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RESUMO

A Corrosão Sob Tensão é um tipo de corrosão que ocasiona falhas inesperadas e catastróficas.
Dessa forma, o seu estudo e o aprofundamento dos mecanismos e fatores que envolvem-na
são extremante relevantes. Neste trabalho é proposto o desenvolvimento de uma nova
concepção de banco de provas para ensaio de Corrosão Sob Tensão com carga constante, por
meio do levantamento das concepções já existentes, otimização das mesmas e busca por
inovações. Posteriormente se buscará o registro de patentes do equipamento projetado e se
proporá a construção do mesmo na Unifei, Campus Itabira, contribuindo para o aumento da
cultura e do interesse pelo estudo da Corrosão Sob Tensão.

Palavras Chave: corrosão sob tensão; carga constante.

II
SUMÁRIO

1- INTRODUÇÃO 4
2- OBJETIVOS 5
3- JUSTIFICATIVA 6
4- VINCULAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA 7
5- REVISÃO DE LITERATURA 8
5.1 - Breve histórico, conceitos básicos e importância da corrosão
5.2 - Formas de corrosão 9
A) Mecanismo Eletroquímico 10
B) Mecanismo Químico 13
C) Outras classificações
5.3 - Prevenção da corrosão 15
5.4 - Corrosão sob tensão 17
5.5 - Métodos de ensaio de corrosão sob tensão 22
6- METODOLOGIA 24
7- CRONOGRAMA DE ATIVIDADES 25
8- PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES ESPERADAS 26
9- PLANO DE TRABALHO 27
10- FONTE DE RECURSOS ADICIONAIS 28
11- EQUIPE EXECUTORA 29
12- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 30

III
1 – INTRODUÇÃO

Este trabalho se refere ao projeto de um banco de provas para ensaio de Corrosão Sob Tensão
aplicando uma carga constante. Pretende-se levantar as concepções existentes, otimizá-las e
propor inovações, criando uma nova concepção de banco de provas para ensaio de CST com
carga constante. A criação do protótipo levará em conta aspectos de hardware e software de
forma que o equipamento atenda as principais necessidades de pesquisa.
A corrosão é um enorme problema do ponto de vista econômico, tendo em vista que valores
astronômicos são gastos com a prevenção e manutenção de equipamentos que sofreram ação
corrosiva. A Corrosão Sob Tensão, um tipo de corrosão aliada a esforços mecânicos,
apresenta falhas com comportamento frágil, ou seja, a propagação das trincas não é visível,
em que estas favorecem para a ruptura brusca do material, o que torna a CST extremamente
perigosa. Assim, por meio do conhecimento dos fatores e mecanismos que a envolvem é
possível encontrar alternativas para solucioná-la ou até retardá-la, aumentando assim a
durabilidade dos materiais susceptíveis.

4
2 – OBJETIVOS

 Fazer uma revisão bibliográfica sobre o fenômeno da corrosão sob tensão e as


variáveis envolvidas;

 Fazer um levantamento do estado da arte de concepções de bancos de provas para


ensaio de corrosão sob tensão com carga constante já existentes;

 Propor e patentear uma nova concepção de banco de provas para ensaio de corrosão
sob tensão com carga constante;

5
3 – JUSTIFICATIVA

 A grande relevância da temática da corrosão sob tensão, tendo em vista aspectos


econômicos, ambientais, sociais e relativos à segurança;

 A não existência de nenhum banco de provas para ensaio de corrosão sob tensão nas
dependências da Unifei, Campus Itabira;

 A necessidade de criação da cultura e do interesse pelo estudo da corrosão sob tensão


nos cursos de engenharia da Unifei, Campus Itabira;

 A relativa escassez de publicações de pesquisas na área de corrosão sob tensão.

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4 – VINCULAÇÃO DO PROJETO DE PESQUISA

Este projeto de pesquisa está vinculado ao grupo de pesquisa intitulado “Grupo de


Fabricação”, mais especificamente à linha de pesquisa: “Materiais e Metalurgia”.

7
5 – REVISÃO DE LITERATURA

5.1 - Breve histórico, conceitos básicos e importância da corrosão

Acredita-se que o entendimento do significado da corrosão nasceu a partir da alquimia, com a


obtenção dos metais. Porém, a instigação pelo seu entendimento só se tornou evidente com a
industrialização e o avanço tecnológico, devido à criação de uma vasta gama de materiais e
aumento dos meios corrosivos. Assim, aumentou a busca pela compreensão deste fenômeno,
com a finalidade de proporcionar maior durabilidade dos materiais, aumentando a segurança e
reduzindo os custos relativos a prevenção e manutenção de equipamentos (PONTE, 2003).

