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“MONITORAMENTO AMBIENTAL DOS CORPOS D´ÁGUA DO MUNICÍPIO DE


MOGI MIRIM - SP”

Gustavo Henrique Assis Borim

Limeira - SP
2009
ii

“MONITORAMENTO AMBIENTAL DOS CORPOS D´ÁGUA DO MUNICÍPIO DE


MOGI MIRIM - SP”

Gustavo Henrique Assis Borim


Orientador: Prof. Adilson José Rossini

TGI apresentado a Faculdade de


Tecnologia – FT, como requisito de
conclusão do Curso de Tecnologia em
Saneamento Ambiental,
Modalidade Controle Ambiental.

Limeira - SP
2009
iii

FOLHA DE APROVAÇÃO

Trabalho de Monografia do aluno Gustavo Henrique Assis Borim, apresentado à

Faculdade de Tecnologia – FT, da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP

em 01/12/2009 e aprovado pela Banca Examinadora composta pelos professores: .

________________________________________________________
Prof. Adilson José Rossini

________________________________________________________
Profª Ângela Maria Aparecida Albino

________________________________________________________
Profª Drª Lubienska Cristina Lucas Jaquiê Ribeiro
iv

À Pati,
Pelo incentivo, apoio
e paciência.
v

AGRADECIMENTOS

À minha família, que sempre esteve ao meu lado;

Ao meu orientador, Adilson José Rossini e às professoras Ângela e

Lubienska, que aceitaram participar de minha banca;

Aos demais professores e amigos da Unicamp, que sempre apoiaram a

concepção deste trabalho;

Ao Serviço Autônomo de Água e Esgotos de Mogi Mirim (SAAE) e a

Prefeitura Municipal de Mogi Mirim, bem como a todos os amigos destes órgãos;

Todos os demais que, direto ou indiretamente colaboraram para a

concretização deste trabalho.


vi

Torna-te aquilo que és.


Friedrich Nietzsche
vii

SUMÁRIO

Resumo.................................................................................................... xv

1. Introdução................................................................................................ 01

2. Objetivo.................................................................................................... 02

3. Revisão bibliográfica.............................................................................. 03

4. Materiais e métodos................................................................................ 19

5. Resultados e discussão.......................................................................... 68

6. Medidas mitigadoras............................................................................... 96

7. Conclusão................................................................................................ 100

8. Referências bibliográficas...................................................................... 101


viii

ÍNDICE
1. Introdução 01
2. Objetivo 02
3. Revisão bibliográfica 03
3.1. Qualidade das Águas 03
3.2. Poluição da águas por esgotos – Autodepuração 04
3.3. Efeitos da poluição das águas 05
3.4. Monitoramento Ambiental 05
3.5. Índices de Qualidade das Águas 06
3.6. Significado sanitário/ambiental dos parâmetros do IQA 10
3.6.1. Coliformes fecais 10
3.6.2. pH 10
3.6.3. Demanda Bioquímica de Oxigênio 11
3.6.4. Nitrogênio Total 12
3.6.5. Fósforo Total 14
3.6.6. Temperatura 15
3.6.7. Turbidez 15
3.6.8. Resíduo Total 16
3.6.9. Oxigênio Dissolvido 17
4. Materiais e métodos 19
4.1. Levantamento do caso específico 19
4.1.1. Breve histórico do município 19
4.1.2. Os usos do solo 20
4.1.3. A estrutura urbana e fragilidades ambientais 22
4.2. Divisão das sub-bacias hidrográficas 23
4.3. Caracterização das sub-bacias hidrográficas 25
4.3.1. Sub-bacia do Bela Vista 25
4.3.2. Sub-bacia do Lavapés 28
4.3.3. Sub-bacia do Toledo 31
4.3.4. Sub-bacia do Santo Antonio 34
4.3.5. Sub-bacia do Bairrinho 38
4.3.6. Bacia do rio Mogi Mirim 42
4.4. Definição da campanha de amostragem 46
ix

4.4.1. Índice de Qualidade das Águas – IQA 46


4.4.1.1. Resumo 48
4.4.1.2. Sub-bacia do Bela Vista 50
4.4.1.3. Sub-bacia do Lavapés 51
4.4.1.4. Sub-bacia do Toledo 55
4.4.1.5. Sub-bacia do Santo Antonio 56
4.4.1.6. Sub-bacia do Bairrinho 58
4.4.1.7. Bacia do rio Mogi Mirim 59
4.4.2. Caracterização Bacteriológica 63
4.5. Descrição das atividades de campo 67
5. Resultados e Discussão 68
5.1. Resultados 68
5.1.1. IQA 68
5.1.1.1. Resumo 68
5.1.1.2. Sub-bacia do Bela Vista 69
5.1.1.3. Sub-bacia do Lavapés 70
5.1.1.4. Sub-bacia do Toledo 73
5.1.1.5. Sub-bacia do Santo Antonio 74
5.1.1.6. Sub-bacia do Bairrinho 75
5.1.1.7. Bacia do rio Mogi Mirim 76
5.1.2. Caracterização Bacteriológica 79
5.2. Discussão do Nexo-Causal 80
5.2.1. IQA 80
5.2.1.1. Sub-bacia do Bela Vista 80
5.2.1.2. Sub-bacia do Lavapés 82
5.2.1.3. Sub-bacia do Toledo 84
5.2.1.4. Sub-bacia do Santo Antonio 86
5.2.1.5. Sub-bacia do Bairrinho 88
5.2.1.6. Bacia do rio Mogi Mirim 89
5.2.2. Caracterização Bacteriológica 93
6. Medidas mitigadoras 96
6.1. Concessão dos serviços de tratamento de esgotos 96
6.2. Desassoreamento da calha do rio Mogi Mirim 97
x

6.3. Construção do coletor tronco de esgotos Bela Vista 98


6.4. Concepção de projeto de coletores tronco de esgotos 98
6.5. Concepção de projeto para tratamento da fase sólida dos 99
resíduos provenientes do processo de tratamento d´água
6.6. Programa Caça-Esgotos 99
7. Conclusão 100
8. Referências Bibliográficas 101
xi

LISTA DE FIGURAS
FIGURA 01: Curvas Médias de Variação de Qualidade das Águas. 9
FIGURA 02: Zoneamento da bacia do rio Mogi Mirim. 24
FIGURA 03: Córrego Bela Vista, após passagem pelo horto florestal, sem 25
respeito ou proteção à sua APP.
FIGURA 04: Galeria de águas pluviais que recebe carga de esgotos da rua 26
Caetano Schincariol e flui ao córrego Bela Vista.
FIGURA 05: Rua Caetano Schincariol, Distrito Industrial I 26
FIGURA 06 e 07: Solo nu às margens do córrego Bela Vista, podendo assim ser 26
carreado por chuvas ao corpo hídrico, aumentando sua turbidez e assoreando-o.
FIGURA 08: Sub-bacia do córrego Bela Vista. 27
FIGURA 09: Vista superior de parte do Complexo Lavapés 29
FIGURA 10: Lago eutrofisado devido ao crescimento algal 29
FIGURA 11: Junção dos córregos Parque Industrial e Maria Beatriz, sendo que 29
o segundo apresenta alta turbidez devido a episódio envolvendo vazamento de
esgotos doméstico para o córrego
FIGURA 12: Vertedouro do lago Lavapés apresentando formação de espumas, 29
podendo ser ocasionada devido à alta concentração de matéria orgânica
(Nitrogênio e Fósforo)
FIGURA 13: Sub-bacia do córrego Lavapés 30
FIGURA 14: Nascente do córrego, assim que ele deixa de ser canalizado, 31
perfazendo um canal livre.
FIGURA 15: Situação do canal, logo após a saída da galeria de águas pluviais. 31
FIGURA 16: Situação da degradação ambiental do corpo hídrico. 32
FIGURA 17: Sub-bacia do córrego Toledo 33
FIGURA 18: Travessia de esgotos e dispositivo tipo comporta utilizado para 35
descarregar esgotos no córrego Santo Antonio quando a rede encontra-se
sobrecarregada.
FIGURA 19 e 20: Vista da área da Voçoroca qual encontra-se instabilizada e 35
vista de área já estabilizada com vegetação definida
FIGURA 21 e 22: Localização de possíveis pontos de lançamento de esgotos no 36
córrego Santo Antonio através do despejo no sistema de drenagem.
FIGURA 23: Fundo do curso d´água com material de aspecto pegajoso, 36
característico de gorduras presentes nos esgotos.
FIGURA 24 e 25: Pontos lançamento de águas pluviais possivelmente 36
contaminados com esgotos devido a formação de espumas, coloração e odor
xii

FIGURA 26: Sub-bacia do córrego Santo Antonio 37


FIGURA 27: Vegetação definida entre as avenidas Nadib Chaib 38
FIGURA 28: Vista superior da pedreira Degrava. 38
FIGURAS 29 e 30: Vista inferior da pedreira Degrava. 39
FIGURAS 31 e 32: Detalhes da pedreira, ressaltando seu lago. 39
FIGURAS 33 e 34: Detalhes da jazida de extração irregular de solo 39
FIGURAS 35 e 36: Detalhes do aterro de inertes já encerrado 40
FIGURA 37: Canal que conduz águas residuárias do processo de tratamento 40
d´água para o córrego Bairrinho
FIGURA 38: Lago do córrego Bairrinho qual recebe águas residuárias da ETA I. 40
FIGURA 39: Sub-bacia do córrego Bairrinho 41
FIGURA 40: Vista do rio Mogi Mirim, antes do Ponto de Monitoramento 42
Ambiental 03
FIGURA 41: Vista do Parque das Laranjeiras 42
FIGURAS 42 e 43: Detalhes de impacto ambiental devido à exploração mineral. 43
FIGURA 44: Área do rio Mogi Mirim inundada com ausência de vegetação ciliar. 43
FIGURA 45: Criação de animais e estocagem de recicláveis as margens do rio 43
Mogi Mirim.
FIGURA 46 e 47: Esgotos sendo lançados a céu aberto, atingindo o rio Mogi 43
Mirim.
FIGURA 48 e 49: Ruas sem pavimentação e área precária de infra-estrutura 44
urbana
FIGURA 50: Vista de um dos acessos ao loteamento. 44
FIGURA 51: Bacia hidrográfica do rio Mogi Mirim 45
FIGURA 52: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 05. 50
FIGURA 53: Ponto de Monitoramento Ambiental 05. 50
FIGURA 54: Detalhes do Ponto de Monitoramento Ambiental 05. 50
FIGURA 55: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 02 – Junção 52
dos córregos Maria Beatriz e Parque Industrial, formando o córrego Lavapés
FIGURA 56: Ponto de Monitoramento Ambiental 02. 52
FIGURA 57: Detalhe do Ponto de Monitoramento Ambiental 52
FIGURA 58: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 01 – Lago 53
Lavapés
FIGURA 59: Ponto de Monitoramento Ambiental 01. 53
FIGURA 60: Detalhe do Ponto de Monitoramento Ambiental 53
FIGURA 61: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 06 – Ao fim do 54
xiii

córrego Lavapés
FIGURA 62: Ponto de Monitoramento Ambiental 06. 54
FIGURA 63: Detalhe do Ponto de Monitoramento Ambiental. 54
FIGURA 64: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 07 – Jusante do 55
córrego do Toledo
FIGURA 65: Ponto de Monitoramento Ambiental 07. 55
FIGURA 66: Detalhe do Ponto de Monitoramento Ambiental 55
FIGURA 67: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 08 – Trecho 57
final do córrego Santo Antonio.
FIGURA 68: Ponto de Monitoramento Ambiental 08. 57
FIGURA 69: Detalhe Ponto de monitoramento Ambiental. 57
FIGURA 70: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 09 – Trecho 58
final do córrego Bairrinho
FIGURA 71: Ponto de Monitoramento Ambiental 09. 58
FIGURA 72: Detalhe do Ponto de Monitoramento Ambiental. 58
FIGURA 73: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 03 – Montante 60
do rio Mogi Mirim em sua área urbana
FIGURA 74: Vista do Ponto de Monitoramento Ambiental 60
FIGURA 75: Detalhes do Ponto de Monitoramento Ambiental 60
FIGURA 76: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 10 – Trecho 61
médio do rio Mogi Mirim
FIGURA 77: Ponto de Monitoramento Ambiental 10. 61
FIGURA 78: Detalhe do Ponto de Monitoramento Ambiental 10. 61
FIGURA 79: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 11 – Trecho 62
final do rio Mogi Mirim em sua área urbana.
FIGURA 80: Ponto de Monitoramento Ambiental 11. 62
FIGURA 81: Detalhe Ponto de Monitoramento Ambiental 11. 62
FIGURA 82: Pontos de amostragem para os padrões Coli e E.Coli 64
FIGURAS 83 e 84: Identificação de esgotos domésticos sendo lançados no 67
sistema de águas pluviais e, conseqüentemente, nos corpos hídricos através do
teste com corantes nos esgotos.
FIGURA 85: Gráfico de evolução do IQA na sub-bacia do Bela Vista. 81
FIGURA 86: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão 82
FIGURA 87: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão. 84
FIGURA 88: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão. 86
FIGURA 89: Travessia de esgotos sobre o córrego Santo Antonio rompida 87
xiv

sofrendo conserto e a carga de esgotos sendo lançada no córrego.


FIGURA 90: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão 88
FIGURA 91: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão. 89
FIGURA 92: Gráfico de variação dos parâmetros quais compõem o IQA para a 90
sub-bacia em questão.
FIGURA 93: Estação Elevatória de esgotos 90
FIGURA 94: Vestígios de extravasamento de esgotos. 90
FIGURA 95: Gráfico de variação dos parâmetros quais compõem o IQA para a 91
sub-bacia em questão.
FIGURA 96: Gráfico de variação dos parâmetros quais compõem o IQA para a 92
sub-bacia em questão.
FIGURA 97: Gráfico da quantificação de coliformes totais na sub-bacia do 93
Lavapés
FIGURA 98: Gráfico de quantificação de coliformes termo-tolerantes na sub- 93
bacia do Lavapés.
FIGURA 99: Índice pluviométrico de 2009. 94
FIGURA 100: Galeria de águas pluviais estravasor de águas do Lago II do 95
Complexo Lavapés onde foi identificado pico de E.Coli e vazamento de esgotos
do sistema de afastamento de esgotos do SAAE.
FIGURA 101: Local de identificação de vazamento de esgotos no sistema de 95
drenagem urbana já sanado.
FIGURA 102: Processo de desassoreamento 97
FIGURA 103: Resíduos dragados da calha do rio Mogi Mirim 97
xv

LISTA DE TABELAS

TABELA 01: Classificação do IQA. 10


TABELA 02: Descrição dos padrões utilizados para o cálculo do IQA. 47
TABELA 03: Resumo dos pontos de monitoramento ambiental. 48
TABELA 04: Relação de parâmetros e freqüência de coleta para os pontos de 49
monitoramento ambiental.
TABELA 05: Descrição dos pontos de amostragem para caracterização 65
bacteriológica.
TABELA 06: Parâmetros e freqüência utilizados na caracterização 66
bacteriológica. Fonte:
TABELA 07: Resumo da classificação do IQA, desde o trecho inicial até o 68
trecho final da bacia hidrográfica do rio Mogi Mirim em sua área urbana.
TABELA 08: Identificação da Classe do IQA segundo normas da CETESB. 68
TABELA 09: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 05. 69
TABELA 10: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 02. 70
TABELA 11: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 01. 71
TABELA 12: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 06. 72
TABELA 13: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 07. 73
TABELA 14: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 08. 74
TABELA 15: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 09. 75
TABELA 16: Resultados de IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 03. 76
TABELA 17: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 10. 77
TABELA 18: Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 11. 78
TABELA 19: Caracterização de coliformes totais e termotolerantes na sub- 79
bacia do Lavapés. Partindo do trecho inicial da sub-bacia do Lavapés até o seu
trecho final.
xvi

