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Sumário
1. Introdução. 2. A Revolução Francesa e
o surgimento do Rechtsstaat. 3. Congresso de
Viena como neutralização do constitucionalismo
moderno. 4. Rechtsstaat como conceito de com-
bate: o pré-março (Vormärz). 5. Formalização do
direito público e o esvaziamento do Rechtsstaat.
6. Conclusão: passado e presente dos direitos
fundamentais.
1. Introdução
A noção de que um determinado in-
divíduo tem direitos que lhe são inatos
independentemente de sua origem social
é algo recente em termos históricos. É
uma inovação que depende do início da
modernidade (MAIA, 2007, p. 298-299), do
alvorecer do constitucionalismo moderno
(DIPPEL, 2006, p. 59-67), da inauguração do
paradigma do Estado de Direito após a de-
flagração da Revolução Francesa (COSTA,
2003, p. 44-45). Um movimento ao mesmo
tempo tão complexo quanto permanente
na cultura jurídica ocidental.
Com efeito, o artigo 16 da francesa Décla-
ration des Droits de l’Homme et du Citoyen, de
26 de agosto de 1789, fez fortuna na história
jurídica ao afirmar que “qualquer sociedade
Paulo Sávio Peixoto Maia é Mestre em na qual a garantia dos direitos não esteja
Direito, Estado e Constituição pela Faculdade assegurada, nem a separação de poderes
de Direito da Universidade de Brasília (UnB). determinada, não possui Constituição”1.
Professor de Direito Constitucional e de Direito
Administrativo da Universidade de Fortaleza 1
Toute société dans laquelle la garantie des
(UNIFOR). Advogado. droits n’est pas assurée, ni la séparation des pouvoir
LUHMANN, Niklas. La Costituzione come acquisi- ______. Freiheitsrechte und institutionelle garantie der
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