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a Norma Regulamentadora (NR)-15, da Porta ARTIGO TECNICO n. 3.214, de 8. 6, 1978, do Ministério do Trabalho (atual Ministério do Trabalho e Emprego): UM POUCO DE SUA HISTORIA E CONSIDERACOES DO GRUPO QUE A ELABOROU PARTE | 1, ANTECEDENTES Em 1977, 0 Congresso Nacional editou a Lein. 6.514, alterando todo o Capitulo V, do Titulo Il, da CLT, que trata da Seguranca, Higiene © Medicina do Trabalho. Uma das modificacées importantes foi a introdugao na CLT da exigéncia de adocao de limites de tolerancia para os agentes ambientais. O Engenheiro Civil Arnaldo Prieto, & época ocupante do cargo de Ministro do Trabalho, determinou que a Fundacentro elaborasse um projeto de Portaria para regulamentar essa lei Deu-|he ampla liberdade para que se introduzisse nesse novo instrumento legal 0 que de melhor existisse na area de higiene, seguranca e satide ‘ocupacional. (Dr. Eduardo Gabriel Saad, renomado jurista na area do Direito do Trabalho, 8 época Superintendente da Fundacentro, ideal zou a estrutura da Portaria, que Ihe deu perenidade até a pre- dette dal. En vec de (acer aperias mai urna Portaria Minite~ tial. que posteriormente seria revisada e substituida por outras mais recentes, props a criagdo de um arcabouco juridico na rea de seguranca, higiene e medicina do trabalho, composto, de Normas Reguiamentadoras, cada uma delas regulamentan- do uma Seco do Capitulo V, do Titulo I, da CLT, que trata dessa ‘matéria. Assim, surgiu a Portaria n. 3214, publicada em 08 de junho de 1978 (DOU 06/07/78 - Suplemento). Antes da edicSo da Portaria n. 3.214/78, as normas de segu- ranca, higiene e medicina do trabalho estavam dispersas em iniimeros atos administrativos do Ministério do Trabalho, oque dificultava seu estudo e aplicagao. Essas normas encontravam- se distribuidas em diversos instrumentos legais, sem nenhuma unidade técnica e juridica. As empresas, os trabalhadores e 05 proptios érgaos de fiscalizacao enfrentavam dificuldades para cumprir e fazer cumprir as exigéncias de uma legislacao tao sem unidade e ja ultrapassada, O dispositivo legal mais abran- gente na area de higiene ocupacional existente anteriormente € Portaria 3214/78 era a Portaria n. 491, de 16 de fevereiro de 11965, que dispunha sobre as atividades e operacées insalubres. Outros instrumentos tratavam das outras questdes relaciona- das 8 seguranca e medicina do trabalho. A estrutura de segu- ranca, higiene e medicina do trabalho dentro das empresas era tegulada pela Portaria n. 3.237, de 27 de julho de 1972, que jé estabelecia a obrigatoriedade dos servicos especializadios e da CPA, a fim de promover a protecao da saiide dos trabalhadores, sendo a precursora das NR-4e NR. Com a publicacdo da Portaria n. 3.214/78, passou-se a ter uma linica referéncia na area de prevencao de acidentes e doencas ‘ocupacionais, o que certamente permitiu um avanco na prote- 0 do trabalhador, pois nao ha mais 0 risco de ter textos legais esparsos, perdidos, no cumpridos e nao fiscalizados. Toda a gents cupoconas ertfatesiteqantes do grupo tenco que elboroua MES José Manuel 0. Gana Soto™ Irene F Souza Duarte Saad Eduardo Giampaali Marlo Luiz Fantazzini rmatéria juridica est4 concentrada em uma Gnica normatizacao legal, da mesma forma que & feito nos cédigos ou na propria CLT, com uma estrutura que permite uma atualizacao dentro do seu proprio corpo. Com este artigo, pretendemos trazer um pouco da historia des- sa tio importante Portaria e, em especial, de sua NR-15, que € diretamente relacionada & Higiene Ocupacional, para poder- mos entender melhor sua origem, ajudando, dessa forma, a pensar no seu futuro. Na época da elaboracao desse projeto de Portaria, a Fundacen- tro contava com poucos técnicos, a maioria deles lotados em sua sede em Sao Paulo. Sua estrutura era constituida de cinco divisbes técnicas (Divisio de Higiene do Trabalho, Divisio de Se- guranca do Trabalho, Divisio de Medicina do Trabalho, Divisio Uc Assintétivia & Agrivullura e Diviséu de Eusinu), aes Ua d1ea