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O DESAFIO DA ACESSIBILIDADE NA TUTORIA

PRESENCIAL NA DISCIPLINA INFORMÁTICA NA


EDUCAÇÃO NO CURSO DE PEDAGOGIA À DISTÂNCIA
DA UERJ / CEDERJ

COSTA, Alice Maria


Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do Estado do Rio de
Janeiro CECEIRJ / Consórcio CEDERJ
alicemaria.costa@yahoo.com.br

SANTOS, Edméa

RESUMO
Este artigo apresenta práticas de acessibilidade em materiais pedagógicos da disciplina
Informática na Educação da graduação em Pedagogia, visando à inclusão de pessoas no
contexto Fundação CECIERJ.

Palavras-chave: tecnologias assistivas, acessibilidade, informática na educação


especial.
1. INTRODUÇÃO
O Ministério da Educação e Cultura (MEC), através da Secretaria de Educação
Especial (SEESP) vem desenvolvendo o Programa Nacional de Informática na
Educação Especial – PROINESP (SEESP, 2007) e através deste trouxe uma série de
incentivos que visam fomentar novas possibilidades de inclusão a luz do projeto inicial
proposto por Santarosa (1997), com base nas recomendações do documento produzido
na Conferência Mundial sobre Necessidades Educativas Especiais (UNESCO, 1994)
que contempla a formação e capacitação de profissionais da área da educação. Além de
apontar para o princípio de igualdade de oportunidade de crianças, jovens e adultos com
deficiências no ensino primário, secundário e superior; assim como as diretrizes do
Plano Nacional de Educação que bem destaca a necessidade de mediação tecnológica
para impulsionar a flexibilização do processo educativo por meio de ajudas técnicas e
de pesquisas regionais e nacionais que devem ser desenvolvidas para a elaboração de
tecnologia de apoio apropriado às pessoas com necessidades educacionais especiais
(PNEEs), conforme revelam os estudos realizados por Santarosa (2007).
Desta forma, desde 1999 no Brasil, a formação a distância de professores, em
informática na Educação Especial em ambientes virtuais vem sendo uma prática que se
concretiza com o aumento de pessoas com necessidades especiais alcançando o ensino
superior.
Atualmente a Fundação Centro de Ciências e Educação Superior a Distância do
Estado do Rio de Janeiro CECEIRJ / Consórcio CEDERJ, pessoa jurídica de direito
público, vinculada à Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia e integrada à
Administração Estadual indireta, tem um dos seus pólos para a realização das atividades
presenciais localizado no município de Angra dos Reis / RJ, este oferece cursos de
graduação em oito áreas do conhecimento, na modalidade à distância.
Neste há o atendimento presencial a dois alunos portadores de necessidades
educacionais especiais (NEEs); uma aluna portadora de deficiência visual que ingressou
na graduação em Pedagogia no ano de 2007 e neste ano de 2010 um aluno portador de
deficiência visual e baixa audição ingressaram no curso de Tecnologia em Sistemas de
Computação, em ambos os cursos a inclusão de pessoas com necessidades educacionais
especiais (PNEEs) tornou-se um desafio para todos os profissionais envolvidos neste
processo educacional.
A proposta deste trabalho se limita a identificar as dificuldades encontradas por
estes alunos em seus respectivos cursos de graduação e a pesquisar os avanços
conquistados pela equipe; apontar novas possibilidades de adaptação, usabilidade e
acessibilidade para a devida inclusão destes e de outros alunos que virem a ingressar na
graduação no que concerne a adaptação física dos recursos pedagógicos e ao acesso no
ambiente virtual de aprendizagem desta Fundação CECIERJ.
Incentivar que pessoas com necessidades educacionais especiais alcancem o
ensino superior significa romper barreiras com os diferentes preconceitos e pré-
limitações que envolvem a vida dessa pessoa. Significa olhar de outro lugar, e
efetivamente desencadear o processo de inclusão como afirmam Conforto e Santarosa
(2002):
Pela mediação das ajudas técnicas, potencialidades de sujeitos
anteriormente colocados na exterioridade dos espaços culturais
conquistam visibilidade e, o processo de inclusão de todos
efetivamente passa a ser desencadeado (SANTAROSA,
2002:532).

