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O ecossistema humano parte I: O ecossistema humano como um conceito organizador no manejo de

ecossistemas.
G. E. Machlis; J. E. Force; W. R. Burch Jr.
(Societ & Natural Resources 10(4): 347-367, 1997)

A organização e a descrição de um modelo compreensível e organização e a descrição de um modelo


útil para o manejo de ecossistemas são necessárias. Neste compreensível de manejo de ecossistemas se iniciou
artigo, nós propomos o ecossistema humano como um apenas recentemente; a inclusão do Homo sapiens é
conceito organizador para o manejo de ecossistemas. impensável. Biólogos têm se preocupado em medir
Primeiramente, nós descrevemos a história da idéia do
os “impactos” dos humanos, uma estratégia que
ecossistema humano; tanto a teoria ecológica como as
principais teorias sociológicas provêem um direcionamento coloca nossa espécie fora do ecossistema como uma
útil. Em seguida, nós apresentamos os elementos chave de perturbação permanente, no máximo. Os cientistas
um modelo de ecossistema humano: recursos críticos sociais têm se restringido grandemente às
(naturais, econômicos e culturais), instituições sociais, ciclos “dimensões humanas” idiossincráticas fora da
sociais e ordem social (identidades, normas e hierarquias). realidade biológica e imune à ela. As divisões
Em cada elemento, nós (1) fornecemos uma definição e acadêmicas tradicionais têm levado a uma divisão de
descrição gerais, (2) sugerimos os meios pelos quais uma territórios intelectuais, procurando avanços em
variável pode ser alterada e (3) fornecemos exemplos
território ao invés de buscar um paradigma que seria
selecionados de como este elemento pode influenciar outros
componentes do ecossistema humano. O artigo conclui com
verdadeiramente útil para os profissionais que gerem
sugestões específicas sobre como o modelo de os recursos. Tal paradigma seria um novo tipo de
ecossistema humano pode desempenhar um papel ciência da vida que encara a realidade biossocial dos
organizador no manejo de ecossistemas. seres humanos através de uma crítica séria de sua
Palavras-chave: manejo de ecossistemas, ecologia forma de encarar o manejo de ecossistemas.
humana, ecossistemas humanos, teoria social
Neste artigo, nós descrevemos uma versão do que
O desafio final para a Ecologia é integrar e sintetizar uma perspectiva ecológica humana poderia oferecer
a informação ecológica disponível de todos os
aos gestores de ecossistemas. Nós propomos o
níveis de investigação em um entendimento que
seja significativo e útil para os gestores e tomadores
ecossistema humano como um conceito organizador
de decisão. G.E. Likens (1992, p.3) para o manejo de ecossistemas. Como o nosso
objetivo é descrever o ecossistema humano como
Nas primeiras décadas do século vinte e um, um uma estrutura útil, nós enfatizamos a descrição das
grande desafio, provavelmente, deverá ser partes que o compõem (como faria um modelo de
enfrentado pelos profissionais relacionados à questão níveis tróficos) ao invés de processos críticos (como
dos recursos naturais. Dependendo da fonte, por faria um modelo de sucessão). Primeiramente, nós
volta de 2020, o globo conterá de 6 a 8 bilhões de delineamos a genealogia da idéia de ecossistema
seres humanos (Demeny, 1990; World Resources humano; nós nos aproximamos da longa tradição de
Institute, 1994). Há pouca evidência de que esta risco intelectual usada por muitos biólogos e
população humana, com suas expectativas cada vez cientistas sociais. Em seguida, nós apresentamos os
maiores, experimentará uma redistribuição voluntária elementos fundamentais de um modelo de
de recursos, a partir das regiões, classes e pessoas ecossistema humano, seguidos por uma descrição
mais favorecidas para as mais pobres. No passado, detalhada das variáveis individuais e de sua
nossas esperanças se basearam nos aumentos de relevância para o manejo de ecossistemas. Nós
oferta induzidos tecnologicamente a partir de uma concluímos com sugestões específicas sobre como o
base finita de recursos, o que permitiria alguns modelo de ecossistema humano pode desempenhar
efeitos ocorrendo lentamente. Nos Estados Unidos, um papel útil no manejo dos recursos naturais no
as tendências atuais sugerem ainda mais polarização século vinte e um.
entre ricos e pobres, e um crescente conflito em
relação aos recursos. Nós não temos a pretensão de resolver os grandes
temas que envolvem os estudos relativos ao homem
Conseqüentemente, os profissionais que trabalham e o ambiente. Nossa crença é que o encontro mais
com a questão dos recursos naturais precisarão sustentável entre biologia e ciências sociais ocorrerá
intensificar sua busca por modelos de sistemas de apenas quando ambas abordarem esta tarefa como
recursos que incluam as forças que direcionam os iguais, com respeito mútuo pela teoria e métodos da
infinitos desejos humanos, juntamente com a outra. Nosso esforço é o estabelecimento da ecologia
limitação nas possibilidades de satisfazê-los com a sob uma perspectiva humana, com a devida
crescente produtividade dos recursos naturais. consideração para os modelos de ecossistema com
Variáveis humanas, como causa e conseqüência da base biológica e as construções derivadas das
mudança de sistemas, necessitarão ser unidas às ciências sociais. Nossa esperança é que haja uma
preocupações biofísicas tradicionais de gestores de fusão que transcenda a divisão arcana entre biofísico
ecossistemas florestais, agricultores, pecuaristas e e sociocultural – uma fusão que seja realmente
superintendentes de parques. ecológica.
Desde 1990, o “manejo de ecossistemas” tem Pano de Fundo
representado grandes esperanças de encontrar
meios coerentes e compreensíveis de Os estudos de padrões e processos dos
sistematicamente combinar a demanda humana com ecossistemas enfatizam a diversidade e a
1
as realidades biofísicas e sócio-políticas . A complexidade dos elementos que influenciam os
2