administrativa Coube aos técnicos das Divisées de Higiene, de Seguranca, de Medicina e da Agricultura a elaboracao da minuta da Por- taria, revolucionando todo o texto legal anteriormente exis- tente. Contando apenas com 19 técnicos nessas quatro areas, a Fundacentro conseguiu, em apenas dois meses de trabalho intenso, redigir toda a base da legislacao que perdura até hoje. Esses profissionais, jovens idealistas, dedicados 3 novel ciéncia que comecava a despertar no Brasil, Buscaram o que havia de melhor no mundo daquela época para inclui-o na legislacao brasileira, obviamente com a preocupacio de fazer as devidas adaptacdes & nossa realidade. Antes do encaminhamento para © Ministério do Trabalho, o conteido técnico final passou pela revisdo juridica de José Eduardo Duarte Saad, Procurador do Mi- nistério Pablico do Trabalho, em Sao Paulo. © Ministro do Trabalho Arnaldo Prieto, o Presidente da Funda- centro, Engenheiro Civil Dr. Jorge Duprat Figueiredo, que apés seu falecimento precoce, veio a dar o nome a essa Instituic30, € © Superintendente Dr. Eduardo Gabriel Saad, envolvidos tinica € exclusivamente com a protecao da satide dos trabalhadores dentro de uma economia forte e dinamica, apoiaram totalmen- te 0 grupo técnico para que incluisse na regulamentacao da Lei 1. 6514/77, 0 que se julgava de maior relevancia técnica, sem nenhuma restrigao ou objecio, quer do ponto de vista politico ‘ou das repercuss6es econdmicas que isso acarretatia as empre- sas. Talatitude trouxe grande motivacao para a equipe de téc- nicos envolvidos. ‘A qualidade e relevancia do trabalho realizado foram reconhe- cidas oficialmente pelo Senhor Ministro do Trabalho, Arnaldo Prieto, que, apés a publicacao da Portaria, encaminhou ao Su- perintendente da Fundacentro, Eduardo Gabriel Saad, um agra 6 evista ABHO /setembvo 2010, decimento manuscrito contendo seus expressos cumprimentos a todos os que nela trabalharam. Esse cumprimento oficial, por determinac3o do Senhor Superintendente, foi registrado no prontuério funcional de cada um dos profissionais envolvidos nna elaboracio da Portaria n. 3.214. De inicio, a Portaria n. 3.214/78 era integrada por 28 Notmas Regulamentadoras, comumente chamadas de NRs, Cada Nor- ma Regulamentadora faz o detalhamento de um tema previsto ‘no Capitulo, do Titulo I, da CLT.AINR-28, que trata da fiscaliza- ao dessas NRs, foielaborada por servidores do proprio Ministé- tio do Trabalho. Hoje a Portaria jé conta com 33 Normas Regula- mentadoras, Coube a Divisio de Higiene do Trabalho, da Fundacentro, regulamentar a parte dessa minuta de Portaria que se relacionava com a Higiene do Trabalho. A época, tal Divisio era [integrada pelos seguintes Higienistas Ocupacionais: José Manuel Osvaldo Gana Soto, Irene Ferreirade Souza Duarte Saad, Leila Nadim Zidan, Eduardo Giampaoli, Mario Luiz Fantazzini, Marcos Dorningos da Si Desses cis. profissionais, cinco hoje so Higienistas Ocupacionais Certificados pela ABHO, participaram ativamente da criagao da entidade. ‘Apés uma anilise cuidadosa e criteriosa dos artigos da CLT dire- tamente relacionados com a Higiene Ocupacional, o grupo en- volvido na regulamentaco dessa matéria optou por usar uma Uinica Norma Regulamentadora para abordar todos os agentes ambientais: a conhecida NR-15. Assim, em lugar de criar diver- sas NRs, uma para cada agente ambiental, foram criados Ane- 05 a0 corpo da NR-15, de modo que cada um deles fosse trata- do de forma especifica e independente. © grupo era liderado pelo Higienista José Manuel Gana Soto, Chefe da Divisdo de Higiene do Trabalho ¢ atual Presidente da ‘ABHO, que dava um incentivo enorme 8 sua jovem equipe de trabalho, Segundo seu préprio relato, assim foram conduzidas as primeiras decisdes: “Nas primeiras reunides com 0 Dr. Saad, ficou claro que as NRS deviam se adequar é lei 6514/77, que tinha sido promulgada no ano anterior e na qual fora mantido conceito de “insalubrida- de” Era, portant, tarefa do grupo atualizar e amenizar o impac- to desse conceito na Portaria, mas ndo era