You are on page 1of 79

Gabriel Alcântara Rangel da Costa

Avaliação da capacidade do sistema de distribuição de água na


zona urbana de Viçosa-MG: subsídios à revisão do Plano Diretor
do município.

Projeto apresentado ao Departamento de


Engenharia Civil da Universidade Federal de
Viçosa, como parte das exigências de conclusão
do curso de Engenharia Ambiental.

Orientador: Rafael Kopschitz Xavier Bastos.

VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2015
CIV 496 – Projeto Final de Curso II

Avaliação da capacidade do sistema de distribuição de água na


zona urbana de Viçosa-MG: subsídios à revisão do Plano Diretor
do município.

Este exemplar corresponde à versão final do projeto,


aprovado em 3 de Julho de 2015 pela banca
examinadora composta por:

Prof. Rafael K. X. Bastos - presidente

Prof. Antônio C. G. Tibiriçá - membro

Engenheiro José L. P. Corrêa - membro

_____________________________________

Rafael K. X. Bastos

Professor Orientador
Agradecimentos

Primeiramente à Deus, por seu infinito amor, bondade e guia.

À minha família por ser meu porto seguro, motivação e fonte de inspiração.

Ao Professor e orientador Rafael Bastos, pela oportunidade oferecida para realização deste trabalho,
a paciência, ensinamentos e amizade.

Aos professores Antônio C. G. Tibiriçá, Joel Gripp e Ítalo I. C. Stephan pelas conversas, amizade e
grande apoio.

A toda equipe do SAAE, que me acolheu e se tornou minha família nos últimos meses, especialmente
a José Horta e José Luís pelo acompanhamento e ajuda fundamentais.

Aos pesquisadores Oscar Vegas Niño e Laurent Wismer, pela atenção e ensinamentos que me
ajudaram sobremaneira neste trabalho.

Ao professor Júlio César de Oliveira pela pronta disponibilidade em ajudar e sanar algumas dúvidas.

A João Pimenta pela atenção e ajuda e contribuições prestadas.

A Edneya G. S. Soares e Nolan R. Bezerra pela disposição em ajudar e contribuir neste trabalho.

A Universidade Federal de Viçosa e todo seu corpo técnico-administrativo, por servir como lar
durante tantos anos e espaço de aprendizados que levarei para o resto da vida.
Sumário
1.Caracterização do problema ................................................................................................................. 1

1.1. Descrição geral do problema........................................................................................................ 1

1.2 O sistema de abastecimento urbano de Viçosa ............................................................................. 4

1.3 Delimitação da área de estudo .................................................................................................... 11

1.4. CENSUS – RUPs ....................................................................................................................... 11

2. Objetivos ........................................................................................................................................... 14

2.1. Geral........................................................................................................................................... 14

2.2. Específicos ................................................................................................................................. 14

3. Metodologia ...................................................................................................................................... 14

3.1. Zoneamento de Viçosa .............................................................................................................. 14

3.2. Estimativas populacionais .......................................................................................................... 18

3.2.1. População atual .................................................................................................................. 18

3.2.2. População futura ................................................................................................................ 23

3.2.3. Cenários futuros – Saturação urbana ................................................................................. 27

3.2.4. Projeções futuras intermediárias ........................................................................................ 32

3.3 Consumo atual e futuro nas Zonas .............................................................................................. 33

3.4 Construção do modelo hidráulico ............................................................................................... 35

3.4.1 Simulação de pressões na rede de distribuição ................................................................... 35

3.4.2. O software EPANET ......................................................................................................... 35

3.4.3. Interface ArcGIS x Epanet................................................................................................. 40

3.4.4 Classificação das tubulações.............................................................................................. 41

3.4.5. Padrões de Consumo.......................................................................................................... 42

3.4.6. Modificações no modelo original ...................................................................................... 43

3.4.7 Calibração do modelo ......................................................................................................... 45

3.4.8. Cenários de escassez de água............................................................................................. 48


4. Resultados e Discussão ..................................................................................................................... 50

5. Considerações finais ......................................................................................................................... 69

6. Referências........................................................................................................................................ 70

Lista de Figuras
Figura 1 - Representação esquemática do sistema de abastecimento urbano de água de Viçosa. Fonte:
Adaptado do Atlas Brasil 2010 – Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010).................................. 4

Figura 2- Anel principal da rede distribuição que permite manobras entre as ETAs I e II para
abastecer o centro urbano de Viçosa. .................................................................................................... 5

Figura 3 -Sistema de distribuição de água na área urbana de Viçosa, destaque para a tubulação que
liga as ETAs I e II do SAAE e tubulação fechada por registro no trecho próximo à Prefeitura. .............. 6

Figura 4- Mapa da rede de distribuição de água na região urbana de Viçosa , com destaque para as
zonas de pressão referentes as partes altas da cidade que são abastecidas apenas pela ETA I. .............. 9

Figura 5– Mapa Digital de Elevação da região urbana de Viçosa sobreposto ao mapa da rede de
distribuição de água, com destaque para as partes altas que são abastecidas apenas pela ETA I. ........ 10

Figura 6 - Regiões abrangidas (destacadas em bege) e não abrangidas (destacadas em cinza) pelo
presente estudo. ..................................................................................................................................... 12

Figura 7 – Plano Diretor Participativo de Viçosa – Zoneamento da Área Urbana. Fonte:


IPLAM/DAU-UFV. .............................................................................................................................. 15

Figura 8- Configuração espacial do zoneamento de Viçosa utilizada no estudo. ................................. 17

Figura 9- Representação espacial das Regiões Urbanas de Planejamento. Fonte: Adaptado de


(CENSUS, 2014)................................................................................................................................... 19

Figura 10– Detalhe da sobreposição entre as camadas (layers) RUPs e Zonas. ................................... 22

Figura 11 - Funcionamento da ferramenta de criação de polígonos de Thiessen no ArcGis. Dados


entrada tipo ponto geram polígonos proporcionais aos pontos como dados de saída. Fonte: ArcGis
Desktop 10.0 ......................................................................................................................................... 25

Figura 12 - Polígonos de Thiessen inicialmente gerados. ..................................................................... 25

Figura 13 - Polígonos de Thiessen após edição. Vista geral (esq.) e detalhe de alguns lotes (dir.). ..... 26

Figura 14 – Detalhe das áreas ocupadas e de possível expansão das zonas.......................................... 28

Figura 15- Detalhe das áreas de ocupação máxima delimitadas para o cenário S2. ............................. 29

Figura 16– Esquema de uma rede de distribuição simples representada no ambiente do EPANET.
Fonte: Manual EPANET 2.0 Brasil ...................................................................................................... 36
Figura 17 - Padrão de consumo utilizado nos nós atendidos pela ETAI. Início na meia noite do 1o
dia(0)e final à meia-noite do 2o dia(24). ............................................................................................... 43

Figura 18 - Exemplo de uma das curvas de bomba geradas referente à estação elevatória da ETAI.
Detalhe do ponto de funcionamento inserido: vazão de 50l/s(Flow) e altura manométrica de 100
metros(Head) ........................................................................................................................................ 45

Figura 19 - Relatório da calibração de pressão nos pontos da rede. Barras vermelhas representam
pressão simulada e barras hachuradas,medida em campo.................................................................. 47

Figura 20 - Gráfico representando calibração no ponto logo após saída da ETAI pressão .................. 48

Figura 21 - Crescimento do número de ECRs no período de 2009 a 2014. Fonte: SAAE(2014)......... 52

Figura 22 - Balanço de vazão no sistema atual de distribuição ETAI-ETAII........................................... 55

Figura 23 - Pressão nos nós da rede em horário de pico(13:00) .......................................................... 56

Figura 24 - Vazões das tubulações de gravidade e pressão da ETAI. ................................................... 57

Figura 25 - Vazões na tubulação da ETAII ao longo do dia ................................................................... 57

Figura 26- Pressões na rede no cenário H1. ......................................................................................... 58

Figura 27- Pressões na rede no cenário H2. ......................................................................................... 59

Figura 28 - Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H3 ...................... 60

Figura 29 - Pressão na rede no terceiro dia do cenário H3................................................................... 61

Figura 30- Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H3 ................................ 62

Figura 31 - Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H4 ...................... 62

Figura 32- Pressão na rede no terceiro dia do cenário H4. .................................................................. 63

Figura 33 - Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H3 ............................... 64

Figura 34 - Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H5 ..................... 64

Figura 35 - Pressão na rede no terceiro dia do cenário H5................................................................... 65

Figura 36- Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H5 ................................ 66

Figura 37- Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H6 ....................... 66

Figura 38 - Pressão na rede no terceiro dia do cenário H6................................................................... 67

Figura 39 - Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H5 ............................... 68


“Comece fazendo o que é necessário,
depois o que é possível, e de repente
você estará fazendo o impossível.”

_São Francisco de Assis


1.Caracterização do problema

1.1. Descrição geral do problema

O Brasil, ainda que detentor do maior potencial hídrico do planeta sofre atualmente um dos
maiores problemas de abastecimento de água de sua história. Em diagnóstico realizado pela
Agência Nacional de Águas (ANA), expresso no Atlas Brasil 2010 – Abastecimento Urbano
de Água, são reunidas informações detalhadas sobre os 5565 municípios brasileiros com
relação a demandas urbanas, tais como: disponibilidade hídrica dos mananciais, capacidade
dos sistemas de produção de água e dos serviços de coleta e tratamento de esgotos. O referido
documento relata que mais da metade dos municípios brasileiros corre risco de escassez de
abastecimento de água e aponta que seriam necessários investimentos na ordem de R$ 22,2
bilhões em obras para suprir esse déficit, as quais, caso fossem concluídas em 2015,
garantiriam o abastecimento até 2025.

Além dos longos períodos de estiagem, da falta de investimentos e de planejamento no setor e


ainda do alto consumo nos grandes centros urbanos, outro fator que contribui para esse
cenário alarmante é a infraestrutura de coleta e tratamento de esgotos. Devido à contaminação
de muitos cursos d’água no ou próximos do meio urbano, cada vez mais há necessidade de
busca de mananciais mais distantes, aumentando assim o custo e inviabilizando muitas vezes
um sistema de abastecimento eficiente. De acordo com a última versão da Pesquisa Nacional
de Saneamento Básico (PNSB) do IBGE, em 2008, apenas 55,2 % dos municípios brasileiros
apresentavam sistema de coleta de esgotos, e apenas 28,5% faziam tratamento de esgoto
(IBGE, 2010).

De acordo ainda com o relatório da ANA, a maior parte dos problemas de abastecimento
urbano do país está relacionada com a capacidade dos sistemas de produção. O problema não
é exclusivo de grandes capitais, como o caso da região metropolitana de São Paulo, em que
em 2014, seu principal reservatório - o Sistema Cantareira - alcançou um dos menores níveis
já registrados, mas também se reflete em cidades menores, tal como no objeto de estudo do
presente trabalho: Viçosa - MG.

1
O município de Viçosa situa-se na região da Zona da Mata - MG, possui área de 300,15 km2
e relevo acidentado, sendo 85% montanhoso, 12% ondulado e 3% plano. O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade é de 0,855 (PMV, 2010). O município tem
vivenciado forte crescimento, impulsionado, sobretudo, pelos ciclos de expansão da
Universidade Federal de Viçosa (UFV). Em 1960, sua população era de 20.846 habitantes,
sendo majoritariamente rural (11.625). Em 2010, esse quadro se inverteu, havendo mais de
90% da população vivendo no meio urbano, e o município contava com uma população de
72.220 habitantes (IBGE, 2010) a estimativa para 2014 é de 76745 habitantes (IBGE, 2014).
Além disso, Viçosa conta com grande contingente populacional de estudantes, que
constituem em torno de 20% da população, mas são contabilizados pelo IBGE em seus
municípios de origem. Essa população “flutuante” gera distorções em relação à destinação de
recursos ao município com base em sua população oficial e a real demanda por serviços
públicos (PIMENTA, 2011).

Os serviços de saneamento no município são de responsabilidade do Serviço Autônomo de


Água e Esgotos (SAAE Viçosa), uma autarquia municipal criada em 1969. Os índices de
cobertura de seus serviços são superiores às médias nacional e estadual, com
aproximadamente 98% da população urbana atendida pelo sistema de abastecimento de água
(260 km de distribuição) e em torno de 88% pelo sistema de coleta de esgotos (180 km de
rede coletora) (SAAE, 2011).

