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VII CONGRESO BOLIVARIANO DE INGENIERIA MECANICA

Cusco, 23 al 25 de Octubre del 2012

PERDA DE CARGA EM ESCOAMENTO HORIZONTAL BIFÁSICO GÁS-LÍQUIDO


PRESSURE DROP IN TWO-PHASE GAS-LIQUID HORIZONTAL FLOW

Ortiz Vidal L.E.1,*,°, Mureithi N.2,°, Rodriguez O.M.H.3,*

*Departamento de Engenharia Mecânica, Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo (USP),
13566-970, São Carlos (SP) - Brasil, 1 leortiz@pucp.pe / leortiz@sc.usp.br, 3 oscarmhr@sc.usp.br
°BWC/AECL/NSERC Chair of Fluid-Structure Interaction, Department of Mechanical Engineering, École
Polytechnique Montreal, H3C 3A7, QC, Canada, 2 njuki.mureithi@polymtl.ca

RESUMEN

A previsão da perda de carga tem um papel importante no setor industrial. Por exemplo, na indústria de gás
natural, ela é utilizada no projeto dos dutos. Estudos para escoamento bifásico horizontal mostram que as melhores
previsões são alcançadas quando utilizado modelo homogêneo sem deslizamento. Entretanto quando esse método é
utilizado perdem-se informações sobre o escoamento. Neste trabalho é proposta uma metodologia para o cálculo da
perda de carga bifásica em função da fração de vazio, incorporando assim a fenomenologia do escoamento. Ele é
baseado na redefinição do número de Reynolds da mistura. Seis métodos para a previsão da perda de carga, entre
eles o modelo homogêneo e o proposto, foram comparados com uma matriz bifásica de 32 pontos experimentais. O
método proposto apresentou menores desvios. Correlações de fração de vazio da literatura foram utilizadas. O
método proposto fornece uma metodologia confiável de computo do gradiente de pressão bifásico em tubulação
horizontal com a vantagem de incluir a fenomenologia do escoamento na sua formulação.

PALABRAS CLAVE: escoamento em tubo, escoamento bifásico gás-líquido, fração de vazío, perda de Carga.

ABSTRACT

The prediction of two-phase pressure drop plays an important role in the industrial sector. For example, this is used
to design pipelines in the natural gas industry. Studies on horizontal two-phase flow show that no-slip homogeneous
model predicts better the pressure drop. Meanwhile, this method excludes relevant two-phase flow information. In
this study a methodology to predict two-phase pressure drop in function of void fraction is proposed. Thus two-phase
flow phenomenology is included. The proposed method redefines the mixture Reynolds number. Six pressure drop
methods, including homogeneous model and proposed method, are compared with collected data. The proposed
method presented more accurate. Reported correlations for void fraction were used. The proposed method provides a
reliable methodology to predict two-phase pressure drop including their phenomenology.

KEYWORDS: pipe flow, two-phase flow, gas-liquid flow, void fraction, pressure drop

ÁREA TEMÁTICA PRINCIPAL: 16 - MECÁNICA DE FLUIDOS


INTRODUÇÃO

A estimativa do gradiente de pressão tem um papel relevante no projeto e operação de dutos ou linhas de
escoamento. Por tanto a previsão acurada desse parâmetro é relevante. Para escoamento monofásico o método de
Darcy é o mais utilizado e obtenção de seu fator de atrito ξ tem sido foco de inúmeras pesquisas há mais de um
século [1-8]. Sabe-se que para tubulações (hidraulicamente) lisas ele é unicamente dependente do número de
Reynolds (indicador de turbulência), porém para tubulações (hidraulicamente) rugosas ele é também dependente da
rugosidade relativa do tubo. Uma introdução ao cálculo de perda de carga monofásica, incluindo a simplificação das
equações governantes e o estudo da influência do fator de atrito, pode ser achada no estudo de caso apresentado por
Ortiz-Vidal et. al [9].
Perda de carga bifásica gás-líquido é relevante em diferentes sectores industriais e tem sido foco de importantes
pesquisas, desenvolvendo métodos para sua previsão. Muitos métodos teóricos e empíricos foram baseados na
assunção que a mistura bifásica comporta-se como um pseudo-fluído. Observa-se também que alguns desses
métodos exigem o conhecimento a priori da fração de vazio para a estimativa da perda de carga bifásica, fazendo a
estimação confiável desse parâmetro relevante. Alguns trabalhos de revisão são listados na seção referência [10-13].
Cravino et al. (2009) [14] reportaram um estudo de revisão dos métodos para a previsão do gradiente de pressão em
tubulação vertical. Já para tubulação horizontal Garcia & Garcia (2009) [15] apresentaram um estudo de revisão
avaliando o efeito da densidade e viscosidade da mistura na previsão do gradiente de pressão. Os autores reportaram
que o modelo homogêneo (sem deslizamento) prevê melhor a perda de carga bifásica.
O objetivo do presente estudo é desenvolver um método para a previsão da perda de carga de melhor desempenho
que o modelo homogêneo e contemple a fenomenologia do escoamento.