2. NOVAS TERMINOLOGIAS NO CAMPO DA EDUCAÇÃO


Expressões como “usabilidade”, “acessibilidade”, “tecnologias assistivas”,
presentes em outras áreas de atividade, tem no campo da Educação Especial e da
Tecnologia um importante significado.
A interface de um software, programas ou aplicativos utilizados no
computador, é a porção visível para o usuário através da qual ele irá interagir, a
qualidade da mesma deve de ser qualificada de acordo com o ponto de vista do usuário.
Neste sentido, a interface deve ser desenvolvida de acordo com as necessidades
especiais do sujeito permitindo inclusive a incorporação de seus desejos; estes devem
nortear as decisões desde o início do processo de idealização e desenvolvimento do
projeto a fim de facilitar o aprendizado, facilitar a lembrança do caminho para realizar
alguma tarefa em curto espaço de tempo, diminuir as chances de erro e saturação para a
realização de uma tarefa e conseguintemente aumentarem a satisfação subjetiva do
usuário.
A expressão “usabilidade” foi aperfeiçoada por Jakob Nielsen (1993), dito o
papa da usabilidade, que também considera outros atributos como a consistência e
flexibilidade. Entendendo que
Consistência refere-se a tarefas que requerem uma sequência de
processos similares, que levam a supor que tenham efeitos
similares, assim como entrar numa página de hierarquia inferior
me leva a supor que terá uma sequência de links semelhantes à
sua “página-mãe” ou, pelo menos, à imediatamente anterior.
Flexibilidade refere-se à variedade de formas com que um
usuário consegue atingir um mesmo objetivo (FERNANDEZ,
2005).

Como “o esforço necessário para utilizar o software e para o julgamento


individual deste uso por determinado conjunto de usuários” ou mesmo “a preocupação
com a interação do usuário em um sistema por meio da interface”.
Para a equipe de Acessibilidade Brasil a expressão “acessibilidade” representa
mais do que o direito de acessar a rede de informações, mas a eliminação de barreiras
arquitetônicas, de comunicação, de acesso físico, de equipamentos e programas
adequados, de conteúdo e apresentação da informação em formatos alternativos.
De acordo com Godinho (2001) a Acessibilidade implica três noções:

„Usuários‟, „Situação‟ e „Ambiente‟: O termo "Usuários"


significa que nenhum obstáculo deverá ser imposto ao indivíduo
face às suas capacidades sensoriais e funcionais. O termo
„Situação‟ significa que o sistema é acessível e utilizável em
diversas situações, independentemente do software,
comunicações ou equipamentos e o termo „Ambiente‟ significa
que o acesso não é condicionado pelo ambiente físico
envolvente, exterior ou interior (GODINHO apud
RODRIGUES, 2001)

De acordo com os dados sobre a concepção de páginas para a web, estudos da


World Wide Web Consortion - W3C (Consórcio para a WEB) e Web Accessibility
Initiative - WAI (Iniciativa para a Acessibilidade na Rede) apontam situações e
características diversas que o usuário pode apresentar:
1. Incapacidade de ver, ouvir ou deslocar-se, ou grande
dificuldade - quando não a impossibilidade - de interpretar
certos tipos de informação.
2. Dificuldade visual para ler ou compreender textos.
3. Incapacidade para usar o teclado ou o mouse, ou não
dispor deles.
3. Insuficiência de quadros, apresentando apenas texto ou
dimensões reduzidas, ou uma ligação muito lenta à Internet.
4. Dificuldade para falar ou compreender, fluentemente, a
língua em que o documento foi escrito.
5. Ocupação dos olhos, ouvidos ou mãos, por exemplo, ao
volante a caminho do emprego, ou no trabalho em ambiente
barulhento.
6. Desatualização, pelo uso de navegador com versão muito
antiga, ou navegador completamente diferente dos habituais,
ou por voz ou sistema operacional menos difundido
(ACESSIBILIDADE BRASIL, 2005).

