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Constitucional
■ Resoluções (VII).
Emendas à Constituição
As limitações ao poder de reforma
por Emendas à Constituição
Sabe-se que, ao contrário do Poder Constituinte originário, o Poder Constituinte
derivado (ou instituído, ou constituído, ou reformador, ou de segundo grau) é aquele
que está inserido na própria Constituição. Ele permite ao legislador realizar certas mo-
dificações no texto original da Constituição. Possui como características ser derivado,
subordinado e condicionado; é, em última análise, limitado.
Limitações expressas
Procedimentais (formais)
Dizem respeito ao procedimento (processo legislativo) e a quem pode ter a ini-
ciativa de propor emendas. São elas:
Circunstanciais
São situações excepcionais, de caráter transitório, que impedem o legislador de
modificar o texto constitucional enquanto vigentes:
Materiais
São as tradicionais cláusulas pétreas ou garantias de eternidade, protetoras de deter-
minadas matérias da Constituição:
Limitações implícitas
José Afonso da Silva, em célebre obra (1996, p. 70), ensina que além das limita-
ções ao poder de reforma constitucional, expressamente previstas pelo Poder Consti-
tuinte originário, constantes no texto do artigo 60, outras limitações são inerentes:
(1) as concernentes ao titular do Poder Constituinte, pois uma reforma constitucional não
pode mudar o titular do poder que cria o próprio poder reformador;
(2) as referentes ao titular do poder reformador, pois seria despautério que o legislador ordi-
nário estabelecesse novo titular de um poder derivado só da vontade do constituinte origi-
nário;
(3) as relativas ao processo da própria emenda, distinguindo-se quanto à natureza da reforma,
para admiti-la quando se tratar de tornar mais difícil seu processo, não a aceitando quando
vise atenuá-lo.
Leis complementares
São leis de elaboração já previstas no próprio texto constitucional. Servem para
regulamentar assunto que o constituinte originário entendeu não devessem ser regula-
dos pela própria Constituição.
Leis ordinárias
A elaboração de leis é típico ato legislativo, de natureza complexa, traduzindo-se
em ato normativo primário com fins de edição de normas gerais e abstratas.
votação (CF, art. 65). Na Casa revisora, o projeto será novamente analisado
pelas Comissões, discutido e votado. Se aprovado nos mesmos termos da Casa
iniciadora, seguirá para o Presidente da República. Se, contudo, for rejeita-
do, será arquivado.
■■ Ao contrário, se o projeto de lei for aprovado pela Casa revisora com emendas,
haverá o retorno à Casa Legislativa inicial, para análise e votação em um único
turno.
■■ A Casa na qual tenha sido concluída a votação enviará o projeto ao Presidente
da República, que terá 15 dias úteis (do recebimento) para exercer seu direito
de veto. Ultrapassado o prazo sem manifestação do Chefe do Executivo, ocorrerá
a chamada sanção tácita. Se entender, contudo, que o projeto de lei é “contrário
ao interesse público” (veto político) ou “inconstitucional” (veto jurídico), poderá
o presidente vetá-lo total ou parcialmente, justificando os motivos do veto ao
Presidente do Senado Federal, no prazo de 48 horas (CF, art. 66, §§ 1.º a 6.º).
■■ O veto será apreciado pelo Congresso Nacional, em sessão conjunta, dentro de
30 dias, a contar de seu recebimento, só podendo ser rejeitado pelo voto da
maioria absoluta dos deputados e senadores (sessão conjunta), em escrutínio
secreto, manifestando-se, separadamente, cada uma das Casas.
■■ Finalmente, caberá ao Presidente da República a promulgação,sendo então, pu-
blicada a lei.
■■ Se a lei não for promulgada pelo Presidente da República, no prazo de 48 horas,
nos casos de sanção tácita ou de derrubada do veto, o Presidente do Senado a pro-
mulgará e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Vice-Presidente do Senado
fazê-lo (CF, art. 66, §7.º).
Observações
■■ Os projetos de lei de iniciativa do Presidente da República, do STF, dos Tribu-
nais Superiores, bem como os de iniciativa popular, devem ser apresentados,
obrigatoriamente, à Câmara dos Deputados (CF, art. 61, §2.º e art. 64).
■■ O Presidente da República possui matérias de iniciativa privativa (CF, art. 61, §1.º).
■■ O Presidente da República poderá solicitar urgência para apreciação de seus pro-
jetos de lei. No caso, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal deverão
manifestar-se sobre a proposição em prazo de 45 dias (para cada Casa). Não
obedecido o prazo, será a proposição incluída na ordem do dia, sobrestando-se
a deliberação quanto aos demais assuntos, para que se ultime a votação.
■■ Há possibilidade de as comissões da Câmara dos Deputados e do Senado Federal
discutirem e votarem projetos de lei de forma definitiva, sem necessidade de ir
ao Plenário (CF, art. 58, §2.º).