possivel elimind-1o de vez, pois fazia parte da prépria le Como lembra Gana Soto, tecnicamente, todo 0 grupo sempre foi contrario a0 adicional de insalubridade, mas esse adicional era previsto em lei. O desafio do trabalho era exigit medidas preventivas para evitar a perpetuacio do adicional. Assim, na introdugao da NR-15 incluiu-se um item que, se tives- se sido cumprido adequadamente, teria acabado com a insalu- bridade desde aquela época: ARTIGO TECNICO *“15.A.L1.Cabe @ ORT, com- provada a insalubridade por laudo do Engenheiro (ou Médico do Trabalho do ‘MIT (atual MITE) @ notificar a empresa, es- tipulando prazo para a eliminacao ou neutra- lizagdo do risco, quan- do possivel; 1) Sixar adicional devido ‘20s empregados ex. postos @ insalubridade quando impraticdvel sua eliminacdo ou neutralizagao. ‘Assim, ao examinar o tex- to criado originalmente, ficava muito claro que a insalubridade seria elimi nada com o tempo, pois as empresas, a0 serem fi calizadas pelo Ministério do Trabalho, seriam obri- gadas a adotar todas as medidas de controle para proteger seus trabalhadores, eiminando ou, no minimo, neu- {ralizando os riscos ambient. No entanto, o Ministério do Trabalho e Emprego, em 1992, al- terou a redacao desse item, sem nenhuma consulta a Funda- centro, deixando, em primeiro plano, a fixacao do adicional de insalubridade, e nao a sua eliminagao ou neutralizagao, como se pode ver de sua redacao vigente ate os dias de hoje: 15.411 Cabe 3 autoridade regional competente em matéria de seguranca e satide do trabalhador, comprovada a insalubrida- de por laudo técnico de engenheiro de seguranca do trabalho ‘ou médico do trabalho, devidamente habilitado, fixar adicional devido aos empregados expostos & insalubridade quando im- praticével sua eliminacao ou neutralizacdo. ‘De exquerda pa adr nent dug Campo da Faz Irene Fete de ouia Curt deta Nosh aon arse Marve Gana Seto marcos Comngos da Siva 2 ALGUNS ASPECTOS TECNICOS INTERESSANTES DOS ANEXOS DA NR-15 Qual foi a base de todo o trabalho? A insalubridade est sempre relacionada com a conjugacao de trés elementos presentes & forma de exposicio, quais sejam: agente, tempo de exposicdo, € concentrac3o ou intensidade desse agente. Assim, 0s estudos cientificos buscam a condicao ideal desse trinémio que, se cumprido, no deveria causar da- nos & satide do trabalhador. Trata-se do conhecido “Limite de Exposico Ocupacional” (LEO). A terminologia antiga, usada pela Lei 6514/77 e, consequentemente, pela NR-15, & “Limite de Tolerancia” (UI). Na ocasi8o, como ainda se verifica atualmente, a principal re- feréncia para o estabelecimento desses limites de exposicio ‘ocupacional era a ACGIH® — American Conference of Govern- mental Industrial Hygienists, Foram esses limites que embasa- Revista ABHO /Setembio 2010 7 ram, praticamente, todos os trabalhos técnicos realizados pela Fundacentro naquela época. Assim, nada mais légico do que utilizé-los na legislacao brasileira AACGIH® publica seus limites com base nos estudos feitos por seus Comités no ano anterior. Antigamente as propostas de adocéo de limites e a Nota de Alteragdes Pretendidas para os anos seguintes eram apresentadas para aprovagao dos mem- bros na Assembleia Geral daquela Associ feréncia e Exposicao Anual de Higiene Industrial, que ocorre anualmente, em geral no més de maio, nos Estados Unidos, e, as vezes no Canad. As proposicées aprovadas eram, entao, pu- blicadas no livro de TLV®s e BEI®s, que ficavam disponivets para © piblico em setembro/outubro de cada ano. Essa sistematica ‘operacional da Associa¢ao permanece até a presente data, s6 que hoje a aprovacao é feita apenas por seu corpo di ino mais pela Assembleia Geral. Com isso, a partir dessa alte- racdo de procedimento, o livio passou a ser disponibilizado a0 piiblico bem antes, geralmente no inicio do segundo trimestre doano. Os TIV*s utilizados como base foram os disponibilizados no livro da ACGIH® de 1976. E, estabeleceu-se como diretriz que (5 limites da NR deveriam ser revisados a cada dois anos, para