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1. (Unicamp 2015) No texto abaixo, há uma presença significativa de metáforas que auxiliam
na construção de sentidos.

Entre silêncios e diálogos

Havia uma desconfiança: o mundo não terminava onde os céus e a terra se


encontravam. A extensão do meu olhar não podia determinar a exata dimensão das coisas.
Havia o depois. Havia o lugar do sol se aninhar enquanto a noite se fazia. Havia um abrigo para
a lua enquanto era dia. E o meu coração de menino se afogava em desesperança. Eu que não
era marinheiro nem pássaro - sem barco e asa.
Um dia aprendi com Lili a decifrar as letras e suas somas. E a palavra se mostrou como
caminho poderoso para encurtar distância, para alcançar onde só a fantasia suspeitava, para
permitir silêncio e diálogo. Com as palavras eu ultrapassava a linha do horizonte. E o meu
coração de menino se afagava em esperança.
Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma esquina, escalava uma montanha,
transpunha uma maré.
Ao passar uma folha, eu frequentava o fundo dos oceanos, transpirava em desertos
para, em seguida, me fazer hóspede de outros corações.
Pela leitura temperei a minha pátria, chorei sua miséria, provei de minha família, bebi
de minha cidade, enquanto, pacientemente, degustei dos meus desejos e limites.
Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota. Pelo
livro soube da história e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das várias
faces e dos tantos lugares de se olhar. (...) Ler é aventurar-se pelo universo inteiro.

Bartolomeu Campos de Queirós, Sobre ler, escrever e outros diálogos. Belo Horizonte:
Autêntica, 2012, p. 63.

a) No trecho “Assim, o livro passou a ser o meu porto, a minha porta, o meu cais, a minha rota”,
há metáforas que expressam a experiência do autor com a leitura. Escolha uma dessas
metáforas e explique-a, considerando seu sentido no texto.
b) O texto mostra que a experiência de leitura promove uma importante mudança subjetiva.
Explique essa mudança e cite dois trechos nos quais ela é explicitada.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:

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“Imprensa aceitou a censura”, diz historiadora

Em livro, pesquisadora mostra que, em vez de resistência, houve colaboracionismo por parte
dos grandes veículos durante a ditadura

Muito longe de fazer frente ao regime militar, a grande imprensa brasileira acabou por se
acomodar à censura imposta pela ditadura que vigorou de 1964 a 1985. 6A resistência, quando
houve, deu-se na imprensa 3alternativa, enquanto os grandes veículos se adaptaram para
conseguir coexistir com os censores exigidos pelos militares. A tese é defendida pela
historiadora Beatriz Kushnir, que mergulhou em documentos do Arquivo Nacional para
destrinchar a ação dos censores nas redações dos principais jornais do país. Kushnir, que era
esperada para falar sobre a tese de doutorado que originou o livro Cães de Guarda –
Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988 (Editora Boitempo) na Comissão da
Verdade do Estado de São Paulo “Rubens Paiva” no ano passado, deve depor em audiência
pública nos próximos meses. [...]
11
No livro, que é nada palatável para a imprensa brasileira e foi pouco divulgado, a doutora em
história lembra que, antes mesmo de os militares tomarem o poder, a própria imprensa pedia o
golpe em colunas e editoriais, como o Fora!, no qual o Correio da Manhã pediu a saída de João
Goulart em 1º de abril de 1964, data em que o golpe foi consolidado.
8
Quando o 4regime se instalou, as 5lendárias receitas de bolo ou poemas de Camões
publicados para indicar ao público que o veículo estava sob censura revelam mais uma postura
de conivência do que de resistência, avalia Kushnir. 7Diferentemente de outras ditaduras, como
na Espanha, não houve uma só capa dizendo claramente que o jornal estava sob censura ou
mesmo espaços em branco que indicassem isso. “Suporte e fôlego para carimbar que o veículo
estava sob censura ninguém teve. Que ideia, então, de resistência é essa? Resistir para
manter o jornal aberto, para fazer o jogo do mercado? Ou resistência para comunicar à nação
brasileira o que estava acontecendo?”.

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No eixo Rio-São Paulo, a grande imprensa na época da ditadura civil-militar estava
concentrada em cinco grupos – O Globo, Jornal do Brasil, Folha, Estadão e Abril –, cada um na
mão de uma família. A proximidade de cada clã com os militares é difícil de mensurar, mas o
papel jornal, lembra a historiadora, era fornecido sob concessão do governo, o grande
financiador de propaganda mantenedora dos veículos de comunicação.

Diante desse cenário, o único protesto de fato estava na imprensa alternativa, protagonizada
por nomes como Pif Paf, Movimento e O Pasquim, cuja 300ª edição ficou marcada pelo
editorial Sem Censura, assinado por Millôr Fernandes. A morte do militante Carlos Marighella,
da ALN (Aliança Libertadora Nacional), por exemplo, foi um indicativo do contraste vivido pelos
meios de comunicação na época. Enquanto o jornal Venceremos, que circulou de setembro a
novembro de 1971, trazia na capa “Este jornal não é censurado pela ditadura. Viva Marighella”,
a primeira página da Folha da Tarde estampava a manchete: 1“Metralhado Marighella, Chefe
Geral do Terror”. [...]

Nos anos da repressão chegou-se a um total de 220 censores. Um número pequeno para dar
conta de todo o País, avalia a historiadora. Para se adaptar às exigências, lembra, começa
então um processo de autocensura, no qual a própria redação se adequava às imposições da
ditadura.
10
Algumas redações chegaram a ter policiais integrando sua equipe. No livro de Kushnir, o
capítulo O jornal de maior tiragem: a trajetória da Folha da Tarde. Dos jornalistas aos policiais é
dedicado exclusivamente ao tema. Ela analisa como os policiais dentro da redação ajudavam a
moldar o conteúdo do jornal, que ficou conhecido como o “Diário Oficial da Oban”. Além de ser
uma espécie de porta-voz dos órgãos de repressão, dirigentes da redação eram oriundos de
órgãos militares e da polícia paulista.

“Uma coisa é resistir ou não, outra coisa é não colaborar. Não colaborar é não entregar um
jornal na mão de uma equipe de policiais para esconder as mortes decorrentes de tortura”,
contesta Kushnir sobre as versões publicadas dos assassinatos dos militantes. Uma dinâmica,
ela ressalta, que de certa forma ainda ressoa nos grandes veículos. “Isso ficou muito claro
durante os protestos de junho. As pessoas que queriam saber o que estava acontecendo liam
muito mais os jornais online e blogs porque 9a grande imprensa tecia outras cores", afirma.

GOMBATA, Marsílea. “Imprensa aceitou a censura”, diz historiadora. Carta Capital. Especial –
50 anos do golpe.

Disponível em: <http://www.cartacapital.com.br/sociedade/201cimprensa-aceitou-e-se-adaptou-


a-censura201d-diz-historiadora-6924.html> [Adaptado]

Publicado em: 17 jan. 2014. Acesso em: 15 ago. 2014.

2. (Ufsc 2015) Com base na leitura do texto e na variedade padrão escrita da língua
portuguesa, é CORRETO afirmar que:
01) no texto, observamos a presença de metáfora, uma das figuras de linguagem mais
conhecidas por estabelecer comparações indiretas, em “[...] a grande imprensa tecia outras
cores.” (ref. 9)
02) a autora utiliza o sujeito oculto como recurso sintático para evitar o comprometimento com
as informações a respeito da censura na imprensa, como ilustra a seguinte frase: “Algumas
redações chegaram a ter policiais integrando sua equipe.” (ref. 10)
04) na Espanha, segundo Kushnir, os leitores de jornais sempre são informados quando os
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veículos de comunicação estão sob censura.


