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Aula 1:

- Pilares doutrinais (Trad., Mag. Ig. E Sagradas Escrituras)


Segundo vcs encontrarão em várias fontes, são 3: s.e., t.a. e m.i.

"A Igreja Católica, desde os tempos apostólicos ensina que além da


Sagrada Escritura, também é necessário para a formação doutrinal e
moral da Igreja, a Sagrada Tradição (compreendendo aí os ensinamentos
dos apóstolos e dos primeiros cristãos) e o Sagrado Magistério (
compreendendo o que os Concílios, o Bispo de Roma em particular, e em
comunhão com ele todos os Bispos definem e ensinam como verdades de
fé e moral ). "
- Bíblia Católica Online

Leia mais em: http://www.bibliacatolica.com.br/conhecendo-a-biblia-sagrada/47/

Bruno: Faz-se uma distinção aí entre t.a. e m.i., mas no catecismo de são pio X,
por exemplo, ambos são.t.a. De fora imprópria, pode-se dizer que até as s.e. são
t.a.

Tradição = tradire

- Heresia formal e material. Erro e mentira

Cat s. p. X

363) Que é a heresia?


A heresia é um erro culpável de inteligência, pelo qual se nega com pertinácia
alguma verdade de fé.
Herege formal é o herege propriamente dito. É pecado gravíssimo, afasta da
Igreja.
Herege material é aquele que emite matéria errada sem pertinácia. Não é pecado,
mas deve ser evitado. Tão logo se perceba estar nisso, é necessário abandonar,
ou se torna o formal.
Bruno: Forma é a essência, é o que a coisa é. Matéria é o elemento componente.
É bom guardar isso de cabeça pra quando for fazer catecismo.

Ex: sino de prata. A forma é sino, a matéria é prata.


Mesa de madeira. A forma é mesa, a matéria é madeira.

É como a diferença entre mentira e erro. Mentira é um termo que implicitamente


carrega o conceito de malícia, de vontade de enganar. Erro pode ser feito sem
vontade de enganar... mas se a partir de certo momento que eu percebo que é
erro e continuo nele, eu me torno um... mentiroso!
O ato de maliciosamente pronunciar algo que se sabe não ser verdade é a forma
da mentira. A matéria é a inverdade pronunciada.

É possível falar um erro sem perceber que é erro. É possível pensar ou dizer uma
coisa incompatível com a Fé (heresia), sem perceber que é incompatível com a Fé.
Todos aqui nessa sala de repente somos hereges materiais, no sentido de crer em
algo incompatível com a Fé sem o perceber. Heresia material n é pecado, mas
devemos evitar e nos livrar tão logo percebamos que é heresia, ou nos
tornaremos... hereges formais!
Heresia material n é pecado, mas a formal é, e afasta da Igreja.

- Protestantismo e Sola Scriptura

Bruno: Protestantismo é uma coletânea de heresias, sendo a mais importante a


Sola escirptura, que renega a t.a. e o m.i.
A Sola Escirptura é escandalosamente contraditória, uma vez se ela mesmo não
está nas Escrituras. Derrube isso, e o castelo de cartas protestantes cai. Não deixe
isso sair de foco quando discutindo com um.

- Fora da Igreja não há salvação. Desejo implícito e explícito. Ignorância invencível

Cat. De S. Pio X:
168) Pode alguém salvar-se fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana?
Não. Fora da Igreja Católica, Apostólica, Romana, ninguém pode salvar-se, como
ninguém pôde salvar-se do dilúvio fora da arca de Noé, que era figura desta Igreja.
170) Mas quem se encontrasse, sem culpa sua, fora da Igreja, poderia salvar-se?
Quem, encontrando-se sem culpa sua - quer dizer, em boa fé - fora da Igreja,
tivesse recebido o batismo, ou tivesse desejo, ao menos implícito, de o receber e
além disso procurasse sinceramente a verdade, e cumprisse a vontade de Deus o
melhor que pudesse, ainda que separado do corpo da Igreja, estaria unido à alma
dEla, e portanto no caminho da salvação.

564) É o Batismo necessário para a salvação?


O Batismo é absolutamente necessário para a salvação, porque o Senhor disse
expressamente:
Quem não renascer na água e no Espírito Santo, não poderá entrar no reino
dos céus.
565) Pode suprir-se de algum modo a falta do Batismo?
A falta do Batismo pode supri-la o martírio, que se chama Batismo de sangue, ou
um ato de amor perfeito deDeus, ou de contrição, junto com o desejo, ao menos
implícito, do Batismo, e este ato chama-se Batismo de desejo.

- Infalibilidade (o q é).

Cat. S. Pio X.
198) Quando o Papa é infalível?
O Papa é infalível só quando, na sua qualidade de Pastor e Mestre de todos os
cristãos, em virtude da sua suprema autoridade apostólica, define uma doutrina
relativa à fé e aos costumes, que deve ser seguida por toda a Igreja.

- Reconhecimento pontifício.

Bruno: não goza da infalibilidade papal. Nem sequer é emitido pelo papa, e sim
por um dicastério (departamento) pertinente da Santa Sé. É como uma “carteira
de habilitação” para movimentos.

Carteira de habilitação Reconhecimento pontifício


É atestado infalível de que você é um É atestado infalível de ortodoxia? Não.
bom motorista? Não.
Pra que a sociedade tenha uma mínima Pra que os demais membros da Igreja tenham
segurança em relação à sua capacidade uma mínima segurança em relação à
de dirigir, faz-se com que vc passe por ortodoxia do movimento, faz-se com que ele
um processo burocrático de passe por um processo burocrático de
treinamento e avaliação, e só depois avaliação, e só depois se consegue o
disso vc consegue a carteira. reconhecimento pontifício
A primeira nem é definitiva, é O primeiro nem é definitivo, é ad
provisória experimentum
Pode ser cassada Pode ser supresso
Não torna o habilitado incriticável só Não torna o movimento incriticável só por
por “não ter multa, nem Registro de “não haver autoridade eclesiástica emitindo
ocorrência pertinente a coisas do algum documento/pronunciamento contra
trânsito nem o detran não cassar a nem houver condenação/supressão pela Santa
carteira”. Sé”.
O motorista habilitado é capaz de O movimento reconhecido é capaz de errar, e
errar, e QUALQUER UM pode (ou até QUALQUER UM pode (ou até deve)
deve) criticar/denunciar o motorista em criticar/denunciar o movimento em função
função disto. disso

O CDC 1983 trata sobre em: TÍTULO V - DAS ASSOCIAÇÕES DE FIÉIS /


CAPÍTULO I - NORMAS COMUNS (Cânons 298 a 329)

Cân. 298 – associações


Cân. 299 – associações privadas
Cân. 301 – associações pública
Cân. 320 - supressão de públicas
Cân. 326 – supressão de privadas
Cân. 298 - § 1. Na Igreja existem associações, distintas dos institutos de vida
consagrada e das sociedades de vida apostólica, nas quais os fiéis, clérigos ou leigos, ou
conjuntamente clérigos e leigos, se empenham, mediante esforço comum, para fomentar
uma vida mais perfeita, ou para promover o culto público ou a doutrina cristã, ou para
outras obras de apostolado, isto é, iniciativas de evangelização, exercício de obras de
piedade ou caridade, e animação da ordem temporal com espírito cristão.
§ 2. Os fiéis dêem seu nome principalmente às associações que tenham sido erigidas,
louvadas ou recomendadas pela competente autoridade eclesiástica.*
Cân. 299 - § 1. Por acordo privado, os fiéis têm o direito de constituir associações, para
a obtenção dos fins mencionados no cân. 298, § 1, salva a prescrição do cân. 301, § 1.
§ 2. Essas associações, mesmo se louvadas ou recomendadas pela autoridade eclesiástica,
denominam-se associações privadas.
§ 3. Nenhuma associação privada de fiéis é reconhecida na Igreja, a não ser que seus
estatutos sejam revisados pela autoridade competente.*

