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1)Delegado-pf-2013-Questão 3 – DPenal - Crime impossível, tentativa inadequada, tentativa

inidônea1 ou tentativa impossível. Discorra sobre a tentativa inidônea e suas espécies [valor: 1,20].
Explicite, ainda, as três diferentes teorias relativas à punibilidadeda tentativa inidônea, apontando a
adotada pelo Código Penal brasileiro [valor: 2,40].
Crime impossível, tentativa inadequada, tentativa inidônea1 ou tentativa impossível, nos termos do art.
17 do Código Penal, é o que se verifica quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta
impropriedade do objeto, jamais ocorrerá a consumação. Ainda se pode dizer que a natureza jurídico é
de causa de exclusão da tipicidade.
Dá-se a ineficácia absoluta quando o meio de execução utilizado pelo agente é, por sua natureza ou
essência, incapaz de produzir o resultado, por mais reiterado que seja seu emprego.
O objeto material é absolutamente impróprio quando inexistente antes do início da execução do crime,
ou ainda quando, nas circunstâncias em que se encontra, torna impossível a sua consumação.
Ainda se pode incluir que são cinco teorias que explicam o instituto: 1) Teoria objetiva, que se divide
em pura e mitigada ou temperada;2) subjetiva e 3) sintomática.
A teoria objetiva apregoa que a responsabilização depende de elementos objetivos e subjetivos (dolo e
culpa). Elemento objetivo é, no mínimo, o perigo de lesão para bens jurídicos penalmente tutelados. E
quando a conduta não tem potencialidade para lesar o bem jurídico, seja em razão do meio empregado
pelo agente, seja pelas condições do objeto material, não se configura a tentativa. É o que se chama
de inidoneidade, que, conforme o seu grau, pode ser de natureza absoluta ou relativa. Inidoneidade
absoluta é aquela em que o crime jamais poderia chegar à consumação; relativa, por seu turno, aquela
em que a conduta poderia ter consumado o delito, o que somente não ocorreu em razão de circunstâncias
estranhas à vontade do agente. Essa teoria se subdivide em outras duas: objetiva pura e objetiva
temperada.
NA teoria objetiva pura é Para essa vertente, o Direito Penal somente pode proibir condutas lesivas a
bens jurídicos, devendo apenas se preocupar com os resultados produzidos no mundo fenomênico.
Portanto, quando a conduta é incapaz, por qualquer razão, de provocar a lesão, o fato há de permanecer
impune. Essa impunidade ocorrerá independentemente do grau da inidoneidade da ação, pois nenhum
bem jurídico foi lesado ou exposto a perigo de lesão.
Já na teoria objetiva temperada, Para a configuração do crime impossível, e, por corolário, para o
afastamento da tentativa, os meios empregados e o objeto do crime devem ser absolutamente inidôneos
a produzirem o resultado idealizado pelo agente. Se a inidoneidade for relativa, haverá tentativa. Foi a
teoria consagrada pelo art. 17 do Código Penal e adotada pelo STJ (HC 45.616/SP)
Já a subjetiva Leva em conta a intenção do agente, manifestada por sua conduta, pouco importando se
os meios por ele empregados ou o objeto do crime era ou não idôneos para a produção do resultado.
Assim, seja a inidoneidade absoluta ou relativa, em qualquer hipótese haverá tentativa, pois o que vale
é a vontade do agente, seu aspecto psíquico.
Em complemento, a teoria sintomática relata que se Preocupa com a periculosidade do autor, e não com
o fato praticado. A tentativa e o crime impossível são manifestações exteriores de uma personalidade
temerária do agente, incapaz de obedecer às regras jurídicas a todos impostas. Destarte, justifica-se, em
qualquer caso, a aplicação de medida de segurança.

2)Delegado/RJ/2012Questão 1 – Lei Maria da Penha, tipificação dos crimes de desacato, advocacia