A corrosão é um processo espontâneo, ou seja, acontece sob uma redução da energia livre
(G<0), sem a necessidade de alguma intervenção humana para sua ocorrência. De modo geral,
ela pode ser definida como a deterioração de um material em consequência da ação química
ou eletroquímica do meio ambiente, podendo estar aliada ou não a esforços mecânicos
(GENTIL, 2012). Essa deterioração causa alterações prejudiciais na estrutura e propriedade
do material. Portanto, o estudo dos mecanismos e processos que envolvem a corrosão são
extremamente importantes, tendo em vista que ela afeta os mais diversos setores, como as
indústrias química, petrolífera, naval, civil, automobilística, aeronáutica, de telecomunicações,
a odontologia, a medicina entre outros (GENTIL, 2012).

Os metais, considerados os materiais mais afetados pela corrosão, raramente são encontrados
na natureza no estado elementar. Geralmente, em condições ambientes, os metais encontram-
se sob a forma de compostos, numa combinação com um ou mais elementos não metálicos.
Portanto, fazem-se necessárias quantidades significativas de energia para reduzir os minérios
a metais puros. Essas transformações podem ser representadas, sob o aspecto energético, da
seguinte forma (GENTIL,2012):

(equação 5.1.1)

Nestas transformações, a energia é armazenada quando há obtenção dos metais puros e


liberada quando os mesmos são corroídos. Assim, percebe-se que a corrosão é uma grande

8
contribuição para o desperdício de energia, que a cada dia se torna mais preciosa (PONTE,
2003).

Segundo GENTIL (2012), os problemas com corrosão podem ser encarados sob dois aspectos
principais: econômico e socioambiental. Sob o aspecto econômico, a corrosão representa
grande relevância, pois envolve cifras astronômicas. De acordo com o diretor geral da World
Corrosion Organization, os custos anuais com problemas relacionados à corrosão são
superiores a 3% do PIB mundial, cerca de 2,2 trilhões de dólares (HAYS, 2010). No Brasil,
estima-se que os gastos estejam em volta de 3,5% do PIB, algo entre 16 e 22 bilhões de
dólares por ano, sendo que 20% dos seus efeitos poderiam ser minimizados pela seleção
adequada dos materiais e tipo de proteção mais recomendada para resistir a determinadas
condições (MAZZER E AFONSO, 2012).

GENTIL (2012) subdivide as perdas econômicas em diretas e indiretas. Segundo ele, as


perdas diretas estão relacionadas aos custos de substituição de peças que sofreram corrosão,
manutenção dos processos de proteção (Pintura, recobrimento, proteção catódica, proteção
anódica, etc.) e gastos energéticos. Já as perdas indiretas estão relacionadas a acidentes,
paradas não programadas durante a utilização do material, contaminação dos produtos, perda
de eficiência, etc.

O aspecto socioambiental, não menos importante que o aspecto econômico, se refere ao


consumo abusivo dos recursos minerais para reposição dos materiais deteriorados pela
corrosão, uso excessivo de energia para transformação e manutenção dos materiais corroídos,
contaminações por vazamentos, acidentes gerando morte ou invalidez, preservação de
monumentos históricos (GENTIL, 2012).

De acordo com FERRANTE (1996), a corrosão é responsável por 29% de falhas em plantas
industriais, sendo que na indústria petroquímica cerca de 50% das falhas podem ser creditadas
diretamente à corrosão. Diante dessas considerações, pesquisas voltadas para o estudo dos
mecanismos que envolvem a corrosão, novas formas de prevenção, monitoração e combate,
são de suma importância, apresentando ganhos econômicos, ambientais e sociais.

5.2 - Formas de corrosão

9
De modo geral, os processos corrosivos podem ser divididos em dois grandes grupos, de
forma a abranger todos os casos de deterioração por corrosão (DA SILVA, 2009):

Figura 5.2.1: Classificação dos processos corrosivos.

A corrosão aquosa ocorre, necessariamente, na presença de fase líquida, podendo ser água ou
não, sendo este mecanismo o mais frequente na natureza. A corrosão seca ocorre na ausência
de fase líquida ou acima do ponto de orvalho do ambiente, tendo em vista que gases e vapores
são usualmente agentes deste tipo de corrosão. Estes processos são menos frequentes na
natureza e surgiram basicamente com a industrialização, em processos envolvendo altas
temperaturas (DA SILVA, 2009; PONTE, 2003).

A) Mecanismo Eletroquímico

O processo eletroquímico supõe a ocorrência simultânea de duas reações: uma reação anódica
(ou de oxidação) e uma reação catódica (ou de redução). Além disso, é necessária a passagem
de corrente elétrica, que envolve a movimentação de elétrons e íons (WOLYNEC, 2003).