sistemas. Este foi o tema central dos estudos uma criação totalmente artificial; e que ela representa
ruptores realizados em lagos por R. L. Lindeman um tipo de unidade viva diferente da mera soma de
(1942) e da pesquisa pioneira sobre o ecossistema indivíduos isolados. Estes princípios dificilmente
de Hubbard Brook (Borman e Likens, 1979; Likens et poderiam ser questionados. Eles são válidos
al., 1977). A ênfase de ambas as pesquisas foi na (Sorokin, 1928, p.207).
dinâmica dos ecossistemas em termos de fluxos, Ele entrou em abordagens críticas organiscistas,
trocas e ciclos de fatores como materiais, nutrientes e biossociais, determinísticas geográficas e
energia. A partir dos dados obtidos em Hubbard demográficas para explicar o comportamento
Brook, Likens et al. registraram um grande número humano e os padrões e processos da sociedade
de variáveis, incluindo estrutura e diversidade humana. Para Sorokin, todas estas explicações
biológicas, heterogeneidade geológica, clima e sofreriam muito por serem dependentes de analogia
sazonalidade, controle do fluxo da água e de e de um forte desejo por causas simples. Além disso,
substâncias químicas através dos ecossistemas cada uma das teorias predominantes criticadas por
(Likens et al., 1977, p.2). Sorokin, e aquelas que emergiram desde então,
tiveram que encontrar alguma racionalidade a fim de
Mais recentemente, F. B. Golley também enfatizou a atribuir, incorporar, excluir ou compartimentalizar as
complexidade do ecossistema: prioridades do ambiente, da biologia e da cultura
o ecossistema consiste de conjuntos coevoluídos de humana. Cada teoria teve que assumir que as
organismos... há espécies chave que propiciam regularidades observadas na vida social humana têm
ambientes especiais para muitos outros grupos. Há uma explicação.
também organismos sociais, tais como as formigas, As teorias sociais predominantes tenderam a se
que apresentam um outro padrão de organização. agrupar ao redor de certos determinantes biofísicos e
Isto significa que a organização real de um ambientais como chaves. Por exemplo, a estrutura de
ecossistema é muito mais complexa que a sugerida uma sociedade e seus processos de estabilidade e
pelo modelo de rede. Finalmente, a organização de mudança têm sido atribuídos aos níveis de
uma grande cidade poderia ser um modelo melhor “capacidade de suporte” conforme a população
que os modelos de sistemas encontrados em livros- exerce pressão sobre recursos limitados (Catton,
texto, cujos elos se muito complicados se 1982; Durkhein, 1933; Sumer e Keller, 1927). Ou as
assemelham a uma bola de espaguete (Golley, 1993, estruturas e processos podem ser atribuídos a
p.203). diferenças espaciais nos “significados” dos recursos
Esta complexidade, em parte, fez com que os (Hawley, 1950, 1986; Park e Burgess, 1921). Ou, os
biólogos geralmente excluíssem o comportamento processos ecológicos e as condições ambientais
humano de seus modelos e os cientistas sociais podem ser considerados como aspectos de sistemas
permanecessem, grandemente, no nível da simbólicos (Firey, 1960; Wirht, 1928). Ou a variedade
metáfora2. dos padrões e processos de organização dos
humanos podem ser considerados como sendo
Conforme as ciências sociais emergiram como moldados pela variação ambiental (Duncan, 1964;
disciplinas acanhadas, no século dezenove, elas se Selznick, 1966). Ou os padrões e processos sociais
depararam com o problema de quanto do são mediados por tecnologias adaptativas, para as
comportamento humano deveria ser atribuído à quais os elementos culturais exibem uma menor ou
nossa natureza biológica e quanto à nossa natureza maior habilidade de se acomodar aos tecnológicos
social. Obviamente, a humanidade divide (Cottrell, 1950; Ogbum, 1950). Ou a estrutura e o
características com o reino animal, particularmente poder político podem determinar (Marx, 1972) e, por
com os grandes primatas não humanos. Ao mesmo outro lado, ser moldados (Weber, 1968; West, 1982)
tempo, há um sentimento de grande diferença. A pelas características dos recursos naturais.
prioridade causal parece mudar de uma polaridade
para outra. Para alguns, o comportamento humano é Nosso ponto de vista tem duas partes. A primeira
determinado pelos genes, ou pela anatomia ou pela delas é que, contrariamente aos comentários
química. Para outros, o comportamento humano é contemporâneos tais como os de Dunlap e Canon
determinado por normas, ou por valores morais, ou (1994), a sociologia ambiental não é um produto
pela mente, construções lingüísticas, demografia ou recente dos sociólogos nem é distinto da teoria social
pelos grandes desígnios de Deus. A ecologia predominante. A segunda serve para lembrar ao
humana está, particularmente, em risco em tais leitor que, quer explicitamente quer implicitamente, a
discussões porque procura chamar atenção para teoria social tradicional predominante deve se
variáveis ambientais e predisposições biológicas, e acomodar ao dilema de conciliar fatos sociais e
fundi-las a variáveis sociais inerentes aos humanos biológicos para entender nossa espécie. Uma
como a linguagem simbólica, os sistemas normativos ecologia que inclui os seres humanos é como outros
elaborados, valores e significados. estudos zoológicos que se iniciam com as condições
biológicas e ambientais da espécie observada (Udry,
P. A. Sorokin, ao criticar a aplicação de analogias 1995), ao invés de se iniciar com uma idéia
organísmicas à sociedade humana, captou a preestabelecida de que tais fatores pouco importam
realidade das tentativas das ciências sociais em para explicar os padrões de comportamento
incluir o domínio biológico. Ele chamou a atenção observados. Finalmente, nosso objetivo é caminhar
para o fato de que a sociologia tem que ser baseada em direção a uma teoria unificada de ecologia (Allen
na biologia; que os princípios da biologia devem ser e Hoekstra, 1992) que no final possa contribuir para
levados em consideração na interpretação dos as ecologias de todas as formas de vida. Assim, um
fenômenos sociais; que a sociedade humana não é ponto de partida crítico é o conceito de ecossistema.
3

As Raízes da Ecologia Humana e do Ecossistema fronteiras, fluxos de recursos, estruturas sociais e


Humano continuidade dinâmica. Ecossistemas humanos
podem ser descritos em várias escalas espaciais e
O ecossistema foi formalmente definido por Sir Arthur estas escalas são hierarquicamente ligadas. Assim,
Tansley em 1953 e resultou na aplicação comum do uma unidade familiar, uma comunidade, um
uso de ecossistema como um conceito organizador município, uma região, nação, ou, mesmo, o planeta
3
por E. P. Odum, em seu texto de 1953 , podem ser tratados com sucesso como um
“Fundamentos de Ecologia”. Foram publicadas várias ecossistema humano.
histórias contemporâneas sobre a idéia de
ecossistema, notavelmente “An Entangled Bank: The Embora a escala dos ecossistemas humanos possa
Origins of Ecosystem Ecology”, de J. Hagen (1992), e variar, existem vários elementos essenciais. A figura
“A History of the Ecosystem Concept in Ecology”, de 1 esquematiza estes elementos em um modelo
Golley (1993). Ambos limitam suas discussões ao básico de ecossistema humano. Um conjunto de
surgimento de uma ecologia biológica que exclui o recursos críticos é necessário para prover o sistema
Homo sapiens. com os suprimentos necessários. Estes recursos são
de três tipos: (1) recursos naturais (tais como
O pontos centrais de uma ecologia humana residem energia, fauna, madeira ou água), (2) recursos
primariamente na ecologia geral, na sociologia e na socioeconômicos (tais como trabalho ou capital) e (3)
antropologia, como documentado por revisões recursos culturais (tais como mitos e crenças). Estes
intensivas da literatura (Field e Burch, 1988; Micklin, recursos mantêm o ecossistema humano
1977) e textos (Hawley, 1950, 1986). A aplicação de funcionando; seu fluxo e distribuição são críticos para
princípios ecológicos gerais na atividade humana foi a sustentabilidade. Alguns recursos críticos podem
estimulada por sociólogos da Universidade de ser originários do local (e usados localmente ou
Chicago nos anos 20 3 30. Os sociólogos R. E. Park exportados), outros podem ser importados de locais
e E. W. Burgess (1921) fizeram analogias entre adjacentes ou longínquos. Por exemplo, recursos
comunidade humanas e não humanas, descrevendo urbanos de capital de investimento e fontes nacionais
relações sociais simbióticas e competitivas como de informação são partes integrantes dos
uma teia orgânica (Fads, 1967). Simultaneamente, ecossistemas humanos rurais; como outros recursos
antropólogos como J. H. Steward (1955), J. W. são produzidos em locais distantes, mas são
Bennett (1976) e outros começaram a empregar o suprimentos críticos.
ecossistema como uma ferramenta para organizar o
trabalho de campo e a pesquisa. Enquanto a “escola” O fluxo e o uso deste recursos críticos são regulados
de Chicago tratou a comunidade (e, para eles, esta pelo sistema social, um conjunto de estruturas sociais
significou a cidade) como uma unidade chave de gerais que orientam parte substancial do
análise, o foco limitado nas relações espaciais e na comportamento humano. O sistema social é
vida urbana levou, eventualmente, a uma procura por composto de três sub-sistemas. O primeiro sub-
um arcabouço mais holista. sistema é um conjunto de instituições sociais,
definidas como soluções coletivas para os desafios
Aquela procura (ativa nos anos 50 e 60) levou ao ou necessidades sociais universais. Por exemplo, o
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modelo POET . Este modelo definiu o ecossistema desafio coletivo de manter a saúde humana leva a
humano como a interação entre população, instituições médicas, as quais vão desde os
organização e tecnologia em resposta ao ambiente tradicionais xamãs até os modernos sistemas
(Catton, 1982; Duncan, 1964). Estas são as variáveis hospitalares, cooperativas rurais de saúde e cuidados
principais da ecologia humana; sua interação o ponto preventivos. Outras instituições sociais lidam com
central do ecólogo humano. Um modelo derivado, o desafios universais tais como justiça (lei), fé (religião)
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IPAT (Dietz e Rosa, 1994; Erlich e Erlich, 1970) ao e sustento (agricultura e manejo de recursos).
invés de descrever os ecossistemas humanos,
modificou as interações a fim de estimar os impactos O segundo sub-sistema é uma série de ciclos sociais,
ambientais como uma função da população, posses e que são os padrões temporais para alocar as
tecnologia. atividades humanas. Alguns ciclos podem ser
fisiológicos (tais como padrões diurnos); outros,
No anos 80 e início dos anos 90, antropólogos como institucionais (estações de caça permitida). Outros,
E. F. Moran (1990), sociólogos como W. R. Burch Jr ainda, podem ser específicos para o indivíduo (tais
e seus colegas e alunos (Burch e DeLuca, 1984), e como passagem para a reserva) ou para o ambiente
ecólogos, tais como H. T. Odum (1983) e E. P. Odum (tais como mudanças climáticas). Os ciclos sociais
(1993), empregaram o ecossistema humano como influenciam consideravelmente a distribuição dos
um arcabouço teórico. Este foi aplicado em pesquisa recursos críticos. Um exemplo é o conjunto de ritmos
arqueológica (Butzer, 1990), política energética coletivos em uma comunidade ou em uma cultura
(Burch e DeLuca, 1984), ameaças a parques que organiza seu calendário, festivais, colheitas,
nacionais (Machlis e Tichnell, 1985) e impactos estações de pesca, dias de negócios e assim por
antropogênicos sobre a biodiversidade (Machlis, diante.
1992).
O terceiro sub-sistema é a ordem social, que é um
O Ecossistema Humano Definido e Descrito conjunto de padrões culturais que organizam a
Neste artigo, o ecossistema humano é definido como interação entre pessoas e grupos. A ordem social
um sistema coerente de fatores biofísicos e sociais inclui três mecanismos chave que ordenam o
capazes de adaptação e sustentabilidade ao longo do comportamento: identificações pessoais (tais como
tempo. Por exemplo, uma comunidade rural pode ser idade ou sexo), normas (regras de comportamento) e
considerada um ecossistema humano se ela exibir hierarquias (por exemplo, de posses ou poder).
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Assim, certas expectativas sobre interação são Recursos Naturais


