ACLINICA PSICOLOGICA E SUAS DETERMINAGOES EXISTENCIAIS A clinica psicolégica de que aqui trataremos se sustenta em trés grandes pilares: a fenomenologia-hermenéutica, tal como desenvolvida por Heidegger; as consideragdes deste mesmo filé- sofo em Ser e tempo sobre a existéncia em seu cardter de indeter- minagao e a consequente liberdade, finitude e poder-ser; e, por fim, a articulagio homem/mundo em meio as tonalidades afetivas da angiistia, do tédio ¢ do temor. Com relagdo fenomenologia- , cabe ressaltar que se trata do método de acordo com o qual a clinica por nés pensada precisa acontecer. Da fe- nomenologia buscar-se-4 a atitude fenomenoldgica, que consiste ‘em, uma vez frente ao fenémeno, poder dar um passo atrés ¢, assim, suspender todas as teorizacées e pressuposicdes acerca do fendmeno em questdo. Na hermenéutica, considerar-se-d o fato de que toda e qualquer interpretacio encontra-se sempre fun- dada no horizonte histérico no qual estamos inseridos. Tendo em conta a postura fenomenolégica e a consideracéo acerca do horizonte em que nos encontramos, os estudo fenomenoldgicos dos discursos clinicos que aqui serdo tratados trardo a discussio 376s -asd votuypo vain op apepriqissod v ‘29a uns sod ‘oxqe s983oproHy sod vpeultsap owas |e) wasucr op voryjouy wai “oduay a 498 we wewoy op orisanb & eperteaa| 9 [enb ead ‘spusaidu0> op qewSu0 apeprim e opuepuapra ‘e>:Zojoju0 jeyuaurepuny opSimpstios ens ap eaase wunfied wasog op ronyeur y ‘oo1J9}s14 o}OUIOUE OSsoU ap CONF aIUOZ -10Y ojed sepep sooSeureszo}9p st WoD ‘soweNUOIUD sou anb WD oopnguoUHoY o[noI} OU wpENonae eure UIO9 1adwo4 ap apep ~anqissod & uraiqe anb ‘ojnyjdeo ostounrad ou epuap syew exroueus 2p Sourta owlo> Je) ‘ope] Onno sod ‘seuaumepuny seanaye sopepy, -eu0} se og “ouEIPHOD opuNut op opymysu0> ayuUTEEAdId Op129} op anzed e wougistxo ep Puren e sazaa sep epoTwiN BU 2 o12IUT ap 909) as axdduras ‘oyst 109 “q “42s-Lapod ap saypIR9 OssoU ap OpuLIND “Turesap sou ‘efas no ‘sezino ap ‘“wutsse ‘opuszonbsa ‘sapepryiqissod sfaapurojuooUY 9 seoruN OUD sUsMILOHEY sepEitOUNpas sooseu -fuHIM9p sv eWIO) ¥ SOUTApLDS “ePURISEXA BN “sOULRNUODUD sou anb ura opermaunpas oangy a1uoz120y op anzed e someone anb ePUDISPO ep BUEN ep 19029S9p 2 1999) 0 9 Ovysonb Uo ¥yS9 oNb o ‘eonyqeuesurasep varujp eum sesopfsti09 oy “ms1x9 oadgad op wut -e4) 8 ‘ose OssoU Wo ‘CuTEN eu a9a1Sap 9 299} 98 [ENb ou O}asNU ~eur 9p opour o seyo1dxo exed ounay um mnbe 9 ‘opyua ‘esiypuy ‘ye-ass otis sgnsiniiod o exed oprznpen aiaumuod 9 ‘wawM0Y op oxdwzifeas ap sopour sop jeuauouay asayuys y aati as anb uzasec, owLia) Q “sepep aiusureraaid syeof>e> sopeporsdosd sens wis z2s0q op ov Snjosstp wo ye xesuad wssod 9s afb was ‘sep -pUTULDTOp aIUOUETEIOUDISTXD sTeANyR}Se soy snos Wo ufes¥C] OP ovSnjosstp zazip sanb asypunsutasyp ousia 0 ‘oprauas 3189N ‘oft ap oquateuorouny o rpuauo ered sojusUIa[> UID OFS -jsodurosap & owo> eprpuartia 10} apepruzapour vu anb anb visa; 2 sassqg, ap ouZo1a1 © seprenBe sjeur eyzapod og adojpuag ‘010s nas op vyjeyour ¥ 2999} ap TeuTWLI9} Ov ‘onb ZeHP Wa eysIsUOD ayuD8iA wWapz0 Y ~ereuyLULAa}9p [vossadunt o anb o r11dum9 opu ved ‘saytou se sep -0} eavzypn adojpuag onb wiSsyeys0 ¢ axajor as 1o3ne o anb wa 0} -WOUTOUL OU “eIASSIPO ep OzAt] OpUNBas ou ‘OsDIO}Y UI9 PIVOT 0 r98#apray ‘owzaI aisap [eu}Biz0 oppuas o xeand0ud oy (ov5njos “SIP ‘opsnjosa4) sisf}pun owios 08218 oppuas nds wo (1992) 19339p “19H sod opewios 9 asqyue ourI9) 0 anb z920R"ppso WALI ‘oueumy ANSP op steLoyeur seUayqoad so wo> opdepes LU ‘elas no ‘wong vansodsiad eum wo vonyfeue v3sap o1pDI0K9 0 ast] ~puvsujasycy op reULeYD OFA ‘oJOSOTY ou soperrdsuy ‘ssog prepay 9 rofuemsuig Brapn sexembisd so “wueumy ePsup)sHx ep sem, -nunso sep vo1Sojoquo astipue v ouros (ggg) oduay 2 495 Wo oqU9s -a1d wjasoq op vanyfeue ¥ as-s19J91 JoBB9propy ‘ss0q pacpoyy ap sopepino so qos epeyfpe ovsioa vum ux> oprunar afoy “OIxe) aIsaNl (L002) HoyNOZ ap soLspunUag sHas UID oYS1 2 feanNgUdULIaY F1BO] -OuIsHUOLIDS eu saseq tHOD E>IOJODISd eoTUTTD LUM ap apepiyGrssod v wed viuode anb ‘opniuos ‘ssypunsusasogy ep ojosoyy o1idoad 0 J ‘ouvumy aia op rs ap opour ov ap19ja1 as vied odwiay 9 199 wo soreBq] sono anua nozqnn s982apropy anb ‘wasocy ovwrale oun) op wipape anb ovseugisap eum wo oystsu03 astpuvsuras -8q"2IUyPp 9pepyepous BIs9 asypuNsusasup ap ureIeUTWOUDp onb ssog prepoyy 9 JoSueasuig Simpny ‘suatwesawLd “Me10g ‘viouprstxo ens ead opepms o “vain © opuesyfeue ov s9AfoAap 1e}uAI ¥ soUrEssed ‘soLIoyeayTIUApT Sossoa -ord sop opsexapisuoasap [9 8 opuapacoig “opuestfeur op 19s ap Sopour sou exysoUL 2s app oWLoD jer OUDTUUa; o sepusaide vssod as onb vied exjaizeq earn urel4> sso5voytquspr sessg “soso anua oarsinduros-oatssosqo ouzo\sues ‘ovssazdap ‘eruewordapp ow0> sooseudisap uso sossoudxa so ‘ojduroxa sod ‘ow1o> ste) ‘oH IY -Husp! osse20xd sanbyenb ap opSesapisuoasap ep voupyodunt &coldgica que trabalhe com bases ontolégico-existenciais a partir da proposta de uma Psicologia sem psiquismo e da evidéncia fundamental presente na fenomenologia heideggeriana de que ‘0s problemas psiquicos nao sao problemas da interioridade, nem do orginico, nem da semantica interna, enfim nfo sao proble- mas do eu, mas, ao contrario, sdo problemas do projeto existen- cial, da relagao ser-ai/mundo. Um dos principais objetivos do presente trabalho consiste em explorar possibilidades intrinsecas a esséncia de uma dasein- sandlise. Para tanto, é necessario primeiramente que se conside- tem 05 problemas ditos psiquicos ou mentais como problemas da articulagao ser-ai/mundo. Na Daseinsandlise, 0 que esté em discussao é a possibilidade de romper circulo hermenéutico que aprisiona 0 ser-ai em comportamentos sedimentados no impessoal. Rompimento esse que consiste na possibilidade de, diante de uma experiéncia limite, evocada pelas tonalidades afe- tivas fundamentais, suspender o poder prescritivo do horizonte hermenéutico em que estamos inseridos. Ora, mas como ¢ que tal possibilidade se concretizou historicamente no Ambito do tra- balho daseinsanalitico? Como Medard Boss e Ludiwig Binswan- ger pensaram tal possibilidade? 