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Gestão de Estoques

e Sistemas de Embalagem
Créditos
Centro Universitário Senac São Paulo – Educação Superior a Distância
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Luiz Francisco de Assis Salgado Jussara Cristina Cubbo
Superintendente Universitário Kamila Harumi Sakurai Simões
e de Desenvolvimento Katya Martinez Almeida
Luiz Carlos Dourado Lilian Brito Santos
Luciana Marcheze Miguel
Reitor Mariana Valeria Gulin Melcon
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Diretor de Graduação Mônica Rodrigues dos Santos
Eduardo Mazzaferro Ehlers Nathália Barros de Souza Santos
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Daniel Garcia Correa Thiago Martins Navarro
Gerentes de Desenvolvimento Wallace Roberto Bernardo
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Luciana Bon Duarte Ana Paula Pigossi Papalia
Roland Anton Zottele Josivaldo Petronilo da Silva
Sandra Regina Mattos Abreu de Freitas Katia Aparecida Nascimento Passos
Coordenadora de Desenvolvimento Coordenador Multimídia e Audiovisual
Tecnologias Aplicadas à Educação Ricardo Regis Untem
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Equipe de Design Audiovisual
Coordenador de Operação Adriana Mitsue Matsuda
Educação a Distância Caio Souza Santos
Alcir Vilela Junior Camila Lazaresko Madrid
Professor Autor Carlos Eduardo Toshiaki Kokubo
Carolina Schmitt Nunes Christian Ratajczyk Puig
Danilo Dos Santos Netto
Revisor Técnico Hugo Naoto Takizawa Ferreira
Maciel Manoel De Queiroz Inácio de Assis Bento Nehme
Técnica de Desenvolvimento Karina de Morais Vaz Bonna
Regina de Freitas Jardim Ferraz Marcela Burgarelli Corrente
Marcio Rodrigo dos Reis
Coordenadoras Pedagógicas Renan Ferreira Alves
Ariádiny Carolina Brasileiro Silva Renata Mendes Ribeiro
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Equipe de Design Educacional Victor Giriotas Marçon
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Janandrea Nelci do Espirito Santo Renan Carlos Nunes De Souza
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João Francisco Correia de Souza Wagner Ferri
Gestão de Estoques e Sistemas de Embalagem
Aula 01
Características e aspectos dos estoques

Objetivos Específicos
• Conhecer as características básicas dos estoques; relacionar o propósito dos
estoques.

Temas

Introdução
1 Estoques
2 Administração de estoques
Considerações finais
Referências

Professora
Carolina Schmitt Nunes
Gestão de Estoques e Sistemas de Embalagem

Introdução
Nesta aula, conheceremos e entenderemos o que são os estoques, seus tipos e quais
as suas principais funções. Na sequência, vamos explorar o conceito de gestão de estoques,
bem como a relação entre estoques e nível de satisfação dos nossos clientes. Dessa forma,
você entenderá como esses dois conceitos estão relacionados e como podem se influenciar.

Ao final desta aula, esperamos que você seja capaz de identificar as características básicas
dos estoques e relacionar com o objetivo de tê-los.

1 Estoques
Em primeiro lugar, é necessário que saibamos o que são os estoques. Então, começaremos
a nossa caminhada pensando e discutindo esse conceito.

De forma intuitiva, todos nós sabemos o que é um estoque. Normalmente vem à nossa
mente a imagem de um armazém repleto de caixas de papelão ou um pátio cheio de carros
novos ou ainda uma pilha de contêineres. Todos esses cenários realmente correspondem a
estoques. Contudo, veremos que estoques são mais amplos e complexos do que essa ideia
inicial. Para traçar nossos conhecimentos e andarmos na mesma direção durante a disciplina,
vamos usar um conceito estabelecido e aceito pela comunidade acadêmica e empresarial.

Quadro 1 – Ilustração de estoques em um armazém

Existem diferentes tipos de estoques


e distintas formas de organizá-los. A
imagem que normalmente é associada
a estoques são grandes estruturas com
muitas embalagens empilhadas. Essa é
uma forma, mas há outras.

Fonte: elaborado pelo autor (2015).

