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2) Direito de acessar e de permanecer na educação ofertada – isso também foi dado sob um
tópico crítico em relação ao que diz respeito legal direto a tal dever: a Lei nº 9.394/20 de
dezembro de 1996, LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação) diz:
Art. 5º O acesso à educação básica obrigatória é direito público subjetivo, podendo
qualquer cidadão, grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade
de classe ou outra legalmente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder
público para exigi-lo. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
§ 1º O poder público, na esfera de sua competência federativa, deverá: (Redação dada pela
Lei nº 12.796, de 2013)
I - recensear anualmente as crianças e adolescentes em idade escolar, bem como os jovens e
adultos que não concluíram a educação básica; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
II – fazer-lhes a chamada pública;
III – zelar, junto aos pais ou responsáveis, pela frequência à escola.
§ 2º Em todas as esferas administrativas, o poder público assegurará em primeiro lugar
o acesso ao ensino obrigatório, nos termos deste artigo, contemplando em seguida os
demais níveis e modalidades de ensino, conforme as prioridades constitucionais e legais.
§ 3º Qualquer das partes mencionadas no caput deste artigo tem legitimidade para peticionar
no Poder Judiciário, na hipótese do § 2º do art. 208 da Constituição Federal, sendo gratuita e
de rito sumário a ação judicial correspondente.
§ 4º Comprovada a negligência da autoridade competente para garantir o oferecimento do
ensino obrigatório, poderá ela ser imputada por crime de responsabilidade.
§ 5º Para garantir o cumprimento da obrigatoriedade de ensino, o poder público criará
formas alternativas de acesso aos diferentes níveis de ensino, independentemente da
escolarização anterior.
Art. 6º É dever dos pais ou responsáveis efetuar a matrícula das crianças na educação
básica a partir dos 4 (quatro) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013)
O tópico crítico decorre de tal legislação e tem relação objetiva com o Art. 205 da
Constituição Federal Brasileira de 1988, e considera que todo mundo tem o direito à
educação por responsabilidade do estado e corresponsabilidade da família. Contudo, isso
sem o direito direto da parte da e muito menos de quem recebe a educação a respeito de
legislar.
4) Há três pontos que decorrem da relação estado e políticas educacionais acerca da regulação
e gestão da educação brasileira posteriormente à Ditadura Militar: a manutenção do
princípio de educação como ilustração (anterior à Modernidade); a consideração da
educação como superação (da “ignorância” e das condições materiais socioeconômicas), que
é própria da Modernidade; por esta, a formalização de uma “educação universal”; e em
decorrência desta, um “intercâmbio” entre a “educação universal” de um estado em relação
a outros (em âmbito internacional). Sobre isso, e porque a educação é regulada (legislada e
juridicamente “acompanhada”), a respeito dos dois tópicos críticos e mediante as duas linhas
destacadas da ementa, debatemos sobre as políticas educacionais serem pautadas pelo
princípio da isonomia – e isso nos levou a uma questão crítica: Como a educação pode ser
isonômica?
5) Sobre a questão crítica em relação ao que foi descrito como tópicos e pontos de debate,
convocou-se também a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), que tem redação dada
como “final” em fevereiro deste ano, 2017, embora não tenha sido propriamente
“aprovada”, ou seja, ainda esteja submetida a debate e aprovação, ainda que pareça estar em
vigor. A BNCC terminou sendo convocada para os debates porque apresenta um programa
curricular comum para toda iniciativa (privada e pública – outra dicotomia crítica)
educacional. Convém considerar a esse respeito que a LDB/1996 prevê no Art. 26o que “os
currículos da educação infantil, do ensino fundamental e do ensino médio devem ter base
nacional comum”. Além disso, esse artigo discrimina que essa base deve ser
“complementada, em cada sistema de ensino e em cada estabelecimento escolar, por uma
parte diversificada, exigida pelas características regionais e locais da sociedade, da cultura,
da economia e dos educandos”. Isso é reforçado pelo Art. 32o e pelo 35o, os quais dizem
respeito a assegurar o desenvolvimento de conhecimentos e habilidades mediante
competências. Na BNCC, esse “desenvolvimento” ganha a forma de eixos que orientam
programas de ensino por área de conhecimento. Nesse sentido, a BNCC é dada para reforçar
o princípio moderno, vindo do século XVIII, de “educação universal” mediante a educação
como superação (da “ignorância” e das condições materiais socioeconômicas) sem ênfase,
embora isto se mantenha, sobre a educação como ilustração (anterior à Modernidade). Daí
se ressalte também que não há consideração objetiva sobre a autonomia de aprender nem de
ensinar, bem como orientação sobre a peculiaridade das “características regionais e locais”.