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1. (Unicamp 2015) No texto abaixo, há uma presença significativa de metáforas que auxiliam
na construção de sentidos.
Bartolomeu Campos de Queirós, Sobre ler, escrever e outros diálogos. Belo Horizonte:
Autêntica, 2012, p. 63.
a) No trecho “Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota”,
há metáforas que expressam a experiência do autor com a leitura. Escolha uma dessas
metáforas e explique-a, considerando seu sentido no texto.
b) O texto mostra que a experiência de leitura promove uma importante mudança subjetiva.
Explique essa mudança e cite dois trechos nos quais ela é explicitada.
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Em livro, pesquisadora mostra que, em vez de resistência, houve colaboracionismo por parte
dos grandes veículos durante a ditadura
Muito longe de fazer frente ao regime militar, a grande imprensa brasileira acabou por se
acomodar à censura imposta pela ditadura que vigorou de 1964 a 1985. 6A resistência, quando
houve, deu-se na imprensa 3alternativa, enquanto os grandes veículos se adaptaram para
conseguir coexistir com os censores exigidos pelos militares. A tese é defendida pela
historiadora Beatriz Kushnir, que mergulhou em documentos do Arquivo Nacional para
destrinchar a ação dos censores nas redações dos principais jornais do país. Kushnir, que era
esperada para falar sobre a tese de doutorado que originou o livro Cães de Guarda –
Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988 (Editora Boitempo) na Comissão da
Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” no ano passado, deve depor em audiência
pública nos próximos meses. [...]
11
No livro, que é nada palatável para a imprensa brasileira e foi pouco divulgado, a doutora em
história lembra que, antes mesmo de os militares tomarem o poder, a própria imprensa pedia o
golpe em colunas e editoriais, como o Fora!, no qual o Correio da Manhã pediu a saída de João
Goulart em 1º de abril de 1964, data em que o golpe foi consolidado.
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Quando o 4regime se instalou, as 5lendárias receitas de bolo ou poemas de Camões
publicados para indicar ao público que o veículo estava sob censura revelam mais uma postura
de conivência do que de resistência, avalia Kushnir. 7Diferentemente de outras ditaduras, como
na Espanha, não houve uma só capa dizendo claramente que o jornal estava sob censura ou
mesmo espaços em branco que indicassem isso. “Suporte e fôlego para carimbar que o veículo
estava sob censura ninguém teve. Que ideia, então, de resistência é essa? Resistir para
manter o jornal aberto, para fazer o jogo do mercado? Ou resistência para comunicar à nação
brasileira o que estava acontecendo?”.
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No eixo Rio-São Paulo, a grande imprensa na época da ditadura civil-militar estava
concentrada em cinco grupos – O Globo, Jornal do Brasil, Folha, Estadão e Abril –, cada um na
mão de uma família. A proximidade de cada clã com os militares é difícil de mensurar, mas o
papel jornal, lembra a historiadora, era fornecido sob concessão do governo, o grande
financiador de propaganda mantenedora dos veículos de comunicação.
Diante desse cenário, o único protesto de fato estava na imprensa alternativa, protagonizada
por nomes como Pif Paf, Movimento e O Pasquim, cuja 300ª edição ficou marcada pelo
editorial Sem Censura, assinado por Millôr Fernandes. A morte do militante Carlos Marighella,
da ALN (Aliança Libertadora Nacional), por exemplo, foi um indicativo do contraste vivido pelos
meios de comunicação na época. Enquanto o jornal Venceremos, que circulou de setembro a
novembro de 1971, trazia na capa “Este jornal não é censurado pela ditadura. Viva Marighella”,
a primeira página da Folha da Tarde estampava a manchete: 1“Metralhado Marighella, Chefe
Geral do Terror”. [...]
Nos anos da repressão chegou-se a um total de 220 censores. Um número pequeno para dar
conta de todo o País, avalia a historiadora. Para se adaptar às exigências, lembra, começa
então um processo de autocensura, no qual a própria redação se adequava às imposições da
ditadura.
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Algumas redações chegaram a ter policiais integrando sua equipe. No livro de Kushnir, o
capítulo O jornal de maior tiragem: a trajetória da Folha da Tarde. Dos jornalistas aos policiais é
dedicado exclusivamente ao tema. Ela analisa como os policiais dentro da redação ajudavam a
moldar o conteúdo do jornal, que ficou conhecido como o “Diário Oficial da Oban”. Além de ser
uma espécie de porta-voz dos órgãos de repressão, dirigentes da redação eram oriundos de
órgãos militares e da polícia paulista.
