. 35-45.
A DOCUMENTAÇÃO COMO MÉTODO DE ESTUDO PESSOAL
     
A prática Documentação Documentação Documenta Documentação Vocabulário
da temática bibliográfica ção geral em folhas de técnico-
documenta diversos lingüístico
ção tamanhos
     
Forma de Temas e Acervo de Organiza e Adoção de Elaboração
estudo subtemas informações guarda folhas de glossário
documentos comuns
úteis
UFVJM 58

10.6 Relatórios13

O relatório é o documento por meio do qual são expostos resultados de alguma


atividade. Para redigir um relatório, não basta alinhar os fatos: é necessário
objetividade, informatividade e boa apresentação.
A extensão varia de acordo com a importância dos fatos relatados. A linguagem deve
sempre ser objetiva, não superficial, clara e concisa.
Os relatórios variam conforme o objetivo. Podem ser de aulas práticas, de visitas
técnicas, de pesquisas científicas etc.

MODELO DE RELATÓRIO DE PESQUISA CIENTÍFICA

1] Capa: de acordo com a ABNT.


2] Folha de rosto: de acordo com a ABNT.
3] Sumário: lista do conteúdo do relatório e suas respectivas páginas.
4] Sinopse: condensação do trabalho, expressa de forma clara e concisa (equivale a
um resumo).
5] Pesquisa realizada: varia de acordo com a disciplina.
6] Metodologia adotada: varia de acordo com a disciplina.
7] Introdução: objetivos, justificativa e diretrizes do relatório.
8] Contexto: desenvolvimento do relato.
9] Conclusões: fechamento do texto.
10] Anexos: quando necessários.
11] Referências: tudo o que tiver sido citado no relatório.

MODELO DE RELATÓRIO DE AULA PRÁTICA

1] Capa: de acordo com a ABNT.


2] Folha de rosto: de acordo com a ABNT.
3] Sumário: lista do conteúdo do relatório e suas respectivas páginas.
4] Sinopse: condensação do trabalho, expressa de forma clara e concisa (equivale a
um resumo).
5] Introdução
6] Objetivo
7] Materiais e Métodos
8] Resultados e Discussão
9] Conclusão
10]Referências

13
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 211 – 216.
UFVJM 59

MODELO DE RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA

1] Capa: de acordo com a ABNT.


2] Folha de rosto: de acordo com a ABNT.
3] Informações acerca do local visitado.
4] Sinopse: condensação das informações consideradas relevantes sobre a visita,
expressa de forma clara e concisa (equivale a um resumo).
5] Objetivo da visita
6] Apresentação do funcionamento do local visitado
7] Exposição e comentários
8] Conclusão
9] Anexos: folhetos, fotos, entrevistas, matérias etc sobre o local visitado.

11. NORMAS DA ABNT (2ª PARTE) (Vide Manual das Normas da UFVJM)

USO DE CITAÇÕES — A citação é a menção, no texto, de informação colhida de outra


fonte (escrita ou oral), para esclarecimento do assunto em discussão ou para ilustrar ou
sustentar o que se afirma.
A citação pode ser direta ou indireta:
1] Citação direta: quando é feita a transcrição literal de palavras ou trechos de autores.
2] Citação indireta: citação livre do texto, quando ocorre a reprodução de idéias, sem
haver transcrição das próprias palavras do autor consultado.
As notas de rodapé são usadas para complementar ou esclarecer informações que
não são incluídas no texto para não haver interrupção na sua seqüência lógica. Por
esse motivo, o uso de notas deve ser reduzido ao mínimo. Essas notas devem ser
colocadas, de preferência, ao pé das folhas. É preciso estar atento para não se desviar
para notas de rodapé informações básicas pertinentes ao texto, bem como não deixar
que o texto fique ambíguo por falta de notas explicativas. Elas podem ser
bibliográficas ou explicativas:
1] Bibliográficas: indicam fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra
onde o assunto foi abordado. Na primeira vez em que se fizer a citação de uma obra
em uma nota de rodapé, essa citação deverá ser completa.
2] Explicativas: referem-se a comentários, explanações ou traduções que não podem
ser incluídos no texto por interromper a linha de pensamento. As notas explicativas
devem ser breves, sucintas e claras.
USO DE EXPRESSÕES LATINAS — Para evitar repetições constantes de fontes
citadas anteriormente, é comum o uso de expressões latinas, que devem ser usadas
apenas quando se referem às notas de uma mesma página ou de páginas que se
confrontam, como no caso de publicações de caráter comercial. Devido às dificuldades
que acarretam à leitura, é bom evitar seu emprego. As principais expressões latinas
são:
UFVJM 60