PÉRDA DE CARGA BIFÁSICA

Considerações inicias

O escoamento bifásico gás-líquido é o escoamento simultâneo de duas fases imiscíveis, uma líquida e outra
gasosa. Dá-se em diferentes configurações geométricas ou padrões de escoamento [16]. Considerando as fases
escoando numa tubulação de seção transversal A (m2), as velocidades superficiais (J) e in-situ (V) do líquido (L), do
gás (G), podem ser, respectivamente, expressadas por
QL Q
JL = , JG = G (1)
A A
Q Q
VL = L , VG = G (2)
AL AG
onde QL e QG representam a vazões volumétricas de injeção do líquido e gás (m3/s), respectivamente. A soma delas
representa a vazão total Q (= QG + QL.). AL e AG representam as seções transversais ocupadas pelo gás e líquido,
respectivamente. A soma dessas áreas é igual à área transversal total, A, do tubo. A velocidade da mistura (J) é outro
parâmetro utilizado em escoamento bifásico e é representado pela soma das velocidades superficiais do líquido e gás
(J = JG + JL). A fração de vazio (α) e o titulo (x) são também parâmetros relevantes no escoamento bifásico. A
primeira representa a porção de volume de gás de um volume bifásico elementar. A segunda representa a fração
mássica do gás, e pode ser expressa em função das densidades do líquido (ρL) e gás (ρG) e as vazões volumétricas.
Para escoamento em tubos esses dois parâmetros podem ser expressos como
AG
α= (3)
A
ρG QG
x= (4)
ρ LQL + ρG QG

Métodos reportados na literatura

A perda de carga em dutos representa as irreversibilidades (dissipação de energia) próprias do escoamento dos
fluídos, e manifesta-se como uma queda na pressão estática. Essa queda ou gradiente de pressão é composta por três
parcelas associadas à fricção (F), aceleração (A) e gravidade (G), respectivamente [16],
dP dP dP dP
= + + (5)
dL dL F dL A dL G
Em escoamento bifásico são amplamente utilizados modelos cinemáticos que assumem a mistura como um
pseudo-fluído com propriedades físicas ponderadas. Entre eles, o modelo homogêneo sem deslizamento, é o mais
tradicional. Esse modelo assume que as fases escoam à mesma velocidade que a mistura, i.e.
QL + QG
VL = VG = J = (6)
A
Substituindo as equações (2) e (6) na Eq. (3) obtém-se a fração volumétrica in-situ para modelo homogêneo sem
deslizamento, ou simplesmente fração de vazio homogênea (β).
QG JG
β= = (7)
QL + QG J L + J G
No caso de um escoamento bifásico homogêneo horizontal, sob tubulação de seção constante, uniforme,
incompressível (para o líquido) e sem mudança de fase, a Eq. (5) pode ser reescrita como [16]
dP dP  1  , M = x ρ J + ρ J 2  RT 
=   ( L L G G)   (8)
dL dL F  1+ M   P 
onde M está relacionado ao gradiente de pressão por acceleração. R, T, P representam a constante específica (J/Kg
K), temperatura (K) e pressão absoluta (Pa) do gás, respectivamente. A perda de carga bifásica por atrito numa
tubulação de diâmetro interno d pode é obtida por meio do método de Darcy-Weisback [17] utilizando propriedades
ponderadas