2.1. Da daseinsandlise d fenomenologia antropolégica: Ludwig Binswanger Binswanger (1947/1971) escreve um capitulo que ver- sa sobre psicoterapia, iniciando-o com uma pergunta, que ele mesmo dirigiv aos participantes de um congresso que aconte- cia na Suica: “O que voces esperam, em primeiro lugar, de uma conferéncia sobre psicoterapia?” Ao que os jovens estudantes responderam sem hesitagio: “Que vocé nos explique como a psicoterapia pode agit” (ibid.p.119). Em 2010, ao apresentar a clinica psicoldgica em uma perspectiva daseinsanalitica para uma grande platéia composta por estudantes de psicologia, 0 professores universitérios € psicdlogos, a mesma questao foi encaminhada a mim de modo que se tornou claro que 0s par- ticipantes, tal qual a platéia de Binswanger, queriam saber de mim unicamente como fazer para obter resultados e eficacia no procedimento clinico. Serd esta a Unica perspectiva possivel no interior do proceso psicoterépico? E compreensivel que, no horizonte histérico onde predo- mina a técnica, os profissionais pensem a partir das orientagdes da técnica e perguntem: qual € 0 remédio, qual é a palavra, como agir para encontrar este ou aquele resultado? Binswanger (1971, p-119) responde a sua platéia da seguinte forma: ‘[..] mas (@ somente pelo discurso humano, pelas palavras e por todos os ou- tros meios que o homem pode entrar em contato com o homem agir sobre si mesmo” Com isto, Binswanger procura acentu- ar 0 fato de que a clinica psicoldgica nao deve ser regida por pressupostos tedricos, com orientagGes acerca de como fazer, de como alcangar controle e precisto na aplicago do método, Este trecho traz algumas questées que merece um esclarecimento mais detalhado, Cabe a pergunta: “Quem foi Binswanger?” Essa pergunta justifica-se ainda mais, uma vez que, por diferentes motivos, ele e suas obras ficaram por muito tempo quase que no anonimato. Seus livros, com rarfssimas excegdes, quase nao foram traduzidos para outro idioma. B, ainda, por ter se afasta~ do da daseinsanilise, esta modalidade clinica ficou muito mais vinculada a outro psiquiatra também suico, Medard Boss, do que a0 seu préprio criador. E, cabem ainda outras perguntas: Qual foi o projeto de clinica psicolégica elaborado por Binswanger? E possivel uma atuacéo clinica que nao tenha um método, mas que conduza a resultados? Sobre a pergunta sobre quem foi Binswanger, cabe atermo- nos ao seu percurso na anilise existencial, Ludwing Binswanger, 7 Bpreciso mencionar o fato de que ha um projeto em curso no Brasil, di- rigido pelo professor Marco Anténio Casanova, para a tradugio de toda a obra de Binswanger. 69 -sopeynser ap souriay wo oprpour Jas vrespaid opesuvsye 19s e oxpa(qo o anb ap oyaford o epmte uipiueur opsnpuod vseg ‘sopeynsas opeyuasoude eyaey “ooninad -vimqoaisd no osoyususe>rpour vfs ‘owuoureyen wunyUaU nb sepy -asoudry v safe axquap ‘opeyse assa z9;equioD vred soyuaUIEYEN 6} -uazapip & opnousgns as elary yf ayuaroed v anb ‘epure ‘earzoyut enembysd © “euAIsty ep seoAspoizeIe sep oaneunoU ovsped 6 vroupiajaz ooo wpueW epuTe q 220Kede anb op asaytp anb aquarede ovu offe yy anb ap ‘ojaumuas um ap e1ppy vad znp -exy as anb ‘opepianalqns ep eansadsiad wun ap soquauraya w9} “uur epure anb op soPspur extop zo8treMsutg “OPIN 9SS9N “sooupisty soanur wraqnxa anb 22 -tiaagyTpUY aq, & WoD opury ou seu ‘ayTEFqUIES Nas ow orspzeut ap opssaidxo eia13s1p vu Wo> opeysa Nes 60 wao}9 auD1Ied y “pHa odi0> op vIDURID>sIO> ep No (qT) Oprata odyo> op ojwauMUDS OP soxAas SoIqIMIsIp ayNaMTTALLTEAUT OPUEDIPUT ayuRADp—I wUIOL -uys tN MPSHOD anb o ‘saredesap oplata odio> op oyuaummuas 0 anb ‘seuoruys sassap opuenb ‘soureasas -qo seur ‘opSnpax zanbpenb axjos ou apepyiqisuas y (e2r'd“1261) o8uemsurg enun -uop ‘soaqunys sousedsa 10d sopeutoy ops oS0asad op feysodns eAMTEMMOSNU B pe OUSITP TeDLY OATU Op Ova ¥ a vSaqu> EP sonosnur so ‘euBexgerp 0 ered anbeisap wio> “errqrendsas eae] -ngsnur ¥ epoyanb ura oduray oussaur oy “soSnfos ap sopynu soxye ‘soqusuresedsa sanaiq wioD ‘opupmura ‘ses0y no sep essed ‘orse uysuoW vns v a]UPINp SOUR STOP PY :epeUdsosde 10 ay] OvIsnb aqumnes v anb eyopos a] “(aver esos vider) v a asxypuLDisd y sjodap ‘oo1palt ojuoUTIEN P as-najoUEGNS duOLUTEDNET “o[-pIND -oad ap soiue soquaUEIeEN sosra4ip e opnaurqns as vIacy pf anb uraaof eum ap eotuypp ogsemys & eytasaude enemnbrsd assq “soore <1 soseo Sosioa1p 19aaxD8ap & essed ‘eystfeuEsUTDSep “1oBUEMSUTE 2 “wawioy op saruarede sagssazdxa sew oyno0 opour ap wro8e anb sooqnbysd soxajduioo 9 sebioy ood osu! 