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ÍNDICE
CAPITULO VI A obediência
MENSAGEM
O psicopolítico deve esforçar-se para produzir o caos máximo no terreno da «cura mental» .
Deve recrutar e utilizar todos os organismos e meios disponíveis da “cura mental”. Deve
trabalhar com empenho para aumentar seus agentes e seus elementos, até que finalmente
toda a classe da ciência psiquiátrica esteja minada pelos princípios e objetivos comunistas.
Vocês devem trabalhar para que todos os professores de Psicologia, com ou sem
premeditação, ensinem somente doutrina comunista sob a aparência de Psicologia. Devem
empenhar-se para que todos os médicos e psiquiatras sejam psicopolíticos ou pelo menos
colaboradores inconscientes de nossos fins.
Sem dúvida, podem existir riscos. Talvez ocorra que nossos «tratamentos» sejam postos a
descoberto. Pode suceder que se produza uma oposição pública contra o «tratamento
mental>>. Pode suceder que todos os tratamentos mentais sejam postos em mãos de
sacerdotes e fora do alcance de nossos psicólogos e psiquiatras. A ânsia capitalista de domínio,
a desumanidade capitalista e um terror geral da demência podem constituir-se em defesa
contra nossos procedimentos. Se assim suceder, se os investigadores chegarem a descobrir
métodos para combater os procedimentos psicopolíticos, vocês não comerão, nem dormirão,
nem economizarão um só centavo, para organizar campanhas contra, para desacreditá-los,
combatê-los e anulá-los. Porque seriam uma ameaça efetiva para nossa ação e nossos
esforços.
A Psicopolítica pode criar o caos, deixar uma nação sem dirigentes, eliminar nossos inimigos e,
por meio do comunismo, criar, na terra, a paz mais absoluta que o homem jamais conheceu.
Muito obrigado.
CAPITULO I
Ainda que de todo castigo se consiga obter algum resultado, é mais certo que a meta e o fim
de todo castigo é inculcar uma ideia de impedimento ou obediência nos castigados.
Desde tempos imemoráveis, cada vez que qualquer governante necessitava da obediência de
seus súditos para impor seus fins, tinha que recorrer ao castigo. Assim sucedeu em todas as
épocas da História. Hoje em dia, a cultura russa tem desenvolvido métodos mais seguros e
definidos para recondicionar e conseguir a adesão de pessoas e povos e de exigir obediência.
Esse novo produto de um velho sistema se chama Psicopolítica.
A estupidez e a estreiteza de objetivos das nações que não conhecem o raciocínio russo têm-
nas levado a confiarem métodos que, atualmente, já não concordam com o ritmo veloz e
heroico de nossa época. E em vista do enorme progresso da cultura russa, no campo das
técnicas mentais, iniciadas pelos gloriosos trabalhos de Pavlov e continuadas, mais tarde, por
outros cientistas russos, seria estranho se não houvesse surgido uma arte e uma ciência
dedicadas totalmente a obter a lealdade e a obediência dos indivíduos e dos povos.
Dessa maneira, vemos que os procedimentos psicopolíticos são fruto natural de certas práticas
tão antigas quanto o homem, práticas que são correntes em todo grupo humano existente no
mundo. Portanto, nos procedimentos psicopolíticos não há problema de ética, já que é
evidente que o homem sempre deve ser dominado contra a sua vontade, para maior beneficio
do Estado, e forçado, por motivos econômicas ou doutrinários, a realizar a vontade e os fins do
Estado.
A Psicopolítica, sob diversas formas, é usada há muito tempo na Rússia, mas é matéria pouco
menos que desconhecida fora das fronteiras de nossa nação, salvo em lugares onde temos
transmitido nossos conhecimentos e os temos utilizado para benefício da nação.
Em suma: A Psicopolítica é a arte e a ciência de obter e manter um domínio sobre o
pensamento e as convicções dos homens, dos funcionários, dos organismos e das massas e de
conquistar as nações inimigas por meio do <<tratamento mental>>.
A Psicopolitíca subdivide-se em várias categorias, cada uma das quais deriva, natural e
logicamente, da anterior. A primeira trata da constituição e anatomia do Homem, enquanto
organismo político. A segunda é o estudo do Homem, enquanto organismo econômico que
pode ser controlado por seus desejos. Segue-se a classificação dos objetivos do Estado com
respeito ao indivíduo e ao grupo. Em seguida, vem o estudo das convicções. Segue-se o estudo
da obediência. Logo após, vêm os exames dos reflexos condicionados do Homem. Segue-se-
lhes o estudo do choque e da resistência. Em continuação, vêm a análise e a aplicação da
Contrapsicopolítica. Após, segue-se o emprego da Psicopolítica na conquista de nações
estrangeiras. Continuando, segue-se o estudo dos organismos psicopolíticos fora da Rússia,
sua composição e funcionamento. Segue-se-lhe a criação de filosofias servis' nas nações
inimigas. A próxima é como combater as diretivas antipsicopolíticas na era atômica. A todas
essas se podem agregar as outras subcategorias, como a inutilização do armamento moderno
por meio da atividade psicopolítica.
CAPÍTULO II
ORGANISMO POLITICO
O homem é um aglomerado de células, e seria errado considerá-lo como indivíduo. As colônias
de células vão-se constituindo em diversos órgãos do corpo, os quais, por sua vez, vão-se
unindo para formar o conjunto. Desse modo, vemos que o homem já é, por si, um organismo
político, ainda que não o consideremos em grupo.
A enfermidade poderia ser vista como deslealdade, pois, ao se manifestar, origina a rebelião
de uma parte da anatomia contra o resto do conjunto; dessa maneira, produz-se, de fato, uma
revolução interna. Quando o coração, ao isolar-se do grupo, se nega a solidarizar-se e servir ao
resto do organismo, vemos que o funcionamento de todo o corpo se transforma devido a essa
rebelião. O coração rebela-se porque não pode ou não quer cooperar com o resto do corpo. Se
permitimos ao coração rebelar-se, os rins, seguindo seu exemplo, podem por sua vez rebelar-
se também e negar-se a trabalhar em benefício do organismo. Essa rebelião, ao estender-se a
outros órgãos e ao sistema glandular, ocasiona a morte do indivíduo. Podemos notar, pois, que
a rebelião significa a morte; portanto, não podemos transigir com a rebelião.
O Homem é constituído de maneira tal, que o indivíduo não pode funcionar eficazmente se em
todas as partes e órgãos de seu corpo não reinar a ordem. O homem normal, em estado
primitivo e inculto, é incapaz, tal como o demonstram os silvícolas; por isso, deve ser
adestrado por meio da educação, do exercício e do trabalho, para que haja coordenação entre
suas funções orgânicas. Somente assim poderá chegar a cumprir com eficiência as tarefas que
se lhe atribuem.
Se bem que o cirurgião possa amputar um membro ou um órgão para salvar o resto do corpo,
deve ter-se em conta que esse recurso não é viável no caso de nações inteiras. Um corpo
privado de órgãos fica com suas possibilidades diminuídas. Um mundo privado de seus
trabalhadores — que neste momento são escravos da estupidez e da demência dos capitalistas
e monarcas da Terra — permaneceria impotente, o que por sua vez repercutiria no Estado.
Assim como temos visto que o vencedor, depois de uma guerra, tem forçosamente que
perdoar os habitantes do país vencido, assim também qualquer esforço tendente a
DESPOVOAR uma região do mundo traria prejuízos para todos. Sem dúvida, se considerarmos
o mal que os germes e bactérias hostis provocam no organismo, advertimos que, em favor do
organismo atacado, esses elementos nocivos têm que ser dominados.
Em todo Estado, há indivíduos que desempenham o papel de vírus e germes nocivos, os quais,
ao atacar qualquer grupo de habitantes com seu veneno pertinaz, produzem em um órgão
uma enfermidade que logo se estende ao conjunto.
Há alguns que embarcam em uma fantástica viagem espiritual pelo que denominam
«subconsciente» ou «mente inconsciente» e, por meio da Psicoterapia, tratam de curar as
perturbações dos órgãos do corpo; mas é possível observar que têm obtido resultados
bastante pobres. Esse enfoque, carece de força. Quando, na Rússia, foi descoberto o
hipnotismo, observou-se que, muitas vezes, bastava dominar o indivíduo indefeso, para
conseguir-se sucesso. Tem-se que sanar as limitações da hipnose com o fim de aumentar a
sugestionabilidade dos indivíduos resistentes a tal método. Dessa maneira, muitas nações têm
conseguido curar-se, ao neutralizar os grupos rebeldes. Da mesma forma que, com o
hipnotismo, qualquer órgão pode ser induzido a maior lealdade e obediência, assim também,
mediante o uso da energia necessária, se consegue obter a lealdade e a obediência de
qualquer grupo. Sem dúvida, a violência sabe ser destrutiva e, em certas ocasiões, não é
possível recorrer à força para obterem-se os objetivos desejados. Portanto, é mister
recondicionar o indivíduo, dominando sua vontade de rebeldia.
Do mesmo modo que é uma verdade aceita que o Homem deve conformar-se ao seu
ambiente, é também outra verdade aceita — e o será mais, à medida que o tempo passe — a
de que inclusive o corpo humano pode ser obrigado a gozar de boa saúde.
CAPÍTULO III
O homem está sujeito a determinados desejos e necessidades tão naturais para o seu bem-
estar, como o são para qualquer outro animal. Sem dúvida, o homem tem a peculiaridade de
exagerar algumas dessas necessidades para além do razoável. Isso se evidencia no crescimento
das classes poderosas, os grupos pseudo-intelectuais, a «pequena burguesia>>, o capitalismo e
outros males.
Com razão tem-se dito que uma décima parte da vida do homem está absorvida pela política e
as nove partes restantes pela econômica. Sem alimento, o homem perece; sem vestimenta,
congela-se; sem casa, nem armas, fica à mercê das feras. A aquisição de bens suficientes para
responder a essa necessidade de alimentos, indumentárias e abrigo é direito natural e razoável
de todo membro de um Estado civilizado. O excesso de bens produz inquietude e
perturbações. A superabundância de artigos de luxo, como sucede nos países capitalistas, tem
o inconveniente de acentuar as características menos lisonjeiras do Homem.
Sucede algo análogo com o grupo, Quando o grupo tem demasiados bens, a perspicácia de
seus componentes se reduz em igual medida e anula-se a eficácia geral do conjunto.
O desejo e a necessidade são estados de ânimo. Os indivíduos podem ser educados para
desejar mais do lhes seja possível obter e, nesse caso, sentem se, infelizes. Grande parte da
ambição dos capitalistas deriva-se de sua avareza. O capitalista explora o trabalhador muito
mais do que o exigem suas próprias necessidades como capitalista.
Numa nação em que não há controle sobre seu equilíbrio econômico, o apetite do
indivíduo é estimulado indevidamente mediante incitações fantasiosas e sedutoras, do que
resulta um tipo de loucura, pela qual cada indivíduo quer possuir mais do que necessita, e
consegui-lo às expensas de seus semelhantes.
Uma privação interna demasiado prolongada pode provocar desejos doentios que, se não são
dominados, induzem por si sã a acumular mais do que o necessário. A própria pobreza, tal
como é cultivada cuidadosamente nos países capitalistas, pode gerar uma ambição
desordenada. Assim como o vazio absorve as massas, assim também, num país em que se
permite que as massas se vejam oprimidas por uma privação forçada
e em que o desejo é estimulado artificialmente, a necessidade chegará a ser cobiça; nesse
tipo de países, é fácil comprovar que se explora a muitos em benefícios de uns poucos.
Se, por meio de técnicas psicopolíticas, se conseguisse frear essa cobiça excessiva, nos poucos
que a possuem, o trabalhador estaria livre para buscar um equilíbrio mais natural.
Temos aqui dois extremos. Tanto um como outro são uma loucura. Se queremos desequilibrar
um indivíduo, não temos mais que saciá-lo ou privá-lo por um período superior aos limites
razoáveis, e teremos provocado um transtorno mental. Um exemplo simples disso é a
alternância de pressões demasiado baixas e demasiado altas em uma câmara, excelente
procedimento psicopolítico. As pressões rapidamente alternadas ;provocam um caos no qual o
indivíduo não pode atuar e no qual outros forçosamente, assumirão o controle.
Essencialmente, em um país faz-se necessário eliminar os cobiçosos, por qualquer meio que
seja, e então criar e manter um estado de semi-privação nas massas, com o fim de assumir o
poder e controlar por completo essa nação.
Em uma nação de conquista, como os Estados Unidos da América, nosso avanço lento e sub-
reptício tem que aproveitar somente os ciclos de prosperidade e depressão, inerentes ao
regime das nações capitalistas, com o fim de assegurarmos cada vez mais um controle maior
sobre as vontades individuais. Para nossos fins, a prosperidade é tão vantajosa como a
depressão, porque, nas épocas prósperas, nossa propaganda deve insistir no fato de que a
riqueza continua em mãos de uns poucos eleitos e fora do controle do Estado. Durante uma
época de depressão, só é necessário proclamar que isso é o resultado da avareza de uns
poucos e da geral incompetência dos dirigentes nacionais.
O agente comunista perito em Economia tem como tarefa subornar pessoal dos organismos
impositivos, para criar o máximo mal-estar e o caos, assim como também influir para que se
aprovem as leis que convenham a nossos propósitos.