dP 1 ρ J2
= ξM M (9)
dL F 2 d

 64 , Re M ≤ 2000
 Re M


0.316 , Re M > 2000
ξM = Re0.25
M (10)
 −2
   150.39 152.66  
0.25  Log  −   , Re M ≥ 3000
 0.98865 Re M  
   Re M 
ρ M Jd
Re M = (11)
µM
sendo ξM o fator de atrito de Darcy, segundo Fang et al. [18], avaliado para o Reynolds da mistura (ReM). ρM e µ M
representam densidade e viscosidade da mistura, respectivamente. Assim a perda de carga bifásica por atrito para
modelo homogêneo sem deslizamento pode ser calculada utilizando as Eqs. (9)-(11) e,
ρ M = (1 − β ) ρ L + β ρG , µ M = (1 − β ) µ L + β µG (12)
Dukler et al. (1964) [19], baseado num estudo de semelhança dimensional, apresentam um método para a previsão
de perda de carga bifásica por atrito. Assumindo escoamento com presença de deslizamento e mesmo perfil de
velocidade para as fases, os autores apresentam a seguinte variante para o ReM e ρM

 (1 − β )2 β2 
 ρL + ρG  Jd
ρ M Jd  (1 − α ) α   (1 − β )2 β2 
Re M = =  , ρM =  ρL + ρG  (13)
µM (1 − β ) µ L + β µG  (1 − α ) α 
 
desse modo o gradiente de pressão bifásico por fricção é estimado utilizando as Eqs. (9)-(10) e (13). Expressões para
fração de vazio são necessárias neste método.
Lockart & Martinelli [20], num estudo desenvolvido inicialmente para escoamento de fases separadas,
introduziram os parâmetro ϕL e X, para a previsão do gradiente de pressão bifásica,
dP
dP dP
= φL2
dL FL
,X = 2
(14)
dL dL dP
F FL
dL FG

onde dP/dL|F é o gradiente de pressão bifásico procurado. dP/dL|FL e dP/dL|FG representam os gradientes de pressão
do líquido e gás escoando sozinhos com sua própria vazão mássica. Os autores notaram experimentalmente que
ϕL=f(X). Chisholm [21, 22] propuseram a seguinte correlação teórico-empírica para função citada
0.5 0.5
ρ  ρ 
φL2 = 1 + C X + 1 ,C =  L  + G  (15)
X2  ρG   ρL 
Nós chamamos de método Lockart-Martinelli-Chisholm quando as Eqs. (14)-(15) são usadas para a previsão do
gradiente de pressão. Os gradientes de pressão monofásico podem ser calculados utilizando as Eqs. (9)-(11). As
condições de transição de ReM (Eq. (10)) devem ser mudados de 2000 para 1000 e de 3000 para 2000 [20].
Chisholm e Laird (1958) reportaram uma expressão experimental para a previsão da perda de carga bifásica. Ele é
uma aproximação experimental do estudo Dukler et al. (1964) para frações de vazio muito baixos, e está baseado no
parâmetro ϕL e a fração de vazio,

dP dP 0.8
= φL2 ,φL2 = (16)
dL F dL FL (1 − α )1.75
Shannak (2008) [23] recentemente apresentaram um método para o computo do gradiente de pressão bifásica por
atrito. Ele é baseado na redefinição de ReM, como a razão entre a somatória das forças inerciais e a somatória das
forças viscosas das fases, i.e.

∑ FI = ρ LVL d + ρGVG d
2 2
Re M = (17)
∑ FV µ LVL d + µGVG d
Os autores adotaram as hipóteses de modelo homogêneo, e com ajuda das Eqs. (4), (7) e (12) expressaram o
Reynolds da mistura em função dos Reynolds monofásicos do líquido (ReL) e gás (ReG),
2 ρ
x 2 + (1 − x )  G 
 ρ L 
Re M = (18)
 Re  +  (
 x2   1 − x )2   ρG 
 ρ L 
 G  Re L  

Método proposto

A redefinição de ReM proposta por Shannak (2008) contribui de maneira relevante ao incluir simultaneamente as
forças inércias e viscosas das fases. Também, o fato de ser função do título e dos Reynolds monofásicos das fases
torna o cálculo simples. Contudo, informações fenomenológicas do escoamento foram excluídas ao assumir modelo
homogêneo sem deslizamento, e.g. padrão de escoamento. Assim uma nova definição para o número de Reynolds da
mistura é proposta

∑ FI = ρ LVL d L + ρGVG dG
2 2
Re M = (19)
∑ FV µ LVL d L + µGVG dG
A Eq. (19) é baseada na proposta de Shannak (2008) no sentido de considerar as somatórias das forças vinculadas às
fases, no entanto, as forças são consideradas restritas aos diâmetros equivalente das fases. Essa mudança insere o
conceito do um ReM avaliado com forças locais (ou in-situ). Com ajuda das Eqs. (1)-(3) e (7) a Eq.(19) pode ser
reescrita como

