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Avaliação de Risco

Estudo comparativo entre diferentes métodos de


Avaliação de Risco, em situação real de trabalho

Dissertação elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre na


Especialidade de Ergonomia na Segurança no Trabalho

Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

Júri
Prof. Doutor Francisco dos Santos Rebelo

Professora Doutora Maria Celeste Rodrigues Jacinto

Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

Filipa Catarina Vasconcelos da Silva Pinto Marto Carvalho

2007
Avaliação de Risco
Estudo comparativo entre diferentes métodos de
Avaliação de Risco, em situação real de trabalho

Dissertação elaborada com vista à obtenção do Grau de Mestre na


Especialidade de Ergonomia na Segurança no Trabalho

Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

Júri
Prof. Doutor Francisco dos Santos Rebelo

Professora Doutora Maria Celeste Rodrigues Jacinto

Professor Doutor Rui Miguel Bettencourt Melo

Filipa Catarina Vasconcelos da Silva Pinto Marto Carvalho

2007
Onde estão os Riscos?
no Futuro ... que pode ser duvidoso e nos forçar a mudanças...
nas Mudanças ... que podem ser inúmeras e nos forçam a decisões...
nas Decisões ... que podem não ser as mais correctas...

Walter de Abreu Cybis (2003)


Agradecimentos

AGRADECIMENTOS

Embora uma dissertação seja, pela sua finalidade académica, um trabalho individual, há contributos
de natureza diversa que não podem nem devem deixar de ser realçados. A conquista tem que ser
dividida com todos os que contribuíram, de forma directa ou indirecta para a concretização e
conclusão deste projecto. A todos gostaria de expressar os meus sinceros agradecimentos:

à Professora Doutora Luísa Melo Barreiros, pela amizade e por tudo o que fez e ainda vai
fazendo por mim. Por acreditar nas minhas capacidades, por me incentivar e desafiar na
conquista de novos saberes.
ao meu orientador, Professor Doutor Rui Melo, que desde o inicio me incentivou para a
concretização deste trabalho. Pelo seu companheirismo, amizade, mas sobretudo, pela
dedicação, pelas críticas e sugestões, feitas durante a orientação.
à Professora Doutora Anabela Simões, pela preocupação que manifestou quando me desafiou
para a realização deste mestrado.
ao Professor Doutor Francisco Rebelo, por acreditar que eu conseguia ultrapassar mais este
desafio (leia-se, nos tempos legais previstos), incentivando-me nos momentos difíceis.
aos responsáveis da empresa, onde o estudo foi realizado, por proporcionarem a concretização
deste trabalho, disponibilizando a minha entrada sem qualquer entrave.
aos operadores de manutenção, que permitiram a concretização deste trabalho.
aos colegas e amigos, Professor Doutor José Carvalhais, Professora Doutora Raquel Santos,
Mestre Paulo Noriega e Mestre Teresa Cotrim que me apoiaram nos momentos críticos,
incentivando e oferecendo ajuda em tudo o que podiam.
à Enfª Geneviève Santorum, pelo apoio, companheirismo e amizade que sempre manifestou.
à Professora Doutora Isabel Carita, pela disponibilidade manifestada.
aos meus alunos, pelo companheirismo, amizade, compreensão e incentivo.
aos professores deste mestrado, em particular aqueles que me despertaram a atenção para a
importância deste tema, obrigando a reflectir e a debruçar-me sobre o assunto. Aqui devo
destacar a Professora Doutora Mónica Barroso, Dr. Fernando Cabral e o Eng.º Fernando Frade.
aos meus colega, companheiros e amigos do Mestrado, obrigada pela vossa força e sugestões.

Filipa Carvalho i
Agradecimentos

ao Engº João Hipólito, pela amizade, incentivo e por ter acreditado neste projecto, colaborando
e disponibilizando uma das ferramentas de trabalho.
à Percentil, Lda., pelo apoio, colaboração e disponibilização de dados, que proporcionaram o
enriquecimentos deste estudo.
à minha grande amiga Catarina Trindade, por toda a sua amizade, disponibilidade,
companheirismo, nos momentos críticos desta caminhada.
à Mónica, na qualidade de amiga e colega, por tudo o que fez e que tornou este sonho uma
realidade.
à minha família, o meu sentido agradecimento, pelo apoio incondicional (prestado nos
momentos mais difíceis) e pela compreensão que teve pelos períodos que estive ausente.
ao meu marido, pela amizade, pela força, pelo incentivo, pela paciência e compreensão
reveladas ao longo destes meses, mas sobretudo, pelo inestimável apoio familiar. Sem ele nada
disto teria sido possível. Obrigada Cláudio!
por último (mas não menos importantes), às minhas filhas, Beatriz e Matilde. A elas, um
sincero pedido de desculpa, pela ausência sentida nestes últimos dois anos.

ii Filipa Carvalho
Resumo

RESUMO

Este estudo centrou-se na análise comparativa entre 10 métodos de avaliação de risco de natureza
semi-quantitativa (MASqt). Pretendemos investigar se o Nível de Risco obtido pelos diferentes
MASqt era idêntico para cada um dos riscos previamente identificados e, se o Tipo de risco
identificado poderia influenciar o Nível de Risco obtido por esses mesmos MASqt. Aplicaram-se
10 MASqt para estimar e valorar 150 riscos decorrentes da realização de 6 tarefas de manutenção.
O estudo compreendeu 4 etapas: Caracterização da Situação de Trabalho; Identificação dos
Perigos e associação dos potenciais riscos e respectivas consequências; Estimativa do Risco e
Valoração do Risco. A recolha dos dados foi feita a partir de observações livres e sistematizadas e
recorreu a registo em vídeo, pesquisa documental, grelhas de análise e questionários desenvolvidos
especificamente para esse fim. Para o tratamento dos dados recorreu-se aos programas informáticos
SPSS e Excel. O teste não paramétrico de Friedman foi a técnica estatística utilizada para testar as
hipóteses formuladas. Na generalidade dos casos, registaram-se diferenças estatisticamente
significativas (apenas 19% apresentaram soluções equivalentes). Para a maioria das categorias de
risco, o método a escolher não deve ser indiferente do Tipo de risco a avaliar. Encontrou-se alguma
unanimidade na potência revelada pelos métodos, no que se refere à protecção que conferem ao
trabalhador.

Palavras-chave: Ergonomia; Avaliação de Risco; Análise de Risco; Valoração de Risco; Perigo;


Risco.

Filipa Carvalho iii


Abstract

ABSTRACT

This study makes a comparative analysis of 10 semi-quantitative risk assessment methods


(MASqt). We wished to test if the Risk Level obtained by the different MASqt was identical for
each of the previously identified risks and if the Risk Type could influence the Risk Level obtained
by the same MASqt. Ten MASqt were used to estimate and evaluate 150 risks resulting from the
performance of 6 maintenance tasks. The study comprised 4 stages: Characterization of Work
Situations; Identification of the hazard, associated risks and consequences, Risk Estimation and
Risk Evaluation. Data collection relied on free and systematized observations and made use of
video recording, documental research, analysis grids and questionnaires specifically developed for
this purpose. For data processing we resorted to the Statistical Package for the Social Sciences
(SPSS) and Microsoft Excel. The non parametric Friedman test was the statistical technique used
for testing the formulated hypothesis. In most cases, significant statistical differences were
registered for the Risk Level (only 19% presented equal solutions). For most of the Risk Types, the
method should be carefully chosen, taking the assessed risk into consideration. There was some
consistency in the power revealed by the methods regarding the protection they conferred the
workers.

Key words: Ergonomics; Risk assessment; Risk analysis; Risk evaluation; Hazard; Risk.

Filipa Carvalho v
Índice Geral

1. Índice geral
AGRADECIMENTOS .................................................................................................................................... I
RESUMO....................................................................................................................................................... III
ABSTRACT..................................................................................................................................................... V
1. ÍNDICE GERAL ................................................................................................................................ VII
2. ÍNDICE DE FIGURAS........................................................................................................................IX
3. ÍNDICE DE TABELAS .......................................................................................................................XI
4. ÍNDICE DE GRÁFICOS..................................................................................................................XIII
5. ÍNDICE DE QUADROS .................................................................................................................... XV
INTRODUÇÃO................................................................................................................................................ 1
I. CAPÍTULO - ENQUADRAMENTO TEÓRICO ................................................................................ 5
1. ENQUADRAMENTO GERAL ................................................................................................................... 5
1.1 Avaliação de Risco (AR) - Conceitos de base ............................................................................ 5
1.1.1 Perigo......................................................................................................................................... 6
1.1.2 Risco........................................................................................................................................... 6
1.1.3 Avaliação de Risco..................................................................................................................... 7
1.2 Fases da Avaliação de Risco ..................................................................................................... 8
1.2.1 Análise de Risco......................................................................................................................... 8
1.2.2 Valoração do Risco.................................................................................................................... 9
1.3 Etapas da análise de risco ....................................................................................................... 10
1.3.1 Identificação do perigo e possíveis consequências.................................................................. 10
1.3.2 Identificação das pessoas expostas.......................................................................................... 12
1.3.3 Estimativa do risco .................................................................................................................. 13
1.4 Metodologias de Avaliação de Risco versus Métodos de Valoração do Risco ........................ 13
1.4.1 Métodos de Avaliação Qualitativos (MAQl) ............................................................................ 14
1.4.2 Métodos de Avaliação Quantitativos (MAQt) .......................................................................... 15
1.4.3 Métodos de Avaliação Semi-Quantitativos (MASqt)................................................................ 16
2. DEFINIÇÃO DO PROBLEMA ................................................................................................................. 17
2.1 Objectivos do estudo ................................................................................................................ 18
2.2 Pertinência do estudo .............................................................................................................. 20
2.2.1 Actualidade da questão............................................................................................................ 20
2.2.2 Significado e importância da questão...................................................................................... 21
II. CAPÍTULO - METODOLOGIA ........................................................................................................ 23
1. ETAPAS DO ESTUDO ............................................................................................................................ 23
2. AMOSTRA ........................................................................................................................................... 25
2.1 Tarefas analisadas ................................................................................................................... 25
2.2 Operadores .............................................................................................................................. 26
2.3 Riscos vs Consequências associadas ....................................................................................... 27
3. PROTOCOLO EXPERIMENTAL .............................................................................................................. 27
3.1 Definição das Variáveis ........................................................................................................... 27
3.2 Recolha de dados ..................................................................................................................... 30
3.2.1 Etapa 1..................................................................................................................................... 30
3.2.1.1 Questionário........................................................................................................................ 30
3.2.1.2 Pesquisa documental........................................................................................................... 31
3.2.1.3 Observações sistematizadas................................................................................................ 32
3.2.1.4 Registo em vídeo ................................................................................................................. 32
3.2.1.5 Sonómetro ........................................................................................................................... 33
3.2.2 Etapa 2..................................................................................................................................... 33
3.2.3 Etapa 3..................................................................................................................................... 34
3.2.4 Etapa 4..................................................................................................................................... 39

Filipa Carvalho vii


Índice Geral

4. DESCRIÇÃO DOS MÉTODOS UTILIZADOS ............................................................................................ 39


4.1 Método de matriz simples Somerville ...................................................................................... 41
4.2 Método de matriz simples (3x3) ............................................................................................... 42
4.3 Método de matriz simples CRAM.......................................................................................... 45
4.4 Método de matriz simples (4x4) ............................................................................................... 47
4.5 Método de matriz simples (5X4) .............................................................................................. 49
4.6 Método de matriz composta P............................................................................................... 51
4.7 Método de matriz composta CM ........................................................................................... 54
4.8 Método de matriz composta NTP330.................................................................................... 58
4.9 Método de matriz composta DGEMN ................................................................................... 64
4.10 Método de WTF........................................................................................................................ 67
5. TRATAMENTO DOS DADOS .................................................................................................................. 72
III. CAPÍTULO - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS.................................. 75
1. AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE RISCO OBTIDO POR CADA UM DOS MÉTODOS ........................................... 79
1.1 Métodos com 3 níveis de Índice de risco.................................................................................. 79
1.2 Métodos com 4 níveis de Índice de risco.................................................................................. 81
1.3 Métodos com 5 níveis de Índice de risco.................................................................................. 83
2. RESULTADOS DOS TESTES NÃO PARAMÉTRICOS DE FRIEDMAN ........................................................... 86
2.1 Resultados do teste à Hipótese nula 1...................................................................................... 86
2.1.1 Métodos com 3 níveis de Índice de risco.................................................................................. 86
2.1.2 Métodos com 4 níveis de Índice de risco.................................................................................. 87
2.1.3 Métodos com 5 níveis de Índice de risco.................................................................................. 89
2.2 Resultados do teste à Hipótese nula 2...................................................................................... 91
2.2.1 Métodos com 3 níveis de Índice de risco.................................................................................. 94
2.2.2 Métodos com 4 níveis de Índice de risco................................................................................ 105
2.2.3 Métodos com 5 níveis de Índice de risco................................................................................ 118
IV. CAPÍTULO - CONCLUSÕES...................................................................................................... 135
V. CAPÍTULO - BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 139
ANEXOS....................................................................................................................................................... 143

anexo 1 Lista da Legislação, Comunitária e Nacional, aplicável à situação de trabalho em


estudo ...................................................................................................................................... 145
anexo 2 - Questionário aplicado.................................................................................................................... 151
anexo 3 Guia Metodológico de Observação (GMO) ................................................................................. 163
anexo 4 Síntese dos métodos aplicados ...................................................................................................... 187
anexo 5 Tabela de valores críticos de Z para # C comparações múltiplas ................................................ 191
anexo 6 Output s do SPSS: Análise descritiva relativa à H02 .................................................................... 195

viii Filipa Carvalho


Índice de Figuras

2. Índice de Figuras

Figura 1 Fases de um processo de gestão de risco profissional..................................................................... 8


Figura 2 Organização do estudo. ................................................................................................................. 24
Figura 3 Relação entre as várias etapas do estudo e identificação das variáveis independentes e
dependentes, em cada etapa. ....................................................................................................... 29
Figura 4 Exemplificação da Grelha de análise, efectuada em EXCEL, para auxiliar a Etapa 2
deste estudo. ................................................................................................................................ 34
Figura 5 Exemplificação da Grelha de análise, efectuada em EXCEL, para auxiliar a Etapa 3 e
4 deste estudo. ............................................................................................................................. 37
Figura 6 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de
matriz simples Somerville, para determinação da Magnitude do Risco (R)................................ 41
Figura 7 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de
matriz simples (3x3), para determinação da Magnitude do Risco (R). ....................................... 44
Figura 8 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de
matriz simples CRAM, para determinação da Magnitude do Risco (R)...................................... 47
Figura 9 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de
matriz simples (4x4), para determinação da Magnitude do risco (R). ........................................ 48
Figura 10 Relação entre as variáveis Frequência (F) e Severidade (S), segundo o método de
matriz simples (5x4), para determinação da Magnitude do risco (R). ........................................ 50
Figura 11 Fluxograma do processo de associação entre variáveis (Método de matriz composta
CM).............................................................................................................................................. 54
Figura 12 Relação entre as variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de deficiência (ND),
segundo o método de matriz composta CM, para determinação do Nível de
probabilidade (NP)...................................................................................................................... 56
Figura 13 Relação entre as variáveis Nível de severidade (NS) e Nível de probabilidade (NP),
segundo o método de matriz composta CM, para determinação da Magnitude do
risco (R). ...................................................................................................................................... 57
Figura 14 Fluxograma do processo de associação entre variáveis (Método de matriz composta
NTP330). ..................................................................................................................................... 59
Figura 15 Relação entre as variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de deficiência (ND),
segundo o método de matriz composta NTP330, para determinação do Nível de
probabilidade (NP)...................................................................................................................... 61
Figura 16 Relação entre as variáveis Nível de consequência (NC) e Nível de probabilidade
(NP), segundo o método de matriz composta NTP330, para determinação da
Magnitude do risco (R)................................................................................................................ 63
Figura 17 Fluxograma do processo de associação entre variáveis (Método de matriz composta
DGEMN). .................................................................................................................................... 64
Figura 18 Relação entre as variáveis Nível de Gravidade (NC) e Nível de probabilidade (NP),
segundo o método de matriz composta DGEMN, para determinação da Magnitude
do risco (R). ................................................................................................................................. 66

Filipa Carvalho ix
Índice de Tabelas

3. Índice de Tabelas

Tabela 1 Vantagens e Limitações associadas aos métodos de Valoração do risco...................................... 16


Tabela 2 Síntese das tarefas analisadas. ...................................................................................................... 25
Tabela 3 Variáveis estudadas, de acordo com as etapas do estudo. ............................................................ 28
Tabela 4 Síntese das principais características dos métodos utilizados neste estudo (durante a
Etapa 3 e 4). ................................................................................................................................ 35
Tabela 5 Escalas de Probabilidade (P) e Gravidade (G) (Método matriz simples Somerville). .................. 41
Tabela 6 Índice de risco (Método matriz simples Somerville)...................................................................... 42
Tabela 7 Escala de Probabilidade (P) (Método matriz simples (3x3))......................................................... 43
Tabela 8 Escala de Probabilidade (P)(Método matriz simples (3x3)). ........................................................ 43
Tabela 9 Índice de risco e Prioridade de Intervenção (Método matriz simples (3x3))................................. 45
Tabela 10 Escala de Gravidade (G) (Método matriz simples CRAM).......................................................... 46
Tabela 11 Escala de Probabilidade (P) (Método matriz simples CRAM). ................................................... 46
Tabela 12 Escalas de Probabilidade (P) e Gravidade (G) (Método matriz simples (4x4)).......................... 48
Tabela 13 Índice de risco e Prioridade de Intervenção (Método matriz simples (4x4))............................... 49
Tabela 14 Escala de Frequência (F) (Método matriz simples (5x4)). .......................................................... 50
Tabela 15 Escala de Severidade (S) (Método matriz simples (5x4)). ........................................................... 50
Tabela 16 Índice de risco e Prioridade de Intervenção (Método matriz simples (5x4))............................... 51
Tabela 17 Escala de Frequência (F) (Método matriz composta - P). .......................................................... 52
Tabela 18 Escala de Severidade (S) (Método matriz composta - P)............................................................. 52
Tabela 19 Escala de Procedimentos e condições de segurança (Ps) (Método matriz composta -
P). ................................................................................................................................................ 53
Tabela 20 Escala de Nº de pessoas afectadas (N) (Método matriz composta - P). ...................................... 53
Tabela 21 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida
(Método matriz composta P). ................................................................................................... 53
Tabela 22 Escala de Nível de exposição (NE) (Método de matriz composta CM). ................................... 55
Tabela 23 Escala de Nível de deficiência (ND) (Método de matriz composta CM). ................................. 55
Tabela 24 Escala de Nível de probabilidade (NP) (Método de matriz composta CM).............................. 56
Tabela 25 Escala de Nível de severidade (NS) (Método de matriz composta CM). .................................. 57
Tabela 26 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida
(Método de matriz composta CM). ........................................................................................... 58
Tabela 27 Escala de Nível de exposição (NE) (Método de matriz composta NTP330). ............................ 59
Tabela 28 Escala de Nível de deficiência (ND) (Método de matriz composta NTP330). .......................... 60
Tabela 29 Escala de Nível de probabilidade (NP) (Método de matriz composta - NTP330). ...................... 61
Tabela 30 Escala de Nível de consequência (NC) (Método de matriz composta NTP330). ...................... 62
Tabela 31 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida
(Método de matriz composta NTP330)..................................................................................... 63
Tabela 32 Escala de Nível de exposição (NE) (Método matriz composta DGEMN)................................. 65
Tabela 33 Escala de Nível de procedimentos de segurança (NPS) (Método matriz composta
DGEMN). .................................................................................................................................... 65
Tabela 34 Interpretação do Nível de probabilidade (NP) (Método matriz composta DGEMN). .............. 65
Tabela 35 Escala de Nível de gravidade (Método matriz composta DGEMN). ........................................ 66
Tabela 36 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida
(Método de matriz composta DGEMN). ................................................................................... 67
Tabela 37 Escala de Factor consequência (Fc) (Método WTF)................................................................... 68
Tabela 38 Escala de Factor exposição (Fe) (Método WTF). ....................................................................... 68
Tabela 39 Escala de Factor probabilidade (Fp) (Método WTF).................................................................. 69
Tabela 40 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida
(Método WTF). ............................................................................................................................ 70
Tabela 41 Factor custo (fc) (Método WTF).................................................................................................. 71
Tabela 42 Grau de correcção (gc) (Método WTF). ...................................................................................... 71
Tabela 43 Índice de Justificação (J) versus Grau de actuação (Método WTF)............................................ 71
Tabela 44 Síntese dos dados obtidos para cada uma das variáveis analisadas na Grelha de
EXCEL (criada para a recolha de dados na Etapa 2)................................................................. 76
Tabela 45 Tipo de risco vs Categorias de riscos. ......................................................................................... 77

Filipa Carvalho xi
Índice de Tabelas

Tabela 46 Síntese de alguns dos resultados obtidos pelos métodos com 3 níveis de Índice de
risco........................................................................................................................................... 81
Tabela 47 Síntese de alguns dos resultados obtidos pelos métodos com 4 níveis de Índice de
risco........................................................................................................................................... 83
Tabela 48 Síntese de alguns dos resultados obtidos pelos métodos com 5 níveis de Índice de
risco........................................................................................................................................... 85
Tabela 49 Tipo / Categorias de riscos que foram integradas no teste de Friedman para testar a
H02 deste estudo. ....................................................................................................................... 93
Tabela 50 Tipo / Categorias de riscos que foram integradas no teste de Friedman para testar a
H02 deste estudo. ....................................................................................................................... 94
Tabela 51 Relação entre o tipo de risco e os métodos que se revelaram mais potentes, do ponto
de vista da protecção do trabalhador. .................................................................................... 131
Tabela 52 Síntese dos resultados obtidos nos testes correspondentes à H01.............................................. 132
Tabela 53 Síntese dos resultados obtidos nos testes correspondentes à H02.............................................. 133

xii Filipa Carvalho


Índice de Gráficos

4. Índice de Gráficos

Gráfico 1 Caracterização das tarefas (nº de casos avaliados), segundo, as variáveis em estudo................ 76
Gráfico 2 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz simples
Somerville.................................................................................................................................. 79
Gráfico 3 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz simples CRAM............... 79
Gráfico 4 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz composta CM. ............... 80
Gráfico 5 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz simples (4x5). ................... 82
Gráfico 6 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz composta
NTP330. .................................................................................................................................... 82
Gráfico 7 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz composta
DGEMN..................................................................................................................................... 82
Gráfico 8 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz simples (3x3). ................... 84
Gráfico 9 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz simples (4x4). ................... 84
Gráfico 10 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz composta P.................. 85
Gráfico 11 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método WTF. ......................................... 85
Gráfico 12 Distribuição dos riscos avaliados por Tipo/categoria de Risco................................................. 92

Filipa Carvalho xiii


Índice de Quadros

5. Índice de Quadros

Quadro 1 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco (Output SPSS). .................................................................................................. 87
Quadro 2 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco............................................................................. 87
Quadro 3 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco (Output SPSS). .................................................................................................. 88
Quadro 4 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco............................................................................. 88
Quadro 5 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco (Output SPSS). .................................................................................................. 89
Quadro 6 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco............................................................................. 90
Quadro 7 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R2 Risco Eléctrico (Output SPSS)................................ 95
Quadro 8 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco R2 Risco Eléctrico......................................... 95
Quadro 9 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS). .............. 96
Quadro 10 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco R4 Contacto directo PQ. ............................... 96
Quadro 11 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfícies
cortantes (Output SPSS)............................................................................................................ 97
Quadro 12 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras
(Output SPSS)............................................................................................................................ 98
Quadro 13 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco R7 Contacto directo/Inalação de
poeiras....................................................................................................................................... 98
Quadro 14 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R10 Exposição ao Ruído (Output SPSS)....................... 99
Quadro 15 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes níveis (Output SPSS). ........... 100
Quadro 16 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco R11 Queda a diferentes níveis...................... 101
Quadro 17 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R13 Risco de colisão (Output SPSS)........................... 102
Quadro 18 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de
Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de risco R13 Risco de colisão.................... 102
Quadro 19 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R14 Sobresforço (Output SPSS). ................................ 103
Quadro 20 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco R14 Sobresforço. .......................................... 103
Quadro 21 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao
mesmo nível (Output SPSS)..................................................................................................... 104
Quadro 22 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 3 níveis de Índice de risco risco R15
Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível............................................................ 104
Quadro 23 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R2 Risco Eléctrico (Output SPSS).............................. 106
Quadro 24 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de
Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R2 Risco Eléctrico. ..................... 106

Filipa Carvalho xv
Índice de Quadros

Quadro 25 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS). ............ 107
Quadro 26 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R4 Contacto directo PQ. ............................. 108
Quadro 27 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfícies
cortantes (Output SPSS).......................................................................................................... 109
Quadro 28 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R5 Contacto directo com superfícies
cortantes.................................................................................................................................. 109
Quadro 29 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras
(Output SPSS).......................................................................................................................... 110
Quadro 30 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R7 Contacto directo/Inalação de
poeiras..................................................................................................................................... 110
Quadro 31 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R10 Exposição ao Ruído (Output SPSS)..................... 111
Quadro 32 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de
Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R10 Exposição ao Ruído.............. 112
Quadro 33 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes níveis (Output SPSS). ........... 112
Quadro 34 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R11 Queda a diferentes níveis...................... 113
Quadro 35 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R13 Risco de colisão (Output SPSS)........................... 114
Quadro 36 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R13 Risco de colisão. ................................... 114
Quadro 37 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R14 Sobresforço (Output SPSS). ................................ 115
Quadro 38 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco R14 Sobresforço. .......................................... 115
Quadro 39 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao
mesmo nível (Output SPSS)..................................................................................................... 116
Quadro 40 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 4 níveis de Índice de risco risco R15
Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível............................................................ 116
Quadro 41 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R2 Risco Eléctrico (Output SPSS).............................. 119
Quadro 42 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R2 Risco Eléctrico....................................... 119
Quadro 43 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS). ............ 120
Quadro 44 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R4 Contacto directo PQ. ............................. 120
Quadro 45 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfícies
cortantes (Output SPSS).......................................................................................................... 122
Quadro 46 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R5 Contacto directo com superfícies
cortantes.................................................................................................................................. 122
Quadro 47 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras
(Output SPSS).......................................................................................................................... 123
Quadro 48 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R7 Contacto directo/Inalação de
poeiras..................................................................................................................................... 123

xvi Filipa Carvalho


Índice de Quadros

Quadro 49 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R10 Exposição ao Ruído (Output SPSS)..................... 124
Quadro 50 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R10 Exposição ao Ruído. ............................. 124
Quadro 51 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes níveis (Output SPSS). ........... 126
Quadro 52 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R11 Queda a diferentes níveis...................... 126
Quadro 53 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R13 Risco de colisão (Output SPSS)........................... 127
Quadro 54 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R14 Sobresforço (Output SPSS). ................................ 129
Quadro 55 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco R14 Sobresforço. .......................................... 129
Quadro 56 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de
Índice de risco na categoria de risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao
mesmo nível (Output SPSS)..................................................................................................... 130
Quadro 57 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman
aos métodos com 5 níveis de Índice de risco risco R15
Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível............................................................ 130

Filipa Carvalho xvii


Introdução

INTRODUÇÃO

Somavia, nas Directrizes Práticas da Organização Internacional do Trabalho (OIT), refere que nos
dias de hoje o progresso tecnológico e as profundas pressões competitivas dão origem a rápidas
mudanças nas condições de trabalho, nos processos de trabalho e na organização de trabalho (OIT,
2002). Refere, também, que a protecção dos trabalhadores contra as enfermidades, doenças e
lesões relacionadas com o trabalho faz parte da missão histórica da OIT , salientando a importância
que o trabalho seguro representa para a produtividade e crescimento económico.

Julga-se ainda pertinente dizer que a OIT estima que todos os anos ocorrem, no mundo, cerca de
270 milhões de acidentes de trabalho e que são registadas aproximadamente 160 milhões de
doenças profissionais, de que resulta a morte de mais de 2 milhões de trabalhadores.

De acordo com a Fenprof, são enormes os custos económicos originados por esta situação,
ultrapassando 4% do PIB mundial e são incalculáveis os custos sociais e pessoais (Fenprof, 2005).

Ainda segundo a Fenprof (2005), o balanço efectuado à sinistralidade na última década refere
quase 3 milhões de acidentes de trabalho, que causaram a morte de mais de 7 mil trabalhadores,
provocaram a perda de 6 milhões de dias de trabalho e custaram ao país 30 milhões de Euros (no
total de custos directos e indirectos). Anualmente, continuam a ocorrer cerca de 200 a 300 mil
acidentes de trabalho, de que resulta a morte de centenas de trabalhadores e milhares de feridos e
incapacitados. .

Esta mesma fonte, acrescenta Quanto a doenças profissionais a situação é também alarmante,
verificando-se nos últimos anos um crescimento muito significativo de doenças relacionadas com
trabalhos que sujeitam os trabalhadores à exposição e manuseamento de substâncias químicas;
doenças da audição (surdez) e fadiga física e psíquica devido à exposição ao ruído; lesões
adquiridas na execução de tarefas e movimentos repetitivos (tendinites); doenças relacionadas com
as mais diversas formas de violência nos locais de trabalho (stress laboral). Neste caso em
particular, a ausência de dados estatísticos é ainda mais grave, pois continua a verificar-se um
inaceitável incumprimento da lei no que respeita à participação obrigatória do diagnóstico de
doença profissional ao Centro Nacional de Protecção contra Riscos Profissionais. .

Filipa Carvalho 1
Introdução

De facto, em Portugal, apesar da insuficiência de indicadores reveladores da realidade em toda a


sua extensão, os dados que vão sendo conhecidos, mesmo com significativos atrasos, colocam-nos
como um dos países com maior sinistralidade laboral na União Europeia.

De um modo geral, os sectores de actividade que surgem no topo das estatísticas, com mais
acidentes de trabalho, referem-se às indústrias extractivas e à construção . De acordo com a
Direcção Geral de Estudos, Estatística e Planeamento, esta realidade é ainda mais marcada quando
se faz referência aos acidentes de trabalho mortais (DGEEP, 2001). Contudo, e apesar do peso que
os acidentes mortais representam para a sociedade em geral, e para as empresas em particular, o seu
número é ainda reduzido face à totalidade dos acidentes ocorridos, pois, o número total de
acidentes apurados em 2001 foi de 244 936, dos quais apenas 365 foram mortais (0,14%).

Segundo a mesma fonte, constata-se que 85% dos acidentes ocorridos em 2001 se ficaram a dever a
quatro tipos de contacto1, a saber:
Pancada por Objecto em Movimento, Colisão com não especificado ;
Constrangimento Físico do Corpo, Constrangimento Psíquico não especificado ;
Esmagamento em Movimento Vertical ou Horizontal sobre/contra um Objecto Imóvel , e
Contacto com Agente Material Cortante, Afiado, Áspero não especificado ,
que assumem proporção, tendencialmente, igual nos sectores de actividade com maior dimensão de
emprego/risco.

Todos estes dados salientam a precariedade das condições de trabalho actuais, apesar de a
Segurança e Saúde do Trabalho ser um direito que assiste a todos (artigo 4º do Decreto-Lei nº
441/91 de 14/11e o artigo 276º da Lei nº 99/2003, de 27/8), obrigando as empresas a estabelecer os
seus serviços de acordo com as suas características (nº 1 do artigo 219º da Lei nº 35/2004 de
29/07).

Este direito à Segurança e Saúde do Trabalho confere à Avaliação de Risco um lugar central nas
abordagens preventivas.

A preocupação de integrar a Avaliação de Risco na prevenção, é referida no artigo 4º da


Convenção nº 155 da OIT, onde se impõe aos estados membros da OIT a integração de uma
política nacional que seja coerente, em matéria de segurança e saúde dos trabalhadores e do

1
Modalidade da lesão, segundo a forma do acidente.

2 Filipa Carvalho
Introdução

ambiente de trabalho, e que tenha por objectivo a prevenção dos acidentes de trabalho e dos perigos
para a saúde dos trabalhadores, através da maior redução possível das causas dos riscos.

Na realidade, sendo a prevenção entendida como toda a acção para evitar ou diminuir os riscos
profissionais, julgamos ser lícito afirmar que a prevenção deve integrar o desenvolvimento
sistemático de uma sequência metodológica, capaz de contribuir para as adequadas disposições e
medidas a adoptar em todas as fases e domínios da actividade da empresa.

Nesta sequência metodológica, a Avaliação de Risco constitui, por sua vez, a etapa chave do
processo de prevenção, na medida em que, ao permitir conhecer a existência do risco, bem como a
sua natureza, contribui com informação muito importante para o planeamento das intervenções
preventivas adequadas.

Face ao exposto e a toda a conjuntura do trabalho actual, marcada pela globalização e forte
competitividade dos mercados, os serviços de Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho tornam-se
um imperativo indispensável à sobrevivência das organizações, independentemente do sector de
actividade em que se inserem, cujo objectivo primordial assenta na prevenção dos riscos
profissionais. No entanto, não nos podemos esquecer que no nosso quotidiano e enquanto
indivíduos, todos temos atitudes diferentes perante os riscos que enfrentamos (WBCSD, 2004).

Assim, ainda que a legislação seja essencial, é insuficiente em si, para chamar a atenção para todas
essas mudanças ou para estar actualizada face aos novos riscos sempre emergentes (OIT, 2002).

