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METROLOGIA-2003 – Metrologia para a Vida

Sociedade Brasileira de Metrologia (SBM)


Setembro 01−05, 2003, Recife, Pernambuco - BRASIL

ESTIMATIVA DA INCERTEZA ASSOCIADA À DETERMINAÇÃO DA


VISCOSIDADE CINEMÁTICA DE ÓLEOS LUBRIFICANTES
Alexandre Magno José da Rocha 1, Maria Fernanda Pimentel2 e Suzana Martorelli1
1
SM Controle de Qualidade LTDA., Recife, Brasil, 2 Laboratório de Combustíveis, Departamento de Engenharia
Química – Universidade Federal de Pernambuco, Recife, Brasil

Resumo: A viscosidade é um dos itens mais importantes na Viscosidade cinemática: Viscosidade cinemática de um
especificação de óleos lubrificantes e no controle de óleos líquido newtoniano é quociente da viscosidade dinâmica ou
usados. A alteração dos valores deste parâmetro durante a absoluta dividida pela densidade, µ d , ambos à mesma
utilização do lubrificante, em relação aos valores
temperatura.
especificados, poderá comprometer seriamente a
lubrificação, causando danos. Neste trabalho, as incertezas Viscosidade Saybolt Universal: Viscosidade Saybolt
associadas à medição da viscosidade cinemática de óleos Universal é o tempo de escoamento em segundos de 60 mL
lubrificantes, realizada segundo a Norma ASTM D445, de amostra fluindo através de um orifício Universal
foram estimadas empregando-se viscosímetros Cannon- calibrado sob condições específicas.
Fenske do tipo Rotina, e do tipo Opaco ou Fluxo-reverso.
Para óleos lubrificantes a seguinte equação empírica,
Verificou-se que as incertezas declaradas para o material de conhecida como equação de Walther, pode ser empregada
referência predominam e limitam a redução da incerteza para relacionar o valor da viscosidade com a temperatura
global da medição da constante dos viscosímetros. Portanto, [1,3].
a redução da incerteza global na medição da viscosidade
log [log(v+K)] =A-BlogT (1)
cinemática do óleo lubrificante também ficou limitada pela
2
incerteza associada à constante do viscosímetro, que por sua onde v é a viscosidade cinemática em mm /s, T é a
vez é fortemente influenciada pela incerteza declarada para temperatura absoluta, A e B são constantes para um dado
o material de referência. As incertezas expandidas estimadas óleo, e K é, exceto para valores muito baixos de v, uma
em todas as determinações foram menores que 0,30%, sendo constante universal. empregando-se o valor de 0,7 para
consideradas pequenas quando comparadas com as viscosidades maiores que 1,5 mm2/s.
incertezas declaradas para os materiais de referência
Decisões são tomadas baseadas em resultados de análises
(0,25%).
químicas e físicas quantitativas, e é importante ter-se alguma
indicação da qualidade destes resultados. Um grande esforço
Palavras chave: incerteza, viscosidade, lubrificante.
na área de metrologia vem sendo direcionado no sentido de
fornecer uma medida do nível de confiança associado ao
1. INTRODUÇÃO resultado através da expressão da incerteza de medição [4].
A determinação da viscosidade é um dos itens mais Empregando-se as recomendações da literatura
importantes na especificação de óleos lubrificantes e no especializada [5-8], neste trabalho foram identificadas as
controle de óleos usados. A alteração dos valores deste principais fontes e quantificadas suas respectivas incertezas
parâmetro durante a utilização do lubrificante, em relação de forma a estimar a incerteza expandida associada à
aos valores especificados, poderá comprometer seriamente a medição da viscosidade cinemática de óleos lubrificantes,
lubrificação, causando danos. realizada conforme a Norma ASTM D445.
A viscosidade de um fluido é a propriedade que determina o
valor de sua resistência ao cisalhamento, é devida 2. METODOLOGIA
primariamente às interações entre as moléculas do fluido
As metodologias utilizadas para a determinação da
[1].
viscosidade cinemática dos óleos lubrificantes e calibração
A ASTM [1, 2], define os seguintes termos: dos viscosímetros seguiram as recomendações das Normas
ASTM D445 e ASTM D446 , respectivamente.
Viscosidade absoluta: Viscosidade absoluta (dinâmica) de
um líquido newtoniano é a força tangencial sobre a área Para a determinação das constantes dos viscosímetros foram
unitária de um de dois planos paralelos separados por uma utilizados materiais de referência certificados pelo Instituto
distância unitária quando o espaço é cheio com o líquido e de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo S.A
um dos planos move-se em relação ao outro com velocidade (IPT) na faixa de viscosidade estudada conforme mostra a
unitária no seu próprio plano. Tabela 1.
Tabela 1 – Materiais de referência certificados empregados e suas 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
viscosidades cinemáticas a 40 ºC.
Viscosidade 3.1. Identificação das fontes de incertezas
Incerteza padrão
Óleo padrão IPT cinemática a 40 ºC
expandida relativa As fontes de incertezas que mais influenciam a
(mm2/s).
determinação da viscosidade cinemática de um óleo foram
OP60 53,17 0,25% avaliadas através de um diagrama de causa e efeito,
OP100 106,1 0,25% procurando desta forma evitar duplicidade e ao mesmo
OP200 176,2 0,25% tempo evitar que seja desconsiderada uma influência
OP300 258,2 0,25% importante [5]. Na Figura 2 está apresentado o diagrama
relativo à determinação da viscosidade cinemática. Nos
ramos principais estão as grandezas de entrada da equação
Para a medição da viscosidade, foram empregados (3).
viscosímetros Cannon-Fenske do tipo Rotina, tamanho 300
e do tipo Opaco ou Fluxo-reverso, tamanho 350 de acordo
tp
com a faixa de viscosidade estudada [9]. f 'temp Cp
Resolução
Foram utilizados termômetros ASTM 120C e cronômetros
digitais Casio modelo nº HS-3 com resolução de 0,01s e um Repetitividade
banho para medição de viscosidade cinemática, com Cp
capacidade para seis viscosímetros, de fabricação Quimis va