08) Pif Paf, Movimento e O Pasquim, assinados por Millôr Fernandes, eram veículos de
comunicação defensores do protesto que culminou com o golpe militar de 1964 e a derrubada
de João Goulart da Presidência.
16) há presença de dígrafos, ou seja, do encontro de duas letras para representar um único
fonema, nos vocábulos: “Espanha”, “assassinatos” e “porque”.
32) no trecho “No livro, que é nada palatável para a imprensa brasileira e foi pouco divulgado, a
doutora em história lembra que [...]” (ref. 11), a informação que aparece entre as vírgulas é uma
oração explicativa, que acrescenta o ponto de vista da autora do texto sobre o livro em
discussão.

3. (Fuvest 2014) Leia o seguinte texto, que faz parte de um anúncio de um produto alimentício:

EM RESPEITO A SUA NATUREZA, SÓ TRABALHAMOS COM O MELHOR DA NATUREZA

Selecionamos só o que a natureza tem de melhor para levar até a sua casa. Porque faz parte
da natureza dos nossos consumidores querer produtos saborosos, nutritivos e, acima de tudo,
confiáveis.
www.destakjornal.com.br, 13/05/2013. Adaptado.

Procurando dar maior expressividade ao texto, seu autor


a) serve-se do procedimento textual da sinonímia.
b) recorre à reiteração de vocábulos homônimos.
c) explora o caráter polissêmico das palavras.
d) mescla as linguagens científica e jornalística.
e) emprega vocábulos iguais na forma, mas de sentidos contrários.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


PORTÃO

O portão fica bocejando, aberto

para os alunos retardatários.

Não há pressa em viver

nem nas ladeiras duras de subir,


1
quanto mais para estudar a insípida cartilha.

Mas se o pai do menino é da oposição,

à 2ilustríssima autoridade municipal,

prima por sua vez da 3sacratíssima

autoridade nacional,
4
ah, isso não: o vagabundo

ficará mofando lá fora


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e leva no boletim uma galáxia de zeros.

A gente aprende muito no portão

fechado.

ANDRADE, Carlos Drummond de. In: Carlos Drummond de Andrade: Poesia e Prosa. Editora
Nova Aguilar:1988. p. 506-507.

4. (Uece 2014) Atente ao que é dito sobre o vocábulo “insípida” (ref. 1).

I. Foi empregado na acepção de sem graça, desinteressante, monótono.

II. Foi empregado no seu sentido literal, não figurado.

III. A mudança da posição desse adjetivo para depois do substantivo não alteraria o significado
do substantivo.

Está correto o que se afirma somente em

a) I e II.
b) III.
c) I e III.
d) II.

TEXTO PARA AS PRÓXIMAS 2 QUESTÕES:


O texto a seguir é um excerto retirado do primeiro parágrafo do artigo de opinião “Com um
braço só”, escrito por J. R. Guzzo, que trata da corrupção na política.

1
Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana é a tendência de muitas
pessoas de só condenar os vícios que não praticam, ou pelos quais não se sentem atraídas.
Um caloteiro que não fuma, não bebe e não joga, por exemplo, é frequentemente a voz que
mais grita contra o cigarro, a bebida e os cassinos, mas fecha a boca, os ouvidos e os olhos,
como 6os três prudentes macaquinhos orientais, quando o assunto é honestidade no
pagamento de dívidas pessoais. É a velha história: 2o mal está 4sempre na alma dos outros.
Pode até ser verdade, 5infelizmente, quando se trata da política brasileira, em que continua
valendo, mais do que nunca, a máxima popular do 3“pega um, pega geral”.

Extraído do artigo ”Com um braço só”, de J.R. Guzzo. VEJA. 21/08/2013.

5. (Uece 2014) O articulista inicia o texto com a expressão:

“Um dos aspectos menos atraentes da personalidade humana”.

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Assinale a opção que expressa uma afirmação correta sobre esse começo de texto.
a) A linguagem é figurada, portanto direta e sem subterfúgios, de modo a preparar o leitor para
o tom contundente do texto.
b) A linguagem é simples, sem elementos apelativos ou argumentativos. Predomina nela a
função fática da linguagem.
c) A linguagem é eufemística, demonstrando uma intenção do enunciador: preparar o leitor
para o teor pesado do texto.
d) O início do texto manteria a mesma força argumentativa se fosse reescrito da seguinte
maneira: Um dos aspectos mais repulsivos da personalidade humana [...].

6. (Uece 2014) “O mal está sempre na alma dos outros” (ref. 2).

Há alguns ditos populares que têm alguma relação com essa frase axiomática. Assinale a
opção cujo enunciado está em DESACORDO com a frase em destaque.
a) Macaco, olha pro teu rabo.
b) Quem tem telhado de vidro não atira pedra no telhado do vizinho.
c) Quem tem rabo de palha não se senta junto ao fogo.
d) Quem cospe para cima na cara lhe cai.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Os textos 1 (manchete de capa da revista Época de 26/08/2013), 2 (manchete de capa da
revista Veja de 28/08/2013) e 3 serão analisados em conjunto, na perspectiva da polifonia, do
dialogismo e da intertextualidade, isto é, das relações mantidas entre eles.

Texto 1

Texto 2

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Texto 3

Cair das nuvens (expressão popular)

1. Espantar-se, surpreender-se (com algo que é muito diferente do que se pensava ou se


desejava); perceber o próprio equívoco ou engano.
2. Restr. Decepcionar-se intensamente; desiludir-se.
3. Chegar de modo imprevisto; aparecer repentinamente; cair do céu.

Dicionário Caldas Aulete. http://aulete.uol.com.br/nuvem#ixzz2ggk52qoh

7. (Uece 2014) Assinale com V ou F, conforme seja verdadeiro ou falso o que é dito sobre o
texto 3.

( ) O aviãozinho de papel despencando do alto é um recurso para dar mais força de


persuasão à manchete, cujos termos estão dispostos um abaixo do outro, o que sugere
uma queda.
( ) É correto afirmar que a capa da revista Época emprega um recurso da poesia concreta.
( ) O processo de construção da manchete de capa da revista Época inclui substituição e
acréscimo de elementos linguísticos, em relação ao texto fonte.
( ) O criador da manchete de Época fez um jogo com dois sentidos do termo real, jogo que
foi possível graças à mudança de gênero desse vocábulo.
( ) Na manchete de Época, apresenta-se apenas uma das funções da linguagem: a função
informativa.

Está correta, de cima para baixo, a seguinte sequência:


a) F – F – V – V – F.
b) V – V – V – V – F.
c) V – F – F – F – V.
d) F – F – F – V – V.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Para responder à(s) questão(ões) a seguir, leia o fragmento de um romance de Érico Veríssimo
(1905-1975).

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O defunto dominava a casa com a sua presença enorme.