Cân. 300 - Nenhuma associação assuma o nome de "católica", sem o consentimento da


autoridade eclesiástica competente, de acordo com o cân. 312.
Cân. 301 - § 1. Cabe unicamente à autoridade eclesiástica competente erigir associações
de fiéis que se proponham ensinar a doutrina cristã em nome da Igreja ou promover o
culto público, ou as que se proponham outros fins, cuja obtenção está reservada, por sua
natureza, à mesma autoridade eclesiástica.
§ 2. A autoridade eclesiástica competente, se o julgar oportuno, pode erigir associações
de fiéis também para a obtenção direta ou indireta de outras finalidades espirituais, cuja
consecução não se tiver assegurado suficientemente com iniciativas particulares.
§ 3. As associações de fiéis erigidas pela autoridade eclesiástica competente
denominam-se associações públicas.*

Cân. 320 - § 1. As associações erigidas pela Santa Sé não podem ser supressas, a não ser
por ela mesma.
§ 2. Por causas graves, podem ser supressas pela Conferência dos Bispos as associações
por ela erigidas; pelo Bispo diocesano, as associações por ele erigidas, bem como as
associações erigidas, mediante indulto apostólico, por membros de institutos religiosos
com o consentimento do Bispo diocesano.
§ 3. Uma associação pública não deve ser supressa pela autoridade competente, sem
antes ter ouvido seu moderador e os outros oficiais maiores.*

Cân. 326 - § 1. A associação privada de fiéis extingue-se de acordo com os estatutos;


pode também ser supressa pela autoridade competente, se sua atividade resulta em grave
dano para a doutrina ou a disciplina eclesiástica, ou é de escândalo para os fiéis.
§ 2. O destino dos bens de uma associação extinta deve ser determinado de acordo com
os estatutos, salvos os direitos adquiridos e a vontade dos doadores.*

Escandalos:
A) Um papa é capaz de afirmar heresia, errar no que tange a Fé ou a
Moral?

Sim, vide o caso de João XXII - https://fratresinunum.com/2015/02/03/um-papa-


que-caiu-em-heresia-joao-xxii-e-a-visao-beatifica-dos-justos-depois-da-morte/
Por Roberto de Mattei | Tradução: Fratres in Unum.com – Entre as verdades mais
belas e misteriosas de nossa fé está o dogma da visão beatífica das almas no Céu. A visão
beatífica consiste na contemplação imediata e intuitiva de Deus, reservada às almas
chegadas à outra via em estado de graça e completamente purificadas de toda imperfeição.
Esta verdade de fé, enunciada na Sagrada Escritura e confirmada nos séculos pela Tradição,
é um dogma irreformável da Igreja Católica.

O Novo catecismo o confirma no n.o


1023: “Os que morrem na graça e na amizade de Deus e estão perfeitamente purificados,
vivem para sempre com Cristo. São para sempre semelhantes a Deus, porque o veem ‘tal
qual é’ (1Jn 3, 2), ‘face a face’ (cf. 1 Co 13, 12)”.

No começo do século XIV, um Papa, João XXII, impugnou esta tese em seu magistério
ordinário e caiu na heterodoxia. Os católicos mais zelosos de sua época reprovaram-no
publicamente. João XXII – escreveu o cardeal Schuster – “tem graves responsabilidades ante
o tribunal da história (…)”, porque “ofereceu à Igreja inteira o espetáculo humilhante dos
príncipes, do clero e das universidades que voltaram a colocar o Papa no reto caminho da
tradição teológica católica, pondo-o na dura condição de ter que se desdizer” (Ildefonso
Schuster, O.S.B., Gesù Cristo nella storia. Lezioni di storia eclesiastica. Benedictina Editrice,
Roma, 1996, pp. 116-117).
João XXII, aliás Jacques Duèze, foi eleito ao sólio pontifício em Lyon, no dia 7 de agosto de
1316, após dois anos de sede vacante, depois da morte de Clemente XV. João XXII teve que
viver em uma época atormentada da história da Igreja, entre a espada do Rei da França,
Felipe IV, o Belo, e a parede do Imperador Luís IV, da Baviera, ambos inimigos do Primado
de Roma. Para reconfirmar a supremacia do Romano Pontífice contra os impulsos galicanos e
laicistas que serpenteavam, o teólogo agostiniano Agostinho Triunfo (1243-1328) compôs,
por encargo do Papa, entre 1324 e 1328, sua Summa de ecclesiastica potestate. Mas João
XXII entrou em choque com a tradição da Igreja em um ponto de primordial importância.
Em três sermões pronunciados na Catedral de Avignon, entre 1 o de novembro de 1331 e 5
de janeiro de 1332, ele sustentou a opinião segundo a qual as almas dos justos, inclusive
depois de sua perfeita purificação no purgatório, não gozam da visão beatífica de Deus. Só
depois da ressurreição da carne e do Juízo Final é que elas seriam elevadas por Deus à visão
da divindade. Colocadas “sob o altar” (Ap. 6. 9), as almas dos santos seriam consoladas e
protegidas pela humanidade de Cristo, mas a visão beatífica seria adiada até a ressurreição
dos corpos e o Juízo Final (Marc Dykmans em Les sermons de XXII sur la visión
béatifique, Universidade Gregoriana, Roma, 1973, publicou os textos integrais pronunciados
por João XXII; cfr. Também Christian Trottman, La vision béatifique. Des disputes
scolastiques à sa définition par Benoît XII, Ecole Française de Rome, Roma, 1995, pp. 417-
739).
O erro segundo o qual a visão beatífica da Divindade seria concedida às almas não depois do
juízo particular, mas somente após a ressurreição da carne, era antigo e já no século XIII
havia sido refutado por São Tomás de Aquino, sobretudo no De veritate (q. 8 ad 1) e
na Summa Theologica (I. q. 12, ad 1). Quando João XXII voltou a propor este erro, foi
abertamente criticado por muitos teólogos. Entre os que intervieram no debate estavam
Guillaume Durand de Saint Pourcain, bispo de Méaux (1270-1334), que acusou o Papa de
recuperar as heresias dos cátaros; o dominicano inglês Thomas Waleys (1318-1349), que
por sua resistência pública sofreu julgamento e reclusão; o franciscano Nicolás de Lira
(1270-1349) e o Cardeal Jacques Fournier (1280-1342), teólogo pontifício, autor do
tratado De statu animarum ante generale iudicium.
Quando o Papa tentou impor esta doutrina errônea na Faculdade de Teologia de Paris, o Rei
da França, Felipe VI de Valois, proibiu que a mesma fosse ensinada e, segundo conta Jean
Gerson, chanceler da Sorbonne, chegou a ameaçar João XXII com a fogueira caso ele não se
retratasse. Os sermões de João XXII totus mundum christianum turbaverunt [conturbaram
todo o mundo cristão], disse Tomás de Estrasburgo, Mestre dos Eremitas de Santo Agostinho
(cf. Dykmans, op. cit., p.10).

Na véspera de sua morte, João XXII disse que se pronunciou apenas como teólogo privado,
sem impor o magistério que ostentava. Giovanni Villani transcreve em sua Crônica uma
retratação da controvertida tese feita pelo Papa em 3 de dezembro de 1334, um dia antes de
sua morte, pressionado pelo Cardeal Dal Poggetto, seu sobrinho, e por outros parentes. No
dia 20 de dezembro de 1334 foi eleito Papa o Cardeal Fournier, que adotou o nome de Bento
XII (1335-1342).