S.A., usando óleo de silicone como fluido trocador de calor. Resolução

A Figura 1 apresenta o fluxograma do procedimento Repetitividade


ta ftemp vp
utilizado para determinação das constantes dos
viscosímetros e medição da viscosidade cinemática de um
(a) (b)
óleo lubrificante.
Fig. 2 – Diagrama de causa e efeito: (a) viscosidade cinemática de
Seleção do viscosímetro um óleo, (b) constante de um viscosímetro Canon-Fenske

Limpeza do viscosímetro
A Figura 2(b) mostra, em separado, o diagrama para o
cálculo da constante dos viscosímetros, Cν , que é um ramo
Transferência da secundário do diagrama principal da Figura 2(a). A
Amostra amostra ou óleo Óleo
padrão padrão temperatura (que influencia na medição do tempo) foi
tomada com um fator direto sobre a medida da viscosidade
Estabilização da Estabilização da cinemática, aparecendo assim em um ramo principal, como
temperatura temperatura
um fator ftemp.
Medição do tempo Medição do tempo
de escoamento de escoamento 3.2. Estimativa das incertezas associadas às constantes dos
viscosímetros, Cv.
Resultado Resultado
(viscosidade cinemática) (constante do viscosímetro)
3.2.1. Incerteza associada à viscosidade do óleo padrão.
Fig. 1. Fluxograma do procedimento padrão para determinação da
viscosidade cinemática de óleo lubrificante e/ou constante de As viscosidades cinemáticas, a 40 ºC, dos materiais de
viscosímetros. referência utilizados foram declaradas como 106,1 e 176,2
mm2/s para os óleos OP100 e OP200, respectivamente. O
certificado dos óleos, fornecido pelo IPT, declara uma
Utilizando-se óleo padrão de viscosidade cinemática νp, em incerteza expandida de ±0,25% utilizando um fator de
mm2/s, calculou-se as constantes dos viscosímetros, Cv, em abrangência k=2 e considerando um nível de confiança de
mm2/s2, usando-se o tempo de escoamento medido em aproximadamente 95%. Então, a incerteza associada é
segundos tp através da equação (2). 0,1326 mm2/s para o óleo OP100 (u(νp)OP100) e 0,2203
vp mm2/s para o OP200 (u(νp)OP200)
Cv = [mm2/s2] (2)
tp 3.2.2. Incerteza associada à medição da temperatura