Anoitecia, e os homens que cercavam o morto ali na sala ainda não se haviam habituado ao
seu silêncio espesso.
Fazia um calor opressivo. Do quarto contíguo vinham soluços sem choro. Pareciam pedaços
arrancados dum grito de dor único e descomunal, davam uma impressão de dilaceramento, de
agonia sincopada.
As velas ardiam e o cheiro da cera derretida se casava com o perfume adocicado das flores
que cobriam o caixão. A mistura enjoativa inundava o ar como uma emanação mesma do
defunto, entrava pelas narinas dos vivos e lhes dava a sensação desconfortante duma
comunhão com a morte.
O velho calvo que estava a um canto da sala, voltou a cabeça para o militar a seu lado e
cochichou:
— Está fazendo falta aqui é o Tico, capitão.
O oficial ainda não conhecia o Tico. Era novo na cidade.
Então o velho explicou. O Tico era um sujeito que sabia animar os velórios, contava histórias,
tinha um jeito especial de levar a conversa, deixando todo o mundo à vontade. Sem o Tico era
o diabo... Por onde andaria aquela alma?
Entrou um homem magro, alto, de preto. Cumprimentou com um aceno discreto de cabeça,
caminhou devagarinho até o cadáver e ergueu o lenço branco que lhe cobria o rosto.
Por alguns segundos fitou na cara morta os olhos tristes. Depois deixou cair o lenço, afastou-se
enxugando as lágrimas com as costas das mãos e entrou no quarto vizinho.
O velho calvo suspirou.
— Pouca gente...
O militar passou o lenço pela testa suada.
— Muito pouca. E o calor está brabo.
— E ainda é cedo.
O capitão tirou o relógio: faltava um quarto para as oito.

(Um lugar ao sol, 1978.)

8. (Unesp 2014) A força expressiva da locução silêncio espesso resulta do fato de o


substantivo e o adjetivo
a) traduzirem conceitos religiosos.
b) produzirem uma reestruturação sintática do período.
c) apresentarem sentidos similares.
d) harmonizarem sensações agradáveis e desagradáveis.
e) associarem características sensoriais distintas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A(s) questão(ões) a seguir focaliza(m) um trecho de um poema de 1869 do poeta romântico
português Guilherme Braga (1845-1874) e uma marcha de carnaval de Wilson Batista (1913-
1968) e Roberto Martins (1909-1992), gravada em 1948.

Em dezembro

Olhai: naquele operário


Tudo é força, ânimo e vida;
Se o trabalho é o seu calvário
Sobe-o de cabeça erguida.

Deus deu-lhe um anjo na esposa,

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E as filhas são tão pequenas


Que delas a mais idosa
Conta dez anos apenas.

Tem cinco, e todas tão belas


Que, ao ver-lhes a alegre infância,
Julga estar vendo as estrelas
E o céu a menos distância;

Por isso, quando o trabalho


Lhe fatiga as mãos calosas,
Tem no suor o fresco orvalho
Que dá seiva àquelas rosas,

[...]

Depois, da ceia ao convite,


Toda a família o rodeia
À mesa, aonde o apetite
Faz soberba a humilde ceia.

[...]

No entanto, como a existência


Não tem em si nada estável,
Num dia de decadência
Este obreiro infatigável,

Por ter gasto a noite inteira


Na luta, cede ao cansaço,
E cai da máquina à beira,
E a roda esmaga-lhe um braço...

Ai! o infortúnio é severo!


Bastou por tanto um só dia
Para entrar o desespero
Donde fugiu a alegria!

Empenha em vão tudo, a esmo,


Pouco dinheiro lhe fica,
E não lhe cobre esse mesmo
As despesas da botica.

Pobre mãe, pobres crianças!


Já, de momento em momento,
Vão minguando as esperanças,
Vai crescendo o sofrimento;
(“Heras e violetas”, 1869.)

Pedreiro Waldemar

Você conhece

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O pedreiro Waldemar?
Não conhece?
Mas eu vou lhe apresentar
De madrugada
Toma o trem da Circular
Faz tanta casa
E não tem casa pra morar

Leva a marmita
Embrulhada no jornal
Se tem almoço,
Nem sempre tem jantar

O Waldemar,
Que é mestre no ofício
Constrói um edifício
E depois não pode entrar.

(Roberto Lapiccirella (org.), “Antologia musical popular brasileira”, 1996.)

9. (Unesp 2014) Explique o caráter metafórico do emprego da palavra rosas na quarta estrofe
do trecho reproduzido do poema de Guilherme Braga.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Saímos do Facebook

Desde a semana passada, quando os governadores de São Paulo e Rio de Janeiro


anunciaram o aumento de R$ 0,20 na passagem de ônibus, a população brasileira vem
desencadeando uma das maiores revoltas públicas que o país já viu em mais de duas
décadas!
É claro que o aumento de tarifa foi apenas a gota d’água que fez toda essa revolta
transbordar pela maioria das grandes cidades do país. E, na minha opinião, a população está
corretíssima em protestar!
5
O Brasil tem hoje a 6ª maior economia do mundo, mas também é um dos países mais
corruptos e burocráticos do mundo! 4A grande maioria das decisões que são tomadas pelos
nossos governantes dificilmente favorece ou melhora a vida dos trabalhadores e cidadãos de
bem.
6
Quase R$ 30 bilhões de reais já foram gastos na preparação para a Copa do Mundo
de 2014, segundo o governo federal, e por causa disso, a inflação só aumenta! Enquanto isso,
o Brasil continua a investir pouco na educação e menos ainda na saúde pública. 1E, agora,
querem enfiar “goela abaixo” do povo brasileiro mais um aumento no valor de um transporte
público extremamente precário e ineficiente.
Mas o que o Facebook e as redes sociais têm a ver com isso?
Praticamente TUDO!
A maior parte da comunicação entre as pessoas que estão participando das
manifestações está sendo feita online através do Facebook, bem como de outras redes sociais
também, como o Twitter, YouTube e o Google+. Realmente nós podemos comprovar o poder
que as redes sociais têm e o efeito que elas podem causar na vida das pessoas! Todos os
twitts e compartilhamentos, que começaram nas redes sociais, se transformaram em uma
grande multidão nas ruas protestando por melhorias em todo o país!

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Um levantamento da agência digital Today mostrou que os protestos geraram 548.944


publicações nas principais redes sociais. O Twitter foi o meio mais utilizado pelas pessoas, com
88% (cerca de 483.839 posts). No Facebook foram 60 mil postagens. O Google+ e blogs
correspondeu aos 2% restantes. As hashtags mais utilizadas foram: #vemprarua;
#ogiganteacordou; #protestosp; #mudabrasil; #semviolencia; #democracianaotemfronteiras;
#changebrazil. Esses números correspondem apenas à segunda-feira dia 17/06/13, mas já
podemos ter uma ideia de como essas manifestações estão mobilizando os brasileiros nas
redes sociais.
Brasileiros de pelo menos 13 países se organizaram pelo Facebook para promover
uma série de protestos em solidariedade aos manifestantes brasileiros. Foram realizados
protestos em países como: França, Espanha, Reino Unido, Alemanha, Itália, Portugal, Holanda,
Irlanda, Bélgica, Estados Unidos, Canadá, Argentina e México. Pelo número de participantes
confirmados no Facebook, os dois maiores protestos foram realizados na Alemanha e na
Irlanda.
No Brasil, o grupo “Anonymous” assumiu um tipo de liderança ideológica no Facebook
durante essas manifestações que acontecem pelo Brasil. Prova disso é a fanpage principal do
grupo no Facebook que teve uma guinada explosiva nos últimos dias. 2O crescimento semanal
de curtidas, segundo as estatísticas da própria página, pulou de 7.000 por semana para cerca
de 130 mil. Eram 400 mil fãs na semana passada e hoje já são quase 850 mil fãs. Eles
englobam a manifestação pela redução da tarifa do transporte público, criticam a corrupção, os
erros de governo e injustiças no país.
Manifestações organizadas pelas redes sociais ainda são algo muito novo no Brasil e
com dinâmicas bem diferentes de qualquer outro tipo de manifestação que já aconteceu aqui.
3
Os governantes que quiserem atuar de forma realmente democrática vão ter que estudar as
redes para poder dar uma resposta à altura dessa nova realidade brasileira, em vez de ficarem
só tentando “localizar as lideranças” do movimento. Enfim… é em momentos como esse que as
relações entre as redes sociais e as ruas se estreitam. Milhares de pessoas estão nas ruas
relatando, pelas redes sociais, o calor da mobilização social. Mas também há outras centenas
de milhares de pessoas que estão nas redes interagindo, compartilhando e se posicionando a
favor do movimento, o que aumenta ainda mais a mobilização social, para além das ruas!
E é nessa interação entre as redes sociais e as ruas que, principalmente, o Facebook
ganha um papel de destaque.

