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O centro simboliza uma origem, uma ordem no espaço e no tempo, um elemento físico
de onde se estruturava o território e a própria morada, o marco que hierarquizava o território
em seu torno. É o ato de marcar o espaço que lhe dá significado, o local onde o Divino e o
Humano se cruzam, o lugar onde o templo e a habitação coexistiam. (ABREU,2007)
Desde as primeiras relações do Homem com o espaço que a dialética entre centro e
limite se desenvolvem pelo território.
Esta afirmação estabelece uma outra dialética, uma relação entre o centro e a
centralidade. O centro histórico era em si uma centralidade, um local significativo que exerce
um caracter de importância e poder. Porém a qualidade de centralidade é desenvolvida
consoante a mudança do valor dos fatores de concentração das populações ao invés do simples
significado geométrico. Desde a localização estratégica para defesa no topo das colinas, à
proximidade das massas de água para trocas comerciais ou como ponto de partida à
descoberta do novo mundo. A centralidade altera-se assim com os tempos, as necessidades e a
expansão, produto de um efeito de agregação. Agregação esta de usos e acessibilidade, de
movimentos de população, bens e informação geradora de polos de atratividade. (SIEVERTS,
2003)
Segundo Fishman (1982), os três autores destas utopias acreditavam que os conflitos
sociais, as crises urbanas e a miséria que as cidades transportavam só poderiam ser resolvidos
com a reconstrução das cidades, rejeitando por completo que as existentes poderiam vir a
ultrapassar estas problemáticas. Estas cidades ideais denotavam-se autenticas centralidades ao
serem projetadas com base no modelo residencial associado à agregação de usos e a uma rede
de equipamentos e de acessibilidades que a conectam a outras centralidades, a partir de um
pensamento policêntrico.
caracterizado como uma variante da condição periférica, de escala mais extensa e complexa.
Descontínuo e disperso, surge tanto por processos planeados como espontâneos, com níveis baixos de
infraestruturação. A relação com a cidade não é o elemento orientador do seu crescimento, o
aglomerado expande-se consoante a sua necessidade. Em ambos o predomínio residencial é quase
sempre um fator de qualidade variada, desde bairros precários até aos mais luxuosos. Esta variedade,
precariedade e falta de relação com o centro originam tensões que dão lugar ao estigma social. A
distância ao centro é, assim, uma distância sociológica a um centro (…) (DOMINGUES, 1994, p. 7), centro
este fornecedor de relações sociais, informação, cultura, economia, direitos e deveres políticos que
aparentam faltar ou ser de difícil acesso a estas expansões. Sendo assim, a localização do subúrbio não
implica o afastamento físico ao centro, ele pode estar no próprio centro da cidade como acontece em
Chicago nos EUA.
Porém, o paraíso muda com as novas localizações industriais e as migrações da nova
mão-de-obra. Esta movimentação criou tecidos pouco consolidados e difusos, onde a
ambiguidade e a indefinição imperam. Criaram-se assim aglomerados maioritariamente
residenciais, com ausência ou défice de espaço público, equipamentos ou serviços e fraca
infraestruturação. Perante este cenário é possível perceber esta rejeição da cidade difusa face
à cidade tradicional. É difícil colocar no mesmo plano o velho centro histórico e a antiga
realidade rural que insiste em tornar-se urbano. E mais penoso talvez seja admitir que estas
novas centralidades são muitas vezes resposta aos problemas da cidade central.