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Lista de exercícios

Análise I
Italo M

1. Dados a, b ∈ R, mostre que a2 + b2 = 0 se, e somente se, a = b = 0.

R: A demonstração da volta é trivial. Provemos, então, a ida. Suponha então, por


absurdo, que a e b não sejam mutuamente nulos. Então acontecerá um dos casos
abaixo:
(i) a = 0, b 6= 0 (absurdo, pois 02 + b2 = 0 ⇔ b2 = 0 ⇔ b = 0);
6 0, b = 0; (absurdo, análogo a (i));
(ii) a =
(iii) a =6 0, b 6= 0 (Seja P o conjunto dos números positivos. Se a, b ∈ R, então
a , b2 ∈ P1 . Como a2 + b2 = 0 ⇔ a2 = −b2 . Visto que b2 > 0, temos −b2 < 0.
2

Como a2 = −b2 e a2 > 0, encontramos um absurdo (pela tricotomia de ordem


dos reais2 )).
Assim, só pode ser que a = b = 0.

2. Mostre que |x − z| ≤ |x − y| + |y − z| ∀ x, y, z ∈ R.

R: Sejam a, b, c ∈ R. Pelo item (iii) da proposição 2.3 das notas de aula, podemos
afirmar que −|a| ≤ a ≤ |a| (I), −|b| ≤ b ≤ |b| (II). Somando (I) e (II): −(|a| + |b|) ≤
a + b ≤ |a| + |b| ⇔ |a + b| ≤ |a| + |b|. Faça então a = x − y e b = y − z. Temos
a + b = x − y + y − z = x − z e portanto: |x − z| ≤ |x − y| + |y − z|.

3. Prove que |x| − |y| ≤ |x − y| ∀ x, y ∈ R.


R: Pela desigualdade triangular, |x + a| ≤ |x| + |a|, x, a ∈ R. Faça então a = −y.


Então |x + (−y)| ≤ |x| + | − y| ⇒ |x − y| ≤ |x| + |y| (visto que | − y| = |(−1) · y| =
| − 1| · |y| = 1 · y = y). Mas veja que, pelo que acabamos de provar, |x| = |x − y + y| ≤
|x − y| + |y| ⇒ |x − y| ≥ |x| − |y| (I). Analogamente |y| = |y − x + x| ≤ |y − x| + |x| =
|x − y| + |x| ⇒ |x − y| ≥ |y| − |x| ⇒ −|x − y| ≤ |x| − |y|. Daí temos finalmente
−|x − y| ≤ |x| − |y| ≤ |x − y| ⇒ |x| − |y| ≤ |x − y|.

4. Prove que se |a − b| < ε, então |a| < |b| + ε.

R: Como |a − b| ≥ |a| − |b| , temos ε > |a| − |b| ⇒ −|ε| < |a| − |b| < |ε| ⇒ −|ε| + |b| <

|a| < |ε|+|b|, e como 0 ≤ |a−b| < ε, temos |ε| = ε, donde conclui-se que |a| < |ε|+|b|.

1
Propriedade 2.1 das notas de aula.
2
Se x, y ∈ R, então ou x < y, ou x = y ou x > y.

1
a+b
5. Dados a, b ∈ R tais que a < b, mostre que a < < b.
2
a+b
R: Se a < b então a + b < b + b = 2b e portanto < b. Também, se a < b então
2
a+b a+b
a + a = 2a < a + b e portanto a < . Isso conclui que a < < b.
2 2
6. Mostre que a2 + ab + b2 ≥ 0 e a2 − ab + b2 ≥ 0, ∀ a, b ∈ R.
2
b2 b2 3b2