O novo pontífice quis encerrar a questão com uma definição dogmática, a


constituição Benedictus Deus de 29 de janeiro de 1336, que assim reza: “Com nossa
apostólica autoridade definimos que, por disposição geral de Deus, as almas de todos os
Santos (…) inclusive antes da re-assunção de seus corpos e do juízo final, estiveram, estão
e estarão no Céu (…) e que estas almas vieram e veem a essência divina com uma visão
intuitiva e, mais ainda, face a face, sem a mediação de criatura alguma” (Denz-H, no. 1000).
Este artigo de fé foi reafirmado em 6 de julho de 1439 pela bula Laetentur coeli do Concílio
de Florença (Denz-H, no. 1305)
Após essas decisões doutrinárias, a tese mantida por João XXII deve ser considerada
formalmente herética, embora na época em que o Papa a negou ela não tivesse ainda sido
definida como dogma de fé. São Roberto Berlamino, que se ocupou amplamente do caso em
seu De Romano Pontifice (Opera omnia, Venetiis 1599, Lib. IV, cap. 14, coll. 841-844),
escreve que João XXII propugnou uma tese herética com a intenção de impô-la como
verdade aos fiéis, mas morreu antes de ter podido defini-la como dogma, e portanto sem
minar com a sua atitude o princípio da infalibilidade pontifícia.
O ensinamento heterodoxo de João XXII era certamente um ato de magistério ordinário
concernente à fé da Igreja, mas não infalível, porque carente de caráter definitório. Se a
Instrução Donum Veritatis, de 24 de maio de 1990, fosse aplicada ao pé da letra, este
magistério autêntico de João XXII, apesar de falho, deveria, segundo alguns, ter sido
acolhido pelos fiéis da época como um ensinamento dado por Pastores que, na sucessão
apostólica, falam com o “carisma da verdade” (Dei Verbum, no. 8), “revestidos com a
autoridade de Cristo” (Lumen gentium, no. 25), “à luz do Espírito Santo” (ibidem). Essa tese
errônea teria requerido o grau de adesão denominado “obséquio religioso da vontade e do
intelecto, enraizado na confiança na assistência divina ao magistério”, e por isso “na lógica e
sob o empuxe da obediência da fé” (Mons. Fernando Ocariz, “Osservatore Romano”, 2 de
dezembro de 2011). Portanto, em vez de resistirem abertamente às doutrinas heréticas do
Papa, os defensores da ortodoxia católica deveriam ter-se dobrado diante de seu
“magistério vivo”, e Bento XII não deveria ter oposto à doutrina de seu predecessor o dogma
de fé que nos assegura que as almas dos justos, depois da morte, gozam da Essência divina
com uma visão intuitiva e direta.
Mas, graças a Deus, alguns bons teólogos e prelados da época, movidos pelo seu sensus
fidei, recusaram publicamente seu assentimento à suprema autoridade. Uma importante
verdade de nossa fé pôde assim ser conservada, transmitida e definida. (Roberto de Mattei)

B) Um papa é capaz de falar/emitir ambiguidade? e de emitir ordem


nociva?
Sim, vide o caso de Papa Honório.
https://fratresinunum.com/2015/12/30/honorio-i-o-caso-controverso-de-um-papa-
heretico/

Por Roberto de Mattei – Corrispondenza Romana | Tradução: Hélio Dias Viana –


FratresInUnum.com: O caso do Papa Honório é um dos mais controversos da História da
Igreja, como observa com justeza Emile Amann, historiador da Igreja, no amplo estudo que
dedica à Question d’Honorius no Dictionnaire de Théologie Catholique (vol. VII, coll, 96-132).

