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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE ARQUITECTURA
Disciplina: História de Arte e Arquitectura e Urbanismo

A Manifestação Da Timbila Pelo Povo Chope

Trabalho de Investigação Cientifica

Discente: Moises Fernandes T Zefanias


Código: 2014596
Docente: Teles Manhique

Maputo, a 06 de maio de 2016


Índice

Índice ............................................................................................................................................................. 1
Introdução..................................................................................................................................................... 2
Pergunta de partida ...................................................................................................................................... 2
Objectivos Geral ............................................................................................................................................ 2
Objectivo específico ...................................................................................................................................... 2
Justificativa.................................................................................................................................................... 2
Metodologia .................................................................................................................................................. 2
Os chopes ...................................................................................................................................................... 3
Mbila/Timbila ................................................................................................................................................ 3
Tipos de mbila ............................................................................................................................................... 4
Estrutura da mbila......................................................................................................................................... 5
Manifestação da timbila ............................................................................................................................... 6
O msaho ........................................................................................................................................................ 7
Ngodo ............................................................................................................................................................ 7
O msaho/manifestação da timbila na atualidade ......................................................................................... 9
Conclusão .................................................................................................................................................... 10
Bibliografia .................................................................................................................................................. 11

1
Introdução

A timbila é instrumento musical tradicional criado e tocado por um povo denominado Chopes,
originário da província de Inhambane, distrito de Zavala.

Nas primeiras paginas deste ensaio Ira encontrar conhecimentos sobre o povo chope e a sua
timbila, em seguida e o evento em que este instrumento é tocado: o msaho. Depois que tiver
absorvido esses conhecimento vai estar preparado para entender os processos envolvidos no
acto da manifestação da timbila pelo povo chope que é apresentado nas ultimas paginas do
desenvolvimento deste ensaio.

Pergunta de partida

Como era realizada a manifestação da timbila pelo povo chope?

Objectivos Geral

Entender todos os processos envolvidos no acto da manifestação da timbila pelo povo chope

Objectivo específico

1. Conhecer o povo chope bem como a timbila por eles criada e tocada

2. Conhecer o evento em que decorre a manifestação da timbila chope

3. Descrever os processos envolvidos no evento de manifestação da timbila chope

Justificativa

Interesse em angariar mais informação sobre o tema.

Metodologia

Foi feita uma Pesquisa exploratória para delimitar a pergunta de partida, seguida de uma
Pesquisa bibliográfica para obter as informações necessárias para elaborar o trabalho,
recorreu-se a documentos iconográficos para ilustrar alguns elementos mencionadas no
trabalho.

2
Os chopes

Os chopes são um povo originário da província da Inhambane, no distrito de Zavala

Localização do Distrito de Zavala. Fonte: https://www.google.com/maps/@-24.7431671,34.0032095,9

Os primeiros relatos conhecidos acerca dos chopes e da sua música datam do séc. XVI, por
meio de cartas enviadas pelo missionário católico português, Padre André Fernandes, a seus
colegas na India e em Portugal. Nestas cartas faz referências a mestria e sensibilidade
particular desde povo, assim como as suas exuberantes e complexas performances
compostas por música, dança e poesia. (OLIVEIRA, estudo da mudança musical na
performance e na construção da timbila em Moçambique)

Mbila/Timbila

A mbila é um instrumento musical tradicional criado e desenvolvido pelo povo chope, é um


instrumento de percussão que se enquadra no grupo dos xilofones1. Não deve ser confundida
com a timbila, que consiste numa forma de expressão cultural praticada pelo povo chope, em
Xitchopi2, o prefixo ti designa o plural da palavra mbila que é o nome do xilofone artesanal
fabricado e tocado de forma bastante peculiar pelo povo chope. Assim, “timbila” é o nome
dado ao conjunto de mbilas que formam as orquestras típicas da região do distrito de Zavala,

1
Xilofone é o nome genérico para vários instrumentos musicais, que consistem em várias lâminas de madeira
dispostas cromaticamente.
2
Xitchopi é a língua tradicional dos chope

3
Timbila é também o nome da dança que acompanha a musica das orquestras. (WANE, apud
BORGES Luciano, a timbila na rua e na rede:4)

A mbila é um instrumento complexo oque torna a sua construção uma arte de domínio de
poucos, é feito de um tipo de madeira denominado “mwenje” que já esta próximo do
processo de extinção.

Tipos de mbila

Existem dois principais tipos de mbila chope, a mbila que se toca sentado e a mbila que se toca
em pé.

A mbila que se toca sentado - É apoiada colocando uma das pernas por dentro de uma peça
acoplada a estrutura; Possui em media 18 teclas, médias e pequenas, que descrevem
progressivamente da esquerda para a direita. De uns 30 a 40cm de comprimento, de uns 8 a
15cm de largura, e uns 3cm de espessura: possui de cabeças médias a pequenas, que variam
de 20 a 40cm de circunferência.