De facto, a evolução do trabalho nas últimas décadas, caracterizada por uma forte evolução
tecnológica, tem conduzido a profundas alterações das condições de trabalho e, consequentemente,
das suas exigências. Estas alterações, associadas à natureza do trabalho, podem ser responsáveis
por problemas diversos, cujas repercussões tanto se fazem sentir sobre o indivíduo (na sua vida
profissional e social), como no próprio sistema produtivo.

Em síntese, apesar de positivas, estas alterações são também desencadeadoras de novos agentes
agressores, habitualmente designados por Perigos que, consoante as condições externas e internas
do trabalho, se concretizam ou não em Risco.

Embora a Avaliação de Risco constitua uma obrigação legal, em termos metodológicos não
existem regras fixas sob a forma como esta deve ser realizada. Tendo presente que as avaliações de

Filipa Carvalho 3
Introdução

natureza semi-quantitativa (MASqt) se tornam, na maior parte dos casos, as ferramentas


disponíveis para levar a cabo as obrigações impostas pela legislação, já que são métodos
generalistas e geralmente de fácil aplicação, não podemos descorar a lacuna existente na validação
dos resultados das suas aplicações.

Com este estudo pretendeu-se realizar uma análise comparativa entre 10 métodos de avaliação de
risco de natureza semi-quantitativa (MASqt), integrando um duplo objectivo. Por um lado, perceber
se o Nível de Risco obtido pelos diferentes métodos utilizados é sempre idêntico, e por outro lado,
perceber se o tipo de risco em avaliação pode influenciar esses mesmos resultados.

A dissertação que agora se apresenta está organizada em duas partes.

A primeira parte, correspondente ao I Capítulo, faz um enquadramento teórico da temática em


estudo. Este, por sua vez, está dividido em dois sub-capítulos. O primeiro apresenta a revisão
bibliográfica e procura situar e sistematizar a temática estudada. No segundo apresenta-se o
problema em análise, ou seja, os objectivos e a pertinência do estudo.

A segunda parte refere-se ao estudo propriamente dito, realizado para a concretização dos
objectivos traçados. Esta parte integra 3 capítulos. O primeiro capítulo integra os planos
operacionais da metodologia utilizada. Faz referência às etapas do estudo, à amostra e ao protocolo
experimental, onde são definidas as variáveis do estudo e se descrevem as técnicas utilizadas para a
recolha de dados. Inclui ainda a descrição dos 10 métodos utilizados e do tratamento de dados
efectuado.

O segundo capítulo integra a apresentação e discussão dos resultados. Este capítulo está estruturado
em dois sub-capítulos que apresentam, separadamente, os resultados decorrentes das hipóteses
testadas. No final deste capítulo encontra-se uma síntese esquemática de todos os resultados.

Por último, o terceiro capítulo apresenta as conclusões, onde se procurou dar ênfase aos resultados
mais relevantes, de acordo com os objectivos do estudo. São também traçadas algumas
perspectivas de prolongamento do estudo realizado.

A terminar esta dissertação, é possível encontrar os anexos de apoio à realização deste estudo.

4 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

I. CAPÍTULO - ENQUADRAMENTO TEÓRICO

Neste capítulo começaremos por fazer uma breve apresentação do problema, a qual será dividida
em duas partes. Na primeira parte apresentaremos um breve enquadramento geral, visando situar a
temática escolhida. Na segunda será definido o problema, fazendo referência aos objectivos do
estudo, bem como à sua pertinência.

1. Enquadramento Geral
1.1 Avaliação de Risco (AR) - Conceitos de base
A terminologia utilizada na avaliação do risco é frequentemente confusa, já que, os mesmos
conceitos ou termos assumem diferentes significados (Bruce, s/ data; Hartlén, Fällman, Back, &
Kemakta, 1999). Desta forma, começar-se-á por esclarecer alguns dos termos fundamentais para a
interpretação da temática em questão.

Genericamente, pode considerar-se que uma Avaliação de Risco não é mais do que um exame
cuidadoso, realizado nos locais de trabalho, de forma a detectar os componentes, aí existentes,
capazes de causar dano(s) ao(s) trabalhador(es) expostos. Na prática, trata-se de um processo
dinâmico que reúne um duplo objectivo:
Estimar a Gravidade (magnitude) que um determinado risco pode ter para a saúde e segurança
dos trabalhadores, no trabalho, resultante das circunstâncias em que o perigo pode ocorrer.
Obter, na sequência do objectivo anterior, a informação necessária para que o empregador reúna
condições para uma tomada de decisão apropriada, nomeadamente informação sobre a
necessidade e o tipo de medidas preventivas a adoptar (Europeia, 1997; OIT, 2002; Roxo,
2003).

Subjacente à noção de Avaliação de Risco existem dois conceitos importantes a distinguir: o de


Perigo e o de Risco.
Embora a literatura seja unânime na definição destes dois conceitos, uma vez que se encontram no
centro de todo o processo, parece-nos importante clarificá-los.

Filipa Carvalho 5
Enquadramento Teórico

1.1.1 Perigo

De acordo com a norma NP 4397 (2001), o perigo é entendido como fonte ou situação com um
potencial para o dano, em termos de lesões ou ferimentos para o corpo humano ou de danos para a
saúde, para o património, para o ambiente do local de trabalho, ou uma combinação destes .
Refere-se à propriedade ou capacidade intrínseca de uma coisa (materiais, equipamentos, métodos
e práticas de trabalho,...) potencialmente causadoras de danos (seja sobre as pessoas ou no
ambiente) (Europeia, 1997). Na opinião de Miguel (2005) estes danos podem ser em termos de
lesões ou ferimentos para o corpo humano, de danos para a saúde, de danos para o ambiente do
local de trabalho ou uma combinação destes.
Segundo a Health and Safety Executive (HSE) (2003) o perigo significa ainda qualquer coisa que
pode causar dano/ferimento (produto químico, electricidade,...).
Segundo Stern & Fineberg (1996) in (Hartlén et al., 1999) (...) é um acto ou um fenómeno que
possui potencial para produzir dano .
Para Gadd, Deborah, & Balmforth (2003), o perigo refere-se à fonte do risco (...) é uma qualquer
situação, física ou objecto, que tem potencial para causar dano nas pessoas .

1.1.2 Risco

Também de acordo com a norma NP 4397 (2001), o risco é entendido como uma combinação da
Probabilidade e da(s) consequência(s) da ocorrência de um determinado acontecimento perigoso .
A mesma designação é assumida por Hartlén et al. (1999).
Para a Health and Safety Executive (HSE), o risco é uma Probabilidade, elevada ou baixa, de que
alguém irá ser ferido pelo perigo .
Para Xavier & Serpa (2006), o Risco também pode ser definido através das seguintes expressões:
combinação de incerteza e de dano;
razão entre o perigo e as medidas de segurança;
combinação entre o evento, a Probabilidade e suas consequências.

Em termos práticos, pensamos ser lícito considerar que o risco é a Probabilidade de alguém poder
sofrer um dano como consequência da exposição a um determinado perigo, evidenciando assim que
é a exposição ao perigo que faz emergir o risco, pelo que um perigo isolado jamais constituirá
risco. Por outras palavras, o risco é o resultado de uma relação estabelecida entre o perigo e as
medidas de prevenção e de protecção adoptadas para o controlar, já que, à medida que os níveis de
segurança aumentam, a Probabilidade do perigo se transformar em risco, diminui.

6 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

1.1.3 Avaliação de Risco

Ainda segundo a norma NP 4397 (2001), a Avaliação de Risco pode ser encarada como uma
ferramenta muito útil à tomada de decisões, fazendo mesmo parte integral de qualquer sistema de
gestão.
Alguns autores (Gadd et al., 2003) consideram a Avaliação de Risco como sendo a componente
essencial para a concretização das fases de planeamento e implementação , previstas nos Sistemas
de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho (SGSST).

Na realidade, pensamos que o processo de Avaliação de Risco deverá resultar na compreensão do


nível de significância que um dado risco representa para uma dada situação. Torna-se, assim,
promotor das decisões relacionadas com a implementação de medidas de controlo e redução do
mesmo.

A Avaliação de Risco constitui um processo dinâmico, uma vez que, os riscos profissionais que a
entidade patronal se vê obrigada a avaliar, quer no plano do enquadramento geral (Código do
trabalho Lei nº 99/2003 de 27 de Agosto, e sua regulamentação Lei nº35/2004 de 29 de Julho e
Decreto-Lei nº 441/91 de 14 de Novembro), quer no plano do enquadramento específico (como é o
caso dos diversos diplomas específicos de segurança e saúde no trabalho), não fica definitivamente
determinada, mas vai evoluindo à medida que alterações se vão efectuando, em função:
do desenvolvimento progressivo das condições de trabalho;
das investigações científicas em matéria de riscos profissionais, tal como previsto no Acórdão
de 15/11/2001, Proc. C-49/00 do tribunal de Justiça da União Europeia (Roxo, 2003).

Segundo Hartlén et al. (1999) e Roxo (2003), na Avaliação de Risco pretende-se conhecer em que
medida uma dada situação de trabalho é segura, ou por outras palavras, pretende-se objectivar se o
Nível de Risco é aceitável ou se outras medidas de controlo devem ser postas em prática para o
controlar e reduzir o risco.

Em síntese, pensa-se que na prática a Avaliação de Risco deverá ser realizada periodicamente, para
que qualquer alteração, quer em termos de produto, quer em termos de processo, não desencadeie
novas situações de perigo, possibilitando, assim, um acompanhamento progressivo e adequado dos
mesmos.

Filipa Carvalho 7
Enquadramento Teórico

1.2 Fases da Avaliação de Risco


Na opinião de Gadd et al. (2003) e Roxo (2003), a Avaliação de Risco deve compreender duas
fases:
A Análise de Risco, que visa determinar a Magnitude do risco;
A Valoração do Risco, que visa avaliar o significado que o risco assume.

A Figura 1 (adaptada de Roxo, 2003) esquematiza as duas fases da Avaliação de Risco, bem como
a sua relação num processo de gestão do risco.

Por Gestão de Risco entende-se o conjunto da avaliação do risco e do controlo do risco (...) que
compreende a aplicação sistemática de políticas de gestão, procedimentos e práticas de trabalho
para analisar, valorar e controlar o risco (Burriel Lluna in Roxo, 2003).

Identificação do Perigo e
possíveis consequências
A n á l i s e d e Ri s c o

Identificação das pessoas


expostos
A v a l i a ç ã o d e Ri s c o

Estimativa do
Risco
R=PxG
Ge s t ã o d o Ri s c o

Valoração do Risco

Controlo do Risco

Figura 1 Fases de um processo de gestão de risco profissional


(adaptado de Roxo, 2003).

1.2.1 Análise de Risco

A Análise de Risco, também designada por Avaliação de Risco (Hartlén et al., 1999) objectiva uma
análise pormenorizada, através da decomposição detalhada do objecto que foi seleccionado para
alvo de avaliação (uma simples tarefa, um local, um equipamento, uma situação, uma organização
ou até o próprio sistema...), visando, na opinião de Roxo (2003):

8 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

a caracterização dos riscos;


o seu modo de desenvolvimento;
a probabilidade de ocorrência;
a sua extensão;
e o potencial danoso.

Neste sentido, a concretização da Análise de Risco deve compreender 3 etapas, como se pode
visualizar na Figura 1:
Identificação do perigo e possíveis consequências;
Identificação das pessoas expostos;
Estimativa do risco (R = P x G).

1.2.2 Valoração do Risco

A valoração do risco corresponde à fase final da Avaliação de Risco e visa comparar a Magnitude
do risco com padrões de referência e estabelecer o grau de aceitabilidade do mesmo. Trata-se de
um processo de comparação entre o valor obtido na fase anterior Análise de Risco e um
referencial de risco aceitável (Roxo, 2003).
Nesta fase deve reunir-se informação que permita:
Avaliar as medidas de controlo implementadas;
Priorizar as necessidades de implementação de medidas de controlo;
Definir as acções de prevenção/correcção a implementar.

Em suma, o resultado desta fase deve permitir a definição das acções de melhoria, que podem
assumir carácter de curto ou longo prazo.

A noção de aceitabilidade do risco assume alguma ambiguidade na literatura consultada, já que,


para uns vem referida como sendo sinónimo de risco tolerável (Roxo, 2003), enquanto que para
outros, estes dois termos devem ser diferenciados (Uva & Graça, 2004; Worsell, 2000a).

De acordo com Fishhoff et al, in Roxo (2003) a aceitabilidade corresponde ao risco de acidente ou
falha que os actores de um sistema aceitam incorrer conscientemente, apesar de se dispor de
soluções conhecidas ou potenciais que, sem dúvida, podem ainda reduzir esse risco. No entanto,
tais soluções contêm um agregado de inconvenientes que levam à sua renúncia (tais como o seu
custo, o desempenho, a qualificação das pessoas,...). Em suma, de acordo com estes autores,
pensamos que a aceitabilidade do risco não se resume ao desconhecimento de medidas de controlo

Filipa Carvalho 9
Enquadramento Teórico

passíveis de eliminar o risco, mas sim, a um processo consciente na escolha da opção mais
aceitável.

Considerando que, de acordo com o Glossário de Saúde e Segurança do Trabalho (Uva & Graça,
2004), a tolerabilidade ou não tolerabilidade resulta no essencial da avaliação entre o custo do
controlo dos riscos e os benefícios daí resultantes. , pensamos que a noção de aceitabilidade do
risco é então comparável à noção de tolerabilidade, ou seja, de risco tolerável . Ainda de acordo
com o mesmo autor o custo é tolerável se a redução do risco não for possível tecnicamente ou se o
seu custo for desproporcionado em relação ao benefício obtido. .

No entanto, parece-nos que o risco, ao ser considerado aceitável quando a avaliação do risco
permite, à luz do conhecimento científico, determinar a mais baixa prioridade de gestão do risco
assume um entendimento diferente (Uva & Graça, 2004).

Em síntese, pensamos que a valoração do risco, em particular no domínio da Segurança, se refere a


um processo de definição qualitativa, o que envolve uma dimensão de considerável subjectividade.
Já no domínio da Higiene, pode-se considerar que um conjunto significativo de situações é alvo de
definição de valores quantitativos referenciados na legislação que estabelece prescrições quanto a
determinados riscos específicos (ex: níveis de ruído, dose de radiações ionizantes, níveis de acção e
valores limites de exposição a determinadas substâncias químicas,...).

1.3 Etapas da análise de risco

1.3.1 Identificação do perigo e possíveis consequências

Na identificação do perigo pretende-se verificar que perigos estão presentes numa dada situação de
trabalho e suas possíveis consequências, em termos dos danos sofridos pelos trabalhadores sujeitos
à exposição desses mesmos perigos.

A identificação das possíveis consequências pode assumir abordagens diversas consoante os


objectivos definidos. Assim, segundo Gadd et al. (2003), a identificação das possíveis
consequências decorrentes da exposição ao perigo pode recair na:
avaliação de Quem;
avaliação dos Efeitos, em termos físicos, da Severidade ou Gravidade do dano causado.

10 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

Segundo estes mesmos autores, citando IChemE (1985) existem dois tipos de Risco: Risco
Individual e Risco Social. Entendem por Risco Individual a Frequência com que um indivíduo
espera sofrer um dado nível de dano como consequência da realização de um determinado perigo
e por Risco Social a relação entre a Frequência e o número de pessoas atingidas devido a um nível
específico de dano, numa dada população, como consequência da realização do perigo .

Acrescentam ainda, citando agora AlChemE (1989), que os riscos Individuais e Sociais são
diferentes formas de apresentação da mesma combinação de Frequência e Consequência2.

Gadd et al. (2003) concluem que o Risco Individual é a medida do risco para um indivíduo em
particular, enquanto que, o Risco Social é a medida do risco para a sociedade como um todo.

Em síntese, podemos considerar que:


Se o objectivo for avaliar o Risco Individual, a estimativa da magnitude das consequências
pode ser obtida pela determinação da Severidade com que um determinado nível de dano será
experienciado ;
Se o objectivo for avaliar o Risco Social, a estimativa da magnitude das consequências pode ser
obtida pela determinação do número de pessoas que podem experienciar um específico nível de
dano.

Nesta etapa, os perigos associados à realização da actividade de trabalho podem decorrer do


resultado de um ou da combinação dos seguintes componentes: substâncias, máquinas, processos,
organização do trabalho, ambiente, modos operatórios, pessoas ou circunstâncias, pelo que, para a
sua concretização deve começar-se por reunir o máximo de informação pertinente, nas mais
variadas fontes disponíveis: legislação, manuais de instruções das máquinas, fichas de dados de
segurança das substâncias ou preparações perigosas, processos e métodos de trabalho, dados
estatísticos relativos à ocorrência de acidentes, experiência dos trabalhadores, normas
internacionais relevantes, entre outros (Gadd et al., 2003; Roxo, 2003).

Esta etapa é considerada por Gadd et al. (2003) como a mais crítica em todo o processo de uma
AR, na medida em que, um perigo não identificado é um perigo não avaliado e, consequentemente,
não controlado.

2
Entenda-se por Frequência e Consequência respectivamente a Probabilidade e Gravidade, ou seja, as duas variáveis
necessárias para a estimativa do risco (ver Figura 1, pg: 8)

Filipa Carvalho 11
Enquadramento Teórico

No que respeita às metodologias utilizadas para a identificação dos perigos, estas podem ser
definidas em função do objecto em análise, do âmbito da análise e dos recursos disponíveis. Esta
etapa deve ser convenientemente planeada e organizada, de forma a conseguir classificar-se as
diversas naturezas dos perigos existentes (ex: perigos associados aos processos de trabalho, às
fontes de energia, aos produtos, às máquinas, etc.). As técnicas mais utilizadas são: Listas de
verificação (check-list), entrevistas com elementos da empresa e brainstorming .

1.3.2 Identificação das pessoas expostas

A estimativa do risco (fase subsequente) prevê o conhecimento, objectivo ou subjectivo, da


Gravidade ou Severidade que um determinado dano pode assumir, bem como, da Probabilidade de
ocorrência do mesmo.
Esta Probabilidade de ocorrência vai depender:
do tipo de pessoas expostas, ou seja, consoante o nível de formação, sensibilização, experiência,
susceptibilidade individual, etc., será diferente a Probabilidade de sofrer um determinado nível
de dano;
da Frequência da exposição.

Quando a avaliação visa o Risco Social, a Gravidade ou Severidade vai depender do número de
pessoas que podem sofrer um determinado nível de dano (Gadd et al., 2003).

De acordo com algumas referências bibliográficas (Europeia, 1997; Gadd et al., 2003; HSE, 2003)
é importante considerar todas as pessoas que poderão estar expostas, ou seja, não só os
trabalhadores directamente afectos ao posto de trabalho em análise, mas também todos os outros
trabalhadores no espaço de trabalho. Importante ainda, é considerar também aqueles que podem
não estar sempre presentes, tais como: clientes, visitantes, construtores, trabalhadores de
manutenção, assim como grupos de sujeitos que possam ser particularmente vulneráveis:
trabalhadores jovens e inexperientes, grávidas e lactantes, trabalhadores deficientes,
trabalhadores com imunidade deficiente ou doença crónica, ou ainda trabalhadores que tomam
medicação passível de aumentar a sua susceptibilidade.

12 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

1.3.3 Estimativa do risco

Nesta fase, o objectivo consiste na quantificação da Magnitude do risco, ou seja, da sua criticidade.

Segundo diferentes autores (Fernandes, 2006; Gadd et al., 2003; Roxo, 2003), a Magnitude do risco
é função da Probabilidade de ocorrência de um determinado dano e da Gravidade a ele associada,
sendo representada pela equação (Eq. 1):

Risco (R) = Probabilidade (P) x Gravidade (G) (Eq. 1)

Na estimativa de cada uma das variáveis (P) e (G), devem ser tidas em consideração as medidas de
segurança já implementadas (ex. sistemas de detecção e combate a incêndio, protecção de
segurança num determinado equipamento, procedimentos de segurança associados à realização de
determinada tarefa, entre outros), uma vez que estas irão interferir na Magnitude do risco.

A estimativa destas duas variáveis assume particularidades consoante os métodos utilizados, isto é,
consoante se recorra a avaliações quantitativas, semi-quantitativas ou qualitativas. (Gadd et al.,
2003).

Assim, pensamos que a escolha do método deve ter em conta:


O objectivo da avaliação (Risco de quê?; Risco para quem?; Risco devido a quê?);
O nível de detalhe para a avaliação (necessário ou pretendido);
Os recursos disponíveis (humanos e técnicos);
A natureza dos perigos e respectiva complexidade.

1.4 Metodologias de Avaliação de Risco versus Métodos de Valoração


do Risco
Em termos metodológicos, não existem regras fixas sobre a forma como a Avaliação de Risco deve
ser efectuada. De qualquer modo, na intenção de uma avaliação deverão ser considerados dois
princípios que se revelam fundamentais (Europeia, 1997):
Estruturação da operação, de modo a que sejam abordados todos os perigos e riscos relevantes;
Identificação do risco, de modo a equacionar se o mesmo pode ser eliminado.
Qualquer que seja a metodologia que se pretenda implementar, a abordagem deverá ser comum e
integrar os seguintes aspectos (adaptado de Europeia, 1997):

Filipa Carvalho 13
Enquadramento Teórico

Caracterização do meio circundante do local de trabalho;


Identificação das tarefas realizadas;
Observação da actividade;
Consideração da opinião das pessoas envolvidas na avaliação;
Consideração de situações de referência;
Consideração de factores externos que podem afectar as condições de trabalho.

Em síntese, pensa-se que, as metodologias de Avaliação de Risco devem ser eficientes e


suficientemente detalhadas para possibilitar uma adequada hierarquização dos riscos e consequente
controlo. Tal como referem alguns autores (Gadd et al., 2003; HSE, 2006), o rigor das avaliações
deve ser proporcional à complexidade do problema e da magnitude previsível do risco envolvido.

Assim, e tal como já referido, nas fases de estimativa e valoração do risco, podem ser empregues
vários tipos de métodos:
Métodos de Avaliação Qualitativos (MAQl)
Métodos de Avaliação Quantitativos. (MAQt)
Métodos de Avaliação Semi-Quantitativos (MASqt)
que passaremos a apresentar, referindo de modo sucinto, as suas principais características,
vantagens e limitações.

1.4.1 Métodos de Avaliação Qualitativos (MAQl)

Os MAQl consistem em exames sistemáticos realizados nos locais de trabalho, com vista à
identificação de situações capazes de provocar dano às pessoas. Esta avaliação baseia-se numa
avaliação subjectiva da adequação das medidas preventivas adoptadas, não exigindo que se siga, de
forma explícita, todos os passos apresentados na Figura 1 (Gadd et al., 2003).
Geralmente, com os MAQl recorre-se a uma avaliação de cenários individuais, estimando os
diferentes riscos na base da resposta a questões do tipo o que acontecerá se....? .

Os MAQl referem-se a avaliações puramente qualitativas da Severidade e da Probabilidade, sem


que haja qualquer registo numérico associado.

Este tipo de método é apropriado para avaliar situações simples, cujos perigos possam ser
facilmente identificados pela observação e comparados com princípios de boas práticas, existentes
para circunstâncias idênticas.

14 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

Em síntese, podemos considerar que uma Avaliação de Risco deverá começar por uma avaliação
qualitativa que inclua considerações sobre as boas práticas utilizadas. No entanto, por vezes, torna-
se necessário o recurso a avaliações mais rigorosas, recorrendo-se então a avaliações quantitativas
ou semi-quantitativas.

1.4.2 Métodos de Avaliação Quantitativos (MAQt)

As avaliações quantitativas envolvem a quantificação objectiva dos diferentes elementos do risco,


nomeadamente, da Probabilidade e da Gravidade das consequências.

São métodos que visam obter uma resposta numérica da Magnitude do risco, pelo que, o cálculo da
Probabilidade faz recurso a técnicas sofisticadas de cálculo que integram dados sobre o
comportamento das variáveis em análise. Permitem determinar um padrão de regularidade na
Frequência de determinados eventos. A quantificação da Gravidade recorre a modelos
matemáticos de consequências, de forma a simular o campo de acção de um dado agente agressivo
e o cálculo da capacidade agressiva em cada um dos pontos desse campo de acção, estimando então
os danos esperados (Roxo, 2003).

Este tipo de métodos é particularmente útil nos casos de risco elevado ou de maior complexidade
(ex.: na indústria nuclear, na indústria química, etc..). Para a aplicação de MAQt existe uma
variedade de metodologias e técnicas especiais que devem ser utilizadas na etapa da identificação
dos perigos. A especificidade destas metodologias e técnicas recomenda que não devem ser
utilizadas de modo indiscriminado para qualquer situação. Na opinião de Gadd et al. (2003) as
diversas metodologias e técnicas disponíveis apresentam diferentes níveis de robustez e fragilidade.

As técnicas que abaixo se apresentam são habitualmente utilizadas na identificação dos perigos, em
particular nos processos químicos industriais:
Preliminary Hazards Analysis (PHA); Hazard and Operability Study (HazOP);
Failure Mode and Effects Analysis(FMEA); Even Tree Analysis (ETA);
Fault Tree Analysis (FTA); Task Analysis;
...

Orientações sobre o modo de utilização, a aplicabilidade, as vantagens e desvantagens, destas


técnicas de identificação de perigos podem ser encontradas em IChemE (1996) e Glossop,
Ioannides, & Gould (2000).

Filipa Carvalho 15
Enquadramento Teórico

1.4.3 Métodos de Avaliação Semi-Quantitativos (MASqt)

Quando a avaliação realizada pelos MAQl se torna insuficiente para alcançar uma adequada
valoração de risco e, a complexidade subjacente aos MAQt não justifica o custo associado à sua
aplicação, pode recorrer-se a MASqt.
Nestes, estima-se o valor numérico da Magnitude do risco profissional (R), a partir do produto
entre a estimativa da Probabilidade do risco (P) se materializar e a Gravidade esperada (G) das
lesões (de acordo com a (Eq. 1)). Para a aplicação deste método é necessário construir a escala de
hierarquização da Probabilidade, da Gravidade e do Índice de risco.

Após esta referência aos diferentes tipos de métodos, apresentamos, na Tabela 1 as principais
vantagens e limitações que lhes estão associados.

Tabela 1 Vantagens e Limitações associadas aos métodos de Valoração do risco.

MÉTODOS VANTAGENS LIMITAÇÕES


Métodos simples, que não requerem
São subjectivos por natureza;
quantificação nem cálculos;
Dependem muito da experiência dos
Não requerem identificação exacta das
MAQl consequências;
avaliadores;
Não permitem efectuar análises
Tornam exequível o envolvimento dos
Custo/Benefício.
diferentes elementos da organização.

Apresentam complexidade e morosidade


de cálculos;
Necessitam de metodologias
Permitem resultados objectivos estruturadas necessitam de dispor de
(mensuráveis); base de dados experimentais ou
Permitem a análise do efeito da históricos de adequada fiabilidade e
implementação de medidas de controlo representatividade;
de risco; São bastante onerosos requerem
MAQt recursos humanos experientes e com
Permitem efectuar análises
Custo/Benefício; formação adequada;
Assumem linguagem objectiva Requerem elevada quantidade e tipo de
(facilitando a sensibilização da informação;
administração). Revelam dificuldade na valoração
quantitativa do peso da falha humana
(erro de decisão, de comunicação, entre
outros).

Métodos relativamente simples;


Apresentam subjectividade associada
Identificam as prioridades de aos descritores utilizados nas escalas de
intervenção através da identificação dos avaliação;
MASqt principais riscos;
São fortemente dependentes da
Sensibilizam os diferentes elementos da experiência dos avaliadores.
organização.

16 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

2. Definição do Problema
Actualmente, a ausência de princípios ergonómicos na concepção dos postos de trabalho é
reconhecida como um factor que serve de travão ao aumento da produtividade e à melhoria da
qualidade dentro das empresas. Na realidade, uma concepção não ergonómica, origina
frequentemente uma falta de motivação nos trabalhadores envolvidos e uma elevada prevalência de
doenças profissionais. Tais factos podem conduzir a elevados custos para a empresa que, por vezes,
se objectivam no aumento do absentismo, do turn-over e dos próprios acidentes de trabalho.

A Ergonomia, ao perspectivar a optimização das interacções entre o ser humano e o meio que o
rodeia, segundo critérios de segurança, eficiência e conforto, torna indubitável que a eliminação
e/ou controlo de todos os perigos, ou factores de nocividade, presentes em qualquer situação de
trabalho e/ou utilitária, estão patentes no seu objectivo geral, reflectindo uma clara orientação no
sentido da promoção da saúde e segurança.

Do exposto nos pontos anteriores, podemos dizer que a Avaliação de Risco constitui o elemento
central de todo o processo de prevenção, na medida em que, ao permitir conhecer a existência dos
riscos, bem como a sua natureza, contribui com informação, como já referimos, para o planeamento
das intervenções preventivas adequadas.

Na maior parte dos casos, a legislação não determina que tipo de método de Avaliação de Risco
deve ser utilizado. No entanto, como foi referenciado no ponto 1.4, diversos são os métodos
disponíveis, pelo que a selecção deve ser adequada ao nível de complexidade do sistema em
análise.

Tendo em consideração as limitações associadas às avaliações quantitativas, em particular a


complexidade envolvida e os custos associados (decorrentes do tempo requerido, da formação
exigida aos profissionais que a aplicam, etc.) as avaliações semi-quantitativas e qualitativas
merecem uma atenção especial, já que se tornam, na maior parte dos casos, as ferramentas
disponíveis para levar a cabo as obrigações impostas pela legislação. Não obstante, as vantagens
destas avaliações mais expeditas, os resultados das suas aplicações são praticamente
desconhecidas.

Na realidade, na bibliografia consultada sobre a Avaliação de Risco, a maioria dos estudos e


publicações centra-se no sector industrial, envolvendo particularmente os métodos de Avaliação de

Filipa Carvalho 17
Enquadramento Teórico

Risco de natureza quantitativa. No que diz respeito a este tipo de avaliações foi possível encontrar,
na revisão bibliográfica já efectuada, orientações detalhadas que vão desde os procedimentos gerais
de uma Avaliação de Risco (etapas, conceitos, características) às orientações específicas, em
função do contexto da sua aplicação (processo químico, industrial, nuclear, petrolíferas, etc.). Em
contrapartida, as avaliações qualitativas ou semi-quantitativas, são muito menos exploradas, já que
escassos foram os trabalhos científicos encontrados. À excepção do método de William T. Fine
(1971), constatámos que, a maioria das abordagens apresentam um carácter empírico, sendo da
responsabilidade de cada empresa/instituição ou organização elaborar as suas próprias grelhas de
valoração do risco, à luz das respectivas especificidades e no âmbito do seu sistema de gestão da
segurança e saúde no trabalho.

Apesar da liberdade existente na aplicação da avaliação semi-quantitativa, a literatura é unânime no


que respeita ao facto de considerar que as matrizes utilizadas devem ser capazes de fazer a
descriminação entre os diferentes níveis de risco presentes numa dada situação, imputando às
escalas utilizadas (de Probabilidade e Gravidade), a respectiva responsabilidade no alcance desse
objectivo (Gadd et al., 2003; HSE, 2006).

2.1 Objectivos do estudo


Tendo presente o exposto anteriormente, consideramos a aplicação de métodos de Avaliação de
Risco de natureza semi-quantitativa como o problema fulcral deste estudo. De facto, a importância
que eles assumem na maioria das situações de trabalho leva-nos a pensar que é necessário descobrir
informação mais precisa sobre o resultado que estes métodos proporcionam. Entendemos que
estudos desta natureza são cada vez mais urgentes, sob pena de não se alcançarem os verdadeiros
objectivos para que são utilizados, em particular a:
Identificação dos riscos que ultrapassam os níveis aceitáveis ou toleráveis;
Hierarquização dos riscos encontrados de acordo com as prioridades de intervenção.

Em síntese, realizou-se um Estudo comparativo entre diferentes métodos de Avaliação de Risco


de natureza Semi-quantitativa em Situação Real de Trabalho. Com este estudo procurou-se dar
resposta às seguintes questões:

Q1 Será que o Nível de Risco obtido, pelos diferentes MASqt utilizados, é idêntico para cada
um dos riscos/consequências associadas? .

18 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

Q2 Será que o tipo de risco em avaliação influencia o Nível de Risco obtido pelos diferentes
MASqt utilizados? .

As questões formuladas conduziram-nos à formulação das seguintes Hipóteses Nulas:

H0 -1 Não existem diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pela aplicação dos
diferentes MASqt.
H0 -2 O tipo de risco em avaliação não influencia significativamente o Nível de Risco obtido pela
aplicação dos diferentes MASqt.

Para testarmos as hipóteses atrás formuladas, recorreu-se à situação de trabalho de operadores de


manutenção de uma empresa que opera no mercado da Saúde e Bem-estar, que por questões de
confidencialidade não será aqui identificada.

A opção por este sector de actividade prendeu-se com os seguintes aspectos: o tempo requerido
para realizar uma dissertação de mestrado e, consequentemente, a facilidade quer no acesso, e quer
na obtenção de um consentimento favorável por parte da empresa. Ainda que estes aspectos tenham
sido pessoalmente sentidos, tornaram-se critério de selecção após várias reflexões. Para tal, muito
contribuiu a leitura de Fortin (1999) que aponta estes critérios como sendo essenciais à
exequibilidade de qualquer projecto.

Para além do acima exposto, também consideramos que este sector de actividade se revela de
importância, já que, não foram encontrados estudos em contextos similares, apesar de a legislação
ser clara na obrigatoriedade da Avaliação de Risco em todo e qualquer posto de trabalho,
independentemente da sua natureza ou do sector em que este se insira.