O intenso crescimento populacional e urbanização experimentado pelo município nas últimas


décadas têm imposto grande pressão sobre a infraestrutura urbana. Cresce assim a
preocupação quanto à capacidade da atual infraestrutura de saneamento básico,
particularmente o sistema de abastecimento de água de suprir essa demanda.

Soma-se a esse desafio a distribuição desigual e desordenada da população urbana, visto que
o município até 2000 não contava com Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano que
pudesse nortear de certa forma esse crescimento. Como destacado por Dias (2010), a intensa
especulação imobiliária na cidade tem gerado conflitos relacionados ao uso da água e à
ocupação do espaço urbano, acarretando, de um lado, a degradação progressiva da bacia de
captação e redução da oferta hídrica de um manancial ainda crucial para o abastecimento de
água em Viçosa - o ribeirão São Bartolomeu – e de outro, o aumento da demanda de água

2
sobre esse mesmo manancial como resultado do adensamento populacional nas regiões que
dele dependem mais diretamente.

Esse quadro vem, já há algum tempo, emitindo alertas quanto à sustentabilidade do


abastecimento de água em Viçosa, haja vista a dependência do ribeirão São Bartolomeu -
responsável pelo abastecimento de cerca de 30- 50% ou mais da população urbana da cidade,
dependendo da época do ano, e de todo campus da UFV. Sinais que se concretizaram em
2014 com uma crise sem precedentes: estiagem prolongada, redução drástica da oferta de
água do ribeirão São Bartolomeu e necessidade de racionamento e de abastecimento
complementar por caminhões pipa na cidade e na UFV.

Entretanto, como bem apontou Dias (2010), não estamos lidando com um problema apenas
de escassez de água, mas também alimentado pelo modelo de desenvolvimento urbano
vivenciado na cidade. Ao creditar-se o ônus apenas ao regime de chuvas, desloca-se o tema
de todo seu contexto econômico, político e social de apropriação do território na cidade.

Nesse contexto, cabe lembrar o importante papel do Plano Diretor como um instrumento
singular para orientação da expansão urbana e peça fundamental na previsão de demanda por
infraestrutura de serviços de saneamento. No próprio Plano Diretor, em seu artigo 29, se
encontra que “a organização do território municipal será feita por meio da definição de seu
zoneamento observando-se: a oferta de infraestrutura urbana, o adensamento populacional
desejado e a adequação do uso às características do solo”. Dito isso, o momento é mais que
oportuno para esse tipo de análise, haja vista a crise recente hídrica aqui mencionada e o fato
de que o Plano Diretor do Município se encontra em processo de revisão e atualização, cuja
Comissão Gestora foi formalizada por meio do Decreto nº 4.726/2014 (PMV, 2014).

Assim, o presente trabalho, por meio da avaliação da capacidade, atual e futura, do sistema de
abastecimento de água do município, objetiva fornecer informações que possam ser valiosas
para a revisão do Plano Diretor e de sua regulamentação complementar, mais especificamente
da Lei de Zoneamento e Ocupação do Solo de Viçosa - Lei no 1420/2000 (Viçosa, 2000).

3
1.2 O sistema de abastecimento urbano de Viçosa

O meio urbano do município de Viçosa é abastecido por duas estações de tratamento de água
operadas pelo SAAE: ETA I e ETA II. O sistema de abastecimento, que interliga o
suprimento de água pelas duas ETAs, possui cerca de 260 km de tubulações e distribui cerca
de 16 milhões L/dia, atendendo aproximadamente 98% da população (SAAE, 2011).

A ETAI tem seu ponto de captação próximo ao Supermercado Escola no campus da UFV,
onde há o represamento das águas do ribeirão São Bartolomeu. No mesmo ponto (na segunda
lagoa da UFV), se situa também a captação de água pela ETA da UFV, responsável por
fornecer água para o campus universitário. A ETA II, situada no Bairro Violeira, capta água
do rio Turvo Sujo. O sistema de abastecimento urbano é composto por um conjunto de anéis
de aproximadamente 16 km(figura 2). Esse conjunto permite manobras no sistema e o
abastecimento de partes da cidade por uma ou outra das duas ETAs (SAAE, 2011). As duas
ETAs são interligadas por uma adutora de aproximadamente 8,5 km. Existe um caminho
mais curto para essa interligação ao se considerar a tubulação do lado direito do anel inferior.
O SAAE porém, precisou fechá-la através de um registro próximo à prefeitura ao notar que
quando esse se mantinha aberto, faltava pressão no bairro de Belvedere(Agros) gerando
assim problemas no seu abastecimento(figura 3).

Figura 1 - Representação esquemática do sistema de abastecimento urbano de água de Viçosa. Fonte:


Adaptado do Atlas Brasil 2010 – Abastecimento Urbano de Água (ANA, 2010).
4
Figura 2- Anel principal da rede distribuição que permite manobras entre as ETAs I e II para abastecer o centro
urbano de Viçosa.
5
Figura 3 -Sistema de distribuição de água na área urbana de Viçosa, destaque para a tubulação que liga as
ETAs I e II do SAAE e tubulação fechada por registro no trecho próximo à Prefeitura.
6
Durante o período de chuvas (em geral, de Outubro a Março) a ETA I costuma ser
responsável pelo abastecimento de até 70% da população urbana, sendo os restantes 30%
atendidos pela ETA II. Em época de estiagem esse quadro chega a se inverter, com a ETA II
responsável por até 70% do abastecimento. Porém, nos últimos anos, devido a crescente
expansão urbana e limitação de vazão do ribeirão São Bartolomeu, se tem observado que
mesmo em períodos chuvosos, a ETAI tem conseguido suprir apenas aproximadamente 50%
da demanda total urbana (SAAE, 2014). Vale ressaltar porém que o trecho superior do anel
atualmente conta apenas com uma tubulação mais antiga de 85mm de diâmetro o que tem
ocasionado uma grande perda de carga no sistema nesse trajeto. O SAAE já está em vias de
finalizar uma nova tubulação de 200mm ao longo desse percurso para sanar esse problema e
assim melhorar a eficiência de distribuição da ETA II. Em raras ocasiões, quando o consumo
de água é bastante reduzido, como em certas horas na madrugada, a água do reservatório
tratada na ETA II possui pressão suficiente para atingir e abastecer o reservatório na ETA I.

Dentre os dois mananciais, o ribeirão São Bartolomeu é o que apresenta situação mais
sensível e preocupante. Suas 440 nascentes se localizam na zona rural à montante do campus
da UFV, no entorno das regiões conhecidas como Paraíso e Palmital, bem próximas ao
campus universitário e à região urbana de viçosa. Vêm, assim, sofrendo forte pressão de
especulação imobiliária e sendo vítimas de problemas tais como: desmatamento de matas
ciliares, aparecimento de focos de erosão na zona rural, construção de pequenas represas
próximas às cabeceiras, disposição de lixo, dentre outros apontados por Berdague & Gomes
(2008). Todos esses fatores têm contribuído para redução crescente da vazão desse
importante manancial.

O SAAE possui outorga para captação de 100 L/s no ribeirão São Bartolomeu e chega a
captar esse montante em períodos de chuva. A UFV capta atualmente em torno de 15-20 L/s
e tem seu pedido de outorga de 30 L/s tramitando nos órgãos ambientais do estado. Porém, no
referido período de estiagem e de crise hídrica em 2014, o ribeirão São Bartolomeu chegou a
apresentar vazões da ordem de 30 a 50 L/s.

7
Dessa forma, o sistema tem se tornado cada vez mais dependente da ETA II, abastecida pelo
rio Turvo. Porém, apesar deste manancial possuir vazão suficiente para abastecer Viçosa por
si só - visto que sua Q95% (vazão mínima esperada em 95% do tempo, tomado como o ano
hidrológico) é quase dez vezes maior que a do ribeirão São Bartolomeu (Figura 1) - não há
pressão suficiente na rede de distribuição para que a água tratada pela ETA II atinja partes
mais altas da cidade e o grande crescimento vertical verificado nos últimos anos potencializa
ainda mais o problema de desabastecimento sofrido nessas regiões. Hoje, a equipe técnica do
SAAE estima que o abastecimento das partes alta da cidade ainda dependa de cerca de 50 L/s
do ribeirão São Bartolomeu (Figuras 4).

A região da cidade que, por questões de pressão na rede, são atualmente atendidas apenas
pela ETA I, abrange partes dos seguintes bairros : Fátima, Santa Clara, Clélia Bernardes,
Lourdes, Betânia, J.K., Maria Eugênia, Benjamin Cardoso, Sol Nascente, Morada do Sol I e
II, São Francisco de Assis, Jardim Europa, São Sebastião, União, Vale do Sol, Sagrada
Família, Estrelas, Bom Jesus, Bela Vista, Nova Viçosa, além de pequenos trechos de Ramos
e do Centro (Figura 4).

A ETA II possui atualmente capacidade para tratar 150 L/s(em cenário de grande sobrecarga,
sendo geralmente tratado em torno de 120 L/s) o que não seria suficiente para suprir o
consumo total urbano. Por esse motivo, o SAAE vem estudando a possibilidade de expandir o
sistema para tratar 200 L/s (SAAE 2011) e renovar seu pedido de outorga de captação do rio
Turvo Sujo. A autarquia também já estuda a viabilidade da construção de uma terceira
estação de tratamento da água, a ETA III, que captaria água do rio Turvo Limpo na região de
Maynart, distante aproximadamente 10 km do centro da cidade. O campus da UFV, que ainda
depende majoritariamente do ribeirão São Bartolomeu, também estuda outras possibilidades
de captação de água que possam amenizar o problema, mais especificamente água
subterrânea.

8
Figura 4- Mapa da rede de distribuição de água na região urbana de Viçosa , com destaque para as zonas de
pressão referentes as partes altas da cidade que são abastecidas apenas pela ETA I.
9
Figura 5– Mapa Digital de Elevação da região urbana de Viçosa sobreposto ao mapa da rede de distribuição
de água, com destaque para as partes altas que são abastecidas apenas pela ETA I.
10
1.3 Delimitação da área de estudo

O estudo teve como foco a área urbana de Viçosa abastecida pela rede de distribuição que
suprida pelas ETAs I e, ou II do SAAE. Sendo assim, o estudo não abrangeu: a UFV, que
possui sistema próprio de abastecimento de água; áreas de proteção ambiental (APA)
existentes na região urbana (visto que apresentam extensão pequena, consumo de água
insignificante e assumindo que sua natureza será mantida, não havendo assim expansão
urbana significativa nas mesmas); comunidades rurais ou distritos atendidos pelo SAAE, mas
que possuem sistemas isolados abastecidos por poços (por exemplo, Paraíso, Rua Nova, São
José do Triunfo, Cachoeira de Santa Cruz(Cachoeirinha), Novo Silvestre, Córrego São João e
Pau de Cedro); e condomínios que possuem sistemas próprios de abastecimento (por
exemplo, Acamari). A Figura 6 representa o cenário citado.

1.4. CENSUS – RUPs

Este trabalho quando oportuno utilizou-se de algumas informações disponibilizadas pelo


Centro de Promoção do Desenvolvimento Sustentável de Viçosa (CENSUS).

O CENSUS, fundado em 17 de agosto de 2000, é uma Organização Não


Governamental(ONG), sem fins lucrativos, dedicada a estudos, formação e assessoria nas
áreas social, urbanística, ambiental e de gestão pública. Tem por objetivo primordial o
desenvolvimento sustentável, viabilizando e apoiando ações para: a redução das
desigualdades sociais e o combate às causas da pobreza; o fortalecimento do poder público
local e da sociedade civil organizada; a promoção da participação popular, da cidadania e dos
direitos humanos e o uso racional dos recursos ambientais(CENSUS 2014).

Esta ONG em seu estudo trabalha com um recorte espacial ao qual denomina Regiões
Urbanas de Planejamento (RUPs) e que objetiva permitir uma compreensão mais precisa da
realidade local. “Nesse sentido, ruas e bairros foram agregados a fim de se obter regiões com
características homogêneas” (CENSUS 2014, pág. 11). O quadro 1 representa as RUPs
utilizadas pelo presente estudo.

