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CONTRIBUIÇÕES DA ANTROPOLOGIA À MEDICINA: UMA REVISÃO

DE ESTUDOS NO BRASIL

Marcos de Souza Queiroz*


Ana Maria Canesqui**

QUEIROZ, M. de S. & CANESQUI, A.M. Contribuições da antropologia à medicina: uma


revisão de estudos no Brasil. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 20:141-51, 1986.
RESUMO: Foi feita revisão e análise, sob um ponto de vista antropológico, da
literatura mais representativa sobre saúde e doença e práticas de cura no Brasil. Nessa
literatura, em primeiro lugar, houve a preocupação de coletar documentos sobre as
tradições regionais do mundo rural, expressando uma ampla variedade de pontos de
vista. Em geral, "medicina popular" era vista como um conjunto de práticas e
idéias rudes e imitativas, provenientes tanto da medicina erudita do passado como
das tradições étnicas brasileiras. Em segundo lugar, as ciências sociais exerceram
uma grande influência neste tipo de estudo. Depois dos anos 30 e, principalmente,
dos anos 40 aos 70, um número importante de trabalhos tiveram lugar nesse campo
de estudo, influenciados pelas posturas acadêmicas como, por exemplo, o funciona-
lismo, a teoria da aculturação, e as teorias do desenvolvimento. Durante os anos 70
o campo atingiu a sua maturidade com um grande número de pesquisas sob várias
influências teóricas. As teorias estruturalistas e funcional-estruturalistas (que variam
entre o formalismo abstrato e o substantivismo) tiveram um peso mais consistente
nessa década. Três importantes estudos recentes foram também analisados, e as prin-
cipais tendências abertas nesse campo foram também discutidas, particularmente as
tentativas marxistas de análise.
UNITERMOS: Antropologia da medicina. Medicina tradicional. Brasil.

INTRODUÇÃO
O objetivo desse artigo é focalizar cri- mo de Spencer que podem ser encontra-
ticamente a literatura antropológica mais dos explícita ou implicitamente nessas
significativa sobre representações de saú- obras. Em geral, o conjunto desses tra-
de e doença e práticas de cura no Brasil. balhos é impregnado de caráter ideológi-
co e etnocêntrico e, por esse motivo, sua
Autores que se denominavam "folclo- contribuição para o desenvolvimento
ristas", cuja principal preocupação era científico do tema é precária (Queiroz 33,
recuperar as tradições regionais do mun- 1980).
do rural brasileiro, produziram grande
De um modo geral, a maioria dos au-
variedade de obras com diferentes graus tores "folcloristas", quando apresentam
de complexidade a respeito de "medicina uma preocupação teórica ou uma elabo-
popular". Em alguns casos, essas obras ração mais complexa do tema, como
foram somente inventários, em forma de ocorre, por exemplo, com Cabral 5 (1958)
dicionário despojados de qualquer inten- e Maynard Araújo 2 5 (1959), considera
ção explicativa. Em outros casos, chegou- a "medicina popular" como um conjunto
se a empregar uma elaboração analítica de crenças e práticas "rústicas" e "imita-
com embasamento teórico mais complexo. tivas", resultado da difusão de medicinas
Trata-se do positivismo de Comte, do di- eruditas passadas e das diferentes etnias
fusionismo de Taylor ou do evolucionis- que compuseram a população brasileira

* Do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em Saúde e do Núcleo de Políticas Públicas da Universi-


dade Estadual de Campinas — Caixa Postal 1170 — 13100 — Campinas, SP - Brasil.
** Do Departamento de Medicina Preventiva e Social, do Núcleo Interdisciplinar de Estudos em
Saúde e do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas da Universidade Estadual de Campinas —
Caixa Postal 1170 — 13100 — Campinas, SP — Brasil.