administrativa, corrupção passiva privilegiada. Discorrendo sobre a situação narrada, tipifique as
condutas dos envolvidos, mencionando, para tanto, as controvérsias doutrinárias e jurisprudenciais
sobre o tema
Anacleto, descumprindo medida protetiva determinada pelo Juizado de Violência Doméstica e Familiar nos
autos de uma ação penal por crime de lesão corporal qualificada, em que figura como réu por ter agredido
sua ex-companheira Penélope, matricula-se na mesma academia desta, violando o limite mínimo de 200
metros de distanciamento outrora estabelecido. Percebendo o fato, Penélope aciona a Polícia Civil, que, ao
chegar ao local, detém Anacleto, colocando-o na viatura para ser conduzido até a Delegacia da área, a fim
de que a autoridade policial avalie sua conduta. Saliente-se que, ao perceber a chegada dos policiais, antes
de ser detido, Anacleto profere palavras de baixo calão contra estes, chamando-os de “vagabundos” e
“ladrões”. No caminho até a repartição, o autor oferece aos policiais um automóvel popular, supostamente
de sua propriedade, para ser libertado, proposta que Anacleto não teria como adimplir, por não possuir o
referido veículo, havendo imediata recusa pelos servidores. Todavia, logo depois, os policiais recebem uma
ligação de outro inspetor de polícia, de nome Claudionor, que, dizendo-se amigo de Anacleto e usando seu
cargo para interferir na atividade administrativa desempenhada pelos agentes públicos, solicita seja ele
graciosamente colocado em liberdade, o que de fato ocorre, em virtude de uma distorcida noção de
corporativismo. Ainda, os policiais conseguem convencer Penélope de que a autuação de Anacleto somente
lhe traria mais dissabores, pois teria que explicar o fato ao filho do ex-casal. Entretanto, Penélope, embora
inicialmente concordando com a argumentação dos policiais, retorna à Delegacia dias depois, tencionando
registrar o ocorrido e passando a narrar os fatos ao Delegado de plantão.
Inicialmente Anacleto descumpriu a medida protetiva, não cabendo para ele responder desobediência,
pois lá já tem previsão de sanção, inclusive prisão preventiva. Ele responderá por desacato por ter
proferido palavras “vagabundos” e ladrões. Esse crime consiste achincalhar, menosprezar, humilhar,
desprestigiar o servidor, seja por gestos, palavras ou escritos. Pode o crime ser praticado por ação (ex.:
xingamento) ou omissão (ex.: não responder a cumprimento) no exercício da função pública ou em razão
dela, somente dolosamente. É um crime formal, consumando-se no momento em que o funcionário
público toma conhecimento. Mas também responderá por corrupção passiva por ter oferecido automóvel
para ser liberado, apesar da recusa dos policiais, porque a corrupção ativa independe da passiva. Somente
praticado de maneira dolosa e sendo um crime formal, consuma-se quando o funcionário fica sabendo
da oferta ou promessa.
Já Claudionor, inspetor de polícia, responderia advocacia administrativa por ter pedido para os policiais
soltarem Anacleto por ser amigo. Esse crime estará configurado quando patrocinar interesse privado
perante a Administração. Sendo punido a título de dolo. Tendo se consumado quando patrocinou
interesse do seu amigo perante os policiais para que o soltasse.
Ainda se pode acrescentar que os policiais responderiam pelo crime de corrupção passiva privilegiada
por terem atendido um pedido gracioso de Claudionor. Acontece quando sem visar satisfazer interesse
pessoal próprio (auri sacra fames), cede a pedido, pressão ou influência de outrem. É o caso dos
famigerados favores administrativos, comuns na reciprocidade do tráfico de influências. Também,
corriqueiros na corrupção paroquial das administrações locais.

3)Delegado/RJ/2012-Questão 2 - condições objetivas de punibilidade, escusas absolutórias e


comportamento pós-delitivo positivo. Conceitue, indique a natureza jurídica e as principais
diferenças entre condições objetivas de punibilidade, escusas absolutórias e comportamento pós-
delitivo positivo.
1. Comportamento pós-delitivo positivo: Segundo Luis Régis Prado, trata-se da atenuação da pena ou
isenção desta em algumas hipóteses: antes do crime (arrependimento eficaz ou desistência voluntária –
escusa anterior); após o crime (arrependimento posterior, reparação do dano, confissão etc. – escusa
posterior).
2. Escusas absolutórias: As escusas absolutórias, também conhecidas como imunidades absolutas, são
circunstâncias de caráter pessoal, referentes a laços familiares ou afetivos entre os envolvidos, que por
razões de política criminal, o legislador houve por bem afastar a punibilidade. Trata-se de condições
negativas de punibilidade ou causas de exclusão de pena. Estão previstas nos artigos 181, I e II e 348,
§2ª, do Código Penal. As escusas absolutórias caracterizam-se como causas pessoais de exclusão da
punibilidade expressamente consignadas no texto legal.
3. Condições objetivas de punibilidade: São condições impostas pelo legislador para que o fato se
torne punível e que estão fora do injusto penal. Estão dispostas entre o preceito primário e secundário da
norma penal incriminadora, sendo denominadas condições objetivas porque independem do dolo ou da
culpa do agente. Ex.1: sentença declaratória da falência. Ex.2: decisão final do procedimento
administrativo de lançamento nos crimes materiais contra a ordem tributária (RHC 90.532) e Súmula
Vinculante 24. As condições objetivas de punibilidade possuem natureza jurídica de condição de
procedibilidade para o exercício da ação penal.

4)Delegado/RJ/2012)-Questão 3 – Tipificação de crime pelo Delegado de Polícia, homicídio, roubo e


