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As condicionantes da acção

Entende - se por condicionantes da acção:


1- Os limites que factores internos e externos
- -
.rrnpoe a' nossa acçao.

2 - As possibilidades que factores externos e


internos conferem às nossas acções.
Condicionantes físicas, biológicas e psíquicas
A nossa constituição genética impõe - nos limites:
não podemos voar como algumas aves, não
podemos viver dentro de água como os peixes e
se nascermos com mãos pequenas e baixa
estatura é quase impossível ser jogador da NBA.
Mas somos dotados de inteligência e
criatividade que nos permitem voar de avião,
passar bastante tempo debaixo de água.
AS CONDICIONANTES BIOLÓGICAS
Somos seres com um programa genético aberto e
flexível.
Programa genético aberto - Programa constituído por um
conjunto de genes que não determinam de forma
absolutamente rígida características e
comportamentos.
Programa genético fechado - Programa constituído por
um conjunto de instruções genéticas que controlam de
forma muito rígida quase todos os aspectos do
comportamento de um ser, deixando pouco espaço
para que as relações com o meio exerçam a sua
influência.
Somos seres com um programa genético aberto e
flexível.
Imagine que a maioria dos nossos comportamentos são
biologicamente herdados, como se fôssemos abelhas.
Quanto mais comportamentos herdamos por via
biológica menos comportamentos podemos
aprender. Sabemos que as abelhas apresentam
comportamentos muito complexos mas são os únicos
que pode realizar porque quase toda a sua conduta
está determinada geneticamente. O ser humano não
está submetido ao determinismo biológico.
Somos seres com um programa genético aberto e flexível.
Dependemos mais do que fazemos com o que nos é dado
do que do que nos é dado. A relativa indeterminação
biológica, o facto de os nossos comportamentos não
serem rigidamente controlados pela nossa herança
genética, abre ao ser humano a possibilidade de auto-
determinação, e torna - o essencialmente uma criatura
social e cultural. Inacabados e desprotegidos pela
natureza, cabe aos seres humanos completar o seu
projecto por si próprios, usando a razão e a reflexão,
que só eles têm.
No ser humano a adaptação cultural prevaleceu ao
longo da história sobre a adaptação biológica. Graças
à cultura o homem pode adaptar - se modificando o
seu próprio meio e não simplesmente ajustando - se
a ele. Quando graças à cultura o ser humano modifica
o seu meio de modo a torná - lo mais favorável no
que respeita à satisfação das suas necessidades ou à
sua sobrevivência, diz - se que a cultura tem uma
função adaptativa. Trata - se de uma adaptação
criativa e inventiva. Enquanto, por exemplo, as outras
espécies animais adaptam o seu corpo ao alimento
que podem consumir, o ser humano adaptou o
alimento ao seu corpo e assim se tornou omnívoro.
Não nos adaptamos a um determinado meio como
uma chave se adapta a uma fechadura.
Transformamos o meio mediante a nossa
imaginação e as nossas capacidades de raciocínio e
de reflexão. Somos <<programados para aprender»,
Temos, em comparação com os outros animais, a
possibilidade de agir segundo normas e padrões de
comportamento aprendidos, de modificar as
aprendizagens efectuadas. Assim, há em nós um
reduzido conjunto de comportamentos de base
instintiva e estereotipada.
As condicionantes psicológicas
As nossas acções também dependem das nossas
características psicológicas.
Se decido deixar de fumar, a realização dessa
decisão - a acção de deixar de fumar - vai depender
em parte da minha força de vontade, da capacidade
de persistência e do grau de motivação.
As condicionantes socio - culturais
Para aprender e desenvolver a capacidade de
adaptação não basta um programa genético aberto
nem um cérebro complexo. Isso é necessário mas
não suficiente. É necessário um meio que ensine e
permita aprender. Esse meio são as outras pessoas.
Estas actuam sobre cada indivíduo desde que nasce
- e mesmo antes. Através delas e do que
transmitem e ensinam, o indivíduo biologicamente
muito indeterminado quanto à sua conduta,
aprenderá a comportar - se de acordo com o que o
grupo social exige.
As condicionantes socio - culturais
A acção humana depende do contexto cultural e social em
que se realiza.
Posso querer casar com 4 mulheres mas as leis e
costumes do meu país não o permitem. Posso desejar
ficar com todo o rendimento do meu trabalho mas as
leis em vigor exigem que pague impostos sobre
rendimentos. Uma mulher poderia querer participar na
vida política do seu país há 70 anos atrás mas não tinha
como agora o direito de votar nem de ser eleita.
As condicionantes socio -culturais
A SOCIALIZAÇÃO (1)
,
E um constante processo de aprendizagem que nos
torna relativamente sociáveis, nos integra num meio
sócio - cultural e nos faz pertencer a vários grupos.
Vários agentes sociais (família, escola, grupos de pares,
meios de comunicação social e outras instituições)
participam nesse longo processo de aprendizagem e de
adaptação. Aprendemos a ser humanos, a viver em
sociedade, a interiorizar atitudes, comportamentos,
valores e normas, em suma, os elementos culturais do
ambiente social em que crescemos e somos educados.
As condicionantes socio - culturais
A SOCIALIZAÇÃO (2)
Mediante esse processo, aprendemos a ler, a escrever, a
falar, a distinguir alimentos comestíveis de não -
comestíveis e a consumi - los de certas formas. Criamos
laços afectivos. Adquirimos conhecimentos sobre o mundo e
sobre o que é moralmente certo e errado. Aprendemos uma
profissão. Tomamos consciência de que as regras e leis a que
temos de obedecer impõem limites aos nossos impulsos mas
também nos protegem dos impulsos dos outros.
Compreendemos que sem um certo grau de obediência e de
conformismo é necessário para uma vida social
minimamente estável, que não é desejável que tudo o que é
possível seja por isso mesmo permitido.
As condicionantes socio - culturais
A SOCIALIZAÇÃO (3)