11
Figura 6 - Regiões abrangidas (destacadas em bege) e não abrangidas (destacadas em cinza) pelo presente
estudo.
12
Quadro 1 - Composição das Regiões Urbanas de Planejamento. Fonte: Adaptado de (CENSUS,2013)

REGIÃO URBANA
DE
BAIRROS E RUAS LIMITES
PLANEJAMENTO
(RUP)
Integrada pelos bairros: Ramos, Clélia
Bernardes, Belvedere e Centro.Este último
limitado pelas ruas: Gomes Barbosa, Ladeira dos
Operários, José Antônio Rodrigues, Dos
Estudantes, av. P. H. Rolfs(da linha férrea até a
Região 1 Centro esquina com a Av. Castelo Branco), Av.
Marechal Castelo Branco, (até o trevo do
Belvedere), Geninho Lentine, Dr.Milton Bandeira,
Dona Gertrudes, Tenente Kümmel, av. Bueno
Brandão e Floriano Peixoto.
Região 3 Bom Integrada pelos bairros: Bom Jesus, Bela Vista,
Jesus Sagrada Família,Estrelas e Conceição.
Região 4 Nova Integrada pelos bairros: Nova Viçosa e Posses.
Viçosa
Região 5 Fátima Integrada pelo Bairro de Fátima.
Integrada pelos bairros: Betânia, Santa Clara
(parte baixa, limitada pela av. JK até a rua
Região 6 Lourdes Joaquim Andrade), Lourdes e Al. Fábio Ribeiro
Gomes.
Região 7 Santa Integrada pelos bairros: JK, Santa Clara (parte
Clara alta), Maria Eugênia, Coelhas e São Sebastião.
Integrada pelos bairros: Fuad Chequer, Sagrado
Coração (Rebenta Rabicho) e pela área limitada
pela Rua dos Passos (do Hospital S.J. Batista
Região 8 Passos até a esquina com a Dona Gertrudes), Rua Dr.
Brito, Santana,
Álvaro Gouveia e Dr. José N. Vaz de Melo.
Região 9 Santo Integrada pelos bairros: Julia Molar, Sto Antônio
Antônio (do Belvedere até o trevo de Coimbra).
Região 10 Nova Integrada pelos bairros: Nova Era, Vale do Sol e
Era União (Morro do Café).
Integrada pelos bairros: Barrinha, Cidade Nova,
Arduino Bolívar (Amoras), Laranjal (São José),
Região 11 Arduíno Bolivar Boa Vista, Vau-Açú, Inácio Martins e
Floresta.
Integrada pelos bairros: Liberdade, João Bras,
Região 12 Silvestre Violeira, Recanto da Serra, Parque do Ipê,
Inconfidentes, Silvestre e Novo Silvestre.

13
2. Objetivos

2.1. Geral

Fornecer subsídios à atualização do Plano Diretor de Viçosa-MG, desde o ponto de vista da


sustentabilidade do abastecimento de água urbano.

2.2. Específicos

Avaliar a capacidade, atual e futura, do sistema de abastecimento de água urbano de Viçosa


de atendimento à demanda, tendo em conta a regulamentação vigente de ordenamento de
ocupação urbana no município e as limitações de oferta de água dos principais mananciais de
abastecimento: ribeirão São Bartolomeu e rio Turvo.

Propor e discutir medidas de intervenção no sistema que concorram para a sustentabilidade


do abastecimento de água urbano de Viçosa.

3. Metodologia

3.1. Zoneamento de Viçosa

De acordo com o Art.28, Capítulo IV da Lei no 1420/2000 , o Município de Viçosa está


dividido nas seguintes zonas: (i) ZR1 - Zona Residencial 1; (ii) ZR2 - Zona Residencial 2;
(iii) ZR3 - Zona Residencial 3; (iv) ZR4 - Zona Residencial 4; (v) ZC - Zona Central; (vi) CP
- Corredor Primário; (vii) CS - Corredor Secundário; (viii) APA - Área de Proteção
Ambiental; (ix) ZUF - Zona da Universidade Federal; (xi) ZI - Zona Industrial; (xii) ZRU -
Zona Rural.

14
Figura 7 – Plano Diretor Participativo de Viçosa – Zoneamento da Área Urbana. Fonte: IPLAM/DAU-UFV.

O zoneamento se encontrava com delimitações diferentes às originais expostas pela lei


no1420/2000. Na delimitação espacial cedida haviam duas zonas não mencionadas:
ZPT(Zona de Pólo Tecnológico) e CM(Corredor Misto).

Em conversa com um dos responsáveis pelo zoneamento do município – foi esclarecido que a
zona CM na realidade representava o Corredor Primário(CP) e que a representação espacial
desta já estava desatualizada(figura 7).

15
Sua atual extensão foi modificada pela Lei nº 2.219, de março de 2012 que altera o anexo V
da Lei nº 1.420/2000 e versa:

[...] Art. 1o As Avenidas Oraida Mendes de Castro e Professor Cid


Martins Batista passam a integrar o Corredor Primário – CP no Anexo
V, da Lei nº 1.420/2000, devendo respeitar todos os ditames legais
previstos para aquele zoneamento. [...] Toda a extensão da Avenida
Oraida Mendes de Castro e Professor Cid Martins Batista até a divisa
com o Município de Teixeiras - MG, passa a integrar o Corredor
Primário – CP previsto no Anexo V da Lei nº 1.420/2000.(VIÇOSA,
2012)

O Corredor Secundário(CS) por sua vez não estava representado espacialmente, sendo assim,
criado no ArcGIS através da construção de um buffer(contorno) de 15 metros em torno dos
logradouros participantes como constam no anexo V da Lei nº 1.420/2000 .

A configuração final - após realizar as citadas modificações - do zoneamento está


representada na Erro! Fonte de referência não encontrada., sendo esta usada para os
cálculos e operações posteriores do trabalho.

Foi encontrado erros na tabela de atributos do arquivo(shapefile) referente ao cadastro das


ligações totais e ativas do SAAE. Ao sobrepor as camadas(layers) de delimitação das zonas e
e de pontos de leitura dos hidrômetros(ligações) foi observado que a informação referente à
zona em que os hidrômetros se localizavam não estava correta.

Este erro no banco de dados do SAAE foi rapidamente corrigido criando-se um novo campo
à Tabela de Atributos do shapefile referente aos pontos de ligações denominados “ZONAS” e
utilizando a camada (layer) das zonas(Erro! Fonte de referência não encontrada.) como
base para a reclassificação.

16
Figura 8- Configuração espacial do zoneamento de Viçosa utilizada no estudo.

17
3.2. Estimativas populacionais

3.2.1. População atual

Para os cálculos foram utilizados o banco de dados do SAAE que conta com informações
sobre ligações e respectivos consumos de água (até para efeito de cobrança da tarifa de água),
incluindo: cadastro georreferenciado dos hidrômetros (ligações), número de economias
(unidades residenciais ou comerciais) por ligações, tipologia das ligações / economias
(residencial, comercial, industrial), e consumo de água micro medido.

A população atual foi calculada somando-se o número total de economias ativas


disponibilizadas pelo banco de dados do SAAE para o mês de Março de 2014 para cada zona
e multiplicando-o pela densidade média das mesmas. Esse mês foi escolhido por apresentar a
série de dados mais completa e consistente ao longo dos anos disponíveis(2010-2014).

Para o cálculo da densidade média de cada zona(no de moradores/ no de domicílios), utilizou-


se as informações constantes no trabalho “RETRATO SOCIAL DE VIÇOSA V” de 2014 do
CENSUS( quadro 1).

Para que essa informação fosse utilizada para análises espaciais posteriores foi necessária a
delimitação espacial das RUPs através da agregação dos bairros que as compunham com uso
do software ArcGIS (figura 9).

18
Figura 9- Representação espacial das Regiões Urbanas de Planejamento. Fonte: Adaptado de (CENSUS,
2014).
19
Tabela 1 - Número de Domicílios, por RUP e Moradores por Domicílio. Fonte: Adaptado de
(CENSUS, 2014).

NÚMERO DE NÚMERO DE
REGIÃO DENSIDADE(b/a)
DOMICÍLIOS(a) MORADORES(b)
Região 1 Centro 2.513 7.197 2,86
Região 3 Bom Jesus 2.849 9.738 3,42
Região 4 Nova Viçosa 1.442 5.214 3,62
Região 5 Fátima 1.186 3.975 3,35
Região 6 Lourdes 1.177 3.506 2,98
Região 7 Santa Clara 1.548 5.621 3,63
Região 8 Passos 973 3.125 3,21
Região 9 Santo Antônio 2.814 9.180 3,26
Região 10 Nova Era 1.398 4.479 3,20
Região 11 Arduíno Bolivar 1.911 6.613 3,46
Região 12 Silvestre 1.716 5.586 3,25

Para transpor essa informação para o recorte maior do zoneamento, utilizou-se inicialmente o
ArcGis para sobrepor as duas camadas(RUPs e Zonas) e criar polígonos comuns a ambas por
interseção(Figura 10). Posteriormente exportando os dados para uma planilha de Excel, pôde-
se, baseado na área relativa ocupada (em porcentagem) por cada RUP em cada Zona, calcular
a média ponderada da densidade populacional de cada Zona(Quadro 2).

Quadro 2– Cálculo da densidade média e estimativa da população atual

20
Como pode se notar pelo quadro 2, a delimitação das RUPs não cobria a área total das zonas,
sendo mais expressiva apenas nas zonas ZR4, ZC, e CS.

Assim, nos casos em que as Zonas possuíam uma área muito abrangente e/ou que não era
completamente preenchida por RUPs (ex.: ZR3), assumiu-se que a expansão urbana futura
das zonas seguiria a mesma configuração e características das atuais RUPs que as compõem.

O resultado encontrado para a população da parte urbana delimitada pelo presente estudo de
Viçosa(quadro 2) foi superior à estimada pelo IBGE para o município no mesmo ano. De
acordo com o instituto, em 2014 a população de Viçosa seria de 76.745 habitantes (IBGE
2010) enquanto a população calculada foi de 91.504 habitantes, aproximadamente 20%
maior, o que é condizente com a estimativa de população flutuante para a cidade. Vale
ressaltar que no estudo, porém, não foram contabilizadas as economias residenciais dos
distritos de São José do Triunfo, Cachoeira de Santa Cruz e da área rural, por exemplo, que
somam aproximadamente 3000 economias e em torno de 11.000 habitantes(CENSUS, 2013)
juntos. Assim esse resultado pode estar superestimado devido à densidade calculada ou
mesmo do banco de dados do SAAE. Adicionalmente também foi calculada a população
total utilizando-se a densidade utilizada por Pimenta & Capelete (2008). O resultado - 84.162
habitantes – considerando as ressalvas anteriores estaria mais próximo do esperado.

21
Figura 10– Detalhe da sobreposição entre as camadas (layers) RUPs e Zonas.

22
3.2.2. População futura

As estimativas das características de ocupação futura das zonas urbanas definidas na Lei n°
1.420 / 2000 foram realizadas utilizando quando oportuno o Plano Diretor de Viçosa mas
especificamente os parâmetros constantes na própria Lei n° 1.420 como base.

Os parâmetros utilizados foram o gabarito máximo das edificações(GE) e a área mínima de


loteamento em cada zona(AP), representados na Tabela 2.

Tabela 2– Parâmetros reguladores do adensamento por Zona utilizados no presente trabalho, adaptado das
definições da Lei no1420/2000, Viçosa-MG

Zonas GE AP (m2)

ZR1 5 200

ZR2 5 200

ZR3 4 360

ZR4 3 360

ZC 6/101 200

CP 10 360

CS 10 360

1 - Dez pavimentos para vias com caixa de largura igual ou superior a 7m (sete metros) e vias com saída; seis pavimentos para vias com
caixa de largura inferior a 7m (sete metros) e vias de pedestres ou vias sem saída.

Visando aferir a população futura em um cenário de saturação urbana nas zonas, o número de
lotes atuais e suas respectivas áreas médias foram estimados para cada uma das mesmas.