É necessário atentar as respostas simultâneas a vários grupos de incapacidade


ou deficiência para diferentes situações e características que precisam ser consideradas
por conteudistas de um ambiente virtual de aprendizagem, neste último compreendendo
o potencial de aprendizagem em qualquer página a fim de possibilitar a real
acessibilidade dos seus usuários. Como o nosso foco neste trabalho é voltado para o
ambiente virtual de aprendizagem da Fundação CECIERJ se infere que todo o ambiente
necessita ser reestruturado segundo as indicações da W3C e WAI.
Observações e análises feitas inicialmente pela tutoria presencial sobre a
plataforma CEDERJ e dos documentos nela disponibilizados pelas diferentes disciplinas
de um curso de graduação apontam que o conteúdo precisa ser disponibilizado de
maneira adaptada, a fim de viabilizar a efetiva compreensão do conteúdo a ser estudado
pelo aluno.
Considerando as habilidades diferenciadas de cada usuário foi percebida a
necessidade em disponibilizar recursos como aumento e diminuição da fonte de texto,
leitor de telas e de conteúdo, arquivos em áudio / vídeo entre outros como os apontados
nos pressupostos do conceito de desenho universal:
1- Equiparação nas possibilidades de uso: O design é útil e
comercializável às pessoas com habilidades diferenciadas.
2- Flexibilidade no uso: O design atende a uma ampla gama de
indivíduos, preferências e habilidades.
3- Uso Simples e intuitivo: O uso do design é de fácil
compreensão, independentemente de experiência, nível de
formação, conhecimento do idioma ou da capacidade de
concentração do usuário.
4- Captação da informação: O design comunica eficazmente
ao usuário as informações necessárias, independentemente de
sua capacidade sensorial ou de condições ambientais.
5- Tolerância ao erro: O design minimiza o risco e as
consequências adversas de ações involuntárias ou imprevistas.
6- Mínimo esforço físico: O design pode ser utilizado com um
mínimo de esforço, de forma eficiente e confortável.
7- Dimensão e espaço para uso e interação: O design oferece
espaços e dimensões apropriados para interação, alcance,
manipulação e uso, independentemente de tamanho, postura ou
mobilidade do usuário (ACESSIBILIDADE BRASIL, 2005).

Entende-se por Tecnologia Assistiva a deliberação do Comitê de Ajudas


Técnicas da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de
Deficiência (CORDE)

Tecnologia Assistiva é uma área do conhecimento, de


característica interdisciplinar, que engloba produtos, recursos,
metodologias, estratégias, práticas e serviços que objetivam
promover a funcionalidade, relacionada à atividade e
participação, de pessoas com deficiência, incapacidades ou
mobilidade reduzida, visando sua autonomia, independência,
qualidade de vida e inclusão social (Comitê de Ajudas Técnicas,
CORDE/SEDH/PR, 2007).
Considera-se que o papel das tecnologias da informação e comunicação (TICs)
na abordagem construcionista de acordo com MORAIS et al. (1999:224).

[...] desloca-se do paradigma da transmissão da


informação, como foram concebidas as máquinas de ensinar,
para uma abordagem orientada para os processos
comunicacionais reflexivos e de aprendizagem colaborativa que
acontecem com e através da tecnologia, atuando como uma
expansão da atividade mental do aluno (MORAIS apud
GOMES, 2002:128).

Há outras terminologias como as Tecnologias de Apoio e Tecnologia de


Suporte podem ser divididas em várias categorias como Auxilio para a vida diária;
Comunicação Suplementar e/ou Alternativa; Acessórios para computador; Sistemas de
controle de ambiente; Modificações em casas e ambientes; Órteses e Próteses;
Adaptações para sentar e posicionar (seating); Adaptações de automóveis; Auxílio para
mobilidade; Auxílio para deficientes visuais e auditivos.