RESUMO

Os cursos hídricos foram e são fundamentais para o desenvolvimento das


atividades humanas. Além de vários usos, também são utilizados como forma de
destino final de despejos domésticos e industriais de esgotos, tratados ou não. Mogi
Mirim, município da região metropolitana de Campinas, SP, possui um rio principal, o
qual dá nome à cidade. O rio Mogi Mirim nasce em área rural do município, passa
pela área urbana e desemboca no rio Mogi Guaçu. Possui diversos afluentes, tanto
em sua área urbana quanto rural, sendo que muitos, juntamente com o próprio rio
Mogi Mirim, sofrem pressões antrópicas, as quais deterioram a qualidade de suas
águas. Assim, este estudo visa o monitoramento ambiental do rio Mogi Mirim e de
seus principais afluentes na área urbana, a fim de diagnosticar a qualidade destes
corpos hídricos, tendo como ferramenta o Índice de Qualidade das Águas (IQA),
desenvolvido pela Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (CETESB), e
levantar quais são as possíveis fontes de deterioração da qualidade.
1

1. INTRODUÇÃO

O recurso hídrico, isto é, a água sob o ponto de vista econômico, dotada de


características favoráveis ao consumo humano, ou simplesmente a água doce no
mundo, representa 2,5% do total do volume estocado nos principais reservatórios
hídricos do planeta Terra. Destes, 0,3% representam os rios e lagos e 29,9% a água
doce subterrânea (REBOUÇAS, 2002).
O tratamento de esgotos se faz fundamental para a proteção da saúde pública e
a preservação do meio ambiente. A sua falta pode levar à contaminação dos corpos
d´água, causando o seu escurecimento e o aparecimento de odores desagradáveis,
tornando-se, assim, imprópria a água para o consumo e diversos outros usos
(FONSECA, 2005).
O Agravamento da crise ambiental é marcante nas grandes cidades brasileiras,
onde a poluição das águas transparece como um sinal da incapacidade de
enfrentamento dos problemas de uso e ocupação do solo, e da ausência de infra-
estrutura urbana de saneamento, agravada nas periferias das cidades, onde a
conservação dos mananciais hídricos e os remanescentes de ecossistemas naturais
são impactados pelo crescimento urbano sem planejamento, em áreas desvalorizadas
para o não-uso e que acabam, de fato, sendo o único estoque de áreas destinados ao
uso dos mais pobres, face à total ausência de políticas públicas (PHILIPPI, 2005).
Neste contexto, a proposta deste estudo tem como foco realizar um diagnóstico
dos recursos hídricos no município de Mogi Mirim, SP, a fim de colaborar com o
planejamento nas tomadas de decisões para a conservação e preservação dos
mesmos, tendo em vista o desenvolvimento sustentável.
2

2. OBJETIVO

Diagnóstico da qualidade dos principais corpos hídricos do município de Mogi


Mirim, em área urbana, baseado no monitoramento ambiental, levantando as suas
possíveis fontes de contaminação.
3

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1. Qualidade das águas


A expressão qualidade ambiental pode ser conceituada como um juízo de valor
atribuído ao atual quadro do meio ambiente ou às suas condições. A qualidade do
ambiente refere-se ao resultado dos processos dinâmicos e interativos dos
componentes físicos, bióticos, sociais e econômicos do sistema ambiental. Define-se,
portanto, qualidade do ambiente como o estado do meio ambiente em uma
determinada área ou região, como é percebido objetivamente em função da medição
de qualidade de alguns de seus componentes e, mesmo subjetivamente, em relação a
determinados atributos, como a beleza da paisagem, o conforto, o bem-estar
(PHILIPPI, 2005).
A avaliação da qualidade da águas envolve estudos e pesquisas que visam
determinar os padrões de qualidade para uso humano dos diferentes sistemas hídricos
e as interferências humanas sobre esses padrões, por meio, por exemplo, de
contaminação. O tema evoca estudos relacionados ao abastecimento e esgotamento
de cidades, vilas e povoados e outros usos da água onde a influência humana interfere
sobre a quantidade e qualidade do recurso água. Os fatores físicos, químico e
biológicos da água fornecem importantes subsídios à tipologia dos principais cursos
d´água, sua produtividade e, aliados aos dados do regime de cheias, podem indicar
potencialidades e vulnerabilidade dos sistemas hídricos e das populações locais,
notadamente, relacionadas à saúde e à qualidade de vida (REBOUÇAS, 2002).
O gerenciamento de qualidade da água exige que sejam estabelecidas formas
de acompanhamento da variação de indicadores da qualidade da água, permitindo
avaliar as condições de poluição e alteração de um corpo hídrico. Para que este
controle seja exeqüível deve ser definido um conjunto de parâmetros significativos que
atendam a um objetivo estipulado. Por exemplo, se o corpo hídrico estiver destinado ao
abastecimento urbano, o conjunto de parâmetros de qualidade de água deverá incluir
todos aqueles que indiquem alterações na água prejudiciais ao organismo humano
(PORTO, 1991).
As características das principais impurezas encontradas na água são:
4

• Características físicas: estão associadas, em sua maior parte, à presença de


sólidos na água. Esses sólidos podem ser maiores, estar suspensos ou
dissolvidos (sólidos de pequenas dimensões).
• Características químicas: podem ser interpretadas como matéria orgânica
(principalmente matéria em decomposição) e inorgânica (mineral).
• Características biológicas: seres presentes na água que podem estar vivos ou
mortos. Dentre os seres vivos, têm-se os pertencentes aos reinos animal,
vegetal e os protistas (organismos microscópicos como as bactérias, os vírus e
as algas) (Barros, 1995).
O aumento da urbanização e o uso de produtos químicos na agricultura e no
ambiente em geral fazem com que a água utilizada nas cidades, indústrias e agricultura
retorne aos rios contaminada. A expansão urbana sem visão ambiental deteriora os
mananciais e reduz a cobertura de água potável para a população, ou seja, a escassez
qualitativa de água (PHILIPPI, 2005).

3.2. Poluição das águas por esgotos – Autodepuração


Durante séculos a água foi considerada um bem público de quantidade infinita, à
disposição do homem por se tratar de um recurso natural auto-sustentável pela sua
capacidade de auto-depuração. Porém, o crescimento das cidades aumentou de tal
forma que a quantidade de esgotos lançados nos córregos, rios, represas e lagos
próximos às aglomerações, que a capacidade de auto-depuração desses corpos
receptores foi superada pela carga poluidora dos efluentes (PHILIPPI, 2005).
Poluição das águas pode ser definida como “a adição de substâncias ou de
formas de energia que, diretamente ou indiretamente, alterem a natureza do corpo
d´água de uma maneira tal que prejudique os legítimos usos que dele são feitos” (Von
Sperling 1996ª, p.46, citado por PHILIPPI, 2005).
Os esgotos domésticos ou sanitários compreendem os resíduos líquidos
provenientes de instalações sanitárias, lavagem de utensílios domésticos, lavagem de
roupas, ou outras atividades desenvolvidas nas habitações, prédios públicos, etc.
Os esgotos domésticos caracterizam-se pela grande quantidade de matéria
orgânica que contém, o que causa redução do oxigênio dissolvido na água que os
recebe, como resultado de sua estabilização pelas bactérias (MOTA, 1999).
5

“O corpo d´água, ao receber o lançamento dos esgotos, sofre uma deterioração


da sua qualidade. No entanto, através de mecanismos puramente naturais, a qualidade
do corpo receptor volta a melhorar, trazendo de volta um equilíbrio ao meio aquático.
No entanto, este processo pode necessitar de dezenas de quilômetros, dependendo
das características do corpo receptor”. (BARROS, 1995).

3.3. Efeitos da poluição das águas


A industrialização, aliada à forma de consumo de nossa sociedade, fez com que,
por exemplo, nos habituássemos com o uso dos plásticos e detergentes em nosso dia
a dia. Esses, lançados nos corpos hídricos, podem formar camadas que bloqueiam a
passagem da energia solar e oxigênio, comprometendo um sistema complexo de
relação entre os organismos aquáticos. Além disso, a asfixia de animais com esses
polímeros e a permeabilização das penas das asas de determinadas aves são outras
das possíveis conseqüências destes poluentes.
O aumento da disponibilidade de nutrientes na água causada, por exemplo, pelo
lançamento de esgoto, pode promover um aumento significativo de algas e
cianobactérias, com conseqüente redução de oxigênio e bloqueio da luz solar em razão
da presença destas na superfície. Nestas condições, plantas enraizadas passam a ter
dificuldades para efetuarem a fotossíntese, prejudicando seu crescimento; e animais
não resistem à falta de oxigênio e alimento. Com a morte destes organismos, bactérias
e seres bentônicos se proliferam, utilizando o pouco oxigênio restante e, ainda, alguns
liberando toxinas. Este fenômeno é conhecido por eutrofização. Além desse fator, o
despejo de esgotos lança nas águas uma série de patógenos, comprometendo a saúde
do ambiente e de quem tem contato ou ingere desta ou dos alimentos que nela vivem.
(http://www.brasilescola.com/biologia/poluicao-aguas.htm).

3.4. Monitoramento Ambiental


O monitoramento da qualidade ambiental, com base em acompanhamento de
atividades com potencial de causar poluição ou degradação, é uma das ações de maior
importância para o controle desta qualidade ambiental. Somente a identificação e
caracterização dos níveis de emissão ou de deterioração é que permitem avaliar sua
influência sobre a qualidade do meio ambiente e, consequentemente, permitem indicar
as ações necessárias ao seu enfrentamento. Ao mesmo tempo, a sistematização e o
6

tratamento dessas informações em caráter permanente possibilitam a publicação de


Relatório Anual sobre a Qualidade Ambiental do Município, instrumento de grande valia
para a determinação das prioridades de ação do controle ambiental (PHILIPPI, 2005).
A Organização Mundial de Saúde (OMS) sugere três formas básicas de
acompanhamento da qualidade do meio hídrico: Monitoramento; Vigilância e Estudo
Especial.
O monitoramento fundamenta-se no levantamento sistemático de dados em
pontos de amostragem selecionados, de modo a acompanhar a evolução das
condições de qualidade da água ao longo do tempo fornecendo séries temporais de
dados. Já a vigilância implica numa avaliação contínua da qualidade da água
procurando detectar alterações instantâneas de modo a permitir providências imediatas
para resolver ou contornar problemas e, além disso, exige o uso de equipamentos
automáticos. E o levantamento ou estudo especial é projetado e desenvolvido para
atender as necessidades de um estudo específico. Geralmente é feito através de
campanhas intensivas e com duração determinada.

3.5. Índice de Qualidade das Águas

Os índices e indicadores ambientais nasceram como resultado da crescente


preocupação social com os aspectos ambientais do desenvolvimento, processo que
requer um número elevado de informações em graus de complexidade cada vez
maiores. Por outro lado, os indicadores tornaram-se fundamentais no processo
decisório das políticas públicas e no acompanhamento de seus efeitos. Esta dupla
vertente, apresenta-se como um desafio permanente de gerar indicadores e índices
que tratem um número cada vez maior de informações, de forma sistemática e
acessível, para os tomadores de decisão.

Nessa linha, a CETESB utiliza desde 1975, o Índice de Qualidade das Águas –
IQA, com vistas a servir de informação básica de qualidade de água para o público em
geral, bem como para o gerenciamento ambiental das 22 Unidades de Gerenciamento
dos Recursos Hídricos do Estado de São Paulo.

As principais vantagens do índice são a facilidade de comunicação com o


público leigo, o status maior do que as variáveis isoladas e o fato de representar uma
média de diversas variáveis em um único número, combinando unidades de medidas
diferentes em uma única unidade. No entanto, sua principal desvantagem consiste na
7

perda de informação das variáveis individuais e da sua interação. O índice, apesar de


fornecer uma avaliação integrada, jamais substituirá uma avaliação detalhada da
qualidade das águas de uma determinada bacia hidrográfica.

As variáveis de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA, refletem,


principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de
esgotos domésticos. É importante também salientar que este índice foi desenvolvido
para avaliar a qualidade das águas, tendo como determinante principal a sua utilização
para o abastecimento público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas
águas.

A partir de um estudo realizado em 1970 pela “National Sanitation Foundation”


dos Estados Unidos, a CETESB adaptou e desenvolveu o IQA – Índice de Qualidade
das Águas que incorpora nove variáveis consideradas relevantes para a avaliação da
qualidade das águas, tendo como determinante principal a sua utilização para
abastecimento público.

A criação do IQA baseou-se numa pesquisa de opinião junto a especialistas em


qualidade de águas, que indicaram as variáveis a serem avaliadas, o peso relativo e a
condição com que se apresenta cada parâmetro, segundo uma escala de valores
“rating”. Das 35 variáveis indicadoras de qualidade de água inicialmente propostos,
somente nove foram selecionados. Para estes, a critério de cada profissional, foram
estabelecidas curvas de variação da qualidade das águas de acordo com o estado ou a
condição de cada parâmetro. Estas curvas de variação, sintetizadas em um conjunto
de curvas médias para cada parâmetro, bem como seu peso relativo correspondente,
são apresentados na figura 1.

O IQA é calculado pelo produtório ponderado das qualidades de água


correspondentes às variáveis que integram o índice.

A seguinte fórmula é utilizada:

n
IQA = ∏ qiwi
i =1

onde: Equação 01: Fórmula para calculo do IQA. Fonte: CETESB, 2008

IQA: Índice de Qualidade das Águas, um número entre 0 e 100;


8

qi: qualidade do i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 100, obtido da respectiva


“curva média de variação de qualidade”, em função de sua concentração ou medida e,

wi: peso correspondente ao i-ésimo parâmetro, um número entre 0 e 1, atribuído em


função da sua importância para a conformação global de qualidade, sendo que:

∑w i =1
i =1
Equação 02: Fórmula para calculo do IQA. Fonte: CETESB, 2008

em que:

n: número de variáveis que entram no cálculo do IQA.


9

Coliformes Fecais pH Demanda Bioquímica de Oxigênio


para i = 1 para i = 2 para i = 3
100 100 100
90 w1 = 0,15 90 w2 = 0,12 90 w3 = 0,10
80 80 80
70 70 70
60 60 60
q1 50 q2 50 q3 50
40 40 40
30 30 30
20 20 20
10 10 10
0 0 0
5
1 10¹ 10² 10³ 104 10 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50
C. F. # / 100 ml pH, Unidades DBO5, mg/l
5
Nota: se C. F. > 10 , q1 = 3,0 Nota: se pH < 2,0, q2 = 2,0 Nota: se DBO5 > 30,0, q3 = 2,0
se pH > 12,0, q2 = 3,0

Temperatura
Nitrogênio Total Fósforo Total (afastamento da temperatura de equilíbrio)
para i = 4 para i = 5 para i = 6
100 100 100

90 w4 = 0,10 90 w5 = 0,10 90 w6 = 0,10


80 80 80
70 70 70
60 60 60
q4 50 q5 50 q6 50
40 40 40
30 30 30
20 20 20
10 10 10
0 0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 100 0 1 2 3 4 5 6 7 8 10 -5 0 5 10 15 20
N. T. mg/l PO4 - T mg/l At, °C

Nota: se N. T. > 100,0, q 4 = 1,0 Nota: se Po4 - T > 10,0, q5 = 1,0 Nota: se ∆t < -5,0 q6 é indefinido
se ∆t > 15,0 q6 = 9,0

Turbidez Resíduo Total Oxigênio Dissolvido


para i = 7 para i = 8 para i = 9
100 100 100
90 w7 = 0,08 90 w8 = 0,08 90 w9 = 0,17

80 80 80
70 70 70
60 60 60
q7 50 q8 50 q9 50
40 40 40
30 30 30
20 20 20
10 10 10
0 0 0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 100 0 100 200 300 400 500 0 40 80 120 160 200
Turbidez U. F. T. R. T. mg/t O.D. % de saturação
Nota: se turbidez > 100, q7 = 5,0 Nota: se R. T. > 500, q8 = 32,0 Nota: se OD. %sat. > 140, q9 = 47,0

Figura 01 - Curvas Médias de Variação de Qualidade das Águas. Fonte: CETESB, 2008.
No caso de não se dispor do valor de alguma das nove variáveis, o cálculo do
IQA é inviabilizado.
Além dos ábacos apresentados na Figura 01, o IQA também pode ser calculado
com base em um modelo matemático no formato de planilha eletrônica em Excel.