Bastide1 (1971), que também trouxe dentro de um sistema global. No entan-
contribuição pioneira na área da sociolo- to, falta ao funcionalismo ir além da
gia das doenças mentais, foi o primeiro superfície da realidade social para que
a inaugurar um tratamento mais rigoroso possa apreender a sua estrutura profunda.
sobre a temática das curas religiosas na O que mantém essa teoria em nível su-
década de 30. A tese desenvolvida em perficial é a sua capacidade explicativa
seu trabalho é que no Candomblé, ao limitada que quase sempre percebe os fa-
contrário do Catimbó recifense ou da tos sociais em função ou desfunção com
Macumba paulista, a religião predomina referência ao sistema social. Trata-se, na
sobre a magia. Como mesmo no Can- maioria das vezes, de um raciocínio tau-
domblé a cura de doenças se faz pelo re- tológico: um fato existe com vitalidade
curso à magia e ao fetichismo, ela se num contexto social porque é funcional
desenvolve às margens da religião, sendo, a esse contexto. Esse aspecto ficará mais
portanto, um extrato inferior em relação claro na análise que faremos a seguir das
a esta. Nesse particular, é evidente a in- principais obras realizadas em medicina
fluência de Weber em Bastide, na medi- sob essa influência.
da em que para ele apenas as mensagens Fernandes12 (1961), realizou um tra-
religiosas próprias das religiões "superio- tado sobre folclore (incluindo "medicina
res" (entre as quais ele situa o Candom- popular") e mudança social em São Pau-
blé) são capazes de fornecer aos seus se- lo. Nesse trabalho, Fernandes, mencio-
guidores normas consistentes de ação. nando sua tese realizada em 1942, con-
Em realidade, a importância do pen- cebe a "medicina popular" como uma
samento de Bastide encontra-se não tan- característica próprio do mundo rural
to em sua formulação teórica geral, mas tradicional em oposição à medicina ofi-
na problemática que levantou, o que cial moderna, própria do mundo urbano.
ensejou o surgimento de um campo im- A ocorrência de práticas tradicionais ru-
portante de estudos no Brasil, ou seja, rais nas cidades é explicada como sobre-
o das religiões populares e, dentro dele, vivência cultural de tradições trazidas
o das medicinas religiosas. por imigrantes rurais, ou seja, como per-
De um modo geral, os estudos antro- sistência de traços culturais de época mais
pológicos até essa época não observaram antigo. O autor deixa entender que, com
os elementos sociais como integrados a adaptação dessa população às condi-
num sistema coerente. Assim, a "medi- ções de vida urbana, a memória tradi-
cina popular" era vista como uma col- cionalista será substituída por um "ethos"
cha de retalhos costurada por influên- modernista.
cias passadas sem conexão lógica e so- Numa postura muito semelhante a de
ciológica entre eles. O paradigma teórico Fernandes 12 , Fontenelle 13 (1959) reali-
que marca a grande maioria das pro- zou levantamento regional de crenças e
duções antropológicas dessa época era hábitos concernentes à "medicina popu-
aquele informado pelo evolucionismo e lar", levando em conta o pressuposto de
pelo difusionismo. Evidentemente, essa que tanto o campo como a cidade são
perspectiva revela-se atualmente com entidades homogêneas e consistentes, e
uma base epistemológica pobre para a que o único processo de mudança é aque-
apreensão da realidade social. le verificado pela migração. Este pressu-
As décadas de 50 e 60 foram marca- posto encontra o seu paradigma na clás-
das pela presença da teoria funcionalista sica dicotomia "folk-urbano" de Red-
nas ciências sociais, o que significa dizer field 37 (1941), em que o encontro de
que os fatos sociais passaram a ser obser- duas sociedades ou dois mundos (no
vados em relação uns com os outros, caso, o mundo rural e o mundo urbano)
é percebido como se houvesse um pro- nas, e os indivíduos como marionetes
cesso natural de absorção do mais fraco conduzidos mecanicamente por suas tra-
pelo mais forte. dições culturais. Em realidade, não se
Nessas obras, Fernandes 12 e Fontenel- trata de perceber a relação do mundo
le 13 percebem o mundo tradicional e, urbano com o rural como a de duas cul-
dentro dele, suas crenças e práticas de turas com forças desiguais, simplesmen-
cura, como um conjunto assistemático te porque a ordem capitalista organiza e
em via de desintegração, uma vez que transforma tanto o meio urbano como o
são disfuncionais ao contexto sócio-ur- rural. Ao mesmo tempo, a postura fun-
bano moderno. Esse pressuposto não se cionalista é incapaz de explicar porque
mantém, na medida em que, apesar da diferentes saberes e práticas de cura têm
urbanização, persistem e se desenvolvem persistido com grande vitalidade no meio
saberes e práticas de cura populares co- urbano. Evidentemente, não se trata da
mo têm demonstrado várias pesquisas mesma medicina rural tradicional mas
empíricas. Falta, nas abordagens daque- de uma medicina que, embora utilize ele-
les autores, mostrar a persistência e trans- mentos provenientes de outras experiên-
formação desses saberes e práticas, seja cias de vida, existe em sintonia ou em
com relação à percepção e à manipula- relação com o modo de produção capi-
ção da realidade pelos indivíduos, seja talista que configura os elementos desses
com relação ao sentido que eles assumem saberes e símbolos com um novo sentido.