Tendo calculado as constantes e determinado os tempos de O método padronizado para a medição da viscosidade
escoamento para amostras de óleo lubrificante ta, obteve-se cinemática de um óleo lubrificante permite a variação
a viscosidade cinemática do óleo analisado va com a durante o procedimento, sobre todo o volume do banho, de
equação (3). ±0,02 ºC [2, 9]. Sabendo-se que a variação de temperatura
afeta a viscosidade cinemática do óleo, incluiu-se no cálculo
v a = C v ⋅ t a [mm2/s] (3) da incerteza um componente devido à variação da
temperatura.
Empregando-se a equação (1), obteve-se uma relação linear do instrumento. Por ser um modelo digital, foi assumida
entre a viscosidade cinemática e temperatura para os óleos uma distribuição retangular para o cálculo da incerteza
estudados na faixa de temperatura permitida pelo método, associada à precisão da medição do tempo. Calculando-se a
isto é, 39,98ºC a 40,02ºC, a partir de duas viscosidades a incerteza associada a esta componente:
temperaturas de 40,00ºC e 100,00 ºC, conforme Tabela 2.
0, 01
u x2 = = 0,006s (5)
3
Tabela 2 – Viscosidades calculadas
Viscosidade cinemática mm2/s
TemperaturaºC Tabela 3 - Tempo de escoamento para o viscosímetro Fluxo-
OP100 OP200 reverso a 40 ºC
39,98 106,21 176,40
Óleo Tempo s
39,99 106,16 176,30 Bulbo Repetições
padrão médio (s) (s)
40,00 106,10 176,20
C 4 520,02 1,18
40,01 106,04 176,10 OP100
D 4 741,67 1,73
40,02 105,99 176,00
C 3 869,61 4,69
OP200
D 3 1245,89 6,96
Com os óleos padrão usados, observou-se que na faixa de
temperatura admitida pelo método há uma variação na
viscosidade de aproximadamente 5% por ºC. Para uma Tabela 4 - Tempo de escoamento para Viscosímetro Rotina
temperatura de 40,00 ± 0,02 ºC, o fator de correção a 40 ºC
introduzido, ftemp, é dado por 1 ± (0,02 x 0,05) = 1 ± 0,001. Tempo médio s
Admitindo-se uma distribuição retangular, obteve-se a Óleo padrão Repetições
(s) (s)
incerteza padrão correspondente ao fator temperatura:
OP100 5 455,67 0,27
0, 001
u( ftemp ) = =0,0006 (4) OP200 4 761,16 1,14
3
Como a incerteza declarada na calibração do termômetro foi Finalmente, calculou-se a incerteza combinada, a partir
de 0,02 ºC, que corresponde à mesma faixa da variação destas duas fontes de incerteza:
permitida pelo método, a incerteza encontrada acima foi
(u ) + (u )
2 2
multiplicada por 2 no cálculo da incerteza combinada. uc (tp ) = x1 x2 (6)