■■ Um projeto de lei rejeitado poderá ser revisto na mesma sessão legislativa, des-
de que por proposta da maioria absoluta dos membros de qualquer das Casas
do Congresso Nacional (CF, art. 67).
Leis delegadas
São atos normativos primários, cuja elaboração e edição cabe ao Presidente da
República, devendo haver a delegação do Congresso Nacional (CF, art. 68).
Decretos legislativos
São atos normativos primários do Congresso Nacional, promulgados pelo Presi-
dente da Mesa do Congresso (Presidente do Senado Federal), após discussão e votação
em sistema bicameral, aprovados por maioria simples, sobre assuntos de competência
exclusiva do Poder Legislativo, previstos, em regra, no artigo 49 da CF.
[...]
A recepção dos tratados internacionais em geral e dos acordos celebrados pelo Brasil no
âmbito do Mercosul depende, para efeito de sua ulterior execução no plano interno, de
uma sucessão causal e ordenada de atos revestidos de caráter político-jurídico, assim de-
finidos:
a) aprovação, pelo Congresso Nacional, mediante decreto legislativo, de tais convenções;
b) ratificação desses atos internacionais, pelo Chefe de Estado, mediante depósito do res-
pectivo instrumento;
c) promulgação de tais acordos ou tratados, pelo Presidente da República, mediante decre-
to, em ordem a viabilizar a produção dos seguintes efeitos básicos, essenciais à sua vigência
doméstica:
1) publicação oficial do texto do tratado e
2) executoriedade do ato de Direito Internacional Público, que passa, então – e somente
então – a vincular e a obrigar no plano do Direito Positivo Interno. Precedentes.
Nada obstante, apesar de os tratados, regra geral, não serem dotados de eficácia
direta (princípio do efeito direto: a aptidão de a norma internacional repercutir, desde logo,
em matéria de direitos e obrigações, na esfera jurídica dos particulares), merecendo,
portanto, sua integração ao direito interno por meio da participação de vários órgãos e
por meio de decreto legislativo, o STF3, nos termos da manifestação do ilustre ministro
relator, Sepúlveda Pertence, entendeu:
Medidas provisórias
Natureza jurídica
As medidas provisórias foram definidas pelo STF como “espécies normativas de
natureza infraconstitucional, dotadas com força e eficácia legais”. Assim, a cláusula “com
força de lei” empresta às medidas provisórias o sentido de equivalência constitucional
com as leis.
Pressupostos
Nos termos do caput do artigo 62 da Carta Política, os pressupostos das medidas
provisórias são a revelância e a urgência.
Clélio Chiesa (2002, p. 47) conclui que a relevância exigida pela Constituição seria
[...] uma relevância qualificada pela necessidade de uma normatização que não pode sujei-
tar-se ao rito comum de produção normativa, pois, caso contrário, esvaziar-se-ia o conteú-
do do referido pressuposto, na medida em que, como destacou Celso Antônio Bandeira de
Mello, ‘todo e qualquer interesse público é, ipso facto, relevante’ [...]
[...] Os requisitos de relevância e urgência para edição de medida provisória são de aprecia-
ção discricionária do Chefe do Poder Executivo, não cabendo, salvo os casos de excesso de
poder, seu exame pelo Poder Judiciário. Entendimento assentado na jurisprudência do STF.
Medida cautelar indeferida. [...]
Conseqüência da não-edição do decreto legis- Caso não venha a ser editado o decreto le-
lativo após os 60 dias previstos na Constitui- gislativo, as relações jurídicas, nascidas na
ção (CF, art. 62, §11). vigência da MP, continuam sendo por ela re-
gidas.
6 A questão da perda de eficácia das MPs está sendo decidida pelo plenário do STF na ADPF 84 (ver informativo 429 do STF).
Existem duas teses: a) a MP perderia sua eficácia retroativamente (ex tunc), mas os atos praticados na sua vigência permaneceriam
por ela regidos; e b) a perda de eficácia seria, após a Emenda 32/2001, ex nunc.
Hoje, contudo, não mais existe tal possibilidade de convocação extraordinária para
apreciação de medida provisória, até porque, durante os períodos de recesso, o prazo de
vigência é suspenso (CF, art. 62, §4.º). Todavia, a EC 50/2006, corretamente, alterou a
redação do artigo 57, §7.º, e a EC 32/2001 incluiu o parágrafo 8.º neste artigo da CF:
É a chamada delegação interna corporis que, em outras palavras, permite que pro-
jetos de lei sejam aprovados, em definitivo, no diminuto âmbito das Comissões, sem a
necessidade da ampla discussão e votação pelo Plenário das Câmara dos Deputados e do Senado
Federal.
Dicas de Estudo
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