dentro de um contexto capitalista. Na década de 60, tivemos em Souza
Diante do crescimento das religiões Barros 40 (1971) a marca da influência
mediúnicas em São Paulo, Camargo 6 de várias teorias desenvolvimentistas que
(1961) levantou a hipótese da existência se manifestaram no campo da "medicina
de um "continuum" entre as suas diferen- popular". A preocupação do autor é ado-
tes manifestações que vai da Umbanda, tar uma postura de modernização frente
uma forma mais africana, ao Kardecis- às estruturas tradicionais da sociedade
mo, uma forma mais ocidental. Não des- que dissemina, em sua população subal-
cartando uma visão evolutiva desse "con- terna, desesperança e alienação. Para
tinuum", Camargo 6 explicou o sucesso ele, alienação é uma transferência de ca-
dessas formas religiosas na cidade pela racterísticas humanas — de domínio e
sua capacidade de adaptação e integra- confiança em si mesmo — para poderes
ção urbana de imigrantes rurais tradicio- estranhos no sentido de propiciarem coi-
nais. sas que lhes estão sendo necessárias e
Orientando-se pelas análises Weberia- que não se espera conseguir por si mes-
nas e funcionais, o autor destacou entre mo ou através do seu corpo social. As-
as funções religiosas, que facilitam essa sim, a "medicina popular" aparece como
adaptação e integração, a de promover crenças, saberes e práticas tradicionais
terapias e curas de doenças. Para o defasadas do conhecimento médico mo-
autor, essa função incorpora a um con- derno, que mantém uma população em
texto mais moderno e urbano as formas estado de atraso social e econômico.
tradicionais que valorizam a medicina A resolução desse problema, para o
das ervas e das explicações e terapias má- autor, é abrir o mundo fechado da cultu-
gicas e espirituais. ra popular a um projeto nacional desen-
Teoricamente, a proposição funciona- volvimentista que rompa com o "círculo
lista que se encontra nesses autores é vicioso da pobreza", removendo causas
quase sempre um truismo, no qual a rea- e barreiras econômicas, sociais e cultu-
lidade social é percebida como uma enti- rais que impedem o desenvolvimento.
dade totalitária, sem contradições inter- Está contido nessa visão um raciocínio
a-histórico e etnocêntrico que encontra do Ceará, operando na aproximação sim-
como parâmetro a ser imitado o modelo bólica entre os domínios de seres huma-
social e econômico mais próximo do nos e o das espécies naturais (peixes rei-
ideal capitalista, ou seja, o norte-ameri- mosos), e delimitando proibições alimen-
cano. tares a certas pessoas reconhecidas pelos
entrevistados como sadias ou doentes.
A década dos anos 70 revitalizou as
contribuições antropológicas, marcando Nessa mesma temática, Maués e
o interesse pela análise de temáticas re- Maués 24 (1978) analisaram as proibições
ferentes às condições de vida das cama- alimentares recorrendo principalmente
das subalternas, especialmente no que às explicações da oposição simbólica for-
se refere às práticas sociais sob uma pers- mulada por Douglas9 (1976) entre pure-
pectiva do "real vivido". Dentro dessa za e impureza, sem descartar, no entan-
temática, foram analisados ideologias to, os postulados sobre a lógica univer-
sobre saúde, doença e alimentação, prá- sal de operação da mente humana de
ticas de especialistas de cura não perten- Lèvi-Strauss.