Nos casos em que a área média calculada dos lotes existentes atualmente fosse menor que a
estipulada como mínima pela Lei(AP), adotou-se o valor que esta última estipula. Caso o

23
contrário ocorre-se, adotou-se o valor médio calculado (Tabela 3). Esse método foi utilizado
visando evitar a superestimativa de lotes.

Tabela 3- Cálculo da área média dos lotes para cada zona


LOTES ZR1 ZR2 ZR3 ZR4 ZC CP CS TOTAL/MÉDIA

ÁREA
1121027 2374984 120973 45274 234373 44868 179846 4121345
TOTAL

NÚMERO
3154 7533 415 128 753 140 489 12612
TOTAL

ÁREA
355 315 292 354 311 320 368 331
MÉDIA

ÁREA
200 200 360 360 200 360 360 291
MÍNIMA

ÁREA
355 315 360 360 311 360 368 347
ADOTADA

A primeira dificuldade encontrada nesse intuito foi a falta de dados espaciais dos lotes
existentes. Dessa forma, o primeiro passo foi achar um meio de representar tais lotes
espacialmente (polígonos). Buscou-se uma forma semi-automática de gerar tais polígonos em
ambiente ArcGIS, devido a grande quantidade de lotes existentes e consequente dispêndio de
tempo caso fossem desenhados cada um manualmente.

A solução encontrada foi a criação dos polígonos através do método de interpolação de


Thiessen no ambiente ArcGis. A ferramenta de Thiessen pode dividir e distribuir
proporcionalmente uma cobertura de pontos em regiões conhecidas como polígonos Thiessen
ou Voronoi. Estas zonas representam áreas inteiras, onde qualquer local dentro da zona está
mais perto de seu ponto de entrada associado do que para qualquer outro ponto de entrada
(Figura 11).

24
Figura 11 - Funcionamento da ferramenta de criação de polígonos de Thiessen no ArcGis. Dados entrada tipo
ponto geram polígonos proporcionais aos pontos como dados de saída. Fonte: ArcGis Desktop 10.0

O dado de entrada tipo ponto utilizado foi o shapefile referente às ligações totais do mês de
Março de 2014, mês adotado neste trabalho como base para os cálculos como anteriormente
citado.

O resultado inicial não foi satisfatório (Figura 12), à exceção dos polígonos gerados em
regiões com grande quantidade de ligações pouco espaçadas entre si. Após edição onde foram
apagados os polígonos mais destoantes e corrigiu-se os demais usando a imagem de satélite
da região como referência visual, obteve-se um resultado que julgou-se satisfatório para aferir
a área média dos lotes atuais.

Figura 12 - Polígonos de Thiessen inicialmente gerados.

25
Figura 13 - Polígonos de Thiessen após edição. Vista geral (esq.) e detalhe de alguns lotes (dir.).

Como pode ser visto com mais detalhes na Figura 13, a definição espacial dos lotes por esse
método após edição manual gerou um resultado mais preciso de forma a fornecer uma ideia
aproximada da realidade.

De posse da área média de cada lote, pôde-se baseado na área total de cada zona, estimar a
quantidade total de lotes adicionais em uma situação de saturação urbana.

Somando-se o número total de lotes(gerados somados aos novos lotes calculados para o
futuro) e multiplicando-se pela relação economias/lote, obteve-se o número total de
economias residenciais no futuro para cada zona. A essa relação economias/lote denominou-
se “índice de verticalização” neste trabalho a exemplo do trabalho de Pimenta &
Capelete(2008). O índice de verticalização foi tomado como análogo ao GE.

26
Tabela 4 - Cálculo do índice de verticalização para cada zona

ZR1 ZR2 ZR3 ZR4 ZC CP CS

ECR TOTAL 8636 12382 692 231 5180 146 787

TOTAL DE LOTES 3154 7533 415 128 753 140 489

ÍNDICE DE
3 2 2 2 7 1 2
VERTICALIZAÇÃO

Finalmente, multiplicando-se o número de economias residenciais pela densidade média(


habitantes/domicílio) anteriormente calculada obteve-se a população futura para cada zona.

3.2.3. Cenários futuros – Saturação urbana

Para o cálculo da população futura foram considerados três cenários de saturação urbana:

S1 - Cenário mais otimista, a área atualmente ocupada não se alteraria(mesma população e


configuração no futuro); as áreas livres que ainda não foram ocupadas das zonas seriam
ocupadas seguindo o mesmo padrão atual observado nas respectivas zonas(Figura 14);

S2- Cenário intermediário de saturação, o mesmo que o cenário S1 porém assumiu-se que a
UNIVIÇOSA e UFV devido a sua relativa importância para a cidade como pólos de atração,
iriam provocar o crescimento máximo permitido pela Lei 1420/2000 em seu entorno.

S3 – Cenário pessimista, todas as zonas cresceriam o máximo permitido em lei, inclusive a


área atualmente ocupada.

27
Figura 14 – Detalhe das áreas ocupadas e de possível expansão das zonas.
28
Figura 15- Detalhe das áreas de ocupação máxima delimitadas para o cenário S2.
29
Para o cenário S2, a área de influência das universidades foi traçada através de um círculo de
raio de 1km em torno das mesmas. No caso da UFV, o ponto de referência foi a entrada do
campus(quatro pilastras). Também para a mesma extrapolou-se a área de influência de forma
a englobar totalmente os bairros do Centro, Lourdes, Ramos e Clélia Bernardes, os quais
julgou-se mais provável sofrerem um crescimento mais expressivo no futuro. De forma
oposta, os bairros Sagrado Coração de Jesus(“Rebenta Rabixo”), Bela Vista e “Morro do
Pintinho”, foram desconsiderados da área(Figura 15). Na ZC considerou-se o “índice de
verticalização”(GE) igual a 10 apenas nos lotes atendidos por vias com largura superior a 7
metros(aproximadamente 30%) e o restante igual a 6.

Alguns fatores foram considerados em todos os cenários ao se calcular a área livre existente
para ocupação nas zonas. Foram eles: distância dos córregos , declive máximo percentual do
terreno, e área mínima prevista para áreas públicas, sistema viário e equipamentos
urbanos(Tabela 5).

A distância mínima de córregos foi estipulada de acordo com a Lei Federal no 6766/79, que
dispõe sobre o Parcelamento do Solo Urbano, e versa:

Art. 4º. Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes


requisitos:III - ao longo das águas correntes e dormentes e das faixas de
domínio público das rodovias e ferrovias, será obrigatória a reserva de uma
faixa não-edificável de 15 (quinze) metros de cada lado, salvo maiores
exigências da legislação específica;(

Assim foi traçado um contorno(buffer) no ambiente ArcGIS de 15 metros para cada lado dos
córregos que cortavam as áreas livres das zonas.

A declividade máxima foi estabelecida de acordo com a lei Nº 1.469/2001 que institui o
Parcelamento do Solo do Município de Viçosa:

Capt 1. Art. 5o - Nenhuma modalidade de parcelamento do solo será


permitida: [...] III - em terrenos com declividade superior a 40% (quarenta
por cento)(VIÇOSA, 2001)

30
Essa condição foi delimitada em ArcGIS a partir do Modelo Digital de Elevação(MDE)
anteriormente criado para o município, gerando o declive(slope) em porcentagem das áreas
livres e subtraiu-se a fração de área com declive maior que 40%.

Após o cálculo, estimou-se que em torno de 20% da área total livre possuía declividade maior
que 40%.

Com relação à área mínima destinada à áreas públicas, sistema viário e equipamentos
urbanos, utilizou-se novamente o disposto na lei no 6766/79:

Capt2. Art. 8o - Os loteamentos deverão atender, pelo menos, aos seguintes


requisitos: [...] II - as áreas públicas previstas no inciso I deste artigo não
poderão ser inferiores a 35% (trinta e cinco por cento) da gleba, das quais
15% (quinze por cento), no mínimo, serão destinadas aos equipamentos
comunitários e espaços livres para uso público, e o restante destinado ao
sistema viário e aos equipamentos urbanos.

A título de comparação, foi calculada a área total destinada a vias, praças, igrejas, campos
esportivos mais expressivos de cada zona. O resultado demonstrou que a maioria das zonas
possuía menos que 35% de sua área total destinada a esses fins(a exceção das zonas ZC, CP e
CS, nenhuma outra possuía o espaço mínimo previsto por lei).

Dessa forma, para o cálculo da área total livre de cada zona, subtraiu-se as áreas ocupadas
pelos córregos considerada a faixa de 15 metros do seu entorno e multiplicou-se o resultado
pelo fatores de declividade(80%) e ocupação por espaços públicos( em que utilizou-se o valor
calculado quando esse atendia ao mínimo previsto em lei, caso contrário 0,65).

31
Tabela 5 - Fatores limitantes ao loteamento das áreas livres das zonas

FATOR DECLIVIDADE
ÁREA LOTEADA
ZONAS ≤40% 0,80
calculado lei >40% 0,20
ZR1 0,86 0,65 ÁREA CÓRREGOS
ZR2 0,85 0,65 ZR1 63641
ZR3 0,93 0,65 ZR2 103377
ZR4 0,87 0,65 ZR3 232883
ZC 0,59 0,65 ZR4 0
ZI 0,91 0,65 ZC 0
ZPT 0,93 0,65 ZI 0
CP 0,29 0,65 ZPT 0
CS 0,61 0,65 CP 0
MÉDIA 0,77 0,65 CS 3645

Finalmente , devido a sua extensão, localização e atual forma de ocupação, assumiu-se que
as zonas ZR1 e ZR3 teriam apenas 50% de sua área total livre ocupada no futuro.

3.2.4. Projeções futuras intermediárias

Entre o presente e a saturação urbanística foram explorados cenários futuros intermediários,


em que foram realizadas projeções temporais de crescimento populacional a partir da
verificação de tendências na série histórica disponível do banco de dados do SAAE(anos
2009 a 2014) de números de economias por mês. O banco de dados porém, carecia da
informação da medição de certos meses durante esse período. Assim do total de meses do
período analisado(72) apenas havia dados de 51. Com os dados obtidos, plotou-se em Excel
um gráfico referente ao crescimento de economias residenciais durante o período analisado.
Multiplicando-se o número de economias residenciais por um valor de densidade média
assumido para todo município obteve-se a população. Essa densidade média foi calculada
tentando-se igualar o resultado obtido pela equação para a população de 2014 com o
anteriormente estimado. Obteve-se assim um valor de densidade média pouco acima de 3
habitantes/economia.

A partir desse gráfico pôde-se traçar a linha de tendência e formular a equação que melhor se
adequasse a mesma.

32
Os horizontes temporais explorados foram os anos de 2020, 2025 e 2035( 5, 10 e 20 anos no
futuro, respectivamente).

3.3 Consumo atual e futuro nas Zonas

Para o cálculo do consumo per capita nas zonas, a fim de ser utilizado para projeções futuras
do consumo nas mesmas, primeiramente foi necessário o cálculo do consumo total mensal
atual. O mês utilizado foi Março de 2014, por ser um dos meses de maior consumo, visto que
coincide com início do calendário acadêmico e com o Verão. Vale ressaltar ainda, que Março
foi também o mês utilizado para a entrada de dados de consumo do modelo hidráulico criado
em 2011 e ainda utilizado pelo SAAE.

De posse dos dados de consumo total de água e população total, foi possível calcular o
consumo per capita de água atual para cada zona urbana (Equação 1).

Q = P *q (1)

Sendo:

Q = consumo de água por zona urbana

P = população da zona urbana

q = consumo per capita por zona urbana

Para efeito de extrapolações e estimativas futuras, foi assumido que o consumo per capita não
sofreria variações temporais consideráveis, como apontou estudo realizado por Pimenta
(2011). Ou seja, no presente estudo foi considerado que valores obtidos para o presente
manter-se-ão constantes ao longo do tempo.