evitar que ficassem defasados das pesquisa cientificas desen- volvidas no periodo, Os limites adotados pela ACGIH® levavam em conta a jornada de trabalho de 40 horas/semana. Contudo, de 1978 até a edicao da Constituigao de 1988, a jornada normal no Brasil era de 48 hhoras/semana. Diante desse fato, houve a necessidade da re~ ducao de tais limites, a fim de adequé-los & jornada existente em nosso pais naquele periodo. Utilizou-se para essa reduca0 0 critério de Brief & Scala, que ja era indicado pela ACGIH® para ‘uso em jornadas diferentes de 40 horas semanais. Isso gerou uma reducao nos limites estabelecidos pela ACGIH® de 22%. Assim, porexemplo, parao tolueno que possula na épo- ca.um TIV® de 100 ppm na ACGIH®, a NR-15 indicou um limite de 78 ppm. Isso apenas para garantir sua adequacao a jornada de trabalho brasileira Por esse motivo, algumas pessoas nao ‘muito familiarizadas com “Limites de Exposigao” diziam que 0 Brasil queria ser mais rigoroso que os Estados Unidos, esque- cendo-se de que a ACGIH® utilizava para 0 célculo dos seus limi- tes a jormada semanal de 40 horas. ‘Apenas os limites que tinham por base a jornada digria, como (05 de ruido, ¢0s limites de agentes quimicos com efeito iritan- te sobre o organismo nao sofreram nenhuma reducSo, pois dependiam da jornada semanal. Outra grande preocupacéo do grupo técnico dizia respeito a possibilidade de avaliag3o dos agentes ambientais para os quais fossem estabelecidos limites. 0 Brasil ndo contava com tecnologia em equipamentos de medicao nem em metodolo- gias analiticas para amostras ambientais de agentes quimicos em concentragdes em nivel de ppm. Eas dificuldades de impor- tagao naquela época eram imensas. Assim, apesar de a ACGIH® ter naquele momento TIs® para ‘mais de 500 (quinhentas) substancias quimicas e sete agen- tes fisicos, 6 foram estabelecidos limites de tolerancia para os agentes ambientais que pelo menos a Fundacentro pudesse avaliar. ‘Muitas das Normas Regulamentadoras (NRs) da Portaria 1, 3.214/78 foram posteriormente atualizadas, com base na ARTIGO TECNICO evolucao dos conhecimentos e da ciéncia.Infelizmente, a NR-15 sofreu apenas algumas alteragdes pontuais, que nao coibiram, contudo, (e continuam, atualmente, a no coibir) a exposicio ‘ocupacional as condicées laborais inadmissiveis e inaceitaveis cientificamente, prejudicando, com isso, a saide dos trabalha- dores. ANR-15 é composta de uma parte gera, introdutéria, com con- sideracdes que se aplicam a todos os agentes ambientais,e por ‘Anexos voltados para a regulamentacao especifica dos agentes fisicos (Anexos 1 a 10), agentes quimicos (Anexos 11 a 13) e agentes biol6gicos (Anexo 14), Na parte introdutéria da NR-15, vale destacar 0 conceito de Li- mite de Toleréncia, que, por razdes de estrutura legal, no pode ser colocado com stia definigao técnica tradicional. nicialmen- ‘te, 0 grupo havia colocado a definicao técnica, estabelecendo que sua observncia nao causaria dano a satide da maioria dos trabalhadores. No entanto, ao passar pela revisio final no Mi- nistério do Trabalho, a area juridica daquele érgio informou que do texto no poderia constar “a maioria’, pois a lei deveria ser taxativa, Outro problema nessa definicdo decorre da incluso dos nivels minimos de ilurninamento. Naquela época, a iluminagao era diretamente tratada pela Higiene Ocupacional. E, apesar dos niveis de iluminamento inferiores aos recomendados nao cau- sarem necessariamente danos diretos & satide, muito contribu- fam para a ocorréncia de acidentes do trabalho. Os ambientes de trabalho na década de 70/80 apresentavarn, de forma geral, iluminacio totalmente deficiente. E como era {cil realizar a correc3o da iluminacao, entendeu-se que, se es- tivesse incluida no conceito da NR-15, 20 se constatarem nivels abaixo dos recomendados, seria obrigatéria a adogao de medi- das de controle, o que colaboraria para a preservacao da vida dos trabalhadores. E dat surgiu na definicdo dos limites de tolerancia a expresso “concentracao ou intensidade maxima ou minima’. O conceito de intensidade “minima era restrito aos niveis de iluminamen- to. Apresentamos, a seguir, os critérios utilizados no estabeleci- mento dos principais Anexos da NR-15. 