“Uma coisa é resistir ou não, outra coisa é não colaborar. Não colaborar é não entregar um
jornal na mão de uma equipe de policiais para esconder as mortes decorrentes de tortura”,
contesta Kushnir sobre as versões publicadas dos assassinatos dos militantes. Uma dinâmica,
ela ressalta, que de certa forma ainda ressoa nos grandes veículos. “Isso ficou muito claro
durante os protestos de junho. As pessoas que queriam saber o que estava acontecendo liam
muito mais os jornais online e blogs porque 9a grande imprensa tecia outras cores", afirma.
GOMBATA, Marsílea. “Imprensa aceitou a censura”, diz historiadora. Carta Capital. Especial –
50 anos do golpe.
2. (Ufsc 2015) Com base na leitura do texto e na variedade padrão escrita da língua
portuguesa, é CORRETO afirmar que:
01) no texto, observamos a presença de metáfora, uma das figuras de linguagem mais
conhecidas por estabelecer comparações indiretas, em “[...] a grande imprensa tecia outras
cores.” (ref. 9)
02) a autora utiliza o sujeito oculto como recurso sintático para evitar o comprometimento com
as informações a respeito da censura na imprensa, como ilustra a seguinte frase: “Algumas
redações chegaram a ter policiais integrando sua equipe.” (ref. 10)
04) na Espanha, segundo Kushnir, os leitores de jornais sempre são informados quando os
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3. (Fuvest 2014) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:
Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte
da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo,
confiáveis.
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.
autoridade nacional,
4
ah, isso não: o vagabundo
fechado.
ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Carlos Drummond de Andrade: Poesia e Prosa. Editora
Nova Aguilar:1988. p. 506-507.
4. (Uece 2014) Atente ao que é dito sobre o vocábulo “insípida” (ref. 1).
III. A mudança da posição desse adjetivo para depois do substantivo não alteraria o significado
do substantivo.
a) I e II.
b) III.
c) I e III.
d) II.
1
Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana é a tendência de muitas
pessoas de só condenar os vícios que não praticam, ou pelos quais não se sentem atraídas.
Um caloteiro que não fuma, não bebe e não joga, por exemplo, é frequentemente a voz que
mais grita contra o cigarro, a bebida e os cassinos, mas fecha a boca, os ouvidos e os olhos,
como 6os três prudentes macaquinhos orientais, quando o assunto é honestidade no
pagamento de dívidas pessoais. É a velha história: 2o mal está 4sempre na alma dos outros.
Pode até ser verdade, 5infelizmente, quando se trata da política brasileira, em que continua
valendo, mais do que nunca, a máxima popular do 3“pega um, pega geral”.
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Assinale a opção que expressa uma afirmação correta sobre esse começo de texto.
a) A linguagem é figurada, portanto direta e sem subterfúgios, de modo a preparar o leitor para
o tom contundente do texto.
b) A linguagem é simples, sem elementos apelativos ou argumentativos. Predomina nela a
função fática da linguagem.
c) A linguagem é eufemística, demonstrando uma intenção do enunciador: preparar o leitor
para o teor pesado do texto.
d) O início do texto manteria a mesma força argumentativa se fosse reescrito da seguinte
maneira: Um dos aspectos mais repulsivos da personalidade humana [...].
6. (Uece 2014) “O mal está sempre na alma dos outros” (ref. 2).
Há alguns ditos populares que têm alguma relação com essa frase axiomática. Assinale a
opção cujo enunciado está em DESACORDO com a frase em destaque.
a) Macaco, olha pro teu rabo.
b) Quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado do vizinho.
c) Quem tem rabo de palha não se senta junto ao fogo.
d) Quem cospe para cima na cara lhe cai.
Texto 1
Texto 2
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Texto 3
7. (Uece 2014) Assinale com V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que é dito sobre o
texto 3.
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Em dezembro
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[...]
[...]
Pedreiro Waldemar
Você conhece
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O pedreiro Waldemar?
Não conhece?
Mas eu vou lhe apresentar
De madrugada
Toma o trem da Circular
Faz tanta casa
E não tem casa pra morar
Leva a marmita
Embrulhada no jornal
Se tem almoço,
Nem sempre tem jantar
O Waldemar,
Que é mestre no ofício
Constrói um edifício
E depois não pode entrar.
9. (Unesp 2014) Explique o caráter metafórico do emprego da palavra rosas na quarta estrofe
do trecho reproduzido do poema de Guilherme Braga.
