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Sumário
INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 3
CONCLUSÃO .......................................................................................................................... 19
INTRODUÇÃO
Veremos a seguir alguns dos termos mais utilizados para a construção da ideia
de sacrifício do Antigo Testamento.
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O que precisamos lembrar aqui é que o termo zebah é de certa maneira uma
palavra genérica para expressar uma prática quase que universal de oferta de sacrifício.
A seguir veremos alguns termos hebraicos básicos que compõem o sistema sacrifical de
Israel tanto para o Tabernáculo, período de peregrinação no deserto, como para o
Templo em Jerusalém.
4.2 O holocausto (Olah)
Este sacrifício tinha como principal característica o fato de ser integralmente
apresentado a Deus como oferta e completamente consumido pelo fogo sobre o altar.
Já houve quem sugerisse que o termo original para holocausto era kalil, que quer
dizer “interio, completo, perfeito ou integral” e que poderia ser traduzido mais
naturalmente como “toda a oferta”.
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Derivado do verbo 'eileih, "subir" o termo olah pode ter sido adotado da
prescrição levítica, quando a prática do holocausto passou a excluir a pele das ofertas (e
no caso de aves, as penas e o papo). Dessa forma o termo olah passaou a ser o termo
mais aceito e por refere-se à “subida da oferta” ao Senhor na fumaça, pela incineração
total dela sobre o altar.
O melhor entendimento que se pode ter dessa questão é que os dois termos se
complementam, construindo a ideia de uma oferta totalmente dedicada e consumida
pelo fogo, e que sobe em direção a Deus em forma de fumaça, a representação física de
que sua oferta chega à presença de Deus.
As expressões “perante o Senhor” e “ao Senhor”, que ocorrem sete vezes no
primeiro capítulo do livro de Levítico (vv. 2, 3, 5, 9, 13, 14,17), certamente apontam
para o significado do holocausto. Essas expressões tinham como objetivo cientificar o
ofertante que a oferta de seu sacrifício sobre o altar, ainda que intermediada por um
sacerdote oficiante, dizia respeito única e exclusivamente à relação entre o ofertante e
Deus, a quem se destinava a oferta.
A motivação do adorador em oferecer um holocausto ao Senhor poderia ser a
expiação pelo pecado, alegria, ação de graças dentre outras. No entanto, o significado
maior era a total dedicação ou consagração do ofertante ao Senhor.
O holocausto também transmitia a ideia de uma completa dedicação,
dependência e consagração do ofertante ao Senhor, reconhecendo tanto a absoluta
soberania de Deus sobre toda a ordem criada quanto a Sua exigência de obediência em
toda a vida do adorador.
Quando oferecido em total obediência às suas exigências e com a atitude correta
do coração do ofertante, tal sacrifício era recebido por Deus como um “aroma
agradável”, simbolizando que o ofertante e sua oferta haviam sido aceitos por Deus.
4.3 O sacrifício de comunhão ou oferta pacífica (shélem)
O aspecto característico do sacrifício pacífico era o fato de que os ofertantes e os
sacerdotes costumavam comer quase toda a carne como parte de uma refeição comunal
diante do Senhor, certas porções da came eram entregues aos sacerdotes como sua
prebenda.
Diferentemente do holocausto, somente a gordura do sacrifício, que representava
a excelência da terra, era depositada sobre o altar para ser consumida pelo fogo
juntamente com os rins, e o sangue que representava a vida do animal sacrificado era
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aspergido sobre o altar. Essa eram as unicas partes dedicadas diretamente ao Senhor (Lv
7.22-27).
Beckwith argumenta que o fato de a palavra hebraica rêkêl significar tanto
templo como palácio, ao passo que o altar dos sacrifícios era a nessa do rei (Ml 1.7,12) e
os sacrifcícios apresentados sobre o altar serem descritos com pão e alimento de Deus
(Lv 3.11; 21.6,8,17,21; 22.25; N m 28.2; Ez 44.7), o sacrifício de comunhão significava
uma generosa oportunidade onde Deus estendia a todos os seus súditos, o privilégio de
participassem de uma refeição em comunhão com o Rei1.
O termo shelem tem como seu radical na língua hebraica a tão conhecida palavra
shalom, que significa paz. Daí se pode concluir que o significado máximo desse
sacrifício era a realidade de estar em paz com Deus. Muito mais que desfrutar uma
refeição de boa qualidade compartilhada com parentes e amigos, o sacrifício pacífico
expressava a alegria e a agratidão do adorar por estar em paz com o Deus adorado.