A mbila que se toca sentado.


Fonte:http://acusmatica.7host.com/timbila/3dmodels/manusamoandbzika/index.html

A mbila que se toca em pé – mbila grande ou mbila de som grave são mbilas de poucas, porém
grandes teclas, possui de 3 a 4 teclas e um longo intervalo entre cada uma, é mais frouxa na
estrutura, se comparada a mbila de 18 teclas. As teclas ficam por cima das cabeças de 20 a
100cm de circunferência. Em algumas mbilas grandes, cada cabeça possui um “suspiro”, para
vazão sonora, feito com uma cabaça bem pequena, que entra na cabeça grande, virada
opostamente ao músico. Essa mbila exige baquetas maiores e mais emborrachadas nas

4
pontas, como também mais pressão nas batidas para tirar um bom som. (BARROS Apud
UNESCO 2009)

A mbila que se toca em pé.


Fonte: http://researchnovars.blogspot.com/2013/09/manusamo-bzika-complete-first-3d-model.html

Além dos dois principais tipos de timbila existe um total de 5 variedades do instrumento.

Xilanzane: soprano contando com um número de 12 a 16 teclas


Sange: contralto, de 14 a 18 teclas
Dole: tenor, de 10 a 14 teclas
Dimbiinda: baixo, com 10 teclas
Xikhulu: duplo-baixo, com 3 a 4 teclas.

Estrutura da mbila

A mbila é formada basicamente por três partes interligadas entre si, que são: a base,
estrutura de madeira, funciona como uma mesa; serve de fixador aos demais
componentes; possui uma peça de madeira do lado do músico, para ele colocar uma
perna por dentro e outra por fora, para garantir a estabilidade do instrumento em meios
as “pancadas” dadas com as baquetas; as teclas, são feitas a partir de madeira rara e
nobre (são tiras, acopladas na parte superior da estrutura, praticamente em cima de sua
respectivas cabeça), são furadas de um lado, e amarradas a estrutura; e por ultimo, as
cabeças de massala, - existe toda uma técnica para preparar (tratar e perfurar) as “as
cabeças de massala” – que são fixadas na parte de baixo da estrutura do instrumento

5
com a ajuda de uma especial cera de abelha, que serve também como isolante. As
cabeças funcionam como caixas acústicas de ressonância.

As baquetas – uma para cada mão – podem ser de madeira ou de algum material
sintético, com ou sem pontas emborrachadas, dependendo do som que se pretende
obter, utilizam se baquetas de materiais e tamanhos diferentes (BARROS, 2013:7)

Estrutura da timbila Fonte: http://acusmatica.7host.com/timbila/3dmodels/manusamoandbzika/index.html

Manifestação da timbila

Na organização espacial do conjunto sonoro tradicional Timbila, os instrumentos junto de


seus tocadores – são organizados a seguinte forma: As mbilas de som grave (cabeças grandes)
ficam atrás de todos; no meio ficam as mbilas de som medio e agudo (as de 18 teclas), mais a
frente ficam alguns poucos tocadores de um tambor de medio porte – que se toca com duas
baquetas e se abafa o som com uma das mãos, quando é necessária – paralelos a estes ficam
alguns poucos tocadores de chocalho; bem a frente, ficam os dançarinos e dançarinas, alguns
deles, tocando um apito que fica pendurado ao pescoço, para facilitar os movimentos livres
durante a dança (BARROS, A timbila na rua e na rede Apud Unesco 2009).

Segundo o etnomusicólogo britânico Hugh Tracey, as mbilas são concebidas para se tocar em
conjunto, onde associadas dança, atingem o seu melhor efeito artístico e a sua singularidade.

6
Os temas contados eram de caracter social.

O msaho

Em Xitchopi, msaho quer dizer “encontro de amigos” e mais especificamente, a expressão


refere-se aos grandes encontros festivos de diversas orquestras de timbila, onde se
apresentavam num ambiente de confraternização e festividade. No tempo colonial, os msaho
eram promovidos nas diferentes localidades pelos seus chefes e chegavam a durar vários dias,
ate uma semana. (WANE, 2010 p24-25)

“ (…) Era por iniciativa do régulo para dizer qualquer coisa as pessoas. Ou era um novo régulo
eleito ou algum acontecimento assim… ou então, o grupo (de uma dada localidade) fez novos
cancões para formar o Ngodo” (BERNARDO 2003)

O evento “podia durar dois, três. E havia um dia solene em que se fazia o resumo de todo o
msaho, porque no msaho havia uma espécie de competição (…) costumava ser às sextas-
feiras, logo a noite (…) quando é para a competição, (os régulos) mandam tocar todos os
grupos ao mesmo tempo (…) todos dançam no mesmo sítio (…) Há um júri ali, (formado
pelos) os madodas. (BERNARDO 2003)

Ngodo

Ngodo é o termo que se usa para se referir ao conjunto das canções que fazem parte de uma
exibição tradicional de timbila, “Podemos afirmar que o ngodo é a modalidade expressiva
específica da timbila” (WANE, 2010:44)

Para ilustrar o processo de composição de um ngodo, Bernardo Romeu Simão fez uma
descrição bastante detalhada da estrutura de uma performance de timbila, a partir de um
ngodo de sua autoria, que conta com as seguintes partes, nesta ordem: Mtsitso / Mguenisso /
Mdano ou Mwemisso / Mchuyo / Chibhudu / Mzeno / Mtsumeto / Mabandla / Mtsitso.