 (1 − β )2 β2 
 ρL + ρG  Jd
 (1 − α ) α 
Re M =   (20)
µ L (1 − β ) µG β
+
1−α α
Dessa forma o ReM proposto contempla as características do escoamento ao incluir a fração de vazio. Expressões
para fração de vazio são necessárias. Cabe assinalar que a expressão proposta ReM juntamente com a Eq. (10)
apresentam-se como um método de computo do fator de atrito da mistura ξM, e não apenas uma correlação
experimental como reportado em outros estudos [24, 25].
O computo da perda de carga bifásica por fricção para os métodos Shannak (2008) e proposto segue o seguinte
procedimento: (1) avaliação de ReM utilizando a expressão própria do método, (2) cálculo de ξM, Eq. (10), (3)
avaliação da perda de carga com a Eq. (9) utilizando a Eq. (12) para o computo da densidade da mistura ρM.

TRABALHO EXPERIMENTAL

O trabalho foi conduzido no Fluid-Structure Interation Laboratory da BWC/AECL/NSERC Industrial Research


Chair da École Polytechnique Montreal. A Figura 1 mostra o aparato experimental utilizado, onde os principais
componentes e instrumentos são designados por letras e números, respectivamente. A seção de teste (I, Figura 1) foi
constituída por uma tubulação de PVC transparente de 20.4 mm de diâmetro interno, d, (tubulação 3/4" - schedule
40), e comprimento de 75 d, entre as tomas de pressão.

Componentes
A Válvula reguladora de pressão
B Tanque de almacenamento
C Bomba centrífuga
D Variador de frequência
E Bomba centrífuga
F Válvula reguladora
G Misturador
H Suporte
I Seção de teste
J Suporte
K Câmera de alta velocidade

Instrumentação
1 Regulador de pressão
2 Air flowmeter
3 Air flowmeter
4 Pressure gage
5 Water flowmeter
6 Pressure transducer
7 Pressure trasnducer
Figura 1. Circuito multifásico de teste utilizado.

Água procedente do tanque atmosférico B foi bombeada pelas bombas C e E e a vazão mensurada no medidor 5.
Desde uma linha independente, ar a alta pressão foi fornecido e sua pressão controlada pelo regulador 1, que
mantinha a pressão constante. A vazão de ar foi mensurada e regulada pelos medidores 2 e 3 e a válvula A,
respectivamente. A mistura bifásica água-ar procedente do misturador G escoou através da secção de teste I em
diferentes padrões de escoamento. Logo, os fluidos foram separados gravitacionalmente no tanque B. Transdutores
de pressão de alta precisão e resposta (6 e 7, Figura 1) foram responsáveis pela coleta dos sinais de pressão. A
caracterização do escoamento bifásico foi qualitativamente estabelecida com o auxilio de uma câmera de alta
definição e velocidade (K, Fig. 1). Imagens de escoamento em bolhas, pistonado e disperso a uma frequência de
aquisição de 900 frames/segundos foram salvas. A programa desenvolvido em LabVIEW® foi usado para a
aquisição e processamento dos sinais. Uma taxa de aquisição de 5000 Hz foi escolhida para garantir a precisão dos
sensores e evitar efeitos de aliasing.
Utilizaram-se dois parâmetros para a fixação dos pontos experimentais, a velocidade da mistura, J, e fração de
vazio homogênea, β. Esses dois parâmetros foram calculados a partir das vazões volumétricas in-situ (no médio do
tubo). Para isso, as medidas dos transdutores de pressão (6 e 7, Figura 1), assumindo uma variação linear da pressão
ao longo da seção de teste, foram utilizadas. 32 pontos, incluindo escoamento em bolhas, pistonado e disperso
compõem a matriz experimental do presente estudo. Ela é mostrada na Figura 2 sob o mapa experimental do
Madhane et al. [26]. Observou-se boa concordância. Cabe assinalar que o padrão caracterizado como bolha inclui
também as condições experimentais onde bolhas alongadas apareceram.