http://www.felipe-moreira.com/manifestacoes-no-brasil-x-facebook/

10. (Uepa 2014) No trecho: “E, agora, querem enfiar ‘goela abaixo’ do povo brasileiro mais um
aumento no valor de um transporte público extremamente precário e ineficiente” (ref. 1), o autor
faz o uso de uma figura de linguagem que também está presente em:
a) O cara que pensa em você toda hora/ Que conta os segundos se você demora/Que está
todo o tempo querendo te ver/ Porque já não sabe ficar sem você. (O cara, Roberto Carlos).
b) Tem certos dias em que eu penso em minha gente/ E sinto assim todo o meu peito se
apertar/ Porque parece que acontece de repente/ Como um desejo de eu viver sem me notar.
(Gente humilde, Angela Maria).
c) Chora flauta, chora pinho/ Choro eu, o teu cantor/ Chora manso, bem baixinho/ Nesse choro
falando de amor. (Falando de amor, Alaíde Costa).
d) Era uma vez duas criancinhas/Um mundo do faz de conta era onde eles viviam/Seus nomes
eram José e Maria/ E verde e amarelo era a bandeira que vestiam/Queriam viver com
felicidade, mas pra isso era preciso saber sempre a verdade. (Mentiras do Brasil, Gabriel
Pensador).

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e) O amor é um grande laço/Um passo pr'uma armadilha/Um lobo correndo em círculo/Pra


alimentar a matilha/Comparo sua chegada com a fuga de uma ilha. (Faltando um pedaço,
Djavan).

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Tapuia

As florestas ergueram braços peludos para esconder-te


com ciúmes do sol.

E a tua carne triste se desabotoa nos seios,


recém-chegados do fundo das selvas.

Pararam no teu olhar as noites da Amazônia, mornas e imensas.

No teu corpo longo


ficou dormindo a sombra das cinco estrelas do Cruzeiro.

O mato acorda no teu sangue


sonhos de tribos desaparecidas
– filha de raças anônimas
que se misturaram em grandes adultérios!

E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,


que teus antepassados te deixaram de herança.

O vento desarruma os teus cabelos soltos


e modela um vestido na intimidade do teu corpo exato.
À noite o rio te chama
e então te entregas à água preguiçosamente,
como uma flor selvagem
ante a curiosidade das estrelas.

(Raul Bopp apud Mário da Silva Brito. “Tapuia”. In: Poesia do Modernismo, 1968.)

11. (Uea 2014) A metáfora é uma figura de linguagem em que um termo substitui outro, em
vista de uma relação de semelhança entre os elementos designados por tais termos. Essa
figura ocorre no verso:
a) que se misturaram em grandes adultérios!
b) O vento desarruma os teus cabelos soltos
c) As florestas ergueram braços peludos para esconder-te
d) e então te entregas à água preguiçosamente,
e) E erras sem rumo assim, pelas beiras do rio,

12. (Insper 2013) POÇAS D’ÁGUA

As poças d´água são um mundo mágico

Um céu quebrado no chão

Onde em vez de tristes estrelas


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Brilham os letreiros de gás Néon.

(Mario Quintana, Preparativos de viagem, São Paulo, Globo, 1994.)

Levando-se em conta o texto como um todo, é correto afirmar que a metáfora presente no
primeiro verso se justifica porque as poças

a) estimulam a imaginação.
b) permitem ver as estrelas.
c) são iluminadas pelo Néon.
d) se opõem à tristeza das estrelas.
e) revelam a realidade como espelhos.

13. (Pucrj 2013) Texto 1

O Assinalado

Tu és o louco da imortal loucura,


o louco da loucura mais suprema.
A terra é sempre a tua negra algema,
prende-te nela extrema Desventura.

Mas essa mesma algema de amargura,


mas essa mesma Desventura extrema
faz que tu’alma suplicando gema
e rebente em estrelas de ternura.

Tu és o Poeta, o grande Assinalado


que povoas o mundo despovoado,
de belezas eternas, pouco a pouco.

Na Natureza prodigiosa e rica


toda a audácia dos nervos justifica
os teus espasmos imortais de louco!

BILAC, Olavo. In: BARBOSA, Frederico (Org.). Clássicos da poesia brasileira. Rio de Janeiro:
O Globo, Klick Editora, 1997, pp.163-164.

Texto 2

Casablanca

Te acalma, minha loucura!


Veste galochas nos teus cílios tontos e habitados!
Este som de serra de afiar as facas
não chegará nem perto do teu canteiro de taquicardias...

Estas molas a gemer no quarto ao lado


Roberto Carlos a gemer nas curvas da Bahia

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O cheiro inebriante dos cabelos na fila em frente no cinema...

As chaminés espumam pros meus olhos


As hélices do adeus despertam pros meus olhos
Os tamancos e os sinos me acordam depressa na madrugada feita de binóculos de gávea
e chuveirinhos de bidê que escuto rígida nos lençóis de pano

CESAR, Ana Cristina. A teus pés. São Paulo: Brasiliense, 1982, p.60.

a) Determine as diferenças no emprego da linguagem e na concepção formal entre os poemas


de Olavo Bilac e Ana Cristina César.
b) Indique a figura de linguagem presente no seguinte verso do texto 2: “Os tamancos e os
sinos me acordam depressa na madrugada feita de binóculos de gávea”.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Igual-Desigual

Eu desconfiava:
todas as histórias em quadrinho são iguais.
Todos os filmes norte-americanos são iguais.
Todos os filmes de todos os países são iguais.
Todos os best-sellers são iguais
Todos os campeonatos nacionais e internacionais de futebol são
iguais.
Todos os partidos políticos
são iguais.
Todas as mulheres que andam na moda
são iguais.
Todas as experiências de sexo
são iguais.
Todos os sonetos, gazéis, virelais, sextinas e rondós são iguais
1
e todos, todos
2
os poemas em verso livre são enfadonhamente iguais.

Todas as guerras do mundo são iguais.


Todas as fomes são iguais.
3
Todos os amores, iguais iguais iguais.
Iguais todos os rompimentos.
A morte é igualíssima.
Todas as criações da natureza são iguais.
Todas as ações, cruéis, piedosas ou indiferentes, são iguais.
Contudo, o homem não é igual a nenhum outro homem, bicho ou coisa.

Ninguém é igual a ninguém.


4
Todo ser humano é um estranho
5
ímpar.

CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE


Nova reunião: 19 livros de poesia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

– best-sellers – livros mais vendidos


– gazéis, virelais, sextinas, rondós – tipos de poema

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14. (Uerj 2013) Todos os amores, iguais iguais iguais. (ref. 3)

A intensificação da repetição do termo iguais no mesmo verso, relacionado a amores, enfatiza


determinada crítica que o poeta pretende fazer.
A crítica de Drummond se dirige às relações amorosas, no que diz respeito ao seguinte
aspecto:
a) exagero
b) padronização
c) desvalorização
d) superficialidade

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A(s) questão(ões) a seguir refere(m)-se ao texto abaixo.