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http://www.felipe-moreira.com/manifestacoes-no-brasil-x-facebook/
10. (Uepa 2014) No trecho: “E, agora, querem enfiar ‘goela abaixo’ do povo brasileiro mais um
aumento no valor de um transporte público extremamente precário e ineficiente” (ref. 1), o autor
faz o uso de uma figura de linguagem que também está presente em:
a) O cara que pensa em você toda hora/ Que conta os segundos se você demora/Que está
todo o tempo querendo te ver/ Porque já não sabe ficar sem você. (O cara, Roberto Carlos).
b) Tem certos dias em que eu penso em minha gente/ E sinto assim todo o meu peito se
apertar/ Porque parece que acontece de repente/ Como um desejo de eu viver sem me notar.
(Gente humilde, Angela Maria).
c) Chora flauta, chora pinho/ Choro eu, o teu cantor/ Chora manso, bem baixinho/ Nesse choro
falando de amor. (Falando de amor, Alaíde Costa).
d) Era uma vez duas criancinhas/Um mundo do faz de conta era onde eles viviam/Seus nomes
eram José e Maria/ E verde e amarelo era a bandeira que vestiam/Queriam viver com
felicidade, mas pra isso era preciso saber sempre a verdade. (Mentiras do Brasil, Gabriel
Pensador).
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(Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.)
11. (Uea 2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, em
vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. Essa
figura ocorre no verso:
a) que se misturaram em grandes adultérios!
b) O vento desarruma os teus cabelos soltos
c) As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
d) e então te entregas à água preguiçosamente,
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,
Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no
primeiro verso se justifica porque as poças
a) estimulam a imaginação.
b) permitem ver as estrelas.
c) são iluminadas pelo Néon.
d) se opõem à tristeza das estrelas.
e) revelam a realidade como espelhos.
O Assinalado
BILAC, Olavo. In: BARBOSA, Frederico (Org.). Clássicos da poesia brasileira. Rio de Janeiro:
O Globo, Klick Editora, 1997, pp.163-164.
Texto 2
Casablanca
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CESAR, Ana Cristina. A teus pés. São Paulo: Brasiliense, 1982, p.60.
Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
1
e todos, todos
2
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.
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Tenho em casa um livro intitulado Como ler um livro. Parece piada, mas é um livro
sério. Os autores são dois americanos (Mortinmer e Van Doren). Foi publicado nos anos 1940.
É um livro prático, bem americano, e no final há até uma lista de obras a serem lidas e
sugestões de trabalho. Terminada a leitura, você se convence de que o título era muito
apropriado, porque, mesmo a maioria das pessoas que sabe ler, não sabe como ler um livro.
Há tempos que penso em escrever algo em torno de como comprar um livro. Parece
também um título de brincadeira. A primeira e instintiva resposta é: “Uai! Basta ter algum
dinheiro, entrar na livraria e pronto”.
Antes fosse. Vejamos.
Suponhamos que você tenha o tal dinheiro para adquirir o livro. (Embora ter dinheiro
pareça natural para alguns, para a imensa maioria dos brasileiros isso ainda é um problema.)
Suponhamos que, tendo dinheiro, você pertença à minoria dos que leem livros. (Até hoje, não
se sabe ao certo se os que compram livros no Brasil são 10 ou 1 milhão de pessoas entre os
200 milhões.) Mas digamos que você, leitor de jornal, queira comprar um livro. Aí tem duas
alternativas: ou vai a uma livraria ou procura na internet. Se você pretende ir à livraria, vai ter
alguns problemas. Se mora num bairro com várias livrarias, é, em princípio, uma pessoa de
sorte. Se mora alhures, a coisa complica. Quando muito, terá alguma papelaria, não livraria. Se
vive no interior, aí complicou de vez. A maioria das cidades brasileiras não tem livrarias. Há
cerca de seis mil municípios e temos só umas três mil livrarias, a maioria concentrada em
certos bairros das grandes capitais.
Mas suponhamos que você tenha a sorte de entrar numa livraria. As maiores têm bares
e restaurantes para atrair a clientela. Mas você está lá para comprar livro, não é? Você leu no
jornal que o livro tal foi lançado. Como os jornais concorrem uns com os outros na pressa das
notícias, o livro ainda não chegou à livraria. Se o livreiro for atento, pode anotar seu endereço e
avisá-lo. Se você não for obsessivo, vai comer um sanduíche e se esquecer do livro.