As famílias das pessoas influentes podem ser vítimas do ócio e da ambição, e tal circunstâncias
deve ser explorada, e até criada, se é que não existe. As atividades normais de um filho de rico
devem ser deformadas e apresentadas como neurose, para, então, com a ajuda de uma
oportuna aplicação de drogas ou de violência, fazê-lo cair no delito ou na demência. Isso fará
com que, em seguida, um perito em «cura mental>> ponha-se em estreito contato com a
família, fato que deve ser aproveitado ao máximo.
O comunismo pode triunfar com facilidade, se junto a cada homem rico ou influente colocar-se
um agente psicopolítico ou um especialista em «tratamento mental» que, mediante seus
conselhos ou por intermédio da esposa ou filha, possa dirigir a atuação de tal personagem e
assim embrulhar ou transtornar a política econômica do país; e quando chegar o momento
propício de anular para sempre esse homem influente, poder-se
Colocado junto às pessoas influentes de um país, o agente psicopolítico também pode chegar a
modificar a política, em outros terrenos, para benefício de nossa causa.
O capitalista não sabe o que é a guerra. Crê que é o ataque violento por meio de soldados e
artefatos bélicos. Não sabe que a guerra mais eficaz, ainda que mais extensa, é a que se trava
com pão ou, em nosso caso, com DROGAS e com nossos sábios métodos. O capitalista nunca
:soube travar uma guerra verdadeira. O psicopolítico não terá muito trabalho para ganhar esta
guerra em que está empenhado.
CAPÍTULO IV
E AS MASSAS
Assim como vimos que um indivíduo adoece quando cada um de seus órgãos deixa de
funcionar para o conjunto, assim também comprovamos que o Estado adoece quando os
indivíduos não obedecem a normas rigorosamente codificadas e compulsivas.
Houve pessoas que, em épocas menos ilustradas, induziram o Homem a crer que os objetivos
são os que cada um se fixa e persegue por conta própria, e que, em realidade, o impulso total
do homem de fazer coisas superiores provinha da Liberdade. Devemos recordar que esses
mesmos, que professaram tal filosofia, foram também aqueles que mantiveram o Homem no
mito da existência espiritual.
Todo objetivo provém do rigor. A vida é uma contínua fuga. Sem compulsão e sem ameaças
não pode haver desejo de escapar da dor. Sem a ameaça de castigo não pode haver proveito.
Sem controle rigoroso e firme não se podem cumprir os objetivos do Estado.
Os objetivos estatais devem ser formulados pelo Estado para obter a obediência e cooperação
de cada membro do Estado. Um Estado sem objetivos assim estabelecidos é um Estado
enfermo. Um Estado sem o poder nem o desejo de fazer cumprir seus objetivos é um Estado
enfermo.
Quando o Estado comunista distribui uma ordem e não é obedecido, a consequência é uma
enfermidade. Quando a obediência falha, as massas sofrem.
Nem sempre é imprescindível eliminar tal indivíduo. É possível destruir suas tendências
opostas aos objetivos e ao benefício do grupo. Os métodos da Psicopolítica estendem-se desde
a eliminação do próprio indivíduo até a mera erradicação das tendências que motivam sua
falta de cooperação.
Não basta que o Estado tenha seus objetivos. O cumprimento dos mesmos depende da
lealdade e obediência dos indivíduos. Os que estão submetidos a trabalhos forçados têm
pouco tempo para dedicar a especulações ociosas, o que é muito conveniente, mas por cima
destes, desgraçadamente, tem de haver capatazes de diversas classes, qualquer dos quais
poderia gozar de tempo livre e carecer de atividade física suficiente, o que influiria
negativamente em sua conduta .
CAPÍTULO V
ANÁLISE DA LEALDADE
No terreno da Psicopolítica, a lealdade não significa nada mais que disciplina, com respeito aos
objetivos do Estado comunista. A deslealdade implica em indisciplina total e, com mais
amplitude, indisciplina com respeito aos objetivos do Estado comunista.
Ainda que o eletro-choque não tenha maior eficácia terapêutica como remédio para curar um
enfermo mental, é inegável que o seu valor punitivo produzirá no paciente uma atitude mais
submissa. Não existem estatísticas que indiquem que a cirurgia do cérebro tenha outro valor
que eliminar a personalidade individual, quando esta obstrui o bom funcionamento dos
órgãos. Essas duas descobertas russas nunca pretenderam modificar a condição de lucidez
mental: só são eficazes e viáveis para introduzir um mecanismo punitivo adequado na
personalidade e fazê-la desistir de suas tendências egoístas com respeito ao organismo. São
úteis para submeter a personalidade recalcitrante, quando se opõe ao cumprimento dos
objetivos estatais. Ocasionalmente, comprova-se que a anulação da personalidade rebelde,
por meio de choque e cirurgia, permite, de novo, o funcionamento ordenado dos órgãos que
haviam reagido contra essa personalidade. A utilização de eletro-choque e cirurgia cerebral, na
Psicopolítica, demonstra com clareza que um Estado são se compõe de organismos e não de
personalidades.
O primeiro passo para transformar a lealdade consiste na eliminação das lealdades pré-
dominantes. Isso pode conseguir-se de duas maneiras: l) demonstrando que as lealdades
anteriores têm ocasionado males físicos, como encarceramento, violências, privações; 2)
erradicando a própria personalidade.
Está bem demonstrado que a lealdade carece, por completo, deste místico componente
denominado «qualidade espiritual>>. A lealdade é uma questão total de dependência
econômica e mental, que pode ser ,alterada mediante persuasão violenta. Experiências com
trabalhadores e camponeses demonstram que entregam tão facilmente sua lealdade a um
capataz como a uma mulher, e que, com a mesma facilidade, trocam de objeto, depositando-a
em outro indivíduo, retirando a daquele a quem a prestavam antes. Isso se comprova, com
muito mais frequência, entre ,as massas dos países capitalistas — que sofreram uma
insegurança infamante — do que em um país adiantado como a Rússia. Nos Estados
capitalistas, a sujeição é tão abjeta, a necessidade e a miséria são tão extremadas, que a
lealdade carece de fundamento ético e subsiste só com um caráter de sujeição, rigor e
necessidade.
É uma sorte que o comunismo se aproxime tanto do estado mental ideal, porque isso facilita,
de certo modo, qualquer modificação das lealdades, dado que todas as demais filosofias, que
hoje prevalecem e se professam no mundo, são algo degradante e vil, comparadas com o
comunismo. Portanto, o agente psicopolítico trabalha com uma certa segurança, porque sabe
que pode substituir a lealdade de um indivíduo por algo mais idealista, mediante a razão
somente, e a urgência é o único motivo que nos obriga a recorrer aos distintos aspectos da
técnica psicopolítica. Qualquer indivíduo contrário à doutrina comunista tem, por força, que
ser considerado como pouco ajuizado e, por isso, está plenamente justificada a utilização dos
métodos de tratamento mental para os não comunistas.
Em geral, quando o partido não tem interesse pelas atividades ou decisões do personagem
importante, sendo que somente deseja impedi-lo de atuar, o agente psicopolítico não tem por
que se esforçar e é suficiente que se ponha o personagem em mãos de algum psiquiatra com
formação psicopolítica, o qual conseguirá neutralizar sua influência.
Quando a lealdade de um indivíduo não pode ser alterada e quando a opinião, a influência ou
a eficácia de tal indivíduo seja um impedimento para os objetivos comunistas, nesse caso
convém provocar-lhe uma neurose moderada, por qualquer meio, e, em seguida, fabricando-
lhe antecedentes de desequilíbrio mental, levá-lo ao suicídio. Os agentes psicopolíticos têm
muita prática neste tipo de ação, realizada milhares de vezes, dentro e fora da Rússia.
Outra das razões pelas quais a Psicopolítica se ocupa da insânia é que tal estado é
depreciativo, desonroso e desqualifica publicamente. Dessa maneira, um agente psicopolítico
situado perto de um insano pode refutar ou desqualificar qualquer acusação do mesmo,
alegando que toda sua família sofre do mesmo desequilíbrio mental. Isso tem muita eficácia
nos países capitalistas, nos quais tanto se teme a loucura, que nada os animaria a dar crédito
às acusações feitas por um demente. A propaganda psicopolítica se ocupa e deve ocupar-se
constantemente em criar e intensificar o halo de mistério em torno da demência, e deve
acentuar quão tremendo e irremediável é esse mal, com o fim de justificar a falta de
tratamento terapêutico no caso dos dementes. Nos países
Quando, publicamente, se lançam dúvidas sobre o juízo são de uma pessoa em particular, é
possível anular e desacreditar os fins e as atividades de tal pessoa. Demonstrando a demência
de um grupo ou de um governo, pode-se conseguir que o público lhes retire a confiança. Ao
magnificar a reação geral contra a demência, ao manter permanentemente o tema da insânia
na atenção do público, e utilizando depois essa reação popular contra os dirigentes da nação, é
possível anular a ação de qualquer movimento ou de qualquer governo.
A habilidade do ataque psicopolítico, nesta matéria, vem muito ao caso para evitar as
suspeitas dos leigos e dos funcionários estúpidos, já que atuaremos com todo o respaldo da
autoridade; e ao fazer notar que os métodos psicoterápicos são demasiado complexos para a
compreensão do povo, realizaremos uma revolução total, que não despertará as suspeitas do
povo, até que seja um fato consumado.
A alienação mental é a rebelião máxima, e pode ser a melhor arma para eliminar velhas
lealdades. Portanto, é de suma importância que os agentes psicopolíticos se infiltrem na
profissão médica do país assinalado como objetivo de uma conquista, e, dentro desse
ambiente, exerçam uma pressão permanente contra o povo e o governo, até que a conquista
seja um fato. Eis ai, a essência e a razão de ser da própria Psicopolitica
Ao modificar as lealdades, temos que controlar os valores que as sustentam. O animal homem
é, antes de tudo, leal consigo mesmo. Isso é suscetível de destruir, demonstrando-lhe seus
próprios erros, demonstrando-lhe que não tem memória, que não pode raciocinar nem confiar
em si mesmo. Em segundo lugar, o homem é fiel a seu grupo familiar, a seus pais e irmãos. Isso
pode destruir-se, criando-lhe um grupo familiar que não dependa dele para o sustento,
rebaixando o VALOR DO MATRIMÔNIO, facilitando o divórcio e, na medida do possível, pondo
a criança e a educação dos filhos nas mãos do Estado. Em terceiro lugar, o homem é leal para
com seus amigos e para o lugar em que vive. Isso se destrói, minando sua confiança com
presumidas denúncias de seus vizinhos ou autoridades de sua cidade. O homem é, também
leal para com o Estado e, para os propósitos comunistas, essa é a UNICA LEALDADE tolerável,
uma vez que o Estado se faça comunista. Até lá, deve destruir-se, por todos os meios, a
lealdade da JUVENTUDE para com o Estado, de forma que não se sinta obrigada para com ele,
e dê sua adesão aos movimentos de inspiração comunista, mediante promessas de um futuro
melhor sob o comunismo.
Pondo a seu alcance diversas classes de drogas e bebidas alcoólicas, elogiando sua rebeldia,
excitando-os com literatura erótica e com as práticas que se ensinam efetivamente na Escola
de Psicopolítica, o agente psicopolítico pode criar as condições necessárias de caos, indolência
e envelhecimento, para logo seduzir os adolescentes com a isca da liberdade total, que lhes
oferecerá o comunismo.
Com esse recurso, o patriotismo dos jovens pode ser minorado, ao ponto de que já não sejam
perigosos como soldados. Se bem que tudo isso requeira décadas para conseguir-se, os curtos
horizontes do capitalismo nunca lhe permitirão imaginar os prazos com que trabalhamos.
O papel que toca, a este respeito, ao psicopolítico é de suma importância. Em seu caráter de
autoridade em questões mentais, o agente pode aconselhar toda a classe de medidas
destrutivas. De sua privilegiada posição, pode assessorar, em todo o país, a educação dos
meninos, de modo que estes, livres de seus caprichos, privados de jogar, possam atuar sem
travas, nem responsabilidades para com seu país e nem para consigo mesmos.
Quando se trata de dirigentes de grupos juvenis, o agente psicopolítico tem muitas maneiras
de aproveitar ou desacreditar sua influência. Para aproveitá-la, tem-se que desviar
cuidadosamente a personalidade do moço ou da jovem em questão, por vias criminosas, e
conseguir seu controle por meio de extorsão e outros recursos. Quando tal liderança não for
suscetível de utilização, quando resistir a nossos esforços e existir a possibilidade de que se
torne perigosa para a nossa causa, não se devem economizar esforços para chamar a atenção
das autoridades sobre o dirigente em questão e hostilizá-lo de uma ou outra maneira, até que
se consiga pô-lo em poder dos organismos competentes. Quando isso for conseguido, é de
supor-se que o agente psicopolítico, em seu caráter de assessor de juventudes e amparado
pela autoridade da lei, poderá destruir o equilíbrio mental do dirigente. É aconselhável utilizar
qualquer desses dois métodos nos casos de intelectuais, de esportistas e de dirigentes de
grupos juvenis.
A questão de influir nas decisões dos tribunais de menores é uma das tarefas mais simples
para o agente psicopolítico. Em qualquer pais capitalista, abundam tanto as injustiças, que
uma injustiça a mais passa despercebida. Nos tribunais de menores sempre há pessoas com
tendências desviadas, sejam juízes ou policiais masculinos ou femininos; se não houver, deve-
se providenciar para que haja. Pondo os jovens e crianças ao alcance desse tipo de pessoas
protegidas pela «segurança» do cárcere ou do alojamento para detidos, e obtendo-se disso
fotografias ou testemunhos incriminatórios, é fácil forçar tais pessoas a obedecerem nossas
indicações e porem,se a nosso serviço.