1] Ibidem ou ibid = na mesma obra.


2] Idem ou id = do mesmo autor.
3] Op. cit. = na obra citada.
4] Loc. cit. = no lugar citado.
5] Et seq. = seguinte ou que se segue.
6] Passim = aqui e ali.
7] Apud = citado por.
8] Cf. = confira.

A FORMATAÇÃO DO TRABALHO ACADÊMICO-CIENTÍFICO ESCRITO — O


trabalho acadêmico-científico escrito, ao ser entregue, deve conter: capa, folha de
rosto, sumário, resumo [com palavras-chave], texto [introdução, dois capítulos de
desenvolvimento e considerações finais], referências. Estes elementos são mínimos
para a consideração de um trabalho acadêmico. Além disso, podem ser acrescidos
outros elementos, como: dedicatória, agradecimentos, epígrafe, listas de tabelas, listas
de figuras, glossário e anexos.
É importante o acadêmico ter a certeza de que todo trabalho feito na faculdade possui
valor, por mais simples que pareça. Às vezes, pensamos que aquele ―trabalhinho‖ de
uma ou duas páginas de texto não merece toda a formatação necessária, entretanto é
um engano, pois qualquer atividade acadêmica é de extremo valor, uma vez que
contribui para o aprimoramento profissional, além evidentemente do ganho de
conhecimento que se obtém.
Também, é fundamental observar um aspecto muito comum na vida acadêmica: a
necessidade da pesquisa — o acadêmico ganhará em independência e aprimorará
seus conhecimentos.
Evitar cópias é muito importante, já que o aluno que o fizer estará propenso a sofrer
sanções por parte do professor responsável pela disciplina. As citações servem
justamente para isso: não copiarmos! Basta citarmos as fontes e o nosso trabalho
ganha legitimidade.
As pesquisas podem ser feitas em livros, jornais, revistas e na Internet. No entanto,
deve ser pesquisado aquilo que há de mais relevante em relação ao tema.
UFVJM 61

12 TRABALHOS ACADÊMICOS ORAIS

12.1 Conferência14

A CONFERÊNCIA — exposição científica oral em público — deve ser realizada por


especialista que, em geral, apresenta o estado de uma pesquisa ou os resultados de
um trabalho concluído. Na sua organização, podem constar dados bibliográficos, desde
que atualizados, e as ilustrações necessárias para a explicação do tema.
Comumente, são aos congressos que os especialistas levam a sua contribuição,
expondo aspectos concretos da pesquisa.
As diretrizes para uma apresentação oral divergem das que orientam os trabalhos
escritos: são mais simples e sem muita minúcia, para que o público possa
compreender e assimilar melhor o que está sendo exposto. Se houver interesse na
publicação, o conferencista, posteriormente, poderá ampliá-la, acrescentando detalhes
desnecessários em uma exposição oral.
O segredo de uma boa conferência é prepará-la bem e com certa antecedência.
Escolher o tema, saber quem constitui a audiência, estabelecer os objetivos e delimitar
o tempo.
Coligir informações e selecionar um número limitado de tópicos importantes,
desenvolvendo-os em uma seqüência lógica.
Uma conferência abrange:
1] Introdução (breve): esboço de uma finalidade, objetivos e problema a ser
tratado.
2] Corpo da conferência (texto): apresentação das idéias principais,
comunicadas em frases curtas e claras. Repetição do que foi dito, mas em outras
palavras, para que o ouvinte possa compreender melhor as etapas da conferência.
3] Considerações finais: resumo dos principais tópicos abordados no texto,
procurando deixar o tema central na idéia do ouvinte.
O conferencista deve permanecer de pé, em frente ao público ouvinte e tentar atrair a
atenção e o respeito do auditório desde o início. Evitar cacoetes e tiques, variar o tom
de voz e sua velocidade, falar com autoridade e clareza são outros tantos requisitos
importantes.
Usar vocabulário técnico, mas adequado, compreensível e cuidadosamente escolhido,
tendo em vista o tipo e o número de pessoas presentes.
A conferência para grande público tem sempre caráter formal.
Geralmente, há debates, discussões e esclarecimentos ao final da exposição, com
tempo determinado. As perguntas dos ouvintes devem ser anotadas, para se darem
respostas corretas. Comentários e respostas devem ser breves.
Na apresentação de uma conferência, convém distribuir os tópicos a serem abordados
pelo tempo disponível. Em geral, trinta minutos são suficientes para uma conferência
bem planejada. A distribuição pode ser da seguinte maneira: 3 minutos para a