2.1, AGENTES FISICOS (ANEXOS 1 A 10) ‘Assim como os T1V®s da ACGIH® foram utilizados para a defini- 10 dos limites de tolerdncia de agentes quimicos que vieram compor a NR-15 da Portaria 3214/1978, também serviram ‘como uma das bases para estabelecer os limites de tolerdncia para a exposi¢ao ocupacional a agentes fisicos. 2.1.1. Anexo 1 - Ruido Continuo ou Intermitente Os limites de tolerancia adotados para a exposicéo ocupacio- nal a0 ruido continuo e intermitente foram gerados a partir dos, critérios estabelecidos na publicacao dos TLV®s da ACGIH® de 11976. Assim, o quadro de limites de tolerancia para ruido cont nuoe intermitente, constante do Anexo N¢ 1 da NR-15, foi cons- ‘ruido a partirdo detalhamento da tabela constante da referida publicagao, transcrita a seguir, uma vez que nela se definiam exposicoes didrias maximas permissiveis para valores de niveis de ruido a intervalos de 5 decibels. 8 evista ABHO /setembvo 2010, Table? ‘Threshold Limit Values Duration per day Sound Level Hours dBA, 16 80 8 I 85 4 90 2 I 95 1 100 12 I 105 aya 110 1/8 1 15° “Noeposue to continuous ot taitentin excess 135608 E importante observar que a tabela da ACGIH estabelecia li- mites a partir de 80 dB(A). A proposta original para os limites de tolerancia a serem adotados para a exposicao ocupacional a0 ruido continuo ou intermitente, apresentada pelo grupo de trabalho que elaborou 0 texto da NR-25, também continha um quado de limites que propunha valores a partir de 80 dB(A) No entanto, na época, a avaliacdo juridica do texto, pelo Mini 4ério do Trabalho, considerou que o fato de a tabela se referir a exposicées disrias superiores a cito horas estaria em conflito com o preceito legal que estabelecia que a jornada de trabalho nao deveria exceder oito horas. essa forma, 56 poderiam ser estabelecidos limites de exposi- ‘cdo didrias que fossem inferiores ou no maximo iguais a cito hroras. Considerando esse Fato, os valores de Leipus mains de exposi¢ao disria permissiveis para exposico a niveis der do inferiores 2 85 dB(A) foram simplesmente excluidos da tabe- la originaimente proposta. Embora, na época, tal fato pos- sa ter sido juridicamente justi- LIMITES DE TOLERANCIA PARA RUIDO CONTINUO ARTIGO TECNICO 1L._Entende-se por Ruido Continuo ou intermitente, para os fins de aplicacao de Limites de Tolerancia, o ruido que nao seja ruido de impacto. 2. Os niveis de ruido continuo ou intermitente devem ser me- ddidos em decibels (dB) com instrumento de nivel de press30 sonora operando no circuito de compensacao “A’ e circuito de resposta lenta (SLOW). As leituras devem ser feitas proxi- mas a0 ouvido do trabalhador. 3. Os tempos de exposicao aos niveis de ruido nao devem exce- der os limites de tolerdncia fixados no Quadro deste anexo, 4. Para os valores encontrados de nivel de ruido intermediério, serd considerada a maxima exposicdo diaria permissivelre- lativa ao nivel imediatamente mais elevado. 5. Nao € permitida exposicio a niveis de ruido acima de 115 dB(A) para individuos que nao estejam adequadamente protegidos. Conforme jé mencionado, o quadro de limites foi obtido a partir do detalhamento da tabela constante dos TIV®s da ACGIH® de 1976, pois a referida tabela apenas estabelecia maximas expo- sigdes didrias para niveis variando a intervalos de 5 dB(A) ‘Assim, 0 grupo de trabalho decidiu estabelecer valores inter- medisrios, visando a conferir maior qualidade a caracterizacso da exposicao ocupacional, principalmente para determinar 05 efeitos combinados das exposicées a virios niveis. Por outro lado, buscou evitar a incluso de segundos ou a presenca de valores de tempos préximos entre si, mas sempre mantendo a preocupagio de buscar um tratamento dos dados obtides que incluisse uma margem de seguranca na caracterizacao do risco, lembrando que para os valores encontrados de nivel de ruido intermedisrio