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Ele in- terpreta a situagao da seguinte forma (1971, p.124): Em uma neurose, 0 (ou a) “doente” mantém a posi- a0 de limitar 0 papel do médico ao de um observa- dor passivo ou de um mero fornecedor de narcéticos, ‘como sempre tinha sido 0 caso. O médico deverd, en- tdo, “agir’, isto é assumir a postura de préximo ¢ ao mesmo tempo de médico. Deve estar em condigies de responder por esse duplo desempenho? Caso ele no consiga se impor desse modo em uma ou duas oportunidades, isso pode ter influéncia decisiva sobre todo 0 curso do tratamento, Seria como atuar negati- vamente na psicanilise; por outro lado, caso arrisque uma intervengao terapéutica e caso essa intervengio nao tenha éxito, ensejaré que se coloque em jogo o re- sultado favordvel de todo o tratamento. Foi essa uma das razées que levaram Freud a aconselhar seus segui- dores a que nao procedessem com intervengées ativas durante o tratamento. Aqui, Binswanger ainda mantém a idéia de que existe um modo certo ¢ reto no procedimento clinico, bem como apon- ta para as conseqiiéncias de um determinado modo de intervir. Por nao poder contar com o relato da paciente, ndo podendo seguir, entio, as recomendages de Freud, conclui que nao pode- ria aguardar pelo relato do histérico da vida e do softimento da paciente. Ele resolveu arriscar-se, aproximou-se lentamente do leito da paciente e iniciou (1971, p125): a tocar 0 seu pescogo com os dedos de nossa mao di- reita, e comprimir tio fortemente a traquéia que nossa 64 paciente nao mais podia respirar e procurou libertar-se da sufocagao. Quando a pressio foi relaxada um mo- mento, cla respirou profundamente. Foi desse modo que o solugo foi brutalmente interrompido, para desa- parecer de vez. apds duas ou trés recafdas, que foram tratadas segundo o mesmo método. © psiquiatra, entao, pergunta a platéia sobre o que aconte- cu para que a psicoterapia pudesse agir de modo tio efetivo. Ble mesmo responde que, em primeiro lugar, algo ocorre ao médico. Trata-se, entao, da arte psicoterapéutica, tal como acontece em um tema musical ou poético. E ele acrescenta que nao hé nisso nada de excepcional, a idéia provém de um trabalho dedicado e Paciente. A aco terapéutica consistiu em “mobilizar e colocar em agio outra forga que estivesse a altura do poder vital pertur- bador ou, se preferirem, demoniaco, ou seja, a forga que provo- cava.a sufocaco” (1971, p. 126). Trata-se, segundo o médico, de um exemplo de acio de bastidores “cujo efeito se traduz, do pon- to de vista fisiol6gico, pela interrupcao do anti-peristaltismo do solugo pela acio de fortes deglutigGes que séo proprias ao peris- taltismo normal ¢, do ponto de vista psicolégico funcional, pelo resgate do dominio da inervacao dos grandes grupos muscula- res, cuja importancia é vital e de que fora privada a vontade da paciente” (1971, p.126). Essa descrigao diz respeito a atuagao do ‘médico. Jé com relagio Anélise existencial propriamente dita, por outro lado, diz 0 daseinsanalista que o que esta em pauta é a relagao existencial entre 0 médico ¢ o paciente, que se expressa por meio da comunicagao e da confianga. Continua Binswanger (1971, p.126): Tal confianga & o presente que o paciente oferece’ao médico como condigao sine qua non de todo ato psi- coterapéutico, e que é tanto mais dificil de obter quan- to mais € solicitados pois a confianga é como o brinde 6“9 Jeavaoany Jas ou aeur v ap o1Ry oped opeatow win Jaduiox wIIpIp. dour y “01s08sep no ovSdasap warn v aytags possod ovsizap eum ap wsugisosap wa ex911090 asts9 eatoumAd v anb vARypeHoe aq “eonpumes auatteanaya epugtedxs vum od operosoad vs0j opu yenze o2uyp ospenb o anb nynjsuos emadesororssd Q “sex -pyjjutey snas so wos squared ep saodepar seu oxdesyrpour euin, naxi0s0 ‘eyp ausuerdord ovSuaaiayuy ¥ ajuemp ‘ogIsanb wa ost9 ON “OMIM 0 WHOD sagdep—r sep svOSvOyIPOUT Wos2}0I" o1d -wias ‘slepos soodefar seu UIATAIUT nb EIIO8 vIdera}o218d ap ‘osv> wn aqueanp ‘ofode ap ovde eum ap ossaa0sd 0 aye ‘oquaurpz2aqeys9 ossou ow oyuouEFeN wn TSN, ‘erat, atuaped v anb sodnjos sop esned 10d opu a eruoye ep oxsuny wi9 Jog -79A vpunas vpad ‘syod “eroaiu0De onb ‘eotraisty epranp tras wzoanyeu ap “eo NO ZOA.9P oySupxa ewin ap epequedurooe ‘wrsod ‘za vysoq “1 -umnas ovden.ysuaur ep opuenb as-noywasarde oxpenb ousour ¢ “sjereui0so soodentod sauoy a seasnept ‘Ayn -ade ap epiod ‘sos0p19y80d svip[eyo9 sepne sod epeyu -edwrose soSnjos sop 289 v niins ‘ovsennsuaur ens ap ovise20 sod zaa estounrid vad ‘anb oyroureyen jenye op o1srut op soque soue stop ‘ef9s no ‘soue ¥¢ SOP TO -soneayauy opejaaoy 2s-tuelaey ‘SeIp eyuazenb aqueINp oSo2sad ou (eaninpuy apepromay ap oBaidura) oeSezrp -erey v vred anbeysap tod ‘sojuatNE}eN SomINO so Sopor anb stodop ‘oyred 0 a1qos soppanbe oymur sewsejdey 29 op ovdeoyde v syuerpour ‘sosoutr sun8ye sopLitosap: “epngo toy vano y ‘aBurmey ens op svsoyno sagSuiqia 2 soxdaise ‘sane odusay um3pe opeiou sa) ap stodap ‘724 vatownd ped zon e napsed ea ‘opepuryut seur ‘opnde opout ‘e113} ap 1owaN ap ootupd soved urn ap ofasua ‘op ‘wjooso eu ‘sour gr soe onb opueejar ‘enunuoD ef, “S0oEINIp} SOWUOUTAOU Sop OaIDSIp sTeUE O PALNSIBOA Bs opuenb enspSue epunyoid euin ap wursoy ¥ qos BIAtAaE 99 anb roreu eum no eSuerquia] vumn ‘ojpesad wm ‘ory -ourap win owo> o8e 1s ap spare noxrap ‘sezavped svy3d -gid sens se opundas ‘seur‘sejanbas sextap naoozed opt sexy vu ‘onb orposids o11gs tun opyyos wrAey “PEPE ap soue san sow nb epure vO LE .P|PP PUNE 3°) “yodsax wonb e 49) vavyrodns ovu,, anb ep wsoynsso oyynur a ‘iaara wo epBoye eABnSOU! 