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CENTRO UNIVERSITÁRIO CLARETIANO

Convalidação em Teologia - 2017


História das Religiões
Docente: Elza Silva Cardoso Soffiatti
Discente: Jesse Claudio Pinto Filho

Fichamentos dos textos do CRC – Caderno de Referência de Conteúdo

DOMEZI, Maria Cecília. Unidade 03: Religiões Orientais. In: História das Religiões.
Batatais: Claretiano, 2013. p. 77-109.

A autora abordou na unidade três as tradicionais religiões da Índia, do Japão e da


China. Destacou que apesar da sua antiguidade, o continente asiático foi povoado pela vida
humana provavelmente numa migração da África há 250 mil anos, com o surgimento das
civilizações indiana desde 4 mil a.C., a chinesa a partir de 3 mil a.C. e a japonesa entre 200
a.C. e 250 d.C., cujas influências socioeconômicas no mundo hoje são importantes.

Sendo a concepção oriental do divino diferente do ocidente, suas particularidades


proporcionaram o surgimento de religiões étnicas representando as dimensões
cosmológicas e antropológicas da cada povo e cultura.

O hinduísmo, termo conferido pelos europeus, ou Sanatana Dharma, Ordem Eterna


traduzido do sânscrito, é uma religião praticada por 80% ou 700 milhões de fiéis. ″ Trata-se
de uma ordem universal, ampla, à qual todos devem obedecer, independente de casta ou
classe social. ″ (p.83) Compreendendo rituais e práticas religiosas também é regra para viver
socialmente. A autora citou Poli e Sandhu para responder sobre sua longevidade: ″ O
segredo de sua longevidade e vitalidade está em dois fatores: a ausência de uma autoridade
central e a capacidade de integrar à sua tradição elementos estranhos sem nunca perder
sua identidade. ″ (p.85) Os elementos essenciais, mesmo com variações da sua pratica são
a fé na autoridade da revelação e da tradição, um sistema de castas e etapas para vida,
crença na ciclicidade evolutiva e na transmigração das almas e ritos e práticas sociais. Em
sua história a autora acompanhou a interpretação de Hans Küng em sua sequência:
afirmação como religião védica, a busca da unidade pelos Upanixades, o hinduísmo clássico
a partir do século 6 d.C., as Venantas como as grandes sínteses hindus medievais, a sua
renovação através das reformas nos séculos XIX e XX com Ramakrishna e Vivekananda e
o paradigma pós-moderno do hinduísmo apontado por Mahatma Gandhi nos sete pecados
sociais modernos: ″1) política sem princípios; 2) negócios sem moral; 3) riqueza sem
trabalho; 4) educação sem caráter; 5) ciência sem humanidade; 6) prazer sem consciência;
7) religião sem sacrifício. ″ (p.93)

O xintoísmo está marcado na cultura japonesa por influencias chinesas, mongóis,


coreanas e indonésias. Seu significado vem da expressão chinesa xin-tao ou caminho dos
seres divinos, cujas características são: ″ 1) É uma religião voltada para o mundo presente,
(...). 2) Não tem fundadores, formou-se da espontaneidade popular (...). 3) Não tem dogmas,
nem teologia, nem escritura sagrada (...). 4) Não tem um código moral, sendo que a ética
xintoísta reduz-se a poucos preceitos fundamentais, como o de não ter falsidade. ″ (p.94) O
sincretismo xintó-budista se deu a partir do século 6 d.C., oriundo da China. Tal influência
provocou uma reação contrária e a autora citou Piazza em que explicou que os sacerdotes
tradicionais publicaram a memória e doutrina xintoísta em que defendiam que Amaterasu
como superior a Buda. Com o passar dos séculos a religião japonesa sofreu a principais
influências: ″ budismo: nos ritos, na arquitetura dos templos, no conceito de oração e na
teoria da reencarnação; confucionismo: no culto dos antepassados e no senso de pertença
e de dever do indivíduo para com a sociedade; taoísmo: nas crenças animistas e nas práticas
mágicas. ″ (p.96) No século XVII também aconteceu a reação do imperador Meiji, que
resgatou a forma mais primitiva do xintó, o xintoísmo estatal ligado ao império japonês,
praticado paralelamente ao xintoísmo popular moldado pelos séculos. A persistência da
religião frente a sociedade japonesa moderna se dá pela suas afirmações basilares de
pureza espiritual, tradição familiar e amor à natureza.