criadas quando se pode identificar a idade, o sexo, o
status e o poder de indivíduos ou grupos, e tais Energia. Energia é a habilidade de realizar trabalho
expectativas permitem que o sistema social funcione. ou produzir calor. A energia é um recurso natural
crítico e sua influência sobre os sistemas sociais é
A ordem social (individualmente, coletivamente e em bem documentada (veja, por exemplo, Rosa et al.,
relação às instituições sociais e ciclos sociais) 1988). Como Cottrell (1955) salientou, a energia
permite alta previsibilidade de grande parte do disponível para os seres humanos “limita aquilo que
comportamento humano. O conjunto formado pelas nós podemos fazer e influencia aquilo que nós
instituições sociais, ciclos sociais e a ordem social faremos”. Os fluxos de energia variam de acordo com
constituem o sistema social. Este em combinação o tipo de fonte (hidroeletricidade, petróleo, gás
com o fluxo de recursos críticos forma o ecossistema natural, energia solar, nuclear, da madeira e assim
humano. Cada um destes elementos influencia os por diante) e com sua qualidade (alta ou baixa
outros substancialmente. Por exemplo, mudanças no entropia). Um elemento importante é o local e a
fluxo de energia (tais como um embargo e o escala de controle (externa ou interna, local ou
racionamento resultante) podem alterar a hierarquia global, multinacional ou familiar). A energia pode ser
de poder (aqueles que têm combustível podem mais) medida pela produção de calor (kcal) ou pelo valor
e as normas de comportamento (tais como sanções econômico (dólares/kcal). Mudanças nos fluxos de
informais contra desperdício de combustível). energia podem alterar de forma dramática os ciclos
sociais e a ordem social (vide as carências de óleo
Continuamente ocorre adaptação nos ecossistemas nos Estados Unidos em 1973 e 1979) e podem forçar
humanos (Bennett, 1976); as instituições sociais se as instituições sociais (tais como a indústria da
adaptam a mudanças nos fluxos de recursos e, por recreação ou a agricultura) a fazer adaptações
sua vez, alteram tais fluxos. O resultado é um consideráveis.
sistema perpetuamente dinâmico. Por exemplo, as
instituições políticas podem se adaptar às demandas Terra. A terra inclui tanto a superfície terrestre como
crescentes por recursos florestais através da o subsolo e as características subterrâneas. A terra é
alteração nos processos de tomada de decisão (tais um recurso crítico devido ao seu valor econômico e
como o aumento da participação pública) e no fluxo cultural (Zelinky, 1973). Ela pode ser caracterizada
de recursos (como quando o sistema legal toma por padrões de propriedade (pública ou privada),
providências contra o corte de madeira). A palavra cobertura (vegetação ou tipo de comunidades
adaptação é usada aqui sem um sentido de valor; o vegetais), uso (tais como agrícola, silvicultura,
que é adaptativo (ou vantajoso) para uma instituição urbano) e valor econômico. Alterações no uso do solo
ou grupo social pode ser não adaptativo (ou freqüentemente podem ser medidas em hectares de
prejudicial) para outra (Bennett, 1976, 1993). solo ocupados por um determinado tipo de uso do
solo. Tais alterações freqüentemente seguem
Finalmente, um determinado ecossistema humano trajetórias restritas e previsíveis, como o solo
pode ser hierarquicamente incluído dentro de florestado sendo alterado para uso agrícola e, então,
ecossistemas humanos em diferentes escalas. para usos urbanos (Turner et al., 1990). A
Assim, a comunidade rural de um ecossistema propriedade da terra influencia fortemente muitas
humano pode estar ligada à uma bacia de drenagem, instituições sociais (sustento e comércio são
região e estados maiores e a ecossistemas humanos exemplos) e mudanças no uso do solo
menores, tais como clãs ou sistemas familiares. freqüentemente são refletidas em alterações de
Mudanças nos ecossistemas humanos em uma hierarquia de saúde, poder e território através de
determinada escala podem ter efeitos sobre as alterações na posse da terra e nos direitos de
escalas superiores e inferiores. Por exemplo, um propriedade.
aumento no desemprego rural pode ter impacto sobre
as condições de saúde da família, aumentando a Água. A água inclui os estoques superficiais,
demanda por médicos da comunidade e diminuindo subterrâneos e marinho. A água do subsolo
os fundos estatais para a saúde. (rapidamente renovável) e os aqüíferos (uma forma
importante de estoque não facilmente renovável)
Este modelo de ecossistema humano fornece um podem ser integrados nos ecossistemas humanos.
arcabouço organizador para o manejo de Os recursos aquáticos podem ser categorizados
ecossistemas. Cada um de seus componentes chave segundo a qualidade, o fluxo (metros/segundo) ,
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será discutido a seguir. padrões de distribuição e tendências cíclicas (tais
Componentes Chave do Ecossistema Humano como anos úmidos ou períodos secos). O controle e
distribuição da água é a maior fonte de poder
Nesta seção, nós identificamos e descrevemos os econômico, social e político (Reisner, 1986).
componentes chave dos ecossistemas humanos, Mudanças na qualidade da água podem ter impacto
conforme apresentado na Figura 1. Para cada sobre instituições sociais como saúde e comércio;
componente ou variável, nós (1) fornecemos uma direitos sobre a água são cruciais para a manutenção
definição e descrição geral, (2) sugerimos formas da ordem social, enquanto o acesso à água tem
pelas quais as variáveis podem ser medidas e (3) influência sobre a saúde.
apresentamos exemplos selecionados de como este
fator pode influenciar outros componentes do Materiais. Os materiais incluem produtos básicos
ecossistema humano. grandemente derivados de recursos naturais.
Exemplos incluem os fertilizantes (petróleo como
uma fonte), toras (madeira), prata e outros minerais
(minério), plástico (óleo), vidro, concreto, cocaína e
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brim. A gama de materiais usados pelos e práticas agrícolas) e normas sociais em relação ao
ecossistemas humanos varia de acordo com a mundo natural.
cultura, o estágio de desenvolvimento econômico e
os padrões de consumo. Formas comuns de medir os Recursos Socioeconômicos
materiais incluem o valor econômico por unidade e o Informação. Informação é um suprimento necessário
fluxo de material bruto (por toneladas, quilos, gramas para qualquer sistema biofísico ou social. O fluxo de
ou miligramas)7. Muitas das instituições de sustento e informação (e seu potencial para retroalimentação) é
comércio são baseadas na produção, distribuição e um ponto central da teoria geral de sistemas (von
troca de materiais. Quando os fluxos são alterados, Bertalanffy, 1968), da sociobiologia (Wilson, 1975,
as normas para seu uso podem ser modificadas 1978) e da ecologia humana (Burch e DeLuca, 1984;
(incentivos para conservação aumentam com o Hawley, 1950). A informação pode ser codificada e
preço) e certos materiais podem ser críticos para transmitida de várias formas: genes, “linguagem
instituições específicas tais como pedras preciosas corporal”, tradições orais, eletrônica (dados digitais),
para o uso industrial ou a pasta de coca para o impressa (semanários locais, diários nacionais,
comércio ilegal de droga (Morales, 1989). revistas), filmes, rádio e televisão. Ela pode ser
Nutrientes. Os nutrientes incluem toda a gama de medida pelas taxas de transmissão (tal como a
fontes alimentares usadas pela população humana. A quantia de programação local no rádio) e pelos
faixa de tolerância para ganho ou perda de nutrientes padrões de consumo (tais como taxas de circulação
é relativamente estreita no Homo sapiens (Clapham, de jornais). O fluxo de informação pode alterar
1981), fazendo com que o alimento seja significativamente numerosos componentes de
continuamente um recurso crítico. Tais recursos sistemas sociais tais como instituições educacionais
podem variar de acordo com a cultura (prescrições ou hierarquias de conhecimento. Seu impacto sobre
religiosas podem tornar não comestíveis certos os recursos críticos também é substancial (por
gêneros alimentícios) e com o clima. Além disso, exemplo, a importância de mapas no manejo do
tanto o valor calórico como os suprimentos solo).
nutricionais (tais como aminoácidos) são críticos. População. A população inclui o número de
Ecossistemas humanos modernos incluem uma indivíduos e o número de grupos sociais e coortes
ampla faixa de alimentos importados (grãos para café presentes em um sistema social. A população como
expresso oriundos do Brasil são processados em um recurso socioeconômico inclui os impactos
estações a gás de Montana), poucos dos quais são relacionados ao consumo das pessoas assim como
produzidos com independência, mesmo por curtos suas ações criativas (acréscimo de conhecimento,
períodos sazonais. A necessidade de recursos engajamento em comportamento sexual, trabalho e
alimentares certamente influencia as instituições de assim por diante). O crescimento da população
sustento como a agricultura. O alimento também humana é um fator dominante que tem grande
possui conotações míticas (o valor espiritual do influência sobre a ecologia humana (Hawley, 1986) e
salmão para várias tribos do Nordeste dos Estados os sistemas sociais (Durkheim, 1993), tanto
Unidos; o peru como uma ave para celebração). historicamente ao longo do tempo (Turner et al.,
Assim, mudanças nos fluxos de nutrientes podem 1990) como em estados, regiões e cidades
alterar a saúde humana, as normas sociais e as contemporâneos. O crescimento pode ser medido
crenças culturais. tanto por aumentos naturais (nascimentos em relação
Flora e fauna. A flora e a fauna são recursos críticos às mortes por ano) como por fluxos migratórios.
devido à sua função como fontes de nutrientes e Embora a população possa atuar como um estressor
materiais; uma ampla gama da flora tem valor do ecossistema, ela também é uma fonte de recursos
ecológico, sociocultural e econômico. As plantas são para muitos componentes críticos dos ecossistemas
fontes vitais da farmacopéia (Wilson, 1992), mito (os humanos como mão-de-obra, informação (incluindo o
cedros do Líbano e as sequóias da Califórnia são código genético) e as instituições sociais (Geertz,
exemplos) e status (o gramado americano; veja 1963.)
Bormann et al., 1993). Trabalho. O trabalho tem muitas definições; no
A fauna, incluindo animais de criação, estimação, modelo de ecossistema humano é definido como a
animais ferais e a vida selvagem, tem um importante capacidade do indivíduo para o trabalho (os
valor econômico para uma série de atividades como economistas denominam isto como força de trabalho;
caça, observação de pássaros, criação de animais de Thompson, 1983). Aplicado aos materiais brutos e à
estimação e, em algumas culturas, a produção de maquinaria, o trabalho pode criar mercadorias e é um
afrodisíacos. A flora e a fauna podem ser valoradas recurso socioeconômico crítico. Há muitas formas de
biologicamente (tais como riqueza de espécies, medi-lo; por exemplo: o trabalho necessário para
número de espécies endêmicas, tamanho da criar uma unidade de valor econômico (horas/100
população, diversidade genética), economicamente dólares), o valor do trabalho (medida em salários
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(valor em dólar por alqueire, estere , pele, cabeça, reais), o resultado do trabalho (unidades de produção
chifre ou casco) ou culturalmente (proporção de por trabalhador por hora de trabalho) ou a
cidadãos interessada em preservar uma espécie). capacidade de trabalho excedente (taxas de
Mudanças na flora e na fauna, assim como ameaça desemprego). O trabalho é crítico paras os
de extinção ou superpopulação, podem levar a ecossistemas humanos devido ao seu conteúdo de
alterações no suprimento de nutrientes, mitos, leis, energia e informação; isto é, trabalhos relativamente
sustento (particularmente, manejo da vida selvagem não especializados ainda que fisicamente exigentes
(tais como colheitas agrícolas) e trabalhos
sedentários especializados (tais como planejamento
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de recursos ou corretagem nas bolsas de valores) Crenças. As crenças são afirmações sobre a
têm importância econômica e sociocultural. realidade aceitas como verdadeiras por um
Mudanças no trabalho (tais como aumento do indivíduo.(Boudon e Bourricaud, 1989; Theodorson e
desemprego) podem causar impacto sobre uma Theodorson, 1969); os cidadãos podem ter a crença
variedade de instituições sociais e hierarquias, desde de que as florestas serão cortadas, que a qualidade
os serviços de saúde até a distribuição de renda. da água é baixa ou que certos estoques de salmão
não estão em perigo (as crenças diferem dos valores,
Capital. O capital pode ter uma série de significados. que são opiniões sobre o que é desejável para uma
Uma definição restrita considera o capital como os condição). Crenças surgem de muitas fontes:
“bens físicos duráveis produzidos no sistema observação pessoal, mídia, tradição, ideologias,
econômico para serem usados para a produção de testemunho de terceiros, fé, lógica e ciência. As
outros bens e serviços” (Eckaus, 1972). Outras crenças são cruciais para o funcionamento do
definições incluem o “capital humano”, o capital ecossistema humano porque elas fornecem um
financeiro e assim por diante (McConnell, 1975). No conjunto de “fatos sociais” (Durkheim, 1938) usados
modelo de ecossistema humano, capital é definido pelos indivíduos, grupos sociais e organizações para
como os instrumentos econômicos de produção; isto interagir com o mundo. Assim, grupos interessados
é, recursos financeiros (dinheiro ou provisão de no ambiente e associações industriais contam com
crédito), instrumentos tecnológicos (maquinaria) e um conjunto público de crenças relativas à crise
valores de recurso (tal como o óleo no subsolo). ambiental (que podem ou não ser concretas) para
Assim, a tecnologia, uma variável crítica do modelo motivar e aumentar seus membros. As crenças
POET, é considerada uma forma de capital podem ser medidas por seu conteúdo ideológico
disponível para aplicação no ecossistema humano. (liberal ou conservador), intensidade (a proporção de
Estes instrumentos de produção fornecem os uma população que sente fortemente uma crença) e
materiais básicos para produzir (com energia do a aceitação pública (a proporção de uma população
trabalho) mercadorias. O capital é um recurso que compartilha uma crença similar). Conforme as
socioeconômico crítico; sua influência sobre a crenças mudam, as instituições sociais
produção, consumo transformação dos recursos freqüentemente são forçadas a responder. Por
naturais e criação de subprodutos (poluição) é exemplo, a mudança das crenças públicas a respeito
considerável. O capital freqüentemente é medido em da segurança da energia nuclear, levou a um declínio
dólares, quer para as mercadorias produzidas quer da produção de energia nuclear nos Estados Unidos
para o estoque de capital à mão. Mudanças no (Dunlap et al., 1993).
capital, tanto no seu conjunto de fontes (uma nova
usina de processamento ou moinho) como na Mitos. Para o ecólogo humano, mitos são narrativas
produção (uma redução dos benefícios produzidos do sagrado em uma sociedade; eles legitimam os
pela usina ou moinho), podem alterar as instituições arranjos sociais (Malinowski, 1948) e explicam as
sociais assim como as hierarquias de saúde, experiências coletivas (Burch, 1971). Assim, os mitos
identidades de classe e outras características do são uma importante variável de suprimento porque
sistema social humano. fornecem razões e propósitos para a ação humana.
Os mitos são críticos para os ecossistemas humanos
Recursos Culturais como guias para comportamento apropriado e
Organização. No modelo de ecossistema humano, a previsível (a estória de como e porquê uma vila de
organização é tratada como um recurso cultural lenhadores foi fundada); eles dão significado e
porque ela provê a flexibilidade estrutural necessária racionalidade para o desenvolvimento permanente e
para criar e sustentar os sistemas sociais humanos. privado do Oeste Americano; tribos indígenas
Isto é, a habilidade especial de nossa espécie para simultaneamente apelam para mitos tradicionais a fim
criar formas numerosas e complexas de organização de legitimar seu papel como gestores temporários
é um fator necessário para interagir com a natureza e das terras comunais (Worster, 1992). Os mitos
a sociedade (Wilson, 1978). Ela é um recurso natural operam em várias escalas: mitos nacionais (tais
porque há uma ampla variação nos modos pelos como o destino manifesto), mitos comunitários (a
quais estas habilidades genéricas de organização estória de uma cidade sobre como e porquê ela foi
são empregadas em diferentes culturas. Por fundada) e mitos de famílias (a estória das primeiras
exemplo, cidadãos norte-americanos estão dispostos matriarcas de uma família). Mitos são difíceis, mas
a criar, continuamente e freqüentemente, novas não impossíveis, de medir: festivais, símbolos e
organizações para lidar com interesses coletivos: lendas são todos indicadores do suprimento mito.
construção de sistema de abastecimento de água Uma mudança no mito (tal como a redução da
(distritos de irrigação), manejo da educação (comitês percepção de autoconfiança da comunidade) pode
escolares), preocupação com os pobres (sociedades ter impacto sobre as instituições sociais (tal como a
beneficentes) e assim por diante. A organização pode fé) e tanto sobre uma variedade de normas sociais
ser medida por sua diversidade (a gama de tipos de como sobre o uso dos recursos (tal como o deserto).
organização), intensidade (o número de Instituições Sociais
organizações) ou saturação (a porcentagem da
população que é filiada). A organização é crítica para Saúde (medicina). A instituição da saúde abrange
o manejo dos recursos naturais; o próprio manejo de toda a gama de organizações e atividades que lidam
ecossistemas é um experimento sobre novos com as necessidades do ecossistema humano
caminhos de organizar as relações entre os domínios referentes à saúde. O sistema de saúde nas
humano e não humano. sociedades industriais modernas é relativamente
complexo, incluindo cuidados primários (manutenção
7