O conceito apresentado é o de Viana (2008, p. 109), que nos diz que estoques são
“[...] materiais, mercadorias ou produtos acumulados para a utilização posterior, de modo
a permitir o atendimento regular das necessidades dos usuários para a continuidade das
atividades da empresa [...]”. Há três pontos que merecem destaque nesse conceito: o primeiro
deles é o fato do autor enfatizar o objetivo – para uso posterior, ou seja, o que caracteriza um
material, uma mercadoria ou um produto como sendo estoque é o fato de estar armazenado
para ser utilizado no futuro. O segundo ponto que podemos perceber é quando Viana (2008)
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contempla como estoque não apenas uma categoria de materiais, mas sim algumas (sejam
elas de materiais, mercadorias ou produtos). A seguir veremos os possíveis tipos de estoque
e, portanto, isso ficará mais claro. E o terceiro, mas não menos importante, é o fato dos
estoques servirem para que a linha de produção não seja interrompida e tampouco que o
cliente fique sem o produto que deseja por falta dele em estoque.

Em continuidade, o mesmo autor acrescenta: "[...] os estoques são recursos ociosos


com valor econômico, que representam um investimento voltado a desenvolver as
atividades de produção e atender aos clientes" (VIANA, 2008, p. 109). Nesse ponto,
destaca-se o fato dos estoques representarem um montante financeiro imobilizado. Para
que haja estoque, é necessário dispender determinada quantia de dinheiro no estoque em
si e nos custos que a existência deste acarreta.

Quando falamos em atender às necessidades dos nossos clientes e às suas expectativas,


estamos falando em nível de atendimento. Aqui cabe voltarmos um pouco na história do
comércio e compreender as mudanças que ocorreram no comportamento do consumidor.
Isso nos será útil para entendermos a importância dos estoques dentro de uma organização
e como isso pode afetar a satisfação dos meus clientes.

Antes da Era Industrial (até o ano de 1760 aproximadamente), todos os produtos eram
feitos de forma artesanal e manualmente. Em geral, o artesão era responsável por toda a
transformação da matéria-prima em produto final e também pela sua comercialização. Vamos
usar um exemplo.

Quadro 2 – Exemplo de compra de sapato antes da Revolução Industrial

Para adquirir um sapato, a pessoa


interessada deveria ir até um sapateiro.
Este teria um ou dois modelos disponíveis,
possivelmente em uma única cor. O
interessado deveria tirar as medidas e
aguardar o sapateiro fazer (a mão) o par
de sapatos e só então teria o produto que
desejava. Esse processo de aquisição era
lento e não havia muitas opções.

Fonte: elaborado pelo autor (2015).

Com a Revolução Industrial, surgiram as manufaturas em que o processo de produção


passou a ser feito com o auxílio de máquinas. Além disso, houve a especialização e padronização
do trabalho, o que permitiu que a fabricação de produtos ficasse mais rápida e o preço final
do produto mais barato. Ao longo dos anos, houve uma modernização das indústrias e uma
expansão do comércio que permite que, nos dias de hoje, uma pessoa possa escolher a marca,
a cor, o modelo e onde comprará o seu par de sapatos (ou mais de um se assim desejar), com

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diferentes faixas de preço. O exemplo da compra de um par de sapatos é simples, mas ilustra
muito bem como o nível de exigência e satisfação dos consumidores cresceu/aumentou.
Atualmente, corre-se o risco de perder um cliente caso não haja o produto a pronta entrega.
E, em um mundo competitivo como o que vivemos, a maioria das empresas não pode se dar
ao luxo de perder um cliente.

É evidente que cada setor tenha as suas peculiaridades e que, em alguns casos, o cliente
é mais tolerante quanto ao prazo de entrega, mas, na maioria das vezes, os clientes desejam
os produtos e o serviço a pronta entrega ou dentro de um prazo razoável de entrega. Nisso
reside uma das principais funções dos estoques: melhorar o serviço ao cliente.

Entretanto, se soubéssemos com exatidão qual, quando e quanto os nossos clientes


comprariam, poderíamos nos organizar e ter exatamente as quantidades dos produtos que
seriam consumidos no momento da compra, não sendo necessária a formação de estoque.
Isso faria com que evitássemos os custos de estoque e imobilizássemos parte do capital da
empresa. Porém, mesmo com as técnicas mais modernas de previsão de demanda, não
conseguimos prever com exatidão qual será o consumo, pois são muitas e incontroláveis as
variáveis que afetam o comportamento de compra dos clientes.