Os casos de delinquência juvenil que comparecem ante os tribunais de menores devem ser
apresentados como «problemas mentais>>, em vez de casos criminais. Os juízes, auditores e
autoridades policiais que não concordem com a existência de tais «problemas mentais» devem
ser considerados incapazes, por não possuírem o conhecimento científico necessário, e, por
isto, afastados. Isso ocasionará vagas nos tribunais, nas auditorias e na polícia, as quais
poderão ser ocupadas por agentes psicopolíticos, que se converterão, assim, em juízes do país,
pela influência exercida, e terão em suas mãos o controle total dos delinquentes, cuja
colaboração é necessária para levar a cabo qualquer revolução.
CAPITULO VI
A OBEDIÊNCIA
Qualquer organismo que tenha valor e decisão para empregar a força desumana, a selvageria
e a brutalidade será obedecido. Uma utilização semelhante de força é, de per si, um elemento
de grandeza. Exemplo disto o temos nada menos que em nossos grandes dirigentes
comunistas, os quais, em momentos críticos da tirania czarista sobre um povo escravizado,
tiveram o valor de não sentir escrúpulos e conseguiram, assim, que se estabelecesse o governo
comunista no Estado russo.
Se quer conseguir obediência, não se deve transigir por compaixão. Se quer obter obediência,
não se deve demonstrar misericórdia. O homem é um animal que, em última instância,
entende só o que entende um animal.
Ao golpeá-lo novamente, várias vezes, consegue-se, por fim, sua obediência pura e simples à
pessoa que o golpeou. Isso é um fato comprovado. Está comprovado, porque é o fator
principal utilizado pelo Animal Homem, desde suas primeiras épocas . É o único princípio de
eficácia demonstrada, o único com o qual se obtém uma persuasão ampla e permanente.
Temos que aproveitar esta certeza: de que um homem, quando alguém o golpeia uma e outra
vez, muitas vezes, terminará por crer hipnoticamente em tudo o que o causador dos golpes lhe
diga.
A estupidez do mundo ocidental fica plenamente demonstrada pelo fato de acreditar que no
hipnotismo há algo que concerne à mente, à atenção e ao desejo do inconsciente. ISSO NÃO É
VERDADE. O hipnotismo só pode ter verdadeira eficácia, quando a pessoa for golpeada e
castigada duramente. Os especialistas ocidentais afirmam que só vinte por cento das pessoas
são suscetíveis à hipnose. Essa afirmação é TOTALMENTE FALSA. Se lhe administra o castigo
adequado, qualquer pessoa, em qualquer momento e lugar, é suscetível ao hipnotismo. Em
outras palavras, o hipnotismo, quando se lhe soma a força, tem uma eficácia invariável.
Quando a inconsciência não puder ser induzida mediante a simples concentração do
hipnotizados, pode induzir-se por meio de drogas, do eletro-choque ou de qualquer outro
meio. E quando não se consegue obter a inconsciência para implantar eficazmente uma
convicção por meio do hipnotismo, faz mister amputar as seções ativas do cérebro humano,
para deixá-lo inútil e inofensivo. De modo, pois, que o hipnotismo é sumamente eficaz .
O objetivo do hipnotismo é implantar uma convicção. Em que pode crer a pessoa? Pode crer
em qualquer coisa que se lhe ordene com a necessária brutalidade e força. A obediência da
massa depende do que se lhe faça crer.
Isso é um fato conhecido pelas religiões desprezíveis, como o cristianismo. Este sabia que, se
conseguisse implantar uma crença determinada nas massas, poderia escravizá-las com as
fantasias cristãs de humanidade e misericórdia e deixá-las desarmadas. Mas não é necessário
contar com esse ato de fé, para conseguir criar uma convicção. Basta demonstrar a necessária
força, brutalidade, selvageria e violência, que criem uma convicção implícita e imponham
obediência. Como o comunismo é questão de convicção, seu estudo é o estudo da força.
Com o fim de criar um estado hipnótico agudo em um indivíduo, um grupo ou uma nação,
deve-se ter sempre presente um elemento de terror imposto pelos que governam. O
psiquiatra se presta muito para a dita função, já que seus rigores se exercem em nome da
ciência e são sumamente complexos e incompreensíveis para o povo. O terror popular,
inspirado pelo psiquiatra, provocará o desequilíbrio mental em muitos indivíduos. As
manobras dos psiquiatras, portanto, podem dissimular-se sob o manto da autoridade e dar
origem a uma campanha de propaganda em torno dos diversos <<tratamentos>> que se
aplicam aos enfermos mentais. A campanha psicopolítica deverá sempre fazer notar que tais
tratamentos são terapêuticos e imprescindíveis. As publicações psiquiátricas têm de conter
extensas listas de presumíveis pacientes curados por esses meios. Mas essas <<curas>> não
têm porque serem verdadeiras, na realidade. Nisto, o agente psicopolítico e seus seguidores
são as únicas autoridades que decidem quem está enfermo ou não. Sua palavra será a única
norma quanto ao valor terapêutico de tais tratamentos. Nenhum leigo se animará a opinar
sobre o estado do indivíduo que já tenha sido declarado insano pelo psiquiatra oficial. O
próprio indivíduo não estará em condições de reclamar e sua família já estará desacreditada,
pelo fato de ter um caso de demência em seu seio. Não tem que haver mais autoridade na
matéria do que a do agente psicopolítico; do contrário, descobrir-se-á que as violências e
rigores administrados sob pretexto de tratamento não são curativos.
Um agente psicopolítico não tem interesse em meios terapêuticos, nem em curas . Quanto
mais dementes houver num país, maior quantidade de gente haverá sob seu domínio e mais se
facilitará sua tarefa. Dado que o problema parece estar assumindo características de gravidade
incontrolável, cada vez haverá mais ocasiões em que sua tarefa seja considerada urgente, o
que justifica que recorra a tratamentos tais como o eletro-choque, a lobotomia pré-frontal, a
leucotomia transorbital e outras classes de operações que, desde há muito, se vêm efetuando
nos prisioneiros políticos na Rússia.
Quando se tem a sorte de conseguir ficar junto de um personagem político importante, o fator
obediência se torna fundamental. Deve criar-se uma certa dose de medo ou temor na pessoa
que esteja sob tratamento, para que tal pessoa aceite, sem discussão e totalmente, as ordens
do agente psicopolítico e assim possa influenciar, por sua vez, os demais.
Criar esse estado de ânimo no povo e em seus dirigentes — sobre a autoridade indiscutida do
agente psicopolítico — pode chegar-se a conseguir com todo o êxito. Não é demasiado esperar
que os agentes psicopolíticos, em um país como os Estados Unidos, possam chegar a
converter-se em assessores mais chegados dos personagens políticos, até o ponto de
assessorar todo um partido político, em seus planos de governo.
O que importa são us planos de longo alcance. A convicção é engendrada por certa dose de
terror e medo sobre os que governam e isso impulsionará à obediência.
A propaganda que melhor serve à psicopolítica é insistir, continuamente, no que as
autoridades da saúde mental consideram tratamento adequado à demência. Esses
tratamentos sempre devem incluir uma certa dose de brutalidade. A propaganda deverá
acentuar, permanentemente, a quota crescente de demência no país. Todo o campo do
comportamento humano normal deve chegar a transformar-se em comportamento anormal.
Dessa maneira, qualquer um que incorra em alguma extravagância, especialmente na
excentricidade de opor-se aos psicopolíticos, poderá ser silenciado pelas autoridades,
alegando-se que padece de desequilíbrio mental. Assim, com ajuda de circunstancias—55—
favoráveis, essa pessoa poderá ir parar em mãos dos agentes psicopolíticos, que se
encarregarão de incapacitá-la ou de vencer sua resistência, mediante castigos, drogas e
hipnose.
Para a psicopolítica, interessa que as pessoas pensem que um indivíduo hipnotizado nunca age
contra sua vontade, nem comete atos imorais, nem trabalha contra sua própria segurança. Se
bem que isto possa ser verdade no caso do hipnotismo superficial, de salão, não sucede assim
com ás ordens implantadas por hipnose posterior à aplicação do eletro-choque, das drogas ou
do castigo violento. Naturalmente que os agentes psicopolíticos tratarão de que todos
ignorem esse fato, posto que, se chegar a saber-se que os indivíduos podem cometer ações
atentatórias contra sua própria pessoa ou atos imorais quando estão sob a influência de um
estado de hipnose profunda, o proceder de muitos dos que trabalham inconscientemente em
favor do comunismo teria clara explicação. As pessoas que atuam sob ordens impostas em um
estado de hipnose profunda procedem, aparentemente, por vontade própria e de acordo com
suas convicções.
A PSICOPOLITICA DEVE APELAR PARA O FANTÁSTICO, PARA DESPISTAR OS LEIGOS. ESSA É SUA
MELHOR DEFESA, MAS, ANTES DE TUDO, REQUER OBEDIÊNCIA IMPLÍCITA POR PARTE DOS
FUNCIONÁRIOS E DO POVO EM GERAL, CONSEGUIDA PELA ÍNDOLE DAS MANOBRAS
PSICOPOLITICAS NO TERRENO DA SAÚDE MENTAL.
CAPÍTULO VII
HOMEM
Ao não ter vontade própria, o Homem é facilmente dirigido por seus reflexos. Basta criar um
estímulo, na anatomia cerebral do homem, para que tal estímulo reaja e responda cada vez
que o solicite uma ordem externa.
Como exemplo, digamos que um indivíduo é golpeado e, enquanto sofre o castigo, recebe
ordem de determinadas pessoas. O indivíduo em questão experimentará, depois disso, a
mesma sensação de dor, cada vez que pretenda desobedecer. A sensação de dor, uma vez
implantada, agirá como vigilante, porque a experiência ensina, ao indivíduo, que não pode
lutar e que será castigado se desobedecer a determinadas pessoas.
Os reflexos condicionados são algo bastante complexo. Tal como demonstra com clareza o
hipnotismo, existem séries inteiras de ordens que se referem a numerosas ações, produzidas
por meio de castigos corporais, choque ou terror, e que ficarão latentes até que voltem a ser
evocadas por certas semelhanças com as circunstâncias ambientais ligadas ao castigo.
Como os pais são benévolos com seus filhos, raras vezes aplicam o castigo suficiente para
obter a máxima obediência. A resistência do organismo humano ao castigo pode ser muito
grande. O reflexo de obediência total e implícita obtém-se só com estímulos suficientemente
brutais, que ocasionem prejuízos físicos ao organismo. O método dos cossacos para domar
cavalos selvagens é um bom exemplo. O cavalo não se quer sujeitar, nem obedecer às ordens
do cavaleiro; o cavaleiro monta e, pegando uma garrafa de vodka, a quebra entre as orelhas
do animal. O cavalo, molhado até os cascos, com os olhos cheios de álcool, confunde o líquido
com sangue e, a partir deste instante, quebra-se sua resistência para sempre. Os cavalos não
se domam quando o castigo é leve. Há aqueles que sentem escrúpulos sentimentalistas,
quando têm que «quebrar o espírito», mas quando o que se quer é dominar o animal, há de se
utilizar a brutalidade, para conseguir-se obediência total.
O corpo tem menos resistência ao estímulo quando está fatigado e mal alimentado. Por
conseguinte, tais estímulos devem ser utilizados quando as resistências dos indivíduos tenham
sido dominadas pela fome e o cansaço. Quando se lhes impede de dormir por muitos dias, ou
se lhes nega o alimento necessário, consegue-se um estado de receptividade ótimo para o
estímulo. Se, então, se lhes aplica o eletro-choque, e, durante o mesmo, se lhes ordena
obedecer ou realizar certas coisas, não têm outro recurso que o fazer, pois, do contrário,
voltará a atualizar,se a imagem mental do eletro-choque. Esse mecanismo altamente científico
e de grande eficácia não pode ser subestimado na técnica psicopolítica.
A ação das drogas produz, no indivíduo, um esgotamento artificial, e se lhe são- administrados
drogas e eletro-choque e se for castigado cada vez que se lhe atribuir uma série de ordens, o
indivíduo ficará alterado definitivamente; essa operação se denomina hipnose por drogas e
dor.
O aprendiz da ciência psicopolítica deve estudar muito bem a questão da hipnose e a sugestão
pós hipnótica. Deve prestar grande atenção ao «mecanismo de esquecimento>>, vale dizer, à
persuasão da mente inconsciente. Deve observar, em especial, que quando a uma pessoa em
estado hipnótico e dada uma ordem e, enquanto subsistir esse estado, diz-se-lhe que esqueça
tal ordem, voltará a executá-la quando, ao seu redor, se produzir o sinal adequado para o
reflexo, depois que tenha <<saído>> do transe hipnótico.