A partir do cálculo efetuado, pode-se determinar a qualidade das águas brutas,


que é indicada pelo IQA, variando numa escala de 0 a 100, representado na tabela 01
(CETESB, 2008).
10

TABELA 01. Classificação do IQA, Fonte: CETESB, 2008.

Categoria Ponderação

ÓTIMA 79 < IQA ≤ 100


BOA 51 < IQA ≤ 79
REGULAR 36 < IQA ≤ 51
RUIM 19 < IQA ≤ 36
PÉSSIMA IQA ≤ 19

3.6. Significado sanitário/ambiental dos parâmetros do IQA.

3.6.1. Coliformes Fecais


As bactérias do grupo coliforme são consideradas os principais indicadores de
contaminação fecal. Todas as bactérias coliformes estão associadas com as fezes de
animais de sangue quente e com o solo.
As bactérias coliformes termotolerantes reproduzem-se ativamente a 44,5ºC e
são capazes de fermentar carboidratos. O uso das bactérias coliformes termotolerantes
para indicar poluição sanitária mostra-se mais significativo que o uso da bactéria
coliforme “total”, porque as bactérias fecais estão restritas ao trato intestinal de animais
de sangue quente.
A determinação da concentração dos coliformes assume importância como
parâmetro indicador da possibilidade da existência de microorganismos patogênicos,
responsáveis pela transmissão de doenças de veiculação hídrica, tais como febre
tifóide, febre paratifóide, desinteria bacilar e cólera (CETESB, 2008).

3.6.2. pH
Por influir em diversos equilíbrios químicos que ocorrem naturalmente ou em
processos unitários de tratamento de águas, o pH é um parâmetro importante em
muitos estudos no campo do saneamento ambiental.
A influência do pH sobre os ecossistemas aquáticos naturais dá-se diretamente
devido a seus efeitos sobre a fisiologia das diversas espécies. Também o efeito indireto
é muito importante podendo, em determinadas condições de pH, contribuírem para a
precipitação de elementos químicos tóxicos como metais pesados; outras condições
11

podem exercer efeitos sobre as solubilidades de nutrientes. Desta forma, as restrições


de faixas de pH são estabelecidas para as diversas classes de águas naturais, tanto de
acordo com a legislação federal, quanto pela legislação estadual. Os critérios de
proteção à vida aquática fixam o pH entre 6 e 9.
O pH é padrão de potabilidade, devendo as águas para abastecimento público
apresentar valores entre 6,5 e 8,5, de acordo com a Portaria 1469 do Ministério da
Saúde. Outros processos físico-químicos de tratamento, como o abrandamento pela
cal, são dependentes do pH.
Constitui-se também em padrão de emissão de esgotos e de efluentes líquidos
industriais, tanto pela legislação federal quanto pela estadual. Na legislação do Estado
de São Paulo, estabelece-se faixa de pH entre 5 e 9 para o lançamento direto nos
corpos receptores (artigo 18 do Decreto 8468/76) e entre 6 e 10 para o lançamento na
rede pública seguida de estação de tratamento de esgotos (artigo 19-A) (CETESB,
2008).

3.6.3. Demanda Bioquímica de Oxigênio


A DBO5,20 de uma água é a quantidade de oxigênio necessária para oxidar a
matéria orgânica por decomposição microbiana aeróbia para uma forma inorgânica
estável.
A DBO5,20 é normalmente considerada como a quantidade de oxigênio
consumido durante um determinado período de tempo, numa temperatura de
incubação específica. Um período de tempo de 5 dias numa temperatura de incubação
de 20°C é freqüentemente usado e referido como DBO5 ,20.
Os maiores aumentos em termos de DBO5,20, num corpo d’água, são
provocados por despejos de origem predominantemente orgânica. A presença de um
alto teor de matéria orgânica pode induzir ao completo esgotamento do oxigênio na
água, provocando o desaparecimento de peixes e outras formas de vida aquática.
Um elevado valor da DBO5,20 pode indicar um incremento da microflora
presente e interferir no equilíbrio da vida aquática, além de produzir sabores e odores
desagradáveis e, ainda, pode obstruir os filtros de areia utilizados nas estações de
tratamento de água.
No campo do tratamento de esgotos, a DBO5,20 é um parâmetro importante no
controle das eficiências das estações, tanto de tratamentos biológicos aeróbios e
12

anaeróbios, bem como físico-químicos (embora de fato ocorra demanda de oxigênio


apenas nos processos aeróbios, a demanda “potencial” pode ser medida à entrada e à
saída de qualquer tipo de tratamento). Na legislação do Estado de São Paulo, o
Decreto Estadual n.º 8468, a DBO5,20 de cinco dias é padrão de emissão de esgotos
diretamente nos corpos d’água, sendo exigidos ou uma DBO5,20 máxima de 60 mg/L
ou uma eficiência global mínima do processo de tratamento na remoção de DBO5,20
igual a 80%. Este último critério favorece aos efluentes industriais concentrados, que
podem ser lançados com valores de DBO5,20 ainda altos, mesmo removida acima de
80%.
A carga de DBO5,20, expressa em Kg/dia, é um parâmetro fundamental no
projeto das estações de tratamento biológico. Dela resultam as principais
características do sistema de tratamento como áreas e volumes de tanques, potências
de aeradores, etc. A carga de DBO5,20 pode ser obtida do produto da vazão pela
concentração de DBO5,20. Por exemplo, em uma indústria já existente que se
pretenda instalar um sistema de tratamento, pode-se estabelecer um programa de
medições de vazão e de análises de DBO5,20, obtendo-se a carga através do produto
dos valores médios (CETESB, 2008).

3.6.4. Nitrogênio Total


As fontes de nitrogênio nas águas naturais são diversas. Os esgotos sanitários
constituem em geral a principal fonte, lançando nas águas nitrogênio orgânico devido à
presença de proteínas e nitrogênio amoniacal, pela hidrólise da uréia na água, etc.
Alguns efluentes industriais também concorrem para as descargas de nitrogênio
orgânico e amoniacal nas águas, como algumas indústrias químicas, petroquímicas,
siderúrgicas, farmacêuticas, conservas alimentícias, matadouros, frigoríficos e
curtumes. A atmosfera é outra fonte importante devido a diversos mecanismos como a
biofixação desempenhada por bactérias e algas, que incorporam o nitrogênio
atmosférico em seus tecidos, contribuindo para a presença de nitrogênio orgânico nas
águas; a fixação química, reação que depende da presença de luz, concorre para as
presenças de amônia e nitratos nas águas e as lavagens da atmosfera poluída pelas
águas pluviais concorrem para as presenças de partículas contendo nitrogênio
orgânico bem como para a dissolução de amônia e nitratos. Nas áreas agrícolas, o
13

escoamento das águas pluviais pelos solos fertilizados também contribui para a
presença de diversas formas de nitrogênio.
Também nas áreas urbanas, a drenagem das águas pluviais, associadas às
deficiências do sistema de limpeza pública, constituem fonte difusa de difícil
caracterização.
Os compostos de nitrogênio são nutrientes para processos biológicos são
caracterizados como macronutrientes pois, depois do carbono, o nitrogênio é o
elemento exigido em maior quantidade pelas células vivas. Quando descarregados nas
águas naturais, conjuntamente com o fósforo e outros nutrientes presentes nos
despejos, provocam o enriquecimento do meio, tornando-o mais fértil e possibilitam o
crescimento em maior extensão dos seres vivos que os utilizam, especialmente as
algas, o que é chamado de eutrofização. Quando as descargas de nutrientes são muito
fortes, dá-se o florescimento muito intenso de gêneros que predominam em cada
situação em particular. Estas grandes concentrações de algas podem trazer prejuízos
aos múltiplos usos dessas águas, prejudicando seriamente o abastecimento público ou
causando poluição por morte e decomposição. O controle da eutrofização, através da
redução do aporte de nitrogênio é comprometida pela multiplicidade de fontes, algumas
muito difíceis de serem controladas como a fixação do nitrogênio atmosférico, por parte
de alguns gêneros de algas. Por isso, deve-se investir preferencialmente no controle
das fontes de fósforo.
Pela legislação federal em vigor, o nitrogênio amoniacal é padrão de
classificação das águas naturais e padrão de emissão de esgotos. A amônia é um
tóxico bastante restritivo à vida dos peixes, sendo que muitas espécies não suportam
concentrações acima de 5 mg/L. Além disso, como visto anteriormente, a amônia
provoca consumo de oxigênio dissolvido das águas naturais ao ser oxidada
biologicamente, a chamada DBO de segundo estágio. Por estes motivos, a
concentração de nitrogênio amoniacal é importante parâmetro de classificação das
águas naturais e normalmente utilizado na constituição de índices de qualidade das
águas. Os nitratos são tóxicos, causando uma doença chamada metahemoglobinemia
infantil, que é letal para crianças (o nitrato reduz-se a nitrito na corrente sangüínea,
competindo com o oxigênio livre, tornando o sangue azul). Por isso, o nitrato é padrão
de potabilidade, sendo 10 mg/L o valor máximo permitido pela Portaria 518 (CETESB,
2008).
14

3.6.5. Fósforo Total


O fósforo aparece em águas naturais devido principalmente às descargas de
esgotos sanitários. Nestes, os detergentes superfosfatados empregados em larga
escala domesticamente constituem a principal fonte. Alguns efluentes industriais, como
os de indústrias de fertilizantes, pesticidas, químicas em geral, conservas alimentícias,
abatedouros, frigoríficos e laticínios, apresentam fósforo em quantidades excessivas.
As águas drenadas em áreas agrícolas e urbanas também podem provocar a presença
excessiva de fósforo em águas naturais.
O fósforo pode se apresentar nas águas sob três formas diferentes. Os fosfatos
orgânicos são a forma em que o fósforo compõe moléculas orgânicas, como a de um
detergente, por exemplo. Os ortofosfatos são representados pelos radicais, que se
combinam com cátions formando sais inorgânicos nas águas e os polifosfatos, ou
fosfatos condensados, polímeros de ortofosfatos. Esta terceira forma não é muito
importante nos estudos de controle de qualidade das águas, porque sofre hidrólise,
convertendo-se rapidamente em ortofosfatos nas águas naturais.
Assim como o nitrogênio, o fósforo constitui-se em um dos principais nutrientes
para os processos biológicos, ou seja, é um dos chamados macro-nutrientes, por ser
exigido também em grandes quantidades pelas células. Nesta qualidade, torna-se
parâmetro imprescindível em programas de caracterização de efluentes industriais que
se pretende tratar por processo biológico. Os esgotos sanitários no Brasil apresentam,
tipicamente, concentração de fósforo total na faixa de 6 a 10 mgP/L, não exercendo
efeito limitante sobre os tratamento biológicos. Alguns efluentes industriais, porém, não
possuem fósforo em suas composições, ou apresentam concentrações muito baixas.
Neste caso, deve-se adicionar artificialmente compostos contendo fósforo como o
monoamôniofosfato (MAP) que, por ser usado em larga escala como fertilizante,
apresenta custo relativamente baixo. Ainda por ser nutriente para processos biológicos,
o excesso de fósforo em esgotos sanitários e efluentes industriais conduz a processos
de eutrofização das águas naturais (CETESB, 2008).
15

3.6.6. Temperatura
Variações de temperatura são parte do regime climático normal e, corpos de
água naturais apresentam variações sazonais e diurnas, bem como estratificação
vertical. A temperatura superficial é influenciada por fatores tais como latitude, altitude,
estação do ano, período do dia, taxa de fluxo e profundidade. A elevação da
temperatura em um corpo d’água geralmente é provocada por despejos industriais
(indústrias canavieiras, por exemplo) e usinas termoelétricas.
A temperatura desempenha um papel principal de controle no meio aquático,
condicionando as influências de uma série de variáveis físico-químicas. Em geral, à
medida que a temperatura aumenta, de 0 a 30°C, a vi scosidade, tensão superficial,
compressibilidade, calor específico, constante de ionização e calor latente de
vaporização diminuem, enquanto a condutividade térmica e a pressão de vapor
aumentam. Organismos aquáticos possuem limites de tolerância térmica superior e
inferior, temperaturas ótimas para crescimento, temperatura preferida em gradientes
térmicos e limitações de temperatura para migração, desova e incubação do ovo
(CETESB, 2008).

3.6.7. Turbidez
A turbidez de uma amostra de água é o grau de atenuação de intensidade que
um feixe de luz sofre ao atravessá-la (esta redução dá-se por absorção e
espalhamento, uma vez que as partículas que provocam turbidez nas águas são
maiores que o comprimento de onda da luz branca), devido à presença de sólidos em
suspensão, tais como partículas inorgânicas (areia, silte, argila) e de detritos orgânicos,
algas e bactérias, plâncton em geral, etc. A erosão das margens dos rios em estações
chuvosas é um exemplo de fenômeno que resulta em aumento da turbidez das águas e
que exigem manobras operacionais, como alterações nas dosagens de coagulantes e
auxiliares, nas estações de tratamento de águas. A erosão pode decorrer do mau uso
do solo em que se impede a fixação da vegetação. Este exemplo mostra também o
caráter sistêmico da poluição, ocorrendo inter-relações ou transferência de problemas
de um ambiente (água, ar ou solo) para outro.
Os esgotos sanitários e diversos efluentes industriais também provocam
elevações na turbidez das águas. Um exemplo típico deste fato ocorre em
conseqüência das atividades de mineração, onde os aumentos excessivos de turbidez
16

têm provocado formação de grandes bancos de lodo em rios e alterações no


ecossistema aquático. Alta turbidez reduz a fotossíntese de vegetação enraizada
submersa e algas. Esse desenvolvimento reduzido de plantas pode, por sua vez,
suprimir a produtividade de peixes. Logo, a turbidez pode influenciar nas comunidades
biológicas aquáticas. Além disso, afeta adversamente os usos doméstico, industrial e
recreacional de uma água (CETESB, 2008).