33
Tabela 6- Consumo atual e consumo per capita nas zonas

CONSUMO
ZR1 ZR2 ZR3 ZR4 ZC CP CS TOTAL/MÉDIA
3
M /MÊS 103246 101171 105469 111192 99331 103311 103346 727066
L/DIA 3330516 4393097 214516 159194 2050871 70097 300065 10518355
HABITANTES 24328 36920 2067 682 12151 425 2246 78819
L/HAB.DIA(q) 137 119 104 233 169 165 134 151

Eventuais discrepâncias de consumo presentes em algumas ligações(valores como 5,9 L/s,


em um único hidrômetro) foram corrigidos adotando-se valores mais condizentes com as
mesmas. Descobriu-se após identificar essas ligações, que se tratavam em sua maioria de
economias públicas, sendo provavelmente caso de hidrômetros desregulados ou erros na
leitura visto que as economias públicas não pagam pelo uso da água.

Na tabela 6 alguns resultados se destacam. O baixo consumo per capita encontrado na ZR3
pode ser ocasionado pela existência em escala significativa de habitações populares, de
pequeno porte cujos habitantes são em sua maioria de baixa renda. Como frequentemente
exposto na literatura (PIMENTA 2011, por exemplo), o menor nível socioeconômico possui
uma influência significativa no consumo de água de uma determinada população. Assim, esse
baixo consumo per capita não seria discrepante levando-se em consideração o padrão
socioeconômico da população residente nessa área.

Outra zona que deve ser mencionada é a ZR4 devido a seu alto consumo per capita. Ao
analisar as ligações junto a um dos técnicos responsáveis no SAAE, chegou-se a conclusão
que não havia nenhuma discrepância dos dados de consumo. A razão de o consumo ser tão
alto deve-se novamente ao padrão socioeconômico local. A ZR4 abrange áreas altamente
adensadas, centrais do município, sendo frequente na mesma, a existência de grandes
condomínios e consequentemente grandes consumidores.

Finalmente, no intuito de se estimar o seu crescimento futuro e consequentemente aumento


de consumo de água das zonas ZI e ZPT foi necessário adotar um novo método de tratamento
dos dados. Nessas zonas ao invés do uso de consumo per capita, calculou-se um índice de
consumo baseado na área já ocupada nas mesmas.

34
O consumo final obtido pelas zonas nos cenários de saturação foi então comparado ao
consumo atual, obtendo-se um fator que foi multiplicado pelo consumo encontrado para cada
nó do modelo hidráulico afim de tentar simular esse aumento de consumo na rede no futuro.

3.4 Construção do modelo hidráulico

3.4.1 Simulação de pressões na rede de distribuição


A pressurização da rede de distribuição de água foi simulada e expressa na forma de mapas
com uso software de licença livre EPANET 2.0, criado pela U.S. Environmental Protection
Agency (USEPA). Para tanto, foram utilizados dados disponibilizados pelo SAAE, que possui
dados cadastrais informatizado e georrefenreciado, incluindo, dentre outras informações
arruamento da cidade, a rede de distribuição de água, as ETAs, o cadastro de todos os
usuários e os respectivos consumos micro medidos. Esse banco de dados foi visualizado e
manipulado através do programa de geoprocessamento ArcGIS®.

Antes, porém, torna-se oportuna a apresentação de uma breve descrição da natureza do


software EPANET e algumas de suas funcionalidades. Com esse intuito, a versão brasileira
do manual do EPANET ampliada e atualizada, elaborada pela UFPB/FUNAPE com o
patrocínio da Eletrobrás é de valiosa ajuda, sendo assim utilizada no presente trabalho.

3.4.2. O software EPANET

De acordo com o citado manual, o EPANET e um programa de computador que permite


executar simulações estáticas e dinâmicas do comportamento hidráulico e de qualidade da
água em redes de distribuição pressurizada. Tal rede é constituída por tubulações, bombas,
válvulas, reservatórios de nível fixo e/ou reservatórios de nível variável. O EPANET modela
um sistema de distribuição de água como sendo um conjunto de trechos ligados a nós. Os
trechos representam as tubulações, bombas e válvulas de controle. Os nós representam
conexões, reservatórios de nível fixo (RNF) e reservatórios de nível variável (RNV). A figura
16 ilustra tal arranjo.

35
Figura 16– Esquema de uma rede de distribuição simples representada no ambiente do
EPANET. Fonte: Manual EPANET 2.0 Brasil

Nós
Nós são os pontos da rede de união dos trechos, onde a água entra e sai da rede. Seus
principais dados de entrada são: cota acima de determinado nível de referencia (usualmente o
nível médio do mar);consumo base; e qualidade inicial da água. Em cada instante da
simulação, obtém-se os seguintes resultados para os nós da rede: carga hidráulica total (nível
de água no caso de rnf e rnv); pressão (altura piezométrica); e qualidade da água.

Os nós podem ainda apresentar as seguintes características: apresentar um consumo variável


no tempo; possuir múltiplas categorias de consumo associadas; possuir consumos negativos,
indicando que há entrada de água na rede; constituir origens de qualidade da água, onde os
respectivos parâmetros de qualidade entram na rede; conter dispositivos emissores do tipo
orifício (p.ex., aspersores), os quais fazem com que a vazão efluente dependa da pressão.

Reservatórios de Nível Fixo

Os reservatórios de nível fixo(RNFs) são nós especiais que representam um volume de


armazenamento de água, de capacidade ilimitada e carga hidráulica constante. Constituem,
assim, origens ou sumidouros de água externos a rede. São utilizados para simular lagos, rios
ou aquíferos ou, mais frequentemente, ligações a outros sistemas. Os reservatórios de nível
fixo podem servir também como pontos de origem de qualidade da água.

36
Os principais parâmetros a serem inseridos nas propriedades do reservatório de nível fixo são
o Nível de Água e, caso se pretenda, a Qualidade Inicial para simulações de qualidade da
água.

Reservatórios de Nível Variável

Os reservatórios de nível variável(RNVs) são também nós especiais da rede, possuindo uma
capacidade de armazenamento limitada e podendo o volume de água armazenada variar ao
longo da simulação. Um reservatório de nível variável é caracterizado pelas seguintes
propriedades principais: cota do fundo (onde a altura de água e zero); diâmetro (ou curva de
volume, se a forma não for cilíndrica); altura de água mínima (altura de soleira); altura de
água máxima; altura de água inicial para o cenário a ser simulado; qualidade da água inicial.

Os principais resultados produzidos pela simulação ao longo do tempo são: carga hidráulica
(nível de água) e qualidade da água.

Tubulações

As tubulações são trechos que transportam água entre os vários pontos da rede. O EPANET
considera que o escoamento ocorre sob pressão em todas as tubulações. O escoamento ocorre
dos pontos com carga hidráulica mais elevada (energia interna por unidade de peso de fluido)
para os pontos com carga hidráulica mais baixa.

Os principais parâmetros a serem inseridos nas propriedades das tubulações são: nó inicial e
final; diâmetro; comprimento; coeficiente de rugosidade (para determinar a perda de carga);
estado (aberto, fechado ou contendo uma válvula de retenção).

Como resultados de uma simulação, pode-se obter dentre outras, as seguintes grandezas
relativas às tubulações: vazão; velocidade; perda de carga (por 1000 metros (ou pês) de
tubulação); fator de resistência ou fator de Darcy-Weisbach.

37
A perda de carga hidráulica na tubulação, em consequência do trabalho realizado pelas forças
resistentes, pode ser determinada de acordo com uma das seguintes formulas: Hazen
Williams, Darcy-Weisbach e Chezy-Manning.

A fórmula de Hazen-Williams é uma das mais utilizadas para o cálculo da perda de carga.
Não pode ser utilizada para outros líquidos, além da água, e foi inicialmente desenvolvida
apenas para escoamento turbulento. A fórmula de Darcy-Weisbach e teoricamente a mais
correta. E aplicável a todos os regimes de escoamento e a todos os líquidos. A fórmula de
Chezy-Manning e utilizada usualmente em escoamentos em superfície livre.

Bombas

As bombas são trechos da rede que transferem energia para o escoamento, aumentando a sua
altura manométrica. Os principais dados a serem inseridos no programa, relativos à bomba,
são os nós inicial e final e a curva da bomba (combinação de valores de altura manométrica e
vazão que definem a curva característica). Em vez da curva característica, a bomba pode ser
representada por um parâmetro que forneça um valor constante de energia — horse power
(hp), quilowatt (kW) ao escoamento, para todas as combinações de vazão e altura
manométrica.

Os principais resultados produzidos pela simulação são a vazão bombeada e a altura


manométrica. O escoamento através da bomba é unidirecional.

O EPANET foi concebido para ser uma ferramenta de apoio a análise de sistemas de
distribuição, melhorando o conhecimento sobre o transporte e o destino dos constituintes da
água para consumo humano. Pode ser utilizado em diversas situações onde seja necessário
efetuar simulações de sistemas pressurizados de distribuição. Dentre suas aplicações, pode-se
citar: o estabelecimento de cenários de projeto (p.ex., expansão de uma rede existente), a
calibração de modelos hidráulicos, a análise do decaimento do cloro residual e a avaliação
dos consumos.

38
O EPANET contém um conjunto de ferramentas de cálculo para apoio a simulação
hidráulica, onde se destacam como principais características:

• Dimensão ilimitada do numero de componentes da rede analisada

• Calculo da perda de carga utilizando as formulas de Hazen-Williams, Darcy-


Weisbach ou Chezy-Manning

• Consideração das perdas de carga singulares em curvas, alargamentos, estreitamentos,


etc

• Modelagem de bombas de velocidade constante ou variável

• Cálculo da energia de bombeamento e do respectivo custo

• Modelagem dos principais tipos de válvulas, incluindo válvulas de seccionamento, de


retenção, reguladoras de pressão e de vazão

• Modelagem de reservatórios de armazenamento de nível variável de formas diversas,


através de curvas de volume em função da altura de água

• Múltiplas categorias de consumo nos nós, cada uma com um padrão próprio de
variação no tempo.

• Possibilidade de basear as condições de operação do sistema em controles simples,


dependentes de uma só condição (p.ex., altura de água num reservatório de nível
variável, tempo), ou em controles com condições múltiplas.

39
3.4.3. Interface ArcGIS x Epanet

O mapa da rede de distribuição é disponibilizado pelo SAAE no formato shapefile e sob o


sistema UTM de projeção, podendo assim ser visualizado e manipulado prontamente pelo
software Arcgis.

Existem duas ferramentas gratuitas disponíveis online, que teoricamente auxiliariam essa
conversão de um formato(shapefile) para o outro(INP), e vice versa, denominadas
“shape2EPA” e “EPA2Gis” respectivamente, ambas de autoria da Zonum Tools. Neste
trabalho testou-se ambas, porém apenas a ferramenta “shape2EPA” funcionou, e de forma
satisfatória apenas na representação dos pontos da rede. O traçado da rede(tubulações) foi
convertido de forma desconexa o que impediu o correto funcionamento do modelo. Vale
ressaltar também que nesta conversão apenas o esqueleto da rede é convertido, ou seja, todos
seus atributos(diâmetro, rugosidade) são perdidos, o mesmo ocorre com as ligações que
perdem seus valores de cota e consumo.

Dessa forma, os dados em SIG foram exportados para o modelo de forma manual(editando os
arquivos INP pelo uso do Bloco de Notas). Devido as dificuldades encontradas para
construção de um modelo novo e ao tempo reduzido, optou-se por utilizar um modelo já
pronto da rede, criado por Soares(2009), e apenas atualizá-lo e aprimorá-lo, reabastecendo-o
com dados mais recentes de consumo.

Para transferir os dados de consumo das ligações no ArcGIS para os nós do EPANET,
primeiramente foi necessário transferi-los para o ambiente SIG. Isso foi feito copiando-se as
coordenadas X e Y dos nós do arquivo INP e representando-os espacialmente no ArcGIS. Em
seguida criou-se polígonos de Thiessen para cada nó, ao qual foram somados todos os
consumos das ligações dentro de sua influência. A cota foi extraída do MDE para os nós.
Finalmente, editou-se o arquivo INP original do modelo, populando-o com os novos valores
de consumo e cota encontrado para cada nó.

40
3.4.4 Classificação das tubulações

Outro importante passo para construção do modelo hidráulico é o devido preparo das
informações referentes às tubulações da rede de distribuição a ser simulada. Sendo assim, foi
necessário a correção e acréscimo de novas informações ao banco de dados.