3.2.3. Incerteza associada à medição do tempo de Para cada bulbo, então, obteve-se uma incerteza devido à
escoamento variabilidade em cada ensaio sobre tal bulbo e também em
A medição do tempo é influenciada pelo sincronismo do cada viscosímetro. Assim, para o viscosímetro Fluxo-
operador entre a percepção da passagem do menisco através reverso foi obtida uma incerteza 0,592s para o bulbo C e
da marcação referente a cada bulbo do viscosímetro e o uma incerteza 0,749s, para o bulbo D. Para o viscosímetro
acionamento do cronômetro. Avaliando apenas as fontes Rotina, uma incerteza de 0,086s, utilizando-se o óleo OP100
mensuráveis podemos descrever: e obteve-se, na mesma seqüência, utilizando-se o óleo
OP200, as incertezas 1,913s, 2,841s e 0,571s.
a) Repetitividade
3.2.4. Cálculo da incerteza da Constante Cv
A repetitividade foi avaliada através das repetições para
cada bulbo e óleo padrão usado na temperatura de 40 ºC Para calcular as constantes e incertezas associadas para cada
como apresentado nas Tabelas 3 e 4. Dessa forma pôde ser viscosímetro e seus respectivos bulbos, foram utilizados os
calculada a variabilidade dos resultados sob condições valores apresentados na Tabela 5, que mostra, de forma
padrão, obtendo-se, assim, a incerteza padrão, u x1 para cada resumida, todas a variáveis estudadas no processo.

bulbo, que é expressa como a raiz quadrada positiva da Com estes valores foram calculadas as constantes dos
variância de cada conjunto de ensaios divido pela raiz do viscosímetros através da equação (2). Para o viscosímetro de
Fluxo-reverso, usando óleo padrão OP100, foram calculadas
s
número de ensaios, o desvio padrão da média, , onde s as constantes, Cv, de 0,20403 mm2/s2 e 0,14308 mm2/s2 para
n os bulbos C e D respectivamente. Empregando-se o óleo
é dado nas Tabelas 3 e 4. OP200 obteve-se, 0,20262 e 0,14142 mm2/s2. Para o
viscosímetro Rotina, os valores das constantes foram
b) Resolução 0,23285 mm2/s2 e 0,23149 mm2/s2, utilizando os óleo OP100
e OP200, respectivamente.
Exceto a resolução do cronômetro utilizado, que é de
± 0,01s, nenhuma outra informação foi fornecida a respeito
Tabela 5 - Valores de viscosidades e incertezas associadas para os óleos padrão usados e respectivos viscosímetros.
Incerteza padrão Incerteza padrão
Óleo padrão Viscosímetro Descrição Valor (xi)
u(xi) relativa. u(xi)/ xi
Viscosidade vp (mm2/s) 106,1 0,13 0,00125
Bulbo C 520,02 0,59 0,0011
Fluxo-reverso Tempo tp (s)
Bulbo D 741,67 0,75 0,0010
OP100 ftemp 1,0000 0,0006 0,0006
2
Viscosidade vp (mm /s) 106,1 0,13 0,00125
Rotina Tempo médio tp (s) 455,67 0,17 0,00017
ftemp 1,0000 0,0006 0,0006
2
Viscosidade vp (mm /s) 176,2 0,22 0,00125
Bulbo C 869,61 2,21 0,0025
Fluxo-reverso Tempo tp (s)
Bulbo D 1245,89 3,28 0,0026
OP200 ftemp 1,0000 0,0006 0,0006
Viscosidade vp (mm2/s) 176,2 0,22 0,00125
Rotina Tempo médio tp (s) 761,16 0,51 0,0007
ftemp 1,0000 0,0006 0,0006

As incertezas associadas aos componentes da equação (2), correspondentes incertezas globais estimadas encontram-se
foram combinadas de acordo com a equação (7) : apresentados na Tabela 6.