No centro do pontificado do Papa


Honório, que reinou de 625 a 638, havia a questão do monotelismo, a última das grandes
heresias cristológicas. Para agradar o imperador bizantino Heráclio, desejoso de garantir a
paz religiosa dentro do seu reinado, o Patriarca de Constantinopla Sérgio procurou encontrar
um compromisso entre a ortodoxia católica, segundo a qual em Jesus Cristo há duas
naturezas em uma só pessoa, e a heresia monofisita, que atribuía a Cristo uma só pessoa e
uma só natureza. O resultado do compromisso foi uma nova heresia, o monotelismo,
segundo o qual a dupla natureza de Cristo era movida em suas ações por uma só operação e
uma só vontade. Tratava-se de um semi-monofisismo, mas a verdade ou é íntegra ou não é
verdade, e uma heresia moderada permanece sempre uma heresia. Sofrônio, Patriarca de
Jerusalém, estava entre os que intervieram com mais força para denunciar a nova doutrina,
que anulava a humanidade de Cristo e conduzia ao monofisismo, condenado pelo Concílio de
Calcedônia (451).
Sérgio escreveu ao Papa Honório para pedir que “no futuro a ninguém seja permitido afirmar
duas operações em Cristo nosso Deus” e obter seu apoio contra Sofrônio. Honório
infelizmente aderiu ao pedido. Em uma carta a Sérgio, afirmou que “a vontade de Nosso
Senhor Jesus Cristo era apenas uma (unam voluntatem fatemur), pelo fato de que nossa
natureza humana foi assumida pela divindade”, e convidou Sofrônio ao silêncio. A
correspondência entre Sérgio e Honório é preservada nos registros do VI Concílio Ecumênico
(Mansi, Sacrorum Conciliorum nova et amplissima Collectio, vol. XI, coll. 529-554) e foi
republicada em latim, grego e francês por Arthur Loth (La cause d’Honorius. Documents
originaux avec traduction, notes et conclusion, Victor Palmé, Paris, 1870), bem como em
grego e alemão, Georg Kreuzer, Die Honoriusfrage im Mittelalter und in der Neuzeit, Anton
Hiersemann, Stuttgart 1975).
Com o apoio do Papa, Heráclio publicou em 638 um formulário de doutrina chamado Echtesis
(“Exposição”), pelo qual impunha a nova teoria de uma só vontade divina de Jesus Cristo
como religião oficial. O monotelismo triunfou durante quarenta anos no Império bizantino.
Nessa época, o mais vigoroso defensor da fé foi o monge Máximo, dito o Confessor, que
participou de um Sínodo convocado em Latrão (649) pelo Papa Martinho I para condenar
o monotelismo. Tanto o Papa quanto Máximo foram forçados ao exílio. A Máximo, por se
recusar a subscrever as doutrinas monotelitas, foram cortadas a língua e a mão direita.
Sofrônio, Máximo e Martinho são hoje venerados pela Igreja como santos por sua indômita
resistência à heresia monotelita.
A fé católica foi finalmente restaurada pelo III Concílio de Constantinopla, o VI Concílio
Ecumênico da Igreja, que se reuniu em 7 de novembro de 680 na presença do Imperador
Constantino IV e dos representantes do novo Papa, Santo Agatão. O Concílio condenou o
monotelismo e lançou o anátema contra todos aqueles que tinham promovido ou favorecido
a heresia, incluindo o Papa Honório na condenação.
Na XIII sessão, realizada em 28 de março de 681, os Padres conciliares, após proclamar seu
desejo de excomungar Sérgio, Ciro de Alexandria, Pirro, Paulo e Pedro, todos Patriarcas de
Constantinopla, bem como o bispo Teodoro de Faran, afirmavam: “Com eles desejamos banir
da Santa Igreja de Deus e de anatematizar também Honório, outrora Papa da antiga Roma,
porque encontramos em sua carta a Sérgio que ele seguiu em tudo a sua opinião e ratificou
seus ensinamentos ímpios” (Mansi, col. 556).
Em 9 de agosto de 681, no final da XVI sessão, foram renovados os anátemas contra todos
os hereges e fautores da heresia, inclusive Honório: “Sergio haeretico anathema, Cyro
haeretico anathema, Honorio haeretico anathema, Pyrro haeretico anathema” (Mansi, XI ,
622). No decreto dogmático da XVIII sessão, em 16 de setembro, se diz que, “porquanto [o
demônio] não permaneceu inativo, ele que desde o início foi o inventor da malícia, e que se
servindo da serpente introduziu a morte venenosa na natureza humana, assim também
agora encontrou os instrumentos adequados à sua vontade: aludimos a Teodoro, que foi
bispo de Faran; a Sérgio, Pirro, Paulo, Pedro, que foram bispos dessa cidade imperial; e
também a Honório, que foi Papa da antiga Roma; (…) [Satanás] encontrou, portanto, os
instrumentos adequados, não cessou, através destes, de suscitar no corpo da Igreja os
escândalos do erro; e com expressões jamais ouvidas, disseminou entre o povo fiel a
heresia de uma única vontade e uma só operação em duas naturezas de uma [das
Pessoas] da Santíssima Trindade, ou seja, de Cristo, nosso verdadeiro Deus, e isso em
harmonia com a louca doutrina falsa dos ímpios Apolinário, Severo e Temístio” (Mansi, XI,
coll. 636-637).
As cópias autênticas dos atos do Concílio, subscritas por 174 Padres e pelo Imperador, foram
enviadas às cinco sede patriarcais, em particular à de Roma. Com a morte de Santo Agatão
em 10 de janeiro 681, os atos do Concílio, após mais de 19 meses de sede vacante, foram
ratificados por seu sucessor, Leão II. Na carta enviada em 7 de maio 683 ao Imperador
Constantino IV, o Papa escrevia: “Anatematizamos os inventores do novo erro, ou seja,
Teodoro de Faran, Ciro de Alexandria, Sérgio, Pirro, Paulo e Pedro da Igreja de
Constantinopla, e também Honório, que não se esforçou para manter pura esta Igreja
Apostólica na doutrina da tradição apostólica, mas permitiu, com uma execrável traição,
que esta Igreja sem mácula fosse manchada” (Mansi, XI, 733). Nesse mesmo ano, o Papa
Leão ordenou que as atas, traduzidas para o latim, fossem assinadas por todos os bispos do
Ocidente, e as assinaturas conservadas junto ao túmulo de São Pedro. Como enfatiza o
eminente historiador jesuíta Hartmann Grisar, “se queria assim obter a aceitação universal
do sexto Concílio do Ocidente, e isso, pelo que se conhece, ocorreu sem
dificuldade” (Analecta romana, Desclée, Roma 1899, pp. 406 -407).
A condenação de Honório foi confirmada pelos sucessores de Leão II, como atesta o Liber
diurnus romanorum pontificum e pelos sétimo (787) e oitavo (869-870) Concílios
Ecumênicos da Igreja (C. J. Hefele, Histoire des Conciles, Letouzey et Ané, Paris 1909, vol.
III, pp. 520-521).
O padre Amann julga historicamente indefensável a posição daqueles que, como o cardeal
Barônio, crêem que os atos do sexto Concílio tenham sido alterados. Os legados pontifícios
estavam presentes no Concílio e seria difícil imaginar que eles pudessem ter-se deixado
ludibriar ou tivessem produzido um relatório falso sobre um ponto tão importante e delicado
como a condenação, por herético, de um Pontífice romano. Referindo-se em seguida a
teólogos como São Roberto Belarmino, que para salvar a memória de Honório negaram a
presença de erros explícitos em suas cartas, Amann salienta que eles levantam um problema
maior do que aquele que pretendem resolver, isto é, o da infalibilidade dos atos de um
Concílio presidido por um Papa. Se de fato Honório não caiu em erro, então erraram os
Papas e o Concílio que o condenaram. Os atos do VI Concílio Ecumênico, aprovados pelo
Papa e acolhidos pacificamente pela Igreja universal, têm um força magisterial muito maior
do que as cartas de Honório a Sérgio. Para resguardar a infalibilidade, é melhor admitir a
possibilidade histórica de um Papa herege do que afrontar as definições dogmáticas e os
anátemas de um Concílio ratificado pelo Romano Pontífice. É doutrina comum que a
condenação dos escritos de um autor é infalível quando o erro é anatematizado com a nota
de heresia, enquanto não é sempre e necessariamente infalível o Magistério ordinário da
Igreja [como o exercido pelo Papa Honório em suas cartas].
Durante o Concílio Vaticano I, a Deputação da Fé enfrentou o problema, expondo uma série
de regras de caráter geral, que se aplicam não só ao caso de Honório, mas a todas as
dificuldades passadas ou que possam surgir no futuro. Não basta que o Papa se pronuncie
sobre uma questão de fé ou de costumes dirigindo-se à Igreja universal; é necessário que o
decreto do Romano Pontífice seja redigido de modo tal, que fique claro tratar-se de um
julgamento solene e definitivo, com a intenção de obrigar todos os fiéis a crer (Mansi, vol.
LII, et al., 1204-1232). Há, portanto, atos do Magistério pontifício ordinário não infalíveis,
porque privados do necessário caráter definitório, quod ad formam seu modum attinet.
As cartas do Papa Honório são desprovidas dessas características. Elas são, sem dúvida, atos
do Magistério, mas no Magistério ordinário não infalível pode haver erros e até mesmo, em
casos excepcionais, formulações heréticas. O Papa pode cair em heresia, mas não poderá
jamais pronunciar uma heresia ex cathedra. No caso de Honório, como observava o
patrólogo beneditino Dom John Chapman OSB, não se pode afirmar que ele tenha tido a
intenção de fazer um julgamento ex cathedra definitivo e vinculante: “Honório era falível,
estava errado, era um herege, precisamente porque não definiu com plena autoridade, como
deveria, a tradição petrina da Igreja de Roma” (The Condemnation of Pope Honorius [1907]
Reprint. Livros Esquecidos, Londres, 2013, p. 110). Suas cartas a Sérgio, embora tratando
de fé, não promulgaram qualquer anátema e não cumpriram os requisitos exigidos pelo
dogma da infalibilidade, promulgado pelo Concílio Vaticano I. O princípio da infalibilidade
ficou salvo, ao contrário do que pensavam protestantes e galicanos. E se Honório foi
anatematizado, explicou o Papa Adriano II no Sínodo romano de 869, “a razão é que Honório
tinha sido acusado de heresia, a única causa pela qual é permitido aos inferiores resistir a
seus superiores e rejeitar seus sentimentos perversos” (Mansi, XVI, 126). Também se
baseando nessas palavras, após analisar o caso do Papa Honório, o grande teólogo
dominicano Melchior Cano resumiu o ensino mais seguro nesses termos: “Não se deve negar
que o Sumo Pontífice possa ser herege, coisa sobre a qual se pode oferecer um ou dois
exemplos. Mas não se pode demonstrar um caso sequer em que [o Papa], ao julgar sobre a
fé, tenha definido [ex cathedra] qualquer coisa contra a fé” (De Locis Theologicis, l. VI, tr.
espanhola, BAC, Madrid 2006, p. 409).

http://zelozelatussum.blogspot.com.br/2014/12/o-papa-honorio-i-e-sao-maximo-
o.html