14
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 252 – 254.
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introdução, 24 minutos para o corpo do trabalho e 3 minutos para as considerações


finais.
Do tempo disponível devem ser reservados alguns minutos para o uso do quadro, de
projeções ou de outros recursos. Nunca alongar em demasia a exposição: o público se
cansa e perde o interesse.

12.2 Comunicação Acadêmica Oral

Uma apresentação oral necessita de alguns requisitos para um bom desempenho. A


arte oratória, fundamentada em princípios disciplinados de conduta, teve origem na
Sicília, no século V a. C., através do siracusano Corax e seu discípulo Tísias.
Enganam-se aqueles que imaginam a extinção do estudo da oratória nos dias atuais. O
que houve, na verdade, foi uma grande transformação nas exigências dos ouvintes e,
conseqüentemente, na orientação do ensino da arte de falar.
O auditório de hoje solicita uma fala mais natural e objetiva, sem os adornos de
linguagem e a rigidez da técnica empregada até o princípio do século. O uso da palavra
falada deixou de ser um privilégio dos religiosos, dos políticos e dos advogados, e
alastrou-se para todos os setores de atividades. Todos precisam falar bem para
enfrentar as mais diversas situações: comandar subordinados, dirigir ou participar de
reuniões, apresentar relatórios, presidir solenidades, vender ou apresentar produtos ou
serviços, negociar com grevistas e líderes sindicais, dar entrevistas para emissoras de
rádio e de televisão, fazer palestras, ministrar cursos, fazer homenagens e agradecer a
elas, desenvolver contatos sociais, representar a empresa, o clube ou a entidade a que
pertence, nos mais diversos acontecimentos.
O aprendizado dessa antiga arte conta hoje com extraordinários recursos que facilitam
a assimilação e a prática das técnicas. Os modernos microfones dispensam o excesso
de intensidade da voz dos oradores, permitindo que se apresentem de maneira
espontânea, sem exageros. Os aparelhos de videoteipe permitem a visualização
instantânea dos treinamentos, possibilitando a rápida correção das distorções da fala e
da imperfeição da postura e da gesticulação.
Muito mais do que em formar oradores profissionais, os cursos atuais se aplicam em
formar profissionais oradores, isto é, pessoas que possam expressar pela palavra seu
conhecimento, de maneira correta e segura. Esta linha de ensino, mais liberada, não
exclui a contribuição dos antigos retores, apenas promove uma adaptação ao gosto da
platéia moderna, que deseja um orador que converse com o ouvinte em vez de um
orador que fale para ele.
Em uma comunicação acadêmica oral, tais requisitos expostos são fundamentais
para a obtenção de sucesso em apresentações para os colegas e para os professores.
Normalmente, quando se apresenta um trabalho, tem-se sempre o receio de errar, de
não se conseguir ―passar‖ o conteúdo, de desagradar ao professor, de os colegas rirem
etc.
Para que uma apresentação oral se torne adequada, devem ser seguidos alguns
passos, tais como:
1] preparar a apresentação de acordo com o tempo que se tem disponível.
2] planejar o tempo para cada parte da apresentação.
3] pensar a que tipo de público se destina a apresentação.
UFVJM 63

4] sabendo o perfil do público, adequar o vocabulário a ser utilizado.