De acordo com Bruce, Fred, & Donald (2003), os operadores de manutenção são reconhecidos
como o grupo de trabalhadores que sofre danos de maior dimensão, facto que se deve,
parcialmente, ao elevado número e diversidade de riscos associados à natureza do trabalho.

Na realidade, não podemos esquecer que as tarefas de manutenção assumem uma particular
importância na segurança dos sistemas de trabalho, qualquer que seja o contexto. Estas tarefas
devem ser realizadas por pessoal com formação especializada, pois exigem uma gama variada de
competências para a resolução de problemas inerentes à variabilidade das situações. Para aqueles
mesmos autores, o trabalho de manutenção é frequentemente perigoso porque a segurança dos

Filipa Carvalho 19
Enquadramento Teórico

operadores que realizam este tipo de tarefas não é adequadamente considerada aquando da
concepção dos equipamentos ou da sua disposição nos locais de trabalho. Tal facto,
frequentemente, conduz o operador de manutenção a invalidar ou anular as protecções de
segurança dos equipamentos de forma a conseguir realizar o seu próprio trabalho.

2.2 Pertinência do estudo


Segundo Fortin (1999), existem alguns elementos que justificam a pertinência de um estudo,
destacando, entre outros a actualidade da questão e a importância ou significado que a questão
representa para o objectivo traçado.

2.2.1 Actualidade da questão

a questão deve ser actual, isto é (...) pertinente para a prática profissional (...) (Fortin, 1999).

Actualmente é reconhecido que a Avaliação de Risco não deve ser utilizada apenas nas situações
em que há uma ameaça de perigo iminente mas, também, como uma ferramenta de melhoria da
produtividade e eficiência dos sistemas. Esta afirmação é corroborada por Bruce et al. (2003) ao
dizerem que (...) as empresas que realizam avaliações de riscos, encontram frequentemente maior
número de perigos e melhores soluções para a redução dos riscos associados, resultando estas
acções em menos tempo gasto em reparações, menores custos e maior produtividade.

Se considerarmos os objectivos da Ergonomia, onde a melhoria da produtividade surge como um


dos critérios sempre presente, então a Avaliação de Risco pode ser considerada uma ferramenta
extremamente útil para a prática profissional do ergonomista.

Consideramos ainda que, a imposição legal relativa a esta temática vem reforçar a pertinência deste
estudo. Na realidade, tendo presente os princípios gerais da prevenção, referidos em vários
diplomas legais (Directiva 89/391/CEE de 12/06 artigo 6º, Lei nº 99/2003 de 27/08 artigo 273º
e Decreto-lei nº 441/91 de 14/11 artigo 8ª), é evidente o lugar central que a Avaliação de Risco
assume em toda as abordagens preventivas. Este facto é ainda realçado pela sua referência em
todos os diplomas legais relativos à Segurança e Saúde no Trabalho, independentemente da sua
natureza.3

3
Existem diplomas relacionados com a Gestão da Segurança e Saúde nas empresas e diplomas específicos de
determinados tipos de Risco.

20 Filipa Carvalho
Enquadramento Teórico

Em suma, a Avaliação de Risco apresenta-se como uma temática extremamente actual, o que é bem
evidenciado pelo impacto que tem nos diversos encontros científicos na área da Segurança, Higiene
e Saúde no Trabalho. Pensamos que este facto é também um reforço na pertinência deste estudo.

2.2.2 Significado e importância da questão

Para além da importância social, qualquer problema de investigação deve ter potencial para
contribuir para o avanço de conhecimentos de uma dada disciplina ou para influenciar de alguma
maneira a prática profissional (...) (Fortin, 1999).

Considerando que no decurso da revisão bibliográfica não foram encontrados estudos relativos ao
problema definido, pensamos que esta falta vem reforçar a pertinência deste estudo, reunindo,
assim, potencial para a aquisição de novos conhecimentos.

Em síntese, tendo por base o objectivo central de qualquer Avaliação de Risco reduzir o risco a
níveis aceitáveis ou toleráveis já que o Nível de Risco nulo geralmente não é alcançável não nos
restam dúvidas sobre a importância que esta temática assume na actualidade do trabalho nas
empresas e nos objectivos da ERGONOMIA NA SEGURANÇA NO TRABALHO.

Filipa Carvalho 21
Metodologia

II. CAPÍTULO - METODOLOGIA

1. Etapas do estudo
O estudo aqui apresentado foi desenvolvido de acordo com o modelo esquematizado na Figura 2,
sugerindo uma organização em 4 etapas:

A primeira, Caracterização da Situação de Trabalho (operadores de manutenção), foi dividida em


duas partes:
Análise das características dos operadores (Condições Internas) orientada para a
caracterização dos sujeitos responsáveis por operações de manutenção (idade, género,
antiguidade/experiência profissional, habilitações, formação/sensibilização no âmbito da SHST,
queixas de saúde, entre outros).
Análise das características das tarefas (Condições Externas) orientada para a identificação e
caracterização das tarefas, quer em termos dos objectivos prescritos, quer em termos das
condições de execução (características das instalações, das ferramentas, dos materiais, dos
processos de trabalho, do ambiente físico-químico, das condições organizacionais, bem como,
dos equipamentos de protecção individual (EPI) disponibilizados).

A segunda, Identificação dos Perigos e associação dos potenciais riscos e das respectivas
consequências, compreendeu uma listagem dos perigos identificados e uma caracterização dos
potenciais riscos e das eventuais consequências. É de salientar que essas consequências foram
apenas analisadas em termos dos danos a que os trabalhadores poderiam estar sujeitos aquando da
exposição a esses mesmos perigos, deixando de lado qualquer avaliação, em termos de
consequências sociais.

A terceira, Estimativa do Risco, implicou a caracterização do Risco, em termos das variáveis


requeridas pelos 10 Métodos de Avaliação Semi-Quantitativos (MASqt) utilizados (Tabela 4),
nomeadamente, a Probabilidade ou Frequência de ocorrência, Gravidade ou Severidade das
consequências, Tempo de exposição, Nº de trabalhadores expostos, Procedimentos e condições de
segurança e, ainda, Nº de pessoas afectadas. Esta estimativa proporcionou a quantificação da
Magnitude do risco, ou seja, a sua Criticidade ou Grau de perigosidade.

A quarta, Valoração do Risco, permitiu a determinação da aceitabilidade do Risco. Esta


aceitabilidade decorreu da comparação da Magnitude do risco, encontrada na fase anterior, com o
Índice de risco proposto pelo método utilizado. A valoração proporcionou, então, a determinação

Filipa Carvalho 23
Metodologia

do Nível de Risco (ou seja, a variável em estudo) e, consequentemente, a hierarquização das


necessidades/prioridades de intervenção.

1ª ETAPA Caracterização da Situação de Trabalho


CARACTERÍSTICAS DAS TAREFAS CARACTERÍSTICAS DOS
(Condições externas) OPERADORES (Condições internas)
Objectivos Idade
Condições de execução Género
espaços de trabalho, meios Antiguidade / Experiência
técnicos, condições ambientais, Formação /Sensibilização no
condições organizacionais, EPI âmbito da SHST

2ª ETAPA Identificação dos Perigos e associação dos


potenciais riscos e das respectivas consequências

3ª ETAPA
Estimativa do Risco
R = F*G
(Escalas de avaliação de acordo com o método)

4ª ETAPA

Valoração do Risco
Índice de risco (de acordo com o método)

Figura 2 Organização do estudo.

24 Filipa Carvalho
Metodologia

2. Amostra
Para uma melhor compreensão do estudo, optámos por dividir a amostra pelos três tópicos que se
seguem:
Tarefas analisadas;
Operadores;
Riscos vs Consequências associadas

2.1 Tarefas analisadas


Para a concretização deste estudo foram seleccionadas 6 tarefas, de um total de 294 tarefas
previstas no plano de manutenções anual, da empresa onde foi feito o estudo.
A Tabela 2 sintetiza as tarefas que foram objecto de análise deste estudo, em termos de código,
descrição e periodicidade com que são realizadas.

Tabela 2 Síntese das tarefas analisadas.

Código da
Descrição Periodicidade
Tarefa
B13 Lavagem dos filtros das UTA s4 Quinzenal

Lavagem dos filtros (dos Ventiloconvectores) e verificação das


C7 Quinzenal
pastilhas DEO5

Intervenções no Quadro eléctrico (QE) corresponde à realização de


3 sub-tarefas:
I3,4,5 I3 Execução de reapertos de instalações eléctricas Anual
I4 Execução de medições de consumo de energia
I5 Execução da limpeza do interior do QE

J4 Execução da trasfega de Químicos (NaOCl6 e CTX-157) Semanal

J5 Execução da contra lavagem de filtros e recarga com Diatomite Semanal

J18 Lavagem do tanque de compensação do Jacuzzi e da Piscina Anual

4
UTA Unidade de Tratamento do Ar.
5
É um produto bactericida, algicída e fungicida destinado a prevenir e suprimir o crescimento da Legionella, entre outros
microorganismos, nos sistemas de ar condicionado.
6
NaOCl Hipoclorito de Sódio em solução.
7
CTX-15 preparação com Ácido Sulfúrico (38%).

Filipa Carvalho 25
Metodologia

2.2 Operadores8
A análise das tarefas, supra mencionadas, contou com a colaboração de 5 operadores, todos do
género masculino e com uma média de 29,4 anos de idade. Em termos de antiguidade na empresa,
40% dos operadores desempenhava funções há menos de 1 ano e os restantes 60% entre 1 a 3 anos.
No que se refere à experiência profissional em tarefas de manutenção, 60% ultrapassava os 6 anos
de experiência, enquanto 40% situava-se no intervalo de ]1 a 3 anos].

Em termos de hábitos de vida, 60% era não fumador e os restantes 40% dividiam-se entre
fumadores e ex-fumadores.

No período em que o estudo foi desenvolvido, apenas 40 % dos operadores faziam parte dos
quadros da empresa em análise.

É de salientar que apenas 60% dos operadores tiveram formação específica para a realização das
tarefas de manutenção executadas na empresa, sendo a tipologia dessa formação muito
diversificada: por vezes era dada uma formação teórica complementada com formação prática de
terreno, outras vezes a formação não passava de uma sensibilização passada no terreno, no acto da
execução das tarefas.

No que se refere à formação/sensibilização no âmbito da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho


(SHST), 40% dos operadores referiram ter formação, 20% referiram ter tido uma sensibilização e
os restantes 40% referiram não possuir qualquer conhecimento, formalizado, nessa matéria.

A formação/sensibilização referida no ponto anterior incidia nos seguintes campos:

a) Utilização de Substâncias Perigosas; f) Trabalho com Electricidade;


b) Movimentação Manual de Cargas; g) Equipamentos de Trabalho;
c) Perigos associados às tarefas de h) Sinalização de Segurança;
manutenção; i) Espaços Confinados;
d) Uso dos Meios de Combate a Incêndio; j) Primeiros socorros.
e) Sensibilização para o uso de
Equipamentos de Protecção Individual;

8
Entenda-se por operadores os indivíduos que foram objecto de observação durante a realização/análise das tarefas.

26 Filipa Carvalho
Metodologia

2.3 Riscos vs Consequências associadas


Tendo presente os objectivos deste estudo, a amostra utilizada para verificação das Hipóteses
apresentadas no ponto 2.1 do I Capítulo, foi constituída pelos riscos, ou mais precisamente pelas
potenciais consequências associadas aos riscos decorrentes dos perigos identificados na situação de
trabalho em estudo. Ou seja, a nossa amostra foi condicionada pelas características das tarefas
realizadas e pelas características dos operadores.

Assim, foram identificados 150 riscos, ou mais precisamente, 150 potenciais consequências
associadas aos riscos decorrentes dos perigos identificados para a globalidade das tarefas analisadas
na situação de trabalho em estudo.

3. Protocolo Experimental
3.1 Definição das Variáveis
A Tabela 3 sintetiza as variáveis estudadas, de acordo com as etapas do estudo. A análise da tabela
revela que as variáveis em estudo só foram verdadeiramente definidas após uma análise da situação
de trabalho.
A partir da análise da mesma tabela, procurámos evidenciar as variáveis, independentes e
dependentes, do nosso estudo.

Para tornar mais fácil a sua compreensão optámos por esquematizar o nosso raciocínio na Figura 3.
Assim, pela sua análise, podemos constatar que, consoante a etapa do estudo, a variável assumiu
uma determinada nomenclatura (dependente ou independente).

Em síntese, podemos concluir que, face ao estudo proposto Estudo comparativo entre diferentes
métodos de Avaliação de Risco de natureza Semi-quantitativa em Situação Real de Trabalho a
nossa variável verdadeiramente dependente é o Nível de Risco , sendo todas as outras assumidas
como independentes.

Filipa Carvalho 27
Metodologia

Tabela 3 Variáveis estudadas, de acordo com as etapas do estudo.

Etapas do estudo Variável a estudar

Idade, Género;
Caracterização da Situação de Trabalho

Análise das características dos Antiguidade / Experiência;


operadores Formação /Sensibilização no âmbito da SHST;
(condições internas)
Queixas de saúde;

etc.

Características das tarefas analisadas:


- Objectivos prescritos

Análise das características das - Condições de execução: características das


tarefas (condições externas) instalações; das ferramentas, dos materiais, dos
processos de trabalho, do ambiente físico-
1ª Etapa

químico, das condições organizacionais, e dos


equipamentos de protecção individual (EPI)
disponibilizados, etc..

2ª Etapa Variáveis resultantes da análise das variáveis da


etapa anterior
Identificação dos Perigos e associação dos
potenciais riscos e das respectivas
consequências

Exemplificação das possíveis variáveis desta etapa

Ex. de Perigos identificados Ex. de Riscos associados Ex. de Consequências associadas


Queimaduras, Dermatoses
Contacto directo com PQ
Produtos Químicos (PQ) Intoxicação; Irritação das vias
Inalação
respiratórias
Posturas incorrectas Sobresforço Transtornos músculo-esqueléticos
Electricidade Contacto directo/indirecto Choque eléctrico
Trabalho em altura Quedas a diferentes níveis Fracturas, Lesões múltiplas, Morte
Quedas ao mesmo nível,
Pavimento molhado Lesões múltiplas
escorregamento

3ª Etapa Probabilidade ou Frequência de Ocorrência;


Estimativa do Risco (R = F*G) Gravidade ou Severidade das consequências;
Tempo de exposição; Nº de trabalhadores expostos;
Observações: (o nº de variáveis utilizadas é Procedimentos e condições de segurança; Nº de
condicionado pelo método utilizado) pessoas afectadas; Magnitude do risco

4ª Etapa Magnitude do risco


Valoração do Risco Índice de risco

Nível de Risco

28 Filipa Carvalho
Metodologia

1ª Etapa
Variáveis Independentes Variáveis Dependentes

Todas as variáveis referidas nesta Não há.


etapa.

2ª Etapa
Variáveis Independentes Variáveis Dependentes

Todas as variáveis identificadas na 1ª Perigos identificados;


etapa. Potenciais riscos associados;
Consequências associadas.

3ª Etapa
Variáveis Independentes Variáveis Dependentes

As variáveis dependentes da 2ª etapa; Estimativa propriamente dita de cada


Escalas utilizadas (por cada método) variável aqui em estudo:
para a estimativa da Probabilidade ou Probabilidade ou Frequência de
Frequência de ocorrência; Gravidade ocorrência; Gravidade ou Severidade
ou Severidade das consequências; das consequências; Tempo de
Tempo de exposição; Nº de exposição; Nº de trabalhadores
trabalhadores expostos; Procedimentos expostos; Procedimentos e condições
e condições de segurança; Nº de de segurança; Nº de pessoas afectadas;
pessoas afectadas; Magnitude do risco.
Magnitude do risco

4ª Etapa
Variáveis Independentes Variáveis Dependentes

Das variáveis dependentes da 3ª etapa Nível de Risco.


apenas a Magnitude do risco;
Índice de risco (disponibilizado por
cada um dos métodos utilizados).

Figura 3 Relação entre as várias etapas do estudo e identificação das variáveis independentes e
dependentes, em cada etapa.

Filipa Carvalho 29
Metodologia

3.2 Recolha de dados


Para a recolha de dados recorremos à utilização de diversos métodos e instrumentos, de acordo com
a especificidade das etapas do estudo.

Assim, e para uma melhor compreensão do que foi feito, optámos por fazer a descrição dos
métodos e instrumentos utilizados, por etapa, apresentando em paralelo os objectivos e os
procedimentos subjacentes à sua aplicação.

3.2.1 Etapa 1

Na Caracterização da Situação de Trabalho, foi realizada uma pesquisa da legislação em vigor e


das normas internas existentes, com vista a um melhor enquadramento da Segurança, Higiene e
Saúde no Trabalho no sector de actividade em questão. No anexo 1 é possível consultar a lista da
legislação, Comunitária e Nacional, aplicável à situação em estudo e que foi objecto de análise.

Para a recolha dos dados relativos a esta etapa recorremos a um questionário, pesquisa documental,
observações sistematizadas, registo em vídeo e sonómetro.

3.2.1.1 Questionário

Para possibilitar uma caracterização adequada da situação de trabalho em estudo, nas suas duas
principais componentes (condições internas e externas) (Figura 1), optámos por elaborar um
questionário, aplicado sobre a forma de entrevista, o qual pode ser consultado no anexo 2.
O questionário elaborado é composto por duas partes distintas (A e B) com objectivos igualmente
distintos.
Assim, na parte A, procurámos caracterizar a população, alvo de observação, através da
determinação de indicadores como: idade, género, antiguidade, experiência profissional,
formação/sensibilização no âmbito da SHST, hábitos de vida, estado de saúde e doenças actuais9.
Com esta caracterização exaustiva da população, procurámos ter dados que nos possibilitassem
contemplar a susceptibilidade individual na determinação da Probabilidade e/ou da Gravidade10.

9
Diagnosticadas pelo médico ou suspeitas do operador. Esta parte do questionário resulta de uma adaptação do
questionário integrado na ferramenta Índice de Capacidade de para o Trabalho (Silva et al., 2001).
10
Duas das variáveis em permanente análise na Etapa 3 deste estudo (ver Figura 2).

30 Filipa Carvalho
Metodologia

Na parte B, procurámos recolher informação sobre a percepção do operador quanto às


características das tarefas, em geral, e em termos das condições para a sua execução. A este nível
foram contempladas questões para avaliar as características dos EPI11, das ferramentas de trabalho
e do ambiente de trabalho.

Na prática, procurámos recolher um conjunto de informação que, por não ser facilmente
identificada pela simples observação, nos auxiliasse na caracterização da situação em estudo e,
consequentemente, identificação das circunstâncias perigosas12.

3.2.1.2 Pesquisa documental

Tal como sugerem vários autores (Gadd et al., 2003; Roxo, 2003), os perigos associados à
realização da actividade de trabalho podem decorrer de um ou da combinação dos seguintes
componentes: substâncias, máquinas, processos, organização do trabalho, ambiente, modos
operatórios, pessoas ou circunstâncias. Para a sua identificação deve começar-se por reunir o
máximo de informação pertinente, nas mais variadas fontes disponíveis.

Assim, e por força da importância que esta documentação pode representar na identificação dos
perigos, foram objecto de análise os seguintes documentos: legislação e normas aplicáveis,
registos dos acidentes de trabalho ocorridos na empresa, plano das tarefas de manutenção,
características dos EPI disponibilizados, fichas de segurança dos produtos químicos utilizados,
características dos equipamentos alvo de manutenção, características das
ferramentas/equipamentos utilizadas, manual de saúde e segurança da empresa e relatório de
avaliações ambientais efectuadas.

Com esta análise documental procurou-se reunir informação pertinente que nos auxiliasse:
na escolha das tarefas a analisar;
na determinação dos conteúdos a contemplar no guia metodológico de observação13;
e na identificação dos perigos existentes14.

Por questões de confidencialidade, a informação analisada não será aqui apresentada.

11
Equipamentos de Protecção Individual.
12
Entenda-se a circunstância perigosa como a condição indispensável para a existência de um risco, já que esta é que
traduz a exposição efectiva do operador a um dado perigo existente. Um Perigo só representa risco se houver um
cenário de exposição.
13
Uma das técnicas utilizadas nesta etapa do estudo (ver ponto 3.2.1.3).
14
A partir do confronto entre o que era suposto existir e o que realmente existe (em matéria de EPI, equipamento,
ferramentas, etc.).

Filipa Carvalho 31
Metodologia

3.2.1.3 Observações sistematizadas

Na sequência da caracterização adequada da situação de trabalho em estudo, referida no ponto


3.2.1.1, optámos por elaborar uma Grelha de análise que designámos por Guia Metodológico de
Observação para Caracterização da Situação de Trabalho, o qual pode ser consultado no anexo 3.
Esta Grelha visou recolher informação relativa aos vários elementos constituintes do posto de
trabalho em estudo, tornando-se a ferramenta auxiliar do método de observação.
A consulta da legislação em vigor e dos manuais de Cabral & Veiga (2006), Roxo (2003) e Gallega
(2000) revelaram-se uma mais valia para a construção deste Guia.
Este guia está organizado por tópicos que procuram caracterizar os vários itens que determinam as
principais condições de execução do trabalho.
A lista que se segue sintetiza os principais tópicos abordados na referida Grelha:

A Condições Organizacionais;
B Equipamentos/Máquinas/Ferramentas
C Movimentação Manual de Cargas
D Outras acções vs Posturas
E Produtos Químicos
F Equipamentos de Protecção Individual (EPI)
G Características das Instalações
H Riscos Eléctricos

3.2.1.4 Registo em vídeo

O registo em vídeo foi a técnica escolhida para recolher imagens relativas à actividade de trabalho,
aquando da realização das tarefas seleccionadas, por possibilitar uma caracterização mais criteriosa
da mesma. Para o efeito, foi utilizada uma câmara digital SONY Handycam, modelo DCR-
DVD304E. Tal recolha foi possível, graças ao consentimento prévio dos operadores envolvidos.

No processo de selecção de imagem procurámos captar todas as etapas subjacentes à realização da


tarefa, com excepção da tarefa J18 (lavagem do tanque de compensação), que por questões de
incompatibilidade espaço-temporais não o permitiram.

32 Filipa Carvalho
Metodologia

3.2.1.5 Sonómetro

Para a caracterização da Situação de trabalho recorreu-se ainda ao uso de um Sonómetro digital da


Roline Digital Sound Level Meter RO 1350 e respectivo calibrador acústico.
O instrumento foi sujeito a uma verificação, no local de trabalho, antes de cada série de medições,
de acordo com o disposto no nº 2 do Anexo 1 do Decreto-lei nº 182/2006 de 06/09.
Com a utilização deste equipamento procurámos minimizar a subjectividade associada à avaliação
do parâmetro ambiental Ruído.

3.2.2 Etapa 2

Com base nos dados recolhidos na primeira etapa, passámos à Identificação dos Perigos e
associação dos potenciais riscos e das respectivas consequências (Figura 2). Nesta etapa
pretendeu-se elaborar, para cada uma das tarefas analisadas, uma listagem dos perigos identificados
e uma caracterização dos potenciais riscos15 e das eventuais consequências para, posteriormente (na
etapa que se segue), estas consequências serem analisadas em termos:
da Gravidade dos danos a que os trabalhadores podiam estar sujeitos, aquando da exposição a
esses mesmos perigos,
da Probabilidade de ocorrência desses mesmos danos, como consequência da realização dos
eventos ou da circunstância perigosa.

Para a concretização desta etapa foi criada uma Grelha de análise, em EXCEL, constituída por 8
campos:
Componentes da Situação de Trabalho;
Descrição da Situação ou da Tarefa;
Circunstância perigosa;
Perigo;
Riscos associados;
Consequência;
Medidas de Segurança;
Susceptibilidade Individual.

15
Aqui analisados apenas em termos de riscos individuais.

Filipa Carvalho 33
Metodologia

Com a construção desta Grelha objectivou-se reunir, num único ficheiro, toda a informação
recolhida na etapa anterior e que se encontrava dispersa em vários documentos. O preenchimento
desta Grelha foi feito individualmente para cada uma das 6 tarefas analisadas.
A Figura 4 exemplifica a Grelha de análise elaborada, sendo possível perceber que toda a nossa
análise teve como ponto de partida a variável Componente da Situação de Trabalho (ST).
Dentro deste campo foram avaliados aspectos como: Materiais utilizados; Processos de
trabalho/modos operatórios; Equipamentos; Equipamentos de Protecção individual; Espaço de
trabalho e Ambiente físico-químico.
A partir da identificação da Componente da ST a analisar, fez-se uma Descrição da situação
(relacionada com essa componente), depois identificava-se a Circunstância perigosa, por ventura
aí existente. De seguida evidenciava-se o Perigo16, o Risco a ele associado e as Consequências que
poderiam daí advir. Paralelamente existiam dois campos: Medidas de segurança e Susceptibilidade
Individual, que permitiram incluir informação oriunda dos questionários aplicados, do manual de
saúde e segurança da empresa, entre outros.

Componente da situação de trabalho Perigo Risco associado Medidas Segurança


Susceptibilidade Individual (relacionar com os
Componentes da ST avaliados Descrição da Situação ou da Tarefa Circunstância perigosa Perigo Riscos associados Consequência Medidas de Segurança
dados do Questionário)

Contacto directo com subst. perigosas (PQ) na pele Irritação, Vermelhidão e Queimaduras O operador apenas usa EPI quando realiza operações de
Contacto directo com subst. perigosas (PQ) ou dos seus trasfega, no entanto, nem todas as regiões corporais são
As linhas de injecção de Químicos (NaOCl e Projecção inadvertida de substâncias Conjuntivite / Edema ocular protegidas. A frequência deste espaço de trabalho não se
Produto Químico corrosivo vapores nos olhos -
CTX-15) encontram-se desprotegidas químicas com propriedades corrosivas Inalação de gases tóxicos decorrentes da junção entre os reduz às operações de trasfega sendo permamente a
dois produtos existentes no local de trabalho (NaOCl e Intoxicação; Irritação das vias respiratórias e olhos "descrição da situação" e consequentemente a probabilidade
Equipamentos de trabalho CTX-15) (base e ácido) de ocorrência da Situação perigosa

Existência de equipamentos sem sinalização O operador não teve formação expecifica a explicar a
Exposição inadvertida e inconsciente a Contacto directo com subst. perigosas (PQ) na pele Irritação, Vermelhidão e Queimaduras É de salientar que já ocorreu acidente desta natureza
para o risco residual eventualmente presente importância da rotulagem e PQ
subtâncias corrosivas podendo condicionar a Substância corrosiva
(risco de contacto com subst. Corrosiva) ex.:
adopção de comportamentos seguros Inalação de gases tóxicos decorrentes da junção de
Bidões de CTX-15 e NaOCl Intoxicação; Irritação das vias respiratórias e olhos
produtos incompativeis
É de salientar que existe disponivel carro transportador, o qual
Deslocações com carga (25Kg) em mãos, É de salientar que o operador não revelou qualquer
Movimentação Manual de Carga Carga (25 Kg) Sobreesforço Transtornos músculo-esqueléticos está em bom estado de conservação e é adequado para o fim
numa distância aproximada de 16 metros. queixa relacionado com as posturas adoptadas
a que se destina.
Não existe espaço para manusear os PQ sem
Adopção de posturas forçadas (o operador
Processos de trabalho/modos operatórios obrigar a adopção de posturas incorrectas. A É de salientar que o operador não revelou qualquer
exerce força para puxar/empurrar em zonas Posturas forçadas Sobreesforço Transtornos músculo-esqueléticos
armazenagem de produtos é feita em zonas queixa relacionado com as posturas adoptadas
de díficil alcance) Inexistencia de formação sobre movimentação manual de
de díficil alcance
cargas, posturas, etc...
Adopção de posturas incorrectas (levantar
Pegar no bidão do chão para efectuar a É de salientar que o operador não revelou qualquer
cargas com pernas esticadas e tronco Postura incorrectas Sobreesforço Transtornos músculo-esqueléticos (lombalgias)
trasfega queixa relacionado com as posturas adoptadas
flectido,...)
Exstência de Equipamentos sob pressão nas Verificações diárias dos órgãos de controlo e comando,
Exposição a equipamentos sob pressão Equipamentos sob pressão Explosão Lesões/afecções em orgãos
proximidades do posto de trabalho nomeadamente manómetros e válvulas de segurança.

Existência de obstáculos a baixa altura com


Exposição a superficies cortantes e É de salientar que o operador que realiza esta tarefa é de
superfícies cortantes e pontiagudas nas áreas Obstáculos, com superifices cortantes e pontiagudas, desprotegidos e acessíveis Embate contra estruturas fixas cortantes Traumatismo ligeiro, cortes, etc Ausência de EPI para protecção cabeça
pontiagudas baixa estatura
de circulação (linhas de injecção-Armazém)

Rampa de acesso à área técnica nem sempre Lesões Múltiplas (entorces e/ou traumatismo ligeiro e/ou Não é obrigatório o uso de calçado de trabalho com
Exposição a Piso escorregadio Piso escorregadio Escorregamento
está muito limpa tornando-se escorregadia ferida incisa e/ou fractura e/ou luxação) propriedades antiderrapantes (geralmente o operador usa ténis)

Espaço de trabalho Dificuldade na trasfega propriamente dita por Inexistencia de formação sobre movimentação manual de É de salientar que o operador não revelou qualquer
Postura incorrectas Sobreesforço Transtornos músculo-esqueléticos (lombalgias)
falta de espaço livre cargas, posturas, etc... queixa relacionado com as posturas adoptadas
Existência de equipamentos de trabalho (lava-
olhos) muito próximo da área de realização da
tarefa de trasfega do CTX-15 Manipulação de água muito próximo de
substâncias ou produtos químicos com Reacção exotermica Projecção de substância corrosiva Queimaduras
propriedades incompativeis (CTX-15)

As dimensões adoptadas neste posto de


trabalho não permitem a adopção de posturas Adopção de posturas incorrectas (o operador
É de salientar que o operador não recebeu qualquer formação É de salientar que o operador não revelou qualquer
confortáveis, já que os bidões de CTX-15 exerce flexão do tronco com carga em mãos Postura incorrectas Sobreesforço Transtornos músculo-esqueléticos (lombalgias)
sobre MMC queixa relacionado com as posturas adoptadas
estão muito baixos obrigando a uma flexão (25 kg))
acentuada do tronco

Descrição da Situação Circunstância perigosa Consequência Susceptibilidade


Individual

Figura 4 Exemplificação da Grelha de análise, efectuada em EXCEL, para auxiliar a Etapa 2 deste estudo.

3.2.3 Etapa 3

Na Estimativa do Risco, para a caracterização do risco em termos de Probabilidade ou Frequência


de ocorrência, Gravidade ou Severidade das consequências, tempo de exposição, nº de
trabalhadores expostos, procedimentos e condições de segurança, nº de pessoas afectadas e a
16
Entendido como o elemento que, naquela circunstância perigosa, tinha potencial para produzir dano.

34 Filipa Carvalho
Metodologia

quantificação da Magnitude do risco, recorreu-se à utilização dos seguintes métodos (cujas


principais características se apresentam sintetizadas na Tabela 4 e descritas no ponto 4. deste
capítulo:
Método de matriz simples Somerville; Método de matriz composta P;
Método de matriz simples (3X3); Método de matriz composta CM;
Método de matriz simples CRAM (3X3); Método de matriz composta NTP330;
Método de matriz simples (4X4); Método de matriz composta DGEMN;
Método de matriz simples (5X4); Método de William T. Fine (WTF).

Tabela 4 Síntese das principais características dos métodos utilizados neste estudo (durante a Etapa 3 e 4).

Método Principais características


É um método que recorre ao uso de uma matriz de análise de risco composta por duas
Método de escalas de três níveis, para caracterizar a Gravidade (G) e a Probabilidade (P);
matriz simples
Somerville Integra uma escala de Índice de risco para definir a prioridade de intervenção, igualmente
com 3 níveis.
É um método que recorre ao uso de uma matriz em tudo semelhante à referida
Método de 17
anteriormente (3X3), simplesmente os descritores das escalas (G e P) assumem nomes
matriz simples
(3X3) diferentes e a escala de Índice de risco apresenta 5 níveis para definir a prioridade de
intervenção.
É um método que, à semelhança dos anteriores, recorre a uma matriz que integra, para
Método de
cada uma das variáveis em estudo (G e P), uma escala de 4 níveis. Já no que se refere à
matriz simples
escala de Índice de risco, para definir a prioridade de intervenção, recorre a uma escala
CRAM
composta por 3 níveis.
É um método que recorre ao uso de uma matriz com as mesmas características da anterior,
Método de já que também recorre a duas escalas de 4 níveis, para caracterizar as variáveis G e P. No
matriz simples entanto, para além dos descritores assumirem nomes diferentes, a escala de Índice de risco
(4X4) integra mais dois níveis, ou seja, apresenta um total de 5 níveis de prioridade de
intervenção.
É um método que recorre ao uso de uma matriz composta por duas escalas de níveis
Método de diferentes. Assim, para caracterizar a Frequência (F) (ou nível de Probabilidade de
matriz simples ocorrência dos eventos) é utilizada uma escala de 5 níveis, para caracterizar a Severidade
(5X4) (S) (também entendida como consequência ou Gravidade) é utilizada uma escala de 4
níveis. A escala de Índice de risco integra 4 níveis de prioridade de intervenção.
É um método que recorre ao uso de uma matriz mais completa, comparativamente com as
matrizes abordadas anteriormente, já que integra mais duas variáveis (para além da
Frequência (F) e da Severidade (S)), sendo elas: os procedimentos e condições de
Método de
segurança adoptados (Ps) e o nº de pessoas afectadas (N). Assim, cada uma das 4
matriz
variáveis (F, S, Ps e N) são analisadas com recurso a uma escala de 5 níveis. O produto da
composta-P
classificação das 4 variáveis dá a Magnitude do risco. A escala varia entre 1 (muito mau) e
625 (muito bom). Integra uma escala de Índice de risco com 5 níveis de prioridade de
intervenção.