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A mae considerava que o rapaz nao inspirava con- fianga. A crise, entao, ocorrera como modo de expresso da opo- sigdo A sua mae, por quem ela também nutria o maior carinho. Binswanger esclarece a situacao da seguinte forma ( 1971, p 126- “A descoberta da motivacao responsével pelo aparecimento ¢ pela permanéncia da afonia deu-se gragas ao conteitdo vivido da revolta contra a negativa materna e da conseqiiente punigio. Essa descoberta levou ao desaparecimento de sua afonia” E depois de sanada a crise ¢ 0 reaparecimento da voz, a moga descobriu o mau carter do rapaz, No entanto, nem os so- lugos, nem a afonia tornaram a aparecer. Binswanger considera que isso se sucedera pelo fato de a moga se encontrar “amadu- recida ¢ tranqiiilizada pela andlise”. “A jovem nfo encarou essa incursto do destino na sua vida segundo uma ética tio ‘perso- nalista’ quanto considerara no episédio ocorrido com a sua mae” (1971, p.127). O daseinsanalista diz que, contudo, nao é assim que acontece com os pacientes neursticos. Esses, diante dos re- veses do destino, regridem ¢ enrijecem nas suas respostas: “agem_ como a crianga face & recusa de sua baba de aceder aos seus ca- prichos. (1971, p-127). Esse breve relato acerca da psicoterapia social deixa claro como é que, por meio de uma estratégia, a psicoterapia “pode agir’, Ao mesmo tempo, ele revela-nos a importincia de obter- mos um aprofundado histérico da vida do analisando. Caso no dispusesse desses dados, 0 psicoterapeuta néio poderia tér al- cangado um objetivo preciso. Conclui Binswanger (p128): “sem dtivida, esta intervencao social contribuiu efetivamente para 0 sucesso terapéutico da andlise.” Mas Binswanger tece consideré- veis questées acerca da terapia, seja essa pautada pela inspiragao nascida da situacao médica, seja essa pautada pela intervengio psicoterépica que tende a pensar em conduvzir a paciente a uma forma funcional ‘normal’. A primeira diz respeito ao questiona- mento do aspecto arbitrario da inspiragdo. Ja a segunda diz res- peito a uma interpretacio muito direta e objetiva, que retira do 68 paciente a possibilidade de chegar as suas préprias conclusées. A proposta da daseinsandlise de Binswanger diz respeito a co- municagio, refere-se a uma nova situagdo médica ¢ a uma nova comunicagio. Importa a reconstituicao das experién las, bem como a reconstrugao da histéria interior da vida; recons- trugdo essa que consiste em um trabalho absolutamente criador para os dois, analista e analisando, onde entra em cena a experi- éncia de ambos, bem como suas compreensées ¢ interpretacées. Com isto, em uma trama solta, as questdes aparecem aos poucos e de maneira cada vez mais fortemente ligadas ¢ estruturadas do ponto de vista temético. Assim sendo, deixa-se de lado qualquer interpretacao intuitiva e também toda a hist6ria interior da vida que deve acontecer em um relato coerente, légico e reto. Mas mesmo que fosse complicado e tortuoso, a vida interior nada re- presenta além de um “tema” histérico, Esse tema, inesgotvel em , “estabelece ligagdes” a partir de temas principais diversos e igualmente inesgotaveis, que se formam a partir de incontiveis sub-temas. Quanto mais o trabalho psicoterapéutico progredix, mais 0s relacionamentos teméticos vao se tornando guias. Por outro lado, Binswanger alerta que néo se deve con- fundir a comunicagao tal como’ postulada pela dascinsandlise & comunicagéo pressuposta pelos psicanalistas ortodoxos. Esses entendem a comunica¢io como composta por meras repeticées ‘que, nos casos pos tem em transferéncias e, nos ne- gativos, em contra-transferéncias, resisténcias ¢ contra-resistén- cias. Na ortodoxia psicanalitica, a relagio entre o paciente e 0 médico representa um fato novo € aut6nomo de comunicagio. Se esse tratamento fracassa, o analista interpreta que o seu pa- ciente € incapaz. de sobrepujar as suas resisténcias contra o mé- dico, visto, por exemplo, como “imagem paterna’, A questao que se impée é a de saber se a responsabilidade pelo fracasso é s6 do paciente ou se os médicos deveriam pensar sobre a responsabi- lidade que também Ihes cabe. Binswanger esclarece que néo esté se referindo a 69id S18) dafuensuig sod sopexogeja sojuaus9[9 asijpuesurasep vurn ap eisodord ens ura epzen8 epuye an aoared ‘syns v sourozen, “sou o1m0> “(6S6I / FSET) S80 PIEPER “Opriuds ap soruomIOH, op opdey due & exyqyssod anb ‘opuesieue a vystjeue anua esuey -uo> 9 sowre 9p opsejar'y as-oputiajar ‘opepin o 9 ¥ “[euasTa dures op ovsafoxd ap opeyansua opow wn we ‘oanyinsal oaford umn Wo 23s1su09 asomau e anb ap eIgpl v aumnsse 1aBuEMsUTG > -nomou ogSpader v eaneysty anb opessed vue wn 9p vippr opueuopueqy “iapuarstren nas wa epUgIstxe vp opdimnstos ep epupriodur y 21aja1 as onb ou oquawujedioutad sodas a 10g wo 12889pl9F] ap eysodoud v aseq ouos opua} asy{yuEsujasep ens ronsto> xoFteMsuIg “uoWOHOI souNA oWO> S809 panpayy asHpunsujasup 9 2 svayafe sopypypou0s sy TT “ro 88apr9H ap vonnguowsq-vojousuousy ep snwed v e!Sojostsd estuy[> ‘umn ap apeprqissod ep orssnosip e exed soquauta|9 soxno 28 “UeILge “696T © 6S6I ap UIeIa0q}UODe aNb ‘sorrpuTUIDS sassoyy \(to0z “wAOOTAIAH) Moy!T0Z ap sorspusuas ap oymp 0 Wor sopesyqnd sonuosta ‘semadessjosisd 9 sootpgur soxmno 2 108 Sopra] woo ssog paepoy ap saxejnfax sonuooua sou eprnasip 398 B NoyoA ‘opmyUoD “sypUBsUIaSyp Y “[sOSsNEI e O¥SEpDI WIOD Jou apeprunxoid euin zewoiai 8 ,2a!Zojodonuy eiBojouaut -otiag,, ap wa8epioqe ens & rowoU v ‘ora “essed apeprantalqns ep oysodnssaid 0 eyunuvur anb opuscsquosas “enembisd © (9261 NVYANOO ‘SsOg) apepHAnelqns ep eyosory ep ogssod ep steu eavunjxorde as onb eiBojoorsd wo aseyug eum aaatueut 2}89 onb op ze8uemsurg v s988opIoq] ap ovdesnoe # eUTTUOD oss] ‘enedwo vp anzed v sono so woo austen reuO!De|pI as ap ap -vpltiqissod ep epriop ‘euisau js wa epeyoay apepranatqns eum ap Piapre epuyisuT eMURID We anaTUBUU apa “WHSsY “eonUO EMT sa euin oWWO? 