O PAPA HONÓRIO I E SÃO MÁXIMO, O CONFESSOR

Honório I foi um papa legitimamente eleito em 625 e que governou a Santa Igreja até
sua morte que se deu no ano de 638. Portanto governou a Igreja durante 13 anos.Na lista
dos papas legítimos da Igreja, Honório I ocupa o 70º lugar. Dizem os historiadores que
ele foi um ótimo administrador. Reconstruiu o Aqueduto de Trajano e o teto da Basílica
de São Pedro construída por Constantino. Transformou muitos ambientes pagãos em
igrejas cristãs. O essencial, porém, é que um papa seja um muro de bronze contra as
heresias. Mas, infelizmente, não o foi.
Baseada nas Sagradas Escrituras e na Tradição a Teologia Católica sempre ensinou
que em Jesus Cristo há uma só pessoa (a Pessoa Divina do Filho de Deus); mas são duas
naturezas, a divina e a humana, que tem cada uma sua vontade e sua operação; de sorte
que há em Jesus Cristo duas vontades e duas operações, isto é, a vontade e a operação
divina, a vontade e a operação humana.
A heresia que ensinava haver em Jesus Cristo uma só vontade e uma só operação,
chamava-se Monotelismo. E os seus principais chefes foram dois Bispos e Patriarcas:
Sérgio e Pirro. É bom saber que Patriarca era a maior autoridade no Oriente. O Bispo
Sérgio era Patriarca de Constantinopla; e o Bispo Pirro era Patriarca de Alexandria. Diz
São João Bosco que estes dois hereges empregaram toda sorte de meios para arrastar o
Papa Honório I a seu erro. E também o Imperador que, na época, era Constante,
favorecia os hereges. Para este fim o Bispo Patriarca Sérgio escreveu uma carta mui
subtilmente insidiosa ao Papa Honório I. Nesta carta o Bispo Patriarca Sérgio dizia que,
em vista da efervescência de opiniões, seria coisa muito prudente para se evitar tais
discussões e escândalos, proibir que se afirmasse haver em Jesus Cristo uma só vontade
e operação ou duas, e que se impusesse silêncio a respeito. E o Papa Honório I não
tendo advertido o laço que lhe havia armado o Bispo e Patriarca Sérgio, aprovou como
prudente o silêncio aconselhado por este herege. O Papa Honório I em duas cartas
dirigidas ao Bispo Sérgio (Cf. D. 251 e 252) além de expor a doutrina de maneira
ambígua (sobre as duas vontades em Jesus Cristo) cai também na cilada do Bispo e
Patriarca Sérgio. Eis, em resumo, o que escreveu o Papa Honório I nestas cartas ao
Bispo e Patriarca de Constantinopla: 1º - a ambigüidade: Ele afirma que em Jesus
Cristo há uma só vontade. A primeira vista e não lendo todo o contexto, e, sobretudo,
escrevendo para o Bispo Sérgio que erradamente dizia haver uma só vontade em Jesus
Cristo, esta afirmação de Honório I parecia herética. Mas, na verdade, ele queria apenas
dizer uma vontade moral, e não física; em outras palavras, ele queria dizer que em Jesus
Cristo não podia haver duas vontades contrárias, como acontece conosco pecadores, em
que pela concupiscência encontram-se em nós a vontade do espírito e a vontade da
carne. Então todos os teólogos dizem que no contexto a doutrina era ortodoxa, mas dado
o contexto histórico, ou seja, naquelas circunstâncias, o Papa Honório I deu ocasião para
ser mal interpretado, ou melhor dizendo, ele deu azo para ser malevolamente
interpretado pelos hereges monotelitas.
Além desta falha, ou seja a ambigüidade, que é sempre um mal, mas que se torna mais
desastrosa na época de heresia, Honório I teve uma outra falha não menos perniciosa:
foi negligente e consequentemente imprudente, fazendo não o que os teólogos
ortodoxos, como São Máximo monge e São Sofrônio bispo, ensinaram segundo a
Tradição e as Sagradas Escrituras, mas deu ouvidos com facilidade, para não dizer com
displicência, aos Bispos e Patriarcas hereges Sérgio e Pirro.
Eis algumas de suas palavras: "Não nos devemos preocupar em dizer ou entender que
em Jesus Cristo, por causa das obras da divindade e da humanidade, seja uma ou duas
operações. Deixamos estas coisas para os gramáticos discutirem... Nós, porém, não
percebemos pelas Sagradas Escrituras, se (em Jesus Cristo) é uma ou se são duas
operações, mas vemos que Ele opera de muitas maneiras."... "Portanto, para evitar o
escândalo de uma nova invenção, não nos interessa pregar definindo se é uma ou se são
duas operações". E depois o Papa Honório I diz que se pode falar em duas naturezas,
mas não se deveria empregar a expressão "duas operações". Em latim está assim:
"ablato geminae operationis vocabulo".
Agora vejamos a atitude de São Máximo, o Confessor. Na verdade, não foi só ele que
não obedeceu ao Papa Honório I, mas, entre muitos outros podemos citar ainda: São
Sofrônio que era Bispo e dois discípulos de São Máximo ambos chamados Anastácio.
Um era núncio do Papa, e o outro era monge. Mas vamos falar só de São Máximo, o
Confessor. D. Antônio de Castro Mayer na sua carta pastoral "Aggiornamento e
Tradição" diz: "Entre os que continuaram a ensinar as duas vontades em Jesus
Cristo está o grande São Máximo, chamado o Confessor porque selou com o
martírio sua fidelidade à doutrina católica tradicional".
São Máximo se tornou um dos homens mais sábios do século VII. Sua capacidade era
tanto mais notável quanto a cobria uma grande humildade.
Embora em consciência viu claramente que não podia obedecer ao Papa Honório I, no
entanto, nunca lhe faltou o respeito, e na medida do possível, procurou até defender o
Papa Honório I. Por exemplo, numa carta a um padre chamado Marino, São Máximo
faz ver que os Santos Padres da Igreja reconhecem em Jesus Cristo duas vontades e diz:
"Eu estou mesmo persuadido de que o Papa Honório, falando em sua carta a Sérgio
de uma vontade, não negou as duas vontades naturais, mas ao contrário, as
estabelece. Pois ele somente negou a vontade carnal e viciosa. A razão que dá prova-
o, isto é, que a divindade tomou nossa natureza e não nosso pecado".
São Máximo, apesar da proibição do Papa Honório I, teve uma disputa pública com o
Bispo Pirro, Patriarca de Alexandria, e companheiro de heresia do Bispo e Patriarca
Sérgio. Pois bem! São Máximo conseguiu refutar o Bispo Pirro e este terminou
abjurando a heresia do monotelismo. Mas, talvez influenciado pelas fraquezas que teve
o papa Honório I, infelizmente recaiu na heresia.
Como acontecera com o Arianismo, favorecido pelo Papa Libério (embora isto seja
nebuloso) e pelos imperadores, e, por outro lado, combatido por mais de quarenta anos
seguidos por Santo Atanásio, o Monotelismo foi favorecido pelo Papa Honório I e
também pelos imperadores.
Quase 1200 anos mais tarde, se discutia no Concílio Vaticano I, a proclamação do
dogma da Infalibilidade papal, e os adversários da definição, puseram sobre o tapete a
chamada questão de Honório I, e se procedeu a um estudo de todas as fontes
documentais e se rechaçou a objeção como infundada.
1º - A defesa de Honório I, feita pelo próprio São Máximo, como já vimos.
2º- A defesa feita por alguns papas. Por exemplo: o Papa João IV (640-642) dá, das
palavras de seu antecessor o papa Honório I, a mesma explicação dada por São
Máximo, que referimos acima.
3º - A maior objeção contra Honório I, foi o III Concílio de Constantinopla, que foi o
VI Concílio Ecumênico na Igreaja (680). Neste Concílio os bispos (que eram em
número de 160) condenaram os monotelitas como hereges e entre eles o papa Honório I.
Mas é preciso lembrar uma verdade básica sobre um Concílio Ecumênico. E é o
seguinte: Os bispos num Concílio Ecumênico são infalíveis em questão de fé e moral.
Mas não podemos esquecer que para tanto é absolutamente necessária a confirmação do
Papa. Do contrário não é infalível. Pois bem! O que aconteceu neste Concílio de
Constantinopla III? Todos os bispos condenaram o Papa Honório como herege. Mas o
Papa São Leão II, não aprovou esta condenação de Honório I como herege. É certo que
aprovou a condenação dos monotelitas como hereges. Mas quanto ao Papa Honório I,
aprovou a sua condenação, ou seja, o lançamento do anátema, não por ter sido herege,
mas por ter favorecido a heresia por sua ambiguidade, negligência e omissão. Eis então
a condenação do Papa Honório I feita pelo Papa São Leão II: "Anatematizamos
também Honório (Papa) que não ilustrou esta Igreja Apostólica com a doutrina da
tradição apostólica, mas permitiu, por sua traição sacrílega, que fosse maculada a fé
imaculada (...) "e não extinguiu, como convinha à sua autoridade apostólica, a