Oxidação: (equação 5.2.1)

Redução: (equação 5.2.2)

GENTIL (2012) descreve o processo eletroquímico a partir de três etapas principais:

Figura 5.2.2: Esquema das principais etapas do processo eletroquímico.


10
Dado o processo corrosivo, íons metálicos em dissolução são gerados pela reação anódica,
transformando o metal em outro composto, os quais podem reagir com outros no meio.
Portanto, a ocorrência da corrosão depende, dentre outros fatores, do pH do meio aquoso. O
diagrama de Pourbaix (Figura 5.3) relaciona potencial e pH e suas curvas representam os
vários equilíbrios químicos e eletroquímicos que podem existir entre o metal e o eletrólito
líquido (GENTIL, 2012; MONTEIRO, 2002). O diagrama potencial x pH torna possível
prever a ocorrência de três condições: imunidade, passivação e corrosão (MONTEIRO, 2002).

Figura 5.2.3: Diagrama de Pourbaix Fe-H20, a 25ºC (MONTEIRO, 2002 apud, Pourbaix, 1961)

Imunidade:

A imunidade é um estado em que o metal não se corrói, atuando como um metal puro, onde
permanece estável sob a forma de uma fase sólida para qualquer valor de pH (MONTEIRO,
2002).

Corrosão

O estado de corrosão é onde pH e potencial eletroquímico estabelecem condições


termodinâmicas para que os óxidos da capa passiva não seja mais estáveis, tornando o metal
solúvel (GENTIL, 2003; MONTEIRO, 2002).

Passivação

11
A reação de passivação conduz a formação de uma fina camada de um composto na superfície
do metal, protegendo-o da corrosão. Essa zona no diagrama de Pourbaix representa as
condições em que são formados os estados passivantes, que atuam como barreira, impedindo
a oxidação posterior (GENTIL, 2003; MONTEIRO, 2002). Esse fenômeno ocorre no ferro,
cromo, níquel, titânio e muitas outras ligas. Aços que contém pelo menos 11% de cromo,
como elemento de liga em solução sólida no ferro, minimizam a corrosão, pois ao invés de
enferrujarem, formam uma camada passivadora que o protege (PONTE, 2003).

Segundo PONTE (2003), variações no ambiente que o material se encontra podem fazer com
que seu caráter passivante, torne ativo pra corrosão, podendo acentuar a taxa de corrosão, em
até 100.000 vezes. O fenômeno da passivação pode ser explicado através da curva de
potencial de polarização que relaciona tensão e o logaritmo da densidade de corrente (Figura
5.4).

Figura 5.2.4: Curva de polarização para metal que apresenta transição ativa-passiva (PONTE, 2003)

Nessa curva pode-se observar três regiões: ativa, passiva e transpassiva. Na região ativa, a
curva tem comportamento linear, como nos metais normais. Nessa etapa o material está ativo
para corrosão. Com o aumento do potencial, há uma diminuição brusca na densidade da
corrente para um valor independente da variação de potencial, essa região é denominada
passiva. Essa diminuição na corrente se deve à formação de uma camada passivadora, que
protege o material da corrosão. O aumento do potencial se dá até um ponto sem que haja

12
variação na densidade de corrente. A partir desse ponto, tem-se a região transpassiva que
representa a ruptura da camada passivadora e ativação do material para ocorrência da corrosão
(PONTE, 2003).

B) Mecanismo Químico

GENTIL (2012) afirma que no mecanismo químico não há transferência de elétrons ou


cargas, portanto não ocorrem formação, nem fluxo de corrente. A reação química entre o
metal e o agente corrosivo, caracteriza esse tipo de corrosão. Essa reação é capaz de originar
uma película protetora, que pode chegar a bloquear todas as reações subsequentes no meio
considerado. Nesse tipo de mecanismo os meios podem ser líquidos isentos de água, gases e
vapores à altas temperaturas. (PONTE, 2003).

C) Outras classificações

Outra forma de classificação dos tipos de corrosão é considerar a aparência ou forma de


ataque, bem como as diferentes causas da corrosão e seus mecanismos. Assim, GENTIL
(2012) divide os processos corrosivos segundo:

 a morfologia: uniforme, por placas, alveolar, puntiforme ou por pite, intergranular (ou
intercristalina), intragranular (ou transcristalina), filiforme, por esfoliação, grafítica,
desinfecção, em torno do cordão de solda e empolamento pelo hidrogênio;
 as causas ou mecanismos: por aeração diferencial eletrolítica ou por correntes de fuga,
galvânica, associada a solicitações mecânicas (corrosão sob tensão fraturante), em
torno de cordão de solda, seletiva (grafítica e desincificação), empolamento ou
fragilização pelo hidrogênio;
 os fatores mecânicos: sob tensão, sob fadiga, por atrito, associada à erosão;
 o meio corrosivo: atmosférica, pelo solo, induzida por microrganismos, pela água do
mar, por sais fundidos, por elevadas temperaturas, etc.;
 a localização do ataque: por pite, uniforme, intergranular, trangranular, etc.