Ao analisar os dados notou-se que haviam inconsistências na nomenclatura utilizada para


descrever o material das tubulações. Assim, haviam tubulações em que a inconsistência
baseia-se apenas na formatação da palavra (“DeFoFo” e “DEFOFO”, “CIMENTO
AMIANTO” e “CA”, entre outros); na existência de um espaço antes do início da palavra(o
que na hora de manipular os dados, tais resultados não eram inclusos); ou mesmo a falta de
informação desse campo. A falta de uma padronização atrapalha e torna mais lento o trabalho
com os dados. Dessa forma, com o auxilio de um técnico experiente do SAAE que conhecia o
sistema tais erros foram consertados. Para a questão da nomenclatura adotou-se o formato
com todas as letras em maiúscula para facilitar posteriores pesquisas ao banco de dados.

Após consertar a nomenclatura das tubulações pôde-se criar um novo campo à Tabela de
Atributos referente à rugosidade dos condutos. O coeficiente adotado foi o de Hazen-
Williams devido a sua praticidade, amplo uso, e facilidade de se encontrar informações na
literatura. Para gerar uma informação mais precisa da rugosidade, porém, foi criado um novo
campo relativo à idade dos mesmos. Para isso, foi utilizada como base a data de instalação
das ligações.

Dessa forma, notou-se que as tubulações de ferro fundido possuíam até 35 anos, sendo
adotado o valor de 30 anos para as mesmas (uma média mais conservadora), a exceção dos
condutos com diâmetros maior ou igual a 200mm - que foram substituídos recentemente na
rede – aos quais adotou-se o valor de 15 anos.

Outro importante fator considerado na adoção do coeficiente de Hazen-Williams(“C”) foi o


diâmetro das tubulações(via de regra, quanto maior diâmetro menor será o coeficicente).
Nesse campo foi também necessário alguns ajustes junto a um técnico, devido algumas
tubulações não possuírem essa informação.

A tabela 7 retirada de Martinez et al.(2009) foi tomada como referência para o cálculo de
“C”:
41
Tabela 7- Valores do coeficiente C para tubos de ferro fundido sem revestimento interno.

As tubulações de PVC(incluísse DeFoFo) possuem naturalmente uma rugosidade muito


menor que as de ferro e a questão da idade não influencia de maneira significativa a
mesma(não enferrujam, não estão expostas à incrustações internas). Assim atribuiu-se para
esses condutos o valor “C” de 145, baseado no intervalo proposto pelo “Manual EPANET 2.0
Brasil”(pág. 37) independente da idade ou diâmetro dos mesmos.

3.4.5. Padrões de Consumo

Para a execução de uma simulação dinâmica (que representa a variação do sistema de


distribuição de água ao longo do tempo em horas) fez-se necessário adotar padrões de
consumo para os diferentes nós.

Os padrões de consumo têm o intuito de representar as variações do consumo-base(média de


consumo) inicialmente definido para os nós ao longo do dia. Assim, ele é composto por
fatores multiplicativos calculados com certo intervalo de tempo entre si(neste trabalho
adotou-se 1 hora), que associados ao consumo-base geram os valores de consumo corrente e
melhor retratam as demandas reais no sistema.

42
Para este trabalho utilizou-se os padrões de consumo já calculados pelo SAAE referentes as
regiões atendidas pelas ETA I e ETAII e as variações de vazão nos próprios reservatórios
anteriormente citados. A Figura 17 ilustra um dos padrões de consumo adotados na
simulação.

o
Figura 17 - Padrão de consumo utilizado nos nós atendidos pela ETAI. Início na meia noite do 1 dia(0)e final à
o
meia-noite do 2 dia(24).

3.4.6. Modificações no modelo original

Diversas modificações foram feitas no modelo inicial de Soares(2009) visando atualizá-lo e


torná-lo mais preciso, sendo as principais resumidas na Tabela 8.

Tabela 8 - Principais modificações feitas ao modelo

Antigo modelo Novo modelo


Número de RNFs 14 Número de RNFs 4
Número de RNVs 2 Número de RNVs 9
Número de bombas 4 Número de bombas 7

Como pode ser observado o número de reservatórios fixos(RNFs) foram reduzidos


expressivamente, considerando reservatórios fixos apenas aqueles de maior dimensão e assim
menor variação de volume na rede(ETAI e ETAII). Foram descartados também três
43
reservatórios que não tinham impacto significativo na rede(três referentes a ETAII que pôde-
se resumir a apenas um reservatório de nível fixo, e outro referente a captação de um poço
artesiano de capacidade muito baixa na região de Nova Viçosa) com o intuito de deixar o
modelo mais leve porém sem prejuízo de sua predição.

Os reservatórios de nível variável(RNVs) adicionados à rede foram: Nova Viçosa Cachimbo,


Belvedere(Agros), Serra Verde, Santo Antônio, Floresta, Santa Clara, João Braz e Ramos. O
RNV de Bom Jesus foi simplificado para um nó na rede por atuar como “caixa de
passagem”(devido as baixas pressões e demanda, não consegue realmente reservar água).

As novas bombas adicionadas ao modelo foram: Belvedere, Serra Verde, João Braz e Santo
Antônio referentes ao bombeamento de água aos respectivos reservatórios de mesmo nome.
As curvas que descrevem o funcionamento da bomba foram geradas automaticamente pelo
programa, ao se inserir os valores de vazão bombeada(L/s) e altura manométrica (metros de
coluna d´água) de cada bomba.

Devido a falta de informações precisas e completas referentes às bombas em funcionamento


da ETAI, inseriu-se apenas um ponto(par de valores) estimado de funcionamento ótimo da
bomba(Figura 18), através do auxílio de um dos funcionários do SAAE que conhecia melhor
o sistema.

Nesses casos em que fornece-se apenas um par de valores de entrada, O EPANET adiciona
automaticamente dois pontos à curva, estabelecendo que a bomba é desligada para uma vazão
nula, correspondente a uma carga que é 133% da carga nominal e que a vazão máxima, para
uma altura manométrica nula, é o dobro da vazão nominal(Figura 18). Deste modo, a curva e
traçada como uma curva com três pontos (Manual EPANET 2010).

44
Figura 18 - Exemplo de uma das curvas de bomba geradas referente à estação elevatória da ETAI. Detalhe do
ponto de funcionamento inserido: vazão de 50l/s(Flow) e altura manométrica de 100 metros(Head)

3.4.7 Calibração do modelo

A calibração do modelo visa ajustar os valores computados aos valores medidos em


campo(condições reais) com auxílio de um aparelho denominado datalogger. O termo
datalogger é genérico e se refere a todos equipamentos eletrônicos que gravam dados ao
longo do tempo relacionado à uma localização, geralmente através de um sensor interno.

O datalogger utilizado pelo SAAE coleta dados periódicos referentes à pressão e/ou vazão
podendo ser instalado em qualquer ramal da rede de distribuição de água(desde torneiras de
algum domicílio em área de interesse, a bombas e macro medidores de saída dos
reservatórios).

O intervalo de coleta de dados de pressão e vazão utilizado pelo SAAE é de 10 em 10


minutos, geralmente durante um período de 7 a 10 dias. Os valores coletados são então
importados para o computador através de um software específico que acompanha o
datalogger, e em seguida, esses dados são esportados para o Excel. O SAAE possui uma

45
planilha de normatização da série de dados do datalogger o que automatiza e agiliza o
proceso.

Este trabalho utilizou-se de pontos já coletados em campanhas anteriores pelo SAAE(2011)


em áreas sensíveis da rede (baixa pressão), e nas saídas das ETAs I(gravidade e pressão) e II.
Com o intuito de obter pontos de calibração mais atuais, foram instalados mais 4 dataloggers
em pontos em que se julgou mais importantes de serem revistos pela equipe técnica do
SAAE, sendo eles: Rua das Estrelas(pressão), Avenida Jacob Lopes(pressão), ETAI
gravidade(vazão) e elevatória ETAI (vazão).

Os dataloggers instalados nas tubulações da ETAI porém apresentaram defeito e dessa forma,
esses dados foram perdidos.

Durante o processo de calibração, foram modificados alguns parâmetros da rede de forma a


tentar aproximar o máximo os resultados gerados pelo modelo com os medidos em campo.
Assim foram modificados certos parâmetros da rede, como: rugosidade das tubulações, e os
padrões de consumo dos nós.

Alguns pontos modelados apresentaram uma pressão maior que a obtida em campo(Figura
19), sendo uma das poucas exceções e diferença mais expressiva o ponto 774(tabela 9). Em
conversa com técnico do SAAE, foi descoberto que tal ponto na realidade deverá ser
novamente analisado em campo visto que o próprio modelo utilizado pela autarquia apresenta
distorção semelhante.

46
Figura 19 - Relatório da calibração de pressão nos pontos da rede. Barras vermelhas representam pressão
simulada e barras hachuradas,medida em campo.

Vale ressaltar que nem sempre se é possível coincidir os valores gerados pelo modelo com os
obtidos na realidade, devido a variáveis que são desconhecidas e assim não computadas, ou
ainda erros de leitura dos próprios datallogers como é o caso do ponto anteriormente citado.

Tabela 9 - Relação pontos de pressão de calibração e bairros onde foram instalados.

Legenda
435 ETA II
1010 ETAI PRESSÃO
357 ETAI GRAVIDADE
2110 ESTRELAS
1333 SILVESTRE
1097 SÃO JOSÉ(LARANJAL)
827 SÃO JOSÉ(LARANJAL)
1329 JOÃO BRAZ(MUNDIAL)
905 NOVA ERA
944 SANTO ANTÔNIO(AGROS)
790 CENTRO
2458 CENTRO
1460 SANTA CLARA
1046 SANTA CLARA
845 FÁTIMA
47
774 FÁTIMA
1176 INÁCIO MARTINS
2252 NOVA VIÇOSA
1114 RESIDENCIAL SILVESTRE
1890 SILVESTRE
179 SILVESTRE
2110 ESTRELAS
1093 SÃO JOSÉ(LARANJAL)

Figura 20 - Gráfico representando calibração no ponto logo após saída da ETAI pressão

3.4.8. Cenários de escassez de água

Além dos cenários propostos de saturação urbana em que buscou-se analisar o impacto do
aumento de demanda de água no sistema, foram também criados cenários de variação da
oferta de água no mesmo.

Nesse sentido, buscou-se criar cenários de escassez de água como os vivenciados por Viçosa
nos últimos anos, especialmente mais recentemente nos anos de 2010 e 2014. O maior
problema nesses períodos de estiagem prolongada como já anteriormente citado, é decorrente
da baixíssima vazão do Ribeirão São Bartolomeu, única fonte de captação de água da UFV e
principal fonte de abastecimento da ETAI(único ponto de captação) e consequentemente da
região central de Viçosa e partes altas abastecidas exclusivamente pela mesma.
48
Assim, foram criados os seguintes cenários:

H1 - Oferta limitada de água pelo Ribeirão São Bartolomeu(50 L/s) - ETA I abastecendo
apenas as partes altas da cidade; interligação entre os sistemas ETA I e ETA II como
atualmente(figura 2);

H2 - Oferta limitada de água pelo Ribeirão São Bartolomeu(30 L/s) - ETA I abastecendo
apenas as partes altas da cidade; interligação entre os sistemas ETA I e ETA II como
atualmente(figura 2);

H3 - Oferta limitada de água pelo Ribeirão São Bartolomeu(50 L/s) - ETA I abastecendo
apenas as partes altas da cidade; construção de uma tubulação virgem de 300mm de diâmetro
conectando a ETAII à tubulação principal de 250mm da ETAI na altura da Prefeitura de
Viçosa.

H4 - Oferta limitada de água pelo Ribeirão São Bartolomeu(30 L/s) - ETA I abastecendo
apenas as partes altas da cidade; construção de uma tubulação virgem de 300mm de diâmetro
conectando a ETAII à tubulação principal de 250mm da ETAI próximo à Prefeitura de
Viçosa.

H5 – Nenhuma captação de água no Ribeirão São Bartolomeu - ETA I abastecendo apenas


as partes altas da cidade; construção de uma tubulação virgem de 300mm de diâmetro
conectando a ETAII à tubulação principal de 250mm da ETAI próximo à Prefeitura de
Viçosa.