Serviço ao cliente é uma medida utilizada para avaliar o quão bem a


logística de uma organização procede ao fornecer produtos e serviços em
tempo e lugar hábil. No serviço ao cliente, estão inclusos aspectos como a
facilidade em realizar um pedido e acompanhá-lo, o atendimento pós-venda e
o tempo de entrega do produto/serviço. Esse conceito pode variar de
organização para organização e também clientes e fornecedores podem ter
visões diferentes a respeito. O que a empresa considera como um excelente
nível de serviço não é necessariamente excelente na percepção do cliente
(LAMBERT; STOCK; ELLRAM, 1998).

1.1 Funções dos estoques


Além de melhorar o nível de serviço ao cliente, os estoques possuem outras funções
tão importantes quanto essa. Em 1978, um dos principais estudiosos de Logística no mundo,
Ronald Ballou, elencou em seu livro “Basic Business Logistic” outros quatro principais motivos
pelos quais se devem ter estoques. Vamos conhecê-los.

• Proteção contra mudanças de preços em tempo de economia instável:


especificamente no caso do Brasil, eventos como a inflação alta, a desvalorização do
real frente ao dólar e as incertezas do mercado são motivadores para ter estoque,
pois são uma forma de se precaver dos possíveis aumentos nos preços das matérias-
primas, dos fretes e dos impostos.
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• Economia de escala: quando os produtos são fabricados continuamente e em


quantidade constante, os custos são frequentemente menores.

• Proteção contra incertezas na demanda e no tempo de entrega: as incertezas na


demanda se referem ao desconhecimento do comportamento dos consumidores,
já as incertezas no tempo de entrega são relacionadas aos fornecedores que nem
sempre entregam as mercadorias dentro do prazo. No cenário brasileiro, onde temos
os agravantes das más condições da estrada, dos roubos de cargas e dos constantes
acidentes, a incerteza quanto ao tempo de entrega é ainda mais acentuada.

• Proteção contra contingências: de acordo com o “Dicionário online de língua


portuguesa”, contingência significa uma ação ou situação imprevista e que não se
consegue controlar, uma eventualidade. Estoques como forma de proteção contra
contingências significa proteger a organização de greves, inundações, tempestades,
instabilidade política ou ainda qualquer outra causa exógena que possa impactar nas
operações da empresa. Por exemplo, as temperaturas recordes no verão de 2012/2013
provocaram um aumento na demanda por ar-condicionado no Rio de Janeiro e muitas
lojas ficaram com os estoques zerados, demorando no mínimo duas semanas para a
entrega do produto, uma vez que as fabricantes também não tinham estoques
suficientes (COSTA et al., 2012).

Pense no seu dia a dia profissional e na organização que você trabalha, e


tente identificar mentalmente se os estoques atuais da organização servem de
proteção para alguns dos casos indicados por Ballou (1978).

Sabemos a importância e as funções do estoque, agora vamos conhecer os seus tipos.

1.2 Tipos de estoque


O conceito apresentado no início do texto faz menção a diferentes tipos de materiais que
podem ser caracterizados como estoques. Para fins contábeis e de produção, os estoques são
classificados em diferentes tipos. Os autores Pozo (2001) e Martins e Alt (2006) nos trazem
os tipos mais usuais, vejamos:

1. Estoques de matéria-prima: são os materiais que passarão por um processo de


transformação dentro da fábrica ou da prestadora de serviço, para posteriormente se
transformarem em produtos acabados (POZO, 2001).

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2. Estoque de material auxiliar: são os materiais que participam auxiliando no processo


de transformação da matéria-prima em produto acabado, mas não se agregam a ele.
Eles são imprescindíveis no processo (POZO, 2001).

3. Estoque de manutenção: são materiais que servem de apoio à manutenção das


instalações e do maquinário, os materiais utilizados no escritório também são
considerados estoque de manutenção (POZO, 2001).