Após haver assimilado bem estes ensinamentos, o agente deverá praticá-los com criminosos e
presos, ou com pessoas, que estejam ao seu alcance, induzindo transes hipnóticos mediante
drogas e implantando, sugestões hipnóticas, ao mesmo tempo que faz sentir dor à pessoa
drogada. Depois, terá que estudar as reações da pessoa quando «despertar», e produzir os
sinais adequados para que atue o reflexo das doses subliminares das distintas drogas e da
violência, traduzidas em termos de choque elétrico ou novas doses de drogas, para provocar
uma obediência ótima às ordens. Terá que estai persuadido de que o homem não conhece
outro método melhor, de que não há outro método possível, para que o paciente saiba o que
está sucedendo, mas se mantenha em estado de obediência condicionada, ainda que ignore a
causa que a produz
A audácia do agente psicopolítico pode aumentar, se lhe for demonstrado que a acusação de
«insânia» desacredita e anula a eficácia das declarações de uma pessoa que der sinais de
rebeldia ou de recuperação, quando se conseguir aplicar nessa pessoa o tratamento de
hipnose com drogas e dor.
A Neurocirurgia, tal como se tem desenvolvido na Rússia, também, deverá ser praticada pelo
estudante de Psicopolítica, para infundir-lhe plena confiança de que: 1) a operação é
elementar; 2) dá a certeza da erradicação do mecanismo de reflexos; 3) provoca o cretinismo,
o idiotismo e a falta de coordenação do paciente; 4) haverá ausência quase total de
comentários a respeito dos fracassos da Neurocirurgia .
A completa simplicidade da hipnose por drogas e dor, uso de eletro,choque, das drogas, de
injeções que produzem a loucura e demais elementos deve ser dissimulada por completo sob
uma nomenclatura técnica, ou sob o pretexto de não prejudicar o paciente, ou mediante uma
atitude autoritária, ao mesmo tempo em que se empenha em ocupar postos chaves no país-
objetivo.
Ainda que o agente psicopolítico que trabalhe nas universidades, onde pode dirigir os
programas da cadeira de Psicologia, possa sentir-se tentado a ensinar alguns dos princípios da
Psicopolítica aos estudantes de Psicologia mais suscetíveis, tem que ser advertido de que deve
limitar sua atividade a transmitir os princípios comunistas sob aparências ,de Psicologia e cingir
se a produzir, nos estudantes, uma mentalidade inclinada a adotar as idéias comunistas sob
pretexto de modernos princípios científicos e como guia para sua própria ação. O agente
psicopolítico jamais deve inteirar por completo os estudantes acerca da questão dos reflexos
condicionados, nem tampouco deve fazer lhes conhecer —exceto aos que serão seus futuros
colegas — o alcance exato da Psicopolítica.
CAPÍTULO VIII
Para conquistar uma nação, primeiro ter-se-á que a desmoralizar, seja mediante ação de
guerra, seja dominando-a por meio de humilhantes tratados ou entregando seu povo à mercê
dos exércitos inimigos. Sem dúvida, a degradação pode realizar- se de forma mais eficaz e
insidiosa mediante a difamação permanente e organizada.
A difamação é a arma melhor e mais importante da Psicopolítica em geral. Tem-se que levar a
cabo, de maneira sistemática, uma campanha de difamação das instituições, dos dirigentes,
dos costumes e dos heróis nacionais; mas, em termos gerais, essa tarefa corre por conta dos
membros do Partido Comunista e não dos agentes psicopolíticos.
Existe uma curva no processo de degradação que, em sentido descendente, chega até um
ponto no qual a resistência do indivíduo é quase nula e onde qualquer ação exercida sobre ele
o submeterá a estado de choque. Desse modo, pode-se vexar, maltratar, desmoralizar e
degradar um prisioneiro até que o mínimo gesto de seus carcereiros o faça tremer . Assim, a
menor palavra de seus inimigos o fará obedecer, mudar de convicções e aceitar qualquer
ordem . No último extremo de sua degradação, chegará até a assassinar seus companheiros de
quartel. As experiências realizadas com prisioneiros alemães têm demonstrado que, com
apenas setenta dias de alimentos infectos, de privação do sono e de alojamento em condições
quase intoleráveis, pode conseguir-se submeter o prisioneiro a um estado de choque abaixo
do limite de sua resistência, com o qual se consegue fazê-lo obedecer, como hipnotizado, a
qualquer ordem que se lhe dê. Dessa maneira, pode-se obter obediência servil de milhares de
prisioneiros, sem ter que se ocupar pessoalmente de cada um, e se consegue modificar suas
crenças e dirigir sua conduta futura, depois de haverem sido devolvidos aos seus.
O primeiro que se tem de desmoralizar, em uma nação, é o próprio homem. As nações que
gozam de, um alto nível ético são mais difíceis de conquistar. Nelas as convicções são muito
sólidas, a adesão aos dirigentes é fanática e o que chamam de integridade espiritual não se
pode minar pela violência. Não convém atacar uma nação nessas condições. O propósito
básico da Psicopolítica é reduzir o nível da nação até um ponto em que seus habitantes
possam ser dominados e escravizados. Por isso, o indivíduo é o objetivo da Psicopolítica. Tem-
se que rebaixar o homem em sua estrutura espiritual, até degradá-lo à condição puramente
animal; tem-se que o obrigar a não pensar em si mesmo, nem em seus semelhantes como
capazes de resistência espiritual e de nobreza.
Um grande passo nessa campanha seria dirigir-se às Forças Armadas da nação e convencê-las
de que os desobedientes devem submeter-se a uma “cura mental”. A escravização da nação
pode fracassar se possibilitar liberdade de ação a tais indivíduos rebeldes, que podem apelar
aos demais cidadãos, chamando-os à reflexão e recordando-os de seus deveres e de suas
convicções tradicionais. A menos que se ponham os indivíduos em questão bem guardados,
entregando-os aos agentes psicopolíticos, surgirão complicações que serão obstáculos à
conquista da nação.
Com essa difamação em grande escala, ajudada pelas cunhas econômicas que se apliquem ao
país, é relativamente fácil isolar entre si os cidadãos e conseguir que cheguem a duvidar da
prudência do próprio governo e que até clamem por sua escravização.
Os programas educacionais psicopolíticos devem visar aos jovens, futuros dirigentes do país,
para doutriná-los acerca da animalidade humana. Essa doutrina deve chegar a pôr-se em
moda. Os jovens devem chegar a convencer-se de que as idéias e o comportamento individual
são coisas suspeitas. Sobretudo, deve inculcar-se-lhes que a salvação do homem enraíza-se
somente em sua completa adaptação ao ambiente em que vive.
Como parece que, em alguns países, é a Igreja o órgão de maior influência na elevação
espiritual, todas e cada uma das organizações e práticas religiosas devem ser
desacreditadas. Tem-se que persuadir o povo de que a religião é algo fora de moda, mediante
o doutrinamento psicopolitico; que a alma não existe e que o homem é nada mais que um
animal. Os métodos falhos do cristianismo induzem os homens a realizar atos heroicos, com
seus ensinamentos de uma vida futura. Isso deve ser eliminado, para conseguir-se a
obediência das massas. Por isso, tem-se que conseguir que se deixe de acreditar nas igrejas e
fazer desaparecer o poder da religião.
CAPÍTULO IX
Não se deve permitir que em qualquer nação subsista nenhuma organização de saúde mental
que tenha fins terapêuticos válidos. Por exemplo, o uso da acupuntura chinesa no tratamento
de desequilíbrios físicos e mentais será conceituado como absurdo e descartado por completo,
dado que tem certa eficácia e — o que é mais' importante ainda —aqueles que a aplicam têm
experiência da verdadeira saúde mental e de
seus princípios.
No terreno da saúde mental, os psicopolíticos devem ocupar e manter, por diversos motivos, a
posição de autoridades na matéria. Sempre existe o perigo de que os problemas de saúde
mental sejam resolvidos por algum indivíduo ou algum grupo que poderia fazer perigar os fins
da Psicopolítica nas associações de saúde mental.
Quando surgirem alguns desses grupos dedicados à saúde mental, não controlados e hostis à
Psicopolítica, o agente psicopolítico deverá recorrer à mescalina, ao peyote e a outras drogas
que provoquem a demência temporária. Então se enviará um paciente — controlado pelo
psicopolítico, — para que se submeta a um pequeno tratamento dos psiquiatras do grupo
opositor. Estes últimos, no afã de demonstrar sua ,capacidade, atuarão geralmente com
entusiasmo. Chegada a uma etapa nédia do tratamento, o psicopolítico aplicará, às ocultas,
uma injeção ,de mescalina, peyoté ou outra droga, ou o eletro-choque, que produzirá
sintomas de loucura no indivíduo tratado pelo grupo rival. Então, o caso será denunciado às
autoridades competentes e o paciente será imediatamente levado para um lugar dominado
por psicopolíticos. Os funcionários pensarão, assim, que o grupo oposto provoca a loucura com
seus métodos incompetentes e tal grupo será, por conseguinte, totalmente desacreditado e se
lhe proibirá atuar.
A conveniência de uma ampla organização para a saúde mental se põe em evidência, quando
se observa que qualquer governo pode ver-se obrigado a proporcionar facilidades para as
atividades psicopolíticas, em forma de salas de psiquiatria nos hospitais, ou de controle total
das instituições nacionais em mãos de agentes psicopolíticos, e funcionamento de clínicas nas
quais a juventude possa ser posta em contato com os—69—
Esses grupos constituem uma força política, que logo pode propugnar por qualquer lei ou
poder desejado pelos agentes psicopolíticos.
Desde que se consagrou como capital da Psicanálise, Viena tem sido considerada como a
capital da Psicopolítica. Ainda que nossas atividades já há muito superaram a dos grupos
freudianos, a proximidade de Viena com a Rússia e a necessidade de que os agentes
psicopolíticos tenham «estudos mais especializados» no berço da Psicanálise, facilitam a
transmissão e o contato com o alto comando psicopolítico. Por isso, deve acentuar-se
constantemente a Psicanálise e deve-se mantê-la aparecendo como parte fundamental do
adestramento psicopolítico.
A Psicanálise tem um vocabulário valioso, mas uma aplicação bastante pobre, sendo ineficaz
como antídoto às convicções implantadas pela Psicopolítica. As associações de saúde mental
podem pô-la em voga e, aprendida sua tecnologia inócua e acreditados alguns de seus.
fenômenos, os membros dos grupos de saúde mental estarão convencidos. de que conhecem
muito sobre a questão, visto que põe o acento no sexo, que é um instrumento conveniente à
degradação e serve admiravelmente para os fins da desmoralização psicopolítica. De modo
que as literaturas recomendadas a tais grupos devem ser de índole psicanalítica.
Quando tais associações de saúde mental estiverem bem enraizadas, dever-se-á, então, ter
linhas psicopolíticas de comunicações estendidas entre o governo e os cidadãos mais
proeminentes. Não é necessário ser demasiado otimista para esperar que a influência dos
grupos citados consiga que se estabeleçam um pavilhão psiquiátrico em cada hospital do país,
equipes de psiquiatras em cada batalhão e regimento do exército do país, que os institutos
oficiais tenham pessoal totalmente controlado pelos agentes psicopolíticos e que, nesses
institutos, se internem os funcionários públicos enfermos, sobre os quais os agentes
psicopolíticos possam ter uma grande influência.
Se puder estabelecer um pavilhão psiquiátrico em cada cidade do país, com segurança, cedo
ou tarde 'todo cidadão proeminente cairá em poder dos agentes psicopolíticos ou de seus
seguidores.
O prestígio dos psiquiatras entre as Forças Armadas e os Serviços de Segurança da nação sob
conquista poderia significar uma afluência de dados superior a qualquer outra fonte. Se cada
piloto que ensaia um novo modelo de aparelho, se cada elemento de ligação do Estado-Maior
fosse submetido ao exame dos agentes psicopolíticos, a simplicidade com que é possível obter
informações, mediante a aplicação de certas drogas cujo efeito não se recordará depois,
anulará por completo qualquer ação anticomunista. Se a nação estiver persuadida de que todo
soldado ou oficial rebelde ou recalcitrante deve ser posto nas mãos dos agentes psicopolíticos,
o país perderá seus melhores defensores. Desse modo, pode apreciar-se a conveniência das
organizações pró saúde mental, posto que as mesmas podem lograr seus objetivos e seus fins
exercendo uma aparente pressão política sobre o governo.
O financiamento de uma operação psicopolítica fica pesado, a menos ,que corra por conta do
governo e dos cidadãos. Ainda que seja possível ,obter grandes somas de dinheiro dos
pacientes e de suas famílias, que ,desejam interná-los, sem dúvida é difícil obter os milhões
necessários, -a menos que se conte com a cooperação do governo. Essa cooperação è melhor
obtida por meio das associações de saúde mental, compostas de personagens destacados, que
utilizem sua capacidade organizadora para influir sobre o governo. Assim, poderão financiar-se
muitas atividades psicopolíticas que, de outra maneira, não se poderiam levar a cabo.
O psicopolítico, deve esforçar-se por formar numerosos grupos de ,saúde mental e deve tratar
de eliminar, por todos os meios, as organizações de verdadeiro saneamento mental, como a
acupuntura da China, as de Ciência Cristã e Dialética nos Estados Unidos, o Catolicismo na
Itália e Espanha e os grupos de Psicologia Prática na Inglaterra.
CAPÍTULO X
O agente psicopolítico pode ser objeto de ataques pessoais ou como integrante de um grupo.
Pode ser acusado de comunista, por obra de alguma denúncia. Pode ser atacado por
incompetência profissional. Pode ser denunciado pelas famílias dos pacientes a quem tenha
prejudicado. Em todos os casos, sua conduta ante esses ataques deve ser equilibrada e
comedida. Deve fazer valer seus muitos anos de prática e apoiar-se em sua autoridade no
campo da Psiquiatria.