2 2 2 Tabela 6– Constante dos viscosímetros calibrados.


 uc ( tp )   u( vp )   u( ftemp ) 
uc ( Cv ) = Cv ×   +   + 2 ⋅   (7) Incertezas
 t Incertezas
 p   vp   ftemp  Constantes dos
combinadas expandidasa
Viscosímetro viscosímetros
uc(Cv) U(Cv)
Como exemplo, usando o viscosímetro Fluxo-reverso e óleo Cv (mm2/s2)
(mm2/s2) (mm2/s2)
padrão OP100, tem-se:
Fluxo- C 0,20332 0,00036 ±0,00072
uc ( Cv ) = 0, 204030 × (0, 0011) + ( 0, 00125) + 2 ⋅ (0, 0006 )
2 2 2
= reverso D 0,14224 0,00025 ±0,00050
2 2 Rotina 0,23217 0,00026 ±0,00052
= 0,00039 mm /s , para o bulbo C.
a
Resultante do produto da incerteza combinada por um fator de
Conforme método padronizado para a determinação da abrangência k=2, para um nível de confiança de aproximadamente
viscosidade cinemática de óleos lubrificantes e calibração de 95%.
viscosímetros capilares [2, 9], foram calculadas as
constantes médias a partir das constantes obtidas para óleos
padrão de viscosidades diferentes. Assim, com as incertezas A análise da Figura 3 revela que a maior fonte de incerteza
estimadas para cada óleo padrão, calculou-se, também, a para a constante dos viscosímetros é a incerteza declarada
incerteza conjunta para a média através da equação (9) [10]. para o material de referência.
Continuando com o exemplo do viscosímetro Fluxo-reverso 3.3. Estimativa da incerteza associada à determinação da
e óleo padrão OP100, obteve-se: viscosidade de um óleo.
Cv (OP100) + Cv (OP200) 0, 20403 + 0, 20262 Os resultados apresentados na Tabela 7 foram determinados
Cv = = =
2 2 na análise do óleo padrão OP60 com viscosidade cinemática
de (53,17 ± 0,13) mm2/s utilizando-se os dois viscosímetros
= 0,20332 mm2/s (8)
calibrados anteriormente. Na Tabela 8 estão apresentados os
resultados da análise do óleo padrão OP300 com
1
(u ) + (u )
2 2
uc ( C v ) = Cv (OP100) Cv (OP200) = viscosidade cinemática (258,2 ± 0,7) mm2/s que forneceu
2
um tempo de escoamento maior que 1000s. Este valor de
1
(0, 00039 ) + (0, 00060 ) = 0,00036 mm2/s
2 2
= (9) 1000s é estipulado pela ASTM como sendo o tempo
2 máximo de escoamento para um bulbo dos tipos de
Os resultados finais dos valores das constantes dos viscosímetros utilizados [2, 9].
viscosímetros e seus respectivos bulbos, e das
f(temp) f(temp)

v v

tp tp

Cv Cv

0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020 0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 0,0020
Incerteza padrão relativa Incerteza padrão relativa

(a) (b)
Fig. 3 – Contribuições das incertezas parciais na incerteza global da constante do viscosímetro Rotina com óleo padrão (a) OP100 e (b)
OP200.

(u ) + (u )
Tabela 7 – Tempo de escoamento da análise do óleo padrão OP60. 2 2
uc (ta ) = x1 x2 =0,092 mm2/s
Tempos s
Viscosímetro Repetições
(s) (s)
Rotina 10 229,78 0,09 3.3.3. Incerteza associada à medição da temperatura.

Fluxo- bulbo C 10 262,81 0,31 As mesmas considerações sobre a influência da temperatura