Conhecer a forma de ataque do meio corrosivo e a aparência do material deteriorado é


extremamente importante, auxiliando no esclarecimento do mecanismo e na aplicação de
medidas adequadas de proteção. Assim, deve-se sempre considerar no estudo dos processos
corrosivos, as variáveis dependentes do material metálico, do meio corrosivo e das condições

13
operacionais (Figura 5.4), permitindo indicar qual o material mais adequado para
determinadas aplicações (GENTIL, 2012).

Figura 5.2.5: Variáveis no estudo dos processos corrosivos (Adaptado de GENTIL, 2012).

Após a identificação do processo corrosivo, é necessário um estudo que esclareça o


mecanismo da corrosão, de forma a determinar a extensão do ataque, o seu tipo, a morfologia
e o levantamento das suas prováveis causas. Assim, algumas etapas são fundamentais:

Figura 5.2.6: Etapas fundamentais para esclarecimento do mecanismo da corrosão (GENTIL, 2012)

14
5.3 - Prevenção da Corrosão

Apesar dos metais serem mais ativos à ocorrência da corrosão, alguns metais ou ligas
apresentam resistência própria aos mecanismos corrosivos, ou possuem essa capacidade
ampliada por métodos de controle e proteção corrosiva. O avanço tecnológico fez com que
surgissem novas técnicas e aperfeiçoassem as tradicionais, em que estas são de extrema
importância para aumentar a durabilidade dos materiais. Dentre as técnicas mais difundidas
pode-se citar:

a) Revestimentos;

Os revestimentos são camadas protetoras aplicadas sobre os materiais, separando a superfície


susceptível à corrosão, do meio corrosivo. Este tipo de proteção contra a corrosão é o mais
utilizado e o tempo de proteção varia para cada tipo de revestimento, que pode ser metálico,
orgânico e não-metálico inorgânico. Podem-se citar como exemplos de revestimentos as
tintas, os esmaltes vítreos, alguns polímeros e plásticos, películas protetoras e revestimentos
metálicos (DA SILVA, 2009; GENTIL, 2012).

b) Ligas resistentes a corrosão

Por meio da modificação das propriedades do metais e suas ligas é possível melhorar sua
resistência à corrosão. Essas modificações são feitas pelo acréscimo de alguns elementos de
liga, em determinadas condições de processamento, que possibilitam a redução da taxa de
corrosão. Nos aços, por exemplo, são utilizados elementos tais como níquel, cromo, nióbio,
titânio e tântalo (FERREIRA et al., 2002; GENTIL, 2012).

Em metais ou ligas como cromo, níquel, titânio, aço inoxidável e muitas outras ligas em meio
oxidante ocorre a formação de uma camada protetora, essas ligas são denominadas ligas
passivadoras. Porém, em meios ácidos, estes materiais passam de um estado passivo para o
ativo. Alguns elementos são bem resistentes aos meios ácidos, sendo recomendáveis para
meios não-oxidantes. Como exemplos desses elementos pode-se citar o silício (Si), o
tungstênio (W) e o molibdênio (Mo) (GENTIL, 2012).

Segundo GENTIL (2012), materiais metálicos, como o magnésio (Mg) e ligas contendo muito
níquel (Ni), são capazes de reagir com o meio corrosivo, formando um filme aderente
compacto e insolúvel, que protege-os contra ataques posteriores. A ação protetora dessas ligas

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depende da sobretensão anódica. O magnésio (Mg), a prata (Ag) e o níquel (Ni) são metais
recomendados para aplicações em meios corrosivos básicos.

c) Serviços de controle da corrosão;

Algumas medidas são suficientes para controle e minimização do efeito corrosivo, tais como
(FERREIRA et al., 2002):

 evitar frestas, recessos, cantos vivos e cavidades: evita-se assim o aparecimento de


pilhas de aeração diferencial e concentração diferencial;

 dar um bom acabamento superficial às peças;

 prever a sobreespessura de corrosão: em que esta será consumida durante a vida útil do
equipamento, em virtude dos processos corrosivos;

 ao invés de juntas parafusadas, a utilização de juntas soldadas bem acabadas;

 minimização da superfície das regiões catódicas: afim de se assegurar uma menor taxe
de corrosão e, consequentemente, um desgaste menor e mais uniforme nas áreas
anodicas;

 em caso de utilização de metais dissimilares, deve-se isolá-los eletricamente: evita-se


assim o aparecimento de pilhas galvânicas.

d) Inibidores de corrosão;

De acordo com GENTIL (2012), um inibidor é uma substância ou uma mistura de substâncias
que, adicionada em uma concentração adequada a um meio especifico, faz com que a taxa de
corrosão seja reduzida.