Como comprar um livro

Tenho em casa um livro intitulado Como ler um livro. Parece piada, mas é um livro
sério. Os autores são dois americanos (Mortinmer e Van Doren). Foi publicado nos anos 1940.
É um livro prático, bem americano, e no final há até uma lista de obras a serem lidas e
sugestões de trabalho. Terminada a leitura, você se convence de que o título era muito
apropriado, porque, mesmo a maioria das pessoas que sabe ler, não sabe como ler um livro.
Há tempos que penso em escrever algo em torno de como comprar um livro. Parece
também um título de brincadeira. A primeira e instintiva resposta é: “Uai! Basta ter algum
dinheiro, entrar na livraria e pronto”.
Antes fosse. Vejamos.
Suponhamos que você tenha o tal dinheiro para adquirir o livro. (Embora ter dinheiro
pareça natural para alguns, para a imensa maioria dos brasileiros isso ainda é um problema.)
Suponhamos que, tendo dinheiro, você pertença à minoria dos que leem livros. (Até hoje, não
se sabe ao certo se os que compram livros no Brasil são 10 ou 1 milhão de pessoas entre os
200 milhões.) Mas digamos que você, leitor de jornal, queira comprar um livro. Aí tem duas
alternativas: ou vai a uma livraria ou procura na internet. Se você pretende ir à livraria, vai ter
alguns problemas. Se mora num bairro com várias livrarias, é, em princípio, uma pessoa de
sorte. Se mora alhures, a coisa complica. Quando muito, terá alguma papelaria, não livraria. Se
vive no interior, aí complicou de vez. A maioria das cidades brasileiras não tem livrarias. Há
cerca de seis mil municípios e temos só umas três mil livrarias, a maioria concentrada em
certos bairros das grandes capitais.
Mas suponhamos que você tenha a sorte de entrar numa livraria. As maiores têm bares
e restaurantes para atrair a clientela. Mas você está lá para comprar livro, não é? Você leu no
jornal que o livro tal foi lançado. Como os jornais concorrem uns com os outros na pressa das
notícias, o livro ainda não chegou à livraria. Se o livreiro for atento, pode anotar seu endereço e
avisá-lo. Se você não for obsessivo, vai comer um sanduíche e se esquecer do livro.
Se o livro que procura saiu há algum tempo, o atendente, na maioria das vezes, vai ao
computador verificar. Metade das vezes ele diz que está esgotado ou apenas no estoque. Isso
nem sempre é verdade. Você pensa: depois eu volto. E não volta. Perdeu-se uma venda.
Portanto, sugiro: você tem que ter um livreiro de confiança, como antigamente se tinha o
contrabandista que lhe fornecia uísque. Não existe personal para tudo? Tenha uma pessoa
para buscar o seu livro como infatigável cão de caça.
As livrarias mais inteligentes têm que criar serviço de entrega em domicílio, como
pizzarias fazem com a pizza.

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Mas você, contemporâneo da informática, mora no interior e resolve usar a internet.


Todo mundo diz que é fácil, maravilhoso. Não é bem assim. Pode tentar na Cultura, na Saraiva.
Mas a coisa mais complicada é comprar na Estante Virtual. Tentei várias vezes e desisti.
Cheguei até a localizar o endereço no interior de São Paulo para encomendar diretamente o
livro. Ou seja, comprar ingresso de cinema e teatro é fácil. É mais fácil até comprar os livros na
Amazon, no exterior.
Outra alternativa é “baixar” o livro no seu iPad. Mas isso funciona melhor para os livros
estrangeiros, a lista de títulos nacionais é pequena e, em geral, você tem que ser uma fera em
informática, quase um engenheiro da Nasa, para ter êxito nessa operação.
Daqui a 10 anos, quando alguém ler este artigo vai se espantar, porque tudo será
diferente. Melhor? Pior? Imprevisível. O que escrevo aqui hoje – “Como comprar um livro” –
pode não valer para amanhã. Daqui a 10 anos, não sei se haverá livrarias, se haverá editoras.
Segundo uns pensadores franceses, o “autor” morreu há muito e apenas se esqueceu de se
deitar no caixão.

SANT’ANNA, Affonso Romano de. Jornal Estado de Minas. Caderno Cultura. 04 mar. 2012. p.
8.

15. (Cefet MG 2013) Na crônica de Affonso Romano de Sant’Anna, percebe-se


a) crença no fim do consumo de livros impressos.
b) ceticismo quanto a mudanças no mercado livreiro.
c) viés irônico a respeito do comércio virtual de livros.
d) desconfiança da qualidade da literatura americana.
e) censura à forma como as pessoas selecionam suas leituras.

16. (Enem 2012) Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.

O mais, ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário
Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de semana embebedava-se de Índia
Reclinada, de Celso Antônio.

— Curou-se 100% de vício — comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava bêbado que nem um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de
uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu féretro ostentava inúmeras coroas de ex-
alcoólatras anônimos.

ANDRADE, C. D. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: Record, 1991.

A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no


texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

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17. (Ufrgs 2012) Leia o seguinte fragmento, do romance Cidade de Deus, de Paulo Lins,
publicado em 1997 e considerado um dos precursores na abordagem da violência das favelas
cariocas a partir de dentro, isto é, por um autor que foi morador da periferia.

É que arrisco a prosa mesmo com balas atravessando os fonemas. É o verbo, aquele que é
maior que o seu tamanho, que diz, faz e acontece. Aqui ele cambaleia baleado. Dito por bocas
sem dentes e olhares cariados, nos conchavos de becos, nas decisões de morte. A areia move-
se nos fundos dos mares. A ausência de sol escurece mesmo as matas. O líquido-morango do
sorvete mela as mãos. A palavra nasce no pensamento, desprende-se dos lábios adquirindo
alma nos ouvidos, e às vezes essa magia sonora não salta à boca porque é engolida a seco.
Massacrada no estômago com arroz e feijão a quase palavra é defecada ao invés de falada.
Falha a fala. Fala a bala.

Sobre esse fragmento, considere as afirmações que seguem.

I. A palavra sai de forma agressiva, “defecada ao invés de falada”, porque o narrador acaba
concordando com a ideia de que não vale a pena escrever literatura sobre a realidade urbana
periférica.

II. O narrador usa linguagem figurada (como as balas atravessando os fonemas ou os olhares
cariados) para explicar que, mesmo vivendo em um lugar permeado de crimes e miséria, se
arrisca a fazer literatura.

III. Ao mencionar que “Fala a bala”, o narrador dá a entender que a violência é a linguagem que
a maioria dos moradores das favelas conhece.

Quais estão corretas?

a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.