centes à medicina oficial, e sistemas mé-
dicos religiosos. Outros estudos sobre hábitos e ideo-
logias alimentares emergiram no bojo
Algumas pesquisas desenvolvidas nes- das preocupações com a deterioração das
se campo foram marcadas pela influên- condições alimentares da população bra-
cia da etnociência, resultando em estudos sileira no pós-"milagre econômico", tra-
sobre as taxonomias populares a respei- zendo assim subjacente preocupação com
to do corpo humano (Ibañez-Novión 17 , as condições de vida das camadas traba-
1978; Ibañez-Novión e Trindade Serra,18 lhadoras. Levando em conta a repro-
1978) por parte de camadas subalternas dução cotidiana da força de trabalho,
ou de categorias de profissionais. A par- dentro das estratégias de sobrevivência
tir das descrições anatômicas e fisiológi- dessas camadas, as suas representações
cas do corpo, conforme as explicações e práticas sociais relativas ao consumo
fornecidas pelos entrevistados, os auto- alimentar (tendo em vista tanto a orga-
res ressaltam o saber (informal) sobre a nização familiar do consumo como os
doença e seus tratamentos. Uma conclu- modos de pensá-lo em relação ao corpo,
são importante desse trabalho é que o à saúde e à doença) foram analisadas,
universo classificatório que informa as em contraposição às formulações basea-
percepções e os tratamentos não se apli- das na teoria da modernização que as
ca apenas aos problemas relativos à saú- percebem como irracionais (Canesqui 7 ,
de-doença, mas encerra explicações sobre 1976; Marin 2 3 , 1977; Souto de Olivei-
o universo sócio-cultural e o modo de in- ra 3 9 , 1977; Guimarães 16 , 1979).
serção dos sujeitos na sociedade.
O resultado dessas pesquisas mostrou
Estudos sobre hábitos e ideologias ali- a inconsistência das abordagens corren-
mentares também marcaram a década dos tes nos estudos nutricionais na área da
anos 70, trazendo contribuições referen- saúde, que contabilizam o consumo ali-
tes às relações entre saúde e nutrição. mentar apenas pelo ângulo dos requeri-
Alguns deles trataram especificamente mentos biológicos. Ao incorporarem a
das proibições e tabus alimentares, influ- dimensão ideológica e cultural, articu-
enciando-se pelas análises de Lèvi- lando-a com outros domínios estruturais
Strauss 20 sobre a natureza simbólica das da sociedade, os hábitos e as ideologias
relações totêmicas (Peirano 29, 1975). de consumo aparecem não como crenças
Nesta obra 29 a análise concentrou-se num e tabus irracionais que podem gerar sub-
sistema classificatório entre pescadores nutrição e doença, mas como dimensões
mediadoras que presidem as práticas e a ao estudo das religiões sob o ponto de
organização do consumo das famílias vista de suas práticas rituais, seus siste-
trabalhadoras. mas de crenças e suas formas de organi-
O estudo das representações de doen- zação dos poderes institucionais (Fry14,15,
ças e de agentes de cura entre caiçaras 1975, 1978; Mott26, 1976; Velho41, 1975
paulistas de Iguape foi desenvolvido por e Vergolino e Silva42, 1976).
Queiroz31,32,34,35,36 (1978, 1980, 1982, Nesses estudos, a Umbanda principal-
1984). Sob a influência do estruturalismo mente foi analisada sob diferentes enfo-
inglês, principalmente de Evans-Prit- ques, destacando-se o seu aspecto orga-
chard, Douglas, Gluckman e Turner, o nizacional. Os conflitos gerados pelas ten-
autor analisa a transformação cultural do sões estruturais internas (provocando ci-
caiçara à medida em que se intensificam sões) e externas (expressando rivalida-
as relações capitalistas de produção na des entre terreiros) constituíram a viga
região. mestra pela qual os principais compo-
Nesses estudos, é possível observar que nentes organizacionais da Umbanda fo-
o capitalismo progressivamente altera os ram dimensionados. Velho41 (1975) e
sistemas tradicionais de crenças e práti- Fry15 (1978) mostram ainda que esses
cas de cura, destituindo-os de legitimida- princípios organizacionais (baseados na
de e marginalizando seus agentes, crian- tensão entre o princípio do favor e o
do novos agentes e novos significados da burocracia) em realidade são expres-
para as velhas crenças e costumes. Nesse sões locais de uma realidade estrutural
contexto, o sistema classificatório tradi- mais ampla encrustrada na cultura bra-
cional de "quente e frio" na definição sileira.
e tratamento de doenças "naturais" (de- O aspecto de cura e de tratamento de
sequilíbrio do corpo com o meio am- doenças aparece como um dos principais
biente) desloca o seu centro de gravi- produtos que apelam para atrair a clien-
dade terapêutico baseado na noção de tela da Umbanda, um aspecto que, em-
harmonia e desarmonia para a noção de bora mencionado por todos esses autores,
intervenção sintomática no órgão huma- não chegou a merecer por parte deles
no afetado. Da mesma forma, o curan- uma análise mais intensiva. Mott26 (1976)
deiro "espiritista", que antes tinha que chega a se deter mais demoradamente
se manter a uma certa distância física, no tema quando descreve os tratamentos
social e ideológica da sociedade que o baseados em procedimentos rituais e uso
promove, hoje é admitido s em nenhuma de ervas medicinais, o que não impediu,
dessas condições, protegido pelo invó- no entanto, o assunto de aparecer como
lucro religioso da Umbanda. acessório de uma preocupação voltada
Nesses estudos é possíve observar ainda para a instituição como um todo.