Mtsitso: introdução instrumental, iniciada por um solo do mestre, em seguida acompanhada


pelos outros músicos (vavéti).

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Mguenisso: é o começo da dança, quando entram os dançarinos (vassínhi). Em língua xitchopi,
o verbo ku-guena quer dizer “entrar”. A partir daqui, os dançarinos já começam a cantar os
poemas.

Mdano ou mwemisso: pequeno tema instrumental que tem a função de convocar os músicos
para se alinharem, parados à frente dos músicos. O verbo ku-dana, em língua chope, quer
dizer “chamar” e mwemisso, quer dizer “fazer parar”. Antes disto, os dançarinos dançam de
forma aleatória, assim, esta parte tem a função de organizá-los.

Mchuyo: aqui, os dançarinos executam um movimento característico com o escudo (feito de


peles de animais) que carregam na mão esquerda e com a azagaia, pau ou machado que levam
à mão direita.

Chibhudhu: é o momento mais agitado da dança, com um movimento característico de bater


o escudo no chão; aqui, a coreografia é claramente bélica, fazendo referência aos
combatentes contra o colono português.

Mzeno: é o canto solene, o momento mais importante da peça. Nesta parte, a dinâmica da
música baixa e o ritmo se desacelera (depois da agitação do parte anterior), para que as
pessoas possam ouvir bem a mensagem contida no canto, em que os dançarinos se alinham
de frente para os músicos para cantar em uníssono. Para Bernardo, o mzeno é a razão de ser
da própria timbila

Mtsumeto: em xitchopi, quer dizer “voltar” e no caso, aplica-se ao momento em que os


dançarinos voltam à sua posição anterior ao mzeno.

Mabandla: aqui, os dançarinos fazem movimentos vigorosos, dando grandes saltos e batendo
o escudo no chão, e depois se dividem em grupos de dois.

Mtsitso: finalmente, o ngodo termina com uma retomada do tema instrumental inicial.

A sequência dramática é a mesma para todos os ngodo, admitindo-se algumas pequenas


variações e nomes distintos para as diferentes partes da composição.

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O msaho/manifestação da timbila na atualidade

A arte de timbila sofreu poucas alterações, em comparação com o que Hugh Tracey descreveu
na década de 1940 as mudanças mais significantes se deram fundamentalmente no contexto
da exibição de uma orquestra, sobretudo no modelo atual do msaho, o que não esgota as suas
possibilidades, tendo se em vista que a timbila é tocada em outros contextos, tais como
casamentos, aniversários, batizados, cerimônias oficiais, etc. (WANE 2010:52)

“Atualmente o msaho tem a forma de um festival que acontece durante um dia, no último
sábado do mês de agosto.” (WANE 2010:24)

9
Conclusão

A manifestação da timbila esta ligada a socialização. Tudo acontece num evento denominado
msaho, que significa “encontro de amigos”. O evento é organizado pelos chefes das tribos
para confraternizarem, cantando e dançando. Nesses encontros, realizavam-se atuações
musicais e dançantes com timbilas, durante as quais se escolhiam e se premiavam os melhores
artistas. Todo o msaho segue a ordem de um ngodo que seria a agenda da manifestação.

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Bibliografia

BARROS, Luciano Borges. A Timbila Na Rua e Na Rede, Identidades, música e tecnologia


comunicacional a partir de Moçambique, 2013

GUERRA, Denise. Entrevista a matchume zango. Revista África e Africanidades, 2009,


disponível em: http://www.africaeafricanidades.com.

VALENTE DE OLIVEIRA, Pedro. (Universidade de Aveiro), A Nova Timbila, Estudo da mudança


musical na performance e na construção da timbila em Moçambique,

Termos De Referencias, Fomentar actividades de geração de renda e oportunidades de


emprego salvaguardando e promovendo a cadeia de valor da Tradição Timbila Chope,

WANE, Marílio. A Timbila chopi: construção de identidade étnica e política da diversidade


cultural em Moçambique, universidade federal da bahia, faculdade de filosofia e ciências
humanas (1934-2005), Salvador, 2010.

Artigos De Apoio, Timbila, Fonte: (http://www.infopedia.pt/$timbila)

EPORTUGUÊSE, A Arte Moçambicana, Fonte: (http://eportuguese.blogspot.com/2014/01/a-


arte-mocambicana_17.html)

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