AVALIAÇÃO DOS MÉTODOS DE PÉRDA DE CARGA

Os métodos apresentados, i.e. modelo homogêneo, Lockart-Martinelli-Chisholm, Chisholm-Laird (1958), Dukler


(1964), Shannak (2008) e método proposto, foram avaliados para as condições experimentais relatadas no presente
estudo e seus resultados comparados com os mensurados experimentalmente. Os pontos experimentais são
destacados segundo o padrão de escoamento observado. Dois níveis de precisão, ±15% e ±30% da função identidade,
foram escolhidos para representar o desvio dos métodos. Para todos os casos, utilizou-se a teoria de modelo
homogêneo para estimar os valores para do gradiente de pressão por aceleração.
Resultados para modelo homogêneo e Lockhart-Martinelli-Chisholm são mostrados na Figura 3. Observa-se que o
modelo homogêneo subestima os resultados de perda de carga para todos os padrões de escoamento, tendo maior
precisão para escoamento disperso. Isso devido a que a mistura bifásica é tratada como um pseudo-fluido. Entretanto,
e contrariamente ao esperado pelo desenvolvimento inicial para escoamento de fases separadas, Lockhart-Martinelli-
Chisholm fornece melhores resultados para escoamento disperso que o modelo homogêneo. Para escoamento
pistonado o desvio supera 30%, sendo maior no Lockhart-Martinelli-Chisholm. Em geral ambos os métodos preveem
satisfatoriamente o gradiente de pressão, desde que uma precisão ao redor de 30% é aceitável para escoamento
bifásico.

Figura 2. Matriz experimental

a) b)

Figura 3. Gradiente de pressão calculado versus mensurado para (a) modelo homogêneo e (b) Lockhart-Martinelli-Chisholm

Os métodos Chisholm-Laird (1958) e Dukler et al. (1964) foram avaliados utilizando as correlações para fração
de vazio listadas naTabela 1. As condições para as quais foram desenvolvidas e as análises reportadas na literatura
serviram como critério de seleção delas [10, 21, 27]. Os coeficientes da correlação de Beggs & Brill (1973) [24] para
escoamento separado, intermitente e distribuído foram utilizados nos padrões bolhas, pistonado e disperso,
respectivamente. A Figura 4 mostra os resultados de perda de carga mensurada versus calculada para ambos os
métodos. Comparados simultaneamente, observa-se que o método Dukler et al. (1964) fornece menores desvios que
Chisholm-Laird (1958), mostrando a validade da hipótese de ambos os métodos, i.e. deslizamento entre as fases
versus baixa presença de gás, respectivamente. Cabe relembrar que este último método é uma aproximação empírica
para uma particularização do estudo de Dukler et. al [19]. Com respeito às correlações para fração de vazio, Eaton
(1976) e Beggs & Brill (1973) tiveram o pior desempenho para ambos os métodos, incluso para o padrão disperso
onde as outras correlações se apresentaram aceitáveis, com erro menor que 30%. No caso de Beggs & Brill (1973),
ela não consegue prever a perda de carga em função do padrão apesar de ter coeficientes específicos para cada um,
fazendo-se notório no padrão pistonado. O bom desempenho do conjunto Armand-Massina-Chisholm-Laird (1958),
erro ao redor de 30%, era de se esperar já que ele é uma variação das correlações obtidas no estudo original de
Armand (apud [21]). Armand-Massina também tem bons resultados com Dukler et al. (1964), com exceção de
algumas condições para padrão pistonado. Semelhante desempenho apresentou a correlação Wallis (1969). Como
apresentado, poucas das correlações da Tabela 1 podem ser usadas com Chisholm-Laird (1958) ou Dukler et al.
(1964) para uma previsão confiável da perda de carga, ao redor de 30%. Essa aparente falência das outras das
correlações será discutida depois.

Tabela 1. Correlações para fração de vazio

Eaton (1967)[28], Beggs & Brill (1973) [24], Chisholm (1983)[21],


X Eaton a (1 − β )
b
J2  1− β
α = 1− α = 1− , FrM2 = β + , β ≤ 0.9
0.2706 + 0.0996 X Eaton
0.5
+ 0.975 X Eaton  ρG 
( FrM2 ) 
c gd β  1 − β  1 −
=  ρ L 
1.84 NLV 0.575  P 0.05 0.1 α 
X Eaton =   NL µ L J L  ρG 
NGV ND 0.0277  101325  Padrão a b c 1 + 23 1−
Separado 0.980 0.4846 0.0868  J L + J G ρG d  ρ L 
1/4 1/4
ρ  ρ  Intermitente 0.845 0.5351 0.0173
NLV = J L  L  , NGV = J G  L  Distribuído 1.065 0.5824 0.0609
σ g  σ g  Chisholm (1973)[29],
1/2 1/4
ρ g  g  Armand-Massina
α = ( 0.833 + 0.167 x ) β
ND = d  L  , NL = µ L  3  ρ  1 − x   ρG 
= 1 + 1 − x 1 − L  
(apud [10]), 1
 σ   ρL σ   
α  ρG   x   ρ L 
( )
Wallis (1969)[27], −0.378
α = 1 + X 0.8