As religiões chinesas constituem um sistema integrado, constituída por sua cultura


considerada mais antiga humana. Sua expressão religiosa se dá por três tradições
diferentes: ″ Ju (confucionismo). Tao (taoísmo). Fo (budismo). ″ (p.98) Tais sistemas, aliados
ao sentimento de pertencimento à cultura chinesa destacam a sua harmonia em que permite
o praticante ser budista, taoísta e confucionista para a crença da busca a mais alta perfeição
interior. Lívia Kohn, citada pela autora, explicou os pontos em comum entre essas religiões
que realça o sincretismo: ″ o nirvana budista; a imortalidade taoísta; a sabedoria
confucionista. ″ (p.98) Vale destacar o principal ponto de Confúcio (Kung Fu Tsé) é o
humanismo em que se destaca a nobreza moral. A perfeição pode ser atingida pela
educação, evidenciando a busca da harmonia exterior através do ajustamento no sistema
social chinês. Já o taoísmo ou o caminho dos antigos sábios, nasceu como corrente oposta
ao confucionismo com uma preocupação com a harmonia interior por meio da busca pela
cura e saúde proporcionando vida longa, imortalidade, redenção da culpa e do pecado, com
destaque aos seus precursores Lao-Tsé e Chuan-Tzu. Entre seus ensinamentos está o
equilíbrio harmônico dos princípios opostos do yin e yang. ″o yin é o obscuro, frio, passivo,
elemento feminino, lua, céu, lado da sombra. O yang é o luminoso, calor, princípio ativo,
energia masculina, sol, lado ensolarado. ″ (p.103) O budismo chinês veio da influência do
budismo indiano a partir de 200 a.C. em que apresentou uma redenção para o sofrimento,
assunto não abordado nos sistemas anteriores. Sua inserção religiosa contribuiu para a que
o reino chinês fosse mais reintegrado de forma a permitir aliar a meditação budista com sua
liturgia própria, a experiencia taoísta de proximidade com a natureza e a valorização
educacional social confucionista.

Com uma presença menor na China, o cristianismo marcou presença a partir da mais
antiga colônia europeia portuguesa na ilha de Macau. O jesuíta italiano Matteo Ricci tentou
diplomaticamente promover a sinização entre a missão cristã e as religiões chinesas. Ao
mesmo tempo em que houve o êxito em aliar-se com o confucionismo renovado, o mesmo
não ocorreu com o budismo popular, segundo a Domezi. Os conflitos provocaram resistência
dos chineses budistas, posteriormente dos confucianos e dos próprios chineses cristãos,
ressaltada pela proibição posterior do papa Clemente XI as práticas culturais autóctones em
1704. O que provocou a expulsão dos missionários cristãos em 1717 com seu retorno
apenas 120 anos depois. A autora citou também a chegada no século XIX de missionários
protestantes europeus e americanos, mas que ao longo do século movimentos
revolucionários chineses comunistas promoveram uma barreira ampla antirreligiosa sob a
liderança ateísta do líder Mao Tsé-Tung, secularizando profundamente o país. Apesar de
seus esforços as grandes religiões chinesas resistiram e se adaptaram as drásticas
mudanças socioeconômicas.
DOMEZI, Maria Cecília. Unidade 04: Estabelecimento do Monoteísmo. In: História das
Religiões. Batatais: Claretiano, 2013. p. 111-129.

Na unidade quatro a autora didaticamente abordou sobre os movimentos precursores


que encaminharam a humanidade ao monoteísmo. A concepção de povos antigos sobre o
divino era exprimida pela forma politeísta, que ″ é a que entende o divino como pluralidade,
ou seja, diversidade de deuses e deusas. ″ (p.114) Uma das referências para
compreendermos essa mudança, de acordo com Domezi, de como o pensamento grego
evoluiu para o monoteísmo trata-se, a princípio, da evolução na concepção de deus. A autora
aproveitou a sequência de interpretação histórica de Arnaldez: ″ politeísmo, pensamento
mítico e evolução do pensamento. ″ (p.15) No politeísmo a experimentação religiosa se dá
pelo conflito de inúmeras divindades que numa tentativa de ordenação estabeleceu-se uma
figura divina capaz de dominar as outras. E é nesse lugar que Zeus-Pater (grego) ou Júpiter
(romanos) com o seu poderio supremo ocupa, por exemplo. Heráclito, Platão e outros
sistemas filosóficos seguintes serviram de ensaio para a criação de um conceito unificador,
não exatamente numa evolução linear, mas de acordo com o desejo do pensamento humano
por uma ordem justa. Pouco a pouco os deuses antigos foram absorvidos como atributos
particulares a um único deus, potencializado com a ascensão do império de Alexandre
Magno. ″ Desse modo, o Cosmo (mundo) passou a ser entendido como uma grande cidade
governada por deus e organizada na unidade de sua Lei. ″ (p.117)

Outro ambiente histórico importante ocorreu no Egito a partir do governo do pai de