da saúde pessoal e da família, atividades também as organizações que a manejam, tais como
ambulatoriais desempenhadas por clínicos gerais), bancos, mercados, armazéns e distribuidores
secundários (tais como serviços de especialistas) e varejistas. As sociedades industriais modernas
terciários (tais como práticas hospitalares envolvendo (incluindo suas regiões rurais) contam com uma série
cirurgia [Rodwin, 1984]). As instituições da saúde de estilos de troca; a típica comunidade rural norte-
freqüentemente são medidas em função da americana conduz seu comércio através de uma
capacidade (o número de médicos ou hospitais por mistura de dinheiro vivo, crédito e troca de bens e
1.000 habitantes) ou dos resultados (tais como taxas serviços (Machlis e Burch, 1983). O comércio pode
de mortalidade infantil). Nas comunidades rurais, os ser medido como capacidade (tais como a
cuidados primários estão freqüentemente disponíveis porcentagem utilizada da capacidade de produção ou
localmente; cuidados secundários e terciários o número de bancos) ou como um fluxo (o número de
freqüentemente são fornecidos em uma base transações ou o valor, em dólar, do produto regional
regional. Assim, mudanças relativamente pequenas ou local bruto). O comércio em áreas rurais,
na instituição da saúde (a aposentadoria de um particularmente no Oeste dos Estados Unidos, é
médico, o fechamento de uma farmácia) podem ter grandemente dependente de recursos naturais locais
efeitos diretos e indiretos que perpassam através do (seja água, energia, madeira, valores cênicos ou
sistema social. outros [West, 1982]). Uma mudança no comércio
pode criar um conjunto de impactos em cascata
Justiça (lei). O problema coletivo de justiça permeia sobre outras instituições sociais (tais como o
todos os sistemas sociais humanos; seu papel nos sustento), a ordem social (alterações de posses ou
ecossistemas humanos é crítico. Existem duas poder), os ciclos sociais (como em uma recessão) e
formas centrais: justiça distributiva (quem poderia ter os recursos críticos (tais como terra ou trabalho).
o quê, tais como direitos de propriedade [Rawls,
1971]) e justiça corretiva (de que modo normas Educação (escolas). Um indivíduo de Homo sapiens
formais poderiam ser reforçadas, tais como regras nasce com uma falta severa de conhecimento
para punição [Runciman, 1966]). O sistema legal necessário para sobreviver, se adaptar e interagir
pode ser medido através de profissionais (tais como com os outros. Assim, a educação (a transmissão de
o número de advogados ou juizes por 1.000 conhecimento) é um desafio coletivo ubíquo: Nós
habitantes) e sua atuação (número de julgamentos devemos educar nossos jovens. Embora um
ou condenações). O sistema legal contemporâneo importante aprendizado ocorra no lar e nas ruas, a
desempenha um importante papel no manejo dos instituição educacional funciona em grande parte
ecossistemas – os tribunais influenciam a justiça através do sistema escolar, incluindo escolas
distributiva através de recursos e injunções em públicas e privadas, professores, comitês escolares e
relação às vendas de madeira, e punindo os crimes organizações de pais (Bidwell e Friedkin, 1988). A
contra os recursos (tal como a invasão de educação pode ser medida pela densidade (relações
propriedade). Mudanças nas instituições legais, tais entre números de professores e de alunos),
como novos procedimentos para apelação ou novas investimento (dólares gastos por estudante) e
leis, podem ter impacto dramático e direto sobre o resultados (porcentagem de formados no ensino
uso dos recursos naturais, o desenvolvimento do secundário). Mudanças no sistema educacional
capital e outros componentes do ecossistema afetam diretamente outros componentes do sistema
humano. social (tais como período das atividades de lazer, a
distribuição do conhecimento, disponibilidade de
Fé (religião). Para o ecólogo humano, a religião é mão-de-obra especializada). Mudanças dramáticas
uma instituição que tem dois componentes: (1) sua na instituição (tal como a consolidação da escola)
função social como um sistema de organizações e podem ter efeitos consideráveis sobre o ecossistema
rituais que unem as pessoas em grupos sociais humano como um todo.
(Durkheim, 1938) e (2) um sistema coerente de
crenças e mitos (Weber, 1930). Ambos são críticos Lazer (recreação). O lazer (meios, culturalmente
para o funcionamento do ecossistema humano. A influenciados, pelos quais usamos nosso tempo livre)
religião, como outras instituições sociais, pode ser é uma instituição importante em todos os
medida pela diversidade (gama de práticas ecossistemas humanos, menos nos mais rigorosos
religiosas), capacidade (número de igrejas) ou (Cheek e Bursh, 1976). Vários estudos sugerem que
participação (porcentagem da população que é as sociedades industrializadas têm menos tempo per
membro). A religião tem impacto sobre os sistema capita para o lazer que as agrícolas ou pastorais
social de muitas maneiras, alterando os ciclos sociais (Burch e DeLuca, 1984; Schor, 1992). Nas
(feriados religiosos), fornecendo identidade para sociedades industrializadas, a instituição de
castas e famílias e influenciando as crenças e os recreação inclui oportunidades formalmente
mitos. Um mudança na fé (tal como aumento da manejadas para o lazer (pistas de boliche, áreas
demanda após um desastre natural) pode ter um selvagens, cinema, pesca e caça) assim como
impacto considerável sobre a forma pela qual os atividades menos formais (convivência social,
sistemas sociais se adaptarão às novas condições comportamento sexual ou corte, repouso) e
ecológicas e socioeconômicas. atividades especializadas (feriados, festivais e assim
por diante). O lazer pode ser medido como uma taxa
Comércio (negócios e indústria). Todas as (horas por dia per capita), um nível de participação
sociedades necessitam de um sistema para troca de (número de adultos com licença para caçar) ou um
bens e serviços, e a instituição do comércio é número (número de festivais ou eventos especiais).
fundamental para esta troca (Durkheim, 1933). O Mudanças no lazer podem afetar os ecossistemas
comércio inclui não apenas o meio de troca mas humanos de várias formas, como através de
8