devera ser con- siderada a maxima exposi¢a0 didria permissivel relativa a0 ficdvel, prejudica a avaliac3o da (OU INTERMITENTE nivel imediatamente mais ele- exposigao ocupacional ao ruido NIVEL DE RUIDO [MAXIMA EXPOSICKO DIARIA_—_vado. sob o ponto de vista técnico, a (A) PERMISSIVEL Os caleulos para a determi- pois exclui da caracterizagao 85 horas aco da maxima exposic3o da exposicio a contribuigso 85 Thoras didria para cada rivel de ruldo das exposicées a nivels de ru- a7 Ghoras adotado no quadro de Anexo1 {do de 80 dB(A) e aos demais 88 horas {oi feito utilizando a seguinte valores acima deste e abaixo de 89 Ahoras €30 minutos expresso matematica. 85 dB(A). Merece ser destacado 5 A horas que essa exclusdo, em muitos - eee T= casos, implica resultados sig- S nifcativamente inferiores aos or; 2 horas. 40 minutos aie seriam oblidos se compu- se eras 15 minutos Sendo: — tadas as exposi¢des a partir de on horaetensinutos ‘T= Maxima exposicio didria 80 dB(A), quando se conside- 98 eTmorS Ee AUR permitida, em horas ram 05 efeitos combinados da 30D ‘Tho N = nivel de pressio sonora, expose ado de cierenes 102 asraim em dB(A) niveis ~ assunto tratado mais 108 35 minutos adiante neste artigo. 105 30 minutos. Assim, o quadro com limites de 105 25 minutos 0s valores constantes do qua- tolerancia para ruldo continuo 108 20 minutos: drodo Anexo 1 so arredonda- ou intermitente e os demais 310 15 minutos mentos daqueles obtidos por elementos do critério constan- a2 10 minutos, meio dessa expressiio mate- te do anexo 1 da NRAS ficou ua minutos mitica, conforme transcrito a seguit. us T minutos Revs ABHO / Sete 2010, O maior evento de formagao profissional em SST e Emergéncia do Brasil Participe do mais importante evento prevenconista bresire nes érees de SST-€ (@LABARFILE ©-@ncontro FRRRRRE GEE) A= INES socom omsume @ FBrroreqdorvenos APE PROTECAO Emergencia Informacoes: So Paulo (11) 3129-4580 « Demats Estados (51) 2131-0400 www.expoprotecao.com.br ‘Também foi extraido dos TIVs da ACGIH® de 1976 0 critério a ser seguido quando ocorre exposicao a niveis variados de ruido, adotado no Anexo 2 da NR-25, transcrito a seguit. Se durante a jornada de trabalho ocorrerem dois ou mais peri- (odos de exposicdo a ruido de diferentes niveis, devem ser con- siderados 05 seus efeitos combinados, de forma que, se a soma das seguintes fracées: exceder a unidade, a exposigdo estaré acima do limite de tole- rancia, ‘Na equacao acima, Cn indica o tempo total que o trabalhador fica expostoa um nivel de ruido especfico Th indica a maxima expos permissivel a esse nivel, conforme definido no Quadro constante do Anexo 1 da NR-15, apresentado na tabela acima. Deve-se ressaltar que nesse critério de combinaco de exposi a0 a diversos niveis, esta embutido 0 conceito de dose de ex- posicao, pois naquela época ja tinhamos clara consciéncia da importancia da dosimetria na adequada caracterizacio da ex- pposicao ocupacional a0 ruido. Diante dessa realidade, naturalmente surge a pergunta: por que nao foi adotada a dosimetria como critério e parametro para limite, por ocasiao da elaborasao da Portaria 3214/78? Pra esclarccer essa questo, ¢ importante entender a aba géncia de um texto legal de ambito federal e resgatar a reali- dade técnica da época. Quando o governo federal estabelece a obrigatoriedade do cumprimento de um documento legal, este se aplica a todo oterritorio nacional e devem ser possiveis tanto sua implementagao como fiscalizagao er todo o pals. Ha mais de 30 anos, dosimetro de ruido constituia uma rarida- de no Brasil, Nao era comum, mesmo para as empresas de gran- de porte, dispor de dosimetros para a avaliacao da exposicao ‘ocupacional ao ruido.A prépria Fundacentro ainda nao contava com esses equipamentos. Naquela época, as Delegacias Regionais do Trabalho — DRTS, 6rgd0s do Ministério do Trabalho responsaveis pela fiscaliza- a0 das condigdes de trabalho, dispunham apenas de alguns equipamentos de medicio, entre eles um medidor de nivel de pressao sonora que fazia apenas as denominadas