Amenófis IV (1364-1347 a.C.) introduzindo uma nova compreensão do conceito de rei-deus,
assumindo-se como representante legítimo tanto do deus Amon quanto de Rá, o deus sol.
A influência religiosa sobre o seu sucessor o fez criar uma nova religião e alterar seu nome
para Akhenaton, o Bem-Amado de Aton. A autora citou Brunner-Traut ao referir-se à criação
de um monoteísmo esclarecido, pela escolha racional para a representação de um disco
solar como um único deus e a instituição de uma teocracia monoteísta. Embora essa reforma
tenha sido um referencial importante para a compreensão, seu efeito foi desfeito quando
Tutankh-Aton assumiu o trono e resgatou os deuses anteriores ao investir-se como
Tuthankh-Amon. Essa passagem foi decisiva, para Domezi, na influência da fé judaico-cristã
que segundo Firestone correspondeu não a um monoteísmo, mas um henoteísmo em que
o culto a um único deus não negava a existência de outros.
Traços de henoteísmo são percebidos na primeira fase da história do judaísmo. A
experiencia religiosa nas tribos hebreias afirmou que Iahweh era o deus mais poderoso, mas
inicialmente não negaram a presença de outros deuses, ou seja, um culto henoteísta prático
em que entendiam o seu deus como ciumento e desejava ser único. A passagem para o
monoteísmo se deu na sua prática, no entendimento antropomorfizado do sentimento de
ciúme de seu deus e sua intolerância a existência de outros deuses. O deus dos profetas
era alguém que deseja uma relação pessoal e social com o seu povo. Assim, entre os
pensadores de Israel ″ desenvolveu-se uma corrente universalista com essa compreensão:
o Deus de Israel é Deus de todas as nações, mas é fundamentalmente Rei de Israel. ″ (p.122)
Demonstrou-se aqui a segunda fase do judaísmo em sua experiência com a revelação do
divino.

O monoteísmo cristão surgiu no confronto de concepções religiosas, políticas e


sociais entre os fariseus, zelotes, saduceus e essênios. Jesus em sua mensagem não
alterou a concepção do deus do povo de Israel, mas ao revelar que Deus é o amor
estabeleceu a base para a doutrina da Trindade divina posterior, em sua compreensão de
Deus como Pai. Os cristãos assumiram a condição messiânica de Jesus, aceitando nele a
confirmação da promessa divina de salvação da humanidade, através da sua morte na cruz
e ressurreição. O cristianismo tornou-se universal sociologicamente através do apostolo
Paulo ao reinterpretar que o cristão é o verdadeiro judeu e que Deus é também único Senhor
dos povos gentios. A posterior diáspora cristã contribuiu para estabelecer elos entre os livros
sagrados e a cultura greco-romana, permitindo o diálogo com a filosofia grega platônica e
aristotélica.

A faceta mais radical do monoteísmo é demonstrada no islamismo, tendo o Alcorão


sua escritura sagrada. Não associou o divino a nada ou ninguém, rejeitando a concepção de
trindade cristã, assim como não reconhecendo Jesus Cristo filho de Deus, pelo seu caráter
totalmente transcendental do deus sob a perspectiva islã. A autora ressaltou, apesar das
divergências dogmáticas, os pontos em comum das religiões oriundas de Abraão: ″ 1) as
três têm a fé no Deus uno e único de Abraão (...); 2) as três nasceram na bacia do
Mediterrâneo, pertencem ao Ocidente e têm vocação mundial; 3) nas três, a ideia do Deus
único levanta as questões de atributos divinos, (...); 4) são comuns às três os quadros
conceituais da filosofia grega; 5) nas três, (...) a meditação sobre o Deus único tem levado
pessoas a desenvolverem experiencias e valores da vida, (...); 6) as três tiveram a
necessidade de integrar e ressignificar costumes antigos (...); 7) as três conheceram
discórdias e divisões internas; 8) há literalistas e fundamentalistas nas três. ″ (p.126)

Em seu didatismo a autora ofereceu uma abordagem nas unidades três e quatro que
permitiu um breve conhecimento das religiões fundamentais na história e presentes na
atualidade. Talvez uma linha do tempo teria sido interessante para a compreensão geral do
surgimento linear de cada uma delas na história. Nos parágrafos finais das unidades foi
proposta uma reflexão dos seus desafios para os dias atuais, mas pouco foi apresentado
como argumento no que considero a pauta mais importante das unidades, porque tais
desafios dizem respeito ao contexto presente do leitor. Tendo a discordar um pouco que a
modernidade hoje volta-se contra apenas, quando há uma percepção de busca maior do
sagrado, um retorno ao místico e ao sincretismo religioso, podendo ser uma reação a
profunda secularização do conhecimento, de como se relaciona com a interioridade do ser
humano e pouco tem oferecido como resposta aos seus anseios e dilemas existenciais.

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