impactos diretos sobre o comércio (uma explosão ou [veja Burch e DeLuca, 1984]). Medidas dos ciclos
queda na indústria de turismo) e da alteração das fisiológicos podem incluir a proporção da população
normas sociais (um declínio no comparecimento a em cada estágio do ciclo de vida. Estes ciclos criam
um festival ou uma alteração da participação entre os padrões previsíveis de atividade dentro do
sexos). ecossistema humano: passeios no parque durante o
dia, aumentos das demandas de energia durante as
Governo (política). O subsistema político é, ao primeiras horas da manhã (para banho, cozinhar,
mesmo tempo, um componente central dos 9
aquecimento e assim por diante) , rituais a cada
ecossistemas humanos e um resultado de passagem entre os estágios do ciclo (tais como
numerosos outros componentes (tais como casamentos e funerais). Embora os ciclos fisiológicos
organização, mitos e instituições legais [Shell, 1969]). raramente possam mudar, eles podem influenciar
A política como uma instituição é uma solução substancialmente o funcionamento do ecossistema
coletiva para a necessidade de tomar decisões em humano em várias escalas.
escalas maiores que a de família ou casta. Ela inclui
formas de interação entre as unidades políticas (tais Ciclos individuais. Além dos ciclos fisiológicos, os
como estados e municípios), os processos de tomada indivíduos podem seguir ciclos temporais que são
de decisão dentro de unidades políticas (tais como pessoais e idiossincráticos. Exemplos são as
eleições e a ação legislativa) e a participação de passagens para a reserva de certos trabalhadores
cidadãos na ação política (campanhas, atividades (tais como os militares), trabalho em meio período ou
partidárias, referendos e assim por diante). O sazonal (tais como trabalhos agrícolas ou o corte de
governo pode ser medido por seus recursos madeira) e padrões sazonais de atividade recreativa
(rendimentos tributários, gastos autorizados e (caminhadas e acampamentos no final de semana).
empregados são exemplos) ou suas ações (leis Estes ciclos influenciam as instituições sociais e o
aprovadas, sessões de discussão e assim por uso dos recursos naturais. Eles podem ser medidos
diante). Uma vez que as várias escalas de governo por indicadores como os padrões de emprego (por
controlam os recursos naturais críticos (tais como as exemplo, a proporção entre trabalhadores em tempo
florestas federais), mudanças na ação ou no parcial e em tempo integral). Mudanças nos ciclos
processo governamental (revisão de leis) podem ter individuais podem ser refletidas em alterações nas
uma influência considerável sobre os ecossistemas necessidades de mão-de-obra, instituições sociais ou
humanos. hierarquias relativas às posses materiais. Por
exemplo, trabalhadores de moinhos que são
Sustento (agricultura e manejo de recursos). A demitidos podem ter que viajar para longe de casa à
garantia do sustento (alimento, água potável, energia, procura de emprego, mudando o tempo gasto com a
abrigo e outros recursos críticos) é um desafio central família.
e coletivo enfrentado por todos os sistemas sociais
(Hawley, 1950). O manejo deste desafio e a Ciclos institucionais. Cada uma das instituições
produção dos suprimentos necessários requerem sociais descritas acima tem (ou cria) ciclos sociais
instituições agrícolas e de manejo de recursos de que controlam o fluxo das atividades relevantes
alguma complexidade (Field e Burch, 1988). Distritos (Burch e DeLuca, 1984). A instituição legal, por
de irrigação, cooperativas agrícolas, companhias exemplo, cria sessões de júri e dias de julgamento;
madeireiras, associações de silvicultores, escritórios as instituições de lazer e de sustento criam estações
de extensão rural, agências federais de manejo e de caça e pesca. Estes ciclos institucionais são
grupos ambientalistas são todos componentes da críticos para o funcionamento do ecossistema
instituição de sustento. As medidas desta instituição humano porque direcionam e dão previsibilidade para
incluem a capacidade de organização (número de os fluxos e refluxos da ação humana. Os ciclos
agentes por fazenda, acres em produção), produção institucionais podem ser medidos em termos de
(medida em dólares ou tonelagem de colheita) e a freqüência (o número de vezes que as pessoas ou
gama de produtos de sustento (número de colheitas grupos participam), duração (tal como a duração de
ou tipos de madeira). A agricultura e o manejo de uma estação de caça), proporção (a porcentagem da
recursos são fatores chave para o sistema social, população envolvida) ou intensidade (a profundidade
uma vez que são os métodos principais para do significado dado para o ciclo, tal como o funeral de
transformar os recursos críticos nos suprimentos um líder nacional). Mudanças nos ciclos institucionais
necessários para este sistema. Mudanças na podem afetar diretamente o uso dos recursos
produção, eficiência ou distribuição têm efeitos por naturais (por exemplo, o calendário anual de uma
todo o ecossistema humano. escola diversificando os padrões de passeios no
parque) e, de forma importante, a conduta do
Ciclos Sociais comércio (tais como estações de pesca, períodos de
Ciclos fisiológicos. O Homo sapiens desenvolveu queimadas ou ciclos de capital dos anos fiscais).
uma série de ciclos fisiológicos que influencia Ciclos ambientais. Nem todos os ciclos são
profundamente o comportamento humano. Por socialmente determinados: os ciclos ambientais são
exemplo, ciclos diurnos de dia e noite criam picos de padrões naturais que podem influenciar
atividades de trabalho e de lazer; os ciclos consideravelmente o ecossistema humano (Bormann
menstruais controlam os padrões de reprodução. O e Likens, 1979; Turner et al., 1990). Os ciclos
ciclo de vida é aproximadamente similar entre as ambientais incluem estações climáticas, períodos de
culturas: nascimento, infância, trabalho, casamento, seca, padrões do El Niño, ciclos biogeoquímicos,
cuidados com a prole, aposentadoria e morte. Cada estágios sucessionais a curta prazo e mudanças
estágio do ciclo de vida cria expectativas e normas climatológicas a longo prazo. Os ciclos de seca no
para o comportamento (incluindo o uso de recursos
9