3. NORTE TEÓRICO-METODOLÓGICO
Para desenvolver a primeira fase da pesquisa-formação, se faz necessário o
conhecimento dos sujeitos a fim de mapear as suas habilidades e limitações físicas para
posterior estudo de suas necessidades no campo da saúde e suas implicações no campo
da educação. Identificar junto a eles as dificuldades encontradas para estudar num curso
de graduação à distância; constatar o material didático adaptado e acessível oferecido
até o presente momento aos alunos.
Paralelamente, há uma trajetória de avanços na formação de professores tutores
presenciais que efetivamente pesquisam a sua própria prática docente co-criando
etnométodos em relação ao fazer pedagógico; a apontar a construção de Tecnologias
Assistivas (TA) ou Ajudas Técnicas no que concerne a hardwares e softwares para
facilitar e possibilitar a aprendizagem em cursos de graduação à distância. De acordo
com Santos (2007):

O pesquisador não é aquele quem constata o que ocorre, mas


também aquele que intervém como sujeito de ocorrências. Ser
sujeito de ocorrências no contexto de pesquisa e prática
pedagógica implica em conceber a pesquisa- formação como
processo de produção de conhecimentos sobre problemas
vividos pelo sujeito em sua ação docente. (...) A pesquisa-
formação não dicotomiza a ação de conhecer da ação de atuar.
(...) O pesquisador é coletivo, não se limita a aplicar saberes
existentes, as estratégias de aprendizagem e os saberes
emergem da troca e da partilha de sentidos de todos envolvidos
(SANTOS, 2007:13 -14).

Neste sentido, os professores tutores investigam a plataforma CEDERJ com o


objetivo de identificar as facilidades e dificuldades para a pessoa com necessidades
educacionais especiais. Da mesma forma, outras ambientes virtuais acessíveis como a
plataforma Interagir (www.interagir.uff.br) resultado de uma parceria do Grupo de
Inclusão Digital do Instituto de Computação da Universidade Federal Fluminense
(UFF), localizada no município de Niterói e do Instituto Benjamin Constant (IBC), Rio
de Janeiro.
Estudos realizados por LÁZARO (2005) ajudam a compreender em que
consiste a Deficiência Visual.

O deficiente visual pode ser educacionalmente cego ou com


baixa visão.
É considerado cego aquele que apresenta desde ausência total de
visão até a perda da percepção luminosa. Sua aprendizagem se
dará através da integração dos sentidos remanescentes
preservados. Terá como principal meio de leitura e escrita o
sistema Braille. Deverá, no entanto, ser incentivado a usar seu
resíduo visual nas atividades de vida diária sempre que possível.
É considerado com baixa visão aquele que apresenta desde a
capacidade de perceber luminosidade até o grau em que a
deficiência visual interfira ou limite seu desempenho. Sua
aprendizagem se dará através dos meios visuais, mesmo que
sejam necessários recursos especiais.
As patologias que levam à deficiência visual incluem,
principalmente, alterações das seguintes funções visuais: visão
central, visão periférica e sensibilidade aos contrastes
(LÁZARO, 2005).

A Fundação CECIERJ disponibilizou duas horas de tutoria semanal com a


tutora presencial da disciplina Informática Educativa, além da tutora presencial que
acompanha a aluna em todas as outras disciplinas, para acompanhá-la de perto, além de
um leitor para realização das avaliações presenciais.
A sustentabilidade deste trabalho encontra na Teoria Sociointeracionista de
Vygotsky (1998) a fundamentação inicial para considerar a aprendizagem e o
desenvolvimento do ser humano a partir de suas interações com o meio e com os outros
desde a infância, ou seja, a constante aprendizagem do ser humano.
A partir dos estudos de Vygotsky (1998) foram desenvolvidos três conceitos
importantes para a compreensão do processo de ensino e aprendizagem. Nestes se
encontram o conhecimento que já é de domínio do indivíduo identificado no nível de
desenvolvimento real. O nível de desenvolvimento potencial onde estão às coisas que
uma pessoa pode fazer com a colaboração e cooperação de outras pessoas, e a partir
desta distância entre o nível de desenvolvimento real e o nível de desenvolvimento
potencial desenvolveu o conceito de zona de desenvolvimento proximal.

