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Suicídio: um problema de

saúde pública

CLAUDIA WEYNE CRUZ


Psicóloga. Mestre em Psicologia Social/UFRGS
Doutora em Ciências Sociais/Unisinos
Professora- Escola de Saúde Pública/RS

MAIO DE 2016 – PORTO ALEGRE/RS


Tema

 É possível prevenir a antecipação do fim? Suicídio de idosos no


Brasil e possibilidades de atuação do setor saúde.
CLAVES/ENSP/FIOCRUZ, coordenação da Dra. Maria Cecília
Minayo, 2011 – 2012.

 AS MÚLTIPLAS MORTES DE SI: suicídio de idosos no Sul do


Brasil, 2014.
Tema

 Estudo sobre tentativas de suicídio em idosos sob a perspectiva


da saúde pública . CLAVES/ENSP/FIOCRUZ, coordenação da
Dra. Maria Cecília Minayo, 2013 – 2014.

 Grupo de trabalho para a criação do Comitê Estadual para


Promoção da Vida e Prevenção do Suicídio. CEVS/SES/RS, 2015.
Filmes

A Ponte (bom documentário indicado


ao Oscar em 2006. tem como tema a
ponte Golden Gate de San Francisco,
um dos principais cartões postais da
América e também o local com o maior
índice de suicídios no mundo. Durante
um período de 2004, o diretor Eric Steel
flagrou 20 suicídios e não apenas os
documentou, como foi atrás das causas em
depoimentos de familiares e amigos)
No fim do século XIX, em um
pequeno vilarejo japonês, o
morador que completa 70 anos de
idade deve subir ao topo de uma
sagrada montanha e aguardar por
sua morte. Aquele que se recusa a
cumprir a tradição, traz a desonra
para sua família. Mas para Orin
(Sumiko Sakamoto), uma senhora
de 69 anos, procurar uma esposa
para o seu filho mais velho, Tatsuhei
(Ken Ogata), é mais preocupante do
que cumprir a amarga tradição.
Vencedor da palma de Ouro no
Festival de Cannes em 1983,filme
do diretor Shohei Imamura.
Música

Vida
Vida, minha vida
Olha o que é que eu fiz
Deixei a fatia
Mais doce da vida
Na mesa dos homens
De vida vazia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
Vida, minha vida
Olha o que é que eu
fiz
Verti minha vida
Nos cantos, na pia
Na casa dos homens
De vida vadia
Mas, vida, ali
Quem sabe, eu fui feliz
(Chico Buarque)
Literatura

Primeira publicação
1597
Literatura

O romance é escrito em primeira pessoa. Na


época ocorreu, na Europa, uma onda de
suicídios após a sua publicação em 1774.
Resgate histórico

 Antiguidade Clássica

 Idade Média – ação diabólica


 O suicídio representava uma afronta à ordem monárquica
divina;
 Os bens eram confiscados e corpo exposto a uma série
de sacrifícios.
Resgate histórico

 Idade Moderna
 Renascimento - expressão de um dilema
existencial
 Shakespeare interroga o sentido da existência
“ser ou não ser, eis a questão”
 Hume, em 1750, rejeita a ideia de pecado,
de ofensa a Deus, ao próximo e a si mesmo.

 Melancolia/Mal Inglês. Atingiria pessoas cultas


cuja tendência à reflexão poderia desencadear
uma “mórbida ruminação”.
Resgate histórico

 Contemporaneidade
 Problema científico: Marx (1846) e Durkheim (1897);
Resgate histórico

 Psicanálise: Freud (1917)

 Apresenta o suicídio como uma forma de autopunição que surge de um desejo


de morte direcionado a outrem e que se volta contra o próprio indivíduo.
Resgate histórico

 Na pós-modernidade, o novo olhar sobre o indivíduo – antes


pecador, agora vítima. Vítima de sua fisiologia cerebral,
decepção amorosa, das misérias humanas, das calamidades
sociais; vítima de uma organização política e econômica que
conduz à perda de sentido ao desespero, a uma vida desprovida
de sentido, a mortes aparentemente sem razão (BOTEGA, 2015,
p.23).

 Suicídio problema de saúde pública – ideário de defesa da vida.