H6 – Nenhuma captação de água no Ribeirão São Bartolomeu - ETA I abastecendo apenas


as partes altas da cidade; construção de uma tubulação virgem de 400mm de diâmetro
conectando a ETAII à tubulação principal de 250mm da ETAI próximo à Prefeitura de
Viçosa.

O cenário H1 visou testar a capacidade atual da ETA II em abastecer sozinha a área


normalmente abastecida pela ETAI por gravidade. A ETAI por sua vez, abasteceria as partes
altas com a vazão atualmente considerada suficiente para tal(50L/s).

O cenário H2 aumenta ainda mais a pressão sobre a ETA II, visto que a capacidade da ETAI
estaria aquém ao valor mínimo de vazão necessária para abastecimento das partes

49
altas(50L/s). Dessa forma, a ETAII deveria suprir o déficit de 20 L/s, abastecendo o
reservatório da ETAI através de sua atual interligação(figura 2).

Os cenários H3 e H4, são semelhantes aos cenários H1 e H2, respectivamente, porém visou
testar a possibilidade de se reduzir expressivamente a perda de carga da distribuição da
ETAII até o centro da cidade, ao se criar uma nova tubulação virgem de 300mm que se
conecte a tubulação atual de 250mm da ETAI gravidade próximo à prefeitura.

O cenário H5 visou testar a possibilidade do abastecimento de toda região urbana central de


Viçosa apenas com a água tratada pela ETAII captada do Rio Turvo Sujo. Testou-se assim se
a implementação de uma nova tubulação virgem de 300mm interligando mais diretamente as
duas ETAs e a ETAII e o centro da cidade poderia por si só ser suficiente para manter a
pressão e abastecimento em toda rede.

O cenário H6 visou testar o mesmo cenário de H5 porém considerando uma rede de diâmetro
maior(400mm) a ser construída.

Finalmente, foi simulado a mudança de pressão no sistema(principalmente em relação a


capacidade da ETA II em suprir água ao reservatório da ETAI) considerando a nova
tubulação de 200mm do anel superior em funcionamento. Não foram detectadas mudanças
significativas no modelo e assim tal modificação da rede não foi considerada neste trabalho.

4. Resultados e Discussão
• Cenários de saturação

Tabela 10 - População nos cenários de saturação para cada zona.

50
Tabela 11- População de saturação nas áreas de máxima ocupação do cenário S2

Como pode ser visualizado pela tabela 10 em todos os cenários de saturação a ZR1 seria a de
maior crescimento absoluto, devido a sua grande área e elevado gabarito de edificação
máxima permitido(5). Em termos de crescimento relativo(comparado a população atual) a
ZR3 ocupou posição de destaque, visto que é a de maior área total e atualmente praticamente
desocupada. A ZR4 é a que apresenta o segundo maior crescimento relativo devido também
a sua menor ocupação atual.

Dentre todos os cenários julgou-se que o cenário S1 seria o mais provável devido a ser o que
melhor representa a atual tendência de ocupação territorial urbana e não considera o máximo
de ocupação permitido por lei, o que seria improvável para o município de Viçosa julgando-
se pelo processo de urbanização observado no município (exceto para o caso da ZC) nos
últimos anos.

O resultado do cenário S3 é interessante como forma de visualização do máximo que a


população municipal poderia crescer baseado apenas nos limites impostos pela Lei de Uso e
Ocupação do Solo vigente. Dessa forma esse cenário poderia fornecer uma ideia do quão
permissível é o zoneamento atual da cidade.

Vale ressaltar ainda, que as estimativas dos cenários de saturação propostos levam em conta
apenas o crescimento urbano - e consequentemente populacional - devido a extensão
territorial existente para cada zona(análise puramente espacial), sendo assim uma análise
bastante simplificada de um fenômeno deveras complexo e de difícil estimação que pode
envolver diversos outros fatores. Por outro lado, esses cenários podem também estar
subestimando a ocupação final das atuais áreas livres das zonas, visto que nem sempre os
limites considerados(distância de córregos, declividade máxima, etc.) são respeitados haja
51
visto a configuração predominantemente desordenada do meio urbano atual(ex.: Rebenta
Rabicho e Morro do Cruzeiro com lotes e vias que superam em muito o declive máximo de
40%; edifício Carandiru construído literalmente em cima do Ribeirão São Bartolomeu, dentre
muitos outros...)

Adicionalmente, é importante também relembrar que esses cenários não consideram o fator
tempo na análise, sendo assim um retrato atemporal da saturação urbana que o município
possa vir a sofrer.

Dessa forma, de forma a sanar esse aspecto e oferecer ainda mais um enfoque da saturação
urbana, foram realizadas estimativas intermediárias do crescimento populacional no
município em abrangindo horizontes de 5, 10 e 20 anos no futuro.

Figura 21 - Crescimento do número de ECRs no período de 2009 a 2014. Fonte: SAAE(2014).

A figura 21 demonstra a evolução do número de economias residenciais por mês no período


de 2009 e 2014 de acordo com os dados fornecidos pelo SAAE. Ainda que não houvesse
dados para todos os meses foi possível traçar um reta com um coeficiente de correlação (R2)
relativamente alto que sugere uma tendência de crescimento linear durante esse período.
Multiplicando-se os valores de ECR para cada ano pelo valor estimado de densidade média
obteve-se o resultado expresso na tabela 12.

52
Tabela 12 - População estimada através da equação do crescimento de ECRs

Como se pode perceber a população calculada para o ano de 2035 não atingiu o valor
estimado para o cenário de saturação S1. Pelos resultados obtidos, há um incremento de
aproximadamente 17.000 habitantes a cada 5 anos. Seguindo essa tendência a saturação
urbana proposta por S1 só ocorreria em torno do ano de 2045.

Tabela 13 - Consumo total micromedido de Março de 2014

Como observado pela tabela 13, o consumo micromedido total para Março de 2014 foi de
122L/s. Consideradas as perdas no sistema de aproximadamente 37%(de acordo com
informações fornecidas pelo SAAE), esse valor atinge uma média de aproximadamente
170L/s para o total consumido na cidade(macromedido). Essas perdas foram incorporadas no
modelo multiplicando-se o consumo de todos nós por 1,37.

53
Tabela 14 - Consumo estimado total para as zonas nos cenários de saturação sem considerar perdas no
sistema.

Como observa-se pelos resultados da Tabela 14, os consumos totais estimados estão todos
acima do total produzido atualmente pelo sistema, exceto para o cenário S1 que
aparentemente se encontra próximo do valor máximo que o atual sistema do SAAE pode
produzir sob condições de sobrecarga(aproximadamente 250L/s). O valor da tabela porém
não considera a influência os padrões de consumo e consequentemente picos de consumo no
sistema. Também não foi considerada a fração de perdas. Consideradas as perdas o consumo
total para os três cenários seriam: 334L/2(S1), 487L/s(S2) e 623L/s(S3).

Tabela 15- Consumo futuro na ZPT e ZI em todos cenários.

Dessa forma, conclui-se que em nenhum dos cenários de saturação propostos, a oferta hoje
máxima de água tratada do SAAE seria suficiente. Esse resultado aponta novamente, para a

54
necessidade ímpar de expansão da capacidade de tratamento das ETAII do SAAE e/ou
criação de uma nova ETA como a possibilidade estudada para a região de Maynarte.

• Cenários testados no modelo

Inicialmente tentou-se simular os cenários de saturação urbana no modelo, mas observou-se


que tal simulação não seria possível visto que o aumento de consumo calculado seria
concentrado na rede atualmente existente, sem considerar a expansão da rede no futuro
(construção de novos reservatórios, tubulações, boosters, e assim por diante que serão
necessárias). Assim o modelo ficou sobrecarregado, excessivamente lento e apresentou
resultados que não condizem com a realidade. Portanto, foram considerados apenas os
cenários de escassez de água para o atual cenário de consumo e população urbana. Antes,
porém, a título de comparação, realizou-se uma simulação do cenário atual de oferta,
consumo e funcionamento do sistema:

Figura 22 - Balanço de vazão no sistema atual de distribuição ETAI-ETAII.

Observa-se pela figura 22 como a vazão de consumo no sistema como um todo se modifica
durante o dia, chegando ao máximo de 225L/s em horários de pico. Também é notório como
a vazão produzida é capaz de suportar essas variações graças aos reservatórios presentes no
sistema.

55
Figura 23 - Pressão nos nós da rede em horário de pico(13:00)

Nota-se pela figura 23 que de acordo com a simulação, alguns pontos da rede podem
apresentar baixíssimas pressões, principalmente nas partes altas, em regiões mais elevadas de
Ramos, Santa Clara e Nova Viçosa.

56
Figura 24 - Vazões das tubulações de gravidade e pressão da ETAI.

Observação: valores negativos representam a vazão que sai do reservatório, fornecida ao sistema.

Analisando a figura 24, observa-se como a vazão atual pela ETAI pressão(bombeada pela
estação elevatória) se mantém em torno de 50 L/s que é o valor atualmente esperado. Essa
menor variação se deve ao fato da existência de diversos reservatórios nas partes altas que
abastece. A vazão na ETAI gravidade, apresenta porém uma grande variação entre 22L/s nas
horas de menor consumo(madrugada) a 82L/s nas horas de pico, o que leva a um total de
132L/s para as duas adutora da ETAI( aproximadamente 60% do total).

Figura 25 - Vazões na tubulação da ETAII ao longo do dia

A figura 25 demonstra como a vazão na ETA II chega a valores de 97L/s durante os horários
de pico, próximo aos valores que comumente opera de 90L/s.

57
• Cenário H1

Figura 26- Pressões na rede no cenário H1.

Como observa-se pela figura 26, ao cessar o abastecimento por gravidade da ETAI, grande
parte da área central sofre por falta de pressão(Ramos, Clélia Bernardes, Lourdes,...)
evidenciando a importância que a ETAI ainda possui para o abastecimento central de Viçosa
e como o abastecimento da ETAII apenas não seria ainda suficiente para abastecer toda essa
região.

58
Adicionalmente, nota-se que com uma vazão de 50L/s a ETAI consegue abastecer e manter a
pressão da maior parte das partes altas do sistema(apenas 2 L/s de déficit aparentemente pela
simulação).

• Cenário H2

Figura 27- Pressões na rede no cenário H2.

No cenário H2, observa-se como apenas 30L/s não é o suficiente para manter as pressões em
rede de grande parcela da parte alta da cidade(Santa Clara, Fátima, Betânia,...) soma-se a

59
isso o problema de falta de pressão na região que é abastecida pela ETAI por gravidade
como já observado em H1.

• Cenário H3

Nos cenário H1 e H2 não havia abastecimento do reservatório da ETA I pela ETAII, devido a
grande perda de carga em marcha que há na atual adutora que liga esses reservatórios.

A partir do cenário H3, esse abastecimento já ocorre devido à criação de uma nova tubulação
virgem de 4750 metros(calculado no ArcGis) que faria uma ligação mais direta entre ambas
ETAs. Dessa forma torna-se interessante não apenas analisar se essa nova ligação poderá
suprir as faltas de pressão no centro, mas também se conseguirá manter a carga hidráulica do
reservatório da ETAI(o reservatório “cheio”) ao longo do tempo. Outro fator importante a ser
analisado é a vazão máxima necessária na ETAII para suprir esses eventuais déficits.

Figura 28 - Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H3

Como pode der observado pela figura 28, a carga hidráulica no reservatório da ETAI se
mantém praticamente constante tendo variações de apenas alguns centímetros.

60
Figura 29 - Pressão na rede no terceiro dia do cenário H3.

Como pode-se observar a nova tubulação de 300mm no cenário H3 é capaz de suprir a falta
de pressão na região atendida pela ETAI gravidade e ainda supre o reservatório da ETAI o
bastante para que ele se mantenha cheio e supra as demandas das partes altas. Vale lembrar
que neste cenário a ETAI manteria uma captação de 50L/s do Ribeirão São Bartolomeu.

61
Figura 30- Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H3

Como pode se observar, o cenário H3 demandaria uma vazão máxima de 180L/s da ETAII o
que não seria possível para atual capacidade da mesma, visto que no máximo, quando muito
sobrecarregada é de 150L/s. Assim seria necessária a expansão da atual capacidade de
tratamento da ETAII para que esse cenário fosse sustentável.