que o sistema tradicional se manifesta Na década dos anos 80 as contribui-
na percepção e explicação de causas das ções antropológicas não fugiram às te-
doenças de cunho moral produzidas pe- máticas que vimos considerando, persis-
la inveja, mau-olhado, quebranto e fei- tindo as preocupações com o estudo so-
tiço. No entanto, a introdução das re- bre os especialistas e práticas de cura e
lações capitalistas de produção, ao en- as representações sobre saúde e doença.
fraquecer os laços sociais locais, atenuou Analisaremos a seguir três trabalhos que
consideravelmente o controle e a dimen- contribuíram decisivamente para o desen-
são política que essas crenças encerram. volvimento da "medicina popular" nesta
A temática das práticas de curas reli- década. Trata-se das obras de Olivei-
giosas esteve presente na década dos ra 27,28 (1983), Loyola21 (1984) e Costa8
anos 70 entre autores que se dedicaram (1980).
Oliveira estudou as benzedeiras na ci- tarismo e da razão instrumental (Sah-
dade de Campinas, a partir da oposição lins 38 , 1976). Em realidade, é possível
entre medicina popular e medicina ofi- afirmar, em analogia com uma passa-
cial. Para aquela autora, o propósito prin- gem de Lèvi-Strauss 20 (1970, cap. X)
cipal da medicina oficial seria contribuir que tanto as medicinas oficiais como as
para o controle e opressão das classes populares são eficazes no meio social que
trabalhadoras por parte das classes domi- as empregam justamente porque são uti-
nantes. Já a medicina popular, baseada lizadas em sintonia simbólica com a cul-
no benzimento, seria uma alternativa tura desse meio social. Portanto, em
construída pelas classes populares para grande medida, o sentido de eficácia mol-
resistir a essa dominação e opressão. Em da-se aos parâmetros culturais e não o
suas palavras, contrário. Evidentemente, isso não sig-
"Como resistência política, a medici- nifica invalidar o impacto que as gran-
na popular é um conjunto de formas des revoluções científicas e tecnológicas
de cura e de concepções de vida que têm sobre a cultura. O que é importan-
se colocam como alternativas àquelas te reter nesse particular é que essas gran-
oferecidas pela ciência erudita. . . Se des revoluções ocorrem esporadicamen-
a medicina popular existe e resiste é te em períodos extraordinários, enquan-
porque seus recursos de cura respon- to no cotidiano a cultura preenche de
dem aos interesses e necessidades de sentido mesmo a mais tecnológica das
alguns setores da nossa população. Se atividades.
elas não tivessem uma eficácia, já te- Em segundo lugar, o pressuposto de
riam sido sufocadas pelas outras for- que a medicina popular seria uma alter-
mas de cura realizadas em nome da nativa à medicina oficial, dentro de uma
ciência e do saber legítimo. Como estratégia de luta entre dominantes e do-
uma forma específica de produzir minados, é romântico em sua essência e
curas, a medicina popular é parte da dotado de escasso poder analítico. Esse
história concreta de determinados gru- pressuposto encontra-se presente em au-
pos sociais, sobretudo migrandes. Ela tores como Illich19 (1975), tendo sido
se constitui numa das expressões vivas, adotado, também, embora numa pers-
do ponto de vista político e cultural, pectiva muito menos radical e muito mais
da sua sobrevivência na cidade e da lu- complexa, por Brandão 4 (1984).
ta constante entre dominantes e domi- Nessa obra, Brandão 4 aborda o proble-
nados" (Oliveira27: 10-12) ma da relação do saber popular com o
"As novas políticas sociais de saúde. . . saber erudito dimensionando a esponta-
também se constituem num modo de neidade da cultura popular. Para ele, a
bloquear a capacidade que nossa po- cultura popular continua criativamente
pulação tem de refletir sobre as suas produzindo novos saberes e também rea-
doenças e de encontrar, muitas vezes, propriando o saber erudito, embora esses
no âmbito da cultura popular, a solu- saberes sejam constantemente expropria-
ção para a cura" (Oliveira28: 10). dos pela cultura hegemônica. Essa pro-
Essas passagens exemplificam uma dução e reapropriação teria inevitavel-
postura equivocada em dois pontos fun- mente o sentido de afirmação de identi-
damentais. Em primeiro lugar, nem a dade cultural e de luta de classes.