A sacrifício pacífico tinha como seu principal foco o fato de que todas as
pessoas que compunham a nação de Israel tinham a oportunidade de estar em comunhão
íntima com o Senhor. Significava ainda que o relacionamento entre o Senhor e seu povo
desfrutava de perfeita paz e por isso sempre era o ultimo sacrifício oferecido nas
celebrações nas quais era incluso.
4.4 O sacrifício pelo pecado ou de expiação (Hattat)
O termo hebraico hattat traz em si o significado tanto de "pecado" como "oferta
pelo pecado", tendo como sua principal caracteríscita a aplicação do sangue como um
elemento fundamental para a expiação dos pecados do ofertante. Além disso,
diferentemente do holocausto e do sacrifício pacícifo, – apesar de a gordura do
sacrifício ser queimada no altar–, o que restava do animal do sacrifício deveria ser
queimado num lugar puro fora do acampamento
Essa orientação tinha como propósito estabelelcer tistinção entre o sacrifício
pelos pecados e o holocausto, além do mais, isso era didático aos adoradores que
assistiam a execução dos sacrifícios. No entatanto, o motivo mais importante era
lembrar o povo de que os pecados do sumo sacerdote e de toda a congregação poluíam
todo o acampamento, e o sacrifício pelos pecados era sagrado demais para permanecer
dentro de um acampamento impuro.
1
Alexander, T. D. e Rosner, Brian S., Novo Dicionário de Teologia Bíblica. São Paulo: Ed. Vida, 2009,
p.1146.
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Embora muito parecido com o sacrifício pelo pecado, ashãm “sacrifício pela
culpa” era exigido em de pecados que podemos classificar em duas categorias. A
primeira delas dizia respeito aos direitos de Deus; eram considerados pecados contras as
coisas sagradas pecados como: A não entrega do dízimo, ofertas, primícias e coisas
semelhantes. A segunda categoria de pecados estava relacionada com pecados
cometidos contra o próximo e suas propriedades, tais como: furto, extorsão, falso
juramento (em geral que envolvia vantagem monetária indevida) além de apropriação
indevida de algum bem do próximo.
Na realização do sacrifício cabia ao ofensor ofertante: a confissão do pecado, a
restituição do bem em questão acrescido de uma multa de vinte por cento do valor do
bem violado, podendo toda a restituição e a multa ser convertida e paga em dinheiro.
Além, é claro, de oferecer um cordeiro para o sacrifício.
A restituição, a multa bem como o cordeiro para o sacrifício eram submetidos a
uma espécie de auditoria realizada pelo sacerdote, que mediava a restituição do dano e
oficiava o sacrifício.
Este sacrifício servia para imprimir na consciência do ofertante o fato de os
nossos pecados ofenderem o nosso próximo, e em ultima análise ofende principalmente
a Deus. Além disso servia ainda para ilustrar o alto preço que se faz necessário para a
purificação do povo e o elevado custo que o pecado tem para Deus, e a partir disso
conscientizar o povo da responsabilidade de uma conduta honesta diante dos homens e
uma vida santa diante de Deus.
Pro fim, um fator fundamental no sacrifício pela culpa era o verdadeiro
arrependimento a partir do qual brotava o desejo de reconciliação e perdão, para tal, se
fazia necessário a morte de um substituto inocente.
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Deus chamou a nação de Israel para ser seu santo sacerdócio e comunicar Sua
santidade, poder e glória entre todos os povos da Terra. O sistema sacrificial do livro de
Levítico foi dado por Deus instruir Israel a viver em santidade e comunhão com Ele. A
santidade da nação deveria perpassar todas as áreas da vida do povo, fosse no âmbito
individual como coletivo.
As cerimônias, e especialmente os sacrifícios, foram dados por Deus para
promover a restauração da comunhão do homem com Deus e investi-los de um espírito
de serviço santo e exclusivo a Deus.
Todos os elementos dos sacrifícios prescritos no Antigo Testamento, bem como
os sacerdotes que os oficiavam tanto no Tabernáculo como no Templo em Jerusalém,
representavam Deus se relacionando com a humanidade e promovendo a ela o perdão e
a remoção de seus pecados.
No entanto, todas as leis levíticas – mesmo sendo prescritas pelo próprio Deus –,
segundo o autor da carta aos Hebreus, constituíam-se apenas uma sombra das bênçãos
espirituais reveladas na plenitude dos tempos com a vida e a obra de Jesus Cristo (Hb
10.1; 1 Co 2.9).