Se o livro que procura saiu há algum tempo, o atendente, na maioria das vezes, vai ao
computador verificar. Metade das vezes ele diz que está esgotado ou apenas no estoque. Isso
nem sempre é verdade. Você pensa: depois eu volto. E não volta. Perdeu-se uma venda.
Portanto, sugiro: você tem que ter um livreiro de confiança, como antigamente se tinha o
contrabandista que lhe fornecia uísque. Não existe personal para tudo? Tenha uma pessoa
para buscar o seu livro como infatigável cão de caça.
As livrarias mais inteligentes têm que criar serviço de entrega em domicílio, como
pizzarias fazem com a pizza.
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SANT’ANNA, Affonso Romano de. Jornal Estado de Minas. Caderno Cultura. 04 mar. 2012. p.
8.
— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.
O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário
Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia
Reclinada, de Celso Antônio.
Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de
uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-
alcoólatras anônimos.
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17. (Ufrgs 2012) Leia o seguinte fragmento, do romance Cidade de Deus, de Paulo Lins,
publicado em 1997 e considerado um dos precursores na abordagem da violência das favelas
cariocas a partir de dentro, isto é, por um autor que foi morador da periferia.
É que arrisco a prosa mesmo com balas atravessando os fonemas. É o verbo, aquele que é
maior que o seu tamanho, que diz, faz e acontece. Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas
sem dentes e olhares cariados, nos conchavos de becos, nas decisões de morte. A areia move-
se nos fundos dos mares. A ausência de sol escurece mesmo as matas. O líquido-morango do
sorvete mela as mãos. A palavra nasce no pensamento, desprende-se dos lábios adquirindo
alma nos ouvidos, e às vezes essa magia sonora não salta à boca porque é engolida a seco.
Massacrada no estômago com arroz e feijão a quase palavra é defecada ao invés de falada.
Falha a fala. Fala a bala.
I. A palavra sai de forma agressiva, “defecada ao invés de falada”, porque o narrador acaba
concordando com a ideia de que não vale a pena escrever literatura sobre a realidade urbana
periférica.
II. O narrador usa linguagem figurada (como as balas atravessando os fonemas ou os olhares
cariados) para explicar que, mesmo vivendo em um lugar permeado de crimes e miséria, se
arrisca a fazer literatura.
III. Ao mencionar que “Fala a bala”, o narrador dá a entender que a violência é a linguagem que
a maioria dos moradores das favelas conhece.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
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A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os
conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura,
quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua
tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que
esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos.
Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas
é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos
Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua
relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o
estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do
mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais
importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as
grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.
O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento
do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se
tornarem fins em si mesmos. (...)
(...)
(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a
compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser
humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos
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do que uma imersão na obra ,dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há
milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões
baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa
maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito
ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o
sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar
proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o
seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais
preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários
encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das
ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de
obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida
dos povos quanto da de seus indivíduos.
Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais
unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo
sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os
homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que
seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que
se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe
transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.
(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009,
p. 89-94.)
19. (Unesp 2012) Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos
humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há
milênios?
Com base no fato de que a palavra “imersão”, usada na expressão uma imersão na obra,
caracteriza uma metáfora, indique a alternativa que elimina essa metáfora sem perda relevante
de sentido:
a) uma imitação da obra.
b) uma paráfrase da obra.
c) uma censura da obra.
d) uma transformação da obra.
e) uma leitura da obra.
Clarões
2
Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras
palavras, de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações
proprioceptivas*, lembranças, afetos etc. Por exemplo, a palavra “maçã” remete aos conceitos
de fruta, de árvore, de reprodução; faz surgir o modelo mental de um objeto basicamente
esférico, com um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por uma pele de cor variável,
contendo uma polpa comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o comemos;
evoca também o gosto e a consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a
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golden muitas vezes farinhenta, a melrose deliciosamente perfumada; traz de volta memórias
de bosques normandos de macieiras, de tortas de maçã etc. A palavra maçã está no centro de
toda esta rede de imagens e conceitos que, de associação em associação, pode estender-se a
toda a nossa memória. Mas apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com
força suficiente para emergir em nossa consciência.
Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: “Isabela come uma maçã
por suas vitaminas”. Como a palavra “maçã”, as palavras “come” e “vitaminas” ativam redes de
conceitos, de modelos, de sensações, de lembranças etc. Serão finalmente selecionados os
nós da minirrede, centrada sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao
mesmo tempo; neste caso: as imagens e os conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse
“a maçã da discórdia” ou a “maçã de Newton”, as imagens e os modelos mentais associados à
palavra “maçã” seriam diferentes. O contexto designa portanto a configuração de ativação de
uma grande rede semântica em um dado momento. (...) Podemos certamente afirmar que o
contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar
que cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica
reticular que, quando nos concentramos nela, se mostra composta de imagens, de modelos, de
lembranças, de sensações, de conceitos e de pedaços de discurso. 1Tomando os termos leitor
e texto no sentido mais amplo possível, diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar
em seu leitor um certo estado de excitação da grande rede heterogênea de sua memória, ou
então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo interior, ou ainda disparar a
projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação, (...)
O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que
brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a
extensão do grafo** luminoso disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma
forma particular, uma imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela
transformará, talvez imperceptivelmente, o mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir
espaço para outras constelações. (...)
20. (Uff 2012) O título do Texto V é uma metáfora, retomada no último parágrafo.
a) A metáfora do título é retomada como mapa do céu, para mostrar que os sentidos estão
sempre distantes da compreensão humana.
b) A metáfora do título associa-se á imagem da maçã, para esclarecer o mecanismo que liga
uma palavra a um objeto.
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c) A metáfora do título é retomada como constelações, no último parágrafo, para explicar que
os sentidos se confundem e um acaba por obscurecer o outro.
d) A metáfora do título, retomada no último parágrafo como guirlanda cintilante, associa a
produção de sentido a um processo em rede, que ilumina a compreensão do mundo.
e) A metáfora do titulo, retomada no último parágrafo, associa-se ao brilho perdido pelos
conceitos e imagens.
Anoitecer
A Dolores
É a hora em que o sino toca, É a hora do descanso,
mas aqui não há sinos; mas o descanso vem tarde,
há somente buzinas, o corpo não pede sono,
sirenes roucas, apitos depois de tanto rodar;
aflitos, pungentes, trágicos, pede paz – morte – mergulho
uivando escuro segredo; no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo. desta hora tenho medo.
21. (Ufrn 2012) No poema “Anoitecer”, Carlos Drummond de Andrade vale-se de um conjunto
de imagens metafóricas, entre as quais a expressão
a) “escuro segredo” alude à esperança que surgirá da noite.
b) “multidões compactas” alude à união entre os homens.
c) “mergulho no poço” alude ao desejo de desistência da vida.
d) “hora de delicadeza” alude à fragilidade dos homens.
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9
Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. (...) Não tenho doença
nenhuma.
O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. 10Cinquenta anos perdidos,
cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que
endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a
sensibilidade embotada.
Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem
saber para quê!
2
Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs
e sair correndo, procurando comida! 4E depois guardar comida para os filhos, para os netos,
para muitas gerações. Que estupidez! (...)
5
Coloquei-me acima da minha classe, creio que me elevei bastante. Como lhes disse,
6
fui guia de cego, vendedor de doce e trabalhador alugado. Estou convencido de que nenhum
desses ofícios me daria os recursos intelectuais necessários para engendrar esta narrativa.
Magra, de acordo, mas em momentos de otimismo suponho que há nela pedaços melhores
que a literatura do Gondim. Sou, pois, superior a mestre Caetano e a outros semelhantes.
Considerando, porém, que os enfeites do meu espírito se reduzem a farrapos de
conhecimentos apanhados sem escolha e mal cosidos, devo confessar que a superioridade
que me envaidece é bem mesquinha.
(...)
Quanto às vantagens restantes – casas, terras, móveis, semoventes, consideração de
políticos, etc. – é preciso convir em que tudo está fora de mim.
11
Julgo que me desnorteei numa errada.
GRACILIANO RAMOS
São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2004.
22. (Uerj 2011) Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar
(ref. 1)
Na sentença acima, o processo metafórico se concentra no verbo “descascar”.
No contexto, a metáfora expressa em “descascar” tem o seguinte significado:
a) reduzir
b) denunciar
c) argumentar
d) compreender
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desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam para a frente,
exclusivamente para a frente”.
Não serve de consolo, mas faz pensar. Seguimos às cegas em frente há quanto
tempo? De Prestes Maia aos túneis e viadutos de Maluf, a cidade foi induzida a andar de carro.
Nossa urbanização se fez contra o transporte público. O símbolo modernizador da era JK é o
pesadelo de agora, 11mas o fetiche da lata sobre rodas jamais se abalou.