Definição

 O suicídio constitui-se numa forma de violência autoinfligida, na


qual o indivíduo intencionalmente tira a própria vida.

 A intencionalidade é um elemento importante:


 Determinar a causa da morte (natural, acidental , homicídio ou suicídio);
 Surge, nos EUA, na década de 50, um instrumento: a autópsia psicológica
(SHNEIDMAN);
 Intencionalidade versus subintencionalidade.
Instrumentos

 Ficha de identificação para o levantamento de informações


pessoais e familiares da pessoa que morreu por suicídio e para o
registro de dados do informante;

 Roteiro simplificado de genograma;

 Autópsia psicossocial
 Perfil pessoal e socioeconômico;
 Modo de vida;
 Atmosfera e imagem do suicídio;
 Imagem da família.

(MINAYO; CAVALTANTE, 2011)


Fenômeno Complexo

 O suicídio configura-se num fenômeno complexo no qual


ocorre a interação de múltiplos fatores (biológicos, sociais,
culturais e ambientais) associados. O que se costuma atribuir
como causa de um suicídio é a expressão final de um processo de
crise vivido pela pessoa.

 Comportamento suicida e suas formas de expressão:


 Ideação.
 Plano.
 Tentativa
 Ato consumado.
Dimensão do problema
 A Organização Mundial de Saúde estima que 804 mil
pessoas tenham se suicidado no mundo em 2012.

 São 2200 casos consumados por dia, um a cada 40 segundos.

 Os coeficientes de mortalidade (por suicídio) são de três a


quatro vezes maiores entre homens.

 Os coeficientes tendem a ser mais elevados em pessoas acima


dos 70 anos.

 É a segunda causa mais frequente de morte entre os 19 e 25


anos.
Dimensão do problema (Idosos)

 Quanto ao suicídio de idosos no Brasil, foram registrados


10.434 de 2000 a 2008;

 Dos 50 municípios com as maiores taxas de suicídio entre idosos,


24 estão no Rio Grande do Sul.
Impacto do suicídio

 É um evento de grande impacto social que reverbera no tempo


por meio do mito familiar e do legado cultural de uma
comunidade.

 Cada óbito por suicídio afeta no mínimo seis pessoas (WHO,


2000);

 Marcas subjetivas nos sobreviventes (sentimentos


contraditórios). Dificuldade de buscar ajuda – tema
tabu/vergonha. Medos e sistema simbólico religioso.
Idosos
 Aspectos que devem ser observados:

 Transtorno mental (depressão, esquizofrenia, uso de álcool e outras drogas)


 Doenças graves e incapacitantes (perda de autonomia)
 Perda do papel social (aposentadoria)
 Isolamento social
 Dor crônica
 Perda da autonomia
Setor Saúde

 Problemas identificados:

 Despreparo dos profissionais para trabalhar com o suicídio;


 Tema tabu na sociedade;
 Relação com o usuário restrita a dispensação de medicamentos;
 ESF – não cobre algumas áreas da zona rural;
 Faltam atividades voltadas para as necessidades da população (idosos, alemães,
agricultores). Ex:. oficinas ou grupos em dialeto
Referências

BOTEGA, J. N. Crise suicida: avaliação e manejo. Porto Alegre: Artmed, 2015.

CAVALCANTE, F. et al. Autópsia psicológica e psicossocial sobre suicídio de


idosos: abordagem metodológica. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro,
v. 17, n. 8, p.2039-2052, ago. 2012.

CRUZ, C. W. As múltiplas mortes de si: suicídio de idosos no sul do Brasil. Tese


(doutorado). Universidade do Vale do Rio do Sinos, PPG em Ciências Sociais.
São Leopoldo, 2014.

MINAYO, M. C. S. et al. Suicídios no Brasil: mortalidade, tentativas, ideação,


comportamento autopunitivo e prevenção. Brasília: RIPSA/OPAS/MS, 2010.

TRIGUEIRO, A. Viver é a melhor opção: a prevenção do suicídio no Brasil e


no Mundo. São Bernardo do Campo: Correio Fraterno, 2015.
Obrigada!

claudiacruzc@uol.com.br

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