A seleção do inibidor é específica para o metal que pretende-se proteger, o meio corrosivo
atuante, a temperatura e a faixa de concentração. Segundo FERREIRA et al. (2002), a
utilização satisfatória dos inibidores deve levar em consideração:

1. Causa da corrosão no sistema;


2. Custo x benefício de utilização do inibidor;
3. Propriedades e os mecanismos dos inibidores a serem utilizados;

16
4. Condições adequadas de aplicação e controle.

e) Métodos elétricos de proteção

São utilizados dois métodos elétricos de proteção: proteção anódica e proteção catódica.

A aplicação da proteção catódica consiste em fazer com que uma peça metálica, como um
todo, comporte-se como o cátodo de uma célula eletroquímica, protegendo-a da corrosão. A
contracorrente, criada na própria célula ou nela introduzida a partir de uma fonte externa, é
suficiente para anular o efeito de correntes de corrosão provenientes das regiões anódicas da
peça metálica. Há dois métodos usuais de proteção catódica: o uso de ânodos de sacrifício,
baseado na corrosão preferencial de alguns metais em relação aos outros, e o uso de uma fonte
externa de corrente (FERREIRA et al., 2002).

A proteção anódica, de acordo com GENTIL (2012), é utilizada em materiais metálicos e


baseia-se na formação de uma película passivadora, pela aplicação de uma corrente anódica
externa. Ele cita que para a aplicação da proteção anódica é necessário que o material
apresente a transição ativo-passivo no meio corrosivo a ser utilizado e que a passivação deve
ocorrer em todas as partes expostas e mantidas nessa condição. A partir dessas condições, a
dissolução do filme produzido por meio da proteção anódica é impossível, pois qualquer falha
que ocorra é automaticamente reparada pela formação de nova película protetora.

5.4 - Corrosão sob tensão

De acordo com GENTIL (2012), a Corrosão Sob Tensão (CST), também conhecida por
corrosão sob tensão fraturante, pode ser definida como a deterioração de certos materiais,
quando tensionados em certos ambientes, de forma que nem a solicitação mecânica nem a
corrosão ambiente isoladamente conduziriam à fratura. Assim, uma tensão de tração aplicada,
associada a um meio corrosivo e um material susceptível, ao longo de um tempo, pode
resultar no surgimento da CST (Figura 5.4.1).

17
Tempo

Figura 5.4.1. Condições necessárias para ocorrência da CST (Adaptado de ANTUNES, 2010).

Os equipamentos, estruturas ou dispositivos metálicos, geralmente, são projetados a partir do


limite de escoamento do material a ser utilizado, obtido por meio da curva de tensão x
deformação (Figura 5.4.2). Entretanto, em alguns meios corrosivos, estes materiais podem
sofrer uma ruptura inesperada pela formação de trincas provenientes da aplicação de tensões
bem menores as quais eles foram projetados a resistir. Portanto, a CST é um dos mecanismos
de degradação mais severos influenciando no tempo de vida de componentes metálicos
(PONTE, 2003; SCHVARTZMAN et al., 2010).

Figura 5.4.2: Efeito do meio corrosivo na curva de tensão x deformação (PONTE, 2003).
18
As falhas causadas pela deterioração das propriedades mecânicas apresentam comportamento
frágil, ou seja, acontecem pequenas deformações ou dissolução de material. Por isso, a CST
frequentemente ocasiona fraturas inesperadas e catastróficas. Essa situação perigosa além de
trazer prejuízos econômicos e materiais, pode causar danos à saúde e até à vida das pessoas
(GENTIL, 2012; SCHVARTZMAN et al., 2009).

Na Corrosão Sob Tensão, não precisa, necessariamente, de tensões resultantes das condições
de processamento (pressão, temperatura e carregamento mecânico) para se manifestar; as
tensões residuais que são provenientes de operações de conformação mecânica, como
estampagem e dobramento; tratamento mecânicos superficial; transformações de fase, etc.
também induzem esse ataque. (GENTIL, 2012; PONTE, 2003; SCHVARTZMAN et al.,
2010).