divergência jurisprudencial e doutrinária- Analisando o caso relatado, tipifique as condutas
narradas, expondo as divergências doutrinárias e jurisprudenciais sobre o tema.
Lindomar, ao parar seu veículo em um sinal de trânsito, é surpreendido pela dupla Wellington e Maicon,
que, mediante grave ameaça, configurada pela empunhadura de uma arma de fogo por Maicon e por
promessas de morte proferidas por ambos, obrigam o motorista a deixar o veículo, nele ingressando. Em
seguida, arrancam com o automóvel, mas são percebidos pelos policiais civis Alexandro e Amaro, que
casualmente passavam pelo local em viatura da Delegacia, iniciando-se imediata perseguição. Vendo a
aproximação dos policiais, os coautores abandonam o veículo em via pública e se embrenham em um
matagal, sendo seguidos pelospoliciais, que prosseguem a perseguição a pé. Desesperado e visando a
garantir sua fuga, Maicon dispara contra o policial Alexandro, e acerta apenas a manga de sua camisa, que
fica com um furo ovalado. Pouco depois, os policiais alcançam Wellington, mas Maicon consegue fugir,
levando consigo a arma, descrita posteriormente pelos policiais como assemelhada a um revólver calibre
38. Conduzido à Delegacia, Wellington, além de confessar o crime e revelar a identidade do comparsa,
afirma que não desejava a efetiva prática de qualquer ato de violência.
Wellington e Maicon responderão por roubo circunstanciado por concurso de pessoas, previsto no art.
157, §2º, inciso I e II, do Código Penal, pois estava junto ao seu amigo. O crime roubo é um crime
complexo, pois nele há mais de uma conduta dentro de um mesmo crime, constrangimento ilegal e furto,
tutelando patrimônio e a liberdade individual da vítima. Tanto sujeito ativo quanto o passivo são comuns
e sendo praticado de maneira dolosa e consumando-se com apoderamento da coisa. O inciso II prescreve
arma, havendo controvérsia na doutrina nesta, uns dizem que a expressão abrange somente objetos
destinados à finalidade bélica, já outros, utilizando interpretação extensiva, compreendem objetos
confeccionados sem finalidade bélica, porém capazes de intimidar, ferir o próximo, prevalecendo a
última. Antes Superior Tribunal entendia que arma de brinquedo ocasionava a majorante, porém o
mudou, não mais aplicando a majorante, pela mesma razão também não se aplica mais para arma inapta
para causar disparos. Os Tribunais Superiores têm a orientação não ser necessária a apreensão da arma
para configurar roubo circunstanciado, desde que fique demonstrado por outros meios de prova. Outra
questão é concurso de pessoa, capaz de causar controvérsia, é a que diz respeito da presença de partícipe
no evento, assim como no furto, sustenta Hungria a necessidade de todos os agentes se façam presentes
no momento da ação, ainda que não cooperem materialmente. Nucci e Mirabete, no entanto, consideram
dispensável a prática de atos executórios por todos agentes. Apesar da controvérsia, a doutrina
majoritária leciona que mesmo que um dos agentes seja inimputável a agravante estará configurada.
Ainda se pode dizer que Maicon responderá também em concurso material roubo circunstanciado com
tentativa de homicídio qualificado por ter sido praticado contra autoridade ou agente descrito nos arts.
142 e 144 da Constituição Federal (art. 121, §2, VII, c/c 14 do Código Penal). O inciso VII é uma norma
penal em branco, sendo complementado pelo art. 142 e 144 da Constituição. No caso do crime em
questão, sujeito passivo é comum, entretanto, o sujeito passivo é próprio, tendo que ser algum dos
relacionados no inciso. Sendo doloso em regra, porém há modalidade culposa e consumando-se com a
morte da vítima, sendo um crime material, admitindo-se tentativa por ser plurissubsistente. Alerta-se que
a qualificadora tem natureza subjetiva, incompatível com privilégio.
Ainda se pode acrescentar que o concurso de pessoas tem três teorias: a) Para a teoria monista (unitária
ou igualitária), ainda que o faro criminoso tenha sido praticado por vários agentes, conserva-se único e
indivisível, sem qualquer distinção entre os sujeiras (adotada pelo CP); b) De acordo com a teoria
pluralista, a cada um dos agentes se atribui conduta, elemento psicológico e resultado específicos, razão
pela qual há delitos autônomos cominados individualmente. Haverá tantos crimes quantos sejam os
agentes que concorrem para o fato; c) Por fim, para a teoria dualista, tem-se um crime para os executores
do núcleo do tipo (autores) e outro para os que não o realizam, mas de qualquer modo concorrem para a
sua execução (partícipes). Mas também quando um dos agentes quis participar de crimes menos grave,
mas que era previsível conduta mais grave, aplica-se a pena que o agente iria cometer e aumenta-se a
metade, enquadrando-se o caso de Wellington.

5)Delegado/RJ/2012-Questão 4 – Classificação de crimes, desistência voluntária- Sendo você a