Figura 4. Gradiente de pressão calculado versus mensurado para (a) Chisholm-Laird (1958) e (b) Dukler et al. (1964)
As mudanças propostas por Shannak (2008) com respeito ao número de Reynolds e consequentemente ao fator de
atrito da mistura fornecem boa previsão do gradiente de pressão, como mostrado na Figura 5a. Melhores resultados
são observados para as condições onde o padrão disperso ocorre. Isso devido a que critérios do modelo homogêneo
foram adotados pelo método. Desvios menores que 30% são achados para o padrão disperso. Por outro lado, os
padrões pistonado e bolhas apresentam maior desvio, contudo apenas alguns pontos apresentam desvio superior a
30%. Assim o método Shannak (2008) apresenta-se confiável sem precisar do conhecimento da fração de vazio.
Apesar das vantagens citadas, Shannak (2008) coloca-se como um método de fácil cálculo e confiável, porém sem
interpretação fenomenológica ao excluir a fração de vazio. Por consequência a influência do padrão de escoamento é
também desconsiderada. O quesito anterior é satisfeito no método proposto ao contemplar a fração de vazio. Os
resultados do método, avaliado com o auxilio das correlações da Tabela 1, são mostrados na Figura 5b. Em geral, o
método proposto fornece desvios semelhantes que Shannak (2008) para a previsão do gradiente de pressão. Contudo,
desvios ligeiramente menores são observados para o padrão pistonado. Cabe assinalar também, segundo os
resultados, qualquer correlação pode ser utilizada para a previsão da perda de carga de maneira confiável. O anterior
legitima a validez das correlações e coloca em evidência que os métodos Chisholm-Laird (1958) ou Dukler et al.
(1964) não preveem adequadamente a perda de carga bifásica não recomendando seu uso. Recomenda-se também a
utilização de correlação Beggs & Brill (1973) por apresentar ligeiramente melhores resultados e ter sido
desenvolvida específica para cada padrão de escoamento.

a) b)

Figura 5. Gradiente de pressão calculado versus mensurado para (a) Shannak (2008) e (b) método proposto

CONCLUSÕES

Uma comparação de quatro métodos clássicos para a previsão da perda de carga em escoamento bifásico gás-
líquido horizontal, i.e. modelo homogêneo, Lockart-Martinelli (1949) modificado, Dukler et al. (1964) e Chisholm
(1983), é apresentada. Estes dois últimos foram avaliados utilizando seis correlações de fração de vazio da literatura.
Os resultados dos métodos foram comparados com gradientes de pressão experimental para 32 pontos, incluindo
padrão bolhas, pistonado e bolhas. Os métodos modelo homogêneo e Lockart-Martinelli (1949) modificado tiveram
menor desvio dos resultados, máximo de 30% para a maioria dos pontos. Recomenda-se não utilizar os métodos
Dukler et al. (1964) e Chisholm (1983) pelos grandes desvios apresentados e serem muito sensíveis à escolha da
expressão para fração de vazio. Adicionalmente um método baseado no método Shannak (2008), em função da
fração de vazio, é proposto. O método proposto foi testado e juntamente com Shannak (2008) oferecem menores
desvios que os métodos clássicos. Recomenda-se usar a correlação Beggs & Brill (1973) para a estimação da fração
de vazio. O método proposto fornece uma metodologia confiável de calcular o gradiente de pressão bifásico em
tubulação horizontal com a vantagem de incluir a fenomenologia do escoamento na sua formulação.

AGRADECIMENTOS

Os autores agradecem ao Benedict Besner, Thierry Lafrance e Cedric Beguin pelo suporte durante o trabalho
experimental e as discussões. Luis Enrique Ortiz Vidal agradece à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São
Paulo (FAPESP, proc. 2009/17424-2) pelo financiamento.
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