De acordo com GENTIL (2012), a ocorrência da CST envolve três estágios:

Figura 5.4.3: Estágio para ocorrência da corrosão sob tensão

Primeiramente, ocorre a nucleação da trinca, que está associada à formação de pites (corrosão
localizada) ou à emergência, na superfície do metal, de discordâncias sucessivas que rompem
as camadas de proteção do material, deixando-o exposto ao ataque corrosivo. Posteriormente,

19
ocorre o crescimento lento da trinca, a partir dos pites formados. Nesse estágio a propagação
da trinca ocorre por efeito combinado da tensão e da corrosão, em consequência há um
aumento da intensidade de tensão na extremidade da trinca (GENTIL, 2012).

Por último, há a continuidade da propagação da trinca, que se deve unicamente a ação da


tensão de tração, devido à redução de espessura do material. A propagação das trincas pode
ser intergranular e intragranular. As tricas mais comuns são as intergranulares, pois a CST
processa-se nos contornos de grão cristalinos, geralmente devido à precipitação de segundas
fases nos contornos ou à existência de segregação neste local. Assim, fazendo com que essa
região de maior energia seja corroída preferencialmente à matriz. Já o aparecimento das
trincas intragranulares está definitivamente associado a fenômenos de natureza eletroquímica,
e sua formação e propagação podem ser detidas pela imposição de correntes catódicas. Esse
tipo de fratura não ocorre na ausência de tensão (GENTIL, 2012).

De acordo com SCHVARTZMAN et al. (2010), tanto a fratura intergranular quanto a


intragranular podem existir em um mesmo sistema ou na mesma região falhada, dependendo
das condições existentes.

FERNANDES (2010) apresenta algumas características que permitem diferenciar a CST dos
demais processos corrosivos. Dentre elas: o fato da fratura ocorrer sempre num plano
perpendicular à tensão que o material está submetido; quanto maior a pureza do metal, mais
imune a CST; até mesmo os metais que possuem comportamento dúctil apresentam fratura
frágil vista macroscopicamente; as espécies responsáveis pela CST, geralmente, não precisam
estar em grandes concentrações; podem ocorrer em tensões menores que as requeridas para
tensão de ruptura; entre outras características.

Efeito da tensão

 A formação de uma trinca pela Corrosão Sob Tensão é dependente de uma tensão
mínima, chamada de tensão crítica;
 A tensão varia entre 10-70% da tensão de escoamento do material, dependendo da
temperatura, da composição da liga e do meio;
 O aumento da tensão resulta na redução do tempo para ocorrer a fratura. Dessa forma,
deve-se evitar regiões de concentrações de tensão (DE FARIA, 2010; GENTIL, 2012).

20
Efeito da temperatura

 Regiões que operam à temperaturas mais altas exibem trincas mais rapidamente do
que regiões à menores temperaturas, ou seja, a velocidade de fratura aumenta com o
aumento da temperatura (SCHVARTZMAN et al., 2010; DE FARIA, 2010).

Efeito da composição do material

 Materiais com grãos menores, em geral, são mais resistentes á CST do que materiais
com grão maiores (GENTIL, 2012).

Efeito do meio corrosivo

 Determinados meios podem ser extremamente reativos com alguns materiais e suas
ligas. A tabela 5.4.1 mostra a susceptibilidade de alguns materiais a sofrerem Corrosão
Sob Tensão em determinados meios corrosivos;

Tabela 5.4.1: Meios causadores de CST em alguns metais e suas ligas

(FERNANDES, 2010)

 Fatores como a concentração dos reagentes, temperatura e pressão do meio, estado da


matéria, podem influenciar no processo, aumentando ou não à agressividade do meio
em relação à determinados materiais (FERNANDES, 2010);

 O pH do meio influencia na velocidade de corrosão, por exemplo: em aços inoxidáveis


o aumento do pH > 7 aumenta a resistência à ação corrosiva do cloreto, enquanto a
diminuição do pH < 7, acelera o processo corrosivo (GENTIL, 2012).