autoridade policial que está cumprindo o plantão na Delegacia, após restar provado todos esses fatos,
analise, sob a ótica do Direito Penal, de forma fundamentada, todas as condutas. Manoel e Paulo
tramam a morte de Joaquim a pedido de Fulgência, uma famosa prostituta, que prometeu um programa
sexual com os mesmos em troca da morte de Joaquim, seu antigo desafeto, pois que este era religioso e
combatia a prostituição. Após colocarem um sonífero na bebida de Joaquim, Manoel e Paulo carregam-no
para um local ermo e cada um efetua um disparo com suas pistolas contra a vítima. Arrependido, Manoel,
em face de se tratar de uma pessoa religiosa, diz para Paulo que estava indo embora e que continuasse
sozinho, se quisesse matar Joaquim. Paulo faz mais seis disparos contra Joaquim, que, a despeito dos tiros
e das consequentes lesões que o fizeram permanecer por trinta e uns dias em coma, não morre.
Joaquim (autor imediato) e Fulgência (autora mediata) vão responder por tentativa de homicídio
qualificado mediante paga ou promessa de recompensa, também chamado de homicídio mercenário ou
por mandato remunerado (art. 121, §2º, I, c/c 14, II, CP). Manuel vai responder por tentativa de lesão
corporal qualificada pela incapacidade para ocupações habituais por mais de 30 dias (art. 129, §2º, I,
CP), pois será beneficiado desistência voluntária por ter desistido de prosseguir mesmo podendo
continuá-la.
Há divergência se qualificadora se aplica somente ao executor ou aos dois: 1ª corrente (Rogério Greco)
– Imagine a hipótese na qual um pai de família, trabalhador, honesto, cumpridor de seus deveres, que m
virtude de sua situação econômica ruim tenha que residir em local no qual impera o tráfico de drogas.
Sua filha, de apenas 15 anos de idade, foi estuprada pelo traficante que dominava aquela região. Quando
soube da notícia, não tendo coragem de, por si mesmo, causar a morte do traficante, contratou um
justiceiro, que, executou o serviço. O mandante, isto é, o pai da menina estuprada, deverá responder pelo
delito de homicídio simples, ainda com a diminuição de pena relativa ao motivo relevante valor moral.
Já o justiceiro, autor do homicídio mercenário, responderá pela modalidade qualificada.
2ª corrente (Tribunais Superiores) – No homicídio, o fato ter sido o delito praticado mediante paga ou
promessa de recompensa, por ser elemento do tipo qualificado, é circunstância que não atinge,
exclusivamente o executor, mas também o mandante ou qualquer outro coautor. Ademais, com relação
ao pedido de exclusão da qualificadora do recurso que impossibilitou a defesa da vítima, torna-se
necessário o revolvimento do conteúdo fático-probatório, o que é vedado na via estreita do HC. STF:
HC 71582/MG e STJ – HC 56825/RJ e REsp. 658512 e HC 99144/RJ.
Outra polêmica é a natureza da paga feita ou promessa de recompensa também é bastante discutida.
1ª corrente – pode ser ela qualquer espécie, compreendendo tudo quanto possa ser objeto de paga ou
promessa. Não depende de prévia fixação. Pode ser deixada à escolha do mandante. Não constitui
condição especial da recompensa ter valor econômico, bastando, por exemplo, simples promessa de
casamento, com a própria pessoa instigadora ou com a terceira.
2ª corrente – Predomina, no entanto, o entendimento segundo o qual a recompensa deve ter natureza
econômica.

6) Delegado de Polícia - Concurso: PCPI - Ano: 2009 - Banca: UESPI - Disciplina: Direito Penal
- Assunto: Aplicação da Lei Penal - MAURO MUNIZ, durante uma comemoração de um jogo
do Campeonato Brasileiro de Futebol, adicionou uma substância entorpecente ao refrigerante
do colega da Torcida Organizada Palmeirense, JOSEFINO ALVES, causando-lhe embriaguez
completa de natureza fortuita. Em seguida, o conduziu ao recanto da Torcida Organizada
Rival e emprestou-lhe um revólver calibre 38, para que este matasse um torcedor rival, inimigo
comum, com quem havia empreendido acirrada discussão, tendo JOSEFINO ceifado a vida do
torcedor rival. Em relação ao caso proposto, tipifique a(s) conduta(s) de MAURO MUNIZ e/ou de
JOSEFINO ALVES. Esclarecendo, inclusive, quanto à ocorrência ou não de concurso de
agentes com caracterização dos participantes. Fundamente e justifique a sua resposta com baseno
Ordenamento Jurídico Pátrio.
Resposta: No caso hipotético, devemos separar autor mediato (MAURO MUNIZ), que age
utilizando como instrumento uma pessoa que, temporariamente, encontra-se isenta de culpabilidade,
pelo fato de que ao tempo da ação era inteiramente incapaz entender o caráter ilícito do fato ou de
determinar-se de acordo com esse entendimento (art. 26 do CP), do executor inculpável, JOSEFINO
ALVES. As condutas de ambos são típicas (enquadram-se numa norma penal incriminadora, no
caso, o art. 121, CP) e ilícitas(porque contrariam o ordenamento jurídico, não há causa de
justificação). Porém, no que concerne à culpabilidade, somente MAURO MUNIZ é culpável; o
executor, JOSEFINO ALVES, que agiu sob estado de inimputabilidade temporária, encontra-se
acobertado por uma causa de exclusão de culpabilidade, prevista no art. 28, § 1º do Código
Penal. Assim, há requisitos para punibilidade somente no caso de MAURO MUNIZ, o autor
mediato do crime de homicídio, tipificado no art.121, do Código Penal; o executor é isento de
pena, pois agiu acobertado por causa de exclusão de culpabilidade, não havendo pressuposto da
aplicação da pena. Não há concurso de pessoas, porque existe somente um autor mediato
(MAURO MUNIZ) e um executor do fato delituoso (JOSEFINO ALVES),que agiu em embriaguez
fortuita.

7) Delegado de Polícia - Concurso: PCPI - Ano: 2009 - Banca: UESPI - Disciplina: Direito Penal
- Assunto: Aplicação da Lei Penal - LUÍS LACERDA, policial civil, durante uma discussão
por motivo fútil com um colega de trabalho, num tom enfático, disse: ͞sem perdão, se cuida.
Temendo por sua segurança pessoal, o COLEGA DE LUÍS preparou-se, psicologicamente, para
que pudesse defender-se de uma possível agressão. No dia seguinte, LUÍS enumerou numa
lista, todos os cuidados que seu colega deveria ter com a saúde, desde uma alimentação regular
e saudável à prevenção contra o stress, problema demonstrado durante a discussão. Ao
encontrar-se com o colega, LUÍS esboçou reação para retirar do bolso da calça a lista mencionada,
a fim de aconselhá-lo a cuidar-se melhor, ocasião em que percebeu a intenção do colega de alvejá-
lo com um disparo de arma de fogo. Na iminência de sofrer uma agressão à sua vida, LUÍS
disparou um tiro de pistola calibre .40 contra seu colega, que teve morte imediata. Estaria
LUÍS, acobertado por causa de exclusão de ilicitude ou de culpabilidade? Indique a
consequência penal aplicável ao caso. Fundamente e justifique a sua resposta com base no
Ordenamento Jurídico Pátrio.
Resposta: No caso hipotético, há caracterização da legítima defesa recíproca, a favor de LUÍS
LACERDA, que estava na iminência de sofrer uma agressão injusta contra a sua vida, em virtude
do fato do seu COLEGA encontrar-se diante de um erro plenamente justificável pelas
circunstâncias, que caracterizaria a legítima defesa putativa, mas não excluiria a ilicitude do fato
que ele (COLEGA DE LUÍS) iria praticar. A legítima defesa própria e de outrem está
fundamentada nos Arts. 23, inciso II e 25, ambos do Código Penal. Assim, LUÍS LACERDA
encontrava-se acobertado pela causa de exclusão de ilicitude denominada legítima defesa. Portanto,
não há crime e, consequentemente, não há pena aplicável ao autor do fato tipificado no art. 121
do Código Penal (Homicídio), por faltar o requisito ilicitude.