3.6.8. Resíduo Total


Em saneamento, sólidos nas águas correspondem a toda matéria que
permanece como resíduo, após evaporação, secagem ou calcinação da amostra a uma
temperatura pré-estabelecida durante um tempo fixado. Em linhas gerais, as operações
de secagem, calcinação e filtração são as que definem as diversas frações de sólidos
presentes na água (sólidos totais, em suspensão, dissolvidos, fixos e voláteis). Os
métodos empregados para a determinação de sólidos são gravimétricos (utilizando-se
balança analítica ou de precisão).
Nos estudos de controle de poluição das águas naturais, principalmente nos
estudos de caracterização de esgotos sanitários e de efluentes industriais, as
determinações dos níveis de concentração das diversas frações de sólidos resultam
em um quadro geral da distribuição das partículas com relação ao tamanho (sólidos em
suspensão e dissolvidos) e com relação à natureza (fixos ou minerais e voláteis ou
orgânicos).
Este quadro não é definitivo para se entender o comportamento da água em
questão, mas constitui-se em uma informação preliminar importante. Deve ser
destacado que, embora a concentração de sólidos voláteis seja associada à presença
de compostos orgânicos na água, não propicia qualquer informação sobre a natureza
específica das diferentes moléculas orgânicas eventualmente presentes que, inclusive,
iniciam o processo de volatilização em temperaturas diferentes, sendo a faixa
compreendida entre 550-600°C uma faixa de referênci a.
No controle operacional de sistemas de tratamento de esgotos, algumas frações
de sólidos assumem grande importância. Em processos biológicos aeróbios, como os
sistemas de lodos ativados e de lagoas aeradas mecanicamente, bem como em
processos anaeróbios, as concentrações de sólidos em suspensão voláteis nos lodos
dos reatores tem sido utilizadas para se estimar a concentração de microrganismos
17

decompositores da matéria orgânica. Isto por que as células vivas são, em última
análise, compostos orgânicos e estão presentes formando flocos em grandes
quantidades relativamente à matéria orgânica “morta” nos tanques de tratamento
biológico de esgotos. Embora não representem exatamente a fração ativa da biomassa
presente, os sólidos voláteis têm sido utilizados de forma a atender as necessidades
práticas do controle de rotina. Imagine-se as dificuldades que se teria se fosse
utilizada, por exemplo, a concentração de DNA para a identificação da biomassa ativa
nos reatores biológicos.
Para o recurso hídrico, os sólidos podem causar danos aos peixes e à vida
aquática. Eles podem se sedimentar no leito dos rios destruindo organismos que
fornecem alimentos, ou também danificar os leitos de desova de peixes. Os sólidos
podem reter bactérias e resíduos orgânicos no fundo dos rios, promovendo
decomposição anaeróbia. Altos teores de sais minerais, particularmente sulfato e
cloreto, estão associados à tendência de corrosão em sistemas de distribuição, além
de conferir sabor às águas (CETESB, 2008).

3.6.9. Oxigênio Dissolvido


O oxigênio proveniente da atmosfera dissolve-se nas águas naturais, devido à
diferença de pressão parcial. Este mecanismo é regido pela Lei de Henry, que define a
concentração de saturação de um gás na água, em função da temperatura:
CSAT = a.pgás
Onde a é uma constante que varia inversamente proporcional à temperatura e
pgás é a pressão exercida pelo gás sobre a superfície do líquido. No caso do oxigênio,
considerando-se como constituinte de 21% da atmosfera e pela lei de Dalton, exerce
uma pressão de 0,21 atm. Para 20°C, por exemplo, a é igual a 43,9 e, portanto, a
concentração de saturação de oxigênio em uma água superficial é igual a 43,9 x 0,21 =
9,2 mg/L. É muito comum em livros de química, a apresentação de tabelas de
concentrações de saturação de oxigênio em função da temperatura, da pressão e da
salinidade da água.
A taxa de reintrodução de oxigênio dissolvido em águas naturais através da
superfície depende das características hidráulicas e é proporcional à velocidade, sendo
que a taxa de reaeração superficial em uma cascata é maior do que a de um rio de
18

velocidade normal, que por sua vez apresenta taxa superior à de uma represa, coma
velocidade normalmente bastante baixa.
Outra fonte importante de oxigênio nas águas é a fotossíntese de algas. Este
fenômeno ocorre em maior proporção em águas eutrofizadas, ou seja, aquelas em que
a decomposição dos compostos orgânicos lançados levou à liberação de sais minerais
no meio, especialmente os de nitrogênio e fósforo, que são utilizados como nutrientes
pelas algas.
Esta fonte não é muito significativa nos trechos de rios à jusante de fortes
lançamentos de esgotos. A turbidez e a cor elevadas dificultam a penetração dos raios
solares e apenas poucas espécies resistentes às condições severas de poluição
conseguem sobreviver. A contribuição fotossintética de oxigênio só é expressiva após
grande parte da atividade bacteriana na decomposição de matéria orgânica ter
ocorrido, bem como após terem se desenvolvido também os protozoários que, além de
decompositores, consomem bactérias clarificando as águas e permitindo a penetração
de luz.
Este efeito pode “mascarar” a avaliação do grau de poluição de uma água,
quando se toma por base apenas a concentração de oxigênio dissolvido. Sob este
aspecto, águas poluídas são aquelas que apresentam baixa concentração de oxigênio
dissolvido (devido ao seu consumo na decomposição de compostos orgânicos),
enquanto que as águas limpas apresentam concentrações de oxigênio dissolvido
elevadas, chegando até a um pouco abaixo da concentração de saturação. No entanto,
uma água eutrofizada pode apresentar, durante o período diurno, concentrações de
oxigênio bem superiores a 10 mg/L, mesmo em temperaturas superiores a 20°C,
caracterizando uma situação de supersaturação. Isto ocorre principalmente em lagos
de baixa velocidade onde chegam a se formar crostas verdes de algas à superfície.
Uma adequada provisão de oxigênio dissolvido é essencial para a manutenção
de processos de autodepuração em sistemas aquáticos naturais e estações de
tratamento de esgotos. Através de medição do teor de oxigênio dissolvido, os efeitos
de resíduos oxidáveis sobre águas receptoras e a eficiência do tratamento dos esgotos,
durante a oxidação bioquímica, podem ser avaliados. Os níveis de oxigênio dissolvido
também indicam a capacidade de um corpo d’água natural manter a vida aquática
(CETESB, 2008).
19

4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1. Levantamento do caso específico: Município de Mogi Mirim

4.1.1 Breve histórico do Município

Mogi Mirim, município localizado na região administrativa de Campinas, na


latitude de 22°25´55´´ Sul e longitude 46°57´28´´ O este, estando a 632 metros de
altitude em relação ao nível do mar e está a 150 km da capital. Possui uma área de
499,1Km² e conta com uma população de 87.800 habitantes segundo dados do
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2008).
Seu nome possui origem tupi-guarani e tem como significado mais aceito
“Pequeno Rio das Cobras”, fazendo referência ao pequeno rio que dá nome à cidade e
deságua no rio Mogi Guaçu. O povoado iniciou-se por volta de 1720 devido ao trânsito
de bandeirantes que se dirigiam para Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso. Em 1751 a
freguesia foi desmembrada de “Moji do Campo”, atual Mogi Guaçu. Em 1769 foi criado
o município.
A expansão urbana do município foi marcada pela descontinuidade. Até 1959 a
expansão do núcleo urbano ocorreu mais acentuada no sentido centro- Santa
Cruz/Saúde. A partir dos anos 60, a ocupação passou a se concentrar no sentido das
zonas Leste e Norte formando os bairros do Mirante, Aguardente do Reino e Tucura.
A implantação de loteamentos dispersos e isolados foi uma constante no
processo de produção da cidade, configurando um crescimento desligado das
demandas efetivas e rarefeito (baixas densidades). São exemplos de núcleos urbanos
isolados: Parque da Imprensa, Jardim Paulista, Jardim Planalto e Linda Chaib.
O alcance e a configuração do atual perímetro urbano oficial evidencia como a
urbanização dispersa marcou o crescimento da cidade. A configuração dessa
delimitação no entorno de núcleos isolados como Jd. Planalto, Morro Vermelho e
Chácara São Marcelo aponta para a subordinação do perímetro urbano aos novos
loteamentos, quando deveria ocorrer o contrário. Observa-se também que a
delimitação efetiva da área urbana abrange uma superfície bem menor que aquela do
perímetro urbano oficial. Enquanto este perímetro abrange 3.691,43 ha, o perímetro
efetivo abrange 2.270,97ha, isto é, uma diferença de 1.420,46ha.
20

Também é significativa a ocorrência de loteamentos clandestinos. Esses


seguem a mesma lógica de implantação dos loteamentos regulares. Em geral também
encontram-se isolados dos demais núcleos urbanos e, em muitos casos, fora do
perímetro urbano do município (Plano Diretor Municipal, 2005).

4.1.2. Os usos do solo

Os bairros centrais são bem servidos de comércio e serviços. Santa Cruz, Nova
Mogi e o Centro destacam-se nesse sentido. Nos bairros mais afastados as atividades
comerciais restringem-se a algumas avenidas. Entre os bairros da Tucura e
Aguardente do Reino: Av. Da Saudade, Av. 22 de outubro, Av. Juscelino Kubitschek,
Rua da Tucura e Av. Pedro Botesi. No bairro Morro Vermelho: Av. Mogi Guaçu. No
Mirante: Av. Expedito Quartieri. Na saúde: Rua Padre Roque e Av. da Saúde. No bairro
Garcez: Rua Antonio Moreira Peres. A ocorrência de comércio e serviços somente nas
ruas e avenidas citadas pode ser insuficiente para atender bairros mais adensados,
como o Tucura, além de dificultar o acesso de uma parcela significativa de moradores
dessas regiões a essas atividades, devido à distância entre a habitação e o comércio.
Nas regiões periféricas prevalecem à homogeneidade de uso, em alguns casos
resultado da ocupação a partir de conjuntos habitacionais públicos (Linda Chaib). O
fato de praticamente não existir atividade comercial formal em bairros populosos e
densos como Parque das Laranjeiras, Linda Chaib, Jardim Planalto, Jardim Patrícia,
Parque da Imprensa, entre outros, é determinante para alavancar o processo de
expansão de uma rede informal de comércio e serviços.
A cidade possui dois distritos industriais: o Distrito Industrial José Marangoni e o
Distrito Industrial Luiz Torrani. O primeiro localiza-se às margens da Rodovia SP 147 –
Deputado Laerte Corte. O segundo, às margens da Rodovia SP 340 – Governador
Adhemar de Barros. As áreas destinadas ao Distrito José Marangoni apresentam
problemas de localização. A topografia e a proximidade em relação a algumas
nascentes aumenta o risco de impactos ambientais negativos dessa atividade sobre a
vida urbana.
O Distrito Industrial Luiz Torrani localiza-se de frente à Rodovia SP 340. A
rodovia facilita a chegada de insumos e o escoamento da produção. A distância das
áreas residenciais minimiza as possíveis agressões ambientais. Mas, pôr outro lado,
21

dificulta o acesso dos trabalhadores às unidades produtivas, já que o local não é


servido por linhas de transporte coletivo público.
O distrito é dividido em duas bacias hidrográficas, a do Rio Mogi Guaçu e a do
Rio Piracicaba, existe problema com relação ao esgoto que deve seu bombeado à rede
de esgoto do município.
O baixo custo da terra, resultado da carência de infra-estrutura urbana, nas
regiões periféricas da cidade, atraiu agentes do mercado imobiliário, que atuaram na
promoção de loteamentos de áreas distantes do centro e isoladas entre si.
Nesses casos, lotes mais baratos favoreceram o adensamento de população de
baixa renda, em áreas urbanisticamente desfavoráveis (desprovidas de infra estrutura,
ambientalmente frágeis e com problemas de acessibilidade).
Nas áreas centrais, por outro lado, a oferta de infra estrutura e serviços públicos
inflaciona o preço da terra, que, aliada à provável concentração da propriedade, afasta
os moradores dessas regiões, desadensando-as.
A situação atual aponta para uma densidade crescente do centro para a periferia
da cidade, enquanto a oferta de infra estrutura é crescente do sentido oposto, da
periferia para o centro. Áreas mais densas: Parque das Laranjeiras, Jardim Planalto ,
Santa Cruz (área central), Tucura, Aguardente do Reino.
No município de Mogi Mirim, os loteamentos clandestinos localizam-se
principalmente nas áreas periféricas da cidade (Jd. Carlos Gomes, loteamento
Domenico Bianchi e loteamento Antonio Alves Campos podem ser considerados como
exceções, pela sua proximidade a bairros já consolidados) ocupando áreas
desvalorizadas pelo mercado imobiliário e desprovidas de infra-estrutura. É comum a
ocorrência desse tipo de ocupação em áreas externas ao perímetro urbano oficial do
município (Loteamento Boa Vista, Chácara Lago Azul, Chácara Santa Rita, Parque das
Laranjeiras), assim como em áreas ambientalmente frágeis (Parque das Laranjeiras,
Conjunto construído pelo CDHU, Loteamento Domenico Bianchi I e Loteamento
Domenico Bianchi II), além da Chácara Areião, Jd. Carlos Gomes, Loteamento Antonio
Alves de Campos, Loteamento Residencial do Bosque, Jd. Santa Ana III, Jd Santa
Isabel, Chácara Santa Dionísia e Distrito Industrial Luiz Torrrani.
O parcelamento clandestino dessas áreas pode indicar que há demanda
reprimida por habitação e que parte da população, que faz parte dessa demanda, que
não encontra alternativa para se inserir no mercado imobiliário formal, tanto pela
22

valorização da terra urbana legalizada quanto pela dificuldade de atender as exigências


burocráticas necessárias para a obtenção de financiamentos.

4.1.3. A Estrutura Urbana e Fragilidades Ambientais


A Sede Municipal de Mogi Mirim, em função de sua conformação geo-
morfológica e da sua ocupação antrópica, até então dissociada de uma
conscientização ambiental, vem apresentando problemas que podem se acentuar
significativamente á medida da sua expansão.
A área da Sede Municipal de Mogi Mirim apresenta as seguintes fragilidades
principais:
 Solo local arenoso, com baixa resistência à erosão e características colapsíveis;
 Cobertura vegetal frágil, constituída normalmente por vegetação rasteira ou de
pequeno porte;
 No entorno, uma intensa atividade agrícola e pastoril, muitas vezes sem atender
às recomendações de preservação do solo e dos cursos d’água;
 Rede fluvial, que tem o Rio Mogi Mirim como espinha dorsal, de pequeno porte,
apresentando, muitas vezes, margens desprovidas de mata ciliar,
conseqüentemente suscetíveis a processos erosivos;
 Cursos d’água urbanos, todos de pequeno porte e com cabeceiras localizadas
dentro da área urbana, estando sujeitas à pressão direta da ocupação antrópica;
 Falta de preservação da cobertura vegetal, havendo inúmeras áreas expostas
diretamente às intempéries, principalmente por ocasião da implantação de
loteamentos, empreendimentos comerciais e industriais de porte;
 Selamento do solo, com a priorização da implantação de superfícies
impermeáveis, concorrendo assim para o aumento da vazão de contribuição e
da velocidade de escoamento, levando à insuficiência da rede de drenagem
natural e ao sub-dimensionamento da rede implantada pelo poder público;
 Exigüidade de áreas verdes quanto ao seu número e dimensões, além da sua
distribuição inadequada;
23

4.2. Divisão das sub-bacias hidrográficas

O município foi dividido em sub-bacias de drenagem utilizando carta do Instituto


Geográfico Cartográfico (IGC), para caracterização de cada uma das principais sub-
bacias hidrográficas, destacando suas principais fragilidades e peculiaridades, da bacia
hidrográfica do rio Mogi Mirim em seu trecho urbano. Os afluentes da bacia do rio Mogi
Mirim foram divididos em:
• Zoneamento das sub-bacias hidrográficas: Todas as sub-bacias
delimitadas dentro da bacia do rio Mogi Mirim (Figura 02);
• Sub-bacia do Bela Vista: Sub-bacia do córrego de mesmo nome (Figura
08);
• Sub-bacia do Lavapés: Sub-bacia do córrego de mesmo nome, formado
pelos córregos Maria Beatriz e Parque Industrial (Figura 13);
• Sub-bacia do Toledo (Figura 17);
• Sub-bacia do Santo Antonio: Sub-bacia do córrego de mesmo nome
tendo como afluente o córrego da Voçoroca (Figura 26);
• Sub-bacia do Bairrinho (Figura 39);
• Bacia do Rio Mogi Mirim (Figura 51);
24

Figura 02 Zoneamento da bacia do rio Mogi mirim : mapa com todas as sub-bacias
25

4.3. Caracterização das sub-bacias hidrográficas


4.3.1. Sub-bacia do Bela Vista:
A sub-bacia do Bela Vista, afluente contribuinte da margem esquerda do rio Mogi
Mirim, caracteriza-se por ter sua nascente em uma área pouco urbanizada, porém
industrializada. As áreas ao longo do corpo hídrico, também caracterizadas por áreas
de baixa ocupação, estão sofrendo processo de urbanização devido à instalação de
novos loteamentos urbanos. A sub-bacia hidrográfica sofre impactos no que tange
contaminação do corpo hídrico devido a lançamentos de esgotos industriais, conforme
Figuras 04 e 05, e impactos decorrentes de movimento de solo, devido à abertura
destes novos loteamentos ( Figuras 06 e 07).
Além dos impactos supra-citados, há também contaminação da bacia por
efluentes domésticos devido à má condição do coletor tronco de esgotos Bela Vista
devido a seu tempo de vida e tecnologia existente na época de sua construção
(manilhas de barro sem rejunte ou com rejunte de cimento). Assim sendo, a bacia
também sofre impactos devido a vazamentos de esgotos do coletor tronco deteriorado.
O córrego Bela Vista passa por dentro do Horto Florestal e Zoológico Municipal,
passando por um lago artificial e, após sair do Horto Florestal, entra em uma área bem
urbanizada sem a presença de mata ciliar ou respeito legal a área de preservação
permanente conforme Figura 03. Após, desaguando no rio Mogi Mirim.