17
Entenda-se por descritor o nome e/ou o significado dado a cada variável de uma escala.

Filipa Carvalho 35
Metodologia

Tabela 4 (cont.) Síntese das principais características dos métodos utilizados neste estudo (Etapa 3 e 4).

Método Principais características


É um método que, à semelhança do anterior, integra o conhecimento de 4 variáveis (Nível
Método de de exposição (NE), Nível de deficiência (ND), Nível de probabilidade (NP) e Nível de
matriz Severidade (NS)). Cada uma destas variáveis recorre a uma escala de 3 níveis. Neste
composta-CM método são utilizadas 2 matrizes de 3X3 que associam as variáveis duas a duas (NE X ND
e NP X NS). A escala de Índice de risco integra 3 níveis de prioridade de intervenção.
É um método, em tudo semelhante ao anterior, já que requer o conhecimento de 4
Método de variáveis, agora designadas, por Nível de exposição (NE), Nível de deficiência (ND), Nível
matriz de probabilidade (NP) e Nível de consequência (NC). Cada uma destas variáveis recorre,
composta no entanto, a uma escala de 4 níveis. Neste método são igualmente utilizadas 2 matrizes,
de dimensões diferentes da anterior (4X4), as quais associam as variáveis duas a duas (NE
NTP 330 X ND e NP X NC). A escala de Índice de risco integra, agora, 4 níveis de prioridade de
intervenção.
Método idêntico ao anterior, que recorre ao conhecimento de 4 variáveis, agora designadas
Método de por Nível de exposição (NE), Nível dos procedimentos de segurança (NPS), Nível de
matriz Probabilidade (NP) e Nível de Gravidade (NG). Cada uma destas variáveis recorre a uma
composta escala de 4 níveis. Neste método são igualmente utilizadas 2 matrizes de dimensão (4X4),
DGEMN as quais associam as variáveis duas a duas (NE X NPS e NP X NC). A escala de Índice de
risco integra, também, 4 níveis de prioridade de intervenção.
É um método de Avaliação de Risco que recorre ao conhecimento de 3 variáveis, aqui
designadas por Factor consequência (Fc), Factor exposição (Fe) e Factor Probabilidade
Método de
(Fp). Cada uma das 3 variáveis (Fc, Fe e Fp) é analisada com recurso a uma escala de 6
William T.
níveis. O produto da classificação das 4 variáveis dá a Magnitude do risco ou GP (grau de
Fine (WTF)
perigosidade). A escala varia entre 0.05 (situação óptima) e 10000 (situação péssima).
Integra uma escala de Índice de risco com 5 níveis de prioridade de intervenção.

Para facilitar todo o processo de caracterização do risco foi criada uma Grelha de análise, também
em EXCEL. Esta Grelha constitui um prolongamento da Grelha elaborada na etapa anterior e vem
referida separadamente apenas por questões de compreensão.
A Figura 5 exemplifica a extensão da Grelha de análise. Pela sua análise é possível constatar a
existência de três Grelhas, em vez de uma. Trata-se pois de uma divisão da Grelha original, que
por ser demasiado extensa comprometia a leitura da mesma.

Esta Grelha é composta por vários campos, que passamos a descrever. Para auxiliar a sua leitura
será atribuída uma letra, a cada um desses campos:

(A ) Nome do Método; (D) Magnitude do risco e Índice de risco19


(B ) Variáveis que o método integra para a (E) Magnitude do risco
determinação da Magnitude do risco (ex.: G, P, F, S, (F) Índice de risco
Ps, N, NE, ND, NP, NC, NPS, NG, Fe, Fc, FP, GP, )
(G) Nível de Risco
(C) Opções oferecidas para cada uma dessas
variáveis18

18
É o nível da escala associada a cada uma dessas variáveis e que pode variar entre 3 a 6 níveis consoante o método.
19
Para os métodos que recorrem a uma matriz simples as variáveis, Magnitude do risco e Índice de risco, vêm
representadas, na Grelha, como estando ao mesmo nível.

36 Filipa Carvalho
Metodologia

A Matriz simp. (3X3) Somerville Método CRAM Matriz simp. (4X4) Matriz simp. (4x5)

G P R / IR G P R / IR G P R / IR G P R / IR G P R / IR
B
1 1 1 A A 1 1 1 1 A A 1 1 A 1
2 2 2 B B 2 2 2 2 B B 2 2 B 2
C 3 3 3 C C 3 3 3 3 C C 3 3 C 3
4 4 4 D. D. 4 4 D. 4
5 5 E

G P NR G P NR G P NR G P NR G P NR G
2 2 3 C B 2 2 2 2 B C 3 2 C 3

E F E F
A Matriz composta-P Matriz composta - CM
NP=
B F S Ps N R IR NE ND NExND
NS R= NPxNS IR
1 1 1 1 1 1 5 6 30 40 1200 3
C 2 2 2 2 16 2 3 2 6 20 120 2 Secção
3 3 3 3 81 3 1 1 1 10 10 1 1
4 4 4 4 256 4
5 5 5 5 625 5

NP= Secção
F S Ps N R NR NE ND
NExND
NS R= NPxNS NR
3 2 1 5 30 3 3 2 6 20 120 2 2

A E F E F E F
Matriz composta NTP330 Matriz composta DGEMN William t.Fine

B NE ND
NP=
NExND
NC R= NPxNC IR NE NPS
NP=
NExNPS
NG R= NPxNG IR Fc Fe Fp
Gp =
(Fc*Fe*Fp)
IR
4 10 40 100 4000 1 2,5 4 10 100 1000 1 100 10 10 10000 1
3 6 18 60 1080 2 2 3 6 60 360 2 50 6 6 1800 2
C 2 2 4 25 100 3 1,5 2 3 25 75 3 25 5 3 375 3
1 0 0 10 0 4 1 1 1 10 10 4 15 4 1 60 4
5 1 0,5 2,5 5
1 0,5 0,1 0,05
NP= NP= Gp =
NE ND
NExND
NC R= NPxNC NR NE NPS
NExNPS
NG R= NPxNG NR Fc Fe Fp
(Fc*Fe*Fp)
NR G
2 6 12 25 300 2 1,5 3 4,5 25 112,5 3 5 6 3 90 3

Figura 5 Exemplificação da Grelha de análise, efectuada em EXCEL, para auxiliar a Etapa 3 e 4 deste
estudo.

Para além dos campos identificados anteriormente (A, B, C, D, E, F, G), pode ainda constatar-se a
existência de duas secções. A secção 1 corresponde à parte da Grelha onde os métodos se
encontram descritos, ou seja, clicando em cima de cada uma daquelas células, é-nos possível ter

Filipa Carvalho 37
Metodologia

imediatamente a visualização de um comentário20 com o descritivo correspondente ao respectivo


método. A secção 2 corresponde à parte da Grelha onde foi feita a análise propriamente dita. Na
figura pode visualizar-se o exemplo de uma aplicação.

Para facilitar a nossa tarefa e minimizar a ocorrência de erros, foram introduzidos campos de
codificação automática. Estes campos encontram-se representados, na secção 1, pelo sombreado
branco. Todos os campos com sombreado amarelo ou cinza (secção 1) foram determinados
manualmente. No entanto, para os métodos, de matriz Composta P, de matriz Composta CM,
de matriz composta NTP330, de matriz DGEMN e de WTF, o Nível de Risco obtido foi
posteriormente confirmado com o auxílio do SPSS21. A utilização de um código tipo semáforo,
para a escala de Índice de risco e para os valores de Nível de Risco obtidos, permitem ter uma
visualização rápida do panorama da Avaliação de Risco efectuada.

Da análise dos 10 métodos apresentados na Tabela 4, sintetizamos que:


2 recorrem a uma matriz 3X3;
Integrando o conhecimento de 2 variáveis G e P ou S
2 recorrem a uma matriz 4X4
e F.
1 recorre a uma matriz 4X5

5 recorrem a uma matriz composta, dos quais:


o 1 integra o conhecimento de 3 variáveis (Fc, Fe e Fp);
o 4 integram o conhecimento de 4 variáveis (F, S, Ps e N ou NE, ND (ou NPS), NP
e NS (ou NC ou NG).

Podemos ainda constatar que foram utilizados, para testar as hipóteses deste estudo, métodos que
recorrem a 3 níveis diferentes nas escalas correspondentes ao Índice de risco e, consequentemente,
aos níveis de prioridade de intervenção. Assim, dos 10 métodos utilizados:
3 Integraram uma escala de Índice de risco de 3 níveis
3 Integraram uma escala de Índice de risco de 4 níveis
4 Integraram uma escala de Índice de risco de 5 níveis

20
Opção deste tipo de ficheiro (EXCEL).
21
SPSS Statistical Package for the Social Sciences, versão 15.

38 Filipa Carvalho
Metodologia

3.2.4 Etapa 4

Na Valoração do Risco, para a determinação da aceitabilidade do risco, recorreu-se aos Índices de


risco disponibilizados pelos métodos descritos na etapa anterior (estimativa do risco). Esta etapa foi
realizada com o auxílio da mesma Grelha, abordada anteriormente.

4. Descrição dos Métodos Utilizados


Tende presente os objectivos deste trabalho, foram seleccionados dez (10) Métodos de Avaliação
Semi-Quantitativos (MASqt) para testar as Hipóteses nulas formuladas no ponto 2.1. do I Capítulo.
A opção por métodos de natureza semiquantitativa foi justificada no ponto 2. (Definição do
problema).
Da síntese apresentada na Tabela 4 é possível destacar dois grupos de métodos:
Grupo 1 Métodos que recorrem ao uso de uma matriz simples;
Grupo 2 Métodos que recorrem ao uso de matrizes compostas.

Para a selecção dos métodos estabelecemos os seguintes critérios:


Existência de, pelo menos, dois métodos com escalas, de Índice de risco, idênticas;
Existência de, pelo menos, dois métodos, que se enquadrassem nos grupos 1 e 2 acima
referidos;
Todos os métodos teriam que apresentar a variável Índice de risco expressa numa escala
numérica;
A magnitude do risco teria que resultar de uma combinação, pré-estabelecida, entre as outras
variáveis utilizadas pelo referido método (ex: A Probabilidade e Gravidade);
Inexistência de obrigatoriedade na presença de designações iguais para a identificação das
variáveis implicadas na estimativa do risco. (ex: Probabilidade ou Frequência; Gravidade ou
Severidade, apenas para citar alguns).

Tal como referido no I. Capítulo - ponto 2. , a maioria das abordagens utilizadas para o
cumprimento legal da Avaliação de Risco, apresenta um carácter empírico, sendo da
responsabilidade da empresa, instituição ou organização elaborar as suas próprias Grelhas para
esse fim.

Filipa Carvalho 39
Metodologia

Nesta perspectiva, alguns dos métodos utilizados foram desenvolvidos por


instituições/organizações/empresas, do sector público ou privado, e gentilmente disponibilizados
para serem integrados neste estudo.
Para além dos métodos referidos anteriormente, foram ainda seleccionados outros métodos
disponíveis na literatura, independentemente da natureza científica ou empírica, que os caracteriza.

Estando os métodos utilizados integrados nas avaliações do tipo Geral22, é frequente a ausência de
nome para identificar as abordagens utilizadas. Assim, para colmatar esta falha e por questões de
conveniência para o tratamento dos dados, optámos por baptizar os métodos utilizados.

Para facilitar a associação entre o método e a sua fonte (ou característica) o nome atribuído a cada
método integra:
o tipo de matriz utilizada (ex: matriz composta/simples);
o nome do autor ou as siglas das instituições/empresas/organizações de onde são provenientes;
a dimensão da matriz (quando o ponto anterior não se aplica).

Para optimizar o processo de interpretação das escalas, na descrição dos métodos foi adoptado um
sistema de cores tipo semáforo. A quantidade de cores utilizada ficou condicionada pelo número de
níveis que cada escala integra. Assim, para os níveis que traduzem uma prioridade de intervenção
baixa, foi adoptada a cor verde. Para os níveis de prioridade de intervenção máxima, foi atribuída a
cor encarnada. Por último, para os níveis intermédios, foram adoptadas as cores, amarelo ou laranja
(consoante o número de níveis). Esta adaptação pareceu-nos adequada para a generalidade dos
métodos.

De seguida apresentaremos a descrição dos métodos utilizados.

22
Existem avaliações de risco de natureza específica. Geralmente, estas avaliações recorrem a métodos específicos, os
quais foram apenas desenvolvidos para serem aplicados na avaliação de determinados riscos. Ex: método de Gretener,
Método Probit, etc.

40 Filipa Carvalho
Metodologia

4.1 Método de matriz simples Somerville


O método de matriz simples Somerville está descrito por Miguel (2005).

Como o nome indica é um método, proposto por Somerville, que recorre ao uso de uma matriz
simples composta por duas variáveis (Gravidade (G) e Probabilidade (P)), expressas por escalas de
3 níveis. A Tabela 5 apresenta as escalas, e os descritores, dessas variáveis.

Tabela 5 Escalas de Probabilidade (P) e Gravidade (G) (Método matriz simples Somerville).

Gravidade (G) Probabilidade (P)


A Baixo A Baixo
B Médio B Médio
C Alto C Alto

Uma relação, pré-estabelecida, entre as duas variáveis acima referidas permite, de forma
simplificada, obter a Magnitude do risco (R).

A matriz esquematizada na Figura 6 define a relação existente entre essas variáveis.

Probabilidade (P)
R = f (GxP)
A B C
Gravidade (G)

A 1 1 2

B 1 2 3

C 2 3 3

Figura 6 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de matriz
simples Somerville, para determinação da Magnitude do Risco (R).

A interpretação do valor obtido é feita pela consulta do Índice de risco apresentado na Tabela 6. O
Índice de risco, traduz, por sua vez, a prioridade de intervenção associada à avaliação feita.

Filipa Carvalho 41
Metodologia

Tabela 6 Índice de risco (Método matriz simples Somerville).

Índice de risco
1 Baixo
2 Médio
3 Alto

4.2 Método de matriz simples (3x3)


O método de matriz simples (3x3) foi apresentado por Hernández, Fernández, Muñoz, & Prada
(1996) e Roxo (2003).

Tal como referido na Tabela 4, trata-se de um método que recorre ao uso de uma matriz semelhante
à referida anteriormente (3X3). Os descritores das escalas Gravidade (G)23 e Probabilidade (P)
assumem designações diferentes e a escala de Índice de risco apresenta 5 níveis para definir a
prioridade de intervenção.

Apesar de Roxo (2003) classificar este método na categoria de MAQl, como consequência dos
descritores serem predominantemente qualitativos, optámos por inclui-lo no nosso estudo, já que
parte dos critérios de admissibilidade estavam contemplados: a Magnitude do risco resulta de uma
combinação, pré-estabelecida, entre as outras variáveis utilizadas pelo método (ex: a Probabilidade
e Gravidade).

Assim, para ultrapassar as limitações impostas pelos outros critérios, nomeadamente, todos os
métodos teriam que apresentar a variável Índice de risco expressa numa escala numérica foi
atribuído um código, numa escala ordinal, a cada uma das variáveis usadas.

Por questões de conveniência, a escala ordinal aplicada será apresentada, em simultâneo, para cada
uma das variáveis, à medida que o método for sendo descrito.

23
Neste método designada por Consequência, mas que, por questões de facilitar a leitura será referida como Gravidade.

42 Filipa Carvalho
Metodologia

Segundo o método de matriz simples (3x3) a Probabilidade (P) de que ocorra o dano pode ser
graduada, numa escala de 3 níveis, de acordo com o critério apresentado na Tabela 7.

Tabela 7 Escala de Probabilidade (P) (Método matriz simples (3x3)).

Níveis de Probabilidade (P)


1 Baixa O dano ocorrerá raras vezes.

2 Média O dano ocorrerá em algumas ocasiões.

3 Alta O dano ocorrerá sempre ou quase sempre.

Para facilitar a utilização da escala, a cada nível é feito corresponder um descritivo com exemplos
de aplicação.

Para se determinar a Gravidade (G), este método estabelece que devem ser tidas em consideração:
As partes do corpo que possam ser afectadas e;
A natureza do dano.

Esta avaliação é então graduada numa escala de 3 níveis, de acordo com a Tabela 8. Esta variável é
também acompanhada de descritivos exemplificativos.

Tabela 8 Escala de Probabilidade (P) (Método matriz simples (3x3)).

Gravidade (G)
Danos superficiais: cortes; traumatismos ligeiros, irritação dos
Ligeiramente olhos por pó;
1
Danoso
Mal-estar e Irritação, tais como: dores de cabeça, desconforto.

Lacerações, queimaduras, perturbações, entorses, fracturas


2 Danoso menores, surdez, dermatoses, asma, transtornos músculo-
esqueléticos, doenças que conduzem a uma incapacidade menor.

Amputações, fracturas maiores, intoxicações, lesões múltiplas,


Extremamente lesões fatais;
3
Danoso Cancro e outras doenças crónicas que reduzam severamente a
vida.

Filipa Carvalho 43
Metodologia

Determinadas as variáveis, Probabilidade (P) e Gravidade (G), há que determinar a Magnitude do


risco (R). A matriz esquematizada na Figura 7 apresenta o processo de determinação da Magnitude
do risco (R).

Gravidade (G)
R=f (PxG)
1 2 3

Probabilidade (P) 1 1 2 3

2 2 3 4

3 3 4 5

Figura 7 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de matriz
simples (3x3), para determinação da Magnitude do Risco (R).

A interpretação do valor obtido é feita pela consulta do Índice de risco apresentado na Tabela 9. À
semelhança do método anterior, o Índice de risco traduz a prioridade de intervenção associada à
avaliação feita, formando uma base para a tomada de decisão sobre: a necessidade de melhorar os
meios de controlo existentes, de implementar novos meios ou de calendarizar as acções
necessárias.

44 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 9 Índice de risco e Prioridade de Intervenção (Método matriz simples (3x3)).

Índice de risco Prioridades de Intervenção


1 Trivial Não requer medidas específicas.

Não é necessário melhorar a acção preventiva. No entanto, devem ser consideradas


soluções mais rentáveis ou melhorias que não impliquem uma carga económica
2 Tolerável
importante. É necessário recorrer a avaliações periódicas, de modo a assegurar a
eficácia das medidas de controlo.

Devem fazer-se esforços para reduzir o risco. As medidas para reduzir o risco
devem ser implementadas num período determinado.
3 Moderado Quando o risco estiver associado a consequências extremamente danosas, será
necessária uma acção posterior, para estabelecer, com mais precisão, a
Probabilidade do dano, como base para determinar a necessidade de melhoria das
medidas de controlo.

O trabalho não deve ser iniciado até que se tenha reduzido o risco. Podem ser
necessários recursos consideráveis para se controlar o risco. Quando o risco
4 Importante corresponder a um trabalho que está a ser realizado, devem ser tomadas medidas de
protecção de modo a contornar o problema, num tempo inferior ao dos riscos
moderados.

Não se deve iniciar ou continuar o trabalho, até que se tenha reduzido o risco. Se
5 Intolerável não for possível reduzir o risco, mesmo utilizando recursos ilimitados, o trabalho
deve ser proibido.

4.3 Método de matriz simples CRAM


O método de matriz simples CRAM foi desenvolvido pela Caisse Régionale d'Assurance Maladie24
(CRAM, 2002).
Tal como referido na Tabela 4, é um método semelhante aos anteriores. No entanto, este método
recorre a uma matriz que integra, para cada uma das variáveis em estudo, Gravidade (G) e
Probabilidade (P), uma escala de 4 níveis. As tabelas 10 e 11 apresentam as escalas de avaliação
utilizadas por este método.

24
Caixa Regional de Segurança de Doenças, é uma espécie de Segurança Social dos países de La Loire.

Filipa Carvalho 45
Metodologia

Tabela 10 Escala de Gravidade (G) (Método matriz simples CRAM).

Gravidade (G)

1 Fraco Acidente/Doença sem paragem do trabalho.

2 Médio Acidente/Doença com paragem do trabalho.

3 Grave Acidente/Doença com incapacidade permanente parcial.

4 Muito Grave Acidente/Doença mortal.

Tabela 11 Escala de Probabilidade (P) (Método matriz simples CRAM).

Probabilidade (P)

Rara ou curta Frequência e/ou duração de exposição combinada com


1 Muito Improvável
fraca Probabilidade de aparecimento de um acontecimento perigoso.

Rara ou curta Frequência e/ou duração de exposição combinada com


2 Improvável
elevada Probabilidade de aparecimento de um acontecimento perigoso.

Frequente e/ou longa duração de exposição combinada com fraca


3 Provável
Probabilidade de aparecimento de um acontecimento perigoso.

Frequente e/ou longa duração de exposição combinada com elevada


4 Muito Provável
Probabilidade de aparecimento de um acontecimento perigoso.

Para a determinação da Magnitude do risco (R) recorre a uma matriz, esquematizada na Figura 8,
que combina a relação existente entre as variáveis Gravidade (G) e Probabilidade (P).

Para a concretização da Etapa 4 (Valoração do risco) o método dispõe de uma escala de Índice de
risco composta por 3 níveis, os quais definem a prioridade de intervenção. A relação entre a
Magnitude do risco (R) e o Índice de risco está representada na mesma figura. Salienta-se como
particularidade deste método o processo de hierarquização dos riscos, que é feito de forma não
simétrica.

46 Filipa Carvalho
Metodologia

Muito Grave 4
Gravidade
Nível de
Prioridade 1
Grave 3
Moderada 2 Prioridade 2

Fraca 1 Prioridade 3
1 2 3 4
Muito
Fraca Moderada Frequente
Frequente
Nível de Probabilidade

- Dependendo dos casos, esta zona terá prioridade 1 ou 2.

Figura 8 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de matriz
simples CRAM, para determinação da Magnitude do Risco (R).

4.4 Método de matriz simples (4x4)


O método de matriz simples (4x4), à semelhança do método de matriz simples Somerville, é um
método apresentado, como alternativa ao anterior, por Miguel (2005).

Tal como referido na Tabela 4, é um método que recorre a uma matriz com as mesmas
características da anterior25, já que também recorre a duas escalas de 4 níveis, para caracterizar as
variáveis Gravidade (G) e Probabilidade (P). No entanto, para além dos descritores assumirem
designações diferentes, a escala de Índice de risco integra mais dois níveis, ou seja, apresenta um
total de 5 níveis de prioridade de intervenção.

Assim, na Tabela 12 apresentamos as referidas escalas com os respectivos descritores associados.

25
Método de matriz simples CRAM.

Filipa Carvalho 47
Metodologia

Tabela 12 Escalas de Probabilidade (P) e Gravidade (G) (Método matriz simples (4x4).

Gravidade Probabilidade

A Sem Incapacidade A Improvável

B Com ITA26 30 dias B Raro

C Com ITA 30 dias C Ocasional

D Com IP27 ou Morte D Frequente

Tal como nos métodos anteriormente referidos, uma relação, pré-estabelecida, entre as duas
variáveis acima referidas permite, de forma simplificada, obter a Magnitude do risco (R).

A matriz esquematizada na Figura 9 define essa relação.

Probabilidade (P)
R = f (GxP)
A B C D
A 1 2 2 3
Gravidade (G)

B 2 2 3 4
C 2 3 4 5
D 3 4 5 5

Figura 9 Relação entre as variáveis Probabilidade (P) e Gravidade (G), segundo o método de matriz
simples (4x4), para determinação da Magnitude do risco (R).

A interpretação do valor obtido é feita pela consulta do Índice de risco apresentado na Tabela 13
que traduz, por sua vez, a prioridade de intervenção associada à avaliação feita.

26
Incapacidade temporária absoluta (ITA).
27
Incapacidade permanente (IP) inclui todas as incapacidades permanentes previstas na Lei nº 100/97 de 13/09
(Incapacidade permanente absoluta para todo e qualquer trabalho, Incapacidade permanente absoluta para o trabalho
habitual, Incapacidade permanente parcial independentemente da porção de incapacidade ( ou < 30 % ).

48 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 13 Índice de risco e Prioridade de Intervenção (Método matriz simples (4x4)).

Índice de risco Prioridade de Intervenção

1 Actuação não prioritária.

2 Intervenção a médio prazo.

3 Intervenção a curto prazo.

4 Actuação urgente.

5 Actuação muito urgente, requerendo medidas imediatas.

4.5 Método de matriz simples (5X4)


O método de matriz simples (5x4), foi apresentado por Frade (2005).
É um método que recorre ao uso de uma matriz composta por duas escalas de níveis diferentes para
as duas variáveis que integra. Assim, para caracterizar a Frequência28 (F) é utilizada uma escala de
5 níveis e para caracterizar a Severidade29 (S) é utilizada uma escala de 4 níveis. A escala de Índice
de risco integra 4 níveis de prioridade de intervenção.

Sendo o modo de aplicação deste método idêntico ao dos anteriormente abordados, limitar-nos-
emos a apresentar as tabelas que traduzem as escalas usadas por este método para caracterizar as
variáveis Frequência (F), Severidade (S) e Índice de risco. Cada uma dessas tabelas será, à
semelhança do que tem sido feito, acompanhada dos respectivos descritores associados.

Será igualmente apresentada a matriz (Figura 10) que traduz a relação, pré-estabelecida, entre as
duas variáveis, acima referidas, e que permite determinar a Magnitude do risco (R).

As tabelas e a matriz serão aqui apresentadas pela ordem normal de utilização.

28
Termo usado pelo presente método para caracterizar o nível de Probabilidade de ocorrência dos eventos.
29
Termo usado pelo presente método para caracterizar o nível de Gravidade ou consequência.

Filipa Carvalho 49
Metodologia

Tabela 14 Escala de Frequência (F) (Método matriz simples (5x4)).

Frequência (F)

A Frequente Ocorre frequentemente.

B Provável Por vezes.

C Ocasional Algumas vezes.

D Remoto Improvável mas pode ocorrer.

E Improvável Provavelmente nunca ocorrerá.

Tabela 15 Escala de Severidade (S) (Método matriz simples (5x4)).

Severidade (S)

1 Catastrófico Morte ou perda de sistema.

2 Crítico Danos Severos.

3 Marginal Danos Ligeiros.

4 Negligenciável Ausência de danos.

Severidade (S)
R = f (FxS)
1 2 3 4
A 4 4 4 2
Frequência (F)

B 4 4 3 1
C 4 3 3 1
D 3 3 2 1
E 2 2 2 1

Figura 10 Relação entre as variáveis Frequência (F) e Severidade (S), segundo o método de matriz simples
(5x4), para determinação da Magnitude do risco (R).

50 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 16 Índice de risco e Prioridade de Intervenção (Método matriz simples (5x4)).

Índice de risco Prioridade de Intervenção

1 Aceitável Não é requerida nenhuma acção.


Deve ser considerada a solução custo/eficácia.
2 Aceitável após revisão pela direcção É necessária vigilância para assegurar que o
controlo do risco se mantém.
As medidas de controlo do risco devem ser
3 Indesejável Resolver a médio/longo prazo implementadas dentro de um período de
tempo definido.
O trabalho não deve ser iniciado ou
continuado até que o risco seja reduzido. No
4 Inaceitável Obrigatório tratar caso de não ser possível reduzir o risco,
mesmo com recursos ilimitados, então o
mesmo deve permanecer proibido.

4.6 Método de matriz composta P


O método de matriz composta, que agora se apresenta está descrito por vários autores (Cabral &
Veiga, 2006; Ribeiro, 2004). No entanto, a sua designação método de matriz composta P
30
resulta do facto de ser um método adaptado por uma empresa Percentil, Lda. , na definição
dos intervalos que estabelece para a variável Índice de risco.
Tal como referido na Tabela 4, é um método que recorre ao uso de uma matriz mais completa,
comparativamente com as matrizes abordadas anteriormente, já que integra mais duas variáveis
para além da Frequência (F) e da Severidade (S), sendo elas: os Procedimentos e condições de
segurança adoptados (Ps) e o Nº de pessoas afectadas (N). Assim, cada uma destas 4 variáveis (F,
S, Ps e N) são analisadas com recurso a uma escala de 5 níveis.

Neste método, a variável Magnitude do risco (R) é determinada pelo produto das 4 variáveis, acima
referidas, tal como representado na equação (Eq. 2):

R = F * S * Ps * N (Eq. 2)

30
PERCENTIL Consultoria, Projectos e Formação em Ambiente e Segurança no Trabalho, Lda.

Filipa Carvalho 51
Metodologia

onde:
R= Magnitude do risco;
F = Frequência;
S = Severidade dos danos;
Ps = Procedimentos e condições de segurança adoptados;
N = Nº de pessoas afectadas.

As tabelas 17 a 20 apresentam as escalas e os respectivos descritores para cada uma das variáveis
mencionadas.

Tabela 17 Escala de Frequência (F) (Método matriz composta - P).

Frequência (F)

1 Frequente

2 Provável

3 Ocasional

4 Remoto

5 Improvável

Tabela 18 Escala de Severidade (S) (Método matriz composta - P).

Severidade (S)

Morte, lesão com incapacidade permanente, perda do sistema ou danos


1 Catastrófico
ambientais muito graves.

Danos graves, lesões com incapacidade temporária ou permanente mas de


2 Crítico pequena percentagem ou perda parcial do sistema ou danos ambientais
graves.

Lesões menores com ou sem incapacidade temporária mas pouco graves,


3 Marginal
danos no sistema ou ambiente pouco graves.

Lesões pequenas sem qualquer tipo de incapacidade, danos no sistema ou


4 Negligenciável
ambiente insignificantes ou desprezíveis.

5 Insignificantes Sem lesões corporais ou danos para o sistema.

52 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 19 Escala de Procedimentos e condições de segurança (Ps) (Método matriz composta - P).

Procedimentos e condições segurança (Ps)

1 Não existem ou não são conhecidas.

2 Sérias deficiências.

3 Algumas deficiências nos procedimentos e falta de implementação de outros.

4 Suficientes, mas melhoráveis.

5 Muito boas Suficientes e bem implementados.

Tabela 20 Escala de Nº de pessoas afectadas (N) (Método matriz composta - P).

Nº pessoas afectadas (N)

1 51

2 31 50

3 11 30

4 4 10

5 1 3

A Magnitude do risco pode variar entre 1 (considerado muito mau) e 625 (considerado muito bom).
Para a determinação das prioridades de intervenção, a Percentil, Lda. definiu a escala de Índice
de risco (também com 5 níveis) apresentada na Tabela 21.

Tabela 21 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Método
matriz composta P).

Magnitude do risco Índice de risco Prioridades de Intervenção


Situação drástica, requerendo
=1 1 Situação urgente
alterações urgentes e obrigatórias.
]1-16] 2 Situação crítica Requer alterações urgentes.

]16 - 81] 3 Situação aceitável Requer algumas alterações.


Poderão ser realizadas pequenas
]81-256] 4 Situação bastante aceitável
acções de melhoria.
]256-625] 5 Situação óptima Não requer alterações.

Filipa Carvalho 53
Metodologia

4.7 Método de matriz composta CM


O método de matriz composta CM é utilizado por uma empresa, que por questões de
confidencialidade não será aqui referida, limitando-nos a utilizar as suas iniciais.

Tal como referido na Tabela 4, é um método que, à semelhança do método de matriz composta
P , integra 4 variáveis, a saber:
Nível de exposição (NE) que deve ser estimado em função dos tempos de permanência nas
áreas de trabalho ou em operações com máquinas, dos procedimentos, etc.;
Nível de deficiência (ND) ou nível de ausência de medidas preventivas;
Nível de probabilidade (NP);
Nível de severidade (NS).

Cada uma destas variáveis recorre a uma escala de 3 níveis. O Índice de risco disponibilizado
também integra uma escala de 3 níveis de prioridade de intervenção.

De uma forma simplificada, podemos dizer que este método utiliza 2 matrizes para associar as
variáveis entre si. O fluxograma da Figura 11 esquematiza o processo de associação entre as
variáveis.

NE
Nível de exposição NP
x Nível de probabilidade
R
ND x Magnitude do risco
Nível de deficiência NS
Nível de severidade

Figura 11 Fluxograma do processo de associação entre variáveis (Método de matriz composta CM).

Para a determinação das variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de deficiência (ND) são
utilizadas as escalas apresentadas nas tabelas 22 e 23, respectivamente.

54 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 22 Escala de Nível de exposição (NE) (Método de matriz composta CM).

Nível de exposição (NE)

1 Esporádica Algumas vezes por ano e por período de tempo determinado.

Várias vezes durante o período laboral, ainda que com tempos curtos; várias
3 Frequente
vezes por semana ou diário.

5 Permanente Várias vezes por dia com tempo prolongado ou continuamente.

Tabela 23 Escala de Nível de deficiência (ND) (Método de matriz composta CM).

Nível de deficiência (ND)

Foram detectados factores de risco de menor importância. O dano pode


1 Aceitável
ocorrer algumas vezes.

Foram detectados alguns factores de risco. O conjunto de medidas


2 Insuficiente
preventivas existentes tem a sua eficácia reduzida de forma significativa.

Foram detectados factores de risco significativos. As medidas preventivas


6 Deficiente
existentes são ineficazes. Na maior parte das situações ocorrerá dano.

Da análise do fluxograma, da Figura 11, podemos constatar que neste método passamos a ter duas
variáveis, Nível de probabilidade (NP) e Magnitude do risco (R), que são determinadas pelo
produto de 2 variáveis (NE e ND, NP e NS, respectivamente).

