Professional Documents
Culture Documents
Atender doentes em domicílio é uma atividade que remonta desde os tempos bíblicos, inclusive
citada no Velho Testamento como uma forma de prestar caridade. Há ainda recomendações bíblicas
aos hebreus para o cuidado de doentes e puérperas em seus locais de residência. Entre os judeus,
encontram-se declarações dos rabinos quanto à incumbência dos primeiros de visitar os doentes
para lhes demonstrar solidariedade e como forma de auxiliá-los a sair do sofrimento. No Novo
Testamento, verificam-se referências aos que assistiam doentes e idosos em seus lares. A
característica principal deste período relaciona-se à falta de uma metodologia assistencial, uma vez
que as pessoas eram movidas por sentimentos religiosos de caridade e solidariedade aos pobres e
doentes.No Século XV, organizações militares e ordens religiosas iniciaram o desenvolvimento de
uma forma de atendimento domiciliário que muito se assemelhava a um serviço regionalizado de
enfermagem. Em 1610, São Francisco de Sales fundou a Ordem da Virgem Maria, uma
congregação feminina destinada a visitar a casa de doentes diariamente, desenvolvendo atividades
como alimentação, higiene e auxílio na vestimenta. Estas atividades foram encerradas por uma
determinação da Igreja, que passou a exigir que as mulheres religiosas fossem enclausuradas.
Posteriormente, foi fundado o Instituto das Filhas da Caridade, mais tarde denominado Irmãs da
Caridade, por São Vicente de Paula, tendo como atividade principal a assistência aos doentes e aos
pobres em seus domicílios. Data desta época a elaboração de um manual (Manual das Filhas da
Caridade) em que se encontra um capítulo dedicado exclusivamente à visita domiciliária. Em
meados do Século XIX, iniciaram-se as tentativas de uma sistematização metodológica destas
atividades (mais relacionadas ao serviço de enfermagem).
É creditado a Sir Willian Rathbone a criação do primeiro serviço de enfermagem de saúde pública
domiciliária em Liverpool, Inglaterra. Este era denominado Serviço de Enfermagem Distrital e era
formado por enfermeiras responsáveis pelo atendimento de doentes em suas residências. Sir
Rathbone cuidou por um longo período de sua esposa, muito doente, em sua residência e, durante
este período, relatou por escrito o trabalho que desenvolveu. Estas anotações inspiraram Florence
Nightingale a escrever as recomendações para o cuidado de enfermagem em domicílio.
Nos EUA esta atividade começou por volta de 1800, logo após a Guerra Civil, com o interesse das
mulheres em cuidar de seus doentes. O primeiro trabalho domiciliário surgiu no início do Século
XIX na Carolina do Sul, onde um grupo de senhoras da comunidade prestava cuidados no
domicílio. Outra iniciativa surgiu na Filadélfia em 1832, onde se fundou uma instituição para
preparar "mulheres piedosas e prudentes" como "enfermeiras" para atender "mulheres indigentes"
em suas casas. Tais iniciativas associadas a outras do mesmo estilo culminaram com o
estabelecimento da primeira Associação de Enfermeiras Visitadoras (Visiting Nurses Association -
VNA) em 1885. Em 1877 foi fundada a The New York City Mission, considerada a precursora do
moderno sistema de home care americano. Em 1890 já existiam 21 VNAs espalhadas pelos EUA,
que se dedicavam basicamente aos grupos materno-infantil e aos tuberculosos. Em 1912 já eram
três mil as enfermeiras visitadoras que, unindo-se, requerem a American Nurse Association (ANA)
e a National League for Nursing, o estabelecimento de padrões para a assistência de Enfermagem
em Saúde Pública, incluído o atendimento domiciliário.Nos EUA a assistência domiciliária vem
crescendo rápida e diversificadamente. Segundo dados da National Association for Home Care, em
1996, aproximadamente sete milhões de americanos requeriam este tipo de serviço, que era
administrado por cerca de 18,5 mil provedores de serviços domiciliares que englobam assistência
médica, de enfermagem, fisioterapia, nutrição, farmácia, serviço social e, ainda, serviços de
laboratório e fornecimento de equipamentos apropriados. Projeções indicam que as necessidades de
cuidados domiciliares, bem como dos serviços por eles requeridos, devem triplicar na próxima
década.
2.2 HOME CARE NO BRASIL
Assim, observa-se que, em sua maioria, os serviços de atendimento domiciliário no Brasil estiveram
de alguma maneira, desde seu início e por muitas décadas, ligados à área de saúde pública, visando
a promoção da saúde e à prevenção de doenças. Atualmente, neste campo específico, foram postas
em segundo plano, restringindo-se às atividades relacionadas à vigilância epidemiológica e
materno-infantil. Mais recentemente, no entanto, verifica-se que um outro segmento de atividades
relacionadas ao atendimento domiciliário está em franco desenvolvimento e mais se aproxima do
conceito de home care adotados nos países considerados de primeiro mundo.
Disponível em http://www.saudecare.com.br/conteudo.asp?idDep=1&idCat=2