A zona de desenvolvimento proximal da criança é a distância


entre seu desenvolvimento real, que se costuma determinar
através da solução independente de problemas e o nível de seu
desenvolvimento potencial, determinado através da solução de
problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração
com companheiros mais capazes (VYGOTSKY, 1998).

Com os avanços tecnológicos o ser humano se depara com as mediações


oriundas não só de seus pares, mas também pelas TICs que nos permitem criar
sucessivas zonas de desenvolvimento proximal, sobre estas Góes (1991:20) infere, “A
boa aprendizagem é aquela que consolida e, sobretudo cria zonas de desenvolvimento
proximal sucessivas”.
Desta forma, novas formas de mediações se tornam possíveis e
consequentemente novas formas de aquisição e de intercâmbio de conhecimentos vão
sendo construídas em nosso cotidiano. Para Garcia (2001):

O mundo da educação não pode ignorar esta realidade


tecnológica nem como objeto de estudo e, muito menos, como
instrumento para a formação de cidadãos que já se organizam
nesta sociedade através de ambientes virtuais (GARCIA, 2001).

A aprendizagem no ciberespaço implica outra postura daquele que ensina e


daquele que aprende; ambos produzem conhecimento, mediante uma postura ativa que
incentiva a elaboração de estratégias voltadas para a solução de problemas. Sob a ótica
de Azevêdo:
Para desenvolver bons projetos em EAD é preciso, sim, investir
em tecnologia, em hardware, em software, em conectividade.
Mas a quantidade de investimento crítica e decisiva para um
projeto de educação on line é em peopleware, em pessoas
capazes de utilizar essa tecnologia, não apenas capazes de
operar. Operar é uma coisa, mas ser capaz de utilizar
pedagogicamente um ambiente on line é outra coisa, de extrema
relevância. Se você está envolvido em um projeto de e-learning,
compare a quantidade de investimento feita em hardware, em
software, em conectividade e em peopleware (AZEVÊDO,
2001).

Freire (1987) reconhece a capacidade do ser humano em criar e recriar o


conhecimento sobre o cotidiano que o envolve e possibilita a sua transformação social,
econômica, emocional, cognitiva a partir de conhecimentos produzidos no coletivo, o
ser humano busca dar sentido ao mundo em que vive.

Conhecimento... necessita a presença curiosa de sujeitos


confrontados com o mundo. Requer sua ação transformadora
sobre a realidade. Demanda uma constante busca... No processo
de aprendizagem a única pessoa que realmente aprende é aquela
que... re-inventa o que aprende (FREIRE, 1987:101).

O desenvolvimento de diferentes ambientes virtuais de aprendizagens vai


evoluindo de alguns nós, aparentemente isolados e pequenos, que se entremeia em
tantos outros tecendo uma imensa Rede de conhecimento entre meados do século XX e
a primeira metade do século XXI, partindo da compreensão espaço-tempo Harvey
(1992) e do desencaixe Giddens (1991) faz o homem se repensar e refazer a cada
instante, num ritmo de tempo e espaço peculiares uma nova época. Representa um salto
para o futuro na descoberta diária de novos modos de aprender, fazer, construir e se
construir nas relações humanas e destes com a tecnologia.
Sobre essa resignificação da tecnologia na vida humana, Parente (2004) infere:
Sobre o fato de que, até agora, as novas tecnologias resultaram em um processo de
estranha mistura de enriquecimento e empobrecimento, singularização e massificação,
desterritorialização e reterritorialização, potencialização e despotencialização da
subjetividade em sua dimensão auto-referencial (singularizante, processual, dissensual)
(PARENTE, 2004:93).