As equações 3 e 4 utilizadas pelo método traduzem o exposto:

NP = NE * ND (Eq. 3)
onde:
NP = Nível de probabilidade;
NE = Nível de exposição;
ND = Nível de deficiência.

R = NP * NS (Eq. 4)
onde:
R = Magnitude do risco;
NP = Nível de probabilidade;
NS = Nível de severidade.

Filipa Carvalho 55
Metodologia

Assim, o Nível de probabilidade (NP) é função das medidas preventivas existentes e do nível de
exposição ao perigo. A matriz apresentada na Figura 12 é uma alternativa possível para a
determinação desta variável.

Nível de deficiência (ND)


NP= NE * ND
1 2 6
1 1 2 6

Nível de exposição (NE) 3 3 6 18

5 5 10 30

Figura 12 Relação entre as variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de deficiência (ND), segundo o
método de matriz composta CM, para determinação do Nível de probabilidade (NP).

A Tabela 24 apresenta a escala e os respectivos descritores para cada Nível de probabilidade (NP)
encontrado.

Tabela 24 Escala de Nível de probabilidade (NP) (Método de matriz composta CM).

Total* Nível de probabilidade (NP)

Baixa Não é de esperar que a situação perigosa se materialize, ainda que


5 1 possa ser concebida.

Média A materialização da situação perigosa é possível de ocorrer pelo


[6-10] 2 menos uma vez com danos.

Alta - Normalmente a materialização da situação perigosa ocorre com


> 10 3 frequência.

* - Intervalo correspondente ao valor encontrado na matriz da Figura 12.

Para calcular a Magnitude do risco (R) há que determinar previamente o Nível de severidade (NS)
(Figura 11). A Tabela 25 apresenta a escala e os respectivos descritores para cada um dos 3 níveis
desta variável.

56 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 25 Escala de Nível de severidade (NS) (Método de matriz composta CM).

Significado
Nível de severidade (NS)
Danos pessoais Danos materiais

Pequenas lesões. Reparação sem paragem do


10 Leve processo.
Primeiros socorros.

Lesões com incapacidade laboral A reparação exige a paragem do


20 Grave transitória. Requerem tratamento processo.
médico.

Lesões muito graves que podem Destruição parcial ou total de um


ser irreparáveis. ou mais sistemas
40 Muito Grave (reparação/renovação difícil).
Incapacidade total ou
permanente. Baixa superior a 30
dias.

Este método considera 2 tipos de consequências (danos materiais e danos pessoais)31 para os
descritores da variável Nível de severidade (NS).

O cálculo da Magnitude do risco (R), através da equação (Eq. 4) pode também ser realizado pela
consulta da matriz apresentada na Figura 13, que traduz a interacção entre o Nível de probabilidade
(NP) e o Nível de severidade (NS), as duas variáveis, agora, implicadas.

Nível de probabilidade (NP)

R = NS * NP
5 [6 10[ > 10 - 30

10 10 50 60 100 100 300

20 20 100 120 200 200 600


Nível de severidade (NS)

40 40 200 240 400 400 1200

Figura 13 Relação entre as variáveis Nível de severidade (NS) e Nível de probabilidade (NP), segundo o
método de matriz composta CM, para determinação da Magnitude do risco (R).

31
Tendo em conta os objectivos deste estudo apenas foram usados os descritores associados aos danos pessoais.

Filipa Carvalho 57
Metodologia

A interpretação do valor obtido é feita pela consulta do Índice de risco apresentado na Tabela 26.

Tabela 26 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Método de
matriz composta CM).

Magnitude do risco Índice de risco Prioridade de Intervenção

Intervir apenas se uma análise mais


10 - 100 1 Risco pouco importante
pormenorizada o justificar.

A situação deve ser melhorada.


Deverão ser adoptadas medidas de controlo
Risco importante,
120 - 240 2 intervenção prioritária
enquanto a situação perigosa não for reduzida.
Estas medidas deverão ser completadas por
planos documentados de intervenção.

Situação a corrigir.
Risco muito
Paragem eventual do processo.
> 240 3 importante;
intervenção prioritária O perigo deve ser isolado até serem adoptadas
medidas de controlo permanente.

4.8 Método de matriz composta NTP330


O método de matriz composta NTP330 baseia-se nas propostas apresentadas pelo Instituto
Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (NTP330, s/ data).

A descrição que aqui apresentamos será limitada ao processo que influencia a nossa Etapa 3 e 4 do
estudo (Estimativa do risco e Valoração, respectivamente) (Figura 2). Uma consulta mais exaustiva
pode ser feita no site http://www.mtas.es/insht/ntp/ntp_330.htm., ou no CD de apoio à publicação
de Cabral & Veiga (2006).

Tal como referido na Tabela 4, é um método que, à semelhança do método de matriz composta
CM , integra o conhecimento de 4 variáveis, agora designadas por:
Nível de exposição (NE);
Nível de deficiência (ND);
Nível de probabilidade (NP);
Nível de consequência (NC).

58 Filipa Carvalho
Metodologia

Cada uma destas variáveis recorre, no entanto, a uma escala de 4 níveis. O Índice de risco
disponibilizado é, composto por uma escala, também, de 4 níveis de prioridade de intervenção.

Dada a semelhança existente entre este método e o descrito no ponto 4.7, a apresentação seguirá a
mesma lógica.

Neste método são igualmente utilizadas 2 matrizes para associar as variáveis entre si. Um
fluxograma idêntico ao da Figura 11 poderá ser usado para esquematizar o processo de associação
existente entre as variáveis.

NE
Nível de exposição NP
x Nível de probabilidade
R
ND x Magnitude do risco
Nível de deficiência NC
Nível de consequência

Figura 14 Fluxograma do processo de associação entre variáveis (Método de matriz composta NTP330).

Para a determinação das variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de deficiência (ND) são
utilizadas as escalas apresentadas nas tabelas 27 e 28. A principal diferença face ao método anterior
reside na dimensão da escala (4 níveis em vez de 3), nos descritores e no respectivo valor
associado.

Tabela 27 Escala de Nível de exposição (NE) (Método de matriz composta NTP330).

Nível de exposição (NE)

1 Esporádica Irregularmente.

2 Ocasional Alguma vez no dia de trabalho e com período de tempo curto.

3 Frequente Várias vezes no dia de trabalho, ainda que seja com tempos curtos.

4 Continuada Continuamente. Várias vezes no dia de trabalho com tempo prolongado.

Filipa Carvalho 59
Metodologia

Tabela 28 Escala de Nível de deficiência (ND) (Método de matriz composta NTP330).

Nível de deficiência (ND)

Aceitável. Não foram detectados anomalias. O risco está controlado.


0 Aceitável
Não se valora.

Foram detectados factores de risco de menor importância. A eficácia


2 Melhorável do conjunto de medidas preventivas existentes face ao risco não se vê
reduzida de forma apreciável.

Foram encontrados alguns factores de risco significativos que precisam


6 Deficiente de ser corrigidos. A eficácia do conjunto de medidas preventivas
existentes torna-se reduzida de forma apreciável.

Foram detectados perigos significativos que determinam como muito


10 Muito deficiente possível a ocorrência de falhas. O conjunto de medidas preventivas
existentes face ao risco torna-se ineficaz.

À semelhança do método de matriz composta CM, também neste método, as duas variáveis, Nível
de probabilidade (NP) e Magnitude do risco (R), são determinadas pelo produto da classificação
das 2 variáveis (NE e ND, NP e NC, respectivamente), que as antecedem. (Figura 14).

Desta forma o Nível de probabilidade (NP) é função do Nível de deficiência (ND) e do Nível de
exposição (NE) e pode ser expresso pelo produto de ambos os termos, como se mostra na equação
(Eq. 5):

NP = NE * ND (Eq. 5)
onde:
NP = Nível de probabilidade;
NE = Nível de exposição;
ND = Nível de deficiência.

Também neste método a existência de uma matriz (Figura 15) torna possível a determinação desta
variável.

60 Filipa Carvalho
Metodologia

Nível de deficiência (ND)


NP = NE * ND
2 6 10
1 2 6 10

2 4 12 20
Nível de exposição (NE)
3 6 18 30

4 8 24 40

Figura 15 Relação entre as variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de deficiência (ND), segundo o
método de matriz composta NTP330, para determinação do Nível de probabilidade (NP).

Na Tabela 29 apresenta-se a escala e os respectivos descritores para cada Nível de probabilidade


(NP) encontrado.

Tabela 29 Escala de Nível de probabilidade (NP) (Método de matriz composta - NTP330).

Total* Nível de probabilidade (NP)

Situação melhorável com exposição ocasional ou esporádica.


[2 - 4] 1 Baixa Não se espera que se materialize o risco, ainda que possa
acontecer.

Situação deficiente com exposição esporádica ou situação


[6 - 8] 2 Média melhorável com exposição contínua ou frequente. É possível
que suceda o dano alguma vez.

Situação deficiente com exposição frequente ou ocasional, ou


ainda, situação muito deficiente com exposição ocasional ou
[10 - 20] 3 Alta
esporádica. A materialização do risco é possível que suceda
várias vezes no ciclo da vida laboral.

Situação deficiente com exposição continuada, ou muito


Muito
[24 - 40] 3 Alta
deficiente com exposição frequente. Normalmente a
materialização do risco ocorre com frequência.

* - Intervalo correspondente ao valor encontrado na matriz da Figura 15.

Para determinar o Nível de consequência (NC) foram, igualmente, considerados 4 níveis. A Tabela
30 apresenta a escala e os descritores para cada um desses 4 níveis. À semelhança do método de

Filipa Carvalho 61
Metodologia

matriz composta CM, também, agora, são considerados 2 tipos de consequências (danos materiais
e danos pessoais)32 para os descritores desta variável.

Tabela 30 Escala de Nível de consequência (NC) (Método de matriz composta NTP330).

Significado
Nível de consequência (NC)
Danos pessoais Danos materiais

Pequenas lesões que não Reparações sem necessidade de


10 Leve (L) requerem hospitalização. paragem de todo o processo.

Lesões com incapacidade laboral Requer paragem do processo


25 Grave (G) transitória. para se efectuarem reparações.

Lesões graves que podem ser Destruição parcial do sistema


60 Muito Grave (MG) irreparáveis. (reparação complexa e custosa).

Mortal ou 1 Morte ou mais. Destruição total do sistema


100 (dificilmente renovável).
Catastrófico (M)

A Magnitude do risco (R), obtida através da equação (Eq. 6), pode também ser determinada pela
consulta da matriz apresentada na Figura 16, que estabelece a interacção entre o Nível de
probabilidade (NP) e o Nível de consequência (NC), as duas variáveis, agora, implicadas.

R = NP * NC (Eq. 6)
onde,
R = Magnitude do risco;
NP = Nível de probabilidade;
NC = Nível de consequência.

32
Tendo em conta os objectivos deste estudo, também neste caso, apenas foram usados os descritores associados aos
danos pessoais.

62 Filipa Carvalho
Metodologia

Nível de probabilidade (NP)

R = NS*NP
[2 4] [6 8] [10 20] [24-40]

10 20 40 60 80 100 200 240 4000


Nível de consequência (NC)

25 50 100 150 200 250 500 600 1000

60 120 240 360 480 600 1200 1440 2400

100 200 400 600 800 1200 2000 2400 4000

Figura 16 Relação entre as variáveis Nível de consequência (NC) e Nível de probabilidade (NP), segundo o
método de matriz composta NTP330, para determinação da Magnitude do risco (R).

A interpretação do valor obtido é feita pela consulta do Índice de risco apresentado na Tabela 31.

Tabela 31 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Método de
matriz composta NTP330).

Magnitude do risco Índice de risco Prioridade de Intervenção

Situação critica. Requer correcção


[600 4000[ 1 urgente.

[150 500[ 2 Corrigir e adoptar medidas de controlo.

Melhorar se possível. Seria conveniente


[40 120[ 3 justificar a intervenção e sua
rentabilidade.

Não intervir, salvo se uma análise mais


= 20 4 precisa o justifique.

Filipa Carvalho 63
Metodologia

4.9 Método de matriz composta DGEMN


O método de matriz composta DGEMN foi desenvolvido pela Direcção Geral dos Edifícios e
Monumentos Nacionais (DGEMN) (Hipólito, 2006).

Tal como referido na Tabela 4, trata-se de um método idêntico aos dois últimos apresentados,
Método de matriz composta CM e Método de matriz composta NTP330, que recorre ao
conhecimento de 4 variáveis, agora designadas por Nível de exposição (NE), Nível de
procedimentos de segurança (NPS), Nível de probabilidade (NP) e Nível de gravidade (NG).
Contudo, os intervalos utilizados, nas respectivas escalas apresentam algumas diferenças e os seus
descritores são igualmente diferentes.

Cada uma destas variáveis recorre a uma escala de 4 níveis. Em cada um desses níveis é utilizado
um valor ou, um intervalo de valores (consoante os casos), para caracterizar a apreciação
qualitativa da condição que está a ser alvo de avaliação.

São igualmente utilizadas 2 matrizes de dimensão (4X4) para associar as variáveis entre sim, tal
como se demonstra no fluxograma da Figura 17.

NE
Nível de exposição NP
x Nível de probabilidade
R
NPS x Magnitude do risco
Nível de
procedimentos NG
de segurança Nível de gravidade

Figura 17 Fluxograma do processo de associação entre variáveis (Método de matriz composta DGEMN).

Para a determinação das variáveis Nível de exposição (NE) e Nível de procedimentos de segurança
(NPS) são utilizadas as escalas apresentadas nas tabelas 32 e 33.

64 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 33 Escala de Nível de procedimentos de


Tabela 32 Escala de Nível de exposição (NE) segurança (NPS) (Método matriz composta
(Método matriz composta DGEMN). DGEMN).

Nível de exposição (NE) Nível de procedimento de


segurança (NPS)
1 Esporádica

1,5 Ocasional 1 Aceitável

2 Frequente 2 Sujeito a melhorias

2,5 Continuada 3 Deficiente

4 Muito deficiente

À semelhança dos outros dois métodos, as duas variáveis, Nível de Probabilidade (NP) e
Magnitude do risco (R), são determinadas pelo produto das 2 variáveis, que as antecedem (NE e
NPS, NP e NG, respectivamente).

Desta forma, o Nível de probabilidade (NP) é função do Nível de procedimentos de segurança


(NPS) e do Nível de exposição (NE) e pode ser expresso pelo produto de ambos os termos como se
mostra na equação (Eq. 7):

NP = NE * NPS (Eq. 7)
onde:
NP = Nível de probabilidade;
NE = Nível de exposição,
NPS = Nível de procedimentos de segurança.

A interpretação do valor obtido para a variável Nível de probabilidade (NP) é neste método
efectuada pela consulta da Tabela 34.

Tabela 34 Interpretação do Nível de probabilidade (NP) (Método matriz composta DGEMN).

Nível de probabilidade (NP)

<4 Reduzida

[4-6[ Média

[6 8[ Alta

[8 10] Muito Alta

Filipa Carvalho 65
Metodologia

Para determinar o Nível de gravidade (NG) são também considerados 4 níveis. A Tabela 35
apresenta a escala e os respectivos descritores para cada um desses 4 níveis.

Tabela 35 Escala de Nível de gravidade (Método matriz composta DGEMN).

Nível de gravidade (NG)

10 Leve (L)

25 Grave (G)

60 Muito Grave (MG)

100 Mortal (M)

A Magnitude do risco (R), obtida através da equação (Eq. 8), pode também ser determinada pela
consulta da matriz de avaliação simplificada apresentada na Figura 18, que estabelece a interacção
entre o Nível de probabilidade (NP) e o Nível de gravidade (NG), as duas variáveis, agora,
implicadas.

R = NP * NG (Eq. 8)
onde:
R = Magnitude do risco;
NP = Nível de probabilidade;
NG = Nível de gravidade.

Nível de probabilidade (NP)

R = NS*NP 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
Nível de gravidade (NG)

25 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250

60 60 120 180 240 300 360 420 480 540 600

100 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Figura 18 Relação entre as variáveis Nível de gravidade (NC) e Nível de probabilidade (NP), segundo o
método de matriz composta DGEMN, para determinação da Magnitude do risco (R).

66 Filipa Carvalho
Metodologia

Como se pode constatar pela análise da matriz apresentada na Figura 18, os valores obtidos pela
variável Magnitude do risco podem oscilar entre 10 e 1000. A interpretação do valor obtido é feita
pela consulta do Índice de risco apresentado na Tabela 36.

Tabela 36 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Método de
matriz composta DGEMN).

Magnitude do risco Índice de risco Prioridade de Intervenção

[500 1000] 1 Situação crítica.

[200 500[ 2 Situação sujeita a correcções.

[100 200[ 3 Situação com condições aceitáveis.

<100 4 Situação não sujeita a intervenções.

4.10 Método de WTF


O método de William T. Fine (aqui designado por Método - WTF) é, tal como referido no I
Capítulo, o único método que parece ter um cariz mais científico, tendo sido publicado há mais de
30 anos (Fine, 1971) e posteriormente traduzido por Cabral & Veiga (2006) e INSHT33 (NTP101,
s/ data)

Para a realização deste estudo foi utilizada a classificação apresentada por Cabral & Veiga (2006),
por se tratar de uma referência acessível a todos os profissionais que trabalham na área da
prevenção dos riscos profissionais.

Uma das diferenças encontradas entre esta publicação e a original reside na escala do Índice de
risco que apresenta 5 níveis, ao contrário dos 3 níveis originais. Esta diferença pareceu-nos útil, já
que o método se assemelha ao método de matriz composta P, quer na determinação da variável
34
Magnitude do risco (R) quer na dimensão da escala do Índice de risco.

33
Instituto Nacional de Seguridad e Higiene en el Trabajo (Ministerio de Trabajo y Asuntos Sociales Espanã).
34
Embora com menos uma variável envolvida.

Filipa Carvalho 67
Metodologia

Tal como referido na Tabela 4, é um método de Avaliação de Risco que recorre ao conhecimento
de 3 variáveis distintas, aqui designadas por Factor consequência (Fc), Factor exposição (Fe) e
Factor probabilidade (Fp).

Cada uma das 3 variáveis (Fc, Fe e Fp) é analisada com recurso a uma escala de 6 níveis. As
tabelas 37 a 39 apresentam os vários níveis e descritores associados a cada uma das variáveis em
análise.

À semelhança de outros métodos, o método WTF prevê uma classificação das consequências em
termos de danos materiais e pessoais. Contudo, e sabendo-se que as consequências em termos
materiais são actualmente alvo de revisão num estudo efectuado no Instituto Superior Técnico,
optámos por não as incluir na descrição do método, até porque, a sua utilização não se revelou
indispensável ao cumprimento dos objectivos deste estudo.

É de salientar que neste método, sempre que se considerar que uma dada situação, não se enquadra
em nenhum dos códigos sugeridos, mas que pelo contrário cai no seu intervalo, pode optar-se por
atribuir um código diferente.

Tabela 37 Escala de Factor consequência (Fc) Tabela 38 Escala de Factor exposição (Fe)
(Método WTF). (Método WTF).

Factor consequência (Fc) Factor exposição (Fe)

100 Catastrófico Muitas vítimas mortais. 10 Contínua muitas vezes/dia.

50 Vários mortos. 6 Frequente aproximadamente 1vez/dia.

25 Morte acidente mortal. 5 Ocasional >1 vez/semana e < 1vez/mês.

Lesões Graves Incapacidade permanente /


15 Amputação. 4 Irregular >1 vez/mês e < 1 vez/ano.

Lesões com baixa Incapacidade Raro sabe-se que ocorre, mas com
5 temporária. 1 baixíssima frequência.

Pequenos ferimentos Lesões ligeiras; Pouco provável - Não se sabe se ocorre


1 contusões, golpes, etc.. 0.5 mas é possível que possa ocorrer.

68 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 39 Escala de Factor probabilidade (Fp) (Método WTF).

Factor probabilidade (Fp)

Acidente como resultado mais provável e esperado, se a situação de


10 Muito provável risco ocorrer.

É muito possível que ocorra, Acidente como perfeitamente possível.


6 Possível Probabilidade de 50%.

É raro que aconteça; Acidente com incidência rara. Probabilidade de


3 Raro 10%.

Já aconteceu mas é difícil que se repita; Acidente com incidência


1 Repetição improvável remotamente possível. Sabe-se que já ocorreu. Probabilidade de 1%.

0.5 Nunca aconteceu Acidente como incidência extremamente remota.

Praticamente Acidente como praticamente impossível. Nunca aconteceu em


0.1 muitos anos de exposição.
impossível

O produto da classificação das 3 variáveis dá a Magnitude do risco (R), que neste método é
designada por Grau de perigosidade (GP). Para facilitar a leitura e respectiva relação entre as
várias escalas, iremos manter a terminologia de Magnitude do risco (R).

A equação (Eq. 9) traduz o processo de determinação da Magnitude do risco (R).

R = Fc * Fe * Fp (Eq. 9)
onde:
R = Magnitude do risco;
Fc = Factor consequência;
Fe = Factor exposição;
Fp = Factor probabilidade.

A escala varia entre 0,05 (situação óptima) e 10 000 (situação péssima).

Para a determinação das prioridades de intervenção recorre-se à escala de Índice de risco


disponibilizada e que é apresentada na Tabela 40.

Filipa Carvalho 69
Metodologia

Tabela 40 Índice de risco e Prioridade de Intervenção segundo a Magnitude do risco (R) obtida (Método
WTF).

Magnitude do risco Índice de risco Prioridade de intervenção

400 1 Grave e iminente Suspensão imediata da actividade perigosa.

[200 400[ 2 Alta Correcção imediata.

[70 200[ 3 Notável Correcção necessária urgente.

[20 70[ 4 Moderado Não é urgente, mas deve corrigir-se.

< 20 5 Aceitável Pode omitir-se a correcção.

Este método apresenta uma particularidade, face aos demais, que se traduz na possibilidade de
apresentar uma Justificação das medidas a implementar (J) a partir de uma Relação Custo -
benefício estabelecida pela equação (Eq. 10):

J = R / (fc * gc) (Eq. 10)


onde:
J = Justificação das medidas a implementar;
R = Magnitude do risco;
fc = Factor custo que traduz o custo expectável da intervenção;
gc = Grau de correcção que traduz aquilo que é expectável reduzir em termos da Magnitude do
risco (R), face à implementação das medidas contempladas no Factor custo (fc).

A determinação das variáveis, Factor custo (fc) e o Grau de correcção (gc) é efectuada com o
auxílio das classificações propostas nas tabelas 41 e 42.

70 Filipa Carvalho
Metodologia

Tabela 41 Factor custo (fc) (Método WTF). Tabela 42 Grau de correcção (gc) (Método
WTF).
Factor custo (fc)
Grau de correcção (gc)
10 > 2.500
Risco completamente
1 eliminado
6 De 1.250 a 2.500
Risco reduzido em
2 75%
4 De 675 a 1.250
Risco reduzido entre
3 De 335 a 675 3 50 a 75%
Risco reduzido entre
2 De 150 a 335 4 25 a 50%
1 De 75 a 150 Ligeiro efeito sobre o
6 risco
0.5 <75

Determinado o valor J, com auxílio da equação (Eq. 10), procede-se à sua interpretação de acordo
com o princípio proposto na Tabela 43.

Tabela 43 Índice de Justificação (J) versus Grau de actuação (Método WTF).

J Grau de actuação

20 Suspensão imediata da actividade perigosa.

[10 20[ Correcção imediata.

< 10 Correcção necessária urgente.

Tendo presente os objectivos do nosso estudo, a determinação das variáveis Justificação das
medidas a implementar (J), Factor custo (fc) e Grau de correcção (gc) não foram contempladas.

Filipa Carvalho 71
Metodologia

5. Tratamento dos dados


A exposição feita no ponto 3.2 (Recolha de dados) revela que se realizou um tratamento de tipo
descritivo e analítico dos dados, etapa a etapa, para alcançar, por cada método, os valores de Nível
de Risco, a variável verdadeiramente dependente neste estudo.

O tratamento da informação obtida, quer em termos descritivos quer em termos estatísticos, foi
feito com o auxílio do programa informático SPSS (Statistical Package for the Social Sciences
versão 15).

Tendo presente a natureza ordinal, da variável em estudo, começámos por fazer uma análise
descritiva dos dados, recorrendo a parâmetros de localização (moda, percentis), tabelas de
frequência (simples e acumulada) e diagramas de barras.

Finalmente, e para a verificação das hipóteses de investigação formuladas:


H0 -1 Não existem diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pela aplicação dos
diferentes MASqt .
H0 -2 O tipo de risco em avaliação não influencia significativamente o Nível de Risco obtido
pela aplicação dos diferentes MASqt .

recorremos ao teste de Friedman, a técnica estatística não paramétrica que se apresentou como
sendo mais adequada, tendo em conta a natureza dos nossos dados35.

Para a aplicação do teste de Friedman tivemos apenas em conta a comparação entre métodos que
integravam Índices de risco com escalas idênticas. Assim, pela síntese efectuada na Tabela 4, é
possível verificar que se realizaram 2 testes que envolvem 3 amostras emparelhadas (é o caso dos 3
métodos que integram uma escala, para o Índice de risco, de 3 e 4 níveis, respectivamente) e um
terceiro teste que envolve 4 amostras emparelhadas (é o caso dos métodos que integram uma escala
de 5 níveis, para o Índice de risco).

Para possibilitar uma análise directa dos dados, tornou-se necessário converter as escalas originais
de alguns métodos, para que todos assumissem a mesma ordem, em termos da prioridade de
intervenção a que cada nível corresponde. Assumiu-se que uma ordem crescente de níveis

35
Em particular a existência de variáveis de natureza ordinal e a presença de amostras emparelhadas com
k (nº de casos ou amostras) 3.

72 Filipa Carvalho
Metodologia

corresponderia a uma ordem decrescente de prioridade de intervenção. Esta opção levou-nos a uma
alteração da ordem dos níveis de Índice de risco, inicialmente prevista para:

Método de matriz simples Somerville; Método de matriz simples (4x5);


Método de matriz simples (3X3); Método de matriz composta CM.
Método de matriz simples (4x4);

Esta alteração foi realizada com auxílio do SPSS e está contemplada no quadro síntese apresentado
no anexo 4.

Em todos os testes realizados foi considerado um nível de significância de 0,05, ou seja, um nível
de confiança de 95%, por se considerar razoável para este tipo de estudo.

Assim, sempre que os resultados do teste de Friedman revelaram p-value <0,05 fomos conduzidos
a rejeitar a H0. Tal resultado significa que, para as amostras36 consideradas (k), existe pelo menos
um método que difere de pelo menos um dos outros métodos. Nestas situações, a regra de decisão
para saber quais os métodos que diferem, significativamente entre si, consiste em compará-los, dois
a dois, só os considerando diferentes quando se verificar a desigualdade apresentada na equação
(Eq. 11):

| Ru Rv | Z k (k 1) / 6 N (Eq. 11)
/k(k 1)

onde:
Ru e Rv = Mean rank37 obtido por cada k (para o respectivo par em avaliação);
k = nº de casos ou amostras;
N = dimensão das amostras;
Z /k(k 1) = é o valor de abcissa de uma distribuição normal acima do qual se pode admitir que

existe / k (k 1) % da distribuição.

O valor Z /k(k 1) foi obtido a partir da consulta da tabela de distribuição normal disponibilizada no

anexo 5.

Uma vez que o SPSS não disponibiliza esta análise, recorremos ao Excel para efectuar os
respectivos cálculos.

36
Neste caso os métodos que forem comparados.
37
Mean rank = média da ordenação refere-se ao tipo de resultado efectuado por este teste.

Filipa Carvalho 73
Apresentação/discussão dos resultados

III. CAPÍTULO - APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS


RESULTADOS

De acordo com o referido no II Capítulo - ponto 5. , a apresentação dos resultados será efectuada
em dois momentos diferentes. Um primeiro momento onde faremos uma descrição do Nível de
Risco obtido, por cada um dos métodos utilizados, aquando da avaliação dos Riscos registados ao
longo da análise das 6 tarefas. Um segundo momento onde apresentaremos os resultados dos testes
às hipóteses correspondentes às duas questões formuladas.

Antes de apresentarmos os resultados da avaliação do Nível de Risco obtido, por cada um dos
métodos, faremos uma breve caracterização da situação de trabalho analisada. Esta caracterização
centrar-se-á essencialmente nos parâmetros que considerámos pertinentes para uma melhor
compreensão do estudo que foi feito.

Para cada uma das 6 tarefas analisadas, a Avaliação de Risco debruçou-se em, pelo menos, cinco
situações relativas à variável Componente da Situação de Trabalho (ST). Apesar da Tabela 44 não
apresentar essa informação, podemos referir que os principais aspectos tidos em consideração nesta
variável foram: Materiais utilizados, Equipamentos de trabalho, Espaço de trabalho, Ambiente
físico-químico e Processos de trabalho/Modos operatórios.

A análise da Tabela 44 revela, ainda, que, cada uma das componentes da ST (CST) pode gerar
mais do que uma descrição da situação (DS). Por sua vez, a descrição da situação (DS) pode
desencadear o reconhecimento de várias circunstâncias perigosas (CP). Cada uma destas
circunstâncias perigosas (CP) pode envolver mais do que um perigo (P), que por sua vez pode
enquadrar mais do que um risco associado (R) e, respectivamente, uma potencial consequência
(C). Estas constatações podem ainda ser confirmadas pela análise do Gráfico 1.

Filipa Carvalho 75
Apresentação/discussão dos resultados

Tabela 44 Síntese dos dados obtidos para cada uma das variáveis analisadas na Grelha de EXCEL (criada
para a recolha de dados na Etapa 2).

Nº de casos identificados em cada um dos campos


Código da analisados (N)
tarefa
CST DS CP P R C RA

B13 4 13 16 19 20 20 20

C7 5 15 21 21 26 26 26

I3,4,5 4 10 12 12 13 13 13

J4 5 15 16 17 32 32 32

J5 4 19 20 20 25 25 25

J18 4 22 28 31 34 34 34

Total de Riscos avaliados 150

40 Componentes da ST avaliadas

35 Descrição da Situação
30
Circunstância perigosa
25 identificada
N
Perigo
20

15 Riscos associado

10
Consequência
5
Riscos avaliados
0
B13 C7 I3,4,5 J4 J5 J18
Tarefas

Gráfico 1 Caracterização das tarefas (nº de casos avaliados), segundo, as variáveis em estudo.

Uma caracterização mais exaustiva dos dados por tarefa, não será aqui apresentada por
considerarmos que vai para além dos objectivos do estudo. No entanto, salientamos o facto de a
variável risco associado (R) e potencial consequência (C) não apresentarem diferenças entre si.
Tal situação deve-se ao processo de registo dos dados efectuado, que para proporcionar o estudo da
nossa 2ª questão: Será que o tipo de risco em avaliação influencia o Nível de Risco obtido pelos
diferentes MASqt utilizados? , teve que ser coincidente com o nº de potenciais consequências (C).

76 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Tabela 45 38 Tipo de risco vs Categorias de riscos.

Tipos de Risco Categoria de Riscos N


R1 Contacto Superfícies vibráteis 3

R2 Risco Eléctrico 12

R3 Contacto directo com equipamentos contaminados 1

R4 Contacto directo com PQ 36

R5 Contacto directo com superfícies cortantes 9

R6 Contacto directo com superfícies quentes 2

R7 Contacto directo/Inalação de poeiras 12

R8 Explosão 2

R9 Exposição a temperaturas ambientais extremas 2

R10 Exposição ao Ruído 12

R11 Queda a diferentes níveis 8

R12 Risco mecânico 3

R13 Risco de colisão 7

R14 Sobresforço 33

R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível 8

Total 150

Na realidade, e tendo em conta a categorização de riscos estabelecida para efeitos deste estudo
(Tabela 45), uma análise mais cuidada dos dados revelou que os riscos associados (R),
identificados em cada tarefa, foi inferior ao nº de potenciais consequências (C). Apesar deste facto,
não consideramos a sua caracterização fundamental para o objectivo deste estudo.

A dimensão da nossa amostra (N=150) recaiu sobre a totalidade dos casos identificados, ou seja,
sobre a totalidade das potenciais consequências (C) identificadas, pelo que, o número de casos da
variável riscos avaliados (RA) coincide com as duas últimas variáveis apresentadas na Tabela 44
(risco associado (R) e potencial consequência (C)) (ver também Gráfico 1).

38
Esta tabela apresenta a categoria de riscos estabelecida. Foram criadas 15 categorias. A cada categoria é ainda atribuído
um código sob a designação Tipo de Risco. O objectivo desta descrição é limitado ao estudo da segunda questão Q2 -
Será que o tipo de risco em avaliação influencia o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados? pelo que
uma análise mais criteriosa será efectuada mais adiante.

Filipa Carvalho 77
Apresentação/discussão dos resultados

Tal como referido no II Capítulo - ponto 3.2.3, foram utilizados 10 métodos para testar as
hipóteses definidas. O anexo 4 apresenta uma síntese das principais características, nomeadamente:

A existência de 3 métodos que usam 3 níveis para caracterizar a variável Índice de risco:
o Método de matriz simples Somerville;
o Método de matriz simples CRAM;
o Método de matriz composta CM,
A existência de 3 métodos que usam 4 níveis para caracterizar essa mesma variável:
o Método de matriz simples (4x5);
o Método de matriz composta NTP330;
o Método de matriz composta DGEMN.
e por último,
A existência de 4 métodos que usam 5 níveis para caracterizar essa variável:
o Método de matriz simples (3X3);
o Método de matriz simples (4x4);
o Método de matriz composta P;
o Método de WTF.