leituras ins- tanténeas dos niveis de ruido, mas nao tinha os recursos para a determinago da dose de exposico ao ruido. Nos anos 70, era comum os fiscais das DRIs inspecionarem as empresas ¢ efetu- arem medigées, emitindo notificagdes nos casos de identifica- Go do descumprimento de alguma exigéncia estabelecida pelo texto legal. Deve ainda ficarregistrado que, antes da Portaria n. 3214/78, 0 tema “atividades e operacdes insalubres” era legalmente trata do pela Portaria n. 492, de 16 de fevereiro de 1965, do Ministé- rio do Trabalho e Previdéncia Social. Com relaco a exposicao ao tuido, essa Portaria simplesmente estabelecia, como insalubres, asatividades ou operacdes que implicavam exposicdes a niveis de ruido iguais ou maiores que 85 d8(8) em recintos fechados €iguais ou maiores que 90 dB(C) em ambientes ao ar livre. Esse itério, além de estar desatualizado em relagao aos conceitos técnicos ja predominantes na época, em Ambito mundial, nao ARTIGO TECNICO contemplava a relevancia dos tempos de exposicao e dos efei- ‘tos combinados, quando o profissional é submetido a diferen- ‘es niveis de ruido durante sua jornada de trabalho. Portanto, em 1978, a publicagao da Portaria n. 3.214, mesmo com as limitacées impostas em seu texto, devido as restricoes de cardter técnico ainda presentes naquele ano, significou, na época, um grande avango técnico dotratamento legal das ques- +6es relacionadas 8 exposico ocupacional ao ruido. Além disso, nao se pode negar que o conceito de dosimetria, embutido no critério de consideraros efeitos combinados da exposico.a rui- dode diferentes niveis, constituiu um elemento motivador para ‘que empresas, entidades de pesquisa, érgaos governamentais e ‘até mesmo os profissionais da rea buscassem o conhecimento ‘eas ferramentas necessérias para a realizacao de dosimetrias de ruido, pratica bastante comum nos dias de hoje. 2.1.2 Anexo 2— Ruido de Impacto ‘Aorigem e a proposta resultantes do Anexo 2 tém aspectos in teressantes, como veremos a seguir. Evidentemente, todo 0 estudo para a proposta da NR-15 base- ‘ava-se no livreto da ACGIH® de 1976, disponivel na Biblioteca da Fundacentro. 0 Anexo 2, que trata de ruido de impacto, teve, ‘também, como embasamento esse mesmo documento. © primeiro ponto que se verificou no limite de exposicio para © ruido de impacto da ACGIH® foi que a avaliacio deveria ser feita com caracteristicas bem especificas: resposta de impulso (constante de tempo de 35 ms), sem compensagio, ou seja, em resposta linear do equipamento, e que o seu limite seria entao 130 dB LIN (linear, impulso). ‘Ora, todos sabiam muito bem que tais equipamentos, com tais, recursos, eram os mais caros, e que aqueles que os possuiam se~ riam contados nos dedos de uma sé mao. Ento, o grupo encal regado dos agentes fisicos comecou a estudar opcées visveis, ‘com os equipamentos mais comuns (e ainda poucos) que havia no pais. ‘raciocinio na verdade era simples: uma aproximacao razoavel da resposta linear era a curva C (linear na maior parte do espec- tro e depois se afastando nas extremidades); por outro lado, a melhor aproximacao para urna resposta de impulso seria ares- posta répida (constante de tempo de 125 ms). Evidentemente, ‘com essas aproximacées, 0 valor do limite deveria ser modifi- ado. (© passo seguinte foi feito no laboratério da Divisdo de Hi do Trabalho da Fundacentro, onde foi realizado um experimen- to realmente criativo e audacioso, qual seja = _utilizou-se o medidor B&K 2204, um excelente instrumento (um dos melhores ja fabricados pela empresa), que contava ‘com todos os recursos necessérios; = _utilizou-se s un corpo de impacto, que era uma ampola de go para gas pentano, usada para calibracdo dos explosime- ‘ros MSA mod. 2A (evidentemente, vazia), que cafa sobre uma base de Zamac tipica de laboratorio, gerando o ruido de impacto. Dezenas de vezes caiu a ampola de ago em queda live, sempre ‘da mesma altura, sobre a base, e fizeram-se as medicées nos dois sistemas, Verificou-se uma diferenga consistente de 10 dB. Essa