4. MATERIAL DIDÁTICO
O ingresso de uma aluna com necessidade educacional especial trouxe para a
equipe envolvida no processo de ensino e aprendizagem o desafio da comunicação.
Algumas questões inquietaram esta equipe. Como adaptar o material didático que era
oferecido aos alunos no formato impresso para uma pessoa com necessidade
educacional especial? Quais seriam as reais necessidades dessa pessoa para cursar a
disciplina Informática na Educação considerando a existência de muitas imagens,
vídeos e sites? Que tipo de jogo educativo poderia ser analisado para uma pessoa
portadora de Deficiência Visual? Quais os softwares flexíveis ao Sistema Operacional
Linux – utilizados nos computadores dos Laboratórios de Informática da Fundação
CECIERJ?
Para a questão dos arquivos de textos todo o material didático foi gravado de
forma adaptada em mídias de CD-ROW por uma equipe especializada na produção de
textos em áudio para PNEEs. Foi oferecido o material impresso em Braille, contudo a
preferência foi pelo material didático no formato de áudio.
Nesta experiência com a disciplina Informática na Educação a aluna recebeu
as aulas em formato de áudio, a acessibilidade foi possível através do uso do
computador e da adaptação de todo o conteúdo da disciplina descrito, incluindo a
descrição de cada imagem.
O mapa mundi existente no livro-texto foi adaptado para permitir a
acessibilidade totalmente em Braille, contudo, este mapa até o momento não foi
possível ser utilizado devido à dificuldade da tutora em ler o mapa junto à aluna. Após
algumas investigações foi identificada a forma mais adequada para se identificar mapas:
descrevendo ou confeccionando com materiais táteis (com relevos e figuras diferentes).
O Braille também é utilizado para auxiliar a compreensão da legenda e título.
Para tornar um quadro teórico acessível foi realizada uma descrição adaptada
do texto a ser lido pelo software Speak Aloud, que é um leitor de textos. Foi observado
que o início e término do quadro teórico foram registrados no texto, o espaçamento
entre linhas foi maior do que um texto comum, assim como o nome de cada coluna foi
repetido para cada característica conforme o campo do quadro original para facilitar a
compreensão da leitura.
Para a leitura de arquivos em formato pdf, .odt ou .doc houve adaptação do
formato para .txt e a partir deste foi possível a leitura pelo software Speak Aloud.
Alguns outros softwares privados tem significativa relevância na autonomia
das pessoas portadoras de necessidades educativas especiais, contudo, a propriedade dos
mesmos irá variar de acordo com o poder econômico do cidadão brasileiro. Há
utilização de versões disponibilizadas para experimentação, a maioria das ofertas ocorre
de maneira limitada. Há um grande apelo para o uso de programas pirateados. A
Fundação CECIERJ recomendou o uso do software NonVisual Desktop Access (NVDA)
de instalação fácil e rápida e não requer chaves ou senhas de acesso, que além de ler
telas, lê o conteúdo de sites, mensagens de e-mails, permite configurar voz, velocidade,
tipo de voz, formato, reconhece outros formatos instalados no computador entre outros.
Este software em seu tutorial, disponível no site <http://www.nvda-
project.org/wiki/Download>, indica outros avanços em tecnologias assistivas de alto
custo para os padrões de vida do brasileiro.
A partir dos pressupostos teóricos apreendidos pelos alunos do curso de
graduação em Pedagogia a aluna teve como uma das questões de sua avaliação à
distância (AD) a tarefa de conhecer sites criados para crianças e analisar como
nossas crianças usam a Internet em suas práticas cotidianas (na escola, em casa, na
rua, nas lanhouses). Considerando as limitações de recursos pedagógicos, a tutora
presencial e a aluna optaram por realizar a avaliação de dois jogos FORCAVOX (Jogo