4. Estoque de materiais em processos ou work in process (WIP): são também


conhecidos como estoque intermediário. Correspondem aos materiais que já estão
em processo produtivo ou em subconjuntos aguardando para formar o produto final,
mas ainda não são produtos acabados (POZO, 2001; MARTINS; ALT, 2006).

5. Estoque de produtos acabados: envolvem todos os itens que já estão prontos


e embalados para serem entregues aos consumidores finais. É o produto final da
organização (POZO, 2001; MARTINS; ALT, 2006).

6. Estoque em trânsito: são as matérias-primas e os produtos finais que foram expedidos


de uma planta ou unidade da fábrica para outra e ainda não chegaram ao destino
final, ou seja, estão em trânsito (MARTINS; ALT, 2006).

7. Estoques em consignação: são aqueles materiais que estão armazenados na


localidade de um cliente, mas pertencem ao fornecedor até serem vendidos pelo
cliente. Caso não sejam vendidos, eles são devolvidos ao fornecedor sem ônus
(MARTINS; ALT, 2006).

Para exemplificar cada tipo de estoque, será utilizado o exemplo de uma confeitaria.

Quadro 3 – Exemplo de confeitaria

Tipos de estoque
(Exemplos)

Os ovos, o trigo, o açúcar, o fermento e o


chocolate em pó podem ser considerados as
matérias-primas para a fabricação de uma torta,
salgadinhos ou de docinhos (produtos finais da
confeitaria).

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As colheres, as formas, as batedeiras e os fornos


são os materiais auxiliares. Eles são necessários
para transformar as matérias-primas em
produtos finais, mas não se agregam a eles.

Os materiais utilizados para a higienização das


instalações prediais e dos materiais auxiliares,
bem como o material utilizado em escritório
são considerados os materiais de manutenção.
Eles são extremamente necessários para que
o produto final tenha qualidade. Porém, eles
não fazem parte do processo de transformação
diretamente.

Quando a massa de strudell está descansando,


os salgadinhos aguardando o momento
para fritar ou a torta esperando a cobertura,
são considerados produtos em processo,
ou seja, estão em uma etapa do processo
de transformação e podem ser estocados
temporariamente nessa etapa.

A torta, o pão e os doces prontos são


considerados produtos acabados e podem ser
estocados como tal na própria unidade fabril ou
em um ponto de venda.

Quando as tortas estão sendo transportadas


para os pontos de venda em um shopping,
por exemplo, são consideradas estoques
em trânsito, pois estão armazenadas e
acondicionadas dentro de um veículo próprio
para isso.

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Como produtos em consignação, podemos


pensar no leite. A empresa que faz o
processamento do leite e a embalagem faz
a entrega nos mercados, nas padarias e nas
mercearias. O que não for vendido dentro de
determinado período de tempo é recolhido
pela empresa responsável pelo processamento
e pela embalagem, sem custo adicional para o
vendedor.

Fonte: elaborado pelo autor (2015).

Os estoques estão mais presentes nas nossas vidas do que podemos


imaginar. Você já pensou na quantidade e na variedade de material que os
organizadores das corridas de Fórmula 1 devem estocar e transportar de um
circuito para outro? Só para você ter uma ideia, até guardanapos e garrafinhas
de água são estocados e levados para as corridas, além de todos os carros e
peças. Para saber mais acesse o link disponível na Midiateca.

Até agora vimos o conceito de estoque, suas funções e seus principais tipos, na próxima
sessão aprenderemos e discutiremos a gestão de estoques e as implicações gerenciais.

2 Administração de estoques
Verificamos até agora que os estoques são imprescindíveis para que a organização
ofereça um nível de serviço competitivo e para que se resguarde de determinadas situações.
Sabendo apenas disso, parece fazer sentido ter o máximo de estoque possível tanto de
matéria-prima quanto de produtos prontos, certo? Infelizmente não é tão simples assim, e a
melhor estratégia não é ter o máximo de estoque possível.

O grande dilema para os administradores de logística e especialmente os responsáveis


pelos estoques é conseguir encontrar o estoque ideal equacionando um volume que atenda
às necessidades e à demanda do mercado, considerando as suas variações, ao mesmo tempo
que busque minimizar a quantidade de recursos financeiros alocados nos diferentes tipos de
estoque.