7) Delegado - Concurso: PCGO - Ano: 2008 - Banca: UEG - Disciplina: Direito Penal -Assunto:
Aplicação da Lei Penal “A” quer matar sua esposa. Ele vai à panificadora de “B”, seu amigo de
infância, e, desabafando sobre os problemas vivenciados em casa, revela o que tem em mente, e
acaba comprando um pãozinho. “B”, comovido com o drama do amigo, aconselha este a que
compre não o pão francês, e sim um integral, com aveia e ervas, de gosto muito ruim, de
modo que será fácil envenená-lo sem que a esposa perceba. “A”, no último jantar por ele
preparado, serve à sua esposa o apetitoso pão com creme de ervas. A esposa passa a noite no
banheiro, vindo “A” a encontrá-la somente na manhã seguinte, estirada morta no corredor em
razão do envenenamento. Pergunta-se: À luz das teorias aplicáveis ao concurso de pessoas,
qual a punibilidade de “B”? Justifique sua resposta.
“B” será partícipe do crime homicídio qualificado com emprego de veneno (art. 121, §2º, III, CP), pois
auxiliou com material no caso indicando qual pão seria melhor empregado para que a esposa não sentisse
o gosto do veneno, tendo o crime se consumado. De acordo com o CP que adota a teoria unitária ou
monista, essa acontece quando o crime é cometido por vários autores, conserva-se único e indivisível,
sem qualquer distinção entre os sujeitos, sendo que de acordo com o art. 29 cada um responderá
conforme sua culpabilidade. Cabe ainda acrescentar que a maioria da doutrina adota a teoria da
acessoriedade limitada ou média em relação ao participante que acorre quando se pressupõe a prática do
fato típico e ilícito, afastando-se a necessidade de que a agente seja culpável.

