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Resumo
Este trabalho aborda o uso da simulação computacional como ferramenta de apoio à tomada
de decisão. O estudo foi feito em um de patologia e análises clínicas. O software utilizado
para as simulações foi o Promodel, adotado por diversas empresas no mercado mundial. O
trabalho buscou traçar um paralelo entre o atual funcionamento do setor de atendimento do
laboratório e as sugestões de melhoria baseadas nas simulações Os resultados obtidos
mostraram que o modelo desenvolvido representou bem o funcionamento do sistema de filas
do laboratório. As principais conclusões apresentadas são que possíveis alterações no atual
sistema seriam difíceis devido a limitação do espaço físico e que com o término das obras de
ampliação do laboratório, o modelo seria de grande valia para o dimensionamento do novo
sistema de atendimento com a possibilidade de se avaliar os tempos de espera dos clientes.
1. Introdução
A melhoria da produtividade há muito já não é mera meta a ser cumprida. Torna-se
imprescindível à sobrevivência das empresas, num mundo cada vez mais marcado pela
globalização de mercados e pela velocidade da tecnologia da informação, tornando
vencedoras as empresas cujas respostas às necessidades dos clientes têm sido de forma rápida
e flexível. O uso de recursos computacionais como ferramenta facilitadora na análise e gestão
de processos administrativos está cada vez mais presente dentro das empresas. Como essas
tecnologias evoluem rapidamente, o que torna difícil seu acompanhamento, e devido à sua
importância, a introdução de tecnologias nas organizações é uma atividade cada vez mais
complexa, o que requer um bom planejamento para fazer valer todo o investimento.
O objetivo deste trabalho é estimular, na prática, o uso de ferramentas computacionais, como
os softwares de simulação, no planejamento dos serviços de atendimento dentro de uma
organização de saúde. Mais especificamente, o trabalho procura avaliar as características
relacionadas aos serviços de atendimento no setor de medicina laboratorial, verificar sua
relação com o plano da empresa, bem como com as pessoas envolvidas no processo. Além
disso, procura entender como os serviços estão estruturados e como são desenvolvidos dentro
de uma instituição de medicina laboratorial, se existe alguma forma de planejamento, formal
ou informal, e se este tipo de planejamento é eficaz. Dessa forma, o presente trabalho visa
desenvolver um estudo para a inserção da técnica de simulação computacional no setor de
medicina laboratorial, em Uberlândia, precisamente no setor de atendimento do laboratório,
buscando demonstrar sua potencialidade para utilização no setor, dentro de um enfoque de
melhorias contínuas.
desejadas (Kachhal & William, 1995). É importante observar que as técnicas de Engenharia
de Produção, utilizadas na manufatura, como Desdobramento da Função Qualidade (QFD),
Controle de estoques, Just In Time (JIT), Controle da Qualidade Total (TQC), entre outras,
podem ser adaptadas para a área de serviços de forma geral e, para sistemas de saúde, de
forma particular (Mota, 1996).
Há estudos que reportam a utilização de ferramentas de Engenharia de Produção em sistemas
de saúde de São Paulo, como o estudo realizado no Hospital israelita Albert Einstein, com
ênfase nas atividades de prestação de serviços a pacientes nos serviços de apoio (por exemplo,
laboratório de diagnósticos clínicos), buscando diminuir o tempo de espera dos pacientes para
realização de exames e solucionar problemas relacionados à entrega de exames e laudos fora
do prazo estipulado (Fusco, 1997); em Porto Alegre, nos hospitais Fêmina, houve um amplo
levantamento dos processos dos hospitais da rede, bem como das ações para a garantia da
qualidade que cada um deles realizava. A partir daí, uma avaliação dos Sistemas de Garantia
de Qualidade foi realizada buscando identificar pontos fortes e fracos no sistema com o
intuito de desenvolver um modelo conceitual dentro da função qualidade que contemplasse os
Sistemas Gerais da Qualidade.
Dentre as técnicas de Engenharia de Produção utilizadas na área de serviços, mais
especificamente nos sistemas hospitalares (principalmente nos Estados Unidos), encontra-se a
simulação computacional, a qual permite que modelos da realidade sejam criados, a fim de
que futuras alterações possam ser testadas computacionalmente, diminuindo o risco e o custo
no processo de mudança. Apesar da grande difusão da técnica de simulação computacional
em alguns países da Europa e nos Estados Unidos, aos poucos começa a crescer o emprego
desses instrumentos em empresas no Brasil.
5. Estudo de caso
Atualmente, o laboratório estudado realiza exames de diagnósticos nas áreas de
microbiologia, parasitologia, sorologia, hormônios, bioquímica, hematologia, citologia e
densitometria, sendo estes dois últimos classificados como exames de diagnóstico por
imagem. Possui cerca de 70 funcionários distribuídos na matriz, nos três postos de
atendimento internos aos hospitais em Uberlândia e um posto na cidade de Tupaciguara. O
objeto deste trabalho é estudar o setor de atendimento ao cliente da matriz do referido
laboratório, composto de três sub-setores, a saber: 1 balcão de informações (onde é feita uma
triagem inicial), 7 guichês de atendimento (cadastramento) e coleta (material a ser
examinado). A Figura 1 representa o ambiente simulado utilizando o Promodel.