O agrupamento dos métodos, por níveis de Índice de risco, pareceu-nos mais adequado para testar
as hipóteses em estudo, já que possibilita uma visualização mais imediata das
semelhanças/diferenças entre os resultados obtidos por cada método. Assim, optámos por analisar
os resultados considerando este agrupamento, critério que será mantido na apresentação dos
resultados.

De seguida passamos à apresentação dos resultados de acordo com os momentos supra


mencionados.

78 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

1. Avaliação do Nível de risco obtido por cada um dos


métodos

1.1 Métodos com 3 níveis de Índice de risco


Uma análise às classificações obtidas pelos métodos com 3 níveis de Índice de risco revela que os
métodos não assumem sempre a mesma tendência, traduzindo-se, numa primeira análise, numa
hierarquização das prioridades de intervenção também diferente. Assim, o método de matriz
simples Somerville (Gráfico 2) apresenta uma maior frequência de casos no nível 2, com 66
registos (44%), seguindo-se o nível 3, com 44 registos (29,3%) e, por último, o nível 1, com 40
registos (26, 67%).
Com este método, 70,7% dos registos requerem, no mínimo, uma intervenção de prioridade média
(cuja interpretação é ambígua, já que o método não especifica o que isto significa, deixando ao
critério de quem o aplica, assumir os prazos para a efectivação das correcções).

Gráfico 2 Valores percentuais dos Níveis de risco Gráfico 3 Valores percentuais dos Níveis de risco
obtidos pelo Método matriz simples Somerville. obtidos pelo Método matriz simples CRAM.

Em contrapartida, o método de matriz simples CRAM (Gráfico 3), considera que apenas 34,7%
dos casos se posicionam, pelo menos, com uma classificação de nível 2. Para este método o nível
que apresentou maior frequência de casos foi o nível 3, com 98 registos (65,3%), seguindo-se o
nível 2, com 38 registos (25,3%) e, por último, o nível 1, com 14 registos (9,3%).

Filipa Carvalho 79
Apresentação/discussão dos resultados

Já no que diz respeito ao método de matriz composta CM (Gráfico 4), os resultados obtidos
foram semelhantes aos da matriz simples CRAM: o nível que apresentou maior frequência de
casos foi o nível 3, com 95 registos (63,3%), seguindo-se o nível 2, com 45 registos (30%) e, por
último, o nível 1, com 10 registos (6,7%). Para este método apenas 36,7% dos casos se posicionam,
pelo menos, com uma classificação de nível 2.

Gráfico 4 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz composta CM.

Apesar das diferenças encontradas entre os níveis que apresentam maior frequência de casos, em
particular no método de matriz simples Somerville, uma análise aos descritores dos níveis de Índice
de risco destes métodos leva-nos a ponderar uma certa coerência nos resultados obtidos, já que o
nível 3 dos métodos de matriz simples CRAM39 e de matriz composta CM40 podem, na nossa
opinião, corresponder em termos de significado à junção do nível 2 e 3 do método de matriz
simples Somerville41. As nossas convicções estão sintetizadas na Tabela 46.

39
Nível 3 = Intervenção a médio ou longo prazo.
40
Nível 3 = Risco pouco importante; Intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar.
41
Nível 2 = Risco médio e Nível 3 = Risco baixo.

80 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Tabela 46 Síntese de alguns dos resultados obtidos pelos métodos com 3 níveis de Índice de risco.

Método - (Nível com maior frequência) Nº de registos (N) %


Método de matriz simples Somerville (nível 2 e nível 3) 110 73,3

Método de matriz simples CRAM (nível 3) 98 65

Método de matriz composta CM (nível 3) 95 63

1.2 Métodos com 4 níveis de Índice de risco


À semelhança dos resultados apresentados anteriormente, as classificações obtidas pelos métodos
com 4 níveis de Índice de risco revelam que os métodos não assumem a mesma tendência,
traduzindo-se42 numa hierarquização das prioridades de intervenção também diferente. Estas
constatações estão bem espelhadas nos gráficos 5, 6 e 7. Apesar destes resultados, quaisquer
ilações devem ser cuidadosas, já que os descritores associados a cada nível podem ter significados
idênticos minimizando as diferenças, por ventura, encontradas.

Assim, o método de matriz simples (4x5) (Gráfico 5) apresenta uma maior frequência de casos no
nível 2 com 97 registos (64,7%), seguindo-se o nível 3, com 39 registos (26%) e, por último, os
níveis 1 e 4, com 9 (6%) e 5 (3,3%) registos, respectivamente. Com este método, 70,7% dos
registos requerem, no mínimo, uma intervenção de nível 2.

Por outro lado, segundo método de matriz composta NTP330 (Gráfico 6), o nível que apresenta
maior frequência de casos é o nível 3, com 76 registos (50,7%), seguindo-se o nível 2, com 50
registos (33,3%), depois o nível 4, com 14 registos (9,3%) e, finalmente, o nível 1, com 10 registos
(6,7%). Este método considera que apenas 40%43 dos casos se posicionam, pelo menos, com uma
classificação de nível 2.

42
Numa análise meramente analítica da ordem dos níveis (sem olhar para os descritores).
43
Face aos 64,7% do método anterior.

Filipa Carvalho 81
Apresentação/discussão dos resultados

Gráfico 5 Valores percentuais dos Níveis de risco obtidos pelo Método matriz simples (4x5).

Gráfico 6 Valores percentuais dos Níveis de risco Gráfico 7 Valores percentuais dos Níveis de risco
obtidos pelo Método matriz composta NTP330. obtidos pelo Método matriz composta DGEMN.

Por último, o método de matriz composta DGEMN (Gráfico 7) apresenta resultados muito
diferentes dos obtidos pelos outros dois métodos. O nível que apresentou maior frequência de casos
foi o nível 4, com 99 registos (66%), seguindo-se o nível 3, com 39 registos (26%) e, por último, o
nível 2, com 12 registos (8%). O nível 1 não obteve nenhum registo. Seguindo o mesmo raciocínio
apresentado na análise dos métodos anteriores, para este método, apenas 8% dos casos se
posicionam, pelo menos, com uma classificação de nível 2.

82 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Uma análise análoga à realizada para os três métodos de 3 níveis de Índice de risco, no que
concerne à análise dos descritores associados aos níveis que registaram maior frequência de casos,
vem reforçar as diferenças aqui apresentadas. A síntese da Tabela 47, que apresenta os níveis com
maior taxa de frequência para cada um dos métodos considerados, é reveladora de tais conclusões.

Tabela 47 Síntese de alguns dos resultados obtidos pelos métodos com 4 níveis de Índice de risco.

Método - (Nível com maior frequência) Nº de registos (N) %


Método matriz simples (4x5) (nível 2)44 97 64,7

Método matriz composta NTP330 (nível 3)45 76 50,7

Método matriz composta DGEMN (nível 4)46 99 66

1.3 Métodos com 5 níveis de Índice de risco

Seguindo o mesmo raciocínio das análises anteriores, a análise das classificações obtidas pelos
métodos com 5 níveis de Índice de risco revela que os métodos não assumem a mesma tendência
entre si, traduzindo-se igualmente47 numa hierarquização das prioridades de intervenção diferente.
Os gráficos 8, 9, e 10 evidenciam, no entanto, que os níveis 3 e 4 assumem a liderança48. As
maiores diferenças são, no entanto, registadas entre os outros níveis disponibilizados por estes
métodos. À excepção do método de matriz simples (4x4), os outros três métodos são coerentes,
entre si, não apresentando qualquer registo no nível 1.

Assim, o método de matriz simples (3x3) (Gráfico 8) apresenta uma maior frequência de casos no
nível 3, com 72 registos (48%), seguindo-se o nível 4, com 39 registos (26%) e, por último, os
níveis 2 e 5, com 23 (15,3%) e 16 (10,7%) registos, respectivamente. Com este método, 63,3% dos
registos requerem, no mínimo, uma intervenção de nível 3, que corresponde, na nossa opinião, a
uma intervenção comparável ao nível 4 da maioria dos outros métodos abordados (anexo 4).

44
Nível 2 = Risco Indesejável Resolver a médio/longo prazo: As medidas de controlo do risco devem ser
implementadas dentro de um período de tempo definido.
45
Nível 3 = Melhorar se possível. Seria conveniente justificar a intervenção e sua rentabilidade.
46
Nível 4 = Situação não sujeita a intervenções.
47
Numa análise meramente analítica da ordem dos níveis (sem olhar para os descritores).
48
Em termos da taxa de frequência de casos registados.

Filipa Carvalho 83
Apresentação/discussão dos resultados

Segundo o método de matriz simples (4x4) (Gráfico 9), o nível que apresenta maior frequência de
casos, é o nível 4, com 81 registos (54%), seguindo-se o nível 3, com 37 registos (24.7%), depois o
nível 5, com 14 registos (9,3%), seguido do nível 2, com 12 registos (8%) e, finalmente, o nível 1
com, 6 registos (4%). Considerando agora o nível 3 como o nível de referência (à semelhança do
que foi feito para a análise do ponto 1.2), este método considera que apenas 36,7%49 dos casos se
posicionam, pelo menos, numa classificação desse nível.

Por outro lado, segundo o método de matriz composta P (Gráfico 10), o nível que apresenta
maior frequência de casos é o nível 4, com 72 registos (48%), seguindo-se o nível 3, com 70
registos (46,7%), depois o nível 2, com 6 registos (4%) e, finalmente, o nível 5 com, 2 registos
(1,3%). Este método considera que 50,7%50 dos casos se posicionam, pelo menos, com uma
classificação de nível 3.

Por último, o método de WTF (Gráfico 11) apresentou maior frequência de casos no nível 3, com
60 registos (40%), seguindo-se o nível 5, com 49 registos (32,7%) e, por último, os níveis 4 e 2
com, 36 (24%) e 5 (3,3%) registos, respectivamente. Seguindo o mesmo raciocínio, apresentado na
análise dos métodos anteriores, para este método, os casos que se posicionam, pelo menos, com
uma classificação de nível 3 situam-se na ordem dos 43,3%.

Gráfico 8 Valores percentuais dos Níveis de risco Gráfico 9 Valores percentuais dos Níveis de risco
obtidos pelo Método matriz simples (3x3). obtidos pelo Método matriz simples (4x4).

49
Face aos 63,3% do método anterior.
50
Face aos 63,3% e 36,7% dos métodos anteriores.

84 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Gráfico 10 Valores percentuais dos Níveis de risco Gráfico 11 Valores percentuais dos Níveis de risco
obtidos pelo Método matriz composta P. obtidos pelo Método WTF.

Uma análise análoga à realizada para os seis métodos de 3 e 4 níveis de Índice de risco, no que
concerne à análise dos descritores, revela algumas curiosidades. Assim, os descritores associados
ao nível 4, dos métodos de matriz simples (4x4) e de WTF podem ser, em nossa opinião,
considerados semelhantes aos descritores do nível 3, dos métodos de matriz simples (3x3) e de
matriz composta P. Analisando agora as posições que cada um destes níveis assume, podemos
concluir que, à excepção do método de WTF, os outros três métodos são coerentes, em nossa
opinião, na análise que fazem. A Tabela 48 sintetiza as conclusões apresentadas.

Tabela 48 Síntese de alguns dos resultados obtidos pelos métodos com 5 níveis de Índice de risco.

Método - (Nível com maior frequência) Nº de registos (N) %


Método de matriz simples (3X3) (nível 3) 51 72 48

Método de matriz composta P (nível 3) 52 7053 50,7

Método de matriz simples (4X4) (nível 4) 54 81 54,4

Método de WTF (nível 4) 55 36 24

51
Nível 3 = Moderado - Devem fazer-se esforços para reduzir o risco. As medidas para reduzir o risco devem ser
implementadas num período determinado. Quando o risco estiver associado a consequências extremamente danosas,
será necessária uma acção posterior, para estabelecer, com mais precisão, a Probabilidade.
52
Nível 3 = Situação aceitável mas requer algumas alterações.
53
Apesar de não ter assumido a 1ª posição, consideramos poder ignorar este dado por apenas ter uma diferença de 2
pontos da verdadeira 1ª posição (que foi alcançada pelo nível 4 (com 72 registos)).
54
Nível 4 = Intervenção a médio prazo.
55
Nível 4 = Moderado Não é urgente, mas deve corrigir-se.

Filipa Carvalho 85
Apresentação/discussão dos resultados

2. Resultados dos testes não paramétricos de Friedman


2.1 Resultados do teste à Hipótese nula 1

Recordando a 1ª questão de investigação, Será que o Nível de Risco obtido, pelos diferentes
MASqt utilizados, é idêntico para cada um dos riscos/consequências associadas? , aplicámos o
teste de Friedman para testar as seguintes hipóteses:
H0 -1 Não existem diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pela aplicação dos
diferentes MASqt.
versus
H1 -1 Existem diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pela aplicação dos
diferentes MASqt.

Assumindo o agrupamento dos métodos por níveis de Índice de risco, tal como referido no início
deste capítulo, realizaram-se três testes, dos quais dois enquadraram 3 amostras (foi o caso dos
métodos de 3 e de 4 níveis de Índice de risco) e um enquadrou 4 amostras (foi o caso do grupo com
5 níveis de Índice de risco).

À semelhança do que foi feito no ponto anterior, passamos a apresentar os resultados pela mesma
ordem.

2.1.1 Métodos com 3 níveis de Índice de risco

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 88,528 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 1, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados56. Importa analisar onde se encontram as
diferenças, já que uma análise mais cuidada à Mean rank parece ser indicadora de alguma
incoerência face aos resultados aqui apresentados.

56
Método de matriz simples Somerville, método de matriz simples CRAM e método de matriz composta CM.

86 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 1 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco (Output SPSS).

Friedman Test
Ranks
Test Statisticsa
Mean Rank
N 150
Nivel Risco Corrigido
1,53 Chi-Square 88,528
Somerville
Nível de Risco (CRAM) 2,24 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,000
2,23
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test

Assim, a análise efectuada à posteriori, com auxílio da equação (Eq. 11), cujos resultados se
apresentam no Quadro 2, vem de facto confirmar que, no par método de matriz simples
CRAM/método de matriz composta CM, não existem diferenças significativas, sendo indiferente
o método utilizado. A consistência destes resultados é ainda confirmada pela análise efectuada aos
descritores dos níveis com maior taxa de frequência de casos (Tabela 46), que parece não revelar,
na nossa opinião, diferenças entre o par de métodos aqui considerado.

Quadro 2 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco.

Comparações Condição verificada = Existem


dos pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,53 AeB 0,71 0,276 VERDADEIRO
B Nível de Risco (CRAM) 2,24 AeC 0,70 0,276 VERDADEIRO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,23 BeC 0,02 0,276 FALSO
K 3
Z 2,39
N 150

Consideramos, ser pertinente referir que, de acordo com os resultados obtidos, o método de matriz
simples Somerville se revelou o mais potente, em matéria de protecção do trabalhador. A sua Mean
rank (1,53) posiciona-o como sendo o método que apresenta mais frequentemente ordens
inferiores, pelo que é aquele que conduzirá a uma prioridade de intervenção mais urgente.

2.1.2 Métodos com 4 níveis de Índice de risco

Tal como se pode constatar pela análise do Quadro 3, os resultados do teste não paramétrico de
Friedman (Chi-Square= 212,956 e p-value <0,05) permitem-nos concluir que, mais uma vez,
existem diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados

Filipa Carvalho 87
Apresentação/discussão dos resultados

neste teste57. Tendo em consideração a análise da Tabela 47, os resultados deste teste não nos
surpreenderam. Contudo, respeitando os mesmos critérios apresentados na análise anterior,
procurámos situar as diferenças através da verificação da condição referida na equação (Eq. 11).

Assim, podemos concluir que os resultados obtidos foram ainda corroborados pela análise
efectuada à posteriori (Quadro 4), onde se pôde confirmar que, para qualquer um dos pares
considerados, existem diferenças significativas não sendo indiferente o tipo de intervenção
preconizada, consoante o método utilizado.

Quadro 3 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco (Output SPSS).

Friedman Test
Ranks

Mean Rank Test Statisticsa


Nivel de risco corrgido
1,43 N 150
(MatrizSim4x5)
Nivel de Risco Chi-Square 212,956
1,70 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,000
2,87
corrigido (DGEMN) a. Friedman Test

Quadro 4 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco.

Comparações Condição verificada = Existem


dos pares
| A - B|
/ k ( k 1) k ( k 1) / 6 N diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,43 AeB 0,28 0,276 VERDADEIRO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,70 AeC 1,44 0,276 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,87 BeC 1,17 0,276 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 150

Neste caso, o método que se revelou ser mais eficaz, em matéria de protecção do trabalhador, foi o
método de matriz simples (4x5), com Mean rank (1,43), seguido do método matriz composta
NTP330, com Mean rank (1,70). O método de matriz composta DGEMN revelou ser o menos
potente, situando a sua Mean rank na ordem dos (2,87).

57
Método de matriz simples (4x5), método de matriz composta NTP330 e método de matriz composta DGEMN.

88 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

2.1.3 Métodos com 5 níveis de Índice de risco

Por último, considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 44,665
e p-value <0,05) apresentado no Quadro 5, podemos, mais uma vez, concluir que existem
diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados neste
teste58. Respeitando os critérios usados nas análises anteriores, procurámos situar as diferenças
através da verificação da condição, já referida na equação (Eq. 11), até porque, uma análise mais
cuidada às Mean rank deste teste parece ser indicadora de alguma incongruência face aos
resultados apresentados.

Assim, a análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam no Quadro 6, vem


confirmar que nos pares:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (4x4)/método de WTF.
não existem diferenças significativas, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 5 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco (Output SPSS).

Friedman Test
Ranks

Mean Rank Test Statisticsa


Nivel de risco corrigido
2,12
(MatrizSimpl3x3) N 150
Nivel de risco corrigido Chi-Square
2,59 44,665
(MatrizSim4x4)
Nivel de Risco df 3
2,40
Corrigida (MatrizComP) Asymp. Sig. ,000
Nivel de Risco corrigido
(WTF)
2,90 a. Friedman Test

58
Método de matriz simples (3x3), método de matriz simples (4x4), método de matriz composta P e método WTF.

Filipa Carvalho 89
Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 6 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco.

Comparações k (k 1) / 6 N Condição verificada = Existem


| A - B| / k ( k 1)
dos pares diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 2,12 AeB 0,47 0,393 VERDADEIRO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 2,59 AeC 0,28 0,393 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 2,40 A e D. 0,78 0,393 VERDADEIRO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 2,90 BeC 0,19 0,393 FALSO
B e D. 0,31 0,393 FALSO
k 4 C e D. 0,50 0,393 VERDADEIRO
Z 2,64
N 150

Relacionando a análise à posteriori com a Tabela 48, que já estabelecia alguma relação entre
alguns dos níveis de Índice de risco apresentados por estes métodos, consideramos que à excepção
do par método de matriz simples (4x4)/método de WTF, os resultados, agora revelados, são de
elevada coerência.

Por último, e para manter a coerência dos resultados apresentados, gostaríamos de salientar que,
pela análise das respectivas Mean rank, os métodos que se revelaram mais eficazes, em matéria de
protecção do trabalhador, foram, por ordem decrescente, o método de matriz simples (3x3), com
Mean rank (2,12), seguido do método de matriz composta P, com Mean rank (2,40) e, por último,
os métodos de matriz simples (4x4) e método WTF, com Mean rank de (2,59) e (2,90),
respectivamente.

Como síntese (aos Resultados do teste à Hipótese nula 1) podemos retirar as seguintes conclusões:

Para os métodos com 3 níveis de Índice de risco59, apesar de se terem registado diferenças
significativas entre alguns destes métodos, pudemos constatar que, na generalidade dos casos,
isso não se repercute no tipo de intervenção, já que uma relação entre os níveis que assumiram
maior frequência de dados e respectivos descritores, levam-nos a considerar que estes últimos
podem assumir o mesmo significado para a maioria das situações analisadas. Assim, pensamos
que a selecção de um destes métodos pode ser considerada indiferente, do ponto de vista dos
resultados que produz, nomeadamente ao nível da gestão dos riscos profissionais.

No que se refere aos métodos com 4 níveis de Índice de risco60, pudemos constatar que, de uma
maneira geral, os níveis que assumiram maior frequência de casos apresentam descritores com
significados muito diferentes, o que confirma a consistência dos resultados revelados pelo teste
não paramétrico de Friedman e respectiva análise à posteriori. Estas constatações levam-nos a

59
Método de matriz simples Somerville, método de matriz simples CRAM e método de matriz composta CM.
60
Método de matriz simples (4x5), método de matriz composta NTP330 e método de matriz composta DGEMN.

90 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

considerar que para o grupo de métodos em questão, não é indiferente o método que se
selecciona para o processo de gestão dos riscos profissionais.

Por último, no que se refere aos métodos com 5 níveis de Índice de risco61, apesar de se
verificarem algumas excepções (em particular para os pares método de matriz simples
(3x3)/método de matriz composta P e método de matriz simples (4x4)/método de matriz
composta P), pensamos que, para a generalidade dos métodos deste grupo, não é indiferente o
método que se selecciona para o processo de gestão dos riscos profissionais.

A terminar, podemos ainda referir que, para a globalidade dos casos, a objectividade associada
aos descritores e a simplicidade do modo de aplicação dos métodos está geralmente relacionada
com uma maior potência, no que concerne à protecção do trabalhador. Assim, os métodos que
assumiram as primeiras ordens para os três grupos de testes referidos anteriormente foram, por
ordem crescente dos níveis de Índice de risco que possuem:
o Método de matriz simples de Somerville (Mean rank =1,53)62;
o Método de matriz simples (4x5) (Mean rank =1,43)63;
o Método de matriz simples (3x3) (Mean rank = 2,12)64.

2.2 Resultados do teste à Hipótese nula 2


Seguindo a lógica de apresentação do ponto anterior, e recordando a nossa 2ª questão de
investigação: Será que o tipo de risco em avaliação influencia o Nível de Risco obtido pelos
diferentes MASqt utilizados?
aplicámos, igualmente, o teste de Friedman para testar as seguintes hipóteses:
H0 -2 O tipo de risco em avaliação não influencia significativamente o Nível de Risco obtido pela
aplicação dos diferentes MASqt.
versus
H1 -2 O tipo de risco em avaliação influencia significativamente o Nível de Risco obtido pela
aplicação dos diferentes MASqt.

61
Método de matriz simples (3x3), método de matriz simples (4x4), método de matriz composta P e método de WTF.
62
Grupo de métodos com 3 níveis de Índice de risco.
63
Grupo de métodos com 4 níveis de Índice de risco.
64
Grupo de métodos com 5 níveis de Índice de risco.

Filipa Carvalho 91
Apresentação/discussão dos resultados

Para a concretização deste teste foi necessário fraccionar a nossa amostra inicial (N=150), que
reunia todos os riscos identificados, por tipos de riscos, de acordo com as categorias apresentadas
na Tabela 45. O Gráfico 12 ilustra a distribuição do nº de riscos por categoria.

Distribução dos riscos avaliados por tipo/categoria de riscos

40
36
35 33

30

25

N 20

15 12 12 12
9 8 8
10 7
5 3 2 2 2 3
1
0
R1 R2 R3 R4 R5 R6 R7 R8 R9 R10 R11 R12 R13 R14 R15

Tipo de Risco

Legenda:
R1 Contacto Superficies vibrateis
R2 Risco Eléctrico R9 Exposição a temperaturas ambientais extremas
R3 Contacto directo com equipamentos contaminados R10 Exposição ao Ruído
R11 Queda a diferentes níveis
R4 Contacto directo com produto químico
R12 Risco mecânico
R5 Contacto directo com superficies cortantes
R13 Risco de colisão
R6 Contacto directo com superficies quentes R14 Sobresforço
R7 Contacto directo/Inalação de poeiras R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível
R8 Explosão

Gráfico 12 Distribuição dos riscos avaliados por Tipo/categoria de Risco.

Pela análise do Gráfico 12 é possível constatar a heterogeneidade da dimensão de cada uma dessas
categorias de risco. Assim, e para aumentar a potência dos resultados destes teste, optámos por
limitar o teste desta hipótese às categorias com N 7. A Tabela 49 apresenta a síntese das
categorias de riscos que foram alvo deste teste.

92 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Tabela 49 Tipo / Categorias de riscos que foram integradas no teste de Friedman para testar a H02 deste
estudo.

Tipos de Risco Categoria de Riscos N


R2 Risco Eléctrico 12

R4 Contacto directo com PQ 36

R5 Contacto directo com superfícies cortantes 9

R7 Contacto directo/Inalação de poeiras 12

R10 Exposição ao Ruído 12

R11 Queda a diferentes níveis 8

R13 Risco de colisão 7

R14 Sobresforço 33

R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível 8

Na Tabela 50 apresentamos a estrutura dos dados, agora disponíveis, para a concretização deste
teste:
Considerando a categoria dos riscos, passamos a ter 9 amostras65;
A dimensão da amostra (N) será variável, consoante a amostra em teste;
Assumindo o agrupamento dos métodos por níveis de Índice de risco, tal como realizado no
ponto anterior, obtemos 3 (k) grupos para os métodos de 3 e 4 níveis de Índice de risco e 4 (k)
grupos para os métodos com 5 níveis de Índice de risco.

65
Para simplificar a diferenciação das amostras utilizaremos o código do Tipo de risco (Rn).

Filipa Carvalho 93
Apresentação/discussão dos resultados

Tabela 50 Tipo / Categorias de riscos que foram integradas no teste de Friedman para testar a H02 deste
estudo.

Tipos de método k
Amostras N
Método matriz simples Somerville
Métodos com 3 níveis de Método matriz simples CRAM
R2 12 Índice de risco
R4 36 Método matriz composta - CM

R5 9 Método matriz simples (4x5)


Métodos com 4 níveis de
R7 12 Índice de risco Método matriz composta NTP330

R10 12 Método matriz composta DGEMN

R11 8 Método matriz simples (3x3)

R13 7 Métodos com 5 níveis de Método matriz simples (4x4)


Índice de risco
R14 33 Método matriz composta - P

R15 8 Método de WTF

À semelhança do que foi feito no ponto anterior, passamos à apresentação dos resultados pela
mesma ordem.

A análise descritiva dos dados, por tipo de risco, será estritamente referida na perspectiva da
interpretação feita aos resultados, que agora passamos a apresentar. Com esta opção procurámos
obviar a densidade de resultados produzidos, limitando-nos aos aspectos mais relevantes. O anexo
6 apresenta os Output s do SPSS que sustentam as nossas afirmações.

2.2.1 Métodos com 3 níveis de Índice de risco

R2 Risco Eléctrico

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square = 16,750 e p-value


< 0,05) apresentados no Quadro 7, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados neste teste.

94 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 7 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R2 Risco Eléctrico (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa
Test Statisticsa,b
Mean Rank
Nivel Risco Corrigido N 12
1,83 Chi-Square 16,750
Somerville
Nível de Risco (CRAM) 1,42 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,000
2,75 a. Friedman Test
2 (Matriz_CM)
a. Risco associado = Risco Eléctrico b. Risco associado = Risco Eléctrico

A análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam na Quadro 8, vem, contudo, realçar
que nos pares método de matriz simples Somerville/método de matriz simples CRAM e método
de matriz simples Somerville/método de matriz composta CM não existem diferenças
significativas, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 8 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco R2 Risco Eléctrico.

Risco: Risco eléctrico


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,83 AeB 0,41 0,977 FALSO
B Nível de Risco (CRAM) 1,42 AeC 0,92 0,977 FALSO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,75 BeC 1,33 0,977 VERDADEIRO
K 3
Z 2,39
N 12

A análise efectuada aos descritores dos níveis que apresentaram maior frequência de casos, veio
revelar que os resultados da análise à posteriori, agora apresentados, são pouco coerentes uma vez
que:
o método de matriz simples Somerville registou 83,3% dos riscos no nível 2 (Risco médio);
o método de matriz simples CRAM registou 83,3% dos riscos, pelo menos, no nível 2
(Intervenção imediata);
o método de matriz composta CM registou 91,7% dos casos no nível 3 (Risco pouco
importante intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar).

Uma análise à respectiva Mean rank atribuiu melhor pontuação ao método de matriz simples
CRAM, com valores na ordem de 1,42, considerando-o, neste caso, o método mais eficaz, em
matéria de protecção do trabalhador.

Filipa Carvalho 95
Apresentação/discussão dos resultados

R4 Contacto directo com PQ

Tal como se pode constatar pela análise do Quadro 9, os resultados do teste não paramétrico de
Friedman (Chi-Square= 33,643 e p-value <0,05) revelam a existência diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Estas conclusões são, no entanto,
contrariadas na análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam no Quadro 10, onde é
possível verificar que não existem diferenças significativas no par método de matriz simples
CRAM/método de matriz composta CM.

Quadro 9 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa
Test Statisticsa,b
Mean Rank
Nivel Risco Corrigido N 36
1,46 Chi-Square 33,643
Somerville
Nível de Risco (CRAM) 2,50 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,000
2,04 a. Friedman Test
2 (Matriz_CM)
a. Risco associado = Contacto directo com PQ b. Risco associado = Contacto directo com PQ

Quadro 10 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco R4 Contacto directo PQ.

Risco: Contacto directo com produto químico


Comparações dos k ( k 1) / 6 N Condição verificada = Existem
| A - B| / k ( k 1)
pares diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,46 AeB 1,04 0,564 VERDADEIRO
B Nível de Risco (CRAM) 2,50 AeC 0,58 0,564 VERDADEIRO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,04 BeC 0,46 0,564 FALSO
K 3
Z 2,39
N 36

Por outro lado, a análise efectuada aos descritores relacionados com os níveis com maior
frequência de casos, leva-nos a ponderar a coerência destes resultados já que, na nossa opinião, a
inexistência de diferenças significativas, a existir, deveria ocorrer apenas no par método de matriz
simples Somerville/método de matriz simples CRAM, uma vez que consideramos que podem
assumir o mesmo significado em termos de prioridade de intervenção. As nossas convicções são
sustentadas pelos seguintes dados:
método de matriz simples Somerville registou 44,4% dos riscos no nível 2 (Risco médio);
método de matriz simples CRAM registou 63,9% dos riscos no nível 3 (Intervenção a
médio/longo prazo);

96 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

método de matriz composta CM registou 50% dos casos no nível 2 (Risco importante
intervenção prioritária).

Para esta categoria de risco (R4), o método de matriz simples Somerville assumiu novamente os
valores de Mean Rank mais baixos (1,46), sendo o que mais protege o trabalhador.

R5 Contacto directo com superfícies cortantes

Os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 4,00 e p-value >0,05)


apresentados no Quadro 11, vêm revelar a inexistência de diferenças significativas entre o Nível de
Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Assim, os resultados da Avaliação de Risco, ao R5,
parecem ser indiferentes ao método utilizado.

Quadro 11 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfícies cortantes (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa
Test Statisticsa,b
Mean Rank
Nivel Risco Corrigido N 9
1,78
Somerville Chi-Square 4,000
Nível de Risco (CRAM) 2,11 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,135
2,11
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test
a. Risco associado = Contacto b. Risco associado = Contacto
directo com superficie cortantes directo com superficie cortantes

Tendo em consideração os descritores associados aos níveis com maior frequência de casos, o
resultado do teste parece correcto, já que:
o método de matriz simples Somerville registou 77,8% dos riscos no nível 3 (Risco baixo);
o método de matriz simples CRAM registou 100% dos riscos no nível 3 (Intervenção a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta CM registou 100% dos casos no nível 3 (Risco pouco
importante intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar).

Apesar dos resultados apresentados, o método Somerville tornou a revelar-se o mais potente, em
termos de protecção do trabalhador, já que apresenta uma Mean rank (1,78) inferior à dos outros
dois métodos (2,11).

Filipa Carvalho 97
Apresentação/discussão dos resultados

R7 Contacto directo/Inalação de poeiras

Tendo em consideração os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 15,929 e


p-value <0,05) apresentados no Quadro 12, podemos concluir que existem diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Respeitando os critérios apresentados nas análises anteriores, procurámos situar as diferenças


verificando a condição apresentada na equação (Eq. 11). A síntese apresentada no Quadro 13 vem,
contudo, revelar que não existem diferenças significativas nos pares método de matriz simples
Somerville/método de matriz composta CM e método de matriz simples CRAM/método de
matriz composta CM, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 12 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Test Statistics a,b
Nivel Risco Corrigido
1,29 N
Somerville 12
Nível de Risco (CRAM) Chi-Square 15,929
2,46
df 2
Nivel de risco corrigido
2,25 Asymp. Sig. ,000
2 (Matriz_CM)
a. Friedman Test
a. Risco associado = Contacto b. Risco associado = Contacto
directo/Inalação de poeiras directo/Inalação de poeiras

Quadro 13 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras.

Risco: Contacto directo/inalação de poeiras


Comparações dos k ( k 1) / 6 N Condição verificada = Existem
| A - B| / k ( k 1)
pares diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,29 AeB 1,17 0,977 VERDADEIRO
B Nível de Risco (CRAM) 2,46 AeC 0,96 0,977 FALSO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,25 BeC 0,21 0,977 FALSO
K 3
Z 2,39
N 12

Pela análise efectuada aos descritores dos níveis que assumem maior frequência de casos, podemos
considerar que os resultados da análise à posteriori são consistentes na avaliação que fazem:
o método de matriz simples Somerville registou 50% dos riscos no nível 1 (Risco alto);
o método de matriz simples CRAM registou 75% dos riscos no nível 3 (Intervenção a
médio/longo prazo);

98 Filipa Carvalho
Apresentação/discussão dos resultados

o método de matriz composta CM registou 58,3% dos casos no nível 3 (Risco pouco
importante intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar) e 41,7% no nível 2
(Risco importante intervenção prioritária).