Figura 03: Córrego Bela Vista, após passagem pelo horto florestal, sem respeito ou proteção à
sua APP.
26

Rua
Figura Caetano Schincariol,
05: Rua Caetano Schincariol,Distrito
Distrito
Figura 04: Galeria de águas pluviais
Industrial
Industrial
Rua CaetanoI I Schincariol, Distrito
que recebe carga de esgotos da rua Caetano

Schincariol e flui ao córrego Bela Vista.

Figura 06 e 07: Solo nu às margens do córrego Bela Vista, podendo assim ser carreado por chuvas
ao corpo hídrico, aumentando sua turbidez e assoreando-o.
27

FIGURA 08: Plotagem A4 da bacia do Bela Vista


28

4.3.2. Sub-bacia do Lavapés:


O Córrego do Lavapés, o qual abriga o denominado “Complexo Lavapés”, cartão
de visita da cidade e a grande área de lazer do “mogimiriano” (Figura 09), inserido em
um dos bairros mais nobres da cidade, é formado pelos córregos Maria Beatriz,
proveniente do bairro de mesmo nome da zona Sul do município, e por um córrego
sem nome comumente conhecido por córrego Parque Industrial por ter sua nascente
do distrito em questão. Nos anos 80, o poder público municipal realizou uma barragem
no córrego, criando assim o denominado Complexo Lavapés. Hoje, uma grande área
de lazer com área para caminhada, Cooper, ciclovia e outros esportes.
A sub-bacia em questão, (Figura 13), dispõe de uma proteção ambiental precária
pelo fato de sua proximidade com o Parque Industrial. Há histórico de lançamentos
clandestinos de esgotos industriais nesse corpo d´água, inclusive o mesmo sendo
objeto de um termo de ajustamento de conduta (TAC) firmado junto com o Ministério
Público. Também considerando que o sistema de esgotos existente nesta sub-bacia é
o que recebe os esgotos dos parques industriais I e II e a mesma ser deficitária devido
ao seu tempo de vida e à metodologia empregada na época (manilhas de barro com
e/ou sem rejunte de cimento) tendo vários incidentes envolvendo vazamento de
esgotos (Figuras 11 e 12), qual faz-se o principal deteriorador da qualidade das águas
nesta sub-bacia. Anualmente, na época da estiagem, o lago sofre processo de
eutrofização conforme ilustrado na Figura 10, pois, devido à baixa vazão e falta de
chuvas, característica de épocas de estiagem, o lago, com a carga poluidora orgânica ,
em termos de Demanda Bioquímica de Oxigênio (DBO) constante, favorece o
crescimento algal com a possibilidade de mortandade da fauna aquática devido as
baixas concentrações de oxigênio dissolvido.
A sub-bacia também dispõe de mata ciliar precária, tendo esta bem formada
somente no trecho compreendido após a rodovia SP-147 e antes da Avenida Luiz
Gonzaga de amoedo Campos.
29

Figura 09: Vista superior de parte do Figura 10: Lago eutrofisado devido ao
Complexo Lavapés crescimento algal

Figura 11: Junção dos córregos Parque Figura 12: Vertedouro do lago Lavapés
Industrial e Maria Beatriz, sendo que o apresentando formação de espumas,
segundo apresenta alta turbidez devido a podendo ser ocasionada devido à alta
episódio envolvendo vazamento de esgotos concentração de matéria orgânica (Nitrogênio
doméstico para o córrego. e Fósforo).
30

FIGURA 13 Plotagem A4 Bacia do Lavapés


31

4.3.3. Sub-bacia do Toledo:


A sub-bacia do Toledo encontra-se na zona Leste do município, caracteriza-se
por encontrar-se em uma área mista de área urbana com área rural, tendo assim fontes
de poluição das duas origens citadas. Em alguns trechos, o curso d´água não possui
vegetação ciliar e, em outros trechos, possui uma vegetação ciliar diminuta, com a
presença de criação de bovinos e outros animais. Somente em seu trecho final há mata
ciliar definida.
Já em sua nascente sofre impactos ambientais negativos devido à contaminação
por esgotos provenientes de ligações clandestinas no sistema de drenagem de águas
pluviais, contaminação devido a resíduos sólidos lançados em seu leito menor e maior,
conforme demonstrado nas figuras 14, 15 e 16, além de contaminação por dejetos
produzidos por animais nas proximidades do curso hídrico.
O córrego do Toledo cruza com a estrada férrea da “Mogiana” e passa sob a rua
do Mirante, sofrendo canalização nestes trechos. Após, segue passando por lotes
particulares, também sofrendo impactos ambientais negativos devido à falta de
vegetação ciliar. Após cruzar sob a Av. João Vieira Ramalho (local de amostragem)
possui uma vegetação ciliar definida até a confluência com o rio Mogi Mirim conforme
pode-se observar na Figura 17.

Figura 14: Nascente do córrego, assim que Figura 15: Situação do canal, logo após a
ele deixa de ser canalizado, perfazendo um saída da galeria de águas pluviais.
canal livre.
32

Figura 16: Situação da degradação ambiental do corpo hídrico.


33

FIGURA 17 Plotagem A4 bacia do Toledo


34

4.3.4. Sub-bacia do Santo Antonio:


A sub-bacia do córrego Santo Antonio abrange o córrego de mesmo nome, qual
nasce em área rural, antes da SP-340, e flui ao rio Mogi Mirim passando pelo bairro
Santa Cruz e Centro, paralelo à avenida Brasil. O córrego Santo Antonio também
recebe contribuição do córrego da Voçoroca, proveniente de uma movimentação
geológica qual deu o nome ao córrego.
Os principais impactos ambientais desta sub-bacia são a própria Voçoroca
(Figuras 19 e 20) que, segundo Toledo Filho (2007), em algumas partes houve a
estabilização dos processos erosivos e em outras, onde a erosão atingiu o lençol
freático, o processo erosivo continua somando a ação por enxurradas das chuvas que
se encaminham pelas trilhas e fogo criminoso. Fato que se confirma devido à cor
barrenta que se deposita em dois lagos a jusante da voçoroca e que estão sendo
assoreados.
O córrego Santo Antonio, após sua nascente, possui um grande trecho
canalizado que, após torna-se um canal aberto tendo em suas margens a Av. Brasil
(avenida de grande movimento qual dá acesso ao centro da cidade). Em grande parte,
o leito definido do córrego é um canal artificial com seção trapezoidal, não possui mata
ciliar e nem ao menos seus limites de área de preservação permanente respeitados
conforme figura 26. A sub-bacia sofre com o fato de, como nas outras sub-bacias, a
rede de esgotos ser deficitária e antiga, sendo que em muitos pontos há vazamentos
desta para a rede de drenagem de águas pluviais além de ligações clandestinas de
esgotos no mesmo sistema de drenagem de águas pluviais (Figuras 21, 22, 23, 24 e
25). Conseqüentemente, estes esgotos alcançam o corpo d´água, poluindo-o. Além de
possuir dispositivo instalado, conforme Figura18, para que, quando o rede de esgotos
estiver em sobre-carga, os esgotos possam ser lançados no córrego.
35

Figura 18: Travessia de esgotos e dispositivo tipo comporta utilizado para descarregar esgotos
no córrego Santo Antonio quando a rede encontra-se sobrecarregada.

Figura 19 e 20: Vista da área da Voçoroca qual encontra-se instabilizada e vista de área já
estabilizada com vegetação definida.
36

Figura 21 e 22: Localização de possíveis pontos de lançamento de esgotos no córrego Santo Antonio
através do despejo no sistema de drenagem.

Figura 23: Fundo do curso d´água com material de aspecto pegajoso, característico de gorduras
presentes nos esgotos.

Figura 24 e 25: Pontos lançamento de águas pluviais possivelmente contaminados com esgotos devido
a formação de espumas, coloração e odor.
37

FIGURA 26 Plotagem A4 bacia do Santo Antonio


38

4.3.5. Sub-bacia do Bairrinho:


A sub-bacia em questão, locada no Nordeste do município, possui vegetação
rasteira na maioria de seus trechos sendo que, no trecho compreendido entre as
avenidas Nadib Chaib (avenidas duplicadas no início de 2009) foi conservada uma área
de vegetação definida e vegetação ciliar, protegendo a foz do talvegue e a junção com
o rio Mogi Mirim (Figura 27).
Área de baixa densidade demográfica, porém já com grandes impactos
ambientais. A pedreira “Degrava”, figuras 28, 29, 30, 31 e 32, fonte de extração de
minerais desativada a mais de 20 anos devido à proximidade com a urbanização e a
escavação da mesma ter atingido o nível do lençol freático. Hoje, caracteriza-se como
um imenso passivo ambiental.
Na mesma sub-bacia também há uma jazida (Figuras 33 e 34) onde, atualmente,
ainda há extração irregular de solo.
Até o início do ano de 2009, funcionava aos fundos do prédio da FATEC, que se
encontrava e ainda encontra-se em construção, um aterro de resíduos inertes,
aproximadamente 200 metros da margem do córrego do Bairrinho. Atualmente o aterro
foi encerrado (Figuras 35 e 36), porém, o passivo ambiental ainda existe.
Além de que, o SAAE, tem nesta sub-bacia sua estação de tratamento de água
principal (ETA I). No processo de tratamento de água, os resíduos resultantes são,
após sedimentação, lançados através de canais (Figura 37) neste corpo d´água, na
altura do lago conforme figura 38 e indicado na Figura 39. E, os esgotos do bairro
Jardim Patrícia também são lançados diretamente no córrego devido ao fato do SAAE
não possuir coletor tronco de esgotos neste bairro.

Figura 27: Vegetação definida entre as Figura 28: Vista superior da pedreira
avenidas Nadib Chaib. Degrava.
39

Figuras 29 e 30: Vista inferior da pedreira Degrava.

Figuras 31 e 32: Detalhes da pedreira, ressaltando seu lago.

Figuras 33 e 34: Detalhes da jazida de extração irregular de solo.


40

Figuras 35 e 36: Detalhes do aterro de inertes já encerrado.

Figura 37: Canal que conduz águas Figura 38: Lago do córrego Bairrinho qual
residuárias do processo de tratamento d´água recebe águas residuárias da ETA I.
para o córrego Bairrinho.
41

FIGURA 39 Plotagem A4 bacia do Bairrinho


42

4.3.6. Bacia do rio Mogi Mirim:


Formada por todas as sub-bacias deste estudo e demais afluentes, a bacia do
rio Mogi Mirim está localizada dentro da bacia hidrográfica do rio Mogi-Guaçu (UGRHI
09). Possui uma área de, aproximadamente 23 Km² e o talvegue principal com
extensão de, aproximadamente, 40 Km. A região é caracterizada por encontrar-se em
fase de industrialização e tem fragilidades no que tangem a somatória dos problemas
de todas as sub-bacias hidrográficas citadas no presente estudo, além de demais
lançamentos de esgotos in-natura diretamente no rio Mogi Mirim (Figura 51),
assoreamento do rio em questão, poluição difusa e desrespeito ao limite de área de
preservação permanente, além de vegetação ciliar precária.
Um dos problemas sócio ambiental demasiadamente visível na bacia hidrográfica
do rio Mogi Mirim, trata-se de loteamentos urbanos irregulares (Figuras 40, 41, 48, 49 e
50), onde os mesmos foram abertos sem nenhum critério técnico ou legal. O bairro
Parque das Laranjeiras é o principal representante deste tipo de loteamento irregular.
Loteamento de baixa classe onde, parte dos habitantes ainda sofre com a precariedade
de abastecimento de água, falta de rede de esgotos, ruas sem pavimentação asfáltica,
falta de iluminação e segurança (Figuras.
A bacia também carrega passivos ambientais no que diz respeito à exploração de
minerais de maneira irregular, contaminação de seus córregos por efluentes e
ocupação de áreas de preservação permanente entre outros (Figuras 42, 43, 44,45, 46
e 47).

Figura 40: Vista do rio Mogi Mirim, antes do Figura 41: Vista do Parque das Laranjeiras.
Ponto de Monitoramento Ambiental 03.
43

Figuras 42 e 43: Detalhes de impacto ambiental devido à exploração mineral.

Figura 44: Área do rio Mogi Mirim inundada Figura 45: Criação de animais e estocagem
com ausência de vegetação ciliar. de recicláveis as margens do rio Mogi Mirim.

Figura 46 e 47: Esgotos sendo lançados a céu aberto, atingindo o rio Mogi Mirim.
44

Figura 48 e 49: Ruas sem pavimentação e área precária de infra-estrutura urbana.

Figura 50: Vista de um dos acessos ao loteamento.


45

FIGURA 51 Plotagem em A2 com a bacia do rio Mogi Mirim


46

4.4. Definição da campanha de amostragem


A campanha de amostragem tratou de dois tipos de coletas, uma dos
parâmetros componentes do IQA em diversos pontos da bacia hidrográfica do rio Mogi
Mirim, conforme indicado nas figuras de caracterização de cada sub-bacia; e coletas
para contagem dos organismos Coliformes totais e Coliformes termotolerantes em
diversos pontos da sub-bacia do córrego Lavapés.
O primeiro tipo de coleta visa o cálculo do IQA enquanto a segunda visa
identificar possíveis pontos de lançamentos de esgotos domésticos especificamente na
sub-bacia do Lavapés.
Devido ao histórico envolvendo vazamentos de esgotos na sub-bacia do
Lavapés e, conforme já mencionado, o Lavapés ser visto como um “cartão postal” do
município, este foi escolhido para as amostragens de coliformes totais e termo-
tolerantes, além de três pontos para análise do IQA.

4.4.1. Índice de Qualidade das Águas - IQA


As coletas para o IQA foram realizadas com freqüência bimestral através da
coleta, preservação e análise dos nove parâmetros que compõem o cálculo do IQA,
conforme Tabela 02. Os trabalhos foram realizados pelo SAAE através de laboratório
contratado e acreditado pelas normais do INMETRO. Para o cálculo do IQA foi utilizado
modelo matemático em formato de planilha em Excel, fornecido pela CETESB,
conforme especificações deste órgão estadual de meio ambiente.
47

TABELA 02. Descrição dos padrões utilizados para o cálculo do IQA. Fonte: CETESB, 2008.