reverso bulbo D 10 375,28 0,32 na viscosidade de um óleo, apresentadas nos cálculos das
incertezas das constantes dos viscosímetros, foram adotadas
aqui. Os dados sobre a relação entre viscosidade e
Tabela 8 - Tempo de escoamento da análise do óleo padrão OP300. temperatura do óleo padrão OP60 mostraram que,
Tempos s independente da faixa de viscosidade do óleo analisado, a
Viscosímetro Repetições variação da viscosidade foi de aproximadamente 5% por ºC.
(s) (s)
Portanto, a influência da temperatura, forneceu o mesmo
Rotina 4 1125,72 0,36 valor de incerteza (0,0006), que também foi utilizado duas
Fluxo- bulbo C 3 1285,43 0,37 vezes no cálculo da incerteza global.
reverso bulbo D 3 1834,46 3,08
3.3.4 Cálculo da viscosidade cinemática e de sua incerteza
associada
3.3.1 Incerteza associada à constante Cv Usando-se a equação (3) e os dados da Tabela 7 foi obtida
As incertezas padrão, uc(Cv) para as constantes dos uma viscosidade cinemática va = 229,78 x 0,23217 = 53,35
viscosímetros, calculadas na seção anterior, foram usadas mm2/s, empregando-se o viscosímetro Rotina.
como uma componente no cálculo da incerteza na Calculou-se através da equação (10), por fim, a incerteza
viscosidade cinemática do óleo analisado. combinada:
2
 uc ( Cv )   u( ta )   u( ftemp ) 
2 2
3.3.2. Incerteza associada à medição do tempo de
escoamento uc ( v ) = v×   +   +   = (10)

 Cv   ta   ftemp 
Foram consideradas as mesmas fontes de incertezas da
determinação das constantes dos viscosímetros.
= 53, 35 × (0, 0011) + (0, 0004 ) + (0, 0006 ) =
2 2 2

a) Repetitividade:
= 0,071 mm2/s
s Portanto, a viscosidade cinemática do óleo lubrificante
Incertezas padrões, u x1 = , foram calculadas a partir
n analisado va = 53,35 mm2/s, tem uma incerteza padrão
dos dados da Tabela 7, e empregadas no cálculo da incerteza combinada de uc(v) = 0,08 mm2/s. A Tabela 9 apresenta os
combinada associada à medição do tempo de escoamento da resultados finais das incertezas e viscosidade cinemática do
análise do óleo padrão OP60 analisado. óleo analisado.
Analisando-se a Figura 4, pode-se observar que a maior
b) Resolução: contribuição para a incerteza global é a incerteza associada a
Foram usados os mesmos cronômetros da seção anterior medição da constante Cv
0, 01 Usando-se os resultados obtidos com o viscosímetro Fluxo-
portanto temos : u x2 = = 0,006s
3 reverso (Tabelas 7 e 8) calculou-se as incertezas na medição
da viscosidade cinemática do mesmo modo que para o
Combinando as contribuições para dar a incerteza padrão viscosímetro Rotina.
uc (ta ) , para o viscosímetro Rotina:
f(temp)
Analisando-se a Figura 5 verifica-se que o valor do
resultado da viscosidade do óleo padrão OP60, com sua
Cv incerteza, inclui o valor de referência certificado usando
ambos os viscosímetros. Já os resultados encontrados na
ta
análise do óleo OP300 mostram a presença de um erro
va sistemático no valor encontrado, comprovando que o valor
máximo para o tempo de escoamento de 1000s,
0,0000 0,0005 0,0010 0,0015 recomendado pela ASTM, deve ser respeitado.
Ince rteza padrão relativ a

Fig. 4 – Contribuições das incertezas parciais na incerteza global 4. CONCLUSÃO


da viscosidade cinemática do óleo OP60 com viscosímetro Rotina.
Verificou-se que as incertezas declaradas para o material de
referência predominam e limitam a redução da incerteza
O cálculo da incerteza combinada (viscosímetros Fluxo- global da medição da constante dos viscosímetros. Portanto,
reverso) foi realizado como anteriormente, para cada bulbo e a redução da incerteza global na medição da viscosidade
com o resultado dos dois bulbos foram calculadas a cinemática do óleo lubrificante também ficou limitada pela
viscosidade cinemática média do óleo, e a incerteza conjunta incerteza associada à constante do viscosímetro, que por sua
para a medida. vez é mais influenciada pela incerteza declarada para o
material de referência. As incertezas expandidas estimadas
Os resultados finais para as viscosidades dos óleos em todas as determinações foram menores que 0,30%, sendo
analisados e suas respectivas incertezas padrão estão consideradas pequenas quando comparadas com as
reunidos na Tabela 9 e foram utilizados para fazer as incertezas declaradas para os materiais de referência
comparações apresentadas na Figura 5. (0,25%).