8) Delegado de Polícia - Concurso: PCAP - Ano: 2006 - Banca: UFAP - Disciplina: Direito
Penal - Assunto: Aplicação da Lei Penal -Discorra sobre o iter criminis, abordando, no mínimo:
a) A definição do termo; b) As fases que o compõem; c) A natureza jurídica da tentativa; d)
A tentativa perfeita e imperfeita; e) Os crimes que não admitem tentativa: f)O critério para
diminuição da pena; g) A consumação; h)O exaurimento.
O iter criminis, ou “caminho do crime”, corresponde às etapas percorridas pelo agente para a prática
de um fato previsto em lei como infração penal. Compreende duas fases: uma interna e outra externa.
A fase interna é representada pela cogitação. Por sua vez, a fase externa se divide em outras
três: preparação, execução e consumação. CPExCo
A cogitação repousa na mente do agente, nela se formando a ideia de enveredar pela empreitada
criminosa. Seu propósito ilícito encontra-se preso em um claustro psíquico. É sempre interna, não se
revelando em atos externos. É possível a divisão da cogitação em três momentos distintos:
1) Idealização: o sujeito tem a ideia de cometer uma infração penal; 2) Deliberação: o agente sopesa
as vantagens e desvantagens de seu eventual comportamento contrário ao Direito Penal; e 3) Resolução:
o sujeito se decide pelo cometimento da infração penal.2
A etapa da preparação, ou dos atos preparatórios, corresponde aos atos indispensáveis à prática da
infração penal, municiando-se o agente dos elementos necessários para a concretização da sua conduta
ilícita. Os atos preparatórios, geralmente, não são puníveis, nem na forma tentada, uma vez que não se
iniciou a realização do núcleo do tipo penal. Em casos excepcionais, é possível a punição de atos
preparatórios nas hipóteses em que a lei optou por incriminá-los de forma autônoma. São os chamados
crimes-obstáculo. É o que se dá com os crimes de fabrico, fornecimento, aquisição, posse ou transporte
de explosivos ou gás tóxico, ou asfixiante (CP, art. 253), incitação ao crime (CP, art. 286), associação
criminosa (CP, art. 288) e petrechos para a falsificação de moeda (CP, art. 291), entre outros.
A fase da execução, ou dos atos executórios, é aquela em que se inicia a agressão ao bem jurídico, por
meio da realização do núcleo do tipo penal. Há incidência do Direito Penal, configurando no mínimo
um crime tentado. O ato de execução deve ser idôneo e inequívoco. Ato idôneo é o que se reveste de
capacidade suficiente para lesar o bem jurídico penalmente tutelado. Por sua vez, ato inequívoco é o
que se direciona ao ataque do bem jurídico, almejando a consumação da infração penal e fornecendo
certeza acerca da vontade ilícita.
Inúmeras teorias apresentam propostas para a solução do impasse distinguir atos preparatórios de
executórios. Dividem-se inicialmente em subjetiva e objetiva. Esta última se ramifica em diversas outras.
Vejamos as mais importantes.
1. Teoria subjetiva: O que interessa é o plano interno do autor, a vontade criminosa, existente em
quaisquer dos atos que compõem o iter criminis. Logo, tanto a fase da preparação como a fase da
execução importam na punição do agente.
2. Teoria objetiva: os atos executórios dependem do início de realização do tipo penal. É imprescindível
a exteriorização de atos idôneos e inequívocos para a produção do resultado lesivo.
2.1. Teoria da hostilidade ao bem jurídico: atos executórios são aqueles que atacam o bem jurídico,
enquanto os atos preparatórios não caracterizam afronta ao bem jurídico, mantendo inalterado o “estado
de paz”.
2.2. Teoria objetivo-formal ou lógico-formal: ato executório é aquele em que se inicia a realização do
verbo contido na conduta criminosa. Exige tenha o autor concretizado efetivamente uma parte da conduta
típica, penetrando no núcleo do tipo. Preferida pela doutrina.
2.3. Teoria objetivo-material: atos executórios são aqueles em que se começa a prática do núcleo do tipo,
e também os imediatamente anteriores ao início da conduta típica, de acordo com a visão de terceira
pessoa, alheia aos fatos. O juiz deve se valer do critério do terceiro observador para impor a pena.
2.4. Teoria objetivo-individual: atos executórios são os relacionados ao início da conduta típica, e
também os que lhe são imediatamente anteriores, em conformidade com o plano concreto do autor.
Portanto, diferencia-se da anterior por não se preocupar com o terceiro observador, mas sim com a prova
do plano concreto do autor, independentemente de análise externa.
Fase externa: consumação Dá-se a consumação, também chamada de crime consumado ou summatum
opus, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal (CP, art. 14, I). É, por isso, um
crime completo ou perfeito, pois a conduta criminosa se realiza integralmente.
A tentativa constitui-se em causa obrigatória de diminuição da pena entre 1 e 2/3.
Tentativa perfeita, acabada ou crime falho - Na tentativa perfeita, o agente esgota todos os meios
executórios que estavam à sua disposição, e mesmo assim não sobrevém a consumação por
circunstâncias alheias à sua vontade. Pode ser cruenta ou incruenta. Exemplo: “A” dispara contra “B”
todos os seis cartuchos do tambor do seu revólver, com a intenção de matá-lo. A vítima, gravemente
ferida, é socorrida por policiais, e sobrevive.
Tentativa imperfeita, inacabada ou tentativa propriamente dita - Na tentativa imperfeita, o agente inicia
a execução sem, contudo, utilizar todos os meios que tinha ao seu alcance, e o crime não se consuma por
circunstâncias alheias à sua vontade. Exemplo: “A”, com o propósito de matar “B”, sai à sua procura,
portando um revólver municiado com 6 (seis) cartuchos intactos. Ao encontrá-lo, efetua três disparos,
atingindo-o. Quando, contudo, iria efetuar outros disparos, é surpreendido pela Polícia Militar e foge. A
vítima é socorrida pelos milicianos e sobrevive.
Crimes que não admitem tentativa:
1) Crimes culposos: nestes crimes o resultado naturalístico é involuntário, contrário à intenção do agente.
Essa regra se excepciona no que diz respeito à culpa imprópria, compatível com a tentativa, pois nela há
a intenção de se produzir o resultado. Cuida-se, em verdade, de dolo, punido por razões de política
criminal a título de culpa, em face de ser a conduta realizada pelo agente com amparo em erro inescusável
quanto à ilicitude do fato.
2) Crimes preterdolosos: nestes crimes o resultado agravador é culposo, não desejado pelo agente. Por
esse motivo, não se compactuam com a tentativa. Exemplo: só se configura o crime de lesão corporal
seguida de morte quando se produz o resultado agravador, pois, caso contrário, o agente responde
unicamente pelas lesões corporais dolosamente praticadas.
3) Crimes unissubsistentes: são aqueles em que a conduta é exteriorizada mediante um único ato,
suficiente para alcançar a consumação. Não é possível a divisão do iter criminis, razão pela qual é
incabível a tentativa. Exemplo: desacato (CP, art. 331) cometido verbalmente: proferida a palavra apta
a menosprezar a função pública exercida por determinada pessoa, consumado estará o crime.
4) Crimes omissivos próprios ou puros: ingressam no grupo dos crimes unissubsistentes. Em uma
omissão de socorro (CP, art. 135), o sujeito tem duas opções: ou presta assistência ao necessitado, e não
há crime, ou deixa de prestá-la, e o crime estará consumado. Os crimes omissivos impróprios, espúrios
ou comissivos por omissão, de seu turno, admitem a tentativa.
5) Crimes de perigo abstrato: também se enquadram no bloco dos crimes unissubsistentes. No porte
ilegal de arma de fogo, ou o agente porta a arma de fogo em situação irregular, e o crime estará
consumado, ou não o faz, e o fato será atípico. Os crimes de perigo concreto, por sua vez, comportam a
tentativa.
6) Contravenções penais: não há tentativa por expressa previsão legal. Estabelece o art. 4.º do Decreto-
lei 3.688/1941 – Lei das Contravenções Penais: “Não é punível a tentativa de contravenção”.
7) Crimes condicionados: são aqueles cuja punibilidade está sujeita à produção de um resultado
legalmente exigido, tal qual a participação em suicídio (CP, art. 122), em que só há punição se resultar
morte ou lesão corporal de natureza grave.
8) Crimes subordinados a condição objetiva de punibilidade: tal como ocorre em relação aos
falimentares (Lei 11.101/2005 – Lei de Falências, art. 180), pois se o próprio delito completo não é
punível se não houver aquela condição, muito menos o será a sua tentativa. 10
9) Crimes de atentado ou de empreendimento: não há tentativa, uma vez que a figura tentada recebe
igual pena destinada ao crime consumado. É o que se dá, por exemplo, no delito tipificado pelo art. 352
do Código Penal (“evadir-se ou tentar evadir-se”).
10) Crimes com tipo penal composto de condutas amplamente abrangentes: em relação a estes
crimes, no caso concreto é impossível dissociar a tentativa da consumação. Veja-se o exemplo do crime
de parcelamento ou desmembramento irregular do solo para fins urbanos, tipificado pelo art. 50, I, da
Lei 6.766/1979: “Dar início, de qualquer modo, ou efetuar loteamento ou desmembramento do solo
para fins urbanos sem autorização do órgão público competente, ou em desacordo com as disposições
desta Lei ou das normas pertinentes do Distrito Federal, Estados e Municípios” (grifamos). A expressão
“de qualquer modo”, na prática, inviabiliza a tentativa, pois qualquer que seja a conduta adotada pelo
agente, implicará na consumação.
11) Crimes habituais: são aqueles compostos pela reiteração de atos que demonstram um estilo de vida
do agente. Cada ato, isoladamente considerado, representa um indiferente penal. É o caso do
curandeirismo (CP, art. 284, I), em que o ato de prescrever, uma única vez, qualquer substância é conduta
atípica, pois a lei reclama a habitualidade. Mirabete faz uma adequada ressalva, suscitando divergência:
há tentativa do crime previsto no art. 282 do Código Penal na conduta do sujeito que, sem ser médico,
instala um consultório e é detido quando de sua primeira “consulta”. 11 Não se devem confundir crimes
habituais, entretanto, com crimes permanentes, nos quais a tentativa é perfeitamente cabível. Exemplo:
tentativa de sequestro (CP, art. 148), na qual o autor tenta, de modo forçado, prender uma pessoa no
quarto de uma casa, mas esta reage e foge.
12) Crimes-obstáculo: são os que retratam atos preparatórios tipificados de forma autônoma pelo
legislador, a exemplo do crime de substância destinada à falsificação (CP, art. 277). De fato, não há
sentido em punir a preparação de um crime – que normalmente não é punível – como delito autônomo
prevendo-se para este também a figura do conatus. Haveria incompatibilidade lógica de punir a tentativa
de preparação de um crime que somente é objeto de punição porque, excepcionalmente, o legislador
construiu um tipo penal específico. Exemplificativamente, ter em depósito substância destinada à
falsificação de um produto medicinal, não fosse a figura típica do art. 277, representaria conduta
penalmente irrelevante, não podendo ser considerada ato executório do crime previsto no art. 273, pois
trata-se de mera fase preparatória. Como se sabe, o intérprete não pode ampliar a exceção criada pelo
legislador.