Padrão Conservante Tipo de Tipo de Freqüência de


amostra análise coleta
Oxigênio Sulfato Manganozo Simples SM4500-O Bimestral
Dissolvido Álcali-iodeto-azida
Refrigeração a 4ºC
Coliformes Refrigeração a 4ºC Simples SM9221-E Bimestral
fecais
pH -- Simples SM4500-B Bimestral
DBO Refrigeração a 4ºC Simples SM5210-B Bimestral
Nitrogênio total Refrigeração a 4ºC Simples SM4500-B Bimestral
Fósforo total Refrigeração a 4ºC Simples SM4500-D Bimestral
Temperatura -- Simples NA Bimestral
Turbidez Refrigeração a 4ºC Simples SM2130-B Bimestral
Resíduo total Refrigeração a 4ºC Simples SM2540-C Bimestral
48

4.4.1.1. Resumo dos pontos de amostragem


Conforme pode-se observar nas tabelas 03 e 04, segue resumo de todos os
pontos de monitoramento ambiental, de acordo com a calha fluvial da bacia do rio Mogi
Mirim, a descrição e localização do ponto de amostragem, bem como os parâmetros
coletados e sua freqüência.

TABELA 03. Resumo dos pontos de monitoramento ambiental. Fonte: BORIM, G. 2009.

Sub-bacia Ponto de Localização Coordenadas


amostragem UTM
7.515.768,58 N
Mogi Mirim PM03 Ponte da rodovia SP-147
300.454,23 E
7.517.062,52 N
Bela Vista PM05 Ponte na av. Adib Chaib
299.311,84 E
Junção dos córregos Pq Industrial e
7.516.325,46 N
Lavapés PM02 Maria Beatriz, av. Luiz Gonzaga de
297.230,88 E
Amoedo Campos
Lago II – Complexo Lavapés – Av. 7.516.621,13 N
Lavapés PM01
Luiz Gonzaga de Amoedo Campos 297.626,20 E
7.517.382,14 N
Lavapés PM06 Ponte na A. Adib Chaib
299.009,22 E
7.518.191,74 N
Toledo PM07 Ponte na Av. João Vieira Ramalho
299.580,06 E
Santo Ponte na Av. Luiz Gonzaga de 7.518.825,60 N
PM08
Antonio Amoedo Campos 299.044,72 E
7.519.614,97 N
Bairrinho PM09 Ponte na Av. Nadib Chaib
299.179,62 E
Ponte da rodovia Nadib Chaib (Morro 7.519.988,25 N
Mogi Mirim PM10
Vermelho) 298.986,98 E
7.522.179,67 N
Mogi Mirim PM11 Ponte da rodovia SP-340
297.005,85 E
49

TABELA 04. Relação de parâmetros e freqüência de coleta para os pontos de monitoramento


ambiental. Fonte: BORIM, G. 2009.

Ponto de Parâmetros Tipo de Freqüência Objetivo


amostragem amostra
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM03 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM05 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM02 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM01 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM06 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM07 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM08 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM09 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM10 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
Coliformes Fecais; pH; DBO;
Nitrogênio Total; Fósforo Total;
PM11 Simples Bimestral IQA
Temperatura; Turbidez; Resíduo
Total e Oxigênio Dissolvido
50

4.4.1.2. Sub-bacia do Bela Vista:


Para a sub-bacia do córrego Bela Vista, também foi considerado somente um
ponto de monitoramento ambiental, ao fim do córrego, situado na ponte da Av. Prof°
Adib Chaib, conforme figuras 52, 53 e 54, aproximadamente 300 metros antes da sua
confluência com o rio Mogi Mirim.

Figura 52: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 05.

Figura 53: Ponto de Monitoramento Figura 54: Detalhes do Ponto de Monitoramento


Ambiental 05. Ambiental 05.
51

4.4.1.3. Sub-bacia do Lavapés:


Devido ao histórico de impactos ambientais qual esta sub-bacia possui, além de
ser um “cartão-postal” do município, foram selecionados três pontos de monitoramento
ambiental.
O primeiro, a montante do complexo Lavapés, na junção dos córregos Maria
Beatriz e Parque industrial (Figuras 55, 56 e 57).
Um segundo ao trecho médio, no lago principal (Lago II) do complexo (Figuras
58, 59 e 60).
E, um terceiro, na ponte da avenida Prof. Adib Chaib (Figuras 61, 62 e 63), antes
do córrego entrar em área do “clube Mogiano”, a aproximadamente 400 metros antes
da junção com o rio Mogi Mirim.
52

Sub-bacia do Lavapés

Figura 55: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 02 – Junção dos córregos Maria Beatriz e
Parque Industrial, formando o córrego Lavapés.

Figura 56: Ponto de Monitoramento Figura 57: Detalhe do Ponto de


Ambiental 02. Monitoramento Ambiental.
53

Sub-bacia do Lavapés

Figura 58: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 01 – Lago Lavapés

Figura 59: Ponto de Monitoramento Ambiental Figura 60: Detalhe do Ponto de


01. Monitoramento Ambiental
54

Sub-bacia do Lavapés

Figura 61: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 06 – Ao fim do córrego Lavapés

Figura 62: Ponto de Monitoramento Figura 63: Detalhe do Ponto de


Ambiental 06. Monitoramento Ambiental.
55

4.4.1.4. Sub-bacia do Toledo:


Para o córrego do Toledo, foi considerado um ponto de monitoramento
ambiental, no trecho final do córrego, aproximadamente 500 metros antes deste
desembocar no rio Mogi Mirim. Ponto sito na altura da ponte da Av. João Vieira de
Ramalho conforme Figuras 64, 65 e 66.

Figura 64: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 07 – Jusante do córrego do Toledo

Figura 65: Ponto de Monitoramento Figura 66: Detalhe do Ponto de


Ambiental 07. Monitoramento Ambiental
56

4.4.1.5. Sub-bacia do Santo Antonio:


Para o córrego Santo Antonio, também foi admitido um ponto de monitoramento
ambiental, ao fim do talvegue, aproximadamente 70 metros antes de sua
desembocadura no rio Mogi Mirim. Ponto localizado à ponte do córrego em questão na
av. Prof° Adib Chaib conforme figuras 67, 68 e 69. O local de amostragem possui uma
peculiaridade pois, a montante do mesmo, existe uma comporta para extravasamento
de esgotos da rede coletora para o corpo hídrico quando a rede encontra-se em sobre-
carga. Sendo assim uma grande fonte de poluição ambiental.
57

Sub-bacia do Santo Antonio

Figura 67: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 08 – Trecho final do córrego Santo
Antonio.

Figura 68: Ponto de Monitoramento Figura 69: Detalhe Ponto de monitoramento


Ambiental 08. Ambiental.
58

4.4.1.6. Sub-bacia do Bairrinho:


O ponto de monitoramento ambiental da sub-bacia do córrego Bairrinho localiza-
se na ponte da av. Nadib Chaib (Figuras 70, 71 e 72), recentemente inaugurada.
Estando no trecho final do corpo hídrico, aproximadamente 50 metros antes de sua
junção com o rio Mogi Mirim.

Figura 70: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 09 – Trecho final do córrego Bairrinho

Figura 71: Ponto de Monitoramento Figura 72: Detalhe do Ponto de


Ambiental 09. Monitoramento Ambiental.
59

4.4.1.7. Bacia do rio Mogi Mirim:


Considerando toda a extensão do rio Mogi Mirim, foram computados três pontos
de monitoramento ambiental.
O primeiro, titulado de PM03, trata-se do montante do trecho urbano do rio Mogi
Mirim. Localizado na ponte da rodovia SP-147. Local de fácil acesso e identificação
conforme demonstrado nas figuras 73, 74 e 75.
O segundo Ponto de Monitoramento Ambiental trata-se do PM10. Localizado na
ponte da AV. Nadib Chaib (conforme locado e identificado nas figuras 76, 77 e 78), o
ponto em questão, já no trecho médio da área urbana do rio Mogi Mirim. Recebe
contribuição de todos os afluentes escopo deste estudo e demais afluentes.
O terceiro ponto de monitoramento Ambiental para a bacia do rio Mogi Mirim diz
respeito ao PM11. Localizado no trecho final do rio Mogi Mirim em seu trecho urbano,
as margens da rodovia SP-340 conforme demonstrado nas figuras 79, 80 e 81. Neste
ponto, o rio Mogi Mirim já sofreu carga dos seus afluentes da área urbana e
lançamentos direto no próprio rio Mogi Mirim.
60

Bacia hidrográfica do rio Mogi Mirim

Figura 73: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 03 – Montante do rio Mogi Mirim em sua
área urbana

Figura 74: Vista do Ponto de Monitoramento Figura 75: Detalhes do Ponto de


Ambiental Monitoramento Ambiental
61

Bacia hidrográfica do rio Mogi Mirim

Figura 76: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 10 – Trecho médio do rio Mogi Mirim

Figura 77: Ponto de Monitoramento Figura 78: Detalhe do Ponto de


Ambiental 10. Monitoramento Ambiental 10.
62

Bacia hidrográfica do rio Mogi Mirim

Figura 79: Localização do Ponto de Monitoramento Ambiental 11 – Trecho final do rio Mogi Mirim em
sua área urbana.

Figura 80: Ponto de Monitoramento Figura 81: Detalhe Ponto de Monitoramento


Ambiental 11. Ambiental 11.
63

4.4.2. Caracterização Bacteriológica


Além da análise do IQA, também foram realizadas duas análises para contagem
dos organismos Coliformes Totais e Coliformes Termotolerantes, tendo como objetivo a
caracterização bacteriológica de todo o córrego Maria Beatriz e córrego Lavapés,
conforme figura 82 e tabelas 05 e 06.
Tais organismos foram escolhidos pelo fato das bactérias do grupo coliforme
serem associadas com as fezes de animais de sangue quente e com o solo. Sendo as
bactérias coliformes termotolerantes restritas ao trato intestinal de animais de sangue
quente podendo assim, traçar um perfil bacteriológico de todo o corpo hídrico,
identificando possíveis fontes de contaminação da água por esgotos domésticos.
64

FIGURA 82 - Inserir plotagem dos pontos bacteriológico A3


65

TABELA 05. Descrição dos pontos de amostragem para caracterização bacteriológica.


Fonte: BORIM, G. 2009.

Sub- Ponto de Localização Coordenadas


bacia amostragem UTM
7.515.875,98
Lavapés PLavapés01 Ponte da Rua Afonso Arcuri
296.487,42
7.515.955,03
Lavapés PLavapés02 Ponte da Rua Benedito Pena Forte
296.500,69
7.516.030,52
Lavapés PLavapés03 Ponte da Rua Antonio Janini
296.520,30
7.516.093,03
Lavapés PLavapés04 Ponte da Rua Cristiano Cruz
296.551,51
7.516.156,42
Lavapés PLavapés05 Ponte da Rua Henrique Stort
296.587,84
7.516.202,52
Lavapés PLavapés06 Ponte da Rua João Antunes de Lima
296.646,67
Córrego Maria Beatriz, 10 metros antes da 7.516.328,02
Lavapés PLavapés07
junção com córrego Pq. Industrial 297.217,40
Córrego Lavapés, na junção dos córregos 7.516.325,37
Lavapés PLavapés09
Maria Beatriz e Pq Industrial 297.230,94
Ponte córrego Lavapés, antes da chegada 7.516.433,68
Lavapés PLavapés10
no Lago I – Complexo Lavapés 297.415,90
7.516.532,55
Lavapés PLavapés11 Lago I – Complexo Lavapés
297.527,12
7.516.610,70
Lavapés PLavapés12 Lago II – Complexo Lavapés
297.611,21
Ponte da elevatória de água projetada pelo 7.516.714,48
Lavapés PLavapés14
SAAE, 15 metros após Lago II 298.024,31
7.516.786,03
Lavapés PLavapés15 Ponte na altura da rua São Marcos
298.152,12
7.516.928,20
Lavapés PLavapés16 Ponte da rua Dona Sinhazinha
298.411,31
7.517.081,74
Lavapés PLavapés17 Ponte da rua 7 de Setembro
298.682,05
7.517.281,65
Lavapés PLavapés18 Ponte da rua Aprígio G. da Silveira
298.915,33
7.517.378,42
Lavapés PLavapés19 Ponte da Av. Adib Chaib
299.005,76
7.517.427,29
Lavapés PLavapés20 Ponte dentro do clube Mogiano
299.037,26
Ponte dentro do clube Mogiano, 70 metros
7.517.617,37
Lavapés PLavapés21 antes da desembocadura no rio Mogi
299.171,47
Mirim
66

TABELA 06. Parâmetros e freqüência utilizados na caracterização bacteriológica. Fonte:


BORIM, G. 2009.

Ponto de Parâmetros Tipo de Freqüência Objetivo


amostragem amostra
Caracterização
PLavapés01 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés02 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés03 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés04 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés05 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés06 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés07 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés09 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés10 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés11 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés12 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés14 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés15 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés16 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés17 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés18 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés19 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés20 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
Caracterização
PLavapés21 Coli / E. Coli Simples Bimestral
Bacteriológica
67

4.5. Descrição das atividades de campo


As atividades de campo concentraram-se em visita aos corpos hídricos escopo
deste estudo para escolha dos pontos de amostragem, acompanhamento das coletas
realizadas por técnico do laboratório contratado pelo SAAE, monitoramento visual
semanal em pontos críticos das sub-bacias, principalmente no que tange a sub-bacia
do Lavapés e sub-bacia do Santo Antonio devido a primeira ser um cartão-postal da
cidade e, conforme já exposto, a segunda possuir um dispositivo tipo comporta para
lançamento de esgotos no córrego quando a rede coletora de esgotos encontra-se em
sobre-carga.
Além das atividades supra-citadas, tendo em vista a preservação dos corpos
hídricos, juntamente com a Assessoria de Planejamento e Meio Ambiente do SAAE e
Vigilância Sanitária foi realizado o programa Caça-Esgotos, o qual visa a identificação e
eliminação de fontes poluidoras.
Através de denúncias realizadas por munícipes ou constatadas por funcionários
do SAAE, a Assessoria de Planejamento e Meio Ambiente do SAAE vai até o local e
identifica se há lançamentos de esgotos no sistema de drenagem de águas pluviais
através do teste de corante no sistema de esgotos, conforme figuras 83 e 84. Depois
de constatado o fato, a Vigilância Sanitária notifica o responsável fixando prazo para
sanar as irregularidades.

Figuras 83 e 84: Identificação de esgotos domésticos sendo lançados no sistema de águas pluviais e,
conseqüentemente, nos corpos hídricos através do teste com corantes nos esgotos.
68

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1. Resultados

5.1.1. IQA

5.1.1.1. Resumo:

TABELA 07. Resumo da classificação do IQA, desde o trecho inicial até o trecho final da
bacia hidrográfica do rio Mogi Mirim em sua área urbana. Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

Sub-bacia Ponto de IQA


Monitoramento Março Maio Julho Setembro
Mogi Mirim PM03 43 61 61 55
Bela Vista PM05 50 84 72 54
Lavapés PM02 49 60 73 62
Lavapés PM01 54 57 60 51
Lavapés PM06 54 38 34 37
Toledo PM07 48 61 44 37
Santo PM08 47 53 35 37
Antonio
Bairrinho PM09 55 44 38 38
Mogi Mirim PM10 28 50 31 29
Mogi Mirim PM11 25 57 29 30

TABELA 08. Identificação da Classe do IQA segundo normas da CETESB.

