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Sobre a questão do escravo poder acumular pecúlio para sua alforria, Eduardo
Pena destaca que para Caetano Soares, isso “contribuiria definitivamente para o
‘melhoramento da sorte’ deles e para a assimilação dos valores necessários (disciplina,
amor e diligência no trabalho, bom comportamento, ‘virtude’, ‘melhor moral’ etc.) para
se viver em liberdade”.3
1
PENA, p. 157.
2
PENA, p. 162.
3
PENA, p. 163.
4
PENA, p. 165.
5
PENA, p. 272.
Caetano Soares rejeitava qualquer ideia de uma abolição imediata no país. “Por
acreditarem que os escravos sairiam imediatamente das fazendas e, “despreparados” para
a liberdade, migrariam para as cidades, tornando-se ‘ociosos’ e propensos ao ‘crime’. A
principal e recorrente estratégia política para a abolição da escravidão, contida nestas
propostas, foi, portanto, a do gradualismo. Da mesma forma que os senhores dosavam a
liberdade de seus escravos por meio do mecanismo da alforria, o Estado imperial
administraria a concessão da liberdade em doses políticas homeopáticas a fim de que a
ordem pública e a economia dos proprietários não fossem abaladas”.6
6
PENA, p. 275.
7
MENDONÇA, p. 97.
8
MENDONÇA, p. 106.
9
AZEVEDO, Celia. Irmão ou inimigo, p. 106.
10
AZEVEDO, p. 103.
Legalismo
Eduardo Pena afirma que a falta de um Código Civil no Império fazia com que os
jurisconsultos fizessem interpretações várias sobre o mesmo tema jurídico. “Em relação
à escravidão, o labirinto pareceu ser maior e mais complexo”.11 No entanto, isso também
possibilitou que escravos e libertos acessassem a justiça em prol de seus interesses.
Idêntica constatação feita por Joseli Mendonça, “se é verdade que muitos escravos se
insurgiram abertamente contra a escravidão, muitos outros utilizaram-se das
possibilidades – ainda que extremamente restritas – que a legislação emancipacionista
lhes abrira para tentar valer seus anseios de liberdade”.12
A ideia de que o escravo precisava ser tutelado para não ser entregue à miséria ou
aos vícios, fazia com que os opositores das leis emancipacionistas utilizassem argumentos
filantrópicos a fim de proteger o escravo.16
Joseli Mendonça destaca que muitos parlamentares nutriam uma visão muito
pessimista com relação ao liberto se adaptar ao trabalho livre e identificavam a causa nos
11
PENA, Eduardo Spiller. Pajens da Casa Imperial: jurisconsultos, escravidão e a Lei de 1871. Campinas:
Editora da UNICAMP, 2001, p. 118.
12
MENDONÇA, Joseli Nunes. Cenas da Abolição: escravos e senhores no Parlamento e na Justiça. São
Paulo: Editora Fundação Perseu Abramo, 2001, p. 13.
13
MENDONÇA, p. 14.
14
MENDONÇA, p. 18.
15
MENDONÇA, p. 30.
16
MENDONÇA, p. 31.
defeitos gerados pela escravidão. No entanto, para esses parlamentares a grande
preocupação era que os libertos não quisessem mais manter o trabalho nas lavouras. Dessa
forma, a ociosidade que os parlamentares temiam era todo o tipo de trabalho que não se
destinasse à agricultura.17 Muitas dessas atividades fora da lavoura incluía as que os
escravos de ganho já realizavam, por exemplo, serem carregadores de pessoas ou de
mercadorias no caso dos homens; no caso das mulheres havia a possibilidade de trabalhar
no comércio de alimentos. Outras atividades incluíam serem costureiras, pedreiros,
marceneiros, padeiros, barbeiros, etc.18 “Ou seja, para grande parte dos parlamentares que
se debatiam com o ‘destino’ que os libertos dariam à vida em liberdade, o grande
problema, ainda que não fosse assim nomeado, era que o liberto seria um trabalhador ao
qual se dava maior margem de escolha”.19
Redenção do senhor
17
MENDONÇA, p. 38.
18
MENDONÇA, p. 39.
19
MENDONÇA, p. 41.
20
MENDONÇA, p. 41.
21
MENDONÇA, p. 44.
22
COSTA, Emilia Viotti da. Da Senzala à Colônia. 5ª ed. São Paulo: Ed. UNESP, 2012, p. 414.
Até mesmo abolicionistas como Rui Barbosa defendiam a ideia de que o liberto
precisava ser tutelado. O escravo precisava aprender a viver em liberdade. Para Alfredo
Chaves em 1888, a proteção ao liberto era uma medida para proteger a sociedade livre.23
Construção nacional
Emília Costa ressalta que Joaquim Nabuco defendia a ideia de que a escravidão
era o principal obstáculo para o desenvolvimento industrial brasileiro. A escravidão era
responsável pelo atraso brasileiro.25
Literatura abolicionista
23
MENDONÇA, p. 32.
24
MENDONÇA, p. 33.
25
COSTA, P. 414.
26
COSTA, P. 423.
27
COSTA, p. 454.
Imigração
Emília Costa aponta que com relação ao interesse pela imigração, governo e
fazendeiros se opunham. Enquanto para o governo, o que realmente interessava era a
imigração de povoamento dando propriedade para o imigrante, isto é, uma imigração com
efeito civilizador. Os fazendeiros, porém, se interessavam apenas pela imigração como
substituição da mão de obra, eles desejavam braços para a lavoura.28
Emília Costa aponta como fatores que atraíam muito mais os imigrantes para os
Estados Unidos do que para o Brasil, dentre outros os seguintes: oportunidade de ascensão
social, clima semelhante ao da Europa, liberdade de cultos, mais oportunidade de acesso
à propriedade. “Nada de semelhante poderia oferecer o Brasil, nessa primeira metade do
século”.29
Investimento em tecnologia
28
COSTA, p. 111.
29
COSTA, p. 119.
30
COSTA, p. 153.
31
COSTA, p. 162, 166, 167.
32
COSTA, p. 169.
Emília Costa ressalta que os fazendeiros eram avessos às inovações tecnológicas.
“O apego à rotina só foi vencido em certas regiões, depois da abolição”.33
Abolição
Emília Costa faz uma avaliação crítica do projeto de Dantas esclarecendo que ele
“não era tão radical como faziam pensar os seus adversários. Hoje, visto a distância,
parece-nos uma tentativa de compromisso com a agitação abolicionista que ameaçava a
ordem tradicional”.38
33
COSTA, p. 218.
34
COSTA, p. 392.
35
COSTA, p. 354.
36
COSTA, p. 367.
37
COSTA, p. 447.
38
COSTA, p. 471.
39
COSTA, p. 494-495.
Exegese bíblica sobre a escravidão
Eduardo Pena destaca que já em Caetano Soares, na década de 1850 dizia que a
escravidão registrada no Antigo Testamento não justificava a escravidão moderna, pois
aquela era uma lei civil e não um preceito religioso.40
Racialização
40
PENA, P. 149.
41
AZEVEDO, p. 109.