medicina oficial nem a popular são em- Nessa postura, o que escapa ao autor
pregadas por causa da sua eficácia. Re- nessa obra (Brandão 4 ) é exatamente o
ferendar esta posição seria desconhecer fato de que o controle da produção e
os muitos trabalhos antropológicos que da comercialização é condição indispen-
desmentem o caráter universal do utili- sável para que realmente possa haver
afirmação de identidade e resistência cul- Através dessa descrição e análise, verifi-
tural. Além disso, a oposição saber eru- camos como a medicina é uma construção
dito x saber popular é teoricamente frágil social que depende não só dos médicos e
uma vez que ela pressupõe homogeneida- das instituições que os sustentam como
de e autonomia tanto da cultura popular também dos clientes, que, afinal de con-
quanto da cultura erudita, o que é impos- tas, só procuram os médicos a partir de
sível num sistema capitalista de produção. suas próprias definições e percepções de
Em realidade, tanto a medicina ofi- doença e saúde. Assim, as doenças de
cial como a medicina popular, ao se crianças, mulheres, homens e velhos são
transformarem em mercadorias, concor- percebidas e classificadas de acordo com
rem para a consolidação do edifício so- as funções não só biológicas mas tam-
cial capitalista. Evidentemente, um en- bém sociais dessas categorias.
foque a partir desse ponto certamente Outra influência importante em Loyo-
diluiria a questão "medicina erudita x la21 é a de Boltanski 2 (1984) que contri-
medicina popular" e o aspecto confron- buiu para a percepção da cultura das
tativo entre ambas. classes populares num sentido coerente
Uma outra contribuição relevante da com a experiência social de vida dessas
década de 80 é a de Loyola 21 (1984), que classes. Por exemplo, uma experiência de
elaborou uma etnografia a respeito de vida que exige a utilização intensiva do
crenças e práticas médicas da população corpo como instrumento de trabalho para
de Santa Rita, um bairro da cidade flu- a própria sobrevivência provocará uma
minense de Nova Iguaçu. Trata-se de um percepção utilitarista do corpo e um sig-
local periférico com poucos recursos so- nificado tal para a doença que ela será
ciais, cuja população encontra dificulda- vista como uma manifestação brutal e
des de acesso à Nova Iguaçu e a maioria imprevisível. Daí a exigência de terapias
dela não tem condições de contribuir e, enérgicas e instantâneas, em sintonia com
portanto, de ser atendida pelo Instituto a produção farmacêutica em moldes ca-
Nacional de Assistência Médica e Previ- pitalistas.
dência Social (INAMPS). Assim, a gran- Enfatizando o ponto de que não há
de maioria da população é obrigada a possibilidade das classes populares cria-
se tratar sozinha ou a recorrer ao auxí- rem uma cultura isolada das condições
lio terapêutico local oferecido pelos de existência que lhes foram impostas,
curandeiros herbalistas, farmacêuticos e Boltanski 2 entende a ''medicina popular"
especialistas religiosos. como um conjunto de conhecimentos e
Sob a influência de Bourdieu 3 (1974), práticas científicas de outrora coexistin-
Loyola 21 percebe os diferentes agentes do com um conjunto de conhecimentos
de cura e os diferentes tipos de médicos e práticas difundidas pelos médicos e
a quem os habitantes de Santa Rita re- farmacêuticos de hoje. Assim, não há
correm como formando um sistema cujas lugar para autonomia e nem para criação
partes competem entre si pela oferta de cultural espontânea de classes sociais que
serviços e pela interpretação simbólica se definem pelo seu aspecto de subor-
da realidade. Essa influência contribuiu dinação.