Será ocasional que os carrões dos endinheirados – essas peruas high-tech – se
pareçam com tanques de guerra? 12As pessoas saem de casa dentro de bunkers, literalmente
armadas. E, como um dos tipos do conto de Cortázar, veem no engarrafamento uma “afronta
pessoal”.
Alguém acredita em soluções sem que haja antes um colapso? 7Ontem era a crise
aérea, amanhã será outra qualquer. 13A classe média necessita reciclar suas aflições. 8E
sempre haverá algo a lembrá-la – coisa mais chata – de que ainda vivemos no Brasil. (SILVA,
Fernando de Barros. Folha de S. Paulo, 17/03/2008.)
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Não há jamais nada de espetacular nas 15tardes cinzentas, a não ser o espetáculo da
própria tarde. E este é grandiosamente simples: ar friorento, claridade difusa que se perde no
cinza, contemplação, inatividade e o contraditório do espírito aguçado e acuado por esse
acontecer minimalista da vida.
Na tarde fria e cinzenta, corpos se rendem ao aconchego de 16roupas macias ou de
braços macios em abraços suaves. Somente olhares e corações conservam o fogo das
paixões. As vozes agudas e imperativas transformam-se em sons baixos, quase guturais, que
muitas vezes convertem-se em sussurros, como temendo quebrar a magia da tarde.
Não nos iludamos com as aparências: não há necessariamente tristeza nas tardes
cinzentas. Mas também não existe aquela alegria inconsequente dos dias cálidos e dourados
pelo sol. 22Existe, sim, um equilíbrio perfeito, numa equidistância entre o tédio e a euforia,
fazendo-nos caminhar sobre um 17tênue fio distendido entre o amargor e a satisfação, entre o
entusiasmo e o tédio. Tudo isso, porém, só se mostra aqui e ali, em meio à bruma difusa, ao
cinza que permeia tudo.
Uma simples tarde cinzenta pode parar o mundo, pode deter a vida. Somente por um
instante. Mas talvez apenas nos corações sensíveis.
CARINO, J.
Disponível em: http://www.almacarioca.net/tarde-cinzenta-j-carino/
Acesso em: 23 ago. 2010. (Adaptado)
24. (Cesgranrio 2011) A expressão que, no texto, está empregada no sentido conotativo é
a) “...tarde de inverno...” (ref. 13)
b) “...a montanha e a tarde.” (ref. 14)
c) “...tardes cinzentas,” (ref. 15)
d) “...roupas macias...” (ref. 16)
e) “...tênue fio...” (ref. 17)
Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero,
uma música que dizia: “Eu espero / acontecimentos / só que quando anoitece / é festa no outro
apartamento”.
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava
acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da
juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam
ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por
falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias,
mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas
fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas,
quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima
nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também
motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro
raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros,
ricos, sedutores. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / todos os meus conhecidos têm
sido campeões em tudo”.
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Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na
época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje,
vendendo um mundo de faz-de-conta.
Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar
que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros,
fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. (...)
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige?
Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão
mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no
sofá pintando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores
festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.
25. (Espm 2011) Todas as metáforas espaciais usadas no texto estão no mesmo plano
semântico, exceto:
a) “outros apartamentos”
b) “grama do vizinho”
c) “em algum lugar”
d) “mesmo barco”
e) “festa lá fora”
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Gabarito:
Resposta da questão 1:
a) O aluno pode escolher entre uma das acepções:
- “Porto” indica duas alternativas: o livro sugere segurança, o qual também pode permitir
tanto chegadas quanto partidas a diversos locais;
- “Porta” ilustra a capacidade que a leitura confere ao leitor de ultrapassar limites e alcançar
lugares surpreendentes;
- “Cais” retoma parte da metáfora de “porto”: o ato de ler permite chegadas e partidas a
diferentes locais;
- “Rota” caracteriza a leitura como o caminho a ser tomado pelo leitor.
É válido ressaltar que todas as metáforas apresentadas estão relacionadas à expansão dos
horizontes, tal qual a linha central da narrativa apresentada.
Resposta da questão 2:
01 + 16 + 32 = 49.
Resposta da questão 3:
[C]
O autor usa o recurso da polissemia da palavra “natureza”, repetida quatro vezes no anúncio
com dois significados distintos (na segunda e terceira aparições como “conjunto de elementos
do mundo natural” e, na primeira e quarta, como “o que compõe a substância do ser;
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Resposta da questão 4:
[C]
O termo “insípido” caracteriza denotativamente aquilo que não tem sabor, valor semântico que
não condiz com o texto de Drummond em que predomina a função poética da linguagem. Na
verdade, o autor usa-o na acepção de sem graça, desinteressante, monótono, portanto com
valor conotativo. Como o seu significado não seria alterado se fosse posposto ao verbo,
apenas a alternativa [C] é correta.