Identificação Classificação Ponderação

Água Ótima 79 < IQA ≤ 100

Água Boa 51 < IQA ≤ 79

Água Regular 36 < IQA ≤ 51

Água Ruim 19 < IQA ≤ 36

Água Péssima IQA ≤ 19


69

5.1.1.2. Sub-Bacia do Bela Vista

Ponto de Monitoramento Ambiental 05 – Trecho final


Córrego Classe 2.
TABELA 09. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 05.
Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 25 21 19 20
DBO (mg/L O2) 5 5,2 6,2 4 14
OD (mg/L O2) ≥5 7,6 7,2 7,1 6,9
Resíduo total 500 6,0 29 6 6
(mg/L)
Fósforo (mg/L P) 0,03 1,04 0,31 0,87 0,95
Turbidez (NTU) 100 25 11 19 15
Nitrogênio (mg/L -- 0,65 0,27 0,62 0,7
N)
pH à 25C ≥6≤9 6,86 6,79 6,51 6,89
E.Coli. 1000 1,7 x 10^4 3,2 x 10^3 3,1 x 10^3 1,1 x 10^3
(NMP/100mL)
IQA -- 50 84 72 54
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal
(mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


70

5.1.1.3. Sub-Bacia do Lavapés:

Ponto de Monitoramento Ambiental 02 – Lavapés - Trecho inicial


Córrego Classe 2.
TABELA 10. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 02.
Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 26 22 19 19
DBO (mg/L O2) 5 5 35 5 14
OD (mg/L O2) ≥5 6,9 6,6 7,0 7,5
Resíduo total (mg/L) 500 8,1 4 25 19
Fósforo (mg/L P) 0,03 1,24 1,16 0,35 0,42
Turbidez (NTU) 100 26 5 5 9
Nitrogênio (mg/L N) -- 0,6 1,7 0,31 6,37
pH à 25C ≥6≤9 6,95 6,82 6,76 6,79
E.Coli. 1000 7,9 x 10^3 3,7 x 10^3 3,1 x 10^3 1,8 x 10^3
(NMP/100mL)
IQA -- 49 60 73 62
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal (mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


71

Ponto de Monitoramento Ambiental 01 – Lavapés – Trecho médio.


Córrego Classe 2.
TABELA 11. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 01.
Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 25 22 19 20
DBO (mg/L O2) 5 2 32 2 15
OD (mg/L O2) ≥5 6,6 6 6,5 7,2
Resíduo total (mg/L) 500 7,0 21 3 4
Fósforo (mg/L P) 0,03 1,52 0,87 1,47 0,38
Turbidez (NTU) 100 14 30 13 52
Nitrogênio (mg/L N) -- 0,25 1,6 6,73 6,61
pH à 25C ≥6≤9 7,25 7,5 7,1 6,99
E.Coli. 1000 2,2 x 10^3 3,3 x 10^3 6,3 x 10^3 1,1 x 10^4
(NMP/100mL)
IQA -- 54 57 60 51
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal
(mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


72

Ponto de Monitoramento Ambiental 06 – Lavapés - Trecho final


Córrego Classe 2.
TABELA 12. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 06.
Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 26 22 19 19
DBO (mg/L O2) 5 7,6 60 52 50
OD (mg/L O2) ≥5 7,3 7,4 6,9 7,1
Resíduo total (mg/L) 500 5 239 30 37
Fósforo (mg/L P) 0,03 0,94 1,33 1,15 1,06
Turbidez (NTU) 100 15 191 13 16
Nitrogênio (mg/L N) -- 0,95 2,76 0,90 0,78
pH à 25C ≥6≤9 7,34 6,76 7,0 7,15
E.Coli. 1000 7,0 x 10^3 2,6 x 10^3 4,7 x 10^3 1,9 x 10^4
(NMP/100mL)
IQA -- 54 38 34 37
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal
(mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


73

5.1.1.4. Sub-Bacia do Toledo:

Ponto de Monitoramento Ambiental 07 – Toledo - Trecho final

Córrego classe 2.

TABELA 13. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 07.


Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 25 23 20 19
DBO (mg/L O2) 5 4,8 17,5 4 18
OD (mg/L O2) ≥5 6,5 7,1 6,2 6,7
Resíduo total (mg/L) 500 6 14 5 4
Fósforo (mg/L P) 0,03 1,31 1,52 1,25 1,13
Turbidez (NTU) 100 17 4 13 13
Nitrogênio (mg/L N) -- 0,8 0,87 0,90 0,81
pH à 25C ≥6≤9 7,01 7,2 6,87 7,14
E.Coli. 1000 9,4 x 10^3 2,2 x 10^3 1,1 x 10^4 2,5 x 10^4
(NMP/100mL)
IQA -- 48 61 44 37
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal
(mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


74

5.1.1.5. Sub-Bacia do Santo Antonio:

Ponto de Monitoramento Ambiental 08 – Santo Antonio - Trecho final

Córrego classe 2.

TABELA 14. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 08.


Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 26 24 18 19
DBO (mg/L O2) 5 11,6 40 20 26
OD (mg/L O2) ≥5 7,2 7,5 6,7 7
Resíduo total (mg/L) 500 5 10 9 8
Fósforo (mg/L P) 0,03 2,38 1,08 1,12 1,23
Turbidez (NTU) 100 7 18 229 22
Nitrogênio (mg/L N) -- 1,45 1,92 1,77 1,53
pH à 25C ≥6≤9 7,08 6,6 6,62 6,33
E.Coli. 1000 1,4 x 10^4 3,3 x 10^3 9,2 x 10^4 9,4 x 10^4
(NMP/100mL)
IQA -- 47 53 35 37
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal
(mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


75

5.1.1.6. Sub-Bacia do Bairrinho:

Ponto de Monitoramento Ambiental 09 – Bairrinho - Trecho final

Córrego classe 2.

TABELA 15. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 09.


Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 26 22 18 20
DBO (mg/L O2) 5 4,4 43 45 40
OD (mg/L O2) ≥5 7,8 7,1 7,5 7,2
Resíduo total (mg/L) 500 0,3 20 25 19
Fósforo (mg/L P) 0,03 0,56 2,06 1,10 1,14
Turbidez (NTU) 100 21 50 12 19
Nitrogênio (mg/L N) -- 0,73 2,15 0,89 0,76
pH à 25C ≥6≤9 6,56 6,82 6,34 6,61
E.Coli. 1000 4,9 x 10^3 2,7 x 10^3 7,8 x 10^2 1,2 x 10^3
(NMP/100mL)
IQA -- 55 44 38 38
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal (mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


76

5.1.1.7. Bacia do Rio Mogi Mirim

Ponto de Monitoramento Ambiental 03 – Mogi Mirim - Trecho inicial

Rio classe 2.

TABELA 16. Resultados de IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 03.


Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 27 21 18 19
DBO (mg/L O2) 5 14,4 36 3 13
OD (mg/L O2) ≥5 7,3 6,8 6,9 7
Resíduo total (mg/L) 500 5,5 4 5 5
Fósforo (mg/L P) 0,03 1,48 1,26 1,2 1,28
Turbidez (NTU) 100 17,00 3 4 8
Nitrogênio (mg/L N) -- 1,7 1,8 1,2 1,26
pH à 25C ≥6≤9 6,32 6,75 6,72 6,78
E.Coli. 1000 9,2 x 10^4 1,1 x 10^3 1,2 x 10^4 2,2 x 10^3
(NMP/100mL)
IQA -- 43 61 61 55
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal (mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


77

Ponto de Monitoramento Ambiental 10 – Mogi Mirim - Trecho médio

Rio classe 3.

TABELA 17. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 10.


Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 25 23 19 19
DBO (mg/L O2) 10 21 44 57 109
OD (mg/L O2) ≥4 6,9 7,1 7,4 7,1
Resíduo total (mg/L) 500 0,5 8 7 7
Fósforo (mg/L P) 0,05 2,43 2,51 2,21 2,03
Turbidez (NTU) 100 109 25 51 31
Nitrogênio (mg/L N) -- 2,5 2,07 1,97 1,88
pH à 25C ≥6≤9 6,07 6,93 6,54 6,78
E.Coli. 4000 3,5 x 10^4 2,6 x 10^3 1,4 x 10^4 92 x 10^3
(NMP/100mL)
IQA -- 28 50 31 29
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal (mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


78

Ponto de Monitoramento Ambiental 11 – Mogi Mirim - Trecho final

Rio classe 3.

TABELA 18. Resultados do IQA para o Ponto de Monitoramento Ambiental 11.


Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

VMP* Março Maio Julho Setembro


2009 2009 2009 2009
Temperatura (°C) -- 26 21 19 19
DBO (mg/L O2) 10 23,6 23 23 16
OD (mg/L O2) ≥4 7,1 6,9 6,7 6,2
Resíduo total (mg/L) 500 0,8 21 18 20
Fósforo (mg/L P) 0,05 3,5 7,46 6,75 6,32
Turbidez (NTU) 100 111 82 59 88
Nitrogênio (mg/L N) -- 3 1,12 1,05 0,97
pH à 25C ≥6≤9 6,56 6,87 6,65 6,63
E.Coli. 4000 1,6 x 10^5 5,1 x 10^3 1,5 x 10^4 11 x 10^3
(NMP/100mL)
IQA -- 25 57 29 30
Regime -- 252,6 30,9 80,1 129,7
pluviométrico
mensal (mm/mês)

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005


79

5.1.2. Caracterização bacteriológica:

TABELA 19. Caracterização de coliformes totais e termotolerantes na sub-bacia do Lavapés.


Partindo do trecho inicial da sub-bacia do Lavapés até o seu trecho final.
Fonte: SAAE Mogi Mirim, 2009.

Coli Coli E.Coli E.Coli VMP* x


(NMP/100mL (NMP/100mL (NMP/100mL (NMP/100mL 10³)
x 10³) em x 10³) em x 10³) em x 10³) em
Ponto Agosto/2009 Outubro/2009 Agosto/2009 Outubro/2009
PLavapés1 840 82 31 3,9 1
PLavapés2 790 70 25 3,1 1
PLavapés3 680 63 34 3,7 1
PLavapés4 630 56 27 3,1 1
PLavapés5 540 49 31 2,7 1
PLavapés6 390 41 34 3,0 1
PLavapés7 160 94 35 2,6 1
PLavapés9 540 58 31 2,7 1
PLavapés10 330 48 27 4,1 1
PLavapés11 390 43 34 3,8 1
PLavapés12 200 18 31 2,6 1
PLavapés14 120 94 92 8,3 1
PLavapés15 400 36 17 2,2 1
PLavapés16 980 83 54 5,8 1
PLavapés17 790 70 41 3,9 1
PLavapés18 630 59 39 4,1 1
PLavapés19 680 54 55 4,7 1
PLavapés20 540 45 38 4,0 1
PLavapés21 410 56 17 2,6 1

*VMP = Valor Máximo Permitido de acordo com a Resolução CONAMA Nº357/2005 para os organismos
E. Coli.
80

5.2. Discussão do Nexo causal

5.2.1. IQA

5.2.1.1. Sub-bacia do Bela Vista

Na campanha de amostragem em questão, a sub-bacia do Bela Vista foi a


única que apresentou uma amostra na categoria Água Ótima conforme figura 85.
Analisando os resultados dos parâmetros componentes do IQA, pode-se observar que,
entre Março e Maio de 2009 houve uma queda significativa nos valores de Turbidez e
Coliformes Termotolerantes.
Esta queda nos valores pode ter ocorrido devido também à significativa
diminuição no regime pluviométrico conforme pode-se observar na figura 99. Tais
chuvas poderiam estar carreando sólidos de solo nu ao corpo hídrico, devido à
movimentação de solos para abertura de loteamento urbano. Com a diminuição das
chuvas o carreamento de solo pode ter sido reduzido. No que diz respeito ao valor de
coliformes termotolerantes, também devido ao alto índice pluviométrico, o coletor
tronco de esgotos Bela Vista, qual se encontra precário, pode ocasionar o
extravasamento de esgotos para o sistema de drenagem pluvial e, conseqüentemente,
parte dos esgotos serem direcionados ao córrego.
81

Evolução do IQA
90
84
80

70 72

60
54
50 50

40 PM05

30

20

10

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

Figura 85: Gráfico de evolução do IQA na sub-bacia do Bela Vista.


82

5.2.1.2. Sub-bacia do Lavapés

No que diz respeito à campanha de amostragem da sub-bacia do Lavapés,


pode-se observar na figura 86 que, em Março, as águas a montante do corpo hídrico
estavam com qualidade inferior às águas do trecho médio e trecho final do córrego
Lavapés. No entanto, nos meses seguintes, as amostragens voltam ao regime normal,
tendo o IQA reduzindo-se à medida que a calha do córrego vai chegando ao seu trecho
final.

Evolução do IQA
80

73
70

62
60 60 60
57
54
50 51
49
PM02
40
38 37 PM01
34
30 PM06

20

10

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

Figura 86: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão

Analisando os resultados dos parâmetros componentes do IQA, podemos


verificar que, em Março a amostra no ponto de monitoramento a montante possuía alta
turbidez, qual foi reduzindo-se ao longo do curso d´água, provavelmente a sedimentação
e auto-depuração. Também, neste mesmo mês, nota-se alta carga de Resíduos e
Coliformes Fecais logo a montante da sub-bacia, qual também foi se estabilizando ao
longo do curso devido, provavelmente, também aos processos de sedimentação e auto-
depuração. Já no segundo mês de monitoramento, tem-se um aumento significativo de
DBO a montante do curso d´água qual também foi se depurando ao longo do canal. E,
83

entre o ponto de monitoramento Montante e Médio, aumento da turbidez, qual se


acentuou ainda mais no trecho final do córrego.
Tais oscilações nos valores dos parâmetros podem ter sido ocasionadas as
obras da construção dos novos coletores tronco de esgotos Lavapés, qual está
substituindo o coletor tronco existente onde, iniciou-se o trecho final, na altura do PM06
em Março deste e ano e, em concomitância, iniciou-se o trecho inicial, montante ao PM02.
Tais obras necessitam, em alguns casos, realizar a secagem das valas onde, a água de
drenagem destas, com alta concentração de sólidos, foram bombeadas para fora da vala
e, onde não existia rede coletora de esgotos onde as águas barrentas das valas
pudessem ser lançadas, essas foram lançadas no córrego Lavapés e Maria Beatriz.
Algumas vezes, também se fez necessário drenar os esgotos presentes na vala para fora,
seguindo a mesma metodologia das águas de drenagem. Provavelmente, até Dezembro
do corrente ano, as obras de todo o coletor tronco de esgotos Lavapés terão sido
finalizadas, tendo assim esta sub-bacia um risco diminuto de vazamento de esgotos
devido à rede coletora precária, o que vem causando diversos prejuízos ao município.
84

5.2.1.3. Sub-bacia do Toledo

Na sub-bacia do Toledo, conforme se pode observar na figura 87, nota-se que a


qualidade das águas classifica-se, em maior quantidade como “Água Regular”, tendo
somente uma amostragem como “Água Boa”.

Evolução do IQA
70

60 61

50
48
44
40
37

30

20

10

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

PM07

Figura 87: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão.

Analisando os resultados dos parâmetros componentes do IQA, pode-se notar


um decréscimo nos parâmetros turbidez e E.Coli entre março e maio, o que ocasionou o
aumento do IQA. Após Maio a turbidez e E.Coli voltam a aumentar, diminuindo assim a
qualidade das águas. Os outros padrões parecem ter uma oscilação constante. No
entanto, para afirmar isto, tem-se de realizar uma campanha de amostragem com maior
durabilidade.
A oscilação de valores dos parâmetros turbidez e E.Coli podem estar
diretamente relacionados com o índice pluviométrico, pois no primeiro mês, quando houve
alto índice pluviométrico (Figura 99) os padrões em questão estavam altos. Na segunda
amostragem, quando ocorreu baixo índice pluviométrico, também ocorreu à diminuição
85

dos padrões e, seqüencialmente, quando novamente começou a aumentar o índice


pluviométrico os padrões passaram a aumentar.
Tal relação deveria ser inversamente relacionada, porém nota-se sua relação
direta nos resultados apresentados. Esta relação pode ocorrer devido ao alto número de
ligações de águas pluviais no sistema de esgotos, sendo que, no período de chuvas (alto
índice pluviométrico), a rede coletora de esgotos sofre sobre-carga devido ao alto volume
de esgotos e águas pluviais, podendo extravasar para o curso d´água.
Além de que, quando o sistema de drenagem encontra-se interligado ao sistema
de esgotamento sanitário, sólidos grosseiros quais podem entrar pelas bocas de lobo do
sistema de drenagem podem ocasionar o entupimento das redes de esgotos onde,
também, pode ocorrer o extravasamento de esgotos para o curso hídrico, ocasionando a
poluição do mesmo e, conseqüente, diminuição do IQA.
86

5.2.1.4. Sub-bacia do Santo Antonio

Na sub-bacia do Santo Antonio, conforme Figura 88, nota-se que as


águas classificam-se em grande parte como “Água Regular”, tendo somente uma
amostragem como “Água Boa”.