18. (Enem PPL 2012)

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Conflitos de interação ajudam a promover o efeito de humor. No cartum, o recurso empregado


para promover esse efeito é a

a) intertextualidade, sugerida pelos traços identificadores do homem urbano e do homem rural.


b) ambiguidade, produzida pela interpretação da fala do locutor a partir da variedade do
interlocutor.
c) conotação, atribuidora de sentidos figurados a palavras relativas às ações e aos seres.
d) negação enfática, elaborada para reforçar o lamento do interlocutor pela perda da estrada.
e) pergunta retórica, usada pelo motorista para estabelecer interação com o homem do campo.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


A literatura em perigo

A análise das obras feita na escola não deveria mais ter por objetivo ilustrar os
conceitos recém-introduzidos por este ou aquele linguista, este ou aquele teórico da literatura,
quando, então, os textos são apresentados como uma aplicação da língua e do discurso; sua
tarefa deveria ser a de nos fazer ter acesso ao sentido dessas obras — pois postulamos que
esse sentido, por sua vez, nos conduz a um conhecimento do humano, o qual importa a todos.
Como já o disse, essa ideia não é estranha a uma boa parte do próprio mundo do ensino; mas
é necessário passar das ideias à ação. Num relatório estabelecido pela Associação dos
Professores de Letras, podemos ler: “O estudo de Letras implica o estudo do homem, sua
relação consigo mesmo e com o mundo, e sua relação com os outros.” Mais exatamente, o
estudo da obra remete a círculos concêntricos cada vez mais amplos: o dos outros escritos do
mesmo autor, o da literatura nacional, o da literatura mundial; mas seu contexto final, o mais
importante de todos, nos é efetivamente dado pela própria existência humana. Todas as
grandes obras, qualquer que seja sua origem, demandam uma reflexão dessa dimensão.
O que devemos fazer para desdobrar o sentido de uma obra e revelar o pensamento
do artista? Todos os “métodos” são bons, desde que continuem a ser meios, em vez de se
tornarem fins em si mesmos. (...)
(...)
(...) Sendo o objeto da literatura a própria condição humana, aquele que a lê e a
compreende se tornará não um especialista em análise literária, mas um conhecedor do ser
humano. Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos humanos

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do que uma imersão na obra ,dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há
milênios? E, de imediato: que melhor preparação pode haver para todas as profissões
baseadas nas relações humanas? Se entendermos assim a literatura e orientarmos dessa
maneira o seu ensino, que ajuda mais preciosa poderia encontrar o futuro estudante de direito
ou de ciências políticas, o futuro assistente social ou psicoterapeuta, o historiador ou o
sociólogo? Ter como professores Shakespeare e Sófocles, Dostoievski e Proust não é tirar
proveito de um ensino excepcional? E não se vê que mesmo um futuro médico, para exercer o
seu ofício, teria mais a aprender com esses mesmos professores do que com os manuais
preparatórios para concurso que hoje determinam o seu destino? Assim, os estudos literários
encontrariam o seu lugar no coração das humanidades, ao lado da história dos eventos e das
ideias, todas essas disciplinas fazendo progredir o pensamento e se alimentando tanto de
obras quanto de doutrinas, tanto de ações políticas quanto de mutações sociais, tanto da vida
dos povos quanto da de seus indivíduos.
Se aceitarmos essa finalidade para o ensino literário, o qual não serviria mais
unicamente à reprodução dos professores de Letras, podemos facilmente chegar a um acordo
sobre o espírito que o deve conduzir: é necessário incluir as obras no grande diálogo entre os
homens, iniciado desde a noite dos tempos e do qual cada um de nós, por mais ínfimo que
seja, ainda participa. “É nessa comunicação inesgotável, vitoriosa do espaço e do tempo, que
se afirma o alcance universal da literatura”, escrevia Paul Bénichou. A nós, adultos, nos cabe
transmitir às novas gerações essa herança frágil, essas palavras que ajudam a viver melhor.

(Tzvetan Todorov. A literatura em perigo. 2 ed. Trad. Caio Meira. Rio de Janeiro: DIFEL, 2009,
p. 89-94.)

19. (Unesp 2012) Que melhor introdução à compreensão das paixões e dos comportamentos
humanos do que uma imersão na obra dos grandes escritores que se dedicam a essa tarefa há
milênios?

Com base no fato de que a palavra “imersão”, usada na expressão uma imersão na obra,
caracteriza uma metáfora, indique a alternativa que elimina essa metáfora sem perda relevante
de sentido:
a) uma imitação da obra.
b) uma paráfrase da obra.
c) uma censura da obra.
d) uma transformação da obra.
e) uma leitura da obra.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


TEXTO V

Clarões

2
Quando ouço uma palavra, isto ativa imediatamente em minha mente uma rede de outras
palavras, de conceitos, de modelos, mas também de imagens, sons, odores, sensações
proprioceptivas*, lembranças, afetos etc. Por exemplo, a palavra “maçã” remete aos conceitos
de fruta, de árvore, de reprodução; faz surgir o modelo mental de um objeto basicamente
esférico, com um cabo saindo de uma cavidade, recoberto por uma pele de cor variável,
contendo uma polpa comestível e caroços, ficando reduzido a um talo quando o comemos;
evoca também o gosto e a consistência dos diversos tipos de maçã, a granny mais ácida, a
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golden muitas vezes farinhenta, a melrose deliciosamente perfumada; traz de volta memórias
de bosques normandos de macieiras, de tortas de maçã etc. A palavra maçã está no centro de
toda esta rede de imagens e conceitos que, de associação em associação, pode estender-se a
toda a nossa memória. Mas apenas os nós selecionados pelo contexto serão ativados com
força suficiente para emergir em nossa consciência.
Selecionados pelo contexto, o que isto quer dizer? Tomemos a frase: “Isabela come uma maçã
por suas vitaminas”. Como a palavra “maçã”, as palavras “come” e “vitaminas” ativam redes de
conceitos, de modelos, de sensações, de lembranças etc. Serão finalmente selecionados os
nós da minirrede, centrada sobre a maçã, que outras palavras da frase tiverem ativado ao
mesmo tempo; neste caso: as imagens e os conceitos ligados à comida e à dietética. Se fosse
“a maçã da discórdia” ou a “maçã de Newton”, as imagens e os modelos mentais associados à
palavra “maçã” seriam diferentes. O contexto designa portanto a configuração de ativação de
uma grande rede semântica em um dado momento. (...) Podemos certamente afirmar que o
contexto serve para determinar o sentido de uma palavra; é ainda mais judicioso considerar
que cada palavra contribui para produzir o contexto, ou seja, uma configuração semântica
reticular que, quando nos concentramos nela, se mostra composta de imagens, de modelos, de
lembranças, de sensações, de conceitos e de pedaços de discurso. 1Tomando os termos leitor
e texto no sentido mais amplo possível, diremos que o objetivo de todo texto é o de provocar
em seu leitor um certo estado de excitação da grande rede heterogênea de sua memória, ou
então orientar sua atenção para uma certa zona de seu mundo interior, ou ainda disparar a
projeção de um espetáculo multimídia na tela de sua imaginação, (...)

O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda cintilante de conceitos e imagens que
brilham por um instante ao seu redor. A reminiscência desta claridade semântica orientará a
extensão do grafo** luminoso disparado pela palavra seguinte, e assim por diante, até que uma
forma particular, uma imagem global, brilhe por um instante na noite dos sentidos. Ela
transformará, talvez imperceptivelmente, o mapa do céu, e depois desaparecerá para abrir
espaço para outras constelações. (...)

LÉVY, Pierre. As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era da informática.


Trad. Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1993. p.23.24-25.

*proprioceptivo: o sistema proprioceptivo é responsável pelo envio, ao cérebro, das


informações relativas à sensibilidade própria aos ossos, músculos, tendões e articulações, de
modo a fazer funcionar a estática, o equilíbrio, o deslocamento do corpo no espaço etc.
**grafo: diagrama composto de pontos, alguns dos quais são ligados entre si por linhas, e que é
geralmente usado para representar graficamente conjuntos de elementos inter-relacionados.

20. (Uff 2012) O título do Texto V é uma metáfora, retomada no último parágrafo.