A esse respeito Gunthrie (2011, p. 439) aponta o que ele chama de “fraquezas”
que o sistema sacrificial levítico continha do ponto de vista do autor aos Hebreus:
(i) O fato de que os sacrifícios podiam ser um mero ritual sem qualquer
compromisso moral correspondente por parte do adorador...
(ii) Os sacrifícios eram eficazes apenas por pecados cometidos de maneira
inadvertida, e não por pecados deliberados ... ...aqueles que possuem um
espírito rebelde se colocam fora dos meios de graça. A limitação estava,
nesse caso, na mente do suposto adorador.
(iii) As vítimas dos sacrifícios eram passivas e não participantes ativas do
ritual. O elemento moral estava ausente.
(iv) A inadequação do sistema também é vista no fato dos sacrifícios terem
de ser repetidos constantemente. Eles podiam, de fato, ser eficazes somente
sobre pecados já cometidos.
pessoa certa para a realização dos mesmos, mediando assim a relação do Deus Santo
com o Seu povo. Para isso Deus instituiu os sacerdotes, os responsáveis por executar o
serviço sagrado no Tabernáculo e mais tarde no Templo.
O sacerdote era o oficiante legal segundo a Lei levítica para representar Deus
diante do povo, representar o povo na presença de Deus. Não obstante, os sacerdotes
eram homens falhos e mortais, tão vulneráveis ao pecado quanto o povo a quem
representavam. Sendo assim, eles apenas pré figuravam o Sacerdócio de Cristo que é o
Sacerdote para sempre, e por tanto é detentor de uma natureza adequada ao sacerdócio
eterno e que jamais será substituído.
5.2 Jesus o santuário perfeito
O local onde Deus se manifestava ao seu povo era o Tabernáculo – enquanto
peregrinavam pelo deserto e no Templo depois de Israel ter-se estabelecido na terra
prometida. A Arca da aliança que repousava no Santo dos Santos e representava a
presença de Deus para toda a nação de Israel. Era a partir do lugar de sua presença que o
Senhor revela sua vontade e dispensava sua bênção sobre seu povo.
No Novo Testamento também temos a apresentação de Jesus como sendo o
“local” de manifestação da presença, vontade e bênção de Deus.
Porém, tanto o Tabernáculo como o Templo em Jerusalém apresentaram suas
limitações e fraquezas. Eles eram terrenos, inacessíveis ao povo, transitórios e não
tratava o cerne do problema do pecado: o coração corrompido na Queda do Éden,
sendo, por tanto, mais uma vez, apena uma sobra daquilo que se revelou em Cristo, o
Santuário perfeito e eficaz.
Em João 1.14 temos uma das mais profundas declarações da manifestação de
Deus aos homens: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de
verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”.
O verbo grego skênoô traz o perfeito significado que o Verbo levantou o seu
tabernáculo ou a sua tenda e passou a residir no meio de nós.
Jesus disse aos seus discípulos: “Quem me vê a mim vê o Pai” (João 14.9) e
Paulo nos diz em Colossenses 1.15; 2.9: “Este é a imagem do Deus invisível, o
primogênito de toda a criação”, “Porquanto, nele, habita, corporalmente, toda a
plenitude da Divindade”.
Concluímos então que em Jesus temos a perfeita expressão da presença, vontade
e benção de Deus habitando em nosso meio. Jesus é o próprio Deus vivendo em meio ao
Seu povo.
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Seu sacrifício na cruz do calvário e sua ressurreição supriu de uma vez por todas
a necessidade de expiação, santificação e comunhão entre Deus e Sua criação.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CALVINO, João. Hebreus - Série Comentários Bíblicos . Rio de Janeiro: Ed. CPAD.
2009.
ELLISEN, Stanley. Conheça Melhor o Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Vida,
2007.
GUTHRIE, Donald. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Cultura Cristã,
2011.
HILL, Andrew E. & Walton, Jonh H. Panorama do Antigo Testamento. São Paulo:
Ed. Vida, 2007.
HOUSE, Paul R. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Ed. Vida, 2005.
MORRIS, Leon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Ed. Vida Nova. 2003.
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PRICE, Ross E. et al. Comentário Bíblico Beacon, 4 Vol. - Isaías a Daniel. Rio de
Janeiro: Ed. CPAD, 2012.
ZUCK, Roy B., Teologia do Antigo Testamento. Rio de Janeiro: CPAD, 2009.