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No entanto, mais tarde, ele vai considerar em sua perspectiva sobretudo as tonalidades afetivas, discutidas por Heidegger tardiamente. Boss (1971/1988), em Angiistia, culpa e libertagdo, demonstra a sua fundamentagao daseinsanalitica por meio de trés conceitos que foram elaborados durante dez.anos ¢, ‘em suas publicagées, compilados: angiistia vital, sentimento de culpa e libertagio psicoterdpica, Destaca algumas questdes que considera imprescind{veis para se pensar a clinica a partir dos pressupostos heideggerianos: a inseparabilidade do orginico do psiquico, a angistia ¢ a culpa como tonalidades afetivas de suma importdncia no ambito dos psiquicamente doentes e por fim, o caminho para a libertagao. Alm destas, Boss pensou mui- tas outras questées em psicologia, tais como o ser-doente, os dis- ttirbios e a psicossomitica. Para o exercicio clinico trouxe como contribuigéo a interpretacao dos sonhos a partir de uma temat zagio de sentido que aquele que sonha atribui ao sonhado. ‘Ainda em Boss (1959), encontramos anélises clinicas que esclarecem a sua atuagao como daseinsanalista. Boss apresenta luma situagéo que, na psicologia tradicional, receberia uma de- nominacio de histeria e que se daria na ordem das perturbagies “funcionais”, Nesse modo de interpretar, essas perturbagdes se baseiam em uma causalidade psicodinamica. Assim, 0 corpo se- ria um instramento de expresso de uma energia psiquica. Se- gundo esse estudioso, a interpretacio dentro da perspectiva do Dasein € a de que a “corporeidade” humana consiste em uma ‘esfera da existéncia, que se atualiza de modo somitico. A exis- téncia consiste em uma relago com as coisas que a constituem. Fasas relagdes revelam mundo, sejam elas relagdes de ago social, de vontade, de desejo, de sentimento, de pensamento. Assim, 0 aspecto corporal do homem pertence de modo imediato exis- tencia, E a corporeidade nada mais é que um modo de existir naquele horizonte histérico. E por meio dessas consideragdes que Boss (1959, p.64) val apresentar a sua perspectiva de dasein- 72 sanilise em meio a descricao do caso de uma mulher 4 qual ele se refere da seguinte forma: ‘A paciente, Sra. K., é natural de aldeia da Suiga cen- trals uma pequena comunidade onde cada um conhe- ce todos os detalhes da vida dos demais. A sua fami- lia sempre fora tida como trabalhadora, ordeira ¢ de agradavel convivio. Somente um tio do lado materno ganhara notoriedade: ele se suicidara, um aval infeliz, Ihe tendo custado a metade dos bens. Boss apresentow algumas poucas informagées da vida da paciente, mas curioso que tenha se referido ao suicidio do tio da moga. Parece que 0 médico ainda estava sob influéncia da Biologia que se atém ao fendmeno da hereditariedade, dado esse que € tomado nas psicologias tradicionais como de fundamen- tal importancia. Nesse aspecto, lembramos que, se a questéo é tomada pela filosofia heideggeriana em sua relagio com a com- preensio do Dasein humano, o biologico se mostra sempre tar- dio, Portanto, nao se constitui como uma determinagao previa dada, mantendo antes 0 cardter de indeterminasao que é sempre ‘0 seu enquanto Dasein. Boss continua dizendo que, durante todo processo de amamentacio até os 14 anos, a menina tivera um desenvolvimento normal, sem nenhum obsticulo ¢, além disso, por ser muito alegre e inteligente tinha muitas amigas. Até que os 14 anos, Continua, entao, 0 daseinsanalista: Pouco apéso décimo quarto aniversério, um ano emeio, apés a primeira menstruagdo, uma mudanga incom- preensivel de comportamento teve lugar, marcando 0 inicio de um calvario quase que ininterrupto. Enquan- to, até entio, a crianga fora sempre e carinhosamente agarrada a mae, segurando-se em suas saias, solicitando afagos, de uma hora para outra comegou a esquivar-se & 2Bse ap sasypurstujasep sv a1iua eSueypatias eum mbe souejon “sopy, -Uas sossou so WaSuTNSAI onb sojtoUTEOdwuOD sop ovdELIOqH] © ered opezriire ep 0 o9ye op soure op voueyodury v wed rjuode. pf ssog owios opow! o oxduaie e sou-vureyD ‘oysary assay ve (s9'4 ‘6s61 ‘ssOa) ‘etoWepUNy ouIsud ap v10s -sajoad exed sopnysa snos so wpugZqajur woo ayuerpe JPA9] ap noxlep wou ‘eyBr9Ua ens e napsad way “ezaI8 -vUr vso8}iod 9 wuINNxe ens ¥ as-nouINyso>e war! e (99d ‘6s61 ‘ssOm) onpsiaxtue ouoL ouND9p © pie ‘our win ap seu! nomp anb wpra ens ap zyI93 asey ertapeniap P ~ odwus} oBuo| win 10d 9 ~ 398 vac ‘ap -eplienfax wns @ werewrojax seaBor se 9 apepyfeuszou ep ownxpid osad un noSuvsqe wosof e ‘oracteyen sonbyenb wos ‘seueuras seonod wig “napuoaadins sop ~0) & zeyDoIqesap ongNs nas o “WISsy “sooIppuI snos ap 2 sred snas ap ojusunsayuos op soyuowntas snos so napuorsa ayuaped y “seuod ap emny19] ep souTUNTy ‘eijoa ens ¥ sopor anb op soyjapy ‘soyNb o¢ sop oxreqe vyeo opu pf anb seye)suo sod wyraysnes nosy eypurey e ceanye @ ovS1odosd wa vazjuoume ovt osad 0 ag “1D supped v 2 soypestios su0g so vied xepade 10y ovdnyos Vy sast[puesuiasep eum zeporut ered sour -yssa00U soyUaUID]9 SO AYZNpONIUY ¥ wSoWIOD “WHISsY “eI>UgYSTXO eH Teu/8iz0 syeur 9 anb ojinbe reuopuege sod ovSuaze op odn assop wpugioynsut e exed pyuode wquiey seu ‘ways oyans O;WeWIOUT oxourid um wre oo1patr opusureye 0 anb ox[> UxIap ss0q, ‘Sov ¥3139894 ‘suUDAO! 