Assinale a alternativa que identifica e Interpreta corretamente o sentido da metáfora,


considerando o desenvolvimento do texto.

a) A metáfora do título é retomada como mapa do céu, para mostrar que os sentidos estão
sempre distantes da compreensão humana.
b) A metáfora do título associa-se á imagem da maçã, para esclarecer o mecanismo que liga
uma palavra a um objeto.

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c) A metáfora do título é retomada como constelações, no último parágrafo, para explicar que
os sentidos se confundem e um acaba por obscurecer o outro.
d) A metáfora do título, retomada no último parágrafo como guirlanda cintilante, associa a
produção de sentido a um processo em rede, que ilumina a compreensão do mundo.
e) A metáfora do titulo, retomada no último parágrafo, associa-se ao brilho perdido pelos
conceitos e imagens.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Referindo-se ao livro A rosa do povo, anos depois de sua primeira publicação em 1945,
Drummond comenta que a obra, “de certa maneira, reflete um ‘tempo’, não só individual mas
coletivo no país e no mundo. Escrito durante os anos cruciais da Segunda Guerra Mundial, as
preocupações então reinantes são identificadas em muitos de seus poemas, através da
consciência e do modo pessoal de ser de quem os escreveu.” (ANDRADE, Carlos Drummond.
A rosa do povo. 25. ed. Rio de Janeiro: Record, 2002. p. 19.) O poema “Anoitecer” foi escrito
nesse contexto.

Anoitecer
A Dolores
É a hora em que o sino toca, É a hora do descanso,
mas aqui não há sinos; mas o descanso vem tarde,
há somente buzinas, o corpo não pede sono,
sirenes roucas, apitos depois de tanto rodar;
aflitos, pungentes, trágicos, pede paz – morte – mergulho
uivando escuro segredo; no poço mais ermo e quedo;
desta hora tenho medo. desta hora tenho medo.

É a hora em que o pássaro volta, Hora de delicadeza,


mas de há muito não há pássaros; gasalho, sombra, silêncio.
só multidões compactas Haverá disso no mundo?
escorrendo exaustas É antes a hora dos corvos,
como espesso óleo bicando em mim, meu passado,
que impregna o lajedo; meu futuro, meu degredo;
desta hora tenho medo. desta hora, sim, tenho medo.

21. (Ufrn 2012) No poema “Anoitecer”, Carlos Drummond de Andrade vale-se de um conjunto
de imagens metafóricas, entre as quais a expressão
a) “escuro segredo” alude à esperança que surgirá da noite.
b) “multidões compactas” alude à união entre os homens.
c) “mergulho no poço” alude ao desejo de desistência da vida.
d) “hora de delicadeza” alude à fragilidade dos homens.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


7
De repente voltou-me a ideia de construir o livro. (...)
1
Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar (...).
Às vezes, entro pela noite, passo tempo sem fim acordando lembranças. Outras vezes
não me ajeito com esta ocupação nova.
Anteontem e ontem, por exemplo, foram dias perdidos. 3Tentei debalde canalizar para
termo razoável esta prosa que se derrama como a chuva da serra, e o que me apareceu foi um
grande desgosto. 8Desgosto e a vaga compreensão de muitas coisas que sinto.

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9
Sou um homem arrasado. Doença? Não. Gozo perfeita saúde. (...) Não tenho doença
nenhuma.
O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. 10Cinquenta anos perdidos,
cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que
endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a
sensibilidade embotada.
Cinquenta anos! Quantas horas inúteis! Consumir-se uma pessoa a vida inteira sem
saber para quê!
2
Comer e dormir como um porco! Como um porco! Levantar-se cedo todas as manhãs
e sair correndo, procurando comida! 4E depois guardar comida para os filhos, para os netos,
para muitas gerações. Que estupidez! (...)
5
Coloquei-me acima da minha classe, creio que me elevei bastante. Como lhes disse,
6
fui guia de cego, vendedor de doce e trabalhador alugado. Estou convencido de que nenhum
desses ofícios me daria os recursos intelectuais necessários para engendrar esta narrativa.
Magra, de acordo, mas em momentos de otimismo suponho que há nela pedaços melhores
que a literatura do Gondim. Sou, pois, superior a mestre Caetano e a outros semelhantes.
Considerando, porém, que os enfeites do meu espírito se reduzem a farrapos de
conhecimentos apanhados sem escolha e mal cosidos, devo confessar que a superioridade
que me envaidece é bem mesquinha.
(...)
Quanto às vantagens restantes – casas, terras, móveis, semoventes, consideração de
políticos, etc. – é preciso convir em que tudo está fora de mim.
11
Julgo que me desnorteei numa errada.

GRACILIANO RAMOS
São Bernardo. Rio de Janeiro: Record, 2004.

22. (Uerj 2011) Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar
(ref. 1)
Na sentença acima, o processo metafórico se concentra no verbo “descascar”.
No contexto, a metáfora expressa em “descascar” tem o seguinte significado:
a) reduzir
b) denunciar
c) argumentar
d) compreender

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


São Paulo – Não é preciso muito para imaginar o dia em que a moça da rádio nos
anunciará, do helicóptero, o colapso final: “A CET1 já não registra a extensão do
congestionamento urbano. 4Podemos ver daqui que todos os carros em todas as ruas estão
imobilizados. 9Ninguém anda, para frente ou para trás. 5A cidade, enfim, parou. As autoridades
pedem calma, muita calma”.
“A autoestrada do Sul” é um conto extraordinário de Julio Cortázar 2. Está em Todos os
fogos o fogo, de 1966 (a Civilização Brasileira traduziu). Narra, com monotonia infernal, um
congestionamento entre Fontainebleau e Paris. É a história que inspirou Weekend à francesa
(1967), de Godard3.
O que no início parece um transtorno corriqueiro vai assumindo contornos absurdos.
6
Os personagens passam horas, mais horas, dias inteiros entalados na estrada.
10
Quando, sem explicações, o nó desata, os motoristas aceleram “sem que já se
soubesse para que tanta pressa, por que essa correria na noite entre automóveis

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desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam para a frente,
exclusivamente para a frente”.
Não serve de consolo, mas faz pensar. Seguimos às cegas em frente há quanto
tempo? De Prestes Maia aos túneis e viadutos de Maluf, a cidade foi induzida a andar de carro.
Nossa urbanização se fez contra o transporte público. O símbolo modernizador da era JK é o
pesadelo de agora, 11mas o fetiche da lata sobre rodas jamais se abalou.
Será ocasional que os carrões dos endinheirados – essas peruas high-tech – se
pareçam com tanques de guerra? 12As pessoas saem de casa dentro de bunkers, literalmente
armadas. E, como um dos tipos do conto de Cortázar, veem no engarrafamento uma “afronta
pessoal”.
Alguém acredita em soluções sem que haja antes um colapso? 7Ontem era a crise
aérea, amanhã será outra qualquer. 13A classe média necessita reciclar suas aflições. 8E
sempre haverá algo a lembrá-la – coisa mais chata – de que ainda vivemos no Brasil. (SILVA,
Fernando de Barros. Folha de S. Paulo, 17/03/2008.)

(1) CET – Companhia de Engenharia de Tráfego.


(2) Julio Cortázar (1914-1984), escritor argentino.
(3) Jean-Luc Godard, cineasta francês, nascido em 1930.