21
5.5 - Métodos de ensaio de corrosão sob tensão

Os ensaios de corrosão são realizados para caracterizar a agressividade de um determinado


meio corrosivo, de forma a buscar o entendimento dos conceitos básicos para o controle da
corrosão. Os ensaios podem ser feitos em laboratório ou em campo. Para o entendimento do
mecanismo da corrosão ou simulações em condições naturais, a utilização dos ensaios de
campo é mais apropriada. GENTIL (2012) diz que nos ensaios de laboratório pode haver a
aceleração do processo corrosivo, obtendo resultados mais rápidos, e mostra alguns pontos em
que estes ensaios são úteis:

 no estudo dos mecanismos do processo corrosivo;


 na identificação do material mais adequado para determinado meio corrosivo;
 na determinação das influências que os materiais metálicos podem causar nas
características de um determinado meio;
 no ensaio de um material metálico resistente à corrosão em determinados meios
corrosivos;
 na determinação da satisfação das especificações de um ensaio de corrosão para um
metal, liga ou revestimento protetor;
 na determinação do efeito do processo de fabricação, da composição química, da
presença de impurezas ou elementos de liga, do tratamento térmico e mecânico sobre
o comportamento de um material metálico em determinado meio corrosivo.

Os ensaios de corrosão sob tensão, de modo geral, consistem na aplicação de uma solicitação
mecânica a uma amostra, sob a ação de um agente corrosivo, podendo assim determinar a
inter-relação dos materiais, ambientes, tensões presentes e trincamento térmico
(FERNANDES, 2010; GENTIL, 2012). De acordo com GENTIL (2012), estes ensaios são
regulamentados pela norma ASTM G129 e são divididos em:

- ensaios a carga constante;


- ensaios a deformação constante.

Essa divisão se dá pelo tipo de solicitação o material é submetido. No ensaio de carga


constante, os corpos de provas são tensionados por meio de cargas fixas; enquanto no ensaio
de deformação constante, a carga irá variar para manter uma deformação inicial (GENTIL,
2012). A seleção do método de ensaio mais adequado deve levar em consideração, dentre

22
outros fatores, o histórico de processo, a composição do produto, as condições do meio e a
carga de trabalho (FERNANDES, 2010).

Os ensaios de deformação constante exigem uma aparelhagem mais complexa, porém


apresentam a vantagem de o esforço aumentar à medida que a trinca penetra o material, sendo
assim o processo de fratura acelerado. Quanto a geometria dos corpos de prova, geralmente
utiliza-se cilindros tensionados axialmente, para o ensaio a carga constante. O cálculo da
tensão efetiva nesses corpos de provas é mais vantajoso em relação aos provenientes do
ensaio a deformação constante (GENTIL, 2010).

23
6. METODOLOGIA

A. Levantamento das concepções de bancos de prova para ensaio de corrosão sob tensão com
carga constante já existentes e entendimento do processo;
B. Levantamento das necessidades que o equipamento deverá suprir, considerando as normas
do ensaio de CTS com carga constante;
C. As possíveis concepções que possam atender as necessidades levantadas;
D. Definição da concepção a ser adotada;
E. Dimensionamento dos elementos do banco de provas para ensaio de corrosão sob tensão
com carga constante adotado, tanto de hardware quanto de software;
F. Desenho do conjunto e detalhamento do equipamento;
G. Elaboração do Relatório Final.

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7. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES

2013 2014
Atividades M A M J J A S O N D J F
A X X X X X X X X X
B X X X
C X X X
D X X
E X X X X X
F X X X X X
G X X

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8 – PRINCIPAIS CONTRIBUIÇÕES ESPERADAS

Pretende-se com este trabalho buscar o registro de patente do banco de provas para
ensaio de corrosão sob tensão com carga constante projetado, junto ao órgão responsável na
Unifei. A partir do projeto será proposta a construção do banco de provas para ensaio de
corrosão sob tensão com carga constante na Unifei, Campus Itabira, tendo em vista que a
mesma não possui nenhum equipamento dessa espécie em suas dependências. Assim, este
trabalho contribuirá para a criação de cultura e de interesse pelo estudo da corrosão sob
tensão.
No que diz respeito à formação do aluno, este trabalho proporcionará aprofundamento
nos conhecimentos dos fenômenos que envolvem a corrosão sob tensão, por meio de revisão
bibliográfica e o entendimento do equipamento que tem grande relevância no estudo da
ocorrência da corrosão nos materiais metálicos.

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9 – PLANO DE TRABALHO

9.1- Plano de Trabalho Semanal

O bolsista dedicará doze horas por semana em atividades relacionadas com o projeto, de
acordo com a escala apresentada abaixo, podendo eventualmente, com o Professor Orientador
ciente, efetuar mudança de horário, de forma a sempre haver o cumprimento das doze horas
semanais.

SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA

Manhã

Tarde 15:00 às 18:00 15:00 às 18:00 15:00 às 18:00 15:00 às 18:00

9.2- Atividades do Bolsista

No quadro abaixo apresenta-se o detalhamento das atividades a serem desenvolvidas pelo


bolsista no decorrer do desenvolvimento do projeto.