Oeste dos Estados Unidos, por exemplo, têm (tais como alimento e outros suprimentos) ao
impactos sobre recursos naturais tais como a vida membros necessitados.
selvagem e florestas, o capital necessário para
barragens, reservatórios e outras estruturas para Estas identidades podem ser medidas em termos de
estocar água, as instituições agrícolas, as disputas diversidade (a gama de grupos étnicos ou etários em
em relação ao direito sobre a água e muitos outros uma comunidade), distribuição (a proporção de não
componentes do ecossistema humano. Os ciclos caucasianos dentro da população, a taxa de
podem ser medidos pela duração (tal como a indivíduos em idade produtiva em relação aos
duração da estação de crescimento) ou ocorrência (a dependentes). Mudanças na identidade geralmente
proporção de anos com baixa precipitação em uma têm impacto sobre os sistemas sociais; um influxo de
década). Mudanças nos ciclos ambientais, tais como pessoas jovens, judeus, mulheres e trabalhadores
o final de uma seca ou o movimento das estações, braçais leva a alterações em relação ao que estas
podem alterar, freqüentemente de forma pessoas fazem e ao que se espera que elas façam;
considerável, as respostas dos ecossistemas e dos estas mudanças posteriormente alteram o
sistemas sociais. ecossistema humano.

Ordem Social Normas sociais. Normas são regras para o


comportamento, o que Abercrombie et al. (1988)
Identidade. O uso da identidade é um dos principais nomearam os “princípios para a ação social”. Normas
meios pelos quais os sistemas sociais mantêm informais são administradas em função da
coerência e a capacidade de funcionar. Em termos desaprovação da comunidade ou grupo social:
sociológicos, a identidade é freqüentemente atribuída desvios da norma são noticiados, mas as sanções
– isto é, ela é designada pela sociedade baseada no são leves. Falar muito baixo em um museu ou muito
nascimento ou nas circunstâncias e não através das baixo em um jogo de futebol são exemplos (assim
ações ou realizações do indivíduo. Castas ou raças, como as normas para comportamento em um
por exemplo, são atribuídas: um indivíduo nasce em acampamento, ao longo de caminhadas ou em
uma categoria racial que, então, o segue pelo resto barcos de pesca). O conjunto de etiquetas para
da vida. Estas identidades são usadas comer, conviver socialmente, fazer a corte e assim
(freqüentemente através de estereótipos ou outras por diante também são normas informais. Normas
generalizações) para diferenciar pessoas e manejar formais são mais sérias e institucionalizadas;
interações: afro-americanos reivindicam afinidade geralmente, elas são codificadas em leis que não
entre si (pela atribuição da raça), chineses fazem apenas proíbem certas ações como também
reivindicações similares entre si e assim por diante. prescrevem punições pelo desrespeito à estas
Outras identidades são menos atribuíveis, tal como a normas (Wrong, 1994). As leis relativas à
classe: os indivíduos podem alterar sua classe contravenção e ao delito grave são exemplos.
através de mudanças nos bens, educação, ocupação Algumas vezes, as normas informais de uma
e assim por diante. comunidade podem entrar em conflito com as normas
formais (legais). Os resultados são os crimes
Várias formas de identidade são críticas para os toleráveis, isto é, atividades que são contra a lei mas
ecossistemas humanos. A idade é importante pois não consideradas prejudiciais pela população. Alguns
muitas das atividades são dependentes da idade tipos de caça de animais silvestres ou corte ilegal de
(Eisenstadt, 1956): certas ocupações (tal como a madeira são crimes toleráveis (Scialfa, 1992).
mineração) são principalmente para jovens; certas
atividades recreativas (tais como esportes aquáticos Normas podem ser medidas pela sua aderência (a
em corredeiras) também são freqüentemente proporção da população que segue uma convenção
especializados de acordo com a idade. O sexo social, tal como casar-se antes de ter filhos) e desvio
(papéis masculinos e femininos socialmente (o número de delitos graves per capita). Mudanças
construídos) é importante tanto por seu impacto nas normas sociais podem ter impacto sobre as
crucial sobre as normas sociais como por seus instituições sociais (o divórcio tem influência direta
efeitos diferenciados sobre as instituições sociais – sobre a saúde e a justiça para as mulheres) e alterar
mulheres e homens tendo acesso diferenciado ao o uso dos recursos.
capital, aos serviços de saúde, posses, poder e
outras aspectos dos sistemas sociais (Weitz, 1977). Hierarquia. A hierarquia é um mecanismo importante
A classe é importante, embora sua definição seja na diferenciação social e no manejo da ordem social.
problemática (Abercrombie et al., 1988). Alguns A hierarquia é ubíqua em quase todos os sistemas
cientistas sociais definem classe puramente em sociais; a desigualdade de acesso é um fato
termos econômicos (com base na ocupação e consistente através das comunidades, regiões,
rendimento); outros incluem fatores socioculturais nações e civilizações. Cinco hierarquias
(tais como educação e normas sociais). A casta (um socioculturais parecem críticas para o funcionamento
termo antropológico para raça e grupos étnicos) é do ecossistema: posses, poder, status, conhecimento
importante pelas razões descritas acima. Finalmente, e território.
o clã (a família ampliada ou grupo tribal) é crucial Ter posses é ter acesso a recursos materiais, sob a
como um prognóstico de interação (a maior parte da forma de recursos naturais, capital (dinheiro) e
recreação, por exemplo, ocorre em conjunto com os crédito. A distribuição das posses é um aspecto
membros da família) e como uma fonte de suporte. central da desigualdade social e tem impactos sobre
Clãs rotineiramente fornecem cuidados com a saúde, o ecossistema humano; os ricos têm mais
assistência financeira e, mesmo, recursos naturais oportunidades de vida que os pobres. O poder é a
habilidade de alterar o comportamento dos outros,
10