• Cenário H4

Figura 31 - Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H4

Nota-se pela figura 31 que a carga hidráulica não se mantém no reservatório da ETAI,
decrescendo vagarosamente ao longo dos dias. Esse gráfico demonstra a incapacidade da
tubulação de 300mm virgem em manter o nível do reservatório da ETAI estável se esta
62
estação captasse apenas 30L/s do Ribeirão São Bartolomeu. Assim fica evidente que tal
cenário não seria sustentável e que as partes altas da cidade abastecidas pela ETAI gravidade
sofreriam falta de abastecimento.

Figura 32- Pressão na rede no terceiro dia do cenário H4.

A figura 32 apenas confirma o já anteriormente dito. Oberva-se como grande parte das partes
alta atendidas pela ETAI ficariam desabastecidas no cenário H4. Esse desabastecimento do
reservatório ocorreria em torno de semanas.

63
Figura 33 - Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H3

A vazão na ETAII chega ao máximo de 188L/s o que não difere significativamente do H3. A
maior diferença ocorre porém nos horários de menor consumo em que a ETAII precisa ainda
suprir o sistema com aproximadamente 140L/s, 20L/s a mais que no cenário H3.

• Cenário H5

Como nos cenário anteriores já não foi possível manter o suprimento das partes altas pela
ETAI, é de se esperar que no cenário H5, em que não há captação alguma no São
Bartolomeu, a situação se agrave ainda mais.

Figura 34 - Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H5

64
Como esperado, o reservatório da ETAI neste cenário se esvazia ainda mais rapidamente que
no cenário H4.

Figura 35 - Pressão na rede no terceiro dia do cenário H5.

Como pode ser observado na figura 35, há falta de pressão em rede em toda parte alta
abastecida pela ETAI neste cenário, à exceção das partes mais baixas de Nova Viçosa.

65
Figura 36- Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H5

Nota-se que no cenário H5 aumenta-se ainda mais a pressão sobre a ETAII que passa a
fornecer 190L/s ao sistema(2L/s a mais que no cenário anterior).

• Cenário H6

Figura 37- Carga hidráulica no reservatório da ETAI ao longo de 3 dias no cenário H6

A figura 37 demonstra como a tubulação virgem de 400mm permitiria o abastecimento da


ETAI apenas pela ETAII, mantendo o seu nível estável( variação de menos de 1 metro de
coluna d´água).
66
Figura 38 - Pressão na rede no terceiro dia do cenário H6.

A pressão na rede se manteria estável com a tubulação nova de 400mm, demonstrando como
através dessa modificação na rede, a ETAII por si só poderia abastecer toda a cidade e manter
a pressão estável ao longo de toda rede.

67
Figura 39 - Demanda no reservatório da ETAII ao longo de 3 dias no cenário H5

A figura 39 demonstra como no cenário H6 a ETAII necessitaria produzir em torno de 215L/s


para poder suprir toda a cidade nas horas de pico.

Conclui-se ao analisar o resultado de todos os cenários que os únicos que podem ser
considerados sustentáveis são os cenários H3 e H6. Ambos apontam para a necessidade de
ampliação da capacidade de produção da ETAII. Como anteriormente citado, o SAAE já se
encontra em vias de realizar a expansão desse sistema para o tratamento de até 200L/s o que
seria suficiente para suprir a cidade em ambos cenários de escassez, caso a ETAII trabalhe
com certa sobrecarga ou se construa novos reservatórios, visto que em horário de pico de
consumo a ETAII precisaria suprir 215L/s ao sistema(cenário H6) . Vale lembrar porém que
o cenário H3 ainda conta com a necessidade de captação de 50L/s no Ribeirão São
Bartolomeu, o que é incerto e um risco a julgar pelas tendência decrescente de vazão do
mesmo nos últimos anos e a frequência cada vez mais frequente de períodos de estiagem.
Também não pode-se esquecer que o Ribeirão São Bartolomeu é a única fonte de captação
atual da UFV, sendo dessa forma dependente exclusivamente desse corpo hídrico para
manutenção de seus sistema próprio de distribuição e assim abastecimento de todo campus.

Sendo um dos maiores polos de atração da cidade, e essencial para a dinâmica da cidade de
vocação especialmente acadêmica é imprescindível que a UFV não sofra de
68
desabastecimento. Como mencionado anteriormente, atualmente a captação é em torno de 15-
20L/s, sendo buscado um aumento da outorga vigente para 30L/s de forma a suprir as
expansões que vem ocorrido na mesma.

Levando-se em conta esses fatores os resultados apontam que a melhor solução seria a
construção de uma nova tubulação com diâmetro de 400mm e a continuidade do processo de
expansão de produção da ETAII. Dessa forma poderia se diminuir fortemente a pressão sobre
o Ribeirão São Bartolomeu o que asseguraria a sustentabilidade do sistema de distribuição de
água para um futuro próximo e daria possibilidade de recuperação desse importante e icônico
curso d´água para a cidade.

5. Considerações finais

O exercício de estimativas e predições realizado no presente trabalho foi concebido através


de uma abordagem simplificada da realidade e está sujeito, como qualquer outro deste tipo de
complexidade, a erros. Tais erros podem ocorrer devido à generalizações tomadas no
processo decorrentes de limitações de tempo e recursos, de variáveis desconhecidas ou não
computadas e inclusive do banco de dados disponível e a forma como o mesmo e analisado e
manipulado.

O presente estudo teve como principal objetivo fornecer uma visão geral do sistema de
abastecimento de água do município, testando suas fraquezas e sensibilidade, de forma a
prover informações que possam melhor direcionar os esforços de planejamento da
cidade(personificado aqui, pelo Plano Diretor). Por fim, dessa forma, buscou-se demonstrar
medidas que possam concorres para a sustentabilidade desse mesmo sistema que é peça
fundamental para sobrevivência de qualquer cidade.

Finalmente, ressalta-se que esse estudo não se trata e nem ambiciona ser tratado como um
produto final devido entre outros fatores as limitações anteriormente expostas. Ele, porém
pode ser utilizado como fonte para novas pesquisas mais aprofundadas desse tão rico tema.
Caso ele contribua para enriquecer e fomentar o conhecimento e discussão sobre a cidade e
eventualmente contribuir para sua sustentabilidade, terá atingido seu objetivo.

69
6. Referências
BRASIL. Agência Nacional de Águas. Atlas Abastecimento Urbano de Água. Disponível
em http://atlas.ana.gov.br/atlas/forms/Home.aspx

BRASIL. Lei nº. 6766 de 19 de Dezembro de 1979. Dispõe sobre o Parcelamento do Solo
Urbano e dá outras Providências. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LeIs/L6766.

BRASIL. Lei N0 11.445 de 5 de janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o


saneamento básico. Brasília: Diário Oficial da União, 8.1.2007

BASTOS, R. K. X; CORREA, J. L. P.; BORGES, S. Estudos de concepção de sistemas de


esgotos sanitários. A experiência da elaboração de planos diretores em municípios de
pequeno porte. In: ASSEMBLÉIA NACIONAL DA ASSEMAE, 24., Brasília , DF, 1997.
Anais... Jaboticabal: ASSEMAE, 1997. P. 161-170.

BASTOS, R. K. X.; FRAGASSI, P. F. M.; FERRERIRA JÚNIOR, S. S.; CORREA, J. L. P.;


BORGES, S. Da rotina ao planejamento. A necessidade de uma abordagem mais ampla no
gerenciamento de informações nos serviços de saneamento. In: ASSEMBLÉIA NACIONAL
DA ASSEMAE, 26., Vitória, ES, 1998. Anais... Jaboticabal: ASSEMAE, 1998. P. 419-431.

BEZERRA, N. R. Aplicação de Redes Bayesianas na Identificação de Perigos em


Sistemas de Abastecimento de Água Para Consumo Humano: Estudo de Caso no
Município de Viçosa Minas Gerais. Minas Gerais: Viçosa, 2010

CAPELETE, B. C.; PIMENTA, J. F. P. Previsão da demanda de água na área urbana:


contribuições à atualização do Plano Diretor de Esgotos de Viçosa-MG. Minas Gerais:
Viçosa, 2008.

DIAS, S. S. Os usos da água, urbanização e conflitos ambientais em Viçosa-MG:


reflexões acerca das discussões realizadas no processo de elaboração do Plano Municipal de
Saneamento Básico de Viçosa-MG. Minas Gerais: Viçosa, 2010.

DORCA, C.; JUNIOR, E.; ANDARADE, J. Aspectos da Implantação de um SIG em


Pequenos e Médios Abastecimentos de Água. São Paulo: Campinas.

EPANET. Manual do Usuário. Disponível em:


http://www.lenhs.ct.ufpb.br/html/downloads/epanet/manual_do_epanet_brasil.pdf Acesso em:
16 de Outubro, 2014.

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. População


residente, total, urbana total e urbana na sede municipal, em números absolutos e
relativos, com indicação da área total e densidade demográfica, segundo os municípios -
Minas Gerais – 2010.
70
MELLO, F. Análise do Processo de Formação da Paisagem Urbana do Município de
Viçosa, Minas Gerais. Minas Gerais: Viçosa, 2002

PIMENTA, J. F. P. Caracterização do Consumo Residencial de Água na Área Urbana de


Viçosa-Mg. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) - Departamento de Ciências Exatas,
Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2011.

PINHEIRO, S. C. Lotes vagos em Viçosa – MG: repercussões legais, ambientais e


econômicas no quotidiano da população e nas ações do poder público. Minas Gerais: Viçosa,
2004.

PINTO, S.; JUNIOR, J. Utilização do Sistema de Informação Geográfica no Sistema de


Abastecimento de Água (SAAE) do Munícipio de Viçosa – MG. Minas Gerais: Viçosa.

RODRIGUES, N. M.; FARIA, A. L. L. Utilização De Ferramentas SIG Na Área Urbana:


Ocupação Ilegal De Um Trecho Do Ribeirão São Bartolomeu – Viçosa (MG). Minas Gerais:
Viçosa, 2009.

SELVA, R. V.; PEREIRA, P. C. B.; BORTOLÁS, R. Modelagem Hidráulica do Sistema


de Abastecimento de Água de São Gabriel Do Oeste / MS – Brasil. Mato Grosso: Campo
Grande.

SOARES, E. G. S. Uso De Sistemas De Informações Geográficas Para O Mapeamento De


Riscos Em Redes De Distribuição De Água Para Consumo Humano: Estudo De Caso No
Município De Viçosa. MG: Viçosa, 2009.

TIBÚRCIO, E.; CASTRO, M. Uma Implementação em SIG para Suporte ao


Dimensionamento Hidráulico em Sistemas de Fornecimento de Água. Xvii Simpósio
Brasileiro De Recursos Hídricos. São Paulo, 2007.

VIÇOSA. CENSUS. Retrato Social de Viçosa V. Viçosa – MG. Fevereiro, 2014. Disponível em:
http://www.censusvicosa.com.br/?pg=publicacoes. Acesso em: 4 de Outubro, 2014.

VIÇOSA. Lei nº. 1.383 de 16 de maio de 2000. Institui o Plano Diretor de Viçosa. Viçosa-
MG, 25 de maio de 2000. Disponível em: < http://www.vicosa.mg.leg.br/legislacao/leis-
municipais/2000/LEI%20Nb0%201.383.pdf>. Acesso em: 4 de Outubro, 2014.

VIÇOSA. Lei nº. 1.420 de 05 de dezembro de 2000. Institui a Lei de Ocupação, Uso do
Solo e Zoneamento do Município de Viçosa. Viçosa-MG, 21 de dezembro de 2000.
Disponível em: < http://www.vicosa.mg.leg.br/legislacao/leis-
municipais/2000/LEI%20Nb0%201.420.pdf/view>. Acesso em: 4 de Outubro, 2014.

VIÇOSA. Lei nº. 2.219 de 20 de março de 2012. Altera o anexo V da Lei nº 1.420/2000 e
da outras providências. Viçosa-MG, 21 de dezembro de 2000. Disponível em:
<http://www.vicosa.mg.leg.br/legislacao/leis-
municipais/2012/LEI%20No%202219.pdf/view>. Acesso em: 4 de Outubro, 2014.
71
72

You might also like