Os outros exercem uma poderosa influência sobre nós


tanto mais que chegamos ao mundo
completamente dependentes e sem competências
para vivermos por nós mesmos. Mas será que
somos o que os outros fazem de nós? Será que
pessoas educadas e criadas no mesmo meio são
necessariamente iguais?
As condicionantes socio - culturais
A SOCIALIZAÇÃO (4)
Socializar não é «programar socialmente» um
indivíduo, como se fôssemos totalmente
determinados pelo que nos transmitem.
Também somos agentes da nossa própria
socialização, ou seja, indivíduos socialmente
activos. Não nos limitamos a guardar o que nos
é transmitido. Reagimos, protestamos,
propomos mudanças, inovamos.
As condicionantes socio -culturais
A SOCIALIZAÇÃO (S)
Cada um de nós é ao mesmo tempo natureza,
sociedade e cultura. Somos o que nos deram (o
que herdamos por via genética), somos o que
fizeram de nós (mediante a transmissão social) e
somos o que fizemos e fazemos de nós
(mediante as nossas experiências e o modo
como reagimos à influência dos outros).
Investigadores estudaram uma família composta por duas raparigas, um
rapaz e respectivos pais. A mãe sofria de esquizofrenia paranóide,
estando convencida de que um dos membros da família procurava
envenená-la. Só fazia as refeições em restaurantes. Uma das filhas
desenvolveu temores semelhantes recusando-se a comer a não ser em
restaurantes. A outra rapariga somente comia em casa se o pai estivesse
presente. Licenciou-se e levou uma vida normal. O rapaz não padeceu
destes temores familiares. Desde a idade dos sete anos sempre fez as
refeições em casa não mostrando quaisquer sinais de ansiedade.
llcenciou·se e seguiu uma carreira profissional bem sucedida. Pessoas
que crescem em meios semelhantes desenvolvem - se de modo
diferente.
Não somos simplesmente o que herdámos. Não
somos simplesmente o que nos ensinaram. Não
somos unicamente o resultado das nossas
experiências pessoais. Somos a resposta,
positiva ou negativa, a todos esses factores. Seja
qual for o instrumento e seja quem for que o dê
(a genética ou a transmissão cultural) a música
depende normalmente do intérprete.
MAS SERÁ QUE É MESMO ASSIM?
Não estarão estas crenças erradas?
As condicionantes anulam a
nossa liberdade?

Mas a natureza, a situação e os hábitos não anulam a nossa hberdade. São


condicionantes, não limites. Cada um destes elementos anula muitas hipóteses de
escolha, mas em compensação dá outras, que são as oporturudades que temos de agir
por causa da nossa constituição, da nossa situação, dos hábitos que adquirimos. E' por

isso que podemos dizer que a liberdade hwnana transcende (ultrapassa) sempre
essas condicionantes.
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