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Intr@ciência
SENSO CRÍTICO
BIANCHI, Patrícia
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Revista Eletrônica
Intr@ciência
Há, ainda, o apelo emocional, além do, muitíssimo comum, apelo à autoridade, em que
se aceita como verdadeira uma idéia porque uma autoridade ou especialista renomado a
defende. Tudo isso para se garantir uma decisão de acordo com os interesses do locutor.
O pensador crítico normalmente questiona as informações a fim de averiguar se elas
são dignas de confiança; o que a fonte está tentando conseguir; e o que ela significa em
termos pragmáticos. Na prática, as pessoas inibem seu pensamento crítico para não parecerem
“do contra”. Ao contrário, dever-se-ia incentivar a curiosidade, a interpretação do que se
apresenta, em várias perspectivas, para se garantir a detecção do “não dito” na comunicação
científica ou diária.
Nossas posições ou escolhas são valoradas. Contudo, no discurso, deve-se priorizar a
informação fundamentada. O fato das idéias estarem ligadas a motivos não impossibilita o uso
do senso crítico. O próprio exercício da cidadania pressupõe o mínimo desse senso. Este
valoriza a coerência, a clareza de pensamento, a reflexão, e uma compreensão melhor da
realidade social, sem o que a ação responsável é fadada ao fracasso.
Nem mesmo o acúmulo de informações pode nos salvar das armadilhas de um belo ou
envolvente discurso. Na língua germânica, o termo humorístico Fachidiot (idiota bem
informado) ridiculariza os especialistas (Fachmann) que, apesar de possuírem muitas
informações, apresentam uma total falta de perspectiva ou conhecimento mais amplo.
Seja no âmbito acadêmico ou no dia-a-dia de pessoas comuns, incentivar o senso
crítico em dada sociedade é elevar o seu nível de desenvolvimento, é possibilitar menos
enganos, menos falácias, proporcionando uma visão mais clara da realidade. É o que
merecemos e não devemos mais adiar.