5] preparar um roteiro para a apresentação.
6] no início da apresentação, cumprimentar a platéia e dizer o tema da
apresentação.
7] em seguida, ainda que todos se conheçam, dizer o nome completo [quando a
apresentação for em grupo, fazê-lo com cada componente do grupo] e qual a formação
que possui (em).
8] após a apresentação pessoal, falar os objetivos da apresentação.
9] Iniciando a apresentação do conteúdo:
9.1] não se esqueça de seguir o roteiro que elaborado.
9.2] observe se sua dicção está boa.
9.3] preste muita atenção em sua expressividade.
9.4] o volume de sua voz precisa estar condizente com o ambiente.
9.5] sua postura deve ser séria e formal [não se admite apresentação muito
despojada, mas é claro que você não precisa parecer um robô].
9.6] mantenha seu olhar seguro, ―olhando as pessoas nos olhos‖, sem medo,
sem insegurança. Uma boa estratégia é basear-se em três pontos [frente e laterais].
9.7] o conteúdo apresentado deve conter informatividade, isto é, de ser relevante
para a platéia, caso contrário, sua explanação não causará interesse e poderá provocar
conversas paralelas.
9.8] é fundamental demonstrar total domínio de conteúdo. Para isso, podem ser
utilizadas citações de autores renomados, o que conferirá legitimidade a sua
exposição.
10] Marque bem as partes de sua apresentação, para não dar a impressão de
que não terminará nunca ou de que de repente terminou.
11] As considerações finais devem ser delimitadas, e a platéia deve saber
quando elas se iniciam.
12] Agradeça ao público ouvinte.
13] Abra a possibilidade de perguntas, discussões e debates.

12.3 Comunicação Científica Oral

A comunicação científica oral aproxima-se da conferência, porém seus elementos


são bem mais próximos de um relatório escrito de pesquisa. Em relação à maneira de
apresentar-se, seguem-se os mesmos passos de uma comunicação acadêmica oral.
Após a coleta de dados, sua codificação e tabulação, tratamento estatístico, análise e
interpretação, os resultados da pesquisa já podem ser comunicados oralmente.
Roteiro de apresentação:
1] Apresentação: entidade, título, coordenador(es), local e data, equipe técnica.
2] Resumo (abstract): consiste numa exposição de, no máximo, três minutos.
Não é uma relação de partes ou capítulos, nem a enumeração das conclusões, e sim, a
natureza da pesquisa realizada.
3] Sumário: relação das partes, capítulos, itens e subitens do trabalho.
4] Introdução: objetivo (tema, delimitação do tema, objetivo geral, objetivos
específicos), justificativa, objeto (problema, hipótese básica, hipóteses secundárias,
UFVJM 64