Resposta da questão 5:
[C]
Resposta da questão 6:
[D]
Considerando que axioma são “verdades universais”, configurando-se como base, inclusive,
para postulações e teorias, é necessário interpretar a frase do enunciado: o ser humano tem a
tendência a não enxergar o erro em si próprio, mas no outro. As alternativas [A], [B] e [C] fazem
referência à análise do comportamento do outro, sendo [B] e [C] praticamente equivalentes.
Já a alternativa [D] exclui do enunciado a figura do outro, de modo que o indivíduo sofra as
consequências dos próprios atos.
Resposta da questão 7:
[B]
[I] Verdadeira, pois a linguagem não-verbal, relacionada ao aviãozinho feito a partir de uma
nota de 100 Reais, corrobora o sentido da linguagem verbal. Esta, de certa forma, também
reforça a ideia de “queda”, uma vez que as manchetes normalmente vêm dispostas nas
capas de modo que a leitura flua de acordo com o convencional, na direção horizontal;
[II] Verdadeira, uma vez que a poesia concreta leva o autor a se apropriar do espaço
disponível, no caso a folha de papel, reunindo elementos frasísticos, visuais e sonoros para
expor sua obra: respectivamente, há referência ao ditado popular; o aviãozinho feito a partir
de uma nota de 100 Reais reforça a ideia principal, forçando, inclusive o leitor a fazer com
os olhos o mesmo movimento de queda informado pela manchete; finalmente, a questão
sonora está relacionada ao trocadilho entre o real (moeda brasileira) e a real (sinônimo de
“realidade”).
[III] Verdadeira, pois, ao considerar o texto 3 como fonte (“Cair nas nuvens”), percebe-se a
substituição de elementos linguísticos (o predicado da frase, “cai na real”), assim como a
inclusão (o sujeito da frase, “o real”);
[IV] Verdadeira, pois, nas duas ocorrências, “real” continua sendo um substantivo, porém seu
significado muda conforme altera-se o gênero: o real (moeda brasileira) e a real (sinônimo
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de “realidade”);
[V] Falsa, uma vez que o já citado trocadilho entre o real (moeda brasileira) e a real (sinônimo
de “realidade”) indica a presença da função poética, reforçada pela disposição da frase na
direção vertical.
Resposta da questão 8:
[E]
A expressão “silêncio espesso” traduz o ambiente do velório através de uma sinestesia, pois
relaciona duas características sensoriais advindas de órgãos diferentes: “silêncio” e “espessos”,
relacionados à audição e tato, respectivamente. Assim é correta a alternativa [E].
Resposta da questão 9:
Através de uma metáfora, o eu lírico associa as cinco filhas do trabalhador a flores, as “rosas”
que ele tem de cuidar com a força do seu trabalho, mas que por serem tão belas e sempre
alegres, compensam e amenizam o seu esforço: “Por isso, quando o trabalho/Lhe fatiga as
mãos calosas,/Tem no suor o fresco orvalho/Que dá seiva àquelas rosas”.
Trata-se de uma metáfora, figura de linguagem que consiste em estabelecer uma analogia de
significados entre duas palavras ou expressões, empregando uma pela outra. No contexto, a
expressão “enfiar goela abaixo” significa querer convencer forçosamente de algo. Essa figura
de linguagem está presente também nos versos da música de Djavan transcritos em [E], ao
associar o amor a um laço de armadilha e a um lobo andando em círculo em torno da sua
matilha.
É correta a alternativa [C], pois a comparação implícita dos ramos frondosos das árvores com
“braços peludos” constitui uma metáfora.
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Em “Aquele bêbado”, o personagem decidiu que iria deixar de consumir álcool, mas acabou por
morrer de “etilismo abstrato”. O paradoxo da expressão revela o uso metafórico do verbo
“beber” para descrever a atitude apaixonada de quem se entrega às sensações para admirar
intensamente o espetáculo da vida e usufruir do prazer pleno que as múltiplas e variadas
manifestações artísticas lhe provocavam. Assim, é correta a opção [A].