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Continua o psiquiatra a trazer as situagées que acabaram conduzindo a jovem a restringir seus sentidos: Quando deste evento, foi-the permitido ir sozinha 20 baile. A banda da aldeia ia festejar os seus vinte € cinco anos de fundagao, Os dois namorados haviam combinado encontrar-se, no baile. Entretanto, quan- do caiu a noite tio aguardada, o rapaz foi tomado por um severo mal-estar logo apés a primeira dan- a. Acessos de vémito obrigaram-no a voltar para casa. Mas ele havia pedido que ela o aguardasse. Ele acreditava que logo se restabeleceria do mal-estar. A meia noite, no entanto, o rapaz no havia retorna- do, A moga aceitou um convite para dangar. Apés a danga, 0 par dirigiu-se para fora do salao, Na volta, perto de um bosque, o seu par jogou-a ao chao para violenté-la, Em seguida, ela perdeu a consciéncia do que realmente ocorreu. Ela declarou depois o medo que sentira nessa situagao, seguido do panico que Ihe dew forgas para escapar e correr para sua casa. LA, foi diretamente para o quarto dos seus pais, jogou-se diante da cama de sua mie, debatendo-se, chorando, gritando e puxando seus préprios cabelos. © médi- co, chamado as pressas, aplicou-Ihe logo uma injegio potente para acalmé-la, No dia seguinte, voltou a vé- la, conseguindo tranqiiiliz-la. Com efeito, passados alguns dias, ela parecia ter reencontrado a sua alegria Mas, as vezes, e sem que se soubesse por que, ela tinha lagrimas nos olhos. Quanto ao seu antigo namorado, pds essa noite infeliz, a jovem passou a sentir uma repulsa incontrolével dele € nao permitiu mais que ele se aproximasse dela. E de se destacar que nem 0 seu apetite nem 0 seu sono haviam sido prejudicados com 0 fato. Assim foi tanto maior a surpresa quando, 76 seis semanas mais tarde, ela softeu uma séria crise durante a refeigao. Comesou por escorregar de sua cadeira, caindo ao piso, desfalecida, por varios minu- tos, Entdo as suas costas, “como se fosse por obra de magia negra’, contrairam-se em semicirculo forman- do 0 que se chama, nas aulas de danca, uma “ponte”, ‘A mie acrescentou ainda, enrubescendo, que a sua filha, assim retesada, executara, durante um tempo bastante significativo, curiosos e ritmados movimen- tos com seus quadris. Chegando ao local vinte mi nuto’ depois, 0 médico teve ensejo de constatar os Ultimos momentos da crise. Pouco depois, a paciente Ievantou-se, como se saisse de um sono pesado. Fla reconheceu 0 médico, cumprimentou-o - mas tendo no rosto uma expresso que este nunca Ihe tinha vis- to. Um meio-sorriso anormal, um olhar onde brilha- va um desejo erético. Embora nao fosse um especia- lista, 0 médico pode desde logo diagnosticar a reacao histérica. A crise estereotipada repetiu-se a cada dois ou trés dias, até que o médico conseguisse acalmar 08 pais e convencé-los de sua natureza sem gravida- de, “de origem puramente nervosa’, devida a “simples imaginagao”. Demonstrando surpreendente grau de compreensao, os pais acolheram o conselho médico ¢, sem atribuir importéncia maior As crises, deixaram a sua filha entregue a si mesma e passaram a traté-la com certa indiferenga. Quanto a paciente, 0 médico explicou-lhe com paciéncia que os ataques podiam ter por origem o estupro. (BOSS, 1959, p.67) Aqui, novamente, Boss chama a atengdo para o modo como a conscientizacéo pode remover comportamentos inde- sejaveis. Mas em seguida aponta para a insuficiéncia dessé tipo de tratamento, 76L opreses as soya ‘oquouseMyENY “Tenxes omede winyuayy “sonatas snas so sopoy a sowraurestiad snas so sop -o1 sod soprim vise wages Saja ‘aifou ¥ opuejdursiu0> epuerea bu Sof-fq easay apuEsB vu e ‘soqurE ‘OLA “EISI] -vue ov opStiaTe roTeUT rep tras Ba wHO> Tes Zossajord C) -aquatoed & eyuasaude o wysyfeue © ‘onrafiqarUt ‘vayssozd xa epupmede turn wos ‘tossajord wm ‘wawoy win eng ‘asrpue vp ovsos eum enuosua as ayuarsed v :9) -ueuorssauduur ayuounejnapzed oytos wn wa as-treI> -unte ogseprfosuos & a emo e ‘sour onenb ap speur nip anb ast[puesisd eum sody ‘sesiaarp apezyue ap sogdvpar 1o0[quIss op spaduut v ovu oypeqen nas o ‘sogdypuos seisau J roy 9 eyINpe vuI0 9s OWO> forssyoad ens ap osJo19x9'o eUIOJas aITAUIOS OU UIE -quoweuad 12ata & eyoa aired y ‘asypuesisd ep [euy oe sopinb ¢9 exed exreqe osad Q “[e101 o1xg oon anb of: -yeuwoysd ousteen tin ayuarsed y no2pt -3do epungas eum e opnotrgns roy ose 0 ‘omueanug ae tun ap vsne> sod ‘epeyacar ovSeoipaur y “oongudry oquaumen o sodv sasour syos “earpgUT eyINsIOD y YO} eg mpoydxo v1 opSer09 nas o anb a avons 2s oped nas o anb ayy-epsared “ounti op sepeutoyas sod sepind -28 ‘sopunfas stop & um ajremp ‘sepezed saruerambur ssaodenidyed sequaora aie Ravoonoad 2 ofajQy 0 vAeiz0> Sy] anb ‘ovSex09 0 9 oyfad 0 argos ovssaid eum sod ‘stodap oduroy oonod ‘as-nyznpen vomnbysd ovssoido eisq ‘opdqjsnes wavsnes ayy opt oormgdesoy oxg 0 anb aod eipuayus opu wasof ¥ 2 ‘oyrasard 2s-aaajuvur ous -saidap wsoymo eum ‘owueinug ‘oomnymbisd our -2yey 0 1aduio11a}u; aped ‘epems ‘aquaped & 2 opes -s09 BIAbY] ODtTeT OTUDLNTIIO2 o ‘seuEUHAS oxENb 9p our) oy ‘soprdys sopeynsar aaaigo sajdurs oyuaur -euianx oquaultpacosd assq “Ip eped v AINUTUNp kL vifyge v anb apepmnaytp & anb ayored y oyuowoiues -saouy eens oorpgur o jenb # ayuesnp “euvares sod sozaa senp asoudyy eum tod nosausos omaureren O suzasoq op vanzadsiad pum wa wojrewossooisd ep opEIpap osorpnysa umn 103 sso anb souogeg ‘TeurSea ojuatUTsI03 0 0D tuepaiede sossa ‘e108y “Y t1g Up soongmou sowusuryoduio> sop oonpusossooisd soyprea o vied awyuode wie aystsut ssoq rasypueaisd v roy eanajo oenb o op -uensour enuquo> ar ‘ZA epanges ejad oproarede opuar our0> opsermaune ep ouzosuen oF wipquier as-a19j0x ssog “eorpaut vonpad essop JoHNAIUT ow apepyqeuonsadins ap eons}za12eIe9 & | vied aajsnpput opueitiode ‘asoudny ep epugmysut e weacsduro3 anb sowoumdie vyussoide aquaweaou vysteursutasep Q (29d ‘6s61 ‘SsOg) ‘eMadesa0>4sd un e wiasso1z009 onb sted soe nopuatiosas ‘ogsemt Lp aqueycy “OBA Wo 9s-tuBe|DAod ‘OTD 9 ou TaN ap o8, Uo] ov ‘5020489 sn9e so Sopoy “prog "W>IU99} JOYPSU v opungas noes eyste1sadsa 0 anb oouesg oyweUAEIIOD ayuepunge ap 2s-earresy, [PUILOPge eP>UgAZODO tun ‘eyst8ojo20u78 0 reynsuoD noyss929u WraAOf e ‘sasaur (g9'd ‘6g61 SSO) ‘Oede UOTE ens v WHOS sojseS WAS: -soy soprypes snas ap sorutnb ozrenb as ‘siod ‘esazdins eavsneo og “seurayqord snas so aeosngo a zorrayuy zed ayp-raaqonap Bxed ogSnjos woun e e1a san0p ap osnqe (© ‘0so10813 sungax um ¥ vETaTaUIqns as apuo oLgreUES ‘umu