para que o campo estudado não ficasse Aspecto importante levantado por
fragmentado e estático, uma vez que ele Loyola 21 explica que a concorrência que
é observado a partir das concorrências a medicina popular faz à medicina ofi-
que existem entre os especialistas de cura cial não se situa tanto no plano intelec-
e as instituições religiosas na produção e tual do saber, como no da solidariedade
oferta de bens simbólicos e de mercado- emocional da classe. Assim, um paciente
dias específicas relacionadas com a cura. encontraria num curandeiro, ao contrá-
rio do que poderia encontrar num médi- Um aspecto dos mais importantes, no
co, alguém que teria uma experiência de entanto, que deixou de ser contemplado
vida semelhante, que falaria a mesma lín- na obra de Loyola21 diz respeito à in-
gua e que poderia, portanto, compreen- fluência que o modo de produção da
dê-lo. A doença não seria assim observa- oferta de bens e serviços, num contexto
da como algo estritamente biológico e sin- capitalista, é em boa medida funcional
tomático, mas envolveria aspectos sociais a esse sistema, adotando inclusive signi-
e psicológicos, ou seja, a pessoa numa ficados perfeitamente compatíveis com
dimensão muito mais global. Esse aspec- os interesses ideológicos do capital.
to também foi dimensionado por Mag- A influência de Boltanski faz-se pre-
nani 22 (1980) na Umbanda e por mui- sente também no trabalho de Costa8
tos outros autores que pesquisaram me- (1980) que, tendo como referência ope-
dicina popular na América Latina e na rários da construção civil em Brasília,
África (ver por exemplo, Fabrega11, analisou o consumo médico (de medi-
1971). camentos) a partir do modo como eles
Não há dúvida de que esse aspecto pensam e se relacionam com o seu cor-
existe nas medicinas populares, principal- po, o que comporta idéias e práticas re-
mente as tradicionais do mundo rural, e lativas à saúde e à doença.
que ele é antagônico ao caráter sintomá- Para esses trabalhadores, enquanto a
tico e fragmentado da medicina cientí- doença se identifica com a impossibili-
fica. No entanto, nós diríamos, em con- dade de trabalhar, a saúde é representa-
sonância com outras pesquisas desenvol- da exatamente pela capacidade de tra-
vidas na área (Press30, 1971; Queiroz35, balho. Essa representação comporta, evi-
1982) que o aspecto sintomático e frag- dentemente, uma ambigüidade fundamen-
mentado está também presente nas me- tal, uma vez que se, por um lado, o tra-
dicinas populares dentro de um contexto balho requer saúde, por outro, ele é per-
urbano-capitalista. cebido como fonte de desgaste físico e
de doença.
Loyola21 também mostra como um con- Uma vez que a venda da força de tra-
junto de práticas e de agentes de cura balho não assegura meios necessários a
populares se constituem em alternativas uma alimentação adequada, o trabalha-
em concorrência à medicina oficial do- dor é levado ao consumo de certos me-
minante num ambiente urbanos com- dicamentos (fortificantes e vitaminas)
plexo. Nesse contexto, é mostrado co- como substitutos alimentares. Por sua vez,
mo os consumidores valem-se dessas di- as representações tradicionais que iden-
ferentes medicinas nas suas estratégias tificam saúde e vigor físico com a boa
de consumo. qualidade do sangue são mantidos tendo
No plano das representações, Loyola21 como referência não mais um alimento
opõe os dois sistemas de cura (oficial e de boa qualidade mas a disponibilidade
não-oficial) de modo a traduzirem opo- de uma boa vitamina.
sição de classe, que se determinam pe- Certamente a valorização da força fí-
las noções de "habitus letrado" e "ha- sica e sua identificação com o conceito
bitus corporal". Ao mesmo tempo, as de saúde é uma representação que ofe-
práticas de consumo mostram a interpe- rece significados bastante diferentes quan-
netração e complementariedade entre os do adotados entre trabalhadores rurais
sistemas oficial e não oficial, o que leva tradicionais ou entre categorias de tra-
a autora a admitir a possibilidade das balhadores manuais urbanos. Entre ope-
classes subalternas defenderem parcial- rários manuais, ela coincide com os inte-
mente a sua visão de mundo do "ethos" resses capitalistas que fazem da força de
dominante presente na medicina erudita. trabalho uma mercadoria, em conformi-
dade com a concepção utilitarista do A partir da análise que realizamos so-
corpo. Essa concepção é reproduzida bre a bibliografia em questão, ficou cla-
pelo trabalhador sem perceber os meca- ro que as diferentes medicinas, consoli-
nismos de exploração que ela encerra. dadas ou não no sistema religioso, re-
Como revela Costa8 nessa obra, a es- querem um trabalho antropológico não
tratégia da indústria farmacêutica é a de apenas restrito às suas particularidades
apropriação dos elementos da medicina empíricas locais. É possível concluir que,
popular de modo a permitir que as indi- no desenvolvimento dessa área, não há
cações terapêuticas dos medicamentos se- mais lugar para pesquisas que prestem
jam decodificados e assimilados pela po- pouca atenção aos processos sociais glo-
pulação. Intermediário importante entre bais. Isso porque, num sistema capita-
as indústrias e a população é evidente- lista, os fatos culturais necessariamente
mente preenchido pelos próprios servi- se inscrevem num contexto ideológico e
ços de saúde que inculcam, explícita ou apresentam implicações políticas, como
implicitamente, a ideologia da excelência muito bem nos adverte Durhan 10 (1977).