Se o agente psicopolítico não tiver trabalhado bem, os grupos hostis podem denunciá-lo e por
em dúvida a sua eficácia em certos tratamentos psiquiátricos, tais como o choque, as drogas e
a Neurocirurgia. Portanto, o agente psicopolítico deve ter, a seu alcance, numerosos
documentos ,que ofereçam estatísticas eloquentes com respeito a curas por meio dos
tratamentos aludidos. Não é necessário que uma só de tais curas seja verídica: o que conta é
que seja bem documentada e impressa, de modo -que se torne prova convincente ante um
tribunal.
Se o que se põe em dúvida é sua lealdade, o agente psicopolítico deverá explicar suas relações
com Viena com o argumento de que essa cidade é um centro de estudo para todas as questões
mentais.
Mais ainda, deverá por em ridículo — empregando sua autoridade o juízo da pessoa que o
ataca e, se possível, invocar os numerosos casos de difamação que possa haver nos arquivos
do país .
Se alguém procura denunciar a Psicoterapia como arma psicopolítica, a melhor defesa é atacar
a lucidez do denunciante. A seguir, tem-se que esgrimir com o argumento da autoridade.
Depois, convém esgrimir corri a validez dos tratamentos psiquiátricos, por meio de. cifras
extensas e impressionantes. Outro recurso eficaz é a eliminação concreta do atacante,
submetendo-o a um tratamento capaz de provocar um estado de
insânia que dure tanto quanto durar o processo. Esse recurso é muito eficaz, mas muito
perigoso de aplicar.
A Psicopolítica deve evitar o assassinato e a violência — que possa ser utilizada com o amparo
de alguma instituição — contra as pessoas declaradas dementes. Quando o agente
psicopolítico ou seu grupo obtiver um triunfo, devem compilar-se e arquivar-se dados
infamantes sobre seu presumível atacante, para serem usados com o objetivo de desalentar
qualquer investigação.
Depois de certo período de doutrinação, o país deve estar persuadido de que' a demência se
cura com métodos de violência psicopolítica. As atividades psicopolíticas se converterão em
único tratamento reconhecido contra os insanos. Até se pode chegar a sancionar, como ilegal,
a omissão do eletro-choque e da neurocirurgia nos tratamentos para enfermos mentais.
Não é necessário que os testes psicopolíticos guardem muita coerência entre si, quando
dirigidos ao grande público. Os diversos tipos de demência serão classificados de acordo com
uma terminologia confusa e difícil. A enfermidade verdadeira se dissimulará, mas o aparato
verbal servirá para manifestar, ante um tribunal, ou ante uma mente inquisiti-,a, que existe um
enfoque científico demasiado complexo para a compreensão do leigo. É de imaginar que um
juiz ou uma comissão investigadora não aprofundarão muito a questão da demência, visto que
seus próprios componentes — parte das massas doutrinadas — já estarão intimidados, posto
que o elemento de terror das atividades psicopolíticas já terá tido ampla difusão, por meio de
revistas e jornais.
Como parte de uma defesa efetiva, deve-se eliminar toda Psicoterapia verdadeira, pois a
subsistência desta significará o perigo constante de que as atividades psicopolíticas sejam
descobertas.
Nos países capitalistas, os assuntos judiciais se manejam com tanta torpeza, que
invariavelmente os casos são estampados nos jornais. Essas coisas as arranjamos muito melhor
na Rússia, onde os acusados chegam ao tribunal com a vontade condicionada para
reconhecerem-se culpados dos crimes que se lhes imputam.
Qualquer rumor ou libelo que apareça contra as atividades psicopolíticas será ridicularizado;
seus propagadores ou seus editores serão acusados imediatamente de impostores e, logo
após, de demência, estado que, em verdade, lhes será imposto, uma vez que se lhes
administrem as drogas necessárias.
CAPÍTULO XI
As nações reacionárias são de uma índole tal, que atacam uma palavra sem entendê-la. Como
a conquista de uma nação depende de se implantarem convicções comunistas em seus
habitantes, não é necessário que, em princípio, se aplique a palavra comunismo às medidas
educativas utilizadas. Nos Estados Unidos, por exemplo, temos conseguido alterar as obras de
William James e outros, até fazê-las mais aceitáveis, e temos introduzido os princípios de Karl
Marx, Pavlov, Lemarack e os dados do materialismo dialético nos textos estudantis de
Psicologia, até o ponto em que qualquer um que estude a fundo a Psicologia prontamente
reconverterá em candidato sério a comunista militante.
Como todas as cátedras de Psicologia nos Estados Unidos estão ocupadas por pessoas afinadas
com nossas idéias, o uso desses textos está assegurado. São aceitos como verdadeiros e
ensinados a fundo.
A pressão constante sobre os legisladores estadunidenses pode conseguir uma legislação que
obrigue todos os estudantes universitários e secundários a seguir cursos de Psicologia.
CAPÍTULO XII
REMÉDIOS VIOLENTOS
A justificação geral da violência, no tratamento dos dementes, pode levar a opinião pública a
aceitar que do colete de força se passe a métodos mais brutais .
Quanto mais violento for o tratamento, mais poder conseguirá o •agente psicopolítico. As
operações cerebrais deverão chegar a ser método comum e corrente. Apesar de que as cifras
das mortes devam ser ,escamoteadas na medida do possível, ao agente psicopolítico, sem
dúvida, não deve importar muito essa média de desaparecimentos .
Quanto mais violento for o tratamento, mais incurável parecerá a demência. Dessa maneira,
conseguir-se-á que a sociedade alcance um nível tal, ,que seja possível que qualquer
recalcitrante possa ser processado e entregue aos agentes psicopolíticos, para que se lhe
aplique o eletro-choque e seja reduzido a uma total docilidade, pelo resto de sua vida.
Por esses meios diversos, o público pode chegar a convencer-se de que os únicos remédios
para a cura da demência são o choque, a tortura, a privação, a degradação, o descrédito, a
violência, a mutilação, os castigos de todo tipo e a morte. Ao mesmo tempo, tem-se que
convencer a sociedade de que a loucura aumenta, dia a dia, entre seus membros . Isso criará
um estado de emergência e dará ao papel do psicopolítico foros de providencial e
imprescindível.
CAPÍTULO XIII
O idiota útil é um indivíduo bem adestrado que atua com uma obediência total ao psicopolítico
(ainda que sem o saber) .
Posto que quase todas as pessoas doutrinadas têm de sofrer certo, grau de tratamento no
terreno mental, não será difícil persuadir os que atuam nesse terreno a que se submetam a
uma cura moderada, mediante drogas ou choques temperados. Se conseguir isso,
imediatamente o resultado será um idiota útil, conseguido à base de hipnose por dor e drogas.
O recrutamento desses elementos revela-se mais eficaz quando se efetua entre os estudantes
dos «tratamentos mentais>> que sofram — ainda que em pequeno grau — de alguma
depravação ou que tenham sido «tratados» por agentes psicopolíticos.
O recrutamento fica facilitado fazendo-se com que o terreno da saúde mental se torne
atrativo, financeira e sexualmente.
Como o psicopolítico tem sob seu controle os dementes do país, cuja grande maioria tem
instintos criminais, e como pode chegar a recrutar elementos entre as fileiras dos criminosos,
chegará a ter enormes quantidades de indivíduos à sua disposição, para qualquer ação que se
lhe ocorra executar. Como os insanos são propensos a cometer toda classe de excessos sem
nenhuma vacilação, quando se lhes aplica o tratamento adequado de castigos e persuasão, a
degradação da juventude, o descrédito dos dirigentes e o suborno da justiça se tornarão algo
sumamente simples.
CAPÍTULO XIV
Tradicionalmente, nas nações civilizadas e nas selvagens, eram os sacerdotes que tinham a seu
cargo o cuidado com o estado mental das pessoas. Essa tendência ainda subsiste no Ocidente,
para grande preocupação dos psicopolíticos, sofrendo oposição somente por esforços
científicos, em esferas oficiais e nunca nos ambientes privados.
O magnífico instrumento que nos proporcionou Wundt de nada nos valeria, se não fosse a
insistência dos governos dos países civilizados no sentido de utilizar «métodos científicos>>
para os problemas mentais. Se esses métodos não tivessem apoio oficial e se descuidasse um
só minuto, as massas voltariam a recorrer aos sacerdotes, aos ministros, e ao clero, em
questões de saúde mental.
Hoje em dia, os «métodos científicos>> na América e na Europa não poderiam subsistir se não
contassem com o apoio dos governos.
Tem-se que ocultar muito bem o fato de que a média de desequilíbrios mentais tem
aumentado, desde que se passou a utilizar esses “métodos científicos”. Deve fazer-se grande
ruído, invocando o “ritmo da vida atual” e outros mitos como causas do aumento das neuroses
no mundo. A nós pouco importam as causas, se é que existem; mas o que nos importa é não
tolerar as tendências que canalizam as neuroses em direção à igreja. Se ao público se permitir
que escolha por si só, sem pressão oficial, o lugar ao qual levar seus seres queridos enfermos,
elegerá os hospícios de religiosos e evitará, como se fosse peste, aqueles nos quais prevalecem
os «métodos científicos”.
A demência deve ser algo que impressione os sacerdotes e profissionais. Seus melhores êxitos
devem ser apresentados como casos extremos de demência, sejam quais forem os meios
empregados para tal fim.
Não há que se preocupar com o efeito sobre o público. O que importa é o efeito sobre as
esferas oficiais. Todas as instituições da nação devem chegar a sentir ódio profundo das curas
religiosas. Tem-se que infundir, nos juízes e fiscais, a crença absoluta de que a Ciência Cristã ou
qualquer outro método religioso de saúde mental é inoperante, mau, perturbador, odioso e
intolerável.
Tem-se que persuadir todas as associações médicas para que apoiem esta campanha; tem-se
que apelar para a sua venalidade e, também, para seu sentido de humanidade, para que
colaborem em destruir as organizações religiosas preocupadas com o cuidado dos dementes.
Há que se cuidar de que essas associações médicas tenham somente militantes comunistas
como assessores nesta matéria, porque tais associações devem ser aproveitadas, já que são
estúpidas e se alarmam facilmente. Sua fachada e suas atividades devem servir de meio a
nossos fins. Temos que conseguir que sejam cúmplices nossos, para nossos propósitos, para
que caiam sob nosso domínio e nunca possam voltar a livrar-se dele.
Estamos lutando na América, desde princípios do século, para que desapareça a influência
cristã e já o estamos conseguindo. Ainda que pareça que somos clementes para com os
cristãos, recordem-se que ainda temos que conquistar o «mundo cristão» para nossos fins.
Quando isso for obtido, terminará nossa tolerância. Aqui na Rússia, já os temos como macacos
amestrados. Ignoram que lhes damos rédeas soltas, até que os macacos dos outros países
tenham caído em nosso laço.
Tem-se que trabalhar até que «religião» seja sinônimo de <<demência>>. Tem-se que
conseguir que os magistrados municipais, estaduais e federais não titubeiem em denunciar os
grupos religiosos como inimigos públicos.
Recordemos que todos os países estão governados por minorias que só fingem consultar as
maiorias. O mesmo sucede na América. O empregado subalterno e o legislador eminente são
ambos crédulos e fáceis de enganar. Não há porque convencer as massas. A única coisa a fazer
é trabalhar sem cessar para conquistar os funcionários, utilizando a difamação pessoal, a
mentira, a calúnia e a propaganda contínua, de modo que os mesmos magistrados e
funcionários oficiais sejam aqueles que lutem por nós, contra a igreja e os psiquiatras
profissionais.
Devemos ser como a trepadeira sobre a árvore. Usaremos a árvore para trepar e depois,
estrangulando-a, utilizaremos sua seiva para nutrir-nos e fazer-nos crescer.
Devemos eliminar todos os obstáculos de nosso caminho. Temos que utilizar, como
instrumento, qualquer autoridade ao nosso alcance. E afinal, com o correr do tempo,
eliminaremos toda a autoridade que não seja a nossa e triunfaremos, para maior glória do
Partido.
CAPÍTULO XV
Certos grupos importantes e poderosos do país talvez proponham que os dementes sejam
postos aos cuidados daqueles que, durante Séculos, se ocuparam dos enfermos mentais nos
povos e tribos: os sacerdotes. Tem-se que combater toda a iniciativa tendente a colocar
sacerdotes à frente dos institutos de saúde mental, invocando a incompetência e os
desequilíbrios motivados pela religião. A coisa mais nefasta para um operador psicopolítico
seria que o cuidado dos alienados fosse atribuído ao clero.
Se existem hospitais de alienados que funcionam a cargo de grupos religiosos, devem ser
desacreditados e fechados, a qualquer preço, porque poderia suceder que o número de curas
realizadas nesses institutos chegasse ao conhecimento público, que o compararia com o
número de fracassos das instituições oficiais, e isso poderia ocasionar um movimento geral em
favor de entregar ao clero o cuidado dos enfermos mentais. Tem-se que prevenir isto e
impedir toda a possibilidade de que assim suceda.
As leis de um país devem ser elaboradas cuidadosamente, a fim de negar todo direito
individual aos desequilibrados. Qualquer sugestão de emendas constitucionais que
estabeleçam penas para os que maltratam os alienados deve ser violentamente combatida,
com o pretexto de que as medidas violentas são as únicas que dão resultado. Se a lei chegasse
a proteger os alienados, como não sucede normalmente, todo o programa psicopolítico seria
certamente derrubado.
