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“as eleições registram as decisões do eleitor, mas como ele chegou a essas decisões? As eleições
computam opiniões; mas de onde vêm essas opiniões e como são formadas? Qual é a gênese
da vontade e da opinião que as eleições se limitam a registrar? O voto envolve uma experiência
pré-eleitoral” p.. 124
“os governos escolhidos por eleições refletem as opiniões do eleitorado e, além disso, são
obrigados a se responsabilizarem (através da repetição das eleições livres) perante seus
eleitores, são governos que podem ser chamados – sem forçar muito o significado – de governos
consentidos” p. 126.
Na democracia existem três objetos passiveis de partilha: a) valores supremos, como igualdade,
liberdade; b) regras do jogo ou procedimentos e c) governos específicos e políticas
governamentais, que Easton chama de níveis de consenso: 1) nível comunitário 2) nível do
consenso procedimental 3) nível do consenso programático.
O primeiro diz respeito como a sociedade partilha suas crenças e valores, a sua cultura. Esse
nível não é necessário para que haja democracia, mas o consenso sobre os princípios
fundamentais facilita a democracia.
O segundo é o que estabelece as regras do jogo e que estabelece como os conflitos serão
resolvidos, o qual segue a regra do principio da maioria. Esta regra é a condição necessária para
que haja democracia.
O terceiro é a essência de toda democracia, que se sustenta no governo pela discussão. “esse é
o de fato o contexto onde a dissensão, o dissenso e a oposição emergem como elementos
caracterizadores da democracia”. P. 130.
“o ponto crucial é, portanto, que o dissenso, a oposição, políticas adversárias e contestação são
todas noções que adquirem um valor positivo, e um papel positivo, no contexto do pluralismo,
isto é, na concepção pluralista de sociedade e da história. Antes de qualquer outra coisa, o
pluralismo é a crença no valor da diversidade”. P. 131.
“nas democracias de hoje, são os meios de comunicação de massa que desempenham o papel
mais amplo e mais central na formação da opinião pública. A noção de vigilância, de formulação
de orem do dia, da função de cao de guarda, de refração prismática e/ou distorção e coisas do
gênero aplica-se basicamente à atuação dos meios de comunicação de massa e a seu impacto”.
P. 133.
“as condições que permitem uma opinião publica relativamente autônoma podem ser
resumidas em dois títulos: a) um sistema de educação que não seja um sistema de doutrinação;
e b) uma estrutura global de centros de influencia e informação plurais e diversos”. P. 139
“seja como for, vamos voltar as constatações que tratam inquestionável e diretamente da
questão crucial: quanto o público sabe, quanto sabe de forma errônea, ou não sabe
absolutamente nada sobre a coisa pública? Em síntese, qual é a base informativa da opinião
pública?” – “o estado de desatenção, falta de interesse, subinformacao, distorção perceptiva e,
por fim, simples ignorância do cidadão comum nunca deixam de surpreender o observador”. P.
146.
Problemas: 1) causa e remédio para a apatia politica das pessoas e 2) forma pela qual a teoria
da democracia reage a essas constatações.
- o nível de instrução não tem uma correlação direta entre a apatia das pessoas pela
política, pois mesmo nos países que houve aumento no grau de instrução não houve maior
participação na política ou busca por mais informações. A questão da riqueza das pessoas
também não explica a apatia.
“Não há qualquer razão imperiosa segundo a qual um crescimento geral dos níveis de
instrução deva refletir-se especificamente no crescimento de públicos politicamente bem-
informados. existe, ao contrário, uma razão excelente que explica por que isso pode não
acontecer. A informação é um custo que pesa em termos de recursos individuais insuficientes
de tempo e atenção. Assim, adquirir informação sobre um setor implica negligenciar outros
setores” p. 150