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Lembre-se: a relação é proporcional, quanto maior for o volume de


estoque maior será o investimento em estoques.

O autor Pozo (2001) pondera que alocar muito dinheiro em estoques pode comprometer
o fluxo de caixa, pois, além do estoque em si, há vários custos correlacionados que irão se
incorporar no custo final do produto. Em contrapartida, baixos estoques podem gerar atrasos
de entrega, replanejamento da produção e insatisfação do cliente, ocasionando um impacto
negativo na imagem da organização.

Nesse contexto, é oportuno apresentar as funções da administração preconizadas por


Fayol na Escola Clássica, no início do século XX, são elas: planejar, organizar, comandar, controlar
e coordenar os diferentes recursos que constituem uma organização (financeiros, materiais,
humanos). Na administração de estoques, destaca-se a função controle. De acordo com
Pozo (2001, p. 38), o controle de estoques tem por objetivo "[...] estipular os diversos níveis
de materiais e produtos que a organização deve manter dentro de parâmetros econômicos".
Ou seja, o gestor responsável pelos estoques deve precocupar-se em determinar e controlar
quais os níveis de estoque que a organização pode manter economicamente para cada tipo
(matéria-prima, produto em processo, produto pronto, entre outros).

Deve-se também ter em mente que a gestão de estoques é parte integrante da logística
da empresa, ou seja, ela deve estar alinhada com os objetivos da logística dessa organização.
Por exemplo, se uma livraria online quer ser reconhecida como a mais rápida em entregas
(esse é um objetivo logístico), ela deve possuir estoques de produtos em quantidade suficiente
para que a entrega seja realmente rápida e para que não haja a necessidade de esperar o
fornecedor entregar o produto. Lembremo-nos que, como destaca Viana (2008, p. 145), a
“[...] logística é um processo estratégico que gerencia o fluxo de materiais e informações
entre o fornecedor e seu cliente, desde a aquisição da matéria-prima até a entrega do produto
acabado no ponto de venda, uso ou consumo.”

Os autores Garcia et al. (2006) enfatizam o papel estratégico da gestão de estoques,


apontando que a gestão adequada dos estoques pode trazer o aumento da vantagem
competitiva da organização e que todas as suas práticas devem ser adaptadas à realidade da
empresa, contribuindo com seu sucesso. Considerando a necessidade de adaptar a gestão de
estoques a cada realidade, será apresentado um pequeno caso prático da empresa Unilever,
em que pode-se observar algumas decisões relativas a essa área, assim como importância
dos estoques para toda a organização.

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2.1 Estudo de caso Unilever


As informações a seguir foram retiradas do case apresentado pela Unilever no evento
CICLO Desenvolvimento, promovido pelo Portal Supply Chain (PORTAL SUPPLY CHAIN, 2008).

A Unilever é uma organização de origem holandesa com atuação mundial. No Brasil, é


uma das maiores fornecedoras de bens de consumo para o varejo, sendo a responsável pela
segunda maior operação da empresa (atrás apenas dos Estados Unidos). Atua principalmente
nos setores de alimentos, cuidado pessoal e limpeza doméstica. Em 2009, teve faturamento
de 40 bilhões de euros. Ela possui 163 mil funcionários, 12 mil alocados no Brasil. Uma de
suas plantas está localizada no Estado de São Paulo, na cidade de Indaiatuba, onde é fabricado
o sabão em pó da empresa.

Em 2008, a empresa apresentou um case em que expôs o resultado de um dos seus


projetos, que tinha como objetivo reduzir o nível de estoques ao longo da cadeia de
suprimentos (do produto sabão em pó) sem interferir na confiabilidade dos serviços logísticos
e sem aumentar os custos. A Unilever almejava atingir esse objetivo, mas tinha que garantir
o suprimento de todas as matérias-primas, além de considerar a programação da produção
(não podendo alterá-la) e monitorar os níveis de serviço de fornecedores e prestadores de
serviço envolvidos nessa cadeia de suprimentos.

Para reduzir os níveis de estoque, garantir o suprimento de matéria-prima e ainda manter


a programação da produção, a Unilever – Indaiatuba estruturou um modelo de logística
que atuava em sete grandes áreas, com destaque para três: transporte, planejamento
e monitoramento. As decisões envolveram mudanças na forma de transportar a matéria-
prima e o produto pronto. Os equipamentos foram customizados, aumentando assim a sua
capacidade de carga, o que possibilitou a diminuição de deslocamentos.