da Forca Vox) e MEMOVOX (Jogo de Memória Vox), já conhecidos pela a aluna e
disponibilizados pelo Sistema Operacional DOXVOX, o sistema possui 23 jogos; 17
utilitários, dentre eles o leitor de telas e 11 aplicativos de acesso a rede e internet como
correio eletrônico (Cartavox.txt), bate-papo sonoro pela internet (Papovox.txt), acesso a
home pages Intervox (Intervox.txt) entre outros, incluindo aplicativos multimídia.
As primeiras análises sobre o FORCAVOX foram a percepção de uma leitura
muito rápida, de metodologia de difícil compreensão, indicado para a faixa etária de 6 a
8 anos de idade em processo de alfabetização. Sobre o MEMOVOX foi observado que o
jogo induz ao conhecimento do teclado, os exercícios de memória são oferecidos em
diferentes níveis 1 ao 9, atende a faixa etária de 3 a 12 anos em processo de
alfabetização. Ambos os jogos apresentam baixa possibilidade de interatividade, pois
não permitem a criança criar, interagir com outras crianças, limita-se a seguir as regras e
as palavras sugeridas pelo sistema.
Foram experimentados os softwares DOSVOX, CPqD Leitor de Telas, Speak
Aloud, NVDA. Para utilizar estes programas foi necessário instalar um módulo de
acoplamento chamado SPCHAPI para usar o sintetizador de voz profissionais do tipo
SAPI3, SAPI4 e SAPI5 (Microsoft Speech API). Os comentários que se seguem sobre
os softwares experimentados até o momento por esta tutoria presencial não pretendem
esgotar o potencial de cada um deles, inclusive por considerar que todos estes projetos
que resultaram na melhoria da qualidade de vida das pessoas com necessidades
educacionais especiais encontram-se em permanente desenvolvimento. A ordem em que
foram apresentados está diretamente relacionada com o conhecimento gradativo de cada
um destes programas.
(a) Sistema Operacional DOSVOX
Este sistema foi construído para microcomputadores da linha PC que se
comunica com o usuário mediante síntese de voz, através de uma interface simples.
Neste é possível ler arquivos, alterar o volume do som; reler mensagens já
ditas; fechar; editar textos; ler o arquivo; configurar o DOSVOX; trabalhar com as
seções do DOSVOX.INI., entre outros, conforme apresentação do Manual Básico do
DOSVOX em sua versão 3.2.
(b) Software CPqD Leitor de Telas
Este software, que tem sido utilizado nos telecentros do Parapan, permite a
leitura automática de telas, arquivos textos e ações dos usuários.
Desde 2007 o Ministério das Comunicações e o CPqD o aplicativo foi lançado
com recursos do Funttel (Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das
Telecomunicações) para ser utilizado em computadores de configuração simples. Para
que todos os telecentros tivessem acesso, a ideia foi desenvolver também uma versão de
software livre, conforme informações obtidas no portal da instituição.
(c) Software Speak Aloud
Permite a leitura de textos em formato .doc, .odt, pdf e a leitura de páginas da
internet, a conversão de textos em arquivos de áudio no formato WAV ou MP3 e a
gravação de outros tipos de arquivos de áudio disponibilizados em rádio, DVD, cassete
ou LP para MP3, WMA e OGG em tempo real. Oferece suporte a programação e
detecção de atividade de voz.
(d) Software NonVisual Desktop Access (NVDA)
Este software permite a leitura de sites dentre outros documentos em mais de
20 idiomas e capacidade para executar inteiramente a partir de um drive USB, desta
forma não necessita de instalação. O simples passar do mouse sobre o texto, ícone
determina a leitura do programa localizando a pessoa portadora de deficiência visual em
qualquer aplicativo, site em que esteja navegando. As figuras, fotos são reconhecidas
como links gráficos seguido da leitura do texto inicial do site, incluindo a legenda.

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