ATIVIDADES PERÍODO

Levantamento bibliográfico e estudo da literatura pertinente ao


Março a Novembro/2013
projeto

Levantamento das necessidades que o equipamento deverá suprir Abril a Junho/2013

Possíveis concepções para atender as necessidades levantadas Maio e Julho/2013

Definição da concepção a ser adotada Julho a Agosto/2013

Dimensionamentos dos elementos do equipamento, tanto de


Agosto a Dezembro/2013
hardware quanto de software

Desenho de conjunto e de detalhamento do equipamento Agosto a Dezembro/2013

Elaboração do relatório final Janeiro a Fevereiro/2014

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10 – FONTE DE RECURSOS ADICIONAIS

A universidade já dispõe de todos os recursos necessários sem a necessidade de nenhum


investimento extra, haja visto que o trabalho trata-se apenas da elaboração de um projeto para
o qual os recursos necessários serão de natureza material, pelo uso de computadores e
softwares já existentes, além do recurso humano de orientação de professor de dedicação
exclusiva da instituição com o apoio de técnicos de laboratório.

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11 – EQUIPE EXECUTORA

PARTICIPANTE ATRIBUIÇÃO

Flaviano Tomaz Júnior Pesquisador Bolsista

José Carlos de Lacerda Professor Orientador

Álvaro Lage Almeida Técnico de Laboratório


(Computação)

Luis Eduardo Guedes de Oliveira Soares Técnico de Laboratório


(Automação Industrial)

Dayvison Augusto Pereira Técnico de Laboratório


(Mecânica)

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12 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DA SILVA, Sílvio Domingos. Pintura Industrial em Pó: Informações Técnicas DT-13. WEG
Indústrias AS - Tintas. 2009.

DE FARIA, Nivaldo Gonçalves. Influência do Metal de Adição na Susceptibilidade à


Corrosão Sob Tensão de Juntas Soldadas do Aço Inoxidável Ferrítico AISI 444 em meios
contendo Cloreto de Magnésio. Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Itajubá.
Itajubá, MG: 2010.

FERNANDES, João Carlos. Desenvolvimento de um Dispositivo Tipo Carga Constante para


Avaliação da Susceptibilidade à Corrosão Sob Tensão de Aço Inoxidável Austenítico.
Dissertação de Mestrado. Universidade Federal de Itajubá. Itajubá, MG: 2010.

FERRANTE, M. Seleção de Materiais. Editora da UFSCar - UDUFSCar. São Carlos, SP:


1996.

FERREIRA, L. A. [et al.]. Curso de formação de operadores de refinaria: Química Aplicada –


Corrosão. PETROBRAS. Curitiba, PR: 2002.

GEMELLI, E. Corrosão de Materiais Metálicos e sua Caracterização. Editora LTC. Rio de


Janeiro, RJ: 2001.

GENTIL, Vicente. Corrosão. Editora LTC. 6.ed. Rio de Janeiro, RJ: 2012.

HAYS, George F. Now is the time. World Corrosion Organization. Advanced Materials
Research. v. 95. 2010.

MAZZER, E.M.; AFONSO, C.R.M. Avaliação da aplicação de recobrimento metálico amorfo


para proteção contra corrosão e desgaste. Revista eletrônica de Materiais e Processos, v.7.2, p.
123-130. 2012.

MONTEIRO, Eliana Cristina Barreto. Avaliação do método de extração eletroquímica de


cloretos para reabilitação de estruturas de concreto com problemas de corrosão de armaduras.
Tese de Doutorado. Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de
Engenharia de Construção Civil. São Paulo, SP: 2002.
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PONTE, Haroldo de Araújo. Fundamentos da Corrosão. Disciplina Eletroquímica Aplicada e
Corrosão. UFPR – Departamento de Engenharia Química. Curitiba: 2003.

SCHVARTZMANI, M.M.A.M.; MATIASII, Adalberto; CRUZIII, J.R.B. Avaliação da


corrosão sob tensão do aço inoxidável AISI 321 em ambiente de reator nuclear. Revista
Matéria, v. 15, n. 1, p. 040-049. Rio de Janeiro, RJ: 2010.

SCHVARTZMANI, M.M.A.M.; QUINAN, M.A.D.; CAMPOS, W.R.C.; LIMA, L.I.L.L.


Avaliação da Susceptibilidade à Corrosão sob Tensão da ZAC do aço inoxidável AISI 316L
em ambiente de Reator Nuclear PWR. Soldagem Insp. Vol. 14, n. 3, p. 228-237. São Paulo,
SP: 2009.

WOLYNEC, Sthepan. Técnicas Eletroquímicas em Corrosão. Editora da Universidade de São


Paulo. São Paulo, SP: 2003.

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