Uma análise à Mean rank vem reforçar a potência do método de matriz simples Somerville (1,29),
no que concerne à protecção do trabalhador.

R10 Exposição ao Ruído

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 4,333 e p-value


>0,05) apresentados no Quadro 14, podemos concluir que não existem diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Quadro 14 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R10 Exposição ao Ruído (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa
Test Statisticsa,b
Mean Rank
Nivel Risco Corrigido N 12
2,21
Somerville Chi-Square 4,333
Nível de Risco (CRAM) 2,08 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,115
1,71
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test
a. Risco associado = Exposição ao Ruído b. Risco associado = Exposição ao Ruído

Apesar do teste não paramétrico de Friedman revelar a inexistência de diferenças significativas


entre estes métodos, uma análise aos descritores dos níveis que assumiram maior frequência de
casos parece contrariar aquela conclusão, em particular nos pares que emparelham com a matriz
simples Somerville:
método de matriz simples Somerville/ método de matriz simples CRAM;
método de matriz simples Somerville/método de matriz composta CM.

As nossas convicções são sustentadas pelos seguintes dados:


o método de matriz simples Somerville registou 58,3% dos riscos no nível 3 (Risco baixo);
o método de matriz simples CRAM registou 58,3% dos riscos pelo menos no nível 2
(Intervenção imediata);

Filipa Carvalho 99
Apresentação/discussão dos resultados

o método de matriz composta CM registou 50% dos casos no nível 2 (Risco importante
intervenção prioritária).

Para R10, o método de matriz composta CM revelou-se mais potente, com uma Mean rank de
1,71. Já o método de matriz simples Somerville assume, pela primeira vez, a 3ª posição, tornando-o
o menos adequado para avaliar este tipo de risco.

R11 Queda a diferentes níveis

Analisando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 13,000 p-value


<0,05) apresentados no Quadro 15, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Estes resultados são, no entanto,
contrariados pela análise efectuada à posteriori (Quadro 16), que veio negar a existência de
diferenças significativas entre os pares:
método de matriz simples Somerville/ método de matriz simples CRAM;
método de matriz simples CRAM/método de matriz composta CM.

Quadro 15 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes níveis (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel Risco Corrigido N 8
1,19
Somerville Chi-Square 13,000
Nível de Risco (CRAM) 2,00 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,002
2,81
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test
a. Risco associado = Queda a diferentes níveis b. Risco associado = Queda a diferentes níveis

100 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 16 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco R11 Queda a diferentes níveis.

Risco: Risco de queda a diferentes níveis


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,19 AeB 0,81 1,197 FALSO
B Nível de Risco (CRAM) 2,00 AeC 1,62 1,197 VERDADEIRO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,81 BeC 0,81 1,197 FALSO
K 3
Z 2,39
N 8

A análise aos descritores dos níveis com maior frequência de riscos leva-nos a considerar que os
resultados apresentados possuem razoável consistência, já que:
o método de matriz simples Somerville registou 100% dos riscos no nível 1 (Risco alto);
o método de matriz simples CRAM registou 100% dos riscos, pelo menos, no nível 2
(Intervenção imediata);
o método de matriz composta CM apenas registou 75% dos casos no nível 2 (Risco
importante intervenção prioritária. A situação deve ser melhorada).

O método de matriz simples Somerville, com valores de Mean rank de 1,19, revelou-se,
novamente, o método mais potente face aos seus concorrentes.

R13 Risco de colisão

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 12,000 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 17, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. A identificação das diferenças a partir da
verificação da condição, já referida e apresentada na equação (Eq. 11), vem revelar que não
existem diferenças significativas no par método de matriz simples CRAM/método de matriz
composta CM (Quadro 18), tornando-se indiferente o método utilizado.

A análise efectuada aos descritores dos níveis com maior frequência de casos veio revelar que os
resultados obtidos pela análise à posteriori são consistentes. Assim, podemos salientar que:
o método de matriz simples Somerville registou 85,7% dos riscos no nível 2 (Risco médio);
o método de matriz simples CRAM registou 100% dos riscos no nível 3 (Intervenção a
médio/longo prazo);

Filipa Carvalho 101


Apresentação/discussão dos resultados

o método de matriz composta CM registou 100% dos casos no nível 3 (Risco pouco
importante Intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar).

Quadro 17 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R13 Risco de colisão (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa
Test Statisticsa,b
Mean Rank
Nivel Risco Corrigido N 7
1,14 Chi-Square
Somerville 12,000
Nível de Risco (CRAM) 2,43 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,002
2,43
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test
a. Risco associado = Risco de colisão b. Risco associado = Risco de colisão

Quadro 18 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco R13 Risco de colisão.

Risco: Risco de colisão


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B|
/ k ( k 1) k ( k 1) / 6 N diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,14 AeB 1,29 1,280 VERDADEIRO
B Nível de Risco (CRAM) 2,43 AeC 1,29 1,280 VERDADEIRO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,43 BeC 0,00 1,280 FALSO
K 3
Z 2,39
N 7

O método de matriz simples Somerville tornou a revelar-se o mais potente, em termos de protecção
do trabalhador, já que apresenta uma Mean rank (1,14) inferior à dos outros dois métodos (2,43).

R14 Sobresforço

Os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 41,267 e p-value <0,05)


apresentados no Quadro 19, vêm revelar a existência de diferenças significativas entre o Nível de
Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Apesar dos resultados apresentados, a análise
efectuada à posteriori, cujos resultados estão sintetizados no Quadro 20, vem revelar que não
existem diferenças significativas no par método de matriz simples CRAM/método de matriz
composta CM sendo indiferente o método utilizado.

102 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Os resultados revelados pela análise à posteriori revelaram alguma consistência aquando da análise
efectuada aos descritores dos níveis com maior frequência de casos, já que:
o método de matriz simples Somerville registou 60,6% dos riscos no nível 2 (Risco médio);
o método de matriz simples CRAM registou 97% dos riscos no nível 3 (Intervenção a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta CM registou 78,8% dos casos no nível 3 (Risco pouco
importante Intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar).

Quadro 19 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R14 Sobresforço (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa
Test Statisticsa,b
Mean Rank
Nivel Risco Corrigido N 33
1,26 Chi-Square
Somerville 41,267
Nível de Risco (CRAM) 2,48 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,000
2,26
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test
a. Risco associado = Sobresforço b. Risco associado = Sobresforço

Quadro 20 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco R14 Sobresforço.

Risco: Sobresforço
Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,26 AeB 1,22 0,589 VERDADEIRO
B Nível de Risco (CRAM) 2,48 AeC 1,00 0,589 VERDADEIRO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,26 BeC 0,22 0,589 FALSO
K 3
Z 2,39
N 33

O método de matriz simples Somerville voltou a assumir as primeiras posições (Mean rank =1,78),
revelando-se o método mais potente, em termos de protecção do trabalhador.

AMOSTRA: R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível

Tendo em consideração os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 6,125 e


p-value <0,05) apresentados no Quadro 21, podemos concluir que existem diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Filipa Carvalho 103


Apresentação/discussão dos resultados

A análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam no Quadro 22, vem, no entanto,
mostrar que não existem diferenças significativas nos vários pares, possíveis de estabelecer, sendo
indiferente o método utilizado.

Quadro 21 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 3 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel Risco Corrigido N 8
1,50
Somerville Chi-Square 6,125
Nível de Risco (CRAM) 2,19 df 2
Nivel de risco corrigido Asymp. Sig. ,047
2,31
2 (Matriz_CM) a. Friedman Test
a. Risco associado = b. Risco associado =
Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível

Quadro 22 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Risco: Tropeçamento/Escorregadela/queda ao mesmo nível


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel Risco Corrigido Somerville 1,50 AeB 0,69 1,197 FALSO
B Nível de Risco (CRAM) 2,19 AeC 0,81 1,197 FALSO
C Nivel de risco corrigido 2 (Matriz_CM) 2,31 BeC 0,12 1,197 FALSO
K 3
Z 2,39
N 8

A análise efectuada aos descritores dos níveis com maior frequência de riscos leva-nos a considerar
os resultados anteriores pouco consistentes, já que, na nossa opinião, a inexistência de diferenças
significativas apenas se deveriam registar entre o par método de matriz simples CRAM/método
de matriz composta CM, tal como se pode constatar pela análise dos dados que se seguem:
o método de matriz simples Somerville registou 50% dos riscos no nível 2 (Risco médio);
o método de matriz simples CRAM registou 75% dos riscos no nível 3 (Intervenção a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta CM registou 87,5% dos casos no nível 3 (Risco pouco
importante Intervir apenas se uma análise mais pormenorizada o justificar).

Respeitando os critérios apresentados nas análises anteriores, uma análise à Mean rank vem
reforçar a potência do método de matriz simples Somerville (1,50), no que concerne à protecção do
trabalhador.

104 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Em síntese:
Uma análise aos resultados deste ponto 2.2.1 permite-nos afirmar que o tipo de risco pode
influenciar o Nível de Risco obtido pela aplicação dos diferentes MASqt.

Na realidade verificou-se que apenas dois tipos de risco não apresentaram diferenças significativas
(R5 e R10) 66. Destes, apenas um foi considerado como sendo consistente (R5)66.

A acrescentar a estes resultados, apesar das análises realizadas à posteriori terem identificado a
inexistência de diferenças significativas para a globalidade dos restantes tipos de risco, entre alguns
pares de métodos, as comparações destes resultados com os descritores associados a cada nível de
Índice de risco vêm salientar que apenas quatro tipos de risco (R7, R11, R13 e R14)66, revelaram
alguma consistência. Comparando estes resultados com a avaliação efectuada para a globalidade
dos riscos (N=150), que revelou a inexistência de diferenças significativas entre alguns desses
pares e uma consistência associada a esses mesmos resultados, pensamos que é visível a influência
que o tipo de risco pode ter no Nível de Risco obtido pela aplicação dos diferentes métodos.

À semelhança do que se verificou para a globalidade dos riscos, o método Somerville assumiu a
liderança, do ponto de vista da protecção do trabalhador, apresentando 7 registos, nas primeiras
posições da Mean Rank. No entanto, o facto de outros métodos assumirem uma Mean rank baixa,
vem reforçar a ideia de que o tipo de risco pode influenciar, não só, os Níveis de Risco obtidos, mas
também, o tipo de método que deve ser seleccionado. Na perspectiva do trabalhador, os riscos do
tipo R266 devem ser preferencialmente avaliados pelo método de matriz simples CRAM e os
riscos do tipo R1066 pelo método de matriz composta CM.

2.2.2 Métodos com 4 níveis de Índice de risco

R2 Risco Eléctrico

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 17,636 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 23, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

66
R2 = Risco eléctrico; R5 = Contacto directo com superfícies cortantes;
R7 = Contacto directo/Inalação de poeiras; R10 = Exposição ao Ruído; R11 = Queda a diferentes níveis;
R13 = Risco de Colisão; R14 = Sobresforço; R15 = Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Filipa Carvalho 105


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 23 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R2 Risco Eléctrico (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido
1,79 N 12
(MatrizSim4x5)
Chi-Square 17,636
Nivel de Risco
1,42 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,000
2,79 a. Friedman Test
corrigido (DGEMN)
a. Risco associado = Risco Eléctrico b. Risco associado = Risco Eléctrico

No entanto, de acordo com os resultados apresentados no Quadro 24, a análise efectuada à


posteriori vem comprovar que não existem diferenças significativas no par método de matriz
simples (4x5)/método de matriz composta NTP330, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 24 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R2 Risco Eléctrico.

Risco: Risco eléctrico


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,79 AeB 0,37 0,977 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,42 AeC 1,00 0,977 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,79 BeC 1,37 0,977 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 12

Pela análise efectuada aos descritores dos níveis que apresentaram maior frequência de casos,
parece-nos lícito poder concluir que o resultado obtido na análise à posteriori para o par método de
matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330, se revela coerente, já que ambos os
métodos apresentam 75% dos registos, pelo menos, no nível 2, cujos significados são, em nossa
opinião, comparáveis. Por outro lado, para o método matriz composta DGEMN, apenas 25% dos
riscos se encontra no nível 267 (o nível que apresenta uma designação, em nossa opinião,
equivalente).

Para este Tipo de risco (R2), a análise efectuada à Mean rank veio revelar que o método de matriz
composta NTP330, apresentou mais frequentemente ordens inferiores, com valores de cerca de
1,42, tornando-o, por conseguinte, o método mais potente em matéria de protecção do trabalhador.

67
Situação sujeita a correcções.

106 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

R4 Contacto directo com PQ

Observando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 55,541 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 25, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

O teste para localizar as diferenças entre os pares de métodos, agora envolvidos, efectuado a partir
da verificação apresentada na referida equação (Eq. 11), veio revelar que não existem diferenças
significativas no par método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330
(Quadro 26).

Quadro 25 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido
1,39 N 36
(MatrizSim4x5)
Nivel de Risco Chi-Square 55,541
1,69 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,000
2,92
corrigido (DGEMN) a. Friedman Test
a. Risco associado = Contacto directo com PQ b. Risco associado = Contacto directo com PQ

Tendo em consideração os descritores associados aos níveis com maior frequência de casos, os
resultados apresentados na análise à posteriori revela-se de reduzida coerência, já que:
o método de matriz simples (4x5) registou 86,1% dos riscos no nível 2 (Indesejável resolver a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta NTP330 registou apenas 47,2% dos riscos no nível 2 (Corrigir e
adoptar medidas de controlo);
o método de matriz composta DGEMN registou 61,1% dos casos no nível 4 (Situação não
sujeita a intervenções).

Para este tipo de risco (R4), o método de matriz simples (4x5) revelou-se o mais potente, em
matéria de protecção do trabalhador, tal como se pode verificar pela respectiva Mean rank (1,39).

Filipa Carvalho 107


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 26 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R4 Contacto directo PQ.

Risco: Contacto directo com produto químico


Comparações dos k ( k 1) / 6 N Condição verificada = Existem
| A - B| / k ( k 1)
pares diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,39 AeB 0,30 0,564 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,69 AeC 1,53 0,564 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,92 BeC 1,23 0,564 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 36

R5 Contacto directo com superfícies cortantes

Ao contrário do revelado no teste efectuado a este tipo de risco (R5), aquando da sua aplicação aos
métodos com 3 níveis de Índice de risco, os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-
Square= 16,800 e p-value <0,05) apresentados no Quadro 27, vêm agora revelar a existência de
diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt agora utilizados.

Apesar dos resultados apresentados, a análise efectuada à posteriori, cujos resultados estão
sintetizados no Quadro 28, vem demonstrar, novamente, que não existem diferenças significativas
no par método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330, sendo indiferente o
método utilizado.

Apesar dos resultados, reforçamos as nossas convicções relativamente ao cuidado que se deve ter
nas ilações que daqui se podem retirar. Assim, a análise efectuada aos descritores dos níveis com
maior frequência de registos leva-nos a considerar que os resultados à posteriori são duvidosos, já
que:
o método de matriz simples (4x5) registou apenas 66,7% dos riscos no nível 3 (Aceitável após
revisão pela empresa);
o método de matriz composta NTP330 registou 100% dos riscos no nível 3 (Melhorar se
possível. Seria conveniente justificar a intervenção e sua rentabilidade);
o método de matriz composta DGEMN registou 100% dos casos no nível 4 (Situação não
sujeita a intervenções).

108 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 27 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfícies cortantes (Output SPSS).

Friedman Test
Ranks a

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido N 9
1,33
(MatrizSim4x5)
Chi-Square 16,800
Nivel de Risco
1,67 df 2
Corrigido (NTP330)
Asymp. Sig. ,000
Nível de risco
3,00 a. Friedman Test
corrigido (DGEMN)
a. Risco associado = Contacto b. Risco associado = Contacto
directo com superficie cortantes directo com superficie cortantes

Quadro 28 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R5 Contacto directo com superfícies cortantes.

Risco: contacto directo com superficies cortantes


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B|
/ k ( k 1) k ( k 1) / 6 N diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,33 AeB 0,34 1,129 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,67 AeC 1,67 1,129 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 3,00 BeC 1,33 1,129 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 9

O método de matriz simples (4x5) voltou a assumir as primeiras posições (Mean rank =1,33)
revelando-se o método mais potente, em termos de protecção do trabalhador.

R7 Contacto directo/Inalação de poeiras

Tal como se pode constatar pela análise do Quadro 29, os resultados do teste não paramétrico de
Friedman (Chi-Square= 14,368 e p-value <0,05) revelam a existência diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Estas conclusões são, no entanto,
diferentes aquando da análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam na Quadro 30.
Assim, o par método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330 não
apresentou diferenças significativas, sendo indiferente o método utilizado.

Filipa Carvalho 109


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 29 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido
1,54 N 12
(MatrizSim4x5)
Chi-Square 14,368
Nivel de Risco
1,67 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,001
2,79
corrigido (DGEMN) a. Friedman Test
a. Risco associado = Contacto b. Risco associado = Contacto
directo/Inalação de poeiras directo/Inalação de poeiras

Quadro 30 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras.

Risco: Contacto directo/Inalação de poeiras


Comparações dos
k (k 1) / 6 N Condição verificada = Existem
| A - B| / k ( k 1)
pares diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,54 AeB 0,13 0,977 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,67 AeC 1,25 0,977 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,79 BeC 1,12 0,977 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 12

A análise aos descritores dos níveis com maior frequência de casos vem novamente revelar pouca
consistência nos resultados obtidos aquando da análise à posteriori já que, era espectável que a
inexistência de diferenças significativas se fizessem, no par método de matriz composta
NTP330/método de matriz composta DGEMN, situação que não foi comprovada. Estas
afirmações são sustentadas pelos resultados que se seguem:
o método de matriz simples (4x5) registou apenas 50% dos riscos no nível 2 (Indesejável
resolver a médio/longo prazo);
o método de matriz composta NTP330 registou apenas 50% dos riscos no nível 3 (Melhorar se
possível. Seria conveniente justificar a intervenção e sua rentabilidade);
o método de matriz composta DGEMN registou 66,7% dos casos no nível 4 (Situação não
sujeita a intervenções).

Para esta categoria de risco (R7), o método de matriz simples (4x5) assumiu novamente os valores
de Mean Rank mais baixos (1,54), colocando-o no topo dos métodos que mais protegem o
trabalhador.

110 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

R10 Exposição ao Ruído

Analisando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 17,568 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 31, podemos concluir que, ao contrário do revelado no teste
efectuado a este tipo de risco (R10), aquando da sua aplicação aos métodos com 3 níveis de Índice
de risco, existem diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt
utilizados.

Apesar dos resultados apresentados, a análise efectuada à posteriori (Quadro 32), vem revelar que
não existem diferenças significativas no par método de matriz simples (4x5)/método de matriz
composta NTP330, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 31 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R10 Exposição ao Ruído (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido
1,79 N 12
(MatrizSim4x5)
Nivel de Risco Chi-Square 17,568
1,38 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,000
2,83 a. Friedman Test
corrigido (DGEMN)
a. Risco associado = Exposição ao Ruído b. Risco associado = Exposição ao Ruído

Os resultados apresentados na análise à posteriori são reveladores de alguma credibilidade quando


comparados com os descritores associados aos níveis com maior frequência de casos:
o método de matriz simples (4x5) registou 58,3% dos riscos no nível 2 (Indesejável resolver a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta NTP330 registou 50% dos riscos no nível 2 (Corrigir e adoptar
medidas de controlo);
o método de matriz composta DGEMN registou 50% dos riscos no nível 3 (Situação com
condições aceitáveis).

O método de matriz composta NTP330 assume, agora, as primeiras posições (Mean rank =1,38),
revelando-se o método mais potente, em termos de protecção do trabalhador.

Filipa Carvalho 111


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 32 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R10 Exposição ao Ruído.

Risco: Exposição ao Ruído


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,79 AeB 0,41 0,977 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,38 AeC 1,04 0,977 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,83 BeC 1,45 0,977 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 12

R11 Queda a diferentes níveis

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 14,250 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 33, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados neste teste.

No entanto, a análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam no Quadro 34, indicam
o contrário, demonstrando que não existem diferenças significativas no par método de matriz
simples (4x5)/método de matriz composta NTP330, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 33 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes níveis (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Test Statisticsa,b
Nivel de risco corrgido
1,63
(MatrizSim4x5) N 8
Nivel de Risco Chi-Square 14,250
1,44
Corrigido (NTP330) df 2
Nível de risco Asymp. Sig. ,001
2,94
corrigido (DGEMN) a. Friedman Test
a. Risco associado = Queda a diferentes níveis b. Risco associado = Queda a diferentes níveis

A análise efectuada aos descritores dos níveis que apresentam maior registo de casos leva-nos a
considerar que os resultados apresentados pela análise à posteriori se revelam de elevada
consistência. As nossas convicções são suportadas pelos seguintes dados:

112 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

o método de matriz simples (4x5) registou 100% dos riscos no nível 2 (Indesejável resolver a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta NTP330 registou 100% dos riscos pelo menos no nível 2
(Corrigir e adoptar medidas de controlo);
o método de matriz composta DGEMN registou 87% dos riscos no nível 3 (Situação com
condições aceitáveis).

Quadro 34 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R11 Queda a diferentes níveis.

Risco: Queda a diferentes níveis


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,63 AeB 0,19 1,197 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,44 AeC 1,31 1,197 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,94 BeC 1,50 1,197 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 8

Para esta categoria de risco (R11), o método de matriz composta NTP330 assumiu, novamente, os
valores de Mean Rank mais baixos (1,44), tornando-o o mais protector do trabalhador.

R13 Risco de colisão

Tal como se pode constatar pela análise do Quadro 35, os resultados do teste não paramétrico de
Friedman (Chi-Square= 13,556 e p-value <0,05) revelam a existência diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Estas conclusões são, todavia,
contrariadas pela análise efectuada à posteriori, cujos resultados se apresentam no Quadro 36 e
onde se pode verificar que entre os pares:
método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330;
método de matriz composta NTP330/método de matriz composta DGEMN.
a condição apresentada na equação (Eq. 11) é falsa, revelando assim a inexistência de diferenças
significativas entre estes pares de métodos utilizados.

Filipa Carvalho 113


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 35 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R13 Risco de colisão (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido N 7
1,07
(MatrizSim4x5)
Chi-Square 13,556
Nivel de Risco
1,93 df 2
Corrigido (NTP330)
Asymp. Sig. ,001
Nível de risco
3,00 a. Friedman Test
corrigido (DGEMN)
a. Risco associado = Risco de colisão b. Risco associado = Risco de colisão

Quadro 36 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R13 Risco de colisão.

Risco: Risco de colisão


Comparações dos
k (k 1) / 6 N Condição verificada = Existem
| A - B| / k ( k 1)
pares diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,07 AeB 0,86 1,280 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,93 AeC 1,93 1,280 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 3,00 BeC 1,07 1,280 FALSO
k 3
Z 2,39
N 7

Apesar dos resultados revelados pela análise à posteriori, a análise dos descritores correspondentes
a cada um dos níveis que apresentam maior frequência de casos torna-se denunciadora de algumas
inconsistências, já que, na nossa opinião, a não existirem diferenças significativas, apenas o par
método de matriz composta NTP330/método de matriz composta DGEMN reúne condições
favoráveis a tal resultado:
o método de matriz simples (4x5) registou 85,7% dos riscos no nível 2 (Indesejável resolver a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta NTP330 registou 100% dos riscos no nível 3 (Melhorar se
possível. Seria conveniente justificar a intervenção e sua rentabilidade);
o método de matriz composta DGEMN registou 100% dos riscos no nível 4 (Situação não
sujeita a intervenções).

Para esta categoria de risco (R13), o método de matriz simples (4x5) voltou a assumir os valores de
Mean Rank mais baixos (1,07), sendo o método mais potente, do ponto de vista da protecção do
trabalhador.

114 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

R14 Sobresforço

Os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 56,397 e p-value <0,05),


apresentados no Quadro 37, vêm revelar a existência de diferenças significativas entre o Nível de
Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Estes resultados são corroborados, pela análise
efectuada à posteriori (Quadro 38).

Quadro 37 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R14 Sobresforço (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido
1,18 N 33
(MatrizSim4x5)
Chi-Square 56,397
Nivel de Risco
1,88 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,000
2,94 a. Friedman Test
corrigido (DGEMN)
a. Risco associado = Sobresforço b. Risco associado = Sobresforço

A análise dos descritores correspondentes a cada um dos níveis que apresentam maior registo de
riscos veio realçar a razoável coerência da análise efectuada à posteriori, tal como se pode
demonstrar nos dados que se seguem:
o método de matriz simples (4x5) registou 57,6% dos riscos no nível 2 (Indesejável resolver a
médio/longo prazo);
o método de matriz composta NTP330 registou 72,7% dos riscos no nível 3 (Melhorar se
possível. Seria conveniente justificar a intervenção e sua rentabilidade);
o método de matriz composta DGEMN registou 87,9% dos riscos no nível 4 (Situação não
sujeita a intervenções).

Quadro 38 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco R14 Sobresforço.

Risco: Sobresforço
Comparações dos Condição verificada = Existem
| A - B| k ( k 1) / 6 N
pares / k ( k 1) diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,18 AeB 0,70 0,589 VERDADEIRO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 1,88 AeC 1,76 0,589 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,94 BeC 1,06 0,589 VERDADEIRO
k 3
Z 2,39
N 33

Filipa Carvalho 115


Apresentação/discussão dos resultados

Seguindo a mesma lógica na apresentação dos resultados, podemos ainda realçar que, o método de
matriz simples (4x5) voltou a assumir os valores de Mean Rank mais baixos (1,18), sendo
novamente o método mais potente, do ponto de vista da protecção do trabalhador.

R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível

Tendo em consideração os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 12,560 e


p-value <0,05) apresentados no Quadro 39, podemos concluir que, mais uma vez, existem
diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Quadro 39 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 4 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank Test Statisticsa,b


Nivel de risco corrgido
1,19 N 8
(MatrizSim4x5)
Chi-Square 12,560
Nivel de Risco
2,06 df 2
Corrigido (NTP330)
Nível de risco Asymp. Sig. ,002
2,75 a. Friedman Test
corrigido (DGEMN)
a. Risco associado = b. Risco associado =
Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível

Respeitando os mesmos critérios apresentados nas análises anteriores, procurámos situar as


diferenças verificando a condição apresentada na equação (Eq. 11). A síntese apresentada no
Quadro 40 vem, contudo, revelar que, para os pares:
método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330;
método de matriz composta NTP330/método de matriz composta DGEMN.
não existem diferenças significativas, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 40 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 4 níveis de Índice de risco risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Risco: Tropeçamento/Escorregadel/Queda ao mesmo nível


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k ( k 1) / 6 N diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrgido (MatrizSim4x5) 1,19 AeB 0,89 1,197 FALSO
B Nivel de Risco Corrigido (NTP330) 2,08 AeC 1,56 1,197 VERDADEIRO
C Nível de risco corrigido (DGEMN) 2,75 BeC 0,67 1,197 FALSO
k 3
Z 2,39
N 8

116 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

A análise efectuada aos descritores dos níveis com maior frequência de registos vem revelar que os
resultados obtidos pela análise à posteriori são aceitáveis, mas, com alguma reserva em relação à
falsidade apresentada para o par método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta
NTP330, e, consequentemente, inexistência de diferenças significativas entre estes dois métodos.
Estas conclusões são baseadas nos seguintes dados:
o método de matriz simples (4x5) registou 50% dos riscos no nível 2 (Indesejável resolver a
médio/longo prazo) e apenas 50% no nível 3 (Aceitável após revisão pela direcção)68;
o método de matriz composta NTP330 registou 50% dos riscos no nível 3 (Melhorar se
possível. Seria conveniente justificar a intervenção e sua rentabilidade) e 50% no nível 4 (Não
intervir, salvo se uma análise mais precisa o justifique);
o método de matriz composta DGEMN registou 100% dos riscos no nível 4 (Situação não
sujeita a intervenções).

Uma análise à Mean rank vem realçar a potência do método de matriz simples (4x5), que voltou a
assumir os valores de Mean Rank mais baixos (1,19), colocando-o como o método mais potente, no
que concerne à protecção do trabalhador.

Como síntese deste ponto podemos concluir que, mais uma vez, o tipo de risco pode influenciar o
Nível de Risco obtido pela aplicação dos diferentes MASqt. As nossas conclusões partem dos
seguintes pressupostos:

Todos os testes revelaram a existência de diferenças estatisticamente significativas entre os


métodos envolvidos, mas apenas se verificou consistência, na Avaliação de Riscos de tipo
(R14)69.
Para os restantes tipos de risco as análises à posteriori revelaram que apenas o par método de
matriz simples (4x5)/método de matriz composta NTP330 apresentava sistematicamente a
inexistência de diferenças significativas. No entanto, apenas se verificou consistência na
Avaliação de Riscos para os tipos (R2, R10 e R11)69;
No que se refere aos restantes pares, há a destacar a inexistência de diferenças significativas no
par método de matriz composta NTP330/método de matriz composta DGEMN em apenas,

68
O Nível que, em nossa opinião, é comparável ao nível 3 e 4 do método de matriz composta NTP330 e ao
nível 4 do método de matriz composta DGEMN.
69
R2 = Risco eléctrico; R5 = Contacto directo com superfícies cortantes;
R7 = Contacto directo/Inalação de poeiras; R10 = Exposição ao Ruído; R11 = Queda a diferentes níveis;
R13 = Risco de Colisão; R14 = Sobresforço; R15 = Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Filipa Carvalho 117


Apresentação/discussão dos resultados

dois tipos de risco (R13 e R15)69. Destes, só se verificou consistência na Avaliação de Riscos de
tipo (R15)69.
As análises efectuadas à Mean rank revelaram que o método de matriz simples (4x5) é o que
mais protege o trabalhador de vários tipos de risco (R4, R5, R7, R13, R14 e R15)69.
No que respeita aos restantes tipos de risco (R2, R10 e R11)69, o método de matriz composta
NTP330 revelou-se como o método mais potente, do ponto de vista da protecção trabalhador.
O método de matriz composta DGEMN assumiu-se como sendo o método menos potente.

2.2.3 Métodos com 5 níveis de Índice de risco

R2 Risco Eléctrico

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 25,256 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 41, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.
A análise efectuada à posteriori (Quadro 42) vem, no entanto, contrariar este resultado para 4 dos
pares. Assim, não obstante os resultados apresentados pelo teste de Friedman, podemos concluir
que não existem diferenças significativas nos pares:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz simples (4x4);
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P;
método de matriz composta P/método de WTF.

Apesar dos resultados obtidos aquando da análise à posterior, nos pares:


método de matriz simples (3x3)/método de matriz simples (4x4);
método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P,
uma análise aos descritores dos níveis que assumiram maior frequência de casos revelou que:
o método de matriz simples (3x3) registou 83,3% dos riscos no nível 3 (Risco moderado)70;
o método de matriz simples (4x4) registou 83,3% dos riscos pelo menos no nível 3 (Intervenção
a curto prazo);

70
O Nível que, em nossa opinião, é comparável ao nível 3 do método de matriz composta P e ao nível 4 do
método de WTF.

118 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

o método de matriz composta P registou 75% dos riscos no nível 3 (Situação aceitável mas
requerendo algumas alterações);
o método de WTF registou 75% dos riscos no nível 4 (Moderado - não é urgente mas deve
corrigir-se).

Quadro 41 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R2 Risco Eléctrico (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
2,17
(MatrizSimpl3x3) Test Statisticsa,b
Nivel de risco corrigido
1,58 N 12
(MatrizSim4x4)
Chi-Square 25,256
Nivel de Risco
2,50 df 3
Corrigida (MatrizComP)
Nivel de Risco corrigido Asymp. Sig. ,000
3,75
(WTF) a. Friedman Test
a. Risco associado = Risco Eléctrico b. Risco associado = Risco Eléctrico

Tais constatações levam-nos a considerar que, embora numericamente idênticos, apresentam


significados diferentes, levando-nos a considerar que os resultados são de reduzida consistência.

Quadro 42 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R2 Risco Eléctrico.

Risco: Risco eléctrico


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 2,17 AeB 0,59 1,390 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 1,58 AeC 0,33 1,390 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 2,50 A e D. 1,58 1,390 VERDADEIRO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 3,75 BeC 0,92 1,390 FALSO
B e D. 2,17 1,390 VERDADEIRO
k 4 C e D. 1,25 1,390 FALSO
Z 2,64
N 12

Uma análise à respectivas Mean Rank atribuiu a melhor pontuação ao método de matriz simples
(4x4), com valores na ordem de 1,58, considerando-o mais eficaz, em matéria de protecção do
trabalhador.

Filipa Carvalho 119


Apresentação/discussão dos resultados

R4 Contacto directo com PQ

Tal como se pode constatar pela análise do Quadro 43, os resultados do teste não paramétrico de
Friedman (Chi-Square= 19,603 e p-value <0,05) revelam a existência de diferenças significativas
entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Contudo, estas conclusões são contrariadas pela análise efectuada à posteriori. No Quadro 44
pode-se constar que a falsidade da condição apresentada na equação (Eq. 11), só não se verificou
no par método de matriz simples (3x3)/método de WTF.