quer por coerção quer por deferência (Mann, 1984; importância à energia ou ao capital como recursos
Wrong, 1988). O poderoso (freqüentemente a elite necessários. Outra partes do modelo são menos
com poder político ou econômico) pode ter acesso a “lugar comum” para os gestores de recursos (embora
recursos negados aos mais pobres; um exemplo são ainda não originais) – mito como um recurso cultural,
os políticos que tomam decisões a respeito do uso da justiça como uma instituição crítica e outros. Nós
terra tirando proveito pessoal das mesmas à custa de acreditamos que o modelo é um todo razoavelmente
outros cidadãos. Status é o acesso a honra e coerente e um conceito organizador para o manejo
prestígio (Goode, 1978; Lenski, 1984); é a posição de ecossistemas. Há várias aplicações potenciais.
relativa de um indivíduo (ou grupo) em uma
hierarquia informal de valor social. As culturas podem Primeira, o modelo poderia ser empregado como um
variar em relação a quem é premiado com status (por arcabouço organizador para avaliações de impacto
exemplo, professores têm alto status na China e social (AISs) associadas a planos de manejo de
modesto nos Estados Unidos). Status é distribuído ecossistemas. Tais planos passarão a ser mais
desigualmente, mesmo no interior de comunidades amplos e de múltiplas escalas que os projetos
pequenas, e indivíduos com status elevado (tais tradicionais de desenvolvimento que têm sido
como pastores) não têm necessariamente acesso a condicionados às AISs, e o modelo pode direcionar
posses ou poder. os gestores de recursos e seus parceiros das
ciências sociais a vislumbrar a gama completa de
O conhecimento é o acesso à informação possíveis impactos. Por exemplo, mudanças no uso
especializada (técnica, científica, religiosa e assim do solo (tais como substituição da exploração de
por diante); nem todas as pessoas de um sistema madeira por recreação) podem ter influência sobre
social têm acesso a ele. O conhecimento traz toda a série de instituições sociais de maneiras que
vantagens no que se refere ao acesso a recursos os gestores de ecossistemas e os cidadãos
críticos e serviços de instituições sociais. Finalmente, necessitam prever.
o território é o acesso a direitos de propriedade (tais
como posse da terra e direitos sobre a água). As Segunda, o modelo poderia servir como um guia
hierarquias de território são criadas quando alguns para o desenvolvimento de indicadores sociais para o
têm grande posse de terra (grandes áreas com um manejo de ecossistemas. Indicadores sociais têm
dono conhecido) e outros, pouca ou são “sem terra”. uma longa tradição nas ciências sociais e nas
Isto pode variar de região para região. Por exemplo, decisões de política social; atualmente, seu uso no
no Oeste dos Estados Unidos, os direitos sobre a manejo de recursos naturais é experimental.
água (garantidos por prioridade histórica) podem ser, Contudo, há precedentes e potencial para construir
especialmente, cruciais pois a água é um fator um conjunto de indicadores sociais para os
limitante para o desenvolvimento (Reisner, 1986). ecossistemas humanos. Gestores de recursos já
empregam indicadores biofísicos de qualidade da
Estas hierarquias críticas podem ser medidas de água, crescimento de árvores, erosão do solo e
várias formas. A posse pode ser medida por assim por diante. Eles usam tais indicadores para
indicadores como faixa de rendimento ou proporção direcionar a tomada de decisões e para monitorar os
da população que está abaixo da linha de pobreza. A efeitos das ações iniciais, e quando isto é feito de
distribuição do poder pode ser medida indiretamente maneira sistemática, definem o resultado como um
por certas atividades que envolvem tomada de ‘manejo adaptativo”. Em um artigo que acompanha
decisão, tais como as eleições. Também pode ser este número da revista (Force e Machlis, 1997), nós
medida pelos níveis de dominação e subordinação – descrevemos a forma pela qual o ecossistema
a quantia desproporcional de negros e latinos nas humano foi utilizado para selecionar um conjunto de
prisões ou condenados à pena de morte, o “teto de indicadores sociais para monitorar o manejo de
vidro” sobre a cabeça das mulheres trabalhadoras, a ecossistemas na bacia do rio Columbia superior.
persistência de abuso conjugal e a relação entre Esforços similares têm utilidade para outra regiões
lenhadores e as companhias executivas. Status pode críticas, desde Sul da Flórida à Baía Chesapeake ao
10
ser medido pelas técnicas de pesquisa de opinião Delta do Mississipi a Puget Sound .
pública; o conhecimento pode ser indicado pelo grau
de escolaridade. O território pode ser medido pelos Terceira, e uma extensão da aplicação descrita
padrões de propriedade, pela distribuição de terra em acima, é o uso do modelo de ecossistema humano
relação ao seu tamanho (isto é, a proporção de como uma base para monitorar outros programas
proprietários de grandes áreas) ou pela distribuição diretamente ligados às atividades das agências de
dos direitos sobre a água (em unidades de volume). recursos naturais. Através da coleta de dados
Mudanças nas hierarquias, pela alteração das relacionados às variáveis do modelo e do
pessoas que têm acesso aos recursos críticos e aprendizado a partir destes, podem ser planejadas
instituições sociais podem modificar o ecossistema alternativas de manejo que atendam necessidades
humano de maneira dramática. locais de suporte e demandas de sustentabilidade a
longo prazo. Por exemplo, a ênfase do papel das
Aplicações Potenciais do Modelo de Ecossistema instituições sociais na ordem do ecossistema (da
Humano saúde aos negócios à fé) sugere que a inclusão dos
líderes locais, além dos representantes dos
Nós esperamos que este modelo de ecossistema interesses políticos e privados, pode trazer efeitos
humano não seja nem uma supersimplificação nem benéficos consideráveis para o planejamento público.
uma caricatura da complexidade que sustenta os Ecossistemas humanos com instituições fracas ou
ecossistemas humanos existentes no mundo. Partes fortes podem responder de maneira muito diferente a
destes modelos são ortodoxas em relação a um plano do gestor alterando retirada de madeira,
disciplinas específicas: há pouca novidade em atribuir
11