chama incipiente da heresia, mas a estimulou por sua negligência". ( Denz-Sch. 563
e 561).
O Papa Adriano II diz que Honório I foi condenado pelos bispos orientais como
herético. Sabemos que os bispos reunidos no 3º Concílio de Constantinopla realmente
incluíram o papa Honório I na condenação dos monotelitas como hereges. Mas, como
acabamos de ver, a decisão de um Concílio mesmo Ecumênico, depende da aprovação
do Papa. E São Leão II aprovou o anátema contra os monotelitas por serem heréticos,
mas, quanto ao papa Honório I, lançou um anátema em separado, ou seja, como
favorecedor de heresia por ambiguidade, negligência e omissão. E, em um papa, estas
faltas são realmente merecedoras de anátema.
Vamos resumir aqui as falhas do Papa Honório I:
1º - O Papa Honório I foi ambíguo em expor a verdade. E isto é objetivamente muito
grave da parte de um papa. E se torna mais grave ainda se a ambiguidade é sobre uma
verdade pregada pela Tradição da Santa Igreja e que está sendo negada pelos hereges
como foi o caso. E vejam bem, caríssimos leitores. Apesar de alguns papas sucessores
de Honório I terem procurado dar a interpretação ortodoxa da exposição ambígua de
Honório I, no entanto, a heresia continuou, alimentada sempre pela fraqueza de Honório
I. A ambiguidade é como algo inflamável. Mas, se uma tubulação de gaz está com
algum vazamento, é claro que as pessoas de bem evitarão qualquer faísca; mas, não
faltará um terrorista para lançar de propósito a faísca. Então, não é suficiente, colocar
um aviso alertando para o perigo. Chama-se imediatamente o Corpo de Bombeiros para
eliminar o vazamento. Na verdade, o papa Honório I fora ambíguo. Não resolveu o
problema o fato de alguns papas sucessores de Honório alertarem para não se lançar
nenhuma faísca herética. Mas a ambiguidade continuava. Consequentemente também o
perigo. Então, que fez o Papa Leão II. Eliminou a causa, eliminou a mal pela raiz.
Condenou o Papa Honório I pela sua ambiguidade e negligência. E, assim, a heresia do
Monotelismo só acabou mesmo depois que São Leão condenou expressamente e de
maneira enérgica, as falhas de Honório I. E, para sermos mais preciso, a heresia ainda
sobreviveu alguns poucos anos após a condenação de Honório feita pelo Papa São Leão
II; mais ou menos como uma roda de uma máquina que, mesmo depois de desligada da
energia elétrica, ainda trabalha mais um pouco pelo impulso anteriormente recebido. É
bom, caríssimos leitores, para se avaliar melhor o mal que Honório I causou à Igreja,
saber que a heresia do Monotelismo durou mais de 40 anos. O papa Honório I morreu
no ano de 638 e o Papa São Leão II condenou-o no ano 680.
2º- Além da ambiguidade, a segunda falha do Papa Honório I foi a imprudência.
Se o pastor e guia, não vigia, ai do rebanho!!! Os hereges, sobretudo os saídos da
própria hierarquia da Igreja (e a maioria o é) são astutos, são lobos com peles de ovelha.
Então, o guia supremo da Igreja, o Papa, deve estar muito atento para não cair nas
ciladas dos seus inimigos. Aliás, não é precisamente isto que a Santa Madre Igreja nos
ensina a rezar?! ..."et non tradat eum in animam inimicorum ejus"? (Oração pelo Sumo
Pontífice na bênção do SS. Sacramento). E pedimos a Deus na Ladainha de Todos os
Santos: "Para que Vos digneis conservar em santa Religião o Sumo Pontífice".
Como diz São Leão II, a atitude de Honório I foi uma "traição sacrílega", porque,
como papa, ele tinha obrigação de vigiar e, notando que a fumaça, ou melhor, a chama
de Satanás estava começando, ele, como autoridade apostólica e suprema, tinha o grave
dever de extingui-la inteira e imediatamente; e, não só não o fez, mas alimentou esta
mesma chama com a ambiguidade e negligência e, sobretudo tendo a fraqueza de impor
silêncio aos santos e doutos homens da Igreja, São Máximo e São Sofrônio que
defendiam a verdade contra os bispos e patriarcas hereges. Ainda bem que estes
homens, hoje canonizados pela Igreja, não obedeceram ao Papa Honório I. Não faltaram
o respeito ao Papa Honório I, que favorecia a heresia; nem tão pouco caíram no
SEDEVACANTISMO.
Para terminar,vejamos as lições que nos dá São Máximo, o Confessor: Quando um
papa, por sua negligência e/ou imprudência, favorece a heresia, em consciência diante
de Deus, não podemos obedecer; não podemos segui-lo. Aí, devemos obedecer antes a
Deus que aos homens. O Papa Honório I proibiu que se falasse em duas operações em
Jesus Cristo. São Máximo não obedeceu e continuou pregando a verdade da Tradição.
Talvez, na época, o monge Máximo fosse considerado desobediente e rebelde. Mas hoje
sabemos que um papa e aliás, um papa santo, ou seja São Leão II condenou o Papa
Honório I como Traidor da Tradição; e o monge Máximo foi canonizado pela Igreja e
recebeu o epíteto de "o Confessor". De fato desobedeceu ao Papa, para confessar a
Tradição.
O que o Papa Honório I fez moralmente contra São Máximo, fê-lo também
fisicamente o Imperador que era monotelita. Este também proibiu São Máximo de
continuar pregando que em Cristo há duas operações e duas vontades. Como São
Máximo não obedeceu, o imperador mandou o carrasco lançá-lo na prisão, açoitá-lo e
finalmente mandou cortar-lhe a língua e a mão direita.
São Máximo é venerado na Igreja como mártir e "o Confessor" no dia 13 de agosto.
Caríssimos e amados leitores, invoquemos a São Máximo que nos obtenha junto a
Nosso Senhor Jesus Cristo as luzes e a força necessárias para defendermos a Santa
Madre Igreja contra as ciladas dos modernistas, contra a fumaça de Satanás, contra a
autodemolição desta amada "Esposa de Nosso Senhor Jesus Cristo". Peçamos,
outrossim, a Nosso Senhor Jesus Cristo que nos livre do Sedevacantismo; que nos livre
de toda rebelião contra a autoridade em si. Que nos dê a firmeza para obedecermos
antes a Deus que aos homens, quando as autoridades legítimas nos mandarem algo
contra a Lei de Deus. Mas, mesmo nestes casos de resistência às autoridades, que Deus,
Nosso Senhor, nos guarde de qualquer desrespeito, insulto à autoridade em si mesma.
Amém!
C). Favorecer hipócritamente um erro (Pedro)
2 — 1 Catorze anos depois, subi novamente a Jerusalem
com Barnabe, tomando tambem comigo a Tito.
2 Subi, em consequencia de uma revelacao; conferi
com eles o Evangelho que prego entre os gentios e (conferi)
particularmente com aqueles que eram de maior
consideracao, a flm de nao correr ou de nao ter corrido
inutilmente. 3 Ora nem mesmo Tito, que estava comigo,
sendo grego, foi obrigado a eircuncidar-se, 4 e isto por
causa dos falsos irmaos, que se intrometeram a espiar
a liberdade, que temos em Jesus Cristo, para nos reduzirem
a escravidao (querendo obrigar-nos a observancia
dos ritos mosaicos), b Aos quais, nem um so instante,
cedemos, para que permaneca entre vos a verdade do
Evangelho. 6 Quanto porem aqueles que tinham grande
autoridade, (quais tenham sido noutro tempo, nao me
importa, pois Deus nao faz acepcao de pessoas) esses,
digo, que tinham grande autoridade, nada me impuseram.
7 Autes pelo contrario, tendo visto que me tinha
sido couQado o Evangelho para os nao circuncidados,
como a Pedro para os circuncidados, 8 (porque quem
fez de Pedro o Apostolo dos circuncidados. tambem fez
de mim o Apostolo dos gentios) 9 e tendo reconhecido
a graca qne me foi dada, Tiago, Cefas e Joao, que eram
considerados as colunas (da Igreja), deram as maos a
mim e a Barnabe, em sinal de comunhao, para que
fossemos aos gentios, e ele aos circuncidados, 10 (recomendando)
somente que nos lembrassemos dos pobres
(da Jud eia); o que eu fui solicito em cumprir.
11 Mas, tendo vindo Cefas a Antioquia, eu lhe R
resisti na cara, porque merecia repreensao, 12 pois Antio-”
que antes que chegassem alguns de Tiago, ele comia quia.
com 08 gentios, mas, depois que chegaram, retirava-se
€ separava-se (dos gentios), com receio dos que eram
circuncidados. 13 Us outros judeus imitaram-no na
sua dissimulacao, de sorte que ate Barnabe foi induzido
por eles aquela simulacao. 14 Porem eu, tendo
visto que eles nao andavam direitamente, segundo a
verdade do Evangelho, disse a Cefas, diante de todos:
≪Se tu, sendo judeu, vives como gentio e nao como
judeu, por que obrigas os gentios a judaizar?≫
15 Nos somos judeus, por nascimento, e nao pecadores
dentre os gentios.