Evolução do IQA
60

53
50
47

40
37
35
30

20

10

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

PM08

Figura 88: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão.

Na análise dos resultados dos padrões componentes do IQA, percebe-se que o


decréscimo do IQA nos meses entre Maio a Setembro ocorreu, principalmente, a
elevação da turbidez e coliformes fecais.
Tal elevação pode ter sido influenciado devido ao rompimento de uma travessia
de esgotos do SAAE sobre o córrego Santo Antonio (Figura 89) ocorrido no fim de Abril
de 2009, onde os esgotos ficaram sendo lançados diretamente a montante do ponto de
monitoramento, prejudicando assim a amostragem e a qualidade do curso hídrico.
87

Figura 89: Travessia de esgotos sobre o córrego Santo Antonio rompida sofrendo conserto e a carga de
esgotos sendo lançada no córrego.
88

5.2.1.5. Sub-bacia do Bairrinho

Através da figura 90, percebe-se um decréscimo no IQA para a sub-bacia do


Bairrinho, tendo suas águas classificadas como “Água Regular” e “Água Boa”, sendo a
maior parte inclusa no primeiro e somente uma amostragem no segundo.

Evolução do IQA
60
55
50

44
40
38 38

30

20

10

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

PM09

Figura 90: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão.

Analisando os resultados dos parâmetros do IQA, nota-se um aumento da


turbidez e DBO, resíduos e fósforo de Março para Maio e uma constância na DBO e
resíduos nos meses seguintes.
Tal fato pode estar relacionado com o lançamento de esgotos do SAAE no
córrego, montante ao ponto de monitoramento e com o regime pluviométrico (Figura 99).
Tendo uma qualidade inversamente relacionada com o regime pluviométrico devido à
diluição de poluentes.
89

5.2.1.6. Bacia do rio Mogi Mirim

Como pode-se observar na figura 91, o ponto de monitoramento a montante do


corpo hídrico em sua área urbana possui o maior IQA em relação aos outros, tendo sua
classificação como “Água Regular” em um amostragem e “Água Boa” nas outras. Já os
pontos de monitoramento dentro da área urbana têm o IQA classificados como: Um
“Água Boa”, um “Água Regular” e seis como “Água Ruim”.

Evolução do IQA
70

60 61 61
57 55
50 50
43
40 PM03
30 31
29 30
29 PM10
28
25
20 PM11

10

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

Figura 91: Gráfico de evolução do IQA para a sub-bacia em questão.

Já analisando individualmente os parâmetros componentes do IQA, nota-se no


ponto de monitoramento a montante da área urbana (Figura 92) tem-se um pico de
E.Coli no mês de março e um pico de DBO no mês de Maio, após os parâmetros se
mantém em certa constância.
90

Componentes do IQA para o PM03


100
90 Temperatura
80
70 DBO
60
50 OD
40 Resíduo
30
20 Fósforo
10
0 Turbidez
Nitrogênio
pH
E.Coli x 10^3

Figura 92: Gráfico de variação dos parâmetros quais compõem o IQA para a sub-bacia em
questão.
Tais picos podem ter sido ocasionados devido a episódios de
extravasamento de esgotos da estação elevatória de esgotos na zona leste do
município (Figuras 93 e 94). Tais extravasamentos atingem um afluente do rio Mogi
Mirim e, logo em seguida o rio Mogi Mirim, antes do ponto de monitoramento em
questão.

Figura 93: Estação Elevatória de esgotos Figura 94: Vestígios de extravasamento de


esgotos.
91

No segundo ponto de monitoramento, figura 95, já dentro da área urbana do


município, percebe-se um aumento da DBO e E.Coli. Devido, provavelmente, à
interação do rio Mogi Mirim com seus afluentes e demais fontes de poluição
diretamente no rio Mogi Mirim (fontes pontuais e poluição difusa).

Componentes do IQA para o PM10


120

100
Temperatura
80 DBO

60 OD
Resíduo
40
Fósforo

20 Turbidez
Nitrogênio
0
pH
E.Coli x 10^3

Figura 95: Gráfico de variação dos parâmetros quais compõem o IQA para a sub-bacia em questão.

No ponto de monitoramento 11, trecho final da área urbana do rio Mogi Mirim
(Figura 96), nota-se já uma auto-depuração da carga orgânica e estabilização, no
entanto, com qualidade ruim devido, provavelmente, à poluição difusa e,
principalmente, lançamento de esgotos da rede coletora no rio Mogi Mirim, logo após o
PM10.
92

Componentes do IQA para o PM11


180

160

140
Temperatura

120 DBO
OD
100
Resíduo

80 Fósforo
Turbidez
60
Nitrogênio

40 pH
E.Coli x 10^3
20

0
Março/2009 Maio/2009 Julho/2009 Setembro/2009

Figura 96: Gráfico de variação dos parâmetros quais compõem o IQA para a sub-bacia em questão.
93

5.2.2. Caracterização bacteriológica:

Analisando os resultados da caracterização bacteriológica do córrego Maria


Beatriz e Lavapés (Figuras 97 e 98), nota-se que tanto coliformes totais quanto
coliformes fecais encontram-se acima do limite permitido para a classe do corpo
hídrico. Também se observa que os valores, tanto os coliformes totais quanto fecais,
encontravam-se demasiadamente superiores na amostragem de Agosto em relação ao
mês de Outubro.

Coliformes Totais x 10^3


1200
1000
800
600
Coliformes Totais x 10^3 -
400
Agosto
200
0 Coliformes Totais x 10^3-
Outubro
PLavapés1
PLavapés2
PLavapés3
PLavapés4
PLavapés5
PLavapés6
PLavapés7
PLavapés9
PLavapés10
PLavapés11
PLavapés12
PLavapés14
PLavapés15
PLavapés16
PLavapés17
PLavapés18
PLavapés19
PLavapés20
PLavapés21

Figura 97: Gráfico da quantificação de coliformes totais na sub-bacia do Lavapés.

Quanto aos coliformes fecais (Figura 98), nota-se picos comuns das referidas
amostragens nos pontos PLavapés14 e PLavapés16.

Coliformes Fecais x 10^3


100
80
60 Coliformes Fecais x 10^3 -
40 Agosto

20 Coliformes Fecais x 10^3 -


Outubro
0
Valor Max permitido x 10^3
PLavapés1
PLavapés2
PLavapés3
PLavapés4
PLavapés5
PLavapés6
PLavapés7
PLavapés9
PLavapés10
PLavapés11
PLavapés12
PLavapés14
PLavapés15
PLavapés16
PLavapés17
PLavapés18
PLavapés19
PLavapés20
PLavapés21

Figura 98: Gráfico de quantificação de coliformes termo-tolerantes na sub-bacia do Lavapés.


94

Quanto à discrepância dos valores das amostragens, tal fato pode ter ocorrido
devido ao regime pluviométrico (Figura 99), pois nota-se que no mês de Outubro a
incidência de chuvas encontra-se maior que no mês de Agosto. Assim, um maior
volume de água no corpo hídrico favorece a diluição dos esgotos.

Índice pluviométrico 2009


400
350
300
250
200
150
Precipitação (mm)
100
50
0

Figura 99: Índice pluviométrico de 2009. Fonte: Pluviômetro instalado na ETA I – SAAE Mogi
Mirim.

Quanto ao pico de coliformes totais e coliformes fecais observados nos pontos


PLavapés14 e PLavapés16, após as referidas amostragens, foram localizados
vazamentos da rede coletora de esgotos do SAAE para a rede de drenagem urbana
em ambos os pontos conforme figuras 100 e 101. O segundo já foi sanado pela
autarquia e o primeiro, devido a sua maior complexibilidade, pois envolve um volume
maior de escavação e rompimento de vias, está na programação do SAAE para ser
consertado.
95

Figura 100: Galeria de águas pluviais extravasora de águas do Lago II do Complexo Lavapés onde foi
identificado pico de E.Coli e vazamento de esgotos do sistema de afastamento de esgotos do SAAE.

Figura 101: Local de identificação de vazamento de esgotos no sistema de drenagem urbana já

sanado.
96

6. MEDIDAS MITIGADORAS

Medidas mitigadoras são aquelas destinadas a corrigir ou compensar impactos


negativos, ou reduzir sua magnitude, ou ainda potencializar impactos positivos
(PHILIPPI, 2005).
Em todo o município de Mogi Mirim, medidas mitigadoras dos impactos
ambientais negativos foram executadas, estão em execução e serão executadas. As
mais relevantes e de maior impacto estão descritas abaixo:

6.1. Concessão dos serviços de tratamento de esgotos


A medida de maior impacto positivo, devido à eliminação do lançamento de
esgotos nos corpos hídricos, que encontra-se em execução consiste na implantação
dos coletores tronco de esgotos e construção da estação de tratamento de esgotos
(ETE). No ano de 2008 o poder público municipal realizou licitação pública a fim de
realizar concessão dos serviços de tratamento de esgotos no município. A
concessionária vencedora da licitação pública incumbiu-se de construir os principais
coletores tronco de esgotos do município. Também foi incumbida da construção e
operação por um período de 30 anos da ETE. Depois de transcorrido o período de
contrato a estação volta ao poder público.
Conforme já mencionado, foi iniciado em março a construção do coletor tronco
Lavapés e, segundo previsões da concessionária, até dezembro do corrente ano a obra
dar-se-á por finalizada. Também foi iniciado a construção do emissário final de esgotos
e, no inicio de 2010, também se iniciará a construção da ETE propriamente dita.
Segundo cronograma, até o fim de 2011 a estação estará em funcionamento tratando,
pelo menos, 25% dos esgotos do município e, até o fim de 2014, 50% dos esgotos
estarão sendo tratados conforme cronograma de obras da concessionária (Anexo I)
O poder público está estudando a viabilidade técnica e econômica de
adiantamento dessas etapas para logo em 2011, Mogi Mirim ter 50% dos esgotos
tratados.
97

6.2. Desassoreamento da calha do rio Mogi Mirim


Outra medida mitigadora em execução é o desassoreamento da calha do rio
Mogi Mirim. O leito principal do Rio Mogi Mirim já foi dragado aproximadamente há 20
anos segundo moradores da região ribeirinha, no entanto, a situação da calha do rio
encontra-se comprometida, pois a lâmina d'água, em alguns trechos, não ultrapassava
40 a 45 cm de profundidade, bem como em alguns pontos a largura da calha encontra-
se bem inferior à média (2,5 a 5,0 m). Como conseqüência, no período de chuva, pode
ocorrer alagamentos nesta região trazendo transtornos como vetores, bactérias e vírus
de veiculação hídrica além de prejuízos a população ribeirinha. Assim sendo, desde
2008, o poder público municipal, por intermédio do Departamento de Meio Ambiente,
procede com o desassoreamento da calha do rio Mogi Mirim conforme as figuras 102 e
103.

Figura 102: Processo de Figura 103: Resíduos dragados da


desassoreamento calha do rio Mogi Mirim
98

6.3. Construção do coletor tronco de esgotos Bela Vista


Trata-se da construção do coletor tronco de esgotos da sub-bacia hidrográfica
do córrego Bela Vista. Este coletor não entrou como objeto na concessão do esgoto
devido à questão econômica, ficando ao encargo do poder público municipal construí-
lo. Assim sendo, no ano de 2008 o SAAE pleiteou junto ao Fundo Estadual dos
Recursos Hídricos (FEHIDRO) financiamento para construção de uma primeira etapa
do coletor (trecho final do coletor de aproximadamente 700 metros que será interligado
no coletor tronco Mogi Mirim). Após a aprovação do pleito o SAAE realizou licitação
pública para contratação de empreiteira responsável pela construção do coletor e,
atualmente, está em fase de assinar o contrato sendo que as obras hão de se iniciar o
mais breve possível. Espera-se que até o fim de 2010 este trecho do coletor esteja
pronto e em funcionamento, eliminando carga de esgotos desta sub-bacia que
atualmente, ao fim do coletor existente, é lançada no rio Mogi Mirim e a continuação do
coletor já está entrando no planejamento do SAAE.

6.4. Concepção de projeto dos coletores tronco de esgotos.


Também no ano de 2008, foi pleiteado ao FEHIDRO, agora em nome da
Prefeitura Municipal de Mogi Mirim, a concepção de três coletores tronco de esgotos
para os bairros Jardim Paulista, Jardim Nazareth e Jardim Santa Helena; Jardim
Inocoop, Jardim Centenário e Jardim Santa Clara; e Parque do Estado II. Os trabalhos
estão em andamento sendo que o projeto executivo completo será entregue ao SAAE
até o final do mês de Novembro do corrente ano. A execução deste projeto também
entrará no planejamento do SAAE, seja via financiamento ou através de recursos
próprios.
99

6.5. Concepção de projeto para tratamento da fase sólida dos


resíduos provenientes do processo de tratamento d´água.
No início de 2009, o SAAE pleiteou também junto ao FEHIDRO, a concepção de
projeto para o tratamento do lodo residual do processo de tratamento da água tendo
em vista que, conforme citado no trabalho, atualmente após sofrer sedimentação o lodo
residual do processo de tratamento da água é conduzido para o córrego do Bairrinho.
O pedido de financiamento foi aprovado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do rio
Mogi Guaçu (CBH-Mogi) e FEHIDRO. Agora, o SAAE aguarda aprovação do agente
financeiro (Banco Nossa Caixa) para iniciar licitação pública.

6.6. Programa Caça Esgotos


Um dos programas ambientais mais antigos do SAAE, existente desde 2005,
atua identificando pontos de lançamento de esgotos diretamente nos corpos hídricos
ou lançamento de esgotos no sistema de drenagem urbana através de mapeamento
em campo e denúncias. Também realiza autuações, junto com a vigilância sanitária, a
munícipes e empresas que possuem esgotos ligados na rede de água pluvial e/ou
águas pluviais ligadas na rede de esgotos.
100

7. CONCLUSÃO
Conclui-se que o monitoramento ambiental realizado mostra impactos negativos
na qualidade das águas do rio Mogi Mirim e seus principais afluentes, na área urbana
do município, pelo lançamento de esgotos sanitário sem tratamento.
No entanto, com a implantação e funcionamento do novo sistema de
afastamento e tratamento de esgotos do município, objeto de concessão pública,
espera-se eliminar a contribuição de esgotos nos corpos hídricos, recuperando assim a
qualidade deste recurso natural cada dia mais valioso e escasso.
Além do sistema de afastamento e tratamento de esgotos, outras medidas
mitigadoras contribuíram e estão contribuindo positivamente para a recuperação e
preservação dos afluentes do rio Mogi Mirim e do próprio rio em questão.
Também conclui-se que o IQA mostrou-se uma boa ferramenta de
monitoramento, demonstrando através de um índice (nota) a qualidade dos corpos
hídricos. Os valores do IQA, associados ao perfil de contaminação bacteriológica,
demonstram que a principal causa de deterioração da qualidade da água é o
lançamento de esgotos sanitário “in-natura” nos corpos hídricos em estudo.
101

8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
• BARROS, Raphael T. de V. et allii. Manual de Saneamento e Proteção
Ambiental para os municípios –Saneamento. Belo Horizonte: Escola de
Engenharia da UFMG, 1995.
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Anexo I: Cronograma de Obras Sesamm.

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