zonas especiais de manejo, áreas de vida selvagem O modelo deve ser testado, aplicado e revisado; isto
e outras formas de manipulação do ecossistema. A é, deve percorrer os mesmos ciclos de “manejo
previsão destas variações é um fator importante no adaptativo” requeridos para as técnicas de manejo de
manejo de ecossistemas. ecossistema que são aplicadas a florestas nacionais,
campos, parques e reservas.
Quarta, o modelo poderia servir como uma
introdução às ciências ecológicas humanas para os Porém, mais amplamente, o ecossistema humano é
atuais e futuros gestores de ecossistemas. Os atuais um tijolo necessário na construção de uma
gestores de recursos, freqüentemente treinados em verdadeira ciência da vida – uma ciência que procure
disciplinas do pós-guerra relativas à vida selvagem, compreender toda a complexidade da espécie
recreação ou manejo de florestas, devem ser dominante na Terra. No momento, tal ciência da vida
impelidos a superar suas resistências e “inaptidões é difícil de vislumbrar. Existe dúvida sobre a
treinadas”. Atualmente, nas escolas possibilidade dela surgir a partir dos argumentos
profissionalizantes, está sendo dito aos futuros determinísticos atualmente articulados na academia,
gestores de ecossistema que um novo paradigma desde os genes até o gênero. Também há dúvida se
para o manejo de recursos está sendo desenvolvido. ela será descoberta nas pesquisas especializadas do
Contudo, está sendo demonstrado que as faculdades ecólogo ou do zoólogo da vida selvagem. Mais
e departamentos tradicionais não estão aptos para provavelmente, ela se desenvolverá – com avanços e
dominar e sintetizar a ampla gama de fatores retrocessos – em resposta à grande necessidade de
técnicos e sociopolíticos necessários para promulgar nossa espécie de atingir uma acomodação com
este paradigma. O modelo de ecossistema humano nossos poderes, desejos, fraquezas e limites. Porque
funcionaria como uma ferramenta básica de ensino – o destino dos ecossistemas humanos é o nosso
sua descrição, análise, aplicação e crítica fornecem próprio destino.
uma ponte entre os cursos, departamentos e
faculdades envolvidos na educação voltada para o Notas
manejo de ecossistemas. 1
Há numerosas definições para manejo de
Quinta, o conceito de ecossistema humano oferece ecossistemas, assim como um debate vigoroso a
uma encruzilhada intelectual para os cientistas este respeito (veja, por exemplo, o número de
sociais que trabalham com temas relativos ao manejo agosto de 1994 de The Journal of Forestry). Moote
de ecossistemas. Como ele é derivado de disciplinas et al., fazendo uma síntese da literatura forneceu
numerosas e é explicitamente multiescalar, há uma definição de trabalho útil, se generalizada.
oportunidade para economistas, antropólogos, O manejo de ecossistemas é uma filosofia de manejo
geógrafos, cientistas sociais e outros para unir seus que está focada no status desejado e não na
trabalhos e resultados de forma a contribuir para o produção do sistema, e que reconhece a
melhoramento global do modelo. necessidade de proteger ou restaurar componentes,
Além disso, o ecossistema humano como um funções e estruturas ecológicos críticos a fim de
conceito organizador representa um convite à sustentar os recursos continuamente (Moote et al.,
cooperação com cientistas biofísicos, pois muitas das p.1).
variáveis críticas do modelo funcionam de maneiras As definições descrevem cinco princípios centrais
descobertas e descritas por ecólogos da paisagem, para o manejo do ecossistema: (1) objetivos definidos
botânicos, hidrólogos e outros. Como Golley socialmente e manejos objetivos. (2) ciência holística
registrou: integrada, (3) escalas espacial e temporal amplas, (4)
Não esta claro para mim onde termina a ecologia e instituições adaptáveis e (5) tomada conjunta de
começa o estudo da ética dos seres humanos, nem decisões. A prática real de manejo de ecossistema
está claro onde termina a ecologia biológica e se pode não incluir todos os princípios.
inicia a ecologia humana. Estas divisões tornam-se 2
Há uma certa ironia na evidência histórica de que
cada vez menos úteis. Claramente, ao menos para os primeiros ecólogos emprestaram aspectos das
alguns, o ecossistema forneceu uma base para o ciências sociais livremente para construir seus
movimento além das questões estritamente conceitos chave. H. F. Cowles descreveu
científicas em direção a questões mais profundas “sociedades de plantas”. A. G. Tansley baseou-se
sobre o fato de que os seres humanos deveriam viver em Herbert Spencer para criar seu “complexo
com seus semelhantes e com o ambiente. Neste organísmico”; de fato, ele deixou a ecologia para
sentido, o conceito de ecossistema continua a estudar psicologia com Sigmund Freud. A. Kerner
crescer e se desenvolver conforme passa a se aplicar discutiu desde comunidade humanas até
para um propósito mais amplo (Golley, 1993, p.205). “comunidades de espécies vegetais”; Forbes até
A partir de nossa experiência, nós suspeitamos que “comunidades de interesse” entre predadores e
tais esforços de aprendizagem mútua interdisciplinar presas. F. E. Clements foi influenciado por Spencer
são, ao mesmo tempo, difíceis e divertidos. e pelo sociólogo Lester Ward. H. T. e E. P. Odum
foram influenciados por seu pai, H. W. Odum, cujo
Conclusão estudo sociológico da América do Sul (1963) foi
uma antecipação da ecologia humana. Para uma
O ecossistema humano tem grande potencial como revisão, veja Golley (1993) e Hagen (1992).
um conceito organizador para o manejo de
3
ecossistemas. Nosso modelo de ecossistema A definição de Tansley foi excepcionalmente
humano, nossa seleção de variáveis e a importância holística e hierárquica.
que colocamos nelas são, logicamente, preliminares.
12

Mas a concepção mais fundamental e, ao meu ver, o Bennett, J. W. 1976. The ecological transition:
sistema total (no senso da física), incluindo não Cultural anthropology and human adaptation. New
apenas o complexo organísmico, mas também todo o York: Pergamon Press.
complexo de fatores físicos que formam o que nós
chamamos o ambiente do bioma – os fatores do Bennett, J. W. 1993. Human ecology as human
habitat no senso mais amplo. behavior. New Brunswick, NJ: Transaction
Publishers.
Os sistemas são formados de tal forma que, do ponto
de vista do ecólogo, são as unidades básicas da Bidwell, C. E., and N. E. Friedkin. 1988. The
natureza sobre a face da Terra. sociology of education. In: Handbook of sociology,
ed. N. J. Smelser, 449-471. Newbury Park, CA:
Estes ecossistemas, como nós podemos chamá-los, Sage.
são de vários tipos e tamanhos. Eles formam uma
categoria de inúmeros sistemas físicos do universo, Bormann, F. H., D. Balmori, G. T. Geballe. 1993.
que alcançam deste o universo como um todo até o Redesigning the American lawn. New Haven, CT:
átomo (Tansley, 1935, p.299). Yale University Press.

A definição de E. P. Odum foi similar, embora tenha Bormann, F. H., and G. Likens. 1979. Pattern and
incluído a restrição de necessidades humanas que processes in a forested ecosystem. New York:
qualquer entidade ou unidade natural inclui partes Springer-Verlag.
vivas e não vivas interagindo para produzir um Boudon, R., and F. Bourricaud. 1989. A critical
sistema estável no qual a troca de materiais entre as dictionary of sociology. Chicago: University of
partes vivas e não vivas segue vias circulares em um Chicago Press.
sistema ecológico ou ecossistema. O ecossistema é
a maior unidade funcional em ecologia, desde que Burch, W. R., Jr. 1971. Daydreams and nightmares.'
ele inclui os ambientes organísmico (comunidades A sociological essay on the American
bióticas) e abiótico, cada um influenciando as environment. New York: Harper and Row,
propriedades do outro e ambos sendo necessários Burch, W. R., Jr., and D. R. DeLuca. 1984. Measuring
para a manutenção da vida como nós a conhecemos the social impact of natural resource policies.
na Terra. Um lago é um exemplo de ecossistema Albuquerque, NM: University of New Mexico
(Odum, 1953, p.9). Press.
4
Nota do tradutor: a sigla POET resulta dos fatores Butzer, K. W. 1990. A human ecosystem framework
considerados no modelo, ou seja, população (P), for archaeology. In: The ecosystem approach in
organização (O), ambiente (E, do inglês anthropology: From concept to practice, ed. E. F.
“environment”) e tecnologia (T). Moron, 91-130, Ann Arbor, MI: University of
5
Nota do tradutor: a sigla IPAT resulta da fórmula de Michigan Press.
medida de impacto humano proposta pelo modelo, Carton, W. R., Jr. 1982. Overshoot: The ecological
a saber: I = PAT; o impacto humano (I) é um basis of revolutionary change. Urbana, IL:
produto da população (P), consumo (A, do inglês University of Illinois Press.
“aflluence”) e tecnologia (T).
6 Cheek, N.H., Jr., and W. R. Burch Jr. 1976. The
Nota do tradutor: a unidade originalmente citada foi social organization of leisure in human society.
substituída por uma mais utilizada no Brasil. New York: Harper and Row.
7
Nota do tradutor: as unidades originalmente citadas Clapham, W. B., Jr. 1981. Human ecosystems. New
foram substituídas por unidades mais utilizadas no York: Macmillan.
Brasil.
8 Cottrell, W. F. 1955. Energy and society: The relation
Nota do tradutor: a unidade originalmente citada foi between energy, social change, and economic
substituída por uma mais utilizada no Brasil (estere development. Westport, CT: Greenwood Press.
ou estéreo é uma unidade equivalente ao metro
cúbico, usada para medir o volume da lenha Demeny, P. 1990. Population. In: The earth as
empilhada). transformed by human action, ed. B. L. Turner II
9 et al., 41-54. Cambridge: Cambridge University
Nota do tradutor: no Brasil, o pico de consumo de Press.
energia em função das atividades citadas costuma
ocorrer nas primeiras horas da noite. Dietz, T., and E. A. Rosa.1994. Rethinking the
10 environmental impacts of population, affluence
Nota do tradutor: braço do Oceano Pacífico, que and technology. Human Ecology Review 1:277-
penetra no noroeste do Estado de Washington, por 300.
uma extensão 160 km.
Duncan, O. D. 1964. Social organization and the
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