7) Delegado de Polícia - Concurso: PCDF - Ano: 2007 -Banca: NCE - Disciplina: Direito
Penal - Assunto: Aplicação da Lei Penal - Como podem ser diferenciados os atos preparatórios
dos atos de execução? Justifique
Ato preparatório é conhecido também como conatus remotus, o agente procura criar condições
para a realização da conduta delituosa idealizada. Os atos preparatórios, em regra, são impuníveis.
Excepcionalmente, todavia, merecem punição , configurando delito autônomo. É o que ocorre,
por exemplo, com o crime de associação criminosa (art. 288 do CP, antigo delito de quadrilha
ou bando), art. 291 (petrechos para falsificação de moeda) do CP.
O ato executório, para assim ser considerado , deve ser idôneo , ou seja, concretamente capaz
de conduzir o sujeito ativo ao alcance do resultado almejado. Além disso , é necessário que seja
inequívoco, isto é, evidentemente direcionado ao cometimento do delito.
Há algumas teorias que explicam a diferença: 1ª corrente - A) Teoria da hostilidade ao bem jurídico
ou critério material Idealizada por Nélson Hungria, entende por atos executórios aqueles que
atacam o bem jurídico , criando-lhe uma si atuação concreta de perigo. 2ª corrente - (B) Teoria
objetivo-formal Defendida por Frederico Marques, entende como ato executório aquele que inicia
a realização do núcleo do tipo. 3ª corrente - (C) Teoria objetivo-material São atos executórios
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do tipo, bem como os atos imediatamente anteriores,
com base na visão de terceira pessoa alheia à conduta criminosa. 4º corrente - (D) Teoria objetivo-
individual Preconizada por Eugênio Raúl Zaffaroni, entende como atos executo nos aqueles que,
de acordo com o plano do agente, realizam-se no período imediatamente anterior
ao começo da execução típica. Trata-se de um ajuste buscando complementar o critério objetivo
-formal.