2 2 2 2 b
R: Veja que a ± ab + b = a ± ab + +b − = a± + ≥ 0 (sendo
4 4 2 4
nula apenas quando a = b = 0).
√ x+y
7. Dados x, y ∈ R+ , mostre que: xy ≤ .
2
√ √
R: Veja que como x, y ∈ R+ então existem os reais x, y. E daí, sabemos que
√ √ √ √ x+y √
( x − y)2 ≥ 0 ⇒ x − 2 xy + y ≥ 0 ⇒ x + y ≥ 2 xy ⇒ ≥ xy, ou seja,
2
√ x+y
xy ≤ .
2
8. Sejam a ∈ Q∗ e x irracional. Prove que a · x e a + x são ambos irracionais. Dê exemplos
de dois números irracionais x e y tais que x + y e x · y sejam ambos racionais.
R: – Suponha, por absurdo, que a·x não seja irracional. Então existem m, n ∈ Z tais
m p
que = a · x. Como a é racional, existem também p, q ∈ Z tais que = a.
n q
m p m·q
Logo = ·x⇒x= que pertence aos racionais. Absurdo, pois x, por
n q n·p
hipótese, é irracional. Então a · x só pode ser irracional.
– Provemos agora que x + a é irracional. Novamente, suponha por absurdo que
m
x + a não o seja. Então existem m, n ∈ Z tais que = x + a. Como a é
n
p m p
racional, existem também p, q ∈ Z tais que = a. Logo = x+ ⇒ x =
q n q
m p mq − np
− = , que pertence aos racionais. Absurdo, pois x, por hipótese,
n q nq
é irracional. Então x + a só pode ser irracional. √ √
– Atendendo aos exemplos requisitados, podemos tomar x = 2 e y = − 2. Veja
que ambos são irracionais e x + y = 0 ∈ Q e x · y = −2 ∈ Q.
√ √
9. Se a, b, c, d ∈ Q, prove que a + b 2 = c + d 2 ⇔ a = c e b = d.
√ √ √ √
R: A volta é trivial: b = d ⇒ b 2 = d 2; daí a = c ⇒ a + √ b 2 = c +
√ d 2. A ida
pode ser√ demonstrada usando o seguinte raciocínio: a + b 2 = c + d √2 ⇒ a − c =
(d−b) 2. Se a−c 6= 0 então d−b √ 6= 0; nesse caso, a−c ∈ Q e (d−b) 2 ∈ (R−Q).
Absurdo pois a − c = (d − b) 2 mas Q ∩ (R − Q) = ∅. Então só podemos ter
a − c = 0 e d − b = 0 e portanto a = c e b = d.
p √
10. Mostre que 3 + 2 é irracional.
p √ m
R: Suponha que não seja irracional. Então existem m, n ∈ Z tais que 3 + 2 = .
n
√ m2 √ m2 − 3n2 √
Logo 3 + 2 = 2 ⇒ 2 = ; absurdo, pois 2 é irracional. Logo
p √ n n2
3 + 2 é irracional.

2
√ √ √ √
11. Sejam a, b ∈ Q∗+ . Mostre que a + b é racional se, e somente se a e b forem
ambos racionais.

R: A volta é trivial, visto que a soma de dois números racionais


√ √é um número racional.
Provemos
√ √ √ então os racionais a, b tais que a + b seja
a ida.√Sejam √ racional.
√ Veja
que ( a+ b)( √a− √b) = a−b e portanto, como a−b é racional e a+ b também
o é, temos que a − b certamente também √ é racional.
√ √ Daí,√como a√soma de dois
racionais também
√ será racional, temos que ( a+ b)+( a− b) = 2 a é racional,
e portanto a é√racional. A demonstração segue análoga para demonstrarmos a
racionalidade de b.

12. Sejam A ⊂ B ⊂ R não-vazios, limitados. Prove que: inf B ≤ inf A ≤ sup A ≤ sup B.

R: Seja inf B o ínfimo de B (a maior das cotas inferiores de B). Seja também x ∈ A.
Como A ⊂ B, temos x ∈ B, e portanto inf B ≤ x. Logo inf B além de ser cota inferior
de B também é cota inferior de A. Como inf A (o ínfimo de A) é a maior das cotas
superiores de A, só podemos ter inf A ≥ inf B (ou inf B ≤ inf A).
Analogamente seja sup B o supremo de B. Seja também y ∈ A. Como A ⊂ B, temos
y ∈ B, e portanto y ≤ sup B. Logo sup B além de ser cota superior de B também é
cota superior de A. Como sup A (o supremo de A) é a menor das cotas superiores
de A, só podemos ter sup A ≤ sup B.
Por fim, seja x ∈ A. Sabemos que inf A ≤ x ≤ sup A, e portanto, inf A ≤ sup A.
Porém, como inf B ≤ inf A e sup A ≤ sup B, concluímos que inf B ≤ inf A ≤ sup A ≤
sup B.

13. Sejam A ⊂ R, não-vazio, limitado e c ∈ R∗ . Considere o conjunto c+A = {c+x | x ∈ A}.


Prove que c + A é limitado e que sup(c + A) = c + sup A e inf(c + A) = c + inf A.

R: Seja x ∈ A. Como A é limitado, existem cotas inferiores e superiores a e b em R


tais que a < x < b. Então, é fato que c + a < c + x < c + b. Como c + x ∈ c + A
(já que x ∈ A), temos que c + a e c + b são respectivamente cota inferior e superior
de c + A; assim, c + A é limitado.
Veja também que x ∈ A implica que x ≤ sup A. Além disso, se x ≤ a, então
sup A ≤ a para todo a ∈ R. Mas se x ∈ A, então c + x ∈ c + A. E veja que
x ≤ sup A ⇒ c+x ≤ c+sup A. Como c+x ≤ c+a e sup A ≤ a ⇒ c+sup A ≤ c+a
para todo c + a ∈ R, temos sup(c + A) = c + sup A.
A demonstração segue análoga para inf(c + A) = c + inf A.