Quadro 43 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R4 Contacto directo com PQ (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
2,13 Test Statistics a,b
(MatrizSimpl3x3)
Nivel de risco corrigido N 36
2,61
(MatrizSim4x4)
Chi-Square 19,603
Nivel de Risco
2,28 df 3
Corrigida (MatrizComP)
Asymp. Sig. ,000
Nivel de Risco corrigido
2,99 a. Friedman Test
(WTF)
a. Risco associado = Contacto directo com PQ b. Risco associado = Contacto directo com PQ

Quadro 44 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R4 Contacto directo PQ.

Risco: Contacto directo com produto químico


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 2,13 AeB 0,68 0,803 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 2,81 AeC 0,15 0,803 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 2,28 A e D. 0,86 0,803 VERDADEIRO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 2,99 BeC 0,53 0,803 FALSO
B e D. 0,18 0,803 FALSO
k 4 C e D. 0,71 0,803 FALSO
Z 2,64
N 36

Da análise efectuada aos descritores dos níveis com maior frequência, parece-nos razoável
considerar que apenas dois dos pares reúnem condições favoráveis para se considerar que podem
não apresentar diferenças significativas:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (4x4)/método de WTF.

120 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

As nossas convicções são suportadas pelos seguintes factos:


o método de matriz simples (3x3) registou 58,3% dos riscos no nível 3 (Risco moderado);
o método de matriz simples (4x4) registou 44,4% dos riscos no nível 3 (Intervenção a curto
prazo);
o método de matriz composta P registou 55,6% dos riscos no nível 3 (Situação aceitável mas
requerendo algumas alterações);
o método de WTF registou 50% dos riscos no nível 3 (Notável correcção necessária urgente).

Para esta categoria de risco (R4), o método de matriz simples (3x3) assumiu os valores de Mean
rank mais baixos (2,13), tornando-se o método mais eficaz, em matéria de protecção do
trabalhador.

R5 Contacto directo com superfícies cortantes

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 15,329 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 45, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

A identificação das diferenças a partir da verificação da condição, já referida e apresentada na


equação (Eq. 11), vem contudo revelar que apenas existem diferenças significativas no par (Quadro
46):
método de matriz composta P/método de WTF,
tornando-se indiferente, para os restantes pares, o método que é utilizado.

A análise efectuada aos descritores dos níveis que apresentam maior registo de casos, leva-nos a
considerar os resultados da análise à posteriori como sendo de fraca consistência, já que:
o método de matriz simples (3x3) registou 55,6% dos riscos no nível 5 (Risco trivial);
o método de matriz simples (4x4) registou 100% dos riscos no nível 4 (Intervenção a médio
prazo);
o método de matriz composta P registou 55,6% dos riscos no nível 4 (Situação bastante
aceitável; poderão ser realizadas pequenas acções de melhoria);
o método de WTF registou 77,8% dos riscos no nível 5 (Aceitável pode omitir-se a
correcção).

Filipa Carvalho 121


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 45 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R5 Contacto directo com superfícies cortantes (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
2,78
(MatrizSimpl3x3) Test Statistics a,b
Nivel de risco corrigido
2,17 N 9
(MatrizSim4x4)
Chi-Square 15,329
Nivel de Risco
1,50 df 3
Corrigida (MatrizComP)
Nivel de Risco corrigido Asymp. Sig. ,002
3,56
(WTF) a. Friedman Test
a. Risco associado = Contacto b. Risco associado = Contacto
directo com superficie cortantes directo com superficie cortantes

Quadro 46 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R5 Contacto directo com superfícies cortantes.

Risco: Contacto directo com superficies cortantes


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 2,78 AeB 0,61 1,605 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 2,17 AeC 1,28 1,605 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 1,50 A e D. 0,78 1,605 FALSO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 3,56 BeC 0,67 1,605 FALSO
B e D. 1,39 1,605 FALSO
k 4 C e D. 2,06 1,605 VERDADEIRO
Z 2,64
N 9

O método de matriz composta P revelou-se como sendo o mais potente, em termos de protecção
do trabalhador, já que apresenta uma Mean rank (1,50) inferior à dos outros métodos.

R7 Contacto directo/Inalação de poeiras

Tendo em consideração os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 15,966 e


p-value <0,05) apresentados no Quadro 47, podemos concluir que, mais uma vez, existem
diferenças significativas entre o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Respeitando os critérios apresentados nas análises anteriores, procurámos situar as diferenças


verificando a condição apresentada na equação (Eq. 11). A síntese, apresentada no Quadro 48, vem
revelar que em 4 dos pares:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz simples (4x4);
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;

122 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P;


método de matriz simples (4x4)/método de WTF.
não existem diferenças significativas, sendo indiferente o método utilizado.

Quadro 47 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
1,88
(MatrizSimpl3x3)
Nivel de risco corrigido Test Statistics a,b
2,83
(MatrizSim4x4) N 12
Nivel de Risco Chi-Square 15,966
1,92
Corrigida (MatrizComP) df 3
Nivel de Risco corrigido Asymp. Sig. ,001
3,38
(WTF) a. Friedman Test
a. Risco associado = Contacto b. Risco associado = Contacto
directo/Inalação de poeiras directo/Inalação de poeiras

Quadro 48 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R7 Contacto directo/Inalação de poeiras.

Risco: Contacto directo/inalação de poeiras


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
diferenças significtivas entre os pares
Pares Mean Rank
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 1,88 AeB 0,95 1,390 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 2,83 AeC 0,04 1,390 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 1,92 A e D. 1,50 1,390 VERDADEIRO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 3,38 BeC 0,91 1,390 FALSO
B e D. 0,55 1,390 FALSO
k 4 C e D. 1,46 1,390 VERDADEIRO
Z 2,64
N 12

Apesar dos resultados apresentados pela análise à posteriori, a análise efectuada aos descritores dos
níveis com maior registo de casos leva-nos a suspeitar de tais conclusões. As nossas convicções são
sustentadas pelos seguintes dados:
o método de matriz simples (3x3) registou 41,7% dos riscos no nível 2 (Risco importante);
o método de matriz simples (4x4) registou 33,3% dos riscos no nível 5 (Actuação não
prioritária);
o método de matriz composta P registou 41,7% dos riscos no nível 3 (Situação aceitável mas
requer algumas alterações);
o método de WTF registou 41,7% dos riscos no nível 5 (Aceitável pode omitir-se a
correcção).

Filipa Carvalho 123


Apresentação/discussão dos resultados

Uma análise à Mean rank vem reforçar a potência do método de matriz simples (3x3), com valores
na ordem de 1,88, no que concerne à protecção do trabalhador.

R10 Exposição ao Ruído

Considerando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 9,140 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 49, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Não obstante, estas conclusões são
contrariadas pela análise efectuada à posteriori (Quadro 50) onde a falsidade da condição
apresentada na equação (Eq. 11) é unânime para a globalidade dos pares, podendo-se concluir que
não existem diferenças significativas.

Quadro 49 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R10 Exposição ao Ruído (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
3,21 Test Statisticsa,b
(MatrizSimpl3x3)
Nivel de risco corrigido N 12
2,54
(MatrizSim4x4) Chi-Square 9,140
Nivel de Risco df 3
1,88
Corrigida (MatrizComP)
Asymp. Sig. ,027
Nivel de Risco corrigido
2,38 a. Friedman Test
(WTF)
a. Risco associado = Exposição ao Ruído b. Risco associado = Exposição ao Ruído

Quadro 50 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R10 Exposição ao Ruído.

Risco: Exposição ao Ruído


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 3,21 AeB 0,67 1,390 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 2,54 AeC 1,33 1,390 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 1,88 A e D. 0,83 1,390 FALSO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 2,38 BeC 0,66 1,390 FALSO
B e D. 0,16 1,390 FALSO
k 4 C e D. 0,50 1,390 FALSO
Z 2,64
N 12

124 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Apesar dos resultados revelados pela análise à posteriori, uma análise aos descritores dos níveis
com maior frequência de casos, deixa-nos algumas suspeitas, em particular nos pares:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz simples (4x4);
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (3x3)/método de WTF;
método de matriz simples (4x4)/método de WTF.
que revelaram a inexistência de diferenças significativas. As nossas convicções são baseadas nos
dados que a seguir apresentamos:
o método de matriz simples (3x3) registou 50% dos riscos no nível 5 (Risco trivial);
o método de matriz simples (4x4) registou 41,7% dos riscos no nível 4 (Intervenção a médio
prazo);
o método de matriz composta P registou 66,7% dos riscos no nível 3 (Situação aceitável mas
requer algumas alterações);
o método de WTF registou 58,3% dos riscos no nível 3 (Risco notável - correcção necessária
urgente).

Para esta categoria de risco (R10), o método de matriz composta P assumiu os valores de Mean
Rank mais baixos (1,88), tornando-se, pela 2ª vez, o método mais eficaz, no que respeita à
protecção do trabalhador.

R11 Queda a diferentes níveis

Analisando os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 17,239 e p-value


<0,05) apresentados no Quadro 51, podemos concluir que existem diferenças significativas entre o
Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Contudo, estes resultados são
contrariados na análise efectuada à posteriori (Quadro 52), constatando-se que apenas 2 pares
verificam a veracidade da condição apresentada na equação (Eq. 11). Estes resultados vêm então
revelar que, com excepção dos pares:
método de matriz simples (3x3)/método de WTF,
método de matriz simples (4x4)/método de WTF.
não existem diferenças significativas nos resultados obtidos pelos restantes pares deste grupo.

Filipa Carvalho 125


Apresentação/discussão dos resultados

A análise efectuada aos descritores dos níveis com maior frequência de casos leva-nos a considerar
que os resultados obtidos se revelam de pouca consistência, já que:
o método de matriz simples (3x3) registou 87,5% dos riscos no nível 2 (Risco importante);
o método de matriz simples (4x4) registou 87,5% dos riscos no nível 2 (Actuação urgente);
o método de matriz composta P registou 62,5% no nível 3 (Situação aceitável mas requer
algumas alterações);
o método de WTF registou 75% dos riscos no nível 4 (Moderado não é urgente mas deve
corrigir-se).

Quadro 51 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R11 Queda a diferentes níveis (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido Test Statisticsa,b
1,63
(MatrizSimpl3x3)
Nivel de risco corrigido N 8
1,63 Chi-Square
(MatrizSim4x4) 17,239
Nivel de Risco df 3
3,13
Corrigida (MatrizComP) Asymp. Sig. ,001
Nivel de Risco corrigido
3,63 a. Friedman Test
(WTF)
a. Risco associado = Queda a diferentes níveis b. Risco associado = Queda a diferentes níveis

Quadro 52 Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R11 Queda a diferentes níveis.

Risco: Queda a diferentes níveis


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 1,63 AeB 0,00 1,703 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 1,63 AeC 1,50 1,703 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 3,13 A e D. 2,00 1,703 VERDADEIRO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 3,63 BeC 1,50 1,703 FALSO
B e D. 2,00 1,703 VERDADEIRO
k 4 C e D. 0,50 1,703 FALSO
Z 2,64
N 8

Para esta categoria de risco (R11), podemos destacar a liderança manifestada por dois dos métodos:
método de matriz simples (3x3);
método de matriz simples (4x4).
no que diz respeito à protecção do trabalhador, já que apresentam os valores de Mean rank mais
baixos (1,63).

126 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

R13 Risco de colisão

Os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 0,600 e p-value >0,05)


apresentados no Quadro 53, vêm revelar a inexistência de diferenças significativas entre o Nível de
Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Assim, os resultados da Avaliação de Risco, para
esta categoria de risco (R13), parecem ser independentes do método seleccionado.

Quadro 53 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R13 Risco de colisão (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
2,57
(MatrizSimpl3x3) Test Statisticsa,b
Nivel de risco corrigido N
2,57 7
(MatrizSim4x4)
Chi-Square ,600
Nivel de Risco
2,36 df 3
Corrigida (MatrizComP)
Asymp. Sig. ,896
Nivel de Risco corrigido
2,50 a. Friedman Test
(WTF)
a. Risco associado = Risco de colisão b. Risco associado = Risco de colisão

Apesar do teste não paramétrico de Friedman mostrar a inexistência de diferenças significativas,


uma análise aos descritores dos níveis que obtiveram maior registo de dados, vem revelar alguma
inconsistência nestes resultados, já que a não haver diferenças significativas, em nossa opinião,
consideramos que apenas os pares:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (4x4)/método de WTF.
reúnem condições favoráveis para tal.

As nossas suposições são baseadas na análise dos seguintes resultados:


o método de matriz simples (3x3) registou 100% dos riscos no nível 4 (Risco tolerável);
o método de matriz simples (4x4) registou 100% dos riscos no nível 4 (Intervenção a médio
prazo);
o método de matriz composta P registou 85,7% no nível 4 (Situação bastante aceitável,
poderão ser realizadas pequenas acções de melhoria);
o método de WTF registou 71,4% dos riscos no nível 4 (Moderado não é urgente mas deve
corrigir-se).

Filipa Carvalho 127


Apresentação/discussão dos resultados

Apesar dos resultados apresentados, o método de matriz composta P tornou a revelar-se o mais
potente, em termos de protecção do trabalhador, já que apresenta uma Mean rank (2,36) inferior à
dos outros.

R14 Sobresforço

Os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 52,849 e p-value <0,05)


apresentados no Quadro 54, vêm revelar a existência de diferenças significativas entre o Nível de
Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados. Apesar destes resultados, a análise efectuada à
posteriori (Quadro 55) vem revelar a inexistência de diferenças significativas entre 2 pares:
método de matriz simples (3x3)/método de WTF;
método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P.

A análise efectuada aos descritores dos níveis com maior registo de casos veio revelar alguma
fragilidade nos resultados apresentados pela análise à posteriori, já que a falsidade da condição
anunciada não nos parece adequada. As nossas afirmações são sustentadas pelos seguintes dados:
o método de matriz simples (3x3) registou 81,8% dos riscos no nível 3 (Risco moderado);
o método de matriz simples (4x4) registou 81,8% dos riscos no nível 4 (Intervenção a médio
prazo);
o método de matriz composta P registou 72,7% no nível 4 (Situação bastante aceitável,
poderão ser realizadas pequenas acções de melhoria);
o método de WTF registou 84,8% dos riscos no nível 3 (Notável correcção necessária
urgente).

Pela análise dos descritores, em nossa opinião, apenas o par método de matriz simples
(3x3)/método de matriz simples (4x4) reúne condições potencialmente favoráveis para a
inexistência de diferenças significativas.

128 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Quadro 54 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R14 Sobresforço (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
(MatrizSimpl3x3)
1,83 Test Statistics a,b
Nivel de risco corrigido N 33
3,27
(MatrizSim4x4) Chi-Square 52,849
Nivel de Risco df
3,09 3
Corrigida (MatrizComP)
Asymp. Sig. ,000
Nivel de Risco corrigido
1,80 a. Friedman Test
(WTF)
a. Risco associado = Sobresforço b. Risco associado = Sobresforço

Quadro 55 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco R14 Sobresforço.

Risco: Sobresforço
Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 1,83 AeB 1,44 0,838 VERDADEIRO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 3,27 AeC 1,26 0,838 VERDADEIRO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 3,09 A e D. 0,03 0,838 FALSO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 1,80 BeC 0,18 0,838 FALSO
B e D. 1,47 0,838 VERDADEIRO
k 4 C e D. 1,29 0,838 VERDADEIRO
Z 2,64
N 33

Seguindo a mesma lógica, na apresentação dos resultados, podemos agora realçar o método de
WTF que, ao assumir os valores de Mean Rank mais baixos (1,80), se apresenta como sendo, pela
1ª vez, o método mais potente, do ponto de vista da protecção do trabalhador.

R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível

Tendo em consideração os resultados do teste não paramétrico de Friedman (Chi-Square= 19,750 e


p-value <0,05) (Quadro 56), podemos concluir que existem diferenças significativas entre o Nível
de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados.

Contudo, estas conclusões são contrariadas pela análise à posteriori (Quadro 57), onde é visível a
falsidade da condição apresentada na equação (Eq. 11) para 5 pares de métodos:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz simples (4x4);
método de matriz simples (3x3)/método de matriz composta P;
método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P;

Filipa Carvalho 129


Apresentação/discussão dos resultados

método de matriz simples (4x4)/método de WTF;


método de matriz composta P/método de WTF.

Quadro 56 Síntese dos resultados obtidos pelo teste de Friedman aos métodos com 5 níveis de Índice de
risco na categoria de risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível (Output SPSS).

Friedman Test
Ranksa

Mean Rank
Nivel de risco corrigido
1,13
(MatrizSimpl3x3) Test Statisticsa,b
Nivel de risco corrigido
2,75 N 8
(MatrizSim4x4)
Chi-Square 19,750
Nivel de Risco
2,56 df 3
Corrigida (MatrizComP)
Nivel de Risco corrigido Asymp. Sig. ,000
3,56
(WTF) a. Friedman Test
a. Risco associado = b. Risco associado =
Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível

Quadro 57 - Síntese dos resultados obtidos nos testes efectuados à posteriori do teste de Friedman aos
métodos com 5 níveis de Índice de risco risco R15 Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Risco: Tropeçamento/Escorregadela/Quedas ao mesmo nível


Comparações dos Condição verificada = Existem
pares
| A - B| / k ( k 1) k (k 1) / 6 N
Pares Mean Rank
diferenças significtivas entre os pares
A Nivel de risco corrigido (MatrizSimpl3x3) 1,13 AeB 1,62 1,703 FALSO
B Nivel de risco corrigido (MatrizSim4x4) 2,75 AeC 1,43 1,703 FALSO
C Nivel de Risco Corrigida (MatrizComP) 2,56 A e D. 2,43 1,703 VERDADEIRO
D. Nivel de Risco corrigido (WTF) 3,56 BeC 0,19 1,703 FALSO
B e D. 0,81 1,703 FALSO
k 4 C e D. 1,00 1,703 FALSO
Z 2,64
N 8

A análise efectuada aos descritores dos níveis com maior registo de riscos leva-nos a considerar
que os resultados obtidos se apresentam como sendo pouco consistentes, já que:
o método de matriz simples (3x3) registou 62,5% dos riscos no nível 3 (Risco moderado);
o método de matriz simples (4x4) registou 75% dos riscos no nível 4 (Intervenção a médio
prazo);
o método de matriz composta P registou 87,5% dos riscos no nível 4 (Situação bastante
aceitável; poderão ser realizadas pequenas acções de melhoria);
o método de WTF registou 62,5% dos riscos no nível 5 (Aceitável pode omitir-se a
correcção).

Tendo presente estes resultados, pensamos que seria lícito não se registarem diferenças
significativas apenas para os pares:
método de matriz simples (3x3)/método de matriz simples (4x4);
método de matriz composta P/método de WTF.

130 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Respeitando os critérios apresentados nas análises anteriores, uma análise às Means rank vem
reforçar a potência do método de matriz simples (3x3), com valores de Mean rank de 1,13,
tornando-o pela 4ª vez, o método mais eficaz, em matéria de protecção do trabalhador.

Por último, mantendo a coerência da apresentação dos resultados, procurámos fazer uma síntese
das principais conclusões associadas aos testes agora aplicados. Assim, à semelhança dos pontos
anteriores, voltámos a confirmar que o tipo de risco pode influenciar o Nível de Risco obtido pela
aplicação dos diferentes MASqt. De seguida, apresentamos a súmula dos pressupostos que nos
levaram a retirar tais conclusões:
Apenas um teste revelou a inexistência de diferenças significativas (R13)71, embora de baixa
consistência;
As análises à posteriori, realizadas aos restantes tipos de risco vieram evidenciar a existência de
vários pares de métodos que não apresentaram diferenças significativas. Apesar deste facto,
nenhum revelou unanimidade de consistência.
Do ponto de vista da protecção que o método oferece ao trabalhador, as análises efectuadas à
Mean rank vieram evidenciar que não era indiferente o método utilizado. Assim, constatou-se
que o método de matriz simples (3x3) se revelou o mais potente, para a maioria dos tipos de
risco. No entanto, a disparidade dos resultados agora obtidos (Tabela 51), comparativamente
com os das análises realizadas para os métodos com 3 e 4 níveis de Índice de risco, vem
reforçar a importância que o método pode ter na avaliação do risco.

Tabela 51 Relação entre o tipo de risco e os métodos que se revelaram mais potentes, do ponto de vista da
protecção do trabalhador.

Nº de registos com ordem


Identificação do método Tipo de risco71
de Mean rank inferiores
Método de matriz simples (3x3) 4 registos R4, R7, R11* e R15

Método de matriz simples (4x4) 2 registos R2, R11*

Método de matriz composta P 3 registos R5, R10 e R13

Método de WTF 1 registo R14


*
- com 1 empate

71
R2 = Risco eléctrico; R5 = Contacto directo com superfícies cortantes;
R7 = Contacto directo/Inalação de poeiras; R10 = Exposição ao Ruído; R11 = Queda a diferentes níveis;
R13 = Risco de Colisão; R14 = Sobresforço; R15 = Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Filipa Carvalho 131


Apresentação/discussão dos resultados

As tabelas 52 e 53 sintetizam os resultados obtidos nos testes de hipóteses correspondentes às duas


questões formuladas.

Tabela 52 Síntese dos resultados obtidos nos testes correspondentes à H01.

Método matriz simples Somerville

Método com 3 níveis de Índice


Método matriz simples CRAM 1
de risco

Método matriz composta CM 1

Método matriz simples (4x5)


Método com 4 níveis de Índice
Método matriz composta NTP330
de risco

Método matriz composta DGEMN

Método matriz simples (3x3) 1

2
Método com 5 níveis de Índice Método matriz simples (4x4) 3

de risco 1
Método matriz composta P 2

Método de WTF 3

Legenda das tabelas 52 e 53:

- Método que assumiu a 1ª posição , - Consistência dos testes aquando da


em relação ao valor de Mean rank; comparação dos descritores
associados aos níveis do Índice de
risco.
- Grupo de métodos que não revelou
diferenças significativas, segundo o
teste de Friedman.
n - Correspondências entre os métodos
que não revelaram diferenças
- Falta de consistência dos testes aquando da significativas, aquando da análise à
comparação dos descritores associados aos posteriori.

níveis do Índice de risco.

132 Filipa Carvalho


Apresentação/discussão dos resultados

Tabela 53 Síntese dos resultados obtidos nos testes correspondentes à H0272.


Métodos
Método com 3 níveis de Método com 4 níveis de Método com 5 níveis de Índice de
Índice de risco Índice de risco risco
simples Somerville

simples CRAM

Método de WTF
composta CM
Método matriz

Método matriz

Método matriz

Método matriz

Método matriz

Método matriz

Método matriz

Método matriz

Método matriz
simples (4x5)

simples (3x3)

simples (4x4)

composta P
DGEMN
NTP330
composta

composta
Tipos de
risco

1 2
1 1 2 1 1 1 4 4
R2 2 2 3
3

1 4 5 4
R4 1 1 1 1 3
2 3 2 5
1

1 1 5 2 3
R5 1 1 3 4 5 4
2

1 1 1 1 4 2 4
R7 1 2 1
2 2 3 3

1 1 4 3 2 5
1 1
R10 6
2 3 5
4
6

1 1 1 1 2 4 4
R11 1 2 2 1 2 3
3

1 1 2
R13 1 1
2

1 1 1 2 1
R14 2

1 1 2 1 2 1 2 1 4 3
R15 2 3 3 1
2 5 5
3
2 4

Total* 7 1 1 6 3 0 4 2 3 1

* - Nº de vezes que o método apresentou as primeiras posições na Mean rank.

72
Ver legenda na página 132

Filipa Carvalho 133


Conclusões

IV. CAPÍTULO - CONCLUSÕES

A Avaliação de Risco está na ordem do dia. Apesar de não se tratar de um assunto recente no seio
das organizações, tem sido alvo de muitos debates, evidenciados pelo lugar que esta temática ocupa
nos congressos e encontros científicos na área da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho.

No domínio da Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho, o risco é definido como a probabilidade


de um evento não desejado (acidente/doença) acontecer, e como tal, a Avaliação de Risco assume-
se como a metodologia essencial do processo de Gestão do Risco, ou seja, refere-se ao meio através
do qual se avaliam as condições que podem comprometer a segurança dos sistemas.

O sucesso de qualquer programa de Gestão de Risco está dependente do enfoque que é dado à
Avaliação de Risco, a qual deverá, primordialmente, centrar-se na Prevenção, em vez de na Cura
(Swuste, 2007).

Apesar da Avaliação de Risco constituir uma obrigação legal, em termos metodológicos não
existem regras fixas sob a forma como esta deve ser realizada. Tendo em consideração as
limitações associadas às avaliações quantitativas, em particular a complexidade envolvida e os
custos associados, as avaliações de natureza semi-quantitativa (MASqt) tornam-se, na maior parte
dos casos, as ferramentas disponíveis para levar a cabo as obrigações impostas pela legislação, já
que são métodos generalistas e, geralmente, de fácil aplicação. Não obstante as vantagens destas
avaliações mais expeditas, os resultados das suas aplicações são praticamente desconhecidos.

Com este estudo pretendeu-se realizar uma análise comparativa entre 10 métodos de Avaliação de
Risco de natureza semi-quantitativa (MASqt), integrando um duplo objectivo. Por um lado,
verificar se o Nível de Risco obtido pelos diferentes métodos utilizados é sempre idêntico e, por
outro, perceber se o tipo de risco em avaliação pode influenciar o Nível de Risco.

Os resultados apresentados no III. Capítulo - revelaram que existem, na generalidade dos casos,
diferenças estatisticamente significativas.

Apesar das diferenças se terem revelado significativas na maioria dos testes realizados, a potência
associada a esses resultados foi considerada limitada, já que, na nossa opinião, existe alguma
incoerência entre os descritores associados a cada nível das escalas de Índice de risco
disponibilizadas pelos métodos.

Filipa Carvalho 135


Conclusões

Apesar de todas estas limitações, a análise comparativa dos descritores associados aos níveis das
escalas de Índice de risco utilizadas veio revelar que, na avaliação dos 150 riscos decorrentes da
realização de 6 tarefas de manutenção, apenas 19%73 dos casos apresentaram soluções
equivalentes. Não obstante este resultado, francamente baixo, podemos concluir:

1 - No que concerne à hipótese formulada para testar a primeira questão Será que o Nível de
Risco obtido, pelos diferentes MASqt utilizados, é idêntico para cada um dos riscos/consequências
associadas? :
Para os métodos com 3 níveis de Índice de risco74, o Nível de Risco obtido para os 150 riscos
avaliados (RA) parece ser independente do método utilizado, do ponto de vista dos resultados
que produz, nomeadamente, ao nível da gestão dos riscos profissionais;
No que se refere aos métodos com 4 níveis de Índice de risco75, de uma maneira geral, os
níveis que assumiram maior frequência de casos apresentam descritores com significados
muito diferentes. Estas constatações levam-nos a considerar que, para o grupo de métodos em
questão, o método que se selecciona não é indiferente para o processo de gestão dos riscos
profissionais;
No que se refere aos métodos com 5 níveis de Índice de risco76, e apesar de se verificarem
algumas excepções (em particular para os pares método de matriz simples (3x3)/método de
matriz composta P e método de matriz simples (4x4)/método de matriz composta P),
também não é indiferente para o processo de gestão dos riscos profissionais, o método que se
selecciona;
Refira-se que, para a globalidade dos casos, a simplicidade associada ao modo de aplicação dos
métodos está, geralmente, relacionada com uma maior potência, no que concerne à protecção
do trabalhador. Por outro lado, quanto menos ambíguos e limitativos os descritores usados nas
escalas, maior protecção oferecem. Esta constatação veio corroborar as convicções de Gadd et
al. (2003), que consideram que a subjectividade associada à aplicação deste género de métodos
pode ser minimizada, pelo cuidado que se tem na definição dos descritores usados nas escalas
de avaliação.

Assim, salientaram-se como métodos que revelaram maior potência, do ponto de vista da
protecção do trabalhador:

73
Esta proporção resulta de uma relação entre o número total de comparações presentes nos 30 testes efectuados (120) e o
número de pares que evidenciaram coerência na ausência das diferenças significativas encontradas (23).
74
Método de matriz simples Somerville, método de matriz simples CRAM e método de matriz composta
CM.
75
Método de matriz simples (4x5), método de matriz composta NTP330 e método de matriz composta DGEMN.
76
Método de matriz simples (3x3), método de matriz simples (4x4), método de matriz composta P e método de WTF.

136 Filipa Carvalho


Conclusões

o método de matriz simples de Somerville (Mean rank =1,53)77;


o método de matriz simples (4x5) (Mean rank =1,43)78;
o método de matriz simples (3x3) (Mean rank = 2,12)79.

Em síntese, podemos considerar que a H01 foi parcialmente verificada.

1 - No que concerne à hipótese formulada para testar a segunda questão Será que o tipo de risco
em avaliação influencia o Nível de Risco obtido pelos diferentes MASqt utilizados? , os resultados
deste estudo vieram demonstrar que:
Para a maioria das categorias de risco, o método não deve ser seleccionado independentemente
do tipo de risco a avaliar;
Para os métodos com 3 níveis de Índice de risco, foi possível encontrar 5 categorias de risco
(R5, R7, R11, R13 e R14)80, para os quais não se registaram diferenças significativas entre os
Níveis de Risco obtidos, sendo independente os métodos seleccionados;
Ainda para este grupo de métodos, o método Somerville assumiu a liderança do ponto de vista
da protecção do trabalhador, apresentando 7 registos, na primeira posição da Mean Rank. No
entanto, o facto de outros métodos assumirem uma Mean rank mais baixa, veio reforçar a ideia
de que o tipo de risco pode influenciar, os Níveis de Risco obtidos. São de destacar os riscos do
tipo (R2)80 preferencialmente avaliados pelo método de matriz simples CRAM e os riscos do
tipo (R10)80 preferencialmente avaliados pelo método de matriz composta CM;
Para os métodos com 4 níveis de Índice de risco, foi possível encontrar 3 categorias de riscos
(R2, R10 e R11)80 onde se verificou, sistematicamente e de forma consistente, a inexistência de
diferenças significativas no par método de matriz simples (4x5)/método de matriz composta
NTP330, revelando, indiferença, no método a escolher;
No que se refere aos restantes pares, há ainda a destacar a inexistência de diferenças
significativas, em apenas dois tipos de risco (R13 e R15)80, no par método de matriz composta
NTP330/método de matriz composta DGEMN, mas em que apenas um foi consistente na
avaliação que se fez (R15)80;
Para este grupo de métodos, o método de matriz simples (4x5) assumiu a liderança do ponto de
vista da protecção do trabalhador, apresentando 6 registos, na primeira posição da Mean Rank.

77
Grupo de métodos com 3 níveis de Índice de risco.
78
Grupo de métodos com 4 níveis de Índice de risco.
79
Grupo de métodos com 5 níveis de Índice de risco.
80
R2 = Risco eléctrico; R5 = Contacto directo com superfícies cortantes;
R7 = Contacto directo/Inalação de poeiras; R10 = Exposição ao Ruído; R11 = Queda a diferentes níveis;
R13 = Risco de Colisão; R14 = Sobresforço; R15 = Tropeçamento/Escorregadela/Queda ao mesmo nível.

Filipa Carvalho 137


Conclusões

Apesar disto, o facto de outros métodos assumirem uma Mean rank mais baixa veio reforçar a
importância que se deve dar à selecção do método. O método de matriz simples DGEMN
assumiu-se, como o menos potente, sem registos na primeira posição da Mean rank;
Para os métodos com 5 níveis de Índice de risco foi possível encontrar 5 categorias de risco
(R2, R4, R7, R11 e R15)80 onde se verificou a existência de alguns pares de métodos que não
apresentaram diferenças significativas nos Níveis de Risco obtidos (Tabela 53), revelando
assim, para os pares em questão, indiferença no método escolhido;
Para este grupo de métodos, a disparidade dos resultados obtidos, comparativamente com as
análises congéneres dos testes realizados para os métodos com 3 e 4 níveis de Índice de risco,
aquando da análise efectuada à Mean rank, veio reforçar a importância que o método pode ter
na avaliação adequado do risco. O método de matriz simples (3x3) voltou a revelar-se o mais
potente, com 4 registos, na primeira posição da Mean Rank.

Em síntese, podemos concluir que a H02 foi parcialmente verificada.

De uma forma sucinta, parece-nos lícito concluir que, independentemente da validade intrínseca de
cada método, a sua escolha não deverá ser feita de forma aleatória.

Apesar das vantagens associadas aos métodos de MASqt, consideramos que o problema
investigado neste trabalho, deve continuar a ser desenvolvido, no sentido de se realizarem análises
mais aprofundadas, capazes de se encontrarem e definirem os critérios adequados à selecção dos
métodos. A este nível, salientamos o escotoma apresentado pela literatura, nesta matéria.

Os constrangimentos que sentimos, aquando do tratamento de dados, alertaram-nos para algumas


alterações que deverão ser contempladas em análises futuras, nomeadamente, em relação às
dimensões das escalas de Índice de risco, e sobretudo, em relação à equivalência entre os níveis das
várias escalas.

Uma vez que o tipo de risco em avaliação parece influenciar os níveis de risco obtidos, pensamos
que será interessante validar estes métodos de avaliação semi-quantitativa dos riscos (MASqt) em
contextos diversificados, de forma a definir critérios adequados para a selecção mais adequada.

Estas orientações para pesquisas futuras podem, em nossa opinião, robustecer as Avaliações de
Risco efectuadas e, consequentemente, o alcance dos objectivos a que estas se destinam: a
Prevenção da Saúde e Segurança das pessoas que trabalham.

138 Filipa Carvalho


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140 Filipa Carvalho


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