consis- téncia se mostrou aceitavel, ¢o limite “tupiniquimy’ foi definido Revista ABHO /Setembio 2010 1 como 120 dB{(C).0 Anexo 2 deu as duas opedes de medic3o. Nunca se soube de quanto se utilizou cada modalidade de li- mite. Mas 0 tempo passa, e um dia, Eng® Jeff Forbes, Gerente Técnico da B&XK do Brasil, com mais de 30 anos de atuacio na rea, comentou para um dos integrantes do grupo que os limi tes de impacto da legislacdo brasileira eram consistenterente equivalentes, segundo medigoes de campo que ele realizou ou acompanhou. Fara’? equipe de elaboraco, tomar conhecimento desse dado representou, ao mesmo tempo, alivio e reconhecimento ~ afi- nal, havia a certeza de que a coisa funcionava bem em labora- +6rio, com uma ampola de a¢o sobre uma base de Zamac, mas, finalmente se soube que também funcionava bem em campo, ‘com outros tipos de impacto! E continua funcionandot utra providéncia que se tomou foi definir 0 conceito de rui- do de impacto. A definicao proposta também foi original, pois rndo havia nenhuma disponivel: ruidos com picos de energia aciistica de duraco menor que um segundo, aintervalos maio- res que um segundo. Outra constatacio feliz que o tempo trou- xe: muitos anos depois, a ACGIH® apresentou uma definicio de ruido de impacto semelhante. Seré que andaram lendo as rnossas NRS?? 2.1.3 Anexo 3 ~ Calor Anteriormente & Portaria n. 3214/78, o calor era objeto de re- gulamentagao na Portaria 491/65. Apesar de estabelecer que (63 trabalhos eram realizados em locais com calor excessivo, proveniente de fontes artificiais, o critério utilizado era o da Temperatura Efetiva, que nao & voltado para a prevencao da sobrecarga térmica pela exposicao ao calor. Tem por objetivo avaliar apenas 0 conforto térmico dos trabalhadores, sem con- siderar eventuais fontes de calor radiante existentes e a ativi- dade exercida. Esse indice considera somente a temperatura, a velocidade e a umidade do ar. Trata-se, portanto, de um indice voltado para atividades de escrtério ou de trabalhos de cardter intelectual, que normalmente nao envolvem esforcofisico nem 'sd0 feitos em ambientes com presenca significativa de calor ra- diante. Dessa forma, nao contemplava a maioria das atividades ‘ocupacionais com exposi¢ao.a calor, nas quais ocalor radiante ‘€2 carga metabélica sio fatores de grande significancia, ‘A Fundacentro usava para a avaliacdo das condicées de ‘exposigdo a sobrecarga térmica o Indice de Sobrecarga Térmica de Belding & Hatch - IST, que até hoje constitui um critério ‘excelente, pois, além de avaliar a sobrecarga térmica a que ‘esta exposto o trabalnador, oferece ferramentas para avaliar ‘as medidas de controle mais adequadas para a situacio em ‘estudo. No entanto, esse indice apresenta dificuldades quando se pretende estudar situagdes combinadas de exposicio ‘ocupacional. Ele pode ser determinado com a utilizagdo de um conjunto de formulas matemiticas que sao relativamente complexas. ‘Também pode ser obtido por meio de um conjunto de Sbacos integrados, mas, nesse caso, pode trazer diferentes resultados finais, decorrentes de pequenos desvios no tracado de suas li nnhas. indice} adotado naquela época pela ACGIH® para ocalor era 0 IBUTG ~ Indice de Bulbo Umido Termémetro de Globo — que leva em consideragao todos os pardmetros que interfere na ARTIGO TECNICO sobrecarga térmica, e &calculado por meio de formulas simples € € muito versatil para o estudo de exposicBes combinadas en- volvendo varias situaces térmicas e diversos valores de taxas metabélicas. Essas caractersticas foram determinantes para consideré-lo como 0 mais adequado as finalidades do texto legal Como os higienistas da Fundacentro ndo tinham experiéncias anteriores na utiliza¢ao desse indice, efetuaram uma série de avaliacdes ambientais, utilizando os dois critérios, IST e IBUTG, para testar a representatividade e reprodutividade do indice adotado pela associa¢ao americana. Os estudos realizados foram satisfatérios, e decidiu-se pela in-

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