Estas devem ser deixadas, por completo, em mãos de pessoas controladas por agentes
psicopolíticos. Deve proceder-se com um mínimo de formalismo, e a lei deve prescrever a
recuperação dos alienados mediante internamento em hospícios. Desse modo, qualquer
movimento para aumentar os tramites legais nos casos de enfermidades mentais deve ser
desestimulado, dada a sua índole urgente. Para facilitar isso, o melhor é instalar um pavilhão
de psiquiatria e estudo de enfermos mentais em cada hospital do país.
Tem-se que impedir a publicação de qualquer escrito referente à Psicopolítica, ainda que
ocasional. Toda a literatura existente sobre o tema das enfermidades mentais e seu
tratamento deve ser suprimida, primeiro por razões de segurança, e depois porque sua
terminologia complicada se faz incompreensível. As cifras e estatísticas de curas e falecimentos
não devem ser publicadas em jornais. Qualquer investigação que vise a estabelecer se a
Psiquiatria e a Psicologia têm contribuído para curar os enfermos deve ser descartada e
ridicularizada; para isso, devem mobilizar-se todos os recursos dos psicopolíticos. A princípio,
pode ignorar-se, mas se tal coisa não e possível, há de empregar-se todo o peso da influência
dos agentes psicopolíticos de todo o país, utilizando toda a classe de táticas; para fazer
oposição, devem aparecer publicações especializadas, que declarem enormes quantidades de
casos curados pela Psiquiatria e Psicologia e, se necessário, devem publicar-se estatísticas de
curas fictícias nas publicações jurídicas, para que sirvam de <<antecedentes>> para
desestimular todo o esforço que pretenda aclarar ,este ponto.
Toda a legislação que contribua para liberalizar os tratamentos mentais deve ser combatida e
eliminada imediatamente. Os tratamentos mentais devem gravitar nas esferas autorizadas e
não se deve admitir outra autoridade ou opinião que não sejam as suas, para evitar revelações
perigosas.
Os movimentos pró elevação da juventude -devem ser podados e destruídos, já que poderiam
por obstáculos nos intentos de fomentar a delinquência juvenil, o hábito de estupefacientes, o
alcoolismo e a promiscuidade sexual.
Não se deve permitir a existência de nenhum grupo dedicado ao estudo das enfermidades
mentais dentro das fronteiras da Rússia e seus satélites. Somente podem continuar exercendo-
o os agentes psicopolíticos bem conhecidos, e somente em benefício do governo ou contra
prisioneiros inimigos.
Deve ser combatido todo o esforço tendente a excluir as Forças Armadas da ação dos
psiquiatras e psicólogos.
0- crime e a violência contra pessoas que lutem contra o comunismo em um país devem ser
descartados como prejudiciais e proibidos. Somente devem empregar-se a difamação e a
acusação de demência.
CAPÍTULO XVI
RESUMO
Todas e cada uma das atividades e campanhas psicopolíticas devem ser usadas para colaborar
com as atividades de outros agentes comunistas dispersos pela nação-alvo.
O comunismo já ocupa uma sexta parte do mundo habitável. As doutrinas marxistas têm-se
infiltrado nas partes restantes. Em todas as partes, tem triunfado uma prolongação da ordem
social comunista. O comunismo não se tem imposto pela força das armas e sim peia conquista
das mentes. A Psicopolítica é a expressão mais refinada de tal conquista.
O operador psicopolítico deve triunfar, porque seu triunfo significa um mundo de paz. Seu
fracasso poderia significar a destruição das partes civilizadas da Terra, «por meio das armas
nucleares utilizadas pelos dementes capitalistas>>.
O fim justifica os meios. A degradação das massas humanas é menos desumana que sua
destruição mediante a guerra nuclear, porque, para o animal que só tem uma vida, essa vale
mais do que a morte.
O fim da guerra é a dominação do povo conquistado. Se um povo é dominado sem luta, o fim
da guerra será conseguido sem destruição, material. Eis aí um propósito louvável. O
psicopolítico tem sua recompensa no controle quase infinito das massas e na supremacia
comunista sobre a estupidez dos inimigos do Povo. Milhares de crianças em idade escolar
estão sendo forçadas a tomar anfetaminas, muitos milhares têm sofrido lobotornias e controle
eletrônico da mente, que agora
O comunismo, em troca, ao suprimir Deus do horizonte do homem, sustenta que ele não é
senão uma ferramenta de trabalho, útil na grande fábrica em que se transforma toda a cidade
dos homens.
Essa transformação plena do conceito de homem implica numa nova concepção do universo,
no qual tudo tem de reduzir-se a um processo dialético no sentido hegel marxista. Ou seja, a
um processo dos seres, do próprio homem, dos povos e da história, numa luta incessante e
interminável do ser e do não ser, da mentira, do ódio e do crime. Tudo tem de converter-se
em Guerra Revolucionária contra o homem. Guerra Revolucionária pela conquista do poder de
um povo e, quando no poder, Guerra Revolucionária para converter o homem em um mero
escravo da nova sociedade revolucionária.
Porém, para que a Guerra Revolucionária seja realmente eficaz, não deve atuar apenas fora do
homem e sim no homem, em sua totalidade, alcançando não só o corpo, mas também a alma.
Daí o comunismo prestar cada vez mais atenção à ciência da Psicopolítica ou ciência da
lavagem cerebral. Quando se fala de lavagem cerebral, as pessoas tendem a pensar que isso
não se pratica senão em escala individual. Por isso, preferimos o nome de Psicopolitica, por
fazer referência explícita ao político ou coletivo, dimensão na qual o comunismo pratica de
preferência
a lavagem cerebral. É essa, na verdade, a ciência da domesticação dos povos. Uma nova
espécie de ciência arquitetônica que, lançando mão de todas as conclusões das outras ciências
humanas, em especial da Psicologia e Sociologia, trabalha na elaboração de um novo tipo de
homem domesticado. Algo já foi mostrado ao grande público, do poderio desta ciência, com
«1984», de Orwell, e com “O Retorno ao Admirável Mundo Novo”, de Aldous Huxley. Mas
como esses são livros de ficção, o leitor pode estar induzido a pensar que a prática desta
formidável ciência está limitada ao, campo da fantasia. Por isso, faz-se urgente e necessário
dar conhecimento aos leitores da Argentina do texto comunista de Psicopolítica, tal como
chegou ao mundo Ocidental. O primeiro material sobre Psicopolítica foi divulgado nos Estados
Unidos no ano de 1953, por Charles Stickley, e depois, em 1956, por Kenneth Goff, que
divulgaram realmente o mesmo texto usado pelo poderoso policial da União Soviética,
Laurenti Béria. A edição que ora apresentamos é o texto de Stickley, que concorda
substancialmente com o de Goff.
O leitor logo perceberá que o grandioso progresso operado pelas ciências fisio-psicológicas e
psiquiátricas, nos últimos cinquenta anos, tem sido posto a serviço dessa prática de
transformação da psiquê humana. Unia prática, poderíamos dizer, diabólica de transformação
do homem. Para isso, utilizam-se não só das !teorias da Psicanálise da escola freudiana, sobre
o «armazenamento» no fundo da consciência de tudo o que o homem, ainda que sem se
aperceber disso, recebe através dos sentidos, como também das teorias dos reflexos
condicionados, elaboradas nas célebres experiências dos cães, de Pavlov.
O leitor argentino poderá apreciar o valor e a importância das páginas que publicamos se tiver
em conta que, neste preciso momento nossa querida Pátria está submetida por forças ocultas
internacionais à Guerra Revolucionária comunista. Em consequência, também em nossa Pátria
há de estar operando febrilmente um grupo de homens que, dotados de poderosos recursos
internacionais e com toda a atuação das Ciências Psicopolíticas e Sociológicas novíssimas,
propõem-se a efetuar a tarefa criminosa e diabólica de aplicar em nossas crianças,
adolescentes, jovens e ainda em certos homens maduros, colocados em pontos chaves da vida
nacional, esta ciência da domesticação do homem. Chegará o momento de revelar algo sobre
esta matéria. Basta, por ora, saber que um dos centros mais ativos dos visíveis é constituído,
atualmente, pelo grupo, vastamente ramificado, que se reúne ao redor dos judeus comunistas,
o psicólogo Jaime Berstein e o sociólogo Gino Germani, da Faculdade de Filosofia e Letras da
Universidade de Buenos Aires.
O texto de Psicopolítica, que pela primeira vez é publicado entre nós, há de contribuir para
criar consciência da terrível periculosidade do comunismo.
JULIO MEINVIELLE
Ao publicar-se, pela primeira vez, uma síntese do manual comunista de Psicopolítica — ciência
conhecida geralmente como «Lavagem Cerebral» — faz-se necessário por em relevo que o
feito de não se captar a ideia de que um dos propósitos fundamentais da conspiração
comunista é atacar a mente e a alma do homem significa entregar o indivíduo indefeso em
mãos de seus inimigos.
Lendo as diretivas comunistas sobre a lavagem cerebral, haverá muitos que se horrorizarão
ante o que elas contêm e se perguntarão como é possível que semelhante perversidade se
organize e funcione com eficácia nos países não comunistas. Por desgraça, as vítimas já
chegaram a uma cifra elevadíssima, sem que ninguém, salvo uns poucos, se dê conta cabal do
que está ocorrendo.
As diretivas psicopolíticas foram publicadas, pela primeira vez, na América do Norte, em 1955,
por obra de Charles Stickley, que declarou não poder revelar as fontes de tal material, para
não comprometer a vida daqueles que lho haviam fornecido. No início de 1956, Kenneth Goff,
ex-comunista norte-americano, publicou também o mesmo material, em forma de folheto. O
texto é idêntico ao de Stickley, salvo pequenas diferenças no que diz respeito ao discurso de
Béria. Para a presente edição, foi utilizado o texto de Stickley.
Lenine, gênio do mal, fez ver claramente que tinha grande interesse no ataque à mente
humana. O doutor Boris Socoloff, médico que desempenhou um importante papel nos
acontecimentos que culminaram com a revolução bolchevista, revela, em seu livro «The White
Nights» (As Noites Brancas), certas conversações íntimas entre Lenine e o Dr. Ivan Pavlov, que
'prepararam o terreno para as experiências soviéticas tendentes a uniformizar o pensamento e
a conduta humana. O Manual de Psicopolítica alude à importância dos trabalhos de Pavlov.
No informe sobre o comunismo, preparado pela Real Comissão, Canadense, a seção dedicada
ao Desenvolvimento da Motivação Ideológica trata, de forma brilhante, de um dos aspectos da
lavagem cerebral. Tal informe expressa que «as provas apresentadas demonstram que, na
maioria dos casos, a motivação estava intimamente relacionada com os recursos da
Psicologia».
O ex-senador norte americano Jack Tenney, de ativa militância como cristão e patriota, que
dirigiu a investigação oficial sobre atividades comunistas na Califórnia, particularmente em
Hollywood, e era considerado grande especialista na matéria, declarou ao final de seu informe
sobre a lavagem da mente na América do Norte:
“Em circunstâncias normais, os esforços de uma ínfima minoria para condicionar o cérebro de
milhões de cidadãos, ou para levá-los ao internamento em hospícios, pareceriam coisa incrível
e até hilariante. Mas estas não são circunstâncias normais, nem épocas normais. Vivemos na
era do Grande Engano, quando os ajuizados são tidos por dementes e os dementes estão
convertidos em psiquiatras internacionais...» .
Durante as audiências, fez-se notar que a legislação aludida pretendia estabelecer que
qualquer cidadão poderia entrar em juízo contra outro cidadão ou cidadãos e que «um
trabalhador social ou um higienista estaria autorizado a penetrar em qualquer lar norte-
americano — que todo cidadão considerou até agora como sua fortaleza — para fazer deter
um indivíduo em virtude de um mero testemunho oral...”
Também se apresentaram provas para demonstrar como um indivíduo que, ao ser preso,
estava em pleno gozo de suas faculdades, podia ser convertido, mediante a aplicação de
drogas, em um enfermo mental, que logo era declarado insano pelos psiquiatras. Durante as
audiências sobre a Lei de Saúde Mental do Alaska, foi lida, como uma das provas, a seguinte
notícia, aparecida em «The Los Angeles Examiner”, de 6 de janeiro de 1956:
É difícil saber até que ponto se chegou quanto ao emprego de drogas e outros métodos de
controle mental nos países atrás da Cortina de Ferro. Mas o famoso processo do Cardeal
Midtzensty, por exemplo, demonstra que os comunistas sabem terem seus métodos de
controle tanta eficiência, que logo podem apresentar suas vítimas em público, sem nenhum
temor de que reajam. Não há dúvida de que os comunistas estudaram exaustivamente todos
os métodos possíveis de ofensiva contra a mente.
Enquanto muitos idealistas veem a ONU como uma esperança de paz mundial, os comunistas a
consideram como a plataforma mais importante, a partir da qual poderão dirigir a propaganda
contra os países livres. Mas as provas mais alarmantes do insidioso ataque contra a mente
humana, dirigido por homens que não ocultam sua decisão de exterminar a civilização cristã,
as encontramos em organismos internacionais como a Organização Mundial de Saúde e a
Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO). Os autores
do Manual de Psicopolitica aplaudem com entusiasmo, sem dúvida, a seguinte declaração do
doutor Brock Chisholm, diretor da Organização Mundial de Saúde: «Tivemos que engulir toda
classe de peçonhentas convicções que nos foram administradas por nossos pais, nossos
professores e por nossos mestres de religião>>. Em continuação, explica qual é o remédio:
«Voltara interpretar e por último eliminar as noções do bem e do mal... Quase todos os
psiquiatras e psicólogos tem,se libertado dessas ataduras morais» .