Jacoteunod's 9 soorppur soyfoet9 90 sAnBae ¥ 28 2aou soprssed ‘oqueyanugt "emo ejad sngo so ureAvanoy -eavsnoay{‘sjanyor|dxour soortred 9 sagssoudop v ocho} : 28 vf wotagisty eiBofoseWOWUS EP OVUN{OD o ‘seUBUIDS ‘oonod ura niznpuos ‘faapyiodnsut a xe[nBaz seyso-yeur ‘ap wie ‘ievasedesop s979y ered wrexe}seq seprpour sess€ conhecerdo, entao, a unio carnal. Mas sabem espe- rar. Na casa, 0 baile terminou. Eles néo conseguem parar de contemplar as estrelas. A partir daf é 0 céu que comega a mandar na festa. As estrelas se juntam até formar um gigantesco pinheiro de Natal. Podero- sos érgios césmicos tocam a melodia da paz na Terra. A paciente, no seu sonho, cai, entéo, em sono profun- do, Ela acorda tarde na manhi seguinte, porém feliz. (BOSS, 1959, p.69) Boss publicou dois livros sobre interpretagao dos sonhos. Nesses livros deixa claro como herda da psicanilise a importan- cia atribuida aos sentidos oniricos. E ele continua: Dois anos mais tarde, esse sonho comega a tornar-se realidade. Ela se casa com um professor muito pren- dado e culto - que ela nao conhecia quando do seu sonho, Um amor completo a une ao seu marido. Tanto no plano da alma e do espfrito quanto no do corpo; a relagio corresponde & plenitude desse sentimento. Por fim, o estudioso da daseinsanilise apresenta os aspectos relevantes do que aconteceu com a analisanda em questo, consi- derando os elementos que fundamentam a sua pritica clinica: Voltemos a nossa reflexdo. Essa histéria informa-nos, antes de mais nada, sobre a natureza dos sintomas his- téricos e organo-neurdticos e sobre as diferengas fun- damentais que existem entre ambos. Proponho que nos coloquemos na perspectiva do “Dasein” e estude- mos no caso da paciente esses sintomas caracteristicos. Entendemos, entao, que a mentalidade puritana e seca, do ambiente familia idade contra os instintos que reinava no seu meio, tenha fortemente somada & hos 80 reprimido, em nossa paciente, todas as possibilidades de relagdes eréticas ¢ sensuais até os scus dezenove anos. A festa bem animada da sociedade musical, bem. ‘como a tentativa de estupro, libertou nela esses mo- dos existenciais. Porém, infantilmente limitada no seu verdadeiro “poder-ser’, ela ndo podia de modo algum reconhecer esse tipo de relacionamento como perten- cente sua natureza, nem dele usufruir livremente. Quando foram ativadas, essas possibilidades de rela- ‘ses instintivas nao se acalmaram mais. Reprimidas, clas se refugiaram no gesto expressivo, inconsciente, inadequado, do arco de circulo histérico, nas classicas contragées musculares dos quadris, no brilho erdtico do olhar, no meio-sorriso involuntario, em suma, em todo o “facies” histérico, Os movimentos sintomati cos, decorrentes do sistema submetido a vontade, as- sim como 0s fendmenos oculares, influenciados pelo sistema vegetativo auténomo, merecem 0 adjetivo de “histéricos” dado que, nos dois casos, 0 ritmo marcan- te de um relacionamento erdtico transparece nos ges- tos. Essa linguagem, mais sutil, menos clara do que as Palavras, dirige-se, entretanto, ao mesmo mundo que acerca. O cardter expressivo dos primeiros sintomas ja havia feito corar a mae da jovem, levada a mencionar 0s movimentos ritmicos dos quadris durante a crise, bem como 0 seu olhar linguido. (BOSS, 1959, p.70) Sem duivida, percebemos nessa descrigéo ¢ interpretagdo do psiquiatra uma forte influéncia da psicandlise, Hle recorre a diferentes fundamentagées tedricas psicodinamicas: influéncia direta, quase causal, entre os padroes familiares ¢ 0 compor- tamento da paciente. Os mecanismos de defesa de repressio negacao, a linguagem do inconsciente. Poderiamos até arriscar Perguntar se Boss, na apresentagdo dessa situago clinica, no a1«8 (sd ‘10g ) PapuarTeur oywaterqopsop 9 opuatED -azede ap [220] Nas O02 198 9p WHI} AND o Opn} v ALA.IOS ap Wa} ‘[e) OWOs ‘onb opvasep 9 ouage ajanbe ow1oD ansrxo ropod ap ogSunstp 9 apeprudip eye v asazaut “vos -sad-1as 0 9[9 ‘opsestiadutos wry “onraureBpsqusap 0 ‘tas op ojwatmpartose ojad ayuauraitesszouy opyueEL 9 ‘op -uas-1a8 nas ua ‘9 apuiadap ‘[e1 outoD ‘anb s2qu9 sox;no ap soxeypiu anuia at um ‘9 anb o8fe seuade, 9 wgquimy 9]9 ‘opupz9A ey “eUPLIOdu vss— por WHA] OFT sesIO> se sepo} vied epnized ap oxtiod 9 eprpaur outoo oueuiny onfafns 0 anb ‘ossip wigye ‘nesaytoza1 19BBapIop] UNE epPeyuoosap ures9 EDURSSE a taflIO v{n> sPbr0y “eA -eurerp 9[9 ow0> [e1 pI, seSi0y 10d ‘sagdautp soqUDIOFTP ua ‘epeuorsindiry ex eueUINY ePsug!sUO. vOnPIOME v anb zensour nmBastoo wigquiey proxy -osreatun op ‘onua> op v1s91 essou v opelojesap eyun anb oorus9d -05 95 10} ON ‘euvotuzados ovSnjoaax epunfos eum ap. vuragoosap ens & noureyp pf pnazy punuiBig “TeBroxu9 v aquautepentisqo wresnoa1 as soqnur anb oyusuTeNOIOUL -sap um sreur urawroy ov agduur 19839pioy] UNEP 2p [es -uourepuny opxayar v owssaur anb ‘rerapisuioo ostzaid 3 reurzoy aumnBas vp so88aprep ap onrauresuiad ov as-arayox (gg6T) ssoq “sojUaU -epuny sas 1a88aprapy wa ¥>snq aja “eansadsiad wnno utd eFRo -oo[sq ens v aesuad ap vANEIua) BN “219 sorTA{ns sosINO SO argos 2aIsnjout ‘sestoD se sepo} 21qos OWFo{ns op orUFLOp ap [eapr ojo ‘ourstaniafqns owonxo ojed ‘epuyisqns owo> no ou vduar9 Bad sSoanout saytosopp 40d wyensge ap eiBlojoorsa we viougpusy vys9 vururous¢ ‘odio um woo ayuauzeyun{ anbisd wun ap visugistxe & 9 anb ooiseq eworxe wn ap woysed isd sefoug!