As proposições [II] e [III] são corretas, o que não acontece com a proposição [I]. Esta contraria
o que é afirmado no enunciado que precede a questão e que atenta para o fato de Paulo Lins
ser considerado um autor que, por ter sido morador da periferia, aborda com muito realismo a
violência das favelas carioca. Assim, é correta a alternativa [D].
O diálogo que se estabelece entre os dois personagens do cartum, assim, como os acessórios
que os acompanham, permitem deduzir que pertencem a meios diferentes: o primeiro à
esquerda, da cidade, o segundo, do meio rural. Assim, é correta a opção [B], pois a pergunta
do condutor produz ambiguidade ao ser entendida de forma diferente pelo camponês,
promovendo o efeito de humor.
A metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias. O termo “clarões”,
usado no título, alude ao momento em que a somatória de imagens, conceitos, lembranças e
sensações se associam e propiciam o entendimento do significado de cada palavra dentro do
contexto em que está inserida (“O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda
cintilante de conceitos e imagens que brilham por um instante ao seu redor”), como se afirma
em [D].
As opções [A], [B] e [D] são incorretas, pois “escuro segredo” sugere o desconhecido e
imponderável, “multidões compactas” e “hora da delicadeza” a desumanização do mundo do
trabalho e a sensação de paz no momento de descanso, respectivamente. Assim, é correta
apenas [C], pois “mergulho no poço” alude ao desejo de desistência da vida.
O narrador em 1ª pessoa, Paulo Honório, expressa a sua intenção de escrever um livro para
entender a razão da sua solidão, compreender os fatos que motivaram o suicídio da mulher e o
afastamento das pessoas que com ele conviviam. Atormentado pelas lembranças do passado,
reconhece em si a “casca espessa” com que se revestiu ao longo dos seus cinquenta anos e
tenta, através da “vaga compreensão” das muitas coisas que sente, entender o que se passou.
Palavras e expressões como “nó desata”, “lata sobre rodas”, “bunkers” e “reciclar suas aflições”
substituem metaforicamente “fim do congestionamento”, “carro”, “automóveis blindados” e
“substituir suas preocupações”. Assim, apenas a opção a) apresenta linguagem denotativa,
pois a forma do verbo andar apresenta o seu significado literal: mover-se.
No contexto, a expressão “tênue fio” é usada com sentido conotativo, sugerindo a dificuldade
em definir objetivamente as sensações antagônicas captadas pelo autor perante o ambiente
que o cerca (“Existe, sim, um equilíbrio perfeito… fazendo-nos caminhar sobre um tênue fio
distendido entre o amargor e a satisfação, entre o entusiasmo e o tédio”).
Enquanto que “outros apartamentos”, “grama do vizinho”, “em algum lugar” e “festa lá fora”
remetem ao imaginário sobre a realidade do outro, que, aparentemente, sempre é melhor e
mais perfeita que a vivida pela própria pessoa, à expressão “mesmo barco” refere-se aos
interesses e objetivos comuns a todos.
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Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®
1.............136328.....Média.............Português......Unicamp/2015......................Analítica
2.............136653.....Média.............Português......Ufsc/2015.............................Somatória
3.............128466.....Média.............Português......Fuvest/2014.........................Múltipla escolha
4.............129235.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha
5.............129405.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha
6.............129408.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha
7.............129412.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha
8.............132597.....Média.............Português......Unesp/2014..........................Múltipla escolha
9.............132617.....Média.............Português......Unesp/2014..........................Analítica
10...........133228.....Média.............Português......Uepa/2014............................Múltipla escolha
11...........133312.....Média.............Português......Uea/2014..............................Múltipla escolha
12...........122173.....Média.............Português......Insper/2013..........................Múltipla escolha
13...........121557.....Média.............Português......Pucrj/2013............................Analítica
14...........120031.....Média.............Português......Uerj/2013..............................Múltipla escolha
16...........122113......Média.............Português......Enem/2012...........................Múltipla escolha
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17...........112735......Média.............Português......Ufrgs/2012............................Múltipla escolha
19...........108833.....Média.............Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha
20...........109186.....Média.............Português......Uff/2012................................Múltipla escolha
21...........111360......Média.............Português......Ufrn/2012.............................Múltipla escolha
22...........99079.......Média.............Português......Uerj/2011..............................Múltipla escolha
23...........101582.....Média.............Português......Ita/2011................................Múltipla escolha
24...........103235.....Média.............Português......Cesgranrio/2011...................Múltipla escolha
25...........103832.....Média.............Português......Espm/2011...........................Múltipla escolha
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