Centenas de milhões de libras, proporcionadas pelos cidadãos dos países não comunistas, são
utilizadas por gente como este doutor Chisholm, por meio de diversos organismos
internacionais, com o fim de realizar exatamente o que aconselha 6 Manual de Psicopolitica.
Existem provas documentais que confirmam mossas afirmações. Mas repetimos: o homem
comum está completamente alheio à guerra que se trava contra sua mente e suas convicções.
A imprensa mundial pouco ou nada informa sobre certas conferências, tais como o Congresso
Internacional de Saúde Mental, realizado em 1948. Presidiu-o o doutor Chisholm, e todos os
oradores referiram-se à necessidade da «cura mental>> para quebrar os vínculos de família,
nacionalidade e religião. Textos escritos pelo doutor Chisholm e seus colegas, esses que têm
rejeitado “toda noção do bem e do mal”, estão chegando a todas as instituições em que se
processa a formação de nossas juventudes. Nesses textos, afirma-se, com toda a clareza, que
os patriotas genuínos têm que ser considerados como indivíduos com sintomas de
desequilíbrio mental, que necessitam de tratamento psiquiátrico: precisamente o que
recomendam os autores desse manual.
A seguinte declaração de A.K. Chesterton, grande escritor e patriota inglês, em seu periódico
<<Candour>>, de 26 de outubro de 1956, mostra outro aspecto da «cura mental>>:
«O setor ocidental do projetado Estado Policial Mundial parece estar preparando o caminho
para silenciar seus opositores políticos. Seus métodos teriam de ser algo mais útil que os
utilizados pelos assassinos e escravizadores do Kremlin. Em certa carta enviada por um de
meus melhores correspondentes canadenses, lê-se o que cito em continuação: «O
Departamento de Saúde continua dedicado a fazer com que todo o mundo se ocupe da saúde
mental, de modo que se torne natural a consulta ao psiquiatra e, depois, a internação em um
hospício. Na televisão, prossegue a exibição de fotografias, captadas através de vidros,
violadoras da intimidade do paciente, sem que este o saiba. Finalmente, os enfermos, atores
provavelmente, nos dizem quanto melhoraram com o tratamento mental, depois de haverem
descrito os terríveis sintomas anteriores. Também pela televisão, um sujeito chamado Katz, da
revista 'Mclean's, foi entrevistado por outro indivíduo sinistro. Disse que grandes quantidades
de um produto químico destinado a se utilizar no Teste X (para demonstrar que o paciente
sofre de uma enfermidade mental) têm sido enviadas a muitos países. Logo chegará uma dose
a Toronto. 'Que significa isso para o homem comum?', perguntou o entrevistados.
Significa que esse teste logo será coisa normal e se aplicará em todo enfermo que ingresse em
um hospital. Também poderá ser utilizado pelos médicos em seus consultórios'. A seguir,
acrescentou: 'Não se vai esperar que um homem se ponha de cabeça para baixo, para aplicar-
se tal teste. Será aplicado às pessoas que falem 'com juízo' e se a reação for positiva,
empregar-se-á em seguida o tratamento”
O comentário de meu correspondente não requer acréscimos. ‘É uma das coisas mais terríveis
que tenho ouvido”, escreve-me e acrescenta: «Logo receberemos a advertência de que nossos
filhos deveriam ser tratados, visto que poderiam ter tendências esquizofrênicas”.
Não queremos que se pense, com alarmismo, que todos os psiquiatras e psicólogos são
charlatães ou comunistas disfarçados. Mas já faz muitos anos que um pequeno grupo de
psiquiatras e psicólogos cristãos tem chamado a atenção, geralmente sem maior ressonância,
para as idéias perigosas propagadas pela maioria de seus colegas. Alguns até têm chegado a
falar em «negócio criminoso>>. Por exemplo, o famoso cirurgião de cérebro, doutor Percival
Barley, da Universidade de Illinois, tem declarado, sem rodeios, que está consternado ante os
efeitos que se seguem a uma lobotomia. É sugestivo que o Manual de Psicopolítica acentue o
valor das operações do cérebro e do eletrochoque. O doutor Barley declara que a grande
revolução neurocirúrgica tem fracassado. E menciona algumas de suas horrendas
consequências, horrenda para qualquer cristão, mas satisfatória para os que se têm proposto a
provocar o caos deliberadamente.”
O doutor Barley também declara que a esquizofrenia será curada não pela psiquiatria, mas
pela farmacopeia.
«O doutor Wortis distribuiu ensinamentos a muitos psiquiatras jovens, tem feito numerosas
conferências e é muito lido por seus 'colegas psiquiatras. Dez mil exemplares de seu livro
«Soviet Psychiatry>> (Psiquiatria Soviética) foram vendidos aos universitários e aos médicos.
As provas submetidas à Comissão Judicial do Senado demonstram que o livro é de propaganda
soviética, mais do que de psiquiatria.”
«O doutor Mishchenko atestou que esse livro «representa uma coletãnea de elementos
oficiais soviéticos impregnados do espírito da filosofia comunista...». .
«Quando foi interrogado pela comissão acerca de suas conexões com o Partido Comunista, o
doutor Wortis negou-se a responder, invocando a Quinta Emenda”.
«Outro psiquiatra que agiu de maneira análoga foi um dos homens de maior influência no
Pentágono durante a Segunda Guerra Mundial. O doutor Julius Schriber, que presidiu, em
1955, a Associação de Saúde Mental do Distrito de Colúmbia e, em 1944/45, foi Chefe da
Seção de Programas do Plano de Orientação do Exército Norte-Americano».
A grande maioria dos psiquiatras que atuam nos Estados Unidos não e cristã.
Em seus ataques contra a mente, os comunistas também têm tentado destruir o valor das
palavras como um dos laços entre a mente e a realidade. Pavlov acentua a importância das
palavras como vínculo com a realidade. Em 1896, o filósofo francês Gustave Le Bon publicou
sua pequena, mas importantíssima obra, «A Multidão”, na qual fazia notar ,que a maioria das
revoluções se têm feito trocando o significado das palavras, do qual tem resultado uma
confusão de idéias. Uma quantidade de gente repete, sem pensar, certas <<instruções>>
premeditadas, sem perceber seus verdadeiros alcances. Um dos fundamentos do sistema
econômico de livre empresa é o fator lucro. Mas os comunistas, mediante sua contínua
propaganda inescrupulosa, têm conseguido criar a opinião de que o fator lucro é maléfico.
Com isso, têm conseguido estabelecer eficazmente o que poderíamos chamar de complexo de
culpa em grande escala. Esta pequena obra não se ocupa em especial das perversões do
idioma, mas todo aquele que quiser desempenhar um papel ativo na luta contra o ataque à
mente deve inteirar-se desse aspecto da luta.
«...estamos todos sendo condicionados para aceitar uma limitação da liberdade... Isso é o que
temo inconscientemente, ainda quando nos achamos preparados para superar essa nova
contaminação, que não nos poderia danificar antes de 1937... Mas a grande massa de nosso
povo não conta com essa imunidade e não tem noção do perigo... É possível imaginar
inúmeras maneiras mediante as quais o grosso da população está sendo condicionado ou
preparado para essa transformação mental, essa perda da individualidade e da identidade>>.
A verdade é que o Estado secular não pode enfrentar esse desafio, tal como se viu no caso dos
prisioneiros cristãos capturados durante a guerra da Coréia e submetidos a lavagem cerebral
(a propósito, esses métodos foram expostos em um filme americano, <<O Embaixador do
Medo>>, que desapareceu pouco depois de cartaz, sem voltar a ser exibido); somente aqueles
que tinham uma fé profunda nas verdades fundamentais puderam sair relativamente ilesos de
tão terrível prova. Todos os cristãos deviam estudar detidamente as conclusões do texto da
presente obra e logo se unirem ao grupo de patriotas da cristandade que lideram a luta para
salvar a mente do homem. A civilização ocidental tem que ganhar esta guerra ou, do contrário,
perecerá.
ERIC D. BUTLER
APÊNDICE I
«Desde 2 de maio de 1936 até outubro de 1939, fui filiado contribuinte do Partido Comunista,
no qual atuei com meu próprio nome, Kenneth Goff, e também com o pseudônimo de John
Keats... Durante o período em que fui membro do Partido, assisti aos cursos de doutrinação na
escola situada no 113 E. de Wells Street, Milwaukee (Wisconsin), que funcionava com o nome
de “Eugene Debs Labor School”. Ali, fomos adestrados em todos os tipos de luta, físicas e
psicológicas, para destruir a sociedade capitalista e a civilização cristã. Como parte de nosso
curso, estudamos a fundo a questão psicopolítica.”
“Tratava-se de submeter a mente de uma nação por meio da lavagem cerebral e da falsa cura
mental; submeter povos inteiros ao domínio do Kremlin, pela submissão de suas mentes. Foi-
nos ensinado que degradar a população é menos desumano que bombardeá-la... se um povo
pode ser conquistado sem luta, os fins da guerra deverão ser alcançados evitando-se a
destruição e a violência.”
Goff também explica que o último capítulo do texto sobre Psicopolítica é um acréscimo ao
curso principal e evidentemente foi acrescentado em anos recentes, depois da primeira
demonstração do poderio atômico como instrumento bélico.
p JOHN G. SCHMITZ
Em tempos mais simples, escravizavam se os corpos dos homens com o emprego de força
bruta, chicote e correntes . Eles eram postos a trabalhar para seus donos, assistidos por
feitores, dirigidos e vigiados. Era-lhes dito que deveriam aceitar seu destino passivamente, e os
submissos frequentemente faziam isso; mas homens e mulheres de coragem não faziam. Havia
fugas e rebeliões. Com o tempo, a consciência do homem ocidental não toleraria mais uma
perversidade tão flagrante e a escravidão, como instituição legal, foi abolida em fins do século
passado em todas as nações do ocidente.
Mas, tão logo foi legalmente abolida, a escravidão ressurgiu sob nova forma, mais sutil e mais
perigosa, disfarçada em propaganda, e firmou-se em nome de ideologias nobres. Tendo
deixado de ser legal como instituição privada, a escravidão tornou-se pública. Ao invés de
permitir que alguns homens escravizassem outros homens, o Estado agora escraviza todo
mundo e chama a isso de igualdade. Uma vasta estrutura nova, sob um partido único, um
conselho comunitário ou Soviete; polícia secreta; um líder glorificado; e um aparato
administrativo compacto foram estabelecidos para escravizar totalmente o homem, tanto no
pensamento como na ação, usando todos os instrumentos de propaganda, para convencer os
homens submetidos a essa escravidão e aqueles geográfica e politicamente fora de seu
alcance de que tudo isso era bom. Assim foi
-92—
Como resultado, o moderno totalitarismo, em sua busca por melhores meios de escravizar
seus concidadãos, tem procurado um método de controle direto da mente humana, através da
ação química e física sobre o cérebro. Até muito recentemente, a discussão dessa perspectiva
restringiu-se ao campo da ficção futurológica, de que é exemplo o livro «1984», de George
Orwell. Mas agora acumulam-se evidências de que o controle direto da mente pode tornar-se
tecnologicamente possível dentro em breve.
No exterior, nos países onde o totalitarismo é evidente, pouco tem sido dito a respeito do
controle da mente. Seus líderes, numa atitude coerente com a finalidade de seus lúgubres
planos de controle físico e químico da mente humana, mantêm-se silenciosos quanto aos
mesmos.—93—
Nossos cientistas ou psicólogos não fazem o mesmo. Eles, ao contrário, já falaram e fizeram o
suficiente para nos darem motivos de sobra para fazê-los parar enquanto é tempo.
Ainda há tempo. Mas nós devemos saber o que eles estão fazendo aqui nos EUA e quão
rapidamente se movem.
O Dr. B. F. Skinner, considerado por muitos o líder dos psicólogos da América de hoje, deu a
conhecer esse novo controle da mentelumana em seu livro amplamente discutido «Beyond
Freedom And Dignity>> (<<Além da Liberdade e da Dignidade>>), publicado em fins de 1971.
Nesse livro, o Dr. Skinner deixa bem claro seu empenho em promover a mudança dos homens
da maneira que ele considera desejável, por todos os meios que farão essa mudança a mais
certa, mais difundida e aceitável, mas totalmente sem consideração para com seus direitos. De
fato, como o título desse livro indica, Skinner rejeita a ideia de que os homens têm direitos,
dizendo que sua liberdade e dignidade devem ser sacrificadas para formar «o novo homem>>,
na imagem coletiva.
O crescente uso do controle da mente em crianças de nossas escolas públicas foi trazido à luz
em setembro de 1970, pelo Senador Cornelius J. Gallagher. Pesquisadores de drogas
descobriram que a anfetamina — conhecida por aqueles que a usam como <<speed>>
(velocidade) — atua em adultos e adolescentes como estimulante, mas tem efeito contrário
em crianças de turmas atrasadas nas escolas, deprimindo-as e tornando-as dóceis e submissas.