tecnológica na resolução de problemas Para o desenvolvimento dessa área, é
humanos: má condição de vida e de tra- necessário percorrer um caminho, já
balho e alimentação insuficiente podem aberto por alguns pesquisadores, que seja
ser remediados por "vitaminas" e "for- capaz de verificar as relações entre os
tificantes" industrializados. diferentes sistemas de cura, de um lado,
A pesquisa desenvolvida por Costa8 atentando para as suas instituições e pa-
trouxe uma passagem harmônica entre a ra os seus agentes, e, de outro, percor-
teoria que permite abarcar o processo rendo um caminho mais complexo ca-
social mais amplo (geral) e o dado etno- paz de dar conta da produção, distri-
gráfico (particular), embora a ênfase te- buição e consumo dos serviços de cura
nha permanecido no particular. Fica cla- em geral e suas articulações com o siste-
ro em seu trabalho que a ideologia do- ma capitalista.
minada dos trabalhadores é construída O que nos parece importante para dar
a partir de fragmentos muito mais vivi- prosseguimento aos estudos nessa linha
dos do que pensados, de modo que ela é levar em conta as diferentes institui-
expressa a experiência social concreta ções e aparelhos produtores de ideolo-
dos indivíduos num sentido muito mais gias que, mesmo sendo manipulados,
próximo de adaptação e conformidade reinterpretados e recriados pelas cama-
do que de oposição e confronto às rela- das subalternas, direcionam culturalmen-
ções básicas de produção. Fica claro ain- te essas camadas, modelando hábitos,
da que as representações dos trabalha- práticas e formas de consciência e de
dores comportam também elementos sig- vida. Com isso, não afirmamos a inexis-
nificativos da ideologia dominante as- tência e impossibilidade do conflito na
sim como da experiência passada de vida. luta pela hegemonia, da qual a direção
cultural é parte. É preciso admitir a
COMENTÁRIOS FINAIS existência de um espaço na cultura dos
As contribuições antropológicas à me- grupos não homogênicos, comportando
dicina delineadas nesse texto mostraram identidades, crenças e linguagem pró-
a importância dessa disciplina no desen- prias, sem contudo cair no viés român-
volvimento de estudos sobre saberes e tico e populista. Resta também um es-
práticas de curas, assim como as con- paço considerável e pouco explorado,
cepções e representações sobre saúde, que sem dúvida merece a atenção da
doença e corpo entre as camadas de bai- antropologia, relativo à ideologia e às
xa renda. práticas consolidadas na medicina oficial.
QUEIROZ, M. de S. & CANESQUI, A.M. [Contributions from anthropology to medicine:
a bibliographic review in Brazil]. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 20:141-51, 1986.

ABSTRACT: An analysis was made of the most representative literature both on


health and illness representations and on practices of cure in Brazil from an anthropo-
logical point of view. Firsttly, there was in this litterature the concern of collecting
the folk traditions from the rural world, expressing a great variety of viewpoints. In
general, "popular medicine" was seen as a set of rude and imitative ideas and practices
stemming from both the erudite medicine of the past and Brazilian ethnic traditions. Se-
condly, social sciences have had a great influence on this kind of study. After the 30's,
particularly from the 40's to the 70's, a number of important studies, influenced by aca-
demic postures such as functionalism, acculturation theory and development theories
took place in this field of study. During the 70's, this field reached maturity with a great
amount of research carried out under diverse theoretical influences. However, the
structuralist and functional-structuralist theories (which range from abstract formalism
to substantivism) had a more consistent weight in that decade. Three important recent
studies were also analysed and the main new theoretical trends in this field, particularly
as regards Marxist theories, were also discussed.
UNITERMS: Anthropology, medical. Medicine, traditional. Brazil.

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