- Comentário de S. Tomás de Aquino sobre a epístola aos Gálatas

http://permanencia.org.br/drupal/node/994#footnoteref25_kxllfuz

a) Santo Tomás de Aquino. Ensina o Doutor Angélico, em diversas de suas obras,


que em casos extremos é lícito resistir publicamente a uma decisão papal, como
São Paulo resistiu em face a São Pedro:
"(...) havendo perigo próximo para a fé, os prelados devem ser arguidos, até
mesmo publicamente, pelos súditos. Assim, São Paulo, que era súdito de São
Pedro, arguiu-o publicamente, em razão de um perigo iminente de escândalo em
matéria de Fé. E, como diz a Glosa de Santo Agostinho, "o próprio São Pedro deu o
exemplo aos que governam, a fim de que estes afastando-se alguma vez do bom
caminho, não recusassem como indigna uma correção vinda mesmo de seus
súditos" (ad Gal 2, 14)" 25.
No comentário à Epístola aos Gálatas, ao estudar o episódio em que São Paulo
resistiu em face a São Pedro, assim escreve Santo Tomás:
"A repreensão foi justa e útil, e o seu motivo não foi leve: tratava-se de um perigo
para a preservação da verdade evangélica (...).
"O modo como se deu a repreensão foi conveniente, pois foi público e manifesto.
Por isso, São Paulo escreve: "Falei a Cefas", isto é, a Pedro, "diante de todos", pois
a simulação praticada por São Pedro acarretava perigo para todos. -- Em 1 Tm 5,
20, lemos: "aos que pecarem, repreende-os diante de todos". Isso se há de
entender dos pecados manifestos, e não dos ocultos, pois nestes últimos deve-se
proceder segundo a ordem própria da correção fraterna"26.

Santo Tomás observa ainda que a referida passagem da Escritura contém


ensinamentos tanto para os prelados quanto para os súditos:
"Aos prelados (foi dado exemplo) de humildade, para que não se recusem a aceitar
repreensões da parte de seus inferiores e súditos; e aos súditos (foi dado) exemplo
de zelo e liberdade, para que não receiem corrigir seus prelados, sobretudo quando
o crime for publico e redundar em perigo para muitos"27.

- Comentário de S. Tomás de Aquino sobre se é lícito julgar

Bruno: Sim, jujubas, é licito julgar

https://sumateologica.wordpress.com/2014/07/01/tomas-responde-e-licito-julgar/

Parece que não é lícito julgar:


1. Com efeito, só se inflige castigo a uma ação ilícita. Ora, os que julgam são ameaçados de um castigo,
de que está isento quem não julga, como diz o Evangelho: “Não julgueis, se não quereis ser julgados” (Mt
72, 1). Logo, julgar é ilícito.
2. Além disso, diz também a Escritura: “Quem és tu para julgar o servo alheio? Só depende de seu senhor
que ele caia ou fique de pé” (Rm 14, 4). Ora, o Senhor de todos é Deus Logo, a nenhum homem é lícito
julgar.
3. Ademais, ninguém é sem pecado: “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós
mesmos”, diz João (I Jo 1, 8). Ora, não é permitido ao pecador julgar, segundo o testemunho da Carta
aos Romanos: “Quem quer que sejas, és inescusável, ó homem que julgas. Pois, naquilo que julgas os
outros a ti mesmo te condenas, praticando aquilo que julgas” (2, 1). Logo, a ninguém é lícito julgar.
EM SENTIDO CONTRÁRIO, está escrito no Deuteronômio: “Estabelecerás juízes e magistrados em todas
as tuas portas, para que julguem o povo com justiça” (16, 18).

O julgamento é lícito na medida em que é um ato de justiça. Ora, como já se explicou,


para que o julgamento seja um ato de justiça, se requerem três condições: 1º que proceda de uma
inclinação vindo da justiça; 2º que emane da autoridade competente; 3º que seja proferido segundo a reta
norma da prudência. A falta de qualquer desses requisitos torna o juízo vicioso e ilícito. Assim, em
primeiro lugar, se vai contra a retidão da justiça, é perverso e injusto. Em seguida, se alguém julga sem
autoridade, o juízo será usurpado. Enfim, se carece da certeza, quando, por exemplo, se julga de coisas
duvidosas e obscuras, apoiando-se em simples conjecturas, o juízo será qualificado de suspeito e
temerário.
Quanto às objeções iniciais, portanto, deve-se dizer que:
1. No lugar citado, o Senhor proíbe o juízo temerário, tendo por objeto as intenções secretas do coração
ou outros domínios incertos, como diz Agostinho. Ou então, interdiz que se julgue das coisas divinas, pois
estando acima de nós, não as devemos julgar mas crer nelas simplesmente, assim o explica Hilário. Ou
condena todo julgamento inspirado não pela benevolência, mas pelo ressentimento amargo. Tal é a
interpretação de Crisóstomo.
2. O juiz é constituído ministro de Deus. Por isso, diz a Escritura: “Julgai segundo a justiça” (Dt 1, 6). E
acrescenta: “Tal é o juízo de Deus”.
3. Os que estão em pecados graves não devem julgar os culpados das mesmas altas ou de faltas
menores, como explica Crisóstomo. Mas, sobretudo, se os pecados são públicos, pois isso provocaria o
escândalo nos corações dos outros. Se não são públicos, mas ocultos, e a necessidade do ofício exija
que se julgue com urgência, pode-se argüir ou julgar, fazendo-o com humildade e temor. Daí a exortação
de Agostinho: “Se nos encontrarmos no mesmo vício, havemos e gemer juntos, incitando-nos
reciprocamente aos mesmos esforços”. Contudo, nem por isso o homem que julga se condena a si
mesmo, incorrendo em uma nova condenação, a não ser que, condenando os outros, ele se mostre
merecedor de condenação semelhante por estar no mesmo pecado ou em pecado semelhante.
Suma Teológica II-II, q.48, a.2

- Desobediência e cisma

CDC 1983

Cân. 751 - Chama-se heresia a negação pertinaz, após a recepção do batismo, de


qualquer verdade que se deva crer com fé divina e católica, ou a dúvida pertinaz a
respeito dela; apostasia, o repúdio total da fé cristã; cisma, a recusa de sujeição ao Sumo
Pontífice ou de comunhão com os membros da Igreja a ele sujeitos.*

Cân. 752 - Não assentimento de fé, mas religioso obséquio de inteligência e vontade
deve ser prestado à doutrina que o Sumo Pontífice ou o Colégio dos Bispos, ao
exercerem o magistério autêntico, enunciam sobre a fé e os costumes, mesmo quando
não tenham a intenção de proclamá-la por ato definitivo; portanto, os fiéis procurem
evitar tudo o que não esteja de acordo com ela.

Bruno: Mas fica óbvio, portanto, que tais coisas valem diante de ordens aceitáveis. Diante
de coisas inaceitáveis, não valem.
É necessário ver qual é a matéria emitida pelo Pontífice. Se for irrepreensível, devemos nos
submeter. Se for iníqua ou em virtude de um espírito iníquo, não podemos nos submeter, e
isto não configurará ato cismático.

https://www.fsspx.com.br/quando-obedecer-e-rebeldia/

O grande São Bernardo ensina: “Aquele que faz um erro porque lhe mandam, faz menos um ato de
obediência que de rebeldia. Faz uma inversão das coisas: deixa de obedecer a Deus, para obedecer aos
homens”. (Cf. Oeuvr Completes de S. Bernard, Charpentier, Tomo I, Episto VII).

http://recadosdoaarao.com.br/carrega.php?cat=22&id=5150

Em outras palavras, a obediência não nos exime da responsabilidade sobre


nossos atos. Se alguma autoridade nos ordena algo que seja reprovável,
“deve-se obedecer antes a Deus que aos homens” (At V,29).
Ensina São Bernardo de Claraval: “Aquele que faz o mal sob o pretexto
de obediência, faz antes um ato de rebeldia do que de obediência”.
E São Tomás de Aquino: “Nenhum preceito tem força de lei a não ser
por sua ordem ao bem comum.” – “Toda lei se ordena para a comum
salvação dos homens e somente daí tem força e razão de lei, e, na medida
em que falta a isso, não tem força de obrigar” (I-IIae., q. 90 e 96, a 6).
E também São Francisco de Sales: “Muitos se enganaram
redondamente (...) os quais julgaram que ela (a obediência) consistia em
fazer a torto e a direito tudo o que nos pudesse ser mandado, ainda que
fosse contra os mandamentos de Deus e da Santa Igreja” (Entretiens
Spirituels, c. XI).
Diz ainda o Papa São Félix III (+492): “É aprovar o erro não lhe
resistir, é sufocar a verdade não a defender (...) Todo aquele que deixa de
se opor a uma prevaricação manifesta pode ser tido como um cúmplice
secreto” (citado por Leão XIII, em sua carta aos bispos italianos, de
8/XII/1892).
E a Declaração Coletiva dos Bispos alemães, confirmada pelo Beato
Papa Pio IX, diz o seguinte: “A Igreja Católica não é uma sociedade na qual
é aceito aquele princípio imoral e despótico pelo qual se ensina que a ordem
do superior em qualquer caso exime (os súditos) da responsabilidade
pessoal” (Denz. Sch. 3116).
Completa Leão XIII: “Desde que falta o direito de mandar ou o mandato
é contrário à razão, à Lei eterna, à autoridade de Deus, então é legítimo
desobedecer aos homens a fim de obedecer a Deus” (Encíclica Libertas
Praestantissimum, n.15).