variáveis, relação entre variáveis). A introdução abrange três itens: objetivo, justificativa
e objeto, incorporando as modificações realizadas depois de aplicada a pesquisa-piloto.
5] Revisão de bibliografia: é a apresentação dos autores utilizados, bem como
de suas teorias, ou seja, o escopo teórico utilizado para fundamentar a pesquisa.
6] Metodologia: métodos de abordagem, métodos de procedimento, técnicas,
delimitação do universo, tipo de amostragem, tratamento estatístico.
7] Embasamento teórico: teoria de base, definição dos termos e conceitos
operacionais e indicadores.
8] Apresentação dos dados e sua análise: a quantidade e a natureza dos
dados a serem apresentados irão determinar a divisão dessa parte em capítulos, tanto
no que se refere ao número quanto à sua extensão. A ordem da divisão deve estar
relacionada com a colocação das hipóteses, isto é, das sucessivas afirmações nelas
contidas.
Os dados serão apresentados de acordo com sua análise estatística, incorporando na
apresentação apenas as tabelas, os quadros, os gráficos e outras ilustrações
estritamente necessárias à compreensão do desenrolar do raciocínio; os demais
deverão vir em apêndice.
É importante lembrar que a função desse tipo de apresentação não é aliciar o leitor,
mas demonstrar as evidências a que se chegou através da pesquisa. Portanto, na
seleção do material a ser apresentado (e terá de haver uma seleção), o pesquisador
não pode ser dirigido pelo desejo natural de ver confirmadas suas previsões à custa de
dados que as refutam. Todos os dados pertinentes e significativos devem ser
apresentados, e se algum resultado for inconclusivo tem de ser apontado.
9] Interpretação dos resultados: corresponde à parte mais importante da
apresentação. É aqui que são expostos os resultados, agora sob a forma de evidências
para a confirmação ou a refutação das hipóteses. É necessário assinalar: as
discrepâncias entre os fatos obtidos e os previstos nas hipóteses, a comprovação ou a
refutação da hipótese, ou ainda, a impossibilidade de realizá-la, especificação da
maneira pela qual foi feita a validação das hipóteses no que concerne aos dados, qual
é o valor da generalização dos resultados para o universo, no que se refere aos
objetivos determinados, maneiras pelas quais se pode maximizar o grau de verdade
das generalizações, à medida que a convalidação empírica permite atingir o estágio de
enunciado das leis, como as provas obtidas mantêm a sustentabilidade da teoria,
determinam sua limitação ou, até, a sua rejeição.
10] Considerações finais: a apresentação e a análise dos dados, assim como a
interpretação dos resultados, encaminham naturalmente às considerações finais. Estas
devem: ―evidenciar as conquistas alcançadas com o estudo, indicar as limitações e as
reconsiderações, apontar a relação entre os fatos verificados e a teoria, representar a
súmula em que os argumentos, conceitos, fatos, hipóteses, teorias, modelos se unem e
se completam‖ (Trujillo Ferrari, 1982: 295).
A maneira de se apresentar as conclusões deve ser precisa e categórica, sendo elas
pertinentes e ligadas às diferentes partes do trabalho. Dessa forma, não se podem
perder em argumentações, mas, ao contrário, têm de refletir a relação entre os dados
obtidos e as hipóteses enunciadas.
11] Recomendações e sugestões: as recomendações consistem em
indicações, de ordem prática, de intervenções na natureza ou na sociedade, de acordo
com as conclusões da pesquisa. Por sua vez, as sugestões são importantes para o
UFVJM 65

desenvolvimento da ciência: apresentam novas temáticas de pesquisa, inclusive


levantando novas hipóteses, abrindo caminho a outros pesquisadores.
12] Apêndices: tabelas, quadros, gráficos, outras ilustrações, instrumento(s) de
pesquisa.
13] Anexos: constituídos de elementos esclarecedores de outra autoria, devem
ser limitados, incluindo apenas o estritamente necessário à compreensão de partes da
apresentação.
14] Bibliografia: inclui todas as obras utilizadas durante a execução da
pesquisa.

12.4 Mesa Redonda

A mesa redonda é um tipo de apresentação oral, bastante comum em congressos,


com o objetivo de promover uma discussão sobre determinada temática.
Normalmente, uma mesa redonda possui dois ou três especialistas que apresentam
seu texto sobre a temática em foco. Há, também, uma pessoa que participa como
mediadora.
Cada componente da mesa redonda apresenta seu texto em um determinado tempo
estipulado pela organização do congresso ou similar. Após as exposições, é aberto o
debate com o público presente.
Uma mesa redonda pode ser organizada da seguinte maneira:

ETAPAS DE ORGANIZAÇÃO
1] Selecionar um tema para funcionar como título da mesa redonda.
2] Preparar os tópicos a serem abordados na apresentação.
3] Verificar a adequação do tempo em relação aos tópicos.
4] Distribuir as funções de cada componente do grupo responsável pela organização
da mesa redonda.
5] Sistematizar um roteiro de apresentação, especificando o tempo de cada
participante.
6] Convidar os especialistas na temática escolhida para compor a mesa.
7] Elaborar um resumo sobre o tema da mesa redonda.
8] Elaborar questões sobre o tema da mesa redonda, para posterior debate.
OBSERVAÇÕES
1] É interessante que a mesa seja composta por três pessoas, das quais duas sejam
os convidados e a terceira a mediadora, que cuidará, entre outras coisas, do
encaminhamento do debate e do controle de tempo.
2] Uma sugestão de tempo de duração de uma mesa redonda é de 90 minutos, assim
distribuídos:
2.1] 5 minutos para a apresentação do tema, dos objetivos e dos convidados, feita pela
pessoa mediadora.
2.2] 25 minutos para a exposição do 1º convidado.
2.3] 25 minutos para a exposição do 2º convidado.
2.4] 30 minutos para o debate, conduzido pela pessoa mediadora.
2.5] 5 minutos para as considerações finais, feitas pela pessoa mediadora.
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12.5 Seminário15

O SEMINÁRIO é uma técnica de estudo que inclui pesquisa, discussão e debate. Em


geral, é empregada nos cursos de graduação e de pós-graduação.
A finalidade do seminário é ―pesquisar e ensinar a pesquisar‖ (Arroyo, 1964:52). Essa
técnica desenvolve não só a capacidade de pesquisa, de análise sistemática de fatos,
mas também o hábito do raciocínio, da reflexão, possibilitando ao estudante a
elaboração clara e objetiva de trabalhos científicos. Visa mais à formação do que à
informação. A mais completa abordagem sobre os objetivos do seminário é
apresentada por Nérici (1973: 229-30):
1] ensinar pesquisando.
2] revelar tendências e aptidões para a pesquisa.
3] levar a dominar a metodologia científica de uma disciplina.
4] conferir espírito científico.
5] ensinar a utilização de instrumentos lógicos de trabalho intelectual.
6] ensinar a coletar material para análise e interpretação, colocando a objetividade
acima da subjetividade.
7] introduzir, no estudo, interpretação e crítica de trabalhos mais avançados em
determinado setor de conhecimento.
8] ensinar a trabalhar em grupo e desenvolver o sentimento de comunidade intelectual
entre os educandos e entre estes e os professores.
9] ensinar a sistematizar fatos observados e a refletir sobre eles.
10] levar a assumir atitude de honestidade e exatidão nos trabalhos efetuados.
11] dominar a metodologia científica geral
Em seminário, trabalha-se em grupos que variam de 5 a 12 integrantes, quando o
grupo é muito grande convém dividi-lo em subgrupos.
O grupo é formado pelo coordenador, relator, secretário e demais participantes.
Esporadicamente, pode aparecer um comentador.
1] Coordenador: geralmente, o professor ou especialista em determinado
assunto. Cabe a ele propor os temas a serem estudados, indicar a bibliografia,
estabelecer uma agenda de trabalho e duração. Deve orientar as pesquisas, presidir e
coordenar as sessões do seminário. Ao final, deve fazer uma apreciação geral dos
resultados, complementando alguns itens, se necessário.
2] Relator: é aquele que expõe os resultados dos estudos referentes a um tema
específico do programa de trabalhos. A exposição pode ser feita por um elemento,
indicando pelo grupo, ou por todos, repartindo as partes. Se o estudo for individual, a
responsabilidade recai exclusivamente sobre aquele aluno; entretanto, se houve um
grupo de estudos, ela é atribuída a todos os integrantes.
3] Secretário: é o estudante designado para anotar as conclusões parciais e
finais do seminário, após os debates.

15
Conferir LAKATOS, E. M., MARCONI, M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 7 ed. São
Paulo: Atlas, 2010. p. 17 – 24.
Conferir SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do Trabalho Científico. São Paulo: Cortez, 2007.
p. 89 – 98.
UFVJM 67

4] Comentador (se houver): é o aluno escolhido pelo coordenador do seminário.