6. Resultados obtidos
A simulação a partir dos dados coletados mostrou-se muito próxima da atual situação do
sistema de atendimento. Aliás, isto era uma condição básica para a confiança na seqüência do
trabalho, ou seja, se a simulação não fosse capaz de representar com o máximo de fidelidade o
atual sistema de atendimento, isto levaria a um comprometimento dos resultados do trabalho.
As condições iniciais para a simulação do atual sistema de atendimento foram as seguintes: o
sistema é composto por um atendente (triagem inicial) na recepção, sete guichês de
atendimento e seis atendentes de coleta; o tempo de simulação obtido foi para as duas
primeiras horas de atendimento, isso em função dos resultados analisados a partir do gráfico
de atendimento retirado do Sistema de Informação do laboratório (Figura 3) que apontou uma
maior concentração na solicitação de serviço naquele intervalo de tempo; houve, ainda, a
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utilização de uma distribuição estatística (Lognormal) com um grau de replicação igual a dez,
ou seja, o software atribuiu automaticamente valores diferentes para a distribuição no
momento da simulação a fim de aproximar o resultado ao máximo da realidade.
Os dados obtidos com a coleta dos tempos de atendimento ao cliente estão apresentados na
Tabela 1 (o gráfico está mostrado na Figura 4).
80
70
60
50
40 Cliente - material
Cliente - comum
30
20
10
0
Nº de observações Tempo Mínimo Tempo Máximo Tempo Médio
Como se percebe, há uma separação entre dois tipos de clientes: Cliente – material e Cliente –
comum. Tal separação deveu-se ao fato de, após observações diárias, constatar-se um número,
inferior a dez por cento, de clientes entrantes no sistema com a finalidade de apenas entregar
material para exames, colhido previamente. Os tempos máximo, mínimo e médio são relativos
aos tempos que o cliente espera desde a sua entrada até a sua saída do laboratório,
considerando as condições iniciais.
A fim de melhorar estes resultados, foram feitas novas simulações. A primeira consistiu no
aumento do número de atendentes dos atuais sete para até dez guichês. Constatou-se que a
variação do tempo de atendimento foi insignificante, o que não justificaria o investimento em
atendentes.
Para a segunda simulação, manteve-se o número de atendentes em sete e elevou-se o número
de salas de coleta para oito. Nestas condições, houve uma queda de seis minutos em média
para o tempo de atendimento.
Numa terceira simulação, houve o aumento do número de atendentes para oito e manteve-se o
número de salas de coleta. Nestas novas condições, houve uma queda no tempo médio de
atendimento em quatro minutos.
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8. Conclusão
De acordo com os objetivos previamente traçados, foi possível: estudar as características e
entender o fluxo de atendimento de um laboratório de análises clínicas; verificar que o
chamado “gargalo” do serviço de atendimento encontra-se na estrutura atual do sistema de
coleta dos exames (o atual número de salas); e, o mais importante, a comprovação da eficácia
do uso de ferramentas de simulação computacional no setor de medicina laboratorial, dadas a
proximidade do atual modelo de atendimento aos resultados obtidos através da simulação e
das possíveis melhorias apontadas pelo seu uso. Com a criação de alguns cenários de
simulação, foi possível constatar também que a capacidade do atual sistema de atendimento
do laboratório, quando observadas as primeiras duas horas de atendimento diário e a alta taxa
de chegada de clientes neste período, está próxima ao limite.
Não obstante o interesse e empenho da direção do laboratório, de sua gerência administrativa
e da área de gestão da qualidade, hoje, o laboratório possui algumas restrições para aplicação
dos resultados desta simulação que são os atuais tamanho de seu espaço físico e respectivo
layout. No entanto, com a mudança dos serviços de atendimento para sua nova sede, isso já
será possível.
Referências
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INSTITUTO IMAM. Simulação – otimizando os sistemas – 5ª ed.
COGAN S. (1998) Gerenciando as percepções nas filas de espera: para aumentar o nível de
satisfação dos clientes. Qualitymark Ed.
DA SILVA, E. M. (1998) Pesquisa operacional – Ed. Atlas – 3ª ed.
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HAMES, D. S. P. (1996) Productivity-enhancing work innovations: remedies for what ails hospital?.
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JACOBI, M. A. (1994) How to unlock the benefits of MRPII and just-in-time. Hospital Material
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MOTA, E. V.(1996) O Desdobramento da Qualidade em Hospitais. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia de Produção, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. [Dissertação de mestrado
Área: Engenharia da Qualidade.]
WHITSON, D. (1997) Applying just-in-time systems in health care. IIE Solutions, v. 29, p. 32-37.