Estado de necessidade

Bruno: tal desobediência é lícita, em virtude de um estado de necessidade,


coisa que é legitimada até no CDC 1983

https://www.fsspx.com.br/breve-catecismo-do-estado-de-necessidade/

Que é o que é o “estado de necessidade”?


Os Códigos (CIC 1917, Cânon 2.205, n. 2 e 3; NCIC 1983, Cânones 1323 n. 4 e 1324 n. 1 e 5) falam do
estado de necessidade. No entanto, não explicitam o que se deve entender sob esse termo, deixam a
precisão de sua significação para a jurisprudência e os doutores.
Não podemos tirar alguma definição do estado de necessidade do contexto dos Cânones?
Do contexto resulta que a necessidade é um estado em que os bens necessários à vida são postos em
perigo de tal modo que, para sair deste, é inevitável a violação de certas leis.
Se o objeto da lei e procurar o bem da Igreja, como é que no caso de necessidade, se precisa a
violação da lei para conseguir esse bem?
A lei rege o que acontece em geral, mas não as situações particulares. Por tanto, nalgumas situações
particulares, pode que a lei comum não seja adequada para conseguir o fim procurado pelo legislador.
Que acontece nesse caso?
Nesse caso, acontece que, para atuar em bem da Igreja, aplicam-se princípios mais elevados e generais
do direito, ainda quando esses violem aparentemente as disposições comuns do direito.
Pode dar algum exemplo prático dessa doutrina?
Sim. O direito comum não permite utilizar os serviços dum sacerdote cismático (ortodoxo por exemplo)
para receber os sacramentos, embora seja verdadeiramente ordenado. Mas no caso de perigo de morte
do penitente, e se não há maneira de se dirigir com um sacerdote católico, a Igreja permite se confessar e
receber os sacramentos da mão do sacerdote cismático, em razão da necessidade criada pelo perigo de
morte.
Quais são as conseqüências dessa doutrina respeito às penas previstas pelo Direito?
O Código reconhece a necessidade como uma circunstância que isenta de qualquer penalidade no caso
de violação da lei (Cânon 1323, 4 do novo Código) desde que a ação não seja em si, intrinsecamente
perversa ou não cause prejuízo às almas; neste último caso, a necessidade seria apenas uma atenuante
da pena. Mas nenhuma penalidade «latae sentenciae» pode atingir quem agiu em tais circunstâncias
(Novo Código, Cânon 1324, n. 3).
Quando pode existir na Igreja o estado de necessidade?
Na Igreja, como na sociedade civil, é concebível um estado de necessidade ou de urgência que não pode
ser submetido às normas do direito positivo. Uma tal situação existe na Igreja, quando a persistência, a
ordem ou a atividade da Igreja são ameaçadas ou lesadas de maneira considerável. Esta ameaça pode
incidir principalmente sobre o ensinamento, a liturgia e a disciplina eclesiástica.
Existe de fato o estado de necessidade na Igreja?
Sim. A sua existência tem sido reconhecida pelos últimos papas. Paulo VI falava da “fumaça de Satanás
que invadiu o recinto da Igreja”, assim como de “um pensamento de tipo não católico que chegara a
prevalecer na Igreja”; João Paulo II afirmou que os católicos “se sentem dispersos, confusos, perplexos e
até desiludidos; foram espalhadas a mãos cheias idéias contrarias a Verdade revelada e sempre
ensinada; propagaram-se verdadeiras heresias nos campos dogmático e moral, criando duvidas,
confusões e rebeliões; também a liturgia foi violada” ; Bento XVI, justo antes de ter sido elegido à cátedra
de Pedro, falou da Igreja como duma barca que face água por todas partes.
Quais são as conseqüências que podemos tirar, caso da existência do estado de necessidade?
O estado de necessidade justifica o direito de necessidade. O direito de necessidade na Igreja é a soma
das regras jurídicas que valem em caso de ameaça contra a perpetuidade ou a atividade da Igreja.
Quando pode ser reivindicado este direito de necessidade?
Este direito de necessidade só pode ser reivindicado quando se esgotaram todas as possibilidades de
restabelecer uma situação normal com base no direito positivo.
Mais concretamente, qual é a extensão do direito de necessidade?
O direito de necessidade comporta também a autorização positiva de tomar as medidas, lançar as
iniciativas, criar os organismos que são necessários para que a Igreja possa continuar sua missão de
pregar a verdade divina e dispensar a graça de Deus.
Quais são os limites desse direito de necessidade?
O direito de necessidade justifica somente as medidas que são necessárias para a restauração das
funções da Igreja. É preciso observar o princípio da proporcionalidade.
Existe uma obrigação de utilizar este direito de necessidade?
A Igreja e seus órgãos, antes de tudo, têm o direito mas também o dever, de tomar todas as medidas
necessárias para afastar os perigos.
Que é o que podem fazer os pastores da Igreja numa situação de necessidade?
Em uma situação de necessidade, os Pastores da Igreja podem tomar medidas extraordinárias para
proteger ou restabelecer a atividade da Igreja. Se um órgão não executa suas funções necessárias ou
indispensáveis, os outros órgãos têm o direito e o dever de utilizar o poder que têm na Igreja a fim de que
a vida da Igreja seja garantida e seu fim atingido. Se as autoridades eclesiásticas se recusam a isso, a
responsabilidade dos outros membros da Igreja cresce, mas também cresce sua competência jurídica.

CDC 1983

Cân. 1323 - Não é passível de nenhuma pena, ao violar a lei ou o preceito: 1º quem
ainda não completou dezesseis anos de idade;
2º quem, sem sua culpa, ignorava estar violando uma lei ou um preceito; a inadvertência
e o erro equiparam-se à ignorância;
3º quem agiu por violência física ou por caso fortuito, que não pôde prever ou, se
previu, não pôde remediar;
4º quem agiu forçado por medo grave, embora relativo, ou por necessidade, ou por
grave incômodo, a não ser que se trate de ato intrinsecamente mau ou que redunde em
dano das almas;

Referencias: catecismo de são pio x, CDC... citar as demais


Aula 2: - Liberalismo. Liberdade, Igualdade e Fraternidade.
- Maçonaria (Conjuração anticristã) e o plano de infiltração na Igreja. Maçons
com e sem avental.
- Modernismo. Resumo dos 6 tipos. Alguns começaram a se infiltrar na Igreja
e seus ensinos se difundiram.
- "Filhos espirituais" do liberalismo no seio da Igreja: liberdade religiosa,
democracia de governo, falso ecumenismo/irmãos separados.
- Nova Teologia (Loisy, Chardin, Blondel. Consequencia de seus
pensamentos. “Filhos espirituais” deles). Presença da Nova Teologia no CV II
(Do Liberalismo à apostasia).
- CV II e bastidores (O Reno se lança no Tibre) (será necessário??)
- Hermenêutica da Continuidade e crítica à mesma.

Referências: o liberalismo é pecado, A conjuração anticristã, site da


permanência
Aula 3: - Missa Nova: um caso de consciência
- RCC
-TL
- História dos tradicionalistas (esquema em forma de tabela)

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