No planejamento, a principal mudança foi dividir informações do planejamento da


produção com o operador logístico da organização (operador logístico é o prestador de
serviços logísticos), que seria responsável por quase toda a operação com fornecedores.
Além das mudanças no campo prático, foi necessária também uma adaptação da parte dos
fornecedores que passaram a tratar diretamente com o operador logístico. Além disso, foi
implementado um monitoramento dos fluxos 24 horas por dia, em que os gestores tinham
acesso, em tempo real, aos dados, possibilitando um controle maior dos materiais.

Os resultados alcançados foram uma considerável redução de estoques e o aumento na


produtividade dos meios de transporte em 264% se comparado ao ano de início do projeto
(2001). O gerente de planejamento enfatizou ainda que, no período do projeto, a produção da
fábrica dobrou e eles conseguiram manter os mesmos níveis de estoque graças às mudanças
apresentadas anteriormente. Para os próximos anos, a empresa almeja diminuir ainda mais
os níveis de estoque e estabelecer uma política que permita responder rapidamente às
mudanças de demanda do consumidor final.

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É importante ressaltar que essas mudanças não são rápidas e simples, é necessário
muita análise e trabalho para conseguir chegar aos resultados. Os resultados apresentados
são um trabalho de sete anos em uma parceria entre a Unilever e o seu operador logístico.
Descata-se ainda a importância do planejamento e do controle (monitoramento) para que o
êxito das mudanças.

Vimos o exemplo de uma multinacional, que certamente possui tecnologia e recursos


financeiros e humanos para fazer uma boa gestão de estoques. Mas, é importante salientar
que uma gestão efetiva e lucrativa não é privilégio apenas de grandes corporações, pois
empresas de menor porte também estão aptas a alcançarem resultados positivos a partir da
gestão de estoques.

Considerações finais
Nesta aula, foi apresentada uma visão geral do que são os estoques, suas principais
funções e características, bem como seus tipos. Foi possível perceber que os estoques são
importantes para manter o nível de serviço ao cliente e que há decisões importantes a serem
tomadas, como, por exemplo, qual a quantidade de produtos a ser mantida em estoque.

Para não esquecer:

• Estoques são materiais que guardamos para uso futuro. Além disso, os estoques
podem ter a função de segurança contra variações na economia, contingências
e incertezas da demanda e do tempo de entrega, e ainda podem ser bons para a
economia de escala.

• Há tipos diferentes de estoques: matéria-prima, estoque de manutenção, estoque


auxiliar, materiais em processo e produto acabado, em trânsito e em consignação.

• A administração de estoques se preocupará principalmente com o planejamento e


controle dos estoques a fim de encontrar a quantidade de estoque ideal, em que a
empresa mantenha nível de atendimento que deseja e que tenha custos razoáveis
sem comprometer o seu fluxo de caixa com estoques.

Referências
BALLOU, H. R. Basic Business Logistics: Transportation, Materials Management. Englewood
Cliffs (N.J.): Prentice-Hall, 1978.

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br/contingencia/>. Acesso em: 12 mar. 2015.

COSTA, D. et al. Calor provoca apagão de produtos. O Globo, Rio de Janeiro, 28 dez. 2012,
Economia. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/economia/calor-provoca-apagao-de-

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Gestão de Estoques e Sistemas de Embalagem

produtos-7150396>. Acesso em: 11 mar. 2015.

GARCIA, E. S. et al. Gestão de estoques: otimizando a logística e a cadeia de suprimentos. São


Paulo: E-PAPERS, 2006.

LAMBERT, D. M.; STOCK, J. R.; ELLRAM, L. M. Fundamentals of Logistics Management.


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MARTINS, P. G.; ALT, P. R. C. Administração de materiais e recursos patrimoniais. 2. ed. São


Paulo: Saraiva, 2006.

PORTAL SUPPLY CHAIN. Unilever otimiza estoques com planejamento e logística de materiais: case
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POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São


Paulo: Atlas, 2001.

VIANA, J. J. Administração de materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2008.

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