7) Delegado - Concurso: PCGO - Ano: 2013 - Banca: UEG - Disciplina: Direito Penal -Assunto:
Aplicação da Lei Penal - Em que consiste a teoria do domínio da organização?
Esta teoria é apresentada por Claus Roxin – e funciona como a base do conceito de autoria de escritório
fornecido por Eugenio Raúl Zaffaroni – para solucionar as questões inerentes ao concurso de pessoas
nas estruturas organizadas de poder, compreendidas como aparatos à margem da legalidade.
Nas organizações criminosas, não raras vezes é difícil punir os detentores do comando, situados no ápice
da pirâmide hierárquica, pois tais pessoas não executam as condutas típicas. Ao contrário, utilizam-se
de indivíduos dotados de culpabilidade para a prática dos crimes. Nesse contexto, o penalista alemão
tem como ponto de partida a teoria do domínio do fato, e amplia o alcance da autoria mediata, para
legitimar a responsabilização do autor direto do crime, bem como do seu mandante, quando presente
uma relação de subordinação entre eles, no âmbito de uma estrutura organizada de poder ilícito, situada
às margens do Estado.

8) Delegado de Polícia - Concurso: PCRS - Ano: 2009 -Banca: IBDH - Disciplina: Direito
Penal - Assunto: Aplicação da Lei Penal - Ernesto, traficante conhecido, possui concorrentes
no mercado do trafico de drogas. Francisco, concorrente de Ernesto, pretende envenená-lo. Para
isto, combina um encontro com Ernesto em local neutro. No referido local, sem a anuência
do dono da casa, que nada sabe, e sem que os demais percebam, ministra na bebida de
Ernesto quantidade de veneno suficiente para matá-lo. Ernesto bebe e comera a passar mal.
Francisco foge. Ernesto a socorrido e levado ao hospital, onde recebe o devido tratamento
para sua recuperação. Entretanto, enquanto Ernesto recebe otratamento que o salvaria, a
atacado por Yuri, paciente em surto psicótico, que o mata por estrangulamento. Francisco
responder por algum delito? Se fosse adotada a teoria da imputação objetiva a responsabilidade
penal de Francisco seria modificada?
Francisco responderia por homicídio qualificado tentado com emprego de veneno de acordo com o art.
121, §2°, III, do CP, pois a morte de Ernesto decorrente do ataque de Yuri, paciente em surto psicótico,
não foi desdobramento natural da ação daquele, sendo um concausa relativamente independente
superveniente, de acordo com a teoria da causalidade adequada do art. 13,§1º, do CP.
Caso fosse aplicada a teoria da imputação objetiva, o autor Francisco não responderia por tentativa de
homicídio, sendo atípica conduta do mesmo, pois essa teoria exclui a responsabilidade do autor quando
proveniente de comportamento indevido posterior de terceiro.

9) Delegado de Polícia - Concurso: PCMG - Ano: 2011 - Banca: FUMARC - Disciplina: Direito
Penal - Assunto: Aplicação da Lei Penal - Estabeleça a distinção entre o desconhecimento da
lei, o erro sobre a ilicitude do fato e as descriminantes putativas, indicando as respectivas
consequências jurídico-penais.
Embora o desconhecimento da lei seja inescusável (CP, art. 21, caput) e não afaste o caráter criminoso
do fato, funciona como atenuante genérica. Suaviza-se, no campo penal, a regra definida pelo art. 3.º da
Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro: “Ninguém se escusa de cumprir a lei, alegando que
não a conhece”. De fato, subsiste o crime e a responsabilidade penal. Cumpre-se a lei, mas é abrandada
a pena. Justifica-se essa atenuante pelo fato de o ordenamento jurídico brasileiro ser composto por um
emaranhado complexo de leis e atos normativos, constantemente revogados e em contínua modificação,
dificultando por parte do cidadão a exata compreensão do seu significado e do seu alcance. Na seara das
contravenções penais, a ignorância ou a errada compreensão da lei, se escusáveis, autorizam o perdão
judicial (LCP, art. 8.º).
Erro de tipo é a falsa percepção da realidade acerca dos elementos constitutivos do tipo penal. Extrai-se
essa conclusão do art. 20, caput, do Código Penal, que somente menciona as elementares. É o chamado
erro de tipo essencial. Podendo ser de dois tipos1; 1) Escusável, inevitável, invencível ou desculpável: é
a modalidade de erro que não deriva de culpa do agente, ou seja, mesmo que ele tivesse agido com a
cautela e a prudência de um homem médio, ainda assim não poderia evitar a falsa percepção da realidade
sobre os elementos constitutivos do tipo penal, O escusável exclui o dolo e a culpa, acarretando na
impunidade total do fato. 2) Inescusável, evitável, vencível ou indesculpável: é a espécie de erro que
provém da culpa do agente, é dizer, se ele empregasse a cautela e a prudência do homem médio poderia
evitá-lo, uma vez que seria capaz de compreender o caráter criminoso do fato. do crime culposo), o
inescusável exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei (excepcionalidade
A descriminante putativa é a causa de exclusão da ilicitude que não existe concretamente, mas apenas
na mente do autor de um fato típico. É também chamada de descriminante erroneamente suposta ou
descriminante imaginária, por exemplo, legítima defesa putativa. De acordo com o art. 20 será “isento
de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se
existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é
punível como crime culposo”.

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