Com grande entusiasmo, professores e diretores de escolas públicas começaram a colaborar
com «doutores interessados>>, dando anfetaminas — mais frequentemente, um tipo de
anfetamina contida numa droga chamada «Ritalin» — às crianças que apresentavam
problemas de comportamento na escola. Elas são chamadas hiperativas e consideradas
atacadas de «disfunção do cérebro>>, um distúrbio vagamente definido, desde que, como seu
próprio nome indica, nenhum dano real do cérebro pode ser encontrado onde se supõe que
exista. De acordo com o Senador Gallagher, pelo menos um quarto de milhão de crianças nos
Estados Unidos estão sob a ação de «Ritalin» ou drogas similares contendo anfetamina. 1
-94—
<<A pressão foi extrema. Nós recebíamos quase que diariamente notas dos professores das
crianças e chamados da escola. Afirmavam-nos que nossas crianças estavam falhando em
todos os assuntos. Nós sabíamos o que eles queriam conseguir com isso, pois conhecíamos
pais nas vizinhanças que submetiam suas crianças ao programa porque não podiam aguentar a
pressão. Acredite-me, não era nada bom ver as personalidades de nossos filhos modificadas
pelo uso de drogas...
Meu esposo e eu não tínhamos a quem recorrer. Nós sabíamos que as autoridades escolares
não iriam fazer nada. A essa altura, nós sentimos que tínhamos apenas duas alternativas:
deixar Arkansas eu ficar e lutar. Nós decidimos ficar e lutar. Sabíamos que havia centenas de
crianças drogadas, e confiávamos que alguém, em algum lugar, nos ouviria e ajudaria a por um
fim a este programa. Nós estávamos errados!>>.
Mrs. Youngs pediu ajuda a nada menos que quinze autoridades e outras pessoas. Nenhuma
delas pôde ou desejou fazer qualquer coisa para proteger nossas crianças. Num comunicado
especial para a Saúde Pública, apontei o perigo,, do crescente uso de «Ritalin» nas crianças das
classes atrasadas das nossas escolas públicas, descrevendo em detalhes um caso que me
chamou a atenção, de um acontecimento que eu conheço por experiência pessoal, valendo a
pena ser divulgado. Envolveu um menino de sete anos, cujos testes mostraram que ele era um
por cento superior em inteligência às demais crianças do Estado de Maryland e que foi
examinado, por um psiquiatra e um pediatra, que disseram ser ele perfeitamente normal.
Apesar disso, devido à insistência de sua escola, aquela criança foi forçada a tomar «Ritalin»
por um período de alguns meses, durante os quais não aprendeu quase nada. Quando sua mãe
finalmente o transferiu para uma escola particular e tirou-lhe a droga, ele progrediu
rapidamente e uma vez mais obteve resultados acima do normal.
Como essa experiência mostra, uma breve exposição aos efeitos dessas drogas de controle da
mente humana pode não causar prejuízos duradouros às crianças, embora o risco exista e
cresça à medida que as drogas são mais frequentemente usadas. Mas a cirurgia cerebral é
irreversível. Seus efeitos são permanentes. E a cirurgia cerebral está começando a ser usada
em crianças “hiperativas”, com «disfunção cerebral”. O “Washington Post”, de 12 de março de
1972, transcreveu um Relatório publicado em 1970 num periódico médico, no qual o Dr.
Orlando J . Andy, Professor e Diretor de Neurocirurgia na Escola de Medicina da Universidade
do Mississipi, expôs o seguinte caso:
“Um menino de nove anos, com inteligência normal, foi descrito como “hiperativo”, agressivo,
combativo, explosivo, destrutivo e “sadista” por seu médico. Para controlar seu
comportamento e torná-lo mais maleável, ele foi operado. Foram feitas aberturas em seu
crânio e introduzidos elétrodos, profundamente, em seu cérebro, para coagular ambos os
lados do tálamo, o centro regulador das emoções cerebrais.
Nove meses depois, a operação foi repetida em um só lado. Depois, disso, seu médico relatou
que o comportamento do menino estava «visivelmente melhor”, estando ele apto a retornar à
“Escola de Educação, Especial”. Mas seus sintomas reapareceram um ano mais tarde e ele foi
submetido a uma nova operação, desta vez no fórnice (trígono cerebral), outra parte do
sistema regulador das emoções. Seu médico então, constatou «memória para acontecimentos
recentes danificada», um sinal de perigo cerebral, e o menino passou a ser descrito como
“muito mais irritável, negativista e combativo”. Consequentemente, lesões adicionais
destrutivas foram feitas no local das duas primeiras operações, o tálamo.
Seu médico então constatou que o paciente estava <<novamente recuperado, ajustado e
mostrava melhora considerável no comportamento e memória», mas concluiu:
<<intelectualmente, no entanto, o paciente está arruinado» .
Uma primeira e superficial reação a este fato — seis investidas contra o cérebro de uma
criança, tentando controlar seu comportamento — pode ser a consternação de saber que,
após tudo isto, não houve “melhora”. Mas, pensando melhor, imaginamos que poderia ter
sido pior se o tratamento tivesse alcançado sucesso, se tivesse sido possível “domar” essa
criança por meio da destruição de seu cérebro. Pois o cérebro é o lugar onde o homem pensa
e sente. É o instrumento de sua mente, como o violino é o instrumento do concertista. A
destruição deliberada de parte do cérebro inevitavelmente reduz as capacidades de pensar e
sentir. Certamente, tal “cura” é muito pior do que qualquer doença.
A história completa do “retorno da lobotomia e da psicocirurgia” foi divulgada pelo Dr. Peter
R. Breggin, um membro do Corpo Docente da Escola de Psiquiatria de Washington e ex-
professor da Escola de Medicina de Harvard, em um primeiro artigo publicado pelo Senador
Gallagher no “Diário do Congresso», de 24 de fevereiro de 1972. Nesse trabalho, o Dr. Breggin
relatou que a horripilante operação conhecida como lobotomia pré frontal foi feita em 50.000
pessoas até 1950, tendo sido, a partir desse ano, completamente abandonada, por causa da
evidência de que tendia a transformar homens e mulheres em “vegetais humanos». Mas o Dr.
Breggin diz que a lobotomia está agora fazendo seu renascimento de forma mais sofisticada,
envolvendo, menos drástica porém mais prolongadamente, a mutilação do cérebro, como no
caso daquele menino de nove anos do Mississipi. Tal psicocirurgia não está mais limitada
somente à sala de operações e ao bisturi. Têm sido desenvolvidas técnicas para enfraquecer
áreas selecionadas do cérebro por meio da implantação de elétrodos ligados a uma corrente
elétrica, os quais podem, quando ativados, destruir tecidos cerebrais. O Dr. Breggin,
descrevendo como o “psicoterapeuta” fala com o paciente enquanto os neurocirurgiões ligam
a corrente, verificando, desse modo, o efeito da destruição cerebral nas emoções do paciente,
alertou:
-KO próprio paciente não pode perceber quando seu cérebro está sendo coagulado, mas o
terapeuta pode, visto que a destruição do tecido lobo frontal é imediatamente evidenciada
por uma perda progressiva de todas as funções humanas relacionadas com os lobos frontais —
perspicácia, empatia, sensibilidade, consciência, julgamento, responsabilidade emocional, etc.
Recentemente, na Inglaterra, um juiz determinou que fosse feito esse tipo de operação
cerebral em um vendedor de sorvetes, como um meio de impedi-lo do <<jogo compulsivo».
Somente um protesto público salvou, no último instante, aquele homem de se tornar um
subumano.
“A tese deste livro é a de que agora dispomos da tecnologia necessária para a investigação
experimental das atividades mentais, e de que alcançamos um ponto crítico na evolução do
homem, a partir do qual a mente pode ser usada para influenciar sua própria estrutura,
funções e intenções. ... Nós podemos controlar, de uma certa distância, as funções biológicas
dos organismos vivos. Gatos, macacos ou seres humanos podem ser induzidos a curvar um
membro, rejeitar alimentos, ou sentir excitação emocional, sob a influência de impulsos
elétricos que, ativados por ondas de rádio intencionalmente emitidas de um lugar distante,
vão atuar no interior de seu cérebro. Um sistema duplo de comunicação via rádio poderia ser
estabelecido entre o cérebro de um indivíduo e um computador... ansiedade, depressão e
fúria poderiam ser identificados pelo computador, que acionaria o estímulo inibitório
especifico» .
O Dr. Delgado descreveu experiências nas quais o estimulo elétrico no cérebro forçou
indivíduos a agirem em oposição direta à sua própria vontade. Ele previu, mais adiante,
investigações dentro das funções do neurônio, relacionadas com a aplicação de eletricidade n6
cérebro, que possibilitarão a definição, em termos reais, de conceitos altamente
controvertidos, tais como “liberdade”, “individualidade” e «espontaneidade», mais
efetivamente do que em «discussões semânticas e ilusórias”. Visto que mais tarde ele
continuou a atacar especificamente a convicção de que o indivíduo tem «o direito de
desenvolver sua própria mente... enquanto permanecer independente e autossuficiente», é
evidente onde ele espera chegar com esse “esclarecimento”.
Uma pessoa que recentemente viu e ouviu o Dr. Delgado, i,um Congresso de Ética e Tecnologia
Médica, realizado em Washington, disse que não pôde evitar lembrar-se constantemente do
Dr. Frankenstein, embora felizmente o Dr. Delgado não tivesse o monstro com ele... ainda.
Não é de estranhar, pois, que o Dr. Breggin esteja fazendo tanto para denunciar esse perigo
que cresce rapidamente e pleiteando uma legislação — federal e estadual — que proíba
totalmente a psicocirurgia. Se tal legislação não for promulgada, ou até que ela o seja, ele
insiste em ação direta na Justiça contra a psicocirurgia e pressão pública contra hospitais que
permitem essas operações.
O Senador Gallagher descreveu o Relatório em que o Dr. Breggin expos as provas que reuniu
como um dos documentos mais chocantes que eu já vi e propôs uma decisiva ação corretiva.
Eu iria mais adiante do que ele: acredito serem inteiramente necessárias e justificadas não só
as ações corretivas como as preventivas. Devem ser terminantemente proibidas tanto a
mutilação do cérebro, com qualquer intenção que não seja para remover tecido claramente
afetado, como tumores, como também qualquer técnica para controlar mentes pela
implantação de elementos estranhos no cérebro. O verdadeiro insano talvez possa ser tratado
pelos métodos tradicionais, cujos maus efeitos colaterais são usualmente reversíveis nos
doentes, mas ninguém pode ser forçado a sofrer tal tratamento sem ter primeiramente uma
oportunidade de ser ouvido em juízo; com a assistência de um advogado de defesa.
Não há exagero na ênfase com que se denuncia o perigo do controle direto da mente, num
mundo onde há tanta gente ansiosa por usá-lo para subordinar a vontade de outros homens às
suas próprias.
O efeito em nossa nação (EUA) de um programa obrigatório de controle das mentes, como o
que tem sido divulgado, poderia ser tão irreversivelmente monstruoso, quanto o seu efeito
num indivíduo. Ele pode extinguir não somente a liberdade, mas também o próprio anseio
natural por ela. Tal perversidade é tão horrível, que repugna até mesmo pensar nela; contudo,
nós devemos tê-la em nosso pensamento, por não ser mais somente uma sombra terrível no
futuro, mas uma ameaça com que nos defrontamos aqui e agora.
Apelo divulgado por um grupo de Bispos da Igreja Ortodoxa Russa Livre — não católica —
reunidos em Frankfurt am Main (Frankfurt sobre o Meno — Alemanha Ocidental), em 26 e 27
de junho de 1971.
«Não tenho medo da morte e prefiro que me fuzilem! É repugnante e terrível pensar que
mancharam e esmagaram minha alma! ... O homem perde aqui sua individualidade, seu
espírito se dilui, suas faculdades emotivas se destroem, sua memória desaparece. Mas o mais
terrível do tratamento é que faz desaparecer tudo o que constitui o caráter pessoal próprio. É
a morte da criatividade. Os que estão submetidos à ação da aminazina não podem nem ler
depois de assimilá-la, convertem-se intelectualmente em seres nulos e primitivos”.
V. I. Tchernitchev afirma que nesse “hospital” definha, há vinte e cinco anos, N. I. Broslavsky,
um homem que gozava de boa saúde. Oferecem-lhe a liberdade em troca de sua fé.
No Ocidente, acaba-se de receber, enviado clandestinamente da Rússia, o relato «As
Recordações da Casa Vermelha”, escrito nos “hospitais>> de Moscou por Guenedi
Mikhailovitch Chimanov. Chimanov prova que, depois do “tratamento” a que está sendo
submetido, sairá do hospital para voltar à sua casa “idiotizado”, temeroso e sacudido por uma
risada nervosa.
«Há um progresso! — dirá um médico de cabeceira — já não crê em Deus!” «É verdade que
reflete pouco e sua língua se move com dificuldade, mas antes, sua lógica era só exterior: na
realidade, delirava”.
No exterior, foram tornados públicos os nomes de mais de sessenta pessoas vitimas desses
tratamentos. O Patriarcado de Moscou, reconhecido e controlado pelo poder ateu, guarda
silêncio.
Nós, bispos livres da Igreja Ortodoxa Russa, não podemos calar. Alexandre Soljenitzin chama a
reclusão de pessoas sãs nestes hospitais psiquiátricos de «uma variante das câmaras de gás» .
Condenai os crimes comunistas contra a humanidade, do mesmo modo que haveis condenado
os do nazismo.