Deve estudar com antecedência o tema a ser apresentado, com o intuito de fazer
críticas adequadas à exposição, antes da discussão e do debate dos demais
participantes da classe.
5] Demais participantes: são todos os que participam do seminário (a turma
toda). Depois da exposição, devem participar, fazendo perguntas, pedindo
esclarecimentos, colocando objeções, reforçando argumentos ou dando alguma
contribuição.

Os temas do seminário são os mais variados possível, posto que essa técnica de
estudo pode ser aplicada em qualquer setor do conhecimento.
O seminário, na sua estrutura e funcionamento, apresenta três modalidades:
1] Clássico: seminário clássico ou individual é aquele em que os estudos e a
exposição ficam a cargo apenas de um estudante. O estudo pode abranger um
determinado assunto ou parte dele.
2] Clássico em grupo: nesse caso, os estudos são realizados por um pequeno
grupo. A exposição do tema tanto pode ser apresentada por um dos membros,
escolhido pelo grupo, ou repartida entre eles, isto é, cada um apresentando uma parte.
3] Em grupo: todos os elementos da classe participam, havendo tantos grupos
quantos forem necessários, por meio dos subtítulos do tema. Primeiramente, estuda-se
o tema geral, para uma visão global; depois, cada grupo aprofunda a parte escolhida.
A técnica do seminário obedece ao seguinte roteiro:
1] O coordenador propõe um determinado estudo, indica a bibliografia mínima,
escolhe o comentador e estabelece um cronograma de atividades. Cada grupo, por sua
vez, escolhe o relator e o secretário.
2] Formado o grupo, inicia-se o trabalho de pesquisa, de procura de informações
através de bibliografias, documentos, entrevistas, observações etc. Depois, o grupo se
reúne para discutir o material coletado, confrontar pontos de vista, formular conclusões
e organizar o material, sempre assessorado pelo coordenador.
Etapas:

 determinação do tema central que estabelece a ordenação do material.


 divisão do tema central em tópicos.
 análise do material coletado, procurando subsídios para os diferentes tópicos, sem
perder de vista objetivos derivados do tema central.
 síntese das idéias dos diferentes autores analisados, resumo das contribuições,
visando à exposição que deve apresentar introdução, desenvolvimento e conclusão.

3] Concluídos os estudos, a turma se reúne, sob a orientação do coordenador.


4] O relator, em plenário, apresenta os resultados dos estudos, obedecendo a
uma seqüência lógica e ordenada.
5] O comentador, após a exposição, intervém com objeções e com subsídios.
6] A turma, a seguir, participa das discussões e dos debates, solicitando
esclarecimentos, refutando afirmações ou reforçando argumentos.
7] Ao final, o coordenador do seminário faz uma síntese do trabalho
apresentado. Se achar incompleto, pode recomendar outros estudos.
UFVJM 68

A avaliação do seminário deve ser:


1] Sobre o procedimento na elaboração do roteiro: a exatidão da matéria, o
planejamento (unidade e equilíbrio do plano e a seqüência no desenvolvimento), a
adequação da matéria à turma e ao tempo disponível, a seleção da matéria (qualidade
e quantidade).
2] Sobre a exposição oral: qualidade da exposição (controle de si, voz e
vocabulário e relacionamento com a turma) e seleção e uso do material didático (uso
do quadro, uso de ilustrações, de textos, além de outros recursos didáticos
empregados).
3] Critérios: cada item deve ser expresso em conceito
O = ótimo,
B = bom,
R = regular,
F = fraco e
I = insuficiente.
UFVJM 69

13 REFERÊNCIAS:

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ABNT, 2003.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: informação e
documentação: sumário: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
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documentação: resumo: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.
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documentação: livros e folhetos: apresentação. 2.ed. Rio de Janeiro: ABNT, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6032: abreviação de
títulos de periódicos e publicações seriadas. Rio de Janeiro: ABNT, 1989.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e
documentação: citações em documentos: apresentação. Rio de Janeiro: ABNT,
2002.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e
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