> se anb ‘epure euuyy -anbisd ep jewourepuny ezaimeu vp ojuautorepso 0 robe eipey “ears0y eisap ‘anb epure z1q{ “souspour so>r8ojodonjae Soyasu0a vurEOUDP ssog ‘Nd Ov 98-1119J93 9p opoUr a}s9 y "wos we cad ep no oya{ns op ojaunpuanta oped opmmnsqns 10} sofas sop ayred 10d anbisd ep owounpuaius o *(g361) Som eed (02d ‘6561 SSO) ‘ouEMINY .LIESseC,, (0 anb yesSoqur ouotuguay asap anzed v ovseanalqo ap 9 o1stuEjos! ap somposd oWOD as-wrvoydxa “worsyur edioy owto> owwnsut o-doxd 0 ‘owupsur umspe e sep -nqune sapepinsey se ousayy “speprypy ap ouyd Tes -vq],, oursatt 9 O91 Lun ap LeYDOIGESap © OUOD InbE as-urexeppaor ‘seuiptutid seombysd ,sapepynoey,, ot10> aquoureyesisqe Paviaptsuo> ‘o1a/go op oxspszedns ens ‘vu ‘erdopooisd v8nue v anb o opm ‘sojunsuy ‘soruaut -puas @pequoa ‘viseuey ‘ojoUTEstIag “o>isyy OUR ou era[duro> a vsoruowrrey as-nozoaas [enxos ovSEZITRIL Y ‘route op JeHa ojwaUMeUOR>De[ax OF awUITPUIIOU N999P -oqo ‘opowt owisaut op ‘odo nag ‘orta2zed nas ov vrun v anb oyunsur o pre ‘oyuauIUAS Op ‘sOUTE op saodeLIEA ur sv avaoud opgd ,uraseq,, nas ‘opiua apsoq “PHS “vp ens v wo opdednsoaid wu 9 ssoSuaye seu ‘sopepmns sou ‘je120s 2 aquarquie opunut op ovsuserduios euin ap sauo1as sojdtue wo sesayruretu 93 erpod wpra essa ‘OEIuD ap anaed y ‘eorwisg> euoursey 9 erouepunge ap ‘ezanb “1 ap “ez9[9q 2p ‘oU|LIG ap sorayp as-wrEzepadas “19s Oo} -g1d nas owioa ‘suDUIOY SO 9 SeSIOD se ‘SOTO snas SOY -eougisnxa uns & vpoy nossediad apepioyay ap oiwsun -as tan ‘oprzeur nas ov ayuowuenyiatdss 2 pexodi0> vp -e81] royfnUt wpor tO aoaqHOI" OLLIE.) “osodsa N9s WO> ojuauredopeja1 nes ou [eULZOU sTeLH pow Op NOdyEIAA as anb essa apepjoedeo {uraseq., nas ap xeure ap apep, “pedeo vppd epeozeur opmiaiqos foy end ens v ‘UIpIOd roxreqe oypoxy ou aadaz as OuOD fe3 “eoNyTeUBSUTASEP opSisod epramsse eum 2 ogssnostp eBuo] wun PY OIAT] OWLSaUT assop sojnydeo sosjaumtid sou anb 223090 “wstTeuesisd tim B1I9sEmbora Heidegger tenha dado o seu aval 4 proposta da da seinsandlise de Boss, essa ainda guarda no seu interior alguns vestigios de uma psicodinamica, tal como pode ser observado a0 se referir 4 angiistia e A culpa como sendo os fundamentos basicos para livrar os pacientes com sintomas psiconeurdticos de seus aprisionamentos (1988, p.42). Em outro trecho, ele afir- ma que a principal meta da psicoterapia é conduzir os pacientes para a capacidade de amar ¢ confizr (1988, p.43). Esse trecho vai ao encontro da situagao clinica apresentada e discutida an- teriormente em sua publicagao de 1954, Estes entre outros tre- chos colocam em diivida se a clinica em Boss ainda tem ou nao pretensdes interventoras, que pretendem levar 0 analisando para um objetivo com énfase valorativa, Seja pela divulgagio restri- ta, seja por ainda manter elementos da psicologia humanista ¢ psicodinamica, 0 fato é que a daseinsandlise nao foi incluida no contexto da Psicologia de forma ampla, Mantendo-se apenas em grupos muito restritos, nfo chegou a ser reconhecida, nem devi- damente estudada no ambito da Psicologia, Pouco ainda se tem feito em termos de divulgar, ampliar e aprofundar os fundamen- tos de uma dascinsandlise clinica. HA estudos esparsos que apon- tam para algumas consideragées da possibilidade de uma clinic: psicolégica daseinsanalitica, mas que ainda carecem de um apro- fundamento e detalhamento mais apurados. Talvez estudos mais freqiientes acerca da fenomenologia-hermentutica oferecessem consisténcia ¢ abrangéncia ao exercfcio clinico, podendo, assim, evar efetivamente o exercicio da clinica daseinsanalitica & for- mago académica do psicdlogo. 2.3. Consideragdes outras na daseinsandlise Sem duivida, a clinica daseinsanalitica precisa considerar inicialmente a analitica do Dasein, tal como elaborada por Hei- degger, para em seguida proceder a uma clinica psicolégica que consista no exercicio dntico da analitica. Ao se tomar o ¢u como 84 abertura, auséncia dinamica em jogo com o mundo, ¢ao se assu- mir a fenomenologia-hermenéutica como atitude interpretativa frente ao fendmeno, passa-se a estabelecer uma outra articulagaio para a Psicologia a partir da fenomenologia e da hermenéutica. Tnaugura-se, entdo, uma outra atuagao clinica, ou seja, um novo comportamento clinico que, inspirado em Heidegger, recebe a denominagao de Daseinsandiise. A tarefa de uma clinica daseinsanalitica consiste, primei ramente, no fato de que o analisando precisa se demorar mais detidamente em suas descrigdes e de que o analista deve aten- tar para as interpretagdes do paciente, tentando, assim, aleangar uma compreensao daquilo que esta em jogo na descrigo do analisando. Em continuidade a esta tarefa, precisamos também quebrar ou destruir 0s comportamentos ontolégicos presentes nas descrigdes do analisando. E, assim, tentar abrir um espago para que ele se conquiste em sua alteridade. Abrir espago, sem conduzir; traduzir, sem mapear um caminho que leve a algo como uma conscientizagio, Para se proceder a uma clinica fenomenoldgica, parte-se do pressuposto de que toda e qualquer teoria acerca da existén- cia humana deve ser suspensa para que, assim, seja possivel se aproximar do fendmeno. Em nosso caso, a questo trazida pelo paciente, atendo-se a todo o detalhamento de como se dé 0 acontecimento em questao. Em uma narrativa fenomenolégica, importa o modo como uma hermenéutica-fenomenoldgica vai se dando, em um horizonte fundido, abrindo espago para que o analisando aparega para si mesmo. Uma psicoterapia com base fenomenolégica consiste, assim, antes de tudo na tarefa de consi- derara atitude ingénua daquele que busca psicoterapia, ja queeste tende a trazer uma configuragao da questio como previamente determinada. Frente a essa configuracao, seja por meio de um diagnéstico ou de um parecer dado pela sabedoria de vida mais mundana, 0 fenémeno desaparece, tomando 0 seu lugar uma configuragao do real previamente dado, com determinagées. 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