Tabela 9 – Viscosidade cinemática dos óleos padrão OP300 e AGRADECIMENTOS


OP60 analisado.
Incerteza FINEP-CTPETRO
Viscosidade padrão
Óleo Viscosímetro expandidaa
(mm2/s)
(mm2/s) REFERÊNCIAS
Fluxo-reverso 53,41 ±0,16 [1] MOURA, C. R. S & CARRETEIRO, R. P. Lubrificante e
Padrão OP60 lubrificação. Rio de Janeiro. RJ. J R Ed. Técnica Ltda. 2a.
Rotina 53,35 ±0,16
ed. 470p, 1987.
Fluxo-reverso 261,4 ±0,8
Padrão OP300 [2] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
Rotina 261,1 ±0,7
MATERIALS – ASTM. Anual Book of ASTM Standards, v.
a
Resultante do produto da incerteza combinada por um fator de 05.01, D445. American Society for Testing and Materials,
abrangência k=2, para um nível de confiança de aproximadamente Philadelphia, PA.1996
95%.
[3] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND
MATERIALS – ASTM. Anual Book of ASTM Standards, v.
05.01, D5. American Society for Testing and Materials,
341Philadelphia, PA.1996.
[4] CHUI, Q. S. H.; ZUCCHINI, R. R. ; LICHTIG, J.;
Qualidade de medição em química analítica. Estudo de
caso:determinação de cádmio por espectrofotometria de
absorção atômica com chama. Química Nova. v. 24. p. 374-
380. 2001.
[5] EURACHEM – Quantifying Uncertainty in Analytical
Measurement. 2nd Edition (draft EURACHEM/CITAC
Guide). EURACHEM. Helsinki. 119p. 1999.
[6] EURACHEM. The fitness for Purpose of analytical method
validation and Related topics. Eurachem. EURACHEM.
1998.
[7] INMETRO/INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA
– Expressão da incerteza de medição na calibração: primeira
versão brasileira da publicação EA-4/02. Rio de Janeiro,
1999.

Fig. 5 - Viscosidades encontradas e seus intervalos de confiança.


Comparação com os valores de referência.
[8] INMETRO/INSTITUTO NACIONAL DE METROLOGIA Autores:
– Guia para a expressão da incerteza de medição. 2ª Edição
Brasileira, agosto de 1998 Químico Industrial Alexandre Magno José da Rocha, SM Controle
de Qualidade Ltda.; Rua Florentino O. Santos, 54, Afogados,
[9] AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND Recife, PE, Brasil, CEP: 50830-470. Fone: (81) 3428-3284, Fax:
MATERIALS – ASTM. Anual Book of ASTM Standards, v. (81) 3428-2466. E-mail: adnathan@bol.com.br.
05.01, D446. American Society for Testing and Materials,
Philadelphia, PA.1996. Doutora em Química, Maria Fernanda Pimentel, Laboratório de
Combustíveis; Departamento de Engenharia Química –
[10] BARROS NETO, B.; SCARMÍNIO, I.S.; BRUNS, Universidade Federal de Pernambuco, Av. Professor Artur de Sá,
R.E. – Como Fazer Experimentos: pesquisa e s/n, CEP: 50.740-521. Fone: (81) 3271-8729, Fax: (81) 3274-7235.
desenvolvimento na ciência e na industria. Campinas, E-mail: mfp@ufpe.br.
SP: Editora da UNICAMP, 401p. 2001. Engenheira Química e química Industrial Suzana Martorelli, SM
Controle de Qualidade Ltda.; Rua Florentino O. Santos, 54,
Afogados, Recife, PE, Brasil, CEP: 50830-470. Fone: (81) 3428-
3284, Fax: (81) 3428-2466. E-mail: smartorelli@uol.com.br.

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