14. Sejam A ⊂ R, não-vazio, limitado e c ∈ R∗+ . Considere o conjunto c · A = {c · x | x ∈ A}.


Mostre que c · A é limitado e que sup(c · A) = c · sup A e inf(c · A) = c · inf A.

R: Seja x ∈ A. Como A é limitado, existem cotas inferiores e superiores a e b em R


tais que a < x < b. Então, é fato que c · a < c · x < c · b. Como c · x ∈ c · A (já que
x ∈ A), temos que c · a e c · b são respectivamente cota inferior e superior de c · A;
assim, c · A é limitado.
Veja também que x ∈ A implica que x ≤ sup A. Além disso, se x ≤ a, então
sup A ≤ a para todo a ∈ R. Mas se x ∈ A, então c · x ∈ c · A. E veja que
x ≤ sup A ⇒ c · x ≤ c · sup A. Como c · x ≤ c · a e sup A ≤ a ⇒ c · sup A ≤ c · a
para todo c · a ∈ R, temos sup(c · A) = c · sup A.
A demonstração segue análoga para inf(c · A) = c · inf A.

3
15. Dados A, B ⊂ R, não-vazios, limitados, considere o conjunto A + B = {x + y | x ∈ A, y ∈
B}. Prove que:

(i) A + B é limitado;
(ii) sup(A + B) = sup A + sup B;
(iii) inf(A + B) = inf A + inf B.

R: (i) Se A e B são limitados então existem a, b, c, d ∈ R tais que, para quaisquer


x ∈ A e y ∈ B, vale que a < x < b e c < y < d. Logo a + c < x + y < b + d e
portanto, como x + y ∈ A + B, temos que A + B é limitado.
(ii) Temos sup A ≥ x, ∀x ∈ A e a ≥ x ⇒ sup A ≤ a, ∀a ∈ R; também sup B ≥
y, ∀y ∈ B e b ≥ y ⇒ sup B ≤ b, ∀b ∈ R. Logo adicionando as inequações
correspondentes, encontramos sup A + sup B ≥ x + y; como x ∈ A e y ∈ B,
temos x + y ∈ A + B. Também a + b ≥ x + y ⇒ sup A + sup B ≤ a + b.
Portanto sup(A + B) = sup A + sup B.
(iii) A demonstração é análoga ao item anterior.

16. Seja X ⊂ R. Uma função f : X → R é dita limitada quando o conjunto imagem f(X) ⊂ R
é limitado. Nesse caso definimos sup f = sup f(x) e inf f = inf f(x). Sejam f, g : X → R
x∈X x∈X
limitadas. Mostre que:

(i) f + g : X → R é limitada;
(ii) sup(f + g) ≤ sup f + sup g;
(iii) inf(f + g) ≥ inf f + inf g.

Dê exemplos em que ocorrem as desigualdades estritas.

R: (i) Queremos provar que (f+g)(X) é limitado. Como f é limitada, existem a, b ∈ R


tais que a < f(x) < b para qualquer x ∈ X. Analogamente como g é limitada,
existem c, d ∈ R tais que c < g(x) < d para qualquer x ∈ X. Então a + c <
f(x) + g(x) < b + d para qualquer x ∈ X e portanto (f + g)(X) é limitado.
(ii) Veja que sup f ≥ y1 , ∀y1 ∈ f(X) e a ≥ y1 ⇒ sup f ≤ a, ∀a ∈ R. Analogamente
temos sup g ≥ y2 , ∀y2 ∈ g(X) e b ≥ y2 ⇒ sup g ≤ b, ∀b ∈ R. Então, somando
as inequações correspondentes: sup f + sup g ≥ y1 + y2 ; também a + b ≥
y1 + y2 ⇒ sup f + sup g ≤ a + b; logo sup(f + g) = sup f + sup g.
(iii) A demonstração é análoga ao item anterior.
Segue um √ exemplo de função.√ Sejam f : [−2, 2] → R e g : [−1, 1] → R tais que
f(x) = 4 − x e g(x) = 1 − x2 . Veja que f([−2, 2]) = [0, 2] e g([−1, 1]) =
2

[0, 1]. Logo sup f = 2 e sup g = 1.


√ √ −2x
Agora seja (f + g)(x) = 4 − x2 + 1 − x2 . Veja que (f + g) 0 (x) = √ −
2 4 − x2
2x 2x 2x
√ . Temos (f+g) 0 (x) = 0 para √ + √ = 0 ⇒ x = 0. Logo
2 1−x 2 2 4 − x √ 2 1 − x2√
2

o valor máximo da função f + g é (f + g)(0) = 4 − 02 + 1 − 02 = 2 + 1 = 3


e daí sup(f + g) = sup f + sup g.

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