23. (Ita 2011) Não há emprego de metáfora em


a) Ninguém anda, para frente ou para trás. (ref. 9)
b) Quando, sem explicações, o nó desata, os motoristas aceleram […]. (ref. 10)
c) […] mas o fetiche da lata sobre rodas jamais se abalou. (ref. 11)
d) As pessoas saem de casa dentro de bunkers, literalmente armadas. (ref. 12)
e) A classe média necessita reciclar suas aflições. (ref. 13)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Tarde Cinzenta

A 13tarde de inverno é perfeita. O tempo nublado acinzenta tudo. Mesmo os mais


11
empedernidos cultores da agitação, do barulho, das cores, hoje se rendem a uma certa
passividade e melancolia. Os espíritos 12ensimesmados reinam; os ativos pagam tributo à
reflexão. Sem o sol, que provoca a 1rudeza dos contrastes, 2tudo é sutil, tudo é suave.
Tardes assim nos reconciliam com o efêmero. 18Longe das 3certezas substanciais,
ficamos flutuando entre as 4névoas da dúvida. A superficialidade, que aparentemente plenifica,
dissolve-se; acabamos ancorados no porto das insatisfações. E, ao invés de nos perenizarmos
como singularidade, desejamos subsumir na névoa...como a 14montanha e a tarde.
A vida sempre para numa tarde assim. É como se tudo congelasse. Moléculas,
músculos, máquinas e espíritos interrompem seu 5furor produtivo 19e se rendem, estáticos, à
6
magia da tarde cinzenta.
20
Numa tarde assim, não há senão uma coisa a fazer: contemplar. O espírito,
carregando consigo um corpo por vezes contrariado, 7aquieta-se e divaga; 8torna-se receptivo a
tudo: aos mínimos sons, 24às réstias de luz que atravessam a névoa, ao lento e pesado
progresso que tudo conduz para o fim do dia, para o mergulho nas brumas da noite. 25As
narinas absorvem com prazer um odor que parece carregado de umidade; a pele sente o toque
enérgico do frio. O langor impõe-se e comanda esse estar-no-mundo como que suspenso por
um tênue fio 21que nos liga, timidamente, à vida ativa.
Nas tardes cinzentas, o coração balança entre a paz e a inquietação, 23porque a calma
e o silêncio inquietam. 9O azáfama anestesia; 10o não fazer deixa o espírito alerta — como um
nervo exposto a qualquer acontecer.

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Não há jamais nada de espetacular nas 15tardes cinzentas, a não ser o espetáculo da
própria tarde. E este é grandiosamente simples: ar friorento, claridade difusa que se perde no
cinza, contemplação, inatividade e o contraditório do espírito aguçado e acuado por esse
acontecer minimalista da vida.
Na tarde fria e cinzenta, corpos se rendem ao aconchego de 16roupas macias ou de
braços macios em abraços suaves. Somente olhares e corações conservam o fogo das
paixões. As vozes agudas e imperativas transformam-se em sons baixos, quase guturais, que
muitas vezes convertem-se em sussurros, como temendo quebrar a magia da tarde.
Não nos iludamos com as aparências: não há necessariamente tristeza nas tardes
cinzentas. Mas também não existe aquela alegria inconsequente dos dias cálidos e dourados
pelo sol. 22Existe, sim, um equilíbrio perfeito, numa equidistância entre o tédio e a euforia,
fazendo-nos caminhar sobre um 17tênue fio distendido entre o amargor e a satisfação, entre o
entusiasmo e o tédio. Tudo isso, porém, só se mostra aqui e ali, em meio à bruma difusa, ao
cinza que permeia tudo.
Uma simples tarde cinzenta pode parar o mundo, pode deter a vida. Somente por um
instante. Mas talvez apenas nos corações sensíveis.

CARINO, J.
Disponível em: http://www.almacarioca.net/tarde-cinzenta-j-carino/
Acesso em: 23 ago. 2010. (Adaptado)

24. (Cesgranrio 2011) A expressão que, no texto, está empregada no sentido conotativo é
a) “...tarde de inverno...” (ref. 13)
b) “...a montanha e a tarde.” (ref. 14)
c) “...tardes cinzentas,” (ref. 15)
d) “...roupas macias...” (ref. 16)
e) “...tênue fio...” (ref. 17)

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


(...)

Anos atrás, a cantora Marina Lima compôs com o seu irmão, o poeta Antonio Cícero,
uma música que dizia: “Eu espero / acontecimentos / só que quando anoitece / é festa no outro
apartamento”.
Passei minha adolescência com esta sensação: a de que algo muito animado estava
acontecendo em algum lugar para o qual eu não tinha convite. É uma das características da
juventude: considerar-se deslocado e impedido de ser feliz como os outros são - ou aparentam
ser. Só que chega uma hora em que é preciso deixar de ficar tão ligada na grama do vizinho.
As festas em outros apartamentos são fruto da nossa imaginação, que é infectada por
falsos holofotes, falsos sorrisos e falsas notícias. Os notáveis alardeiam muito suas vitórias,
mas falam pouco das suas angústias, revelam pouco suas aflições, não dão bandeira das suas
fraquezas, então fica parecendo que todos estão comemorando grandes paixões e fortunas,
quando na verdade a festa lá fora não está tão animada assim.
Ao amadurecer, descobrimos que a grama do vizinho não é mais verde coisíssima
nenhuma. Estamos todos no mesmo barco, com motivos pra dançar pela sala e também
motivos pra se refugiar no escuro, alternadamente. Só que os motivos pra se refugiar no escuro
raramente são divulgados. Pra consumo externo, todos são belos, sexys, lúcidos, íntegros,
ricos, sedutores. “Nunca conheci quem tivesse levado porrada / todos os meus conhecidos têm
sido campeões em tudo”.

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Fernando Pessoa também já se sentiu abafado pela perfeição alheia, e olha que na
época em que ele escreveu estes versos não havia esta overdose de revistas que há hoje,
vendendo um mundo de faz-de-conta.
Nesta era de exaltação de celebridades - reais e inventadas - fica difícil mesmo achar
que a vida da gente tem graça. Mas tem. Paz interior, amigos leais, nossas músicas, livros,
fantasias, desilusões e recomeços, tudo isso vale ser incluído na nossa biografia. (...)
Compensa passar a vida comendo alface para ter o corpo que a profissão de modelo exige?
Será tão gratificante ter um paparazzo na sua cola cada vez que você sai de casa? Estarão
mesmo todos realizando um milhão de coisas interessantes enquanto só você está sentada no
sofá pintando as unhas do pé?
Favor não confundir uma vida sensacional com uma vida sensacionalista. As melhores
festas acontecem dentro do nosso próprio apartamento.

(MARTHA MEDEIROS, jornalista e escritora,


colunista do jornal Zero Hora e de O Globo)

25. (Espm 2011) Todas as metáforas espaciais usadas no texto estão no mesmo plano
semântico, exceto:
a) “outros apartamentos”
b) “grama do vizinho”
c) “em algum lugar”
d) “mesmo barco”
e) “festa lá fora”

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Gabarito:

Resposta da questão 1:
a) O aluno pode escolher entre uma das acepções:
- “Porto” indica duas alternativas: o livro sugere segurança, o qual também pode permitir
tanto chegadas quanto partidas a diversos locais;
- “Porta” ilustra a capacidade que a leitura confere ao leitor de ultrapassar limites e alcançar
lugares surpreendentes;
- “Cais” retoma parte da metáfora de “porto”: o ato de ler permite chegadas e partidas a
diferentes locais;
- “Rota” caracteriza a leitura como o caminho a ser tomado pelo leitor.
É válido ressaltar que todas as metáforas apresentadas estão relacionadas à expansão dos
horizontes, tal qual a linha central da narrativa apresentada.

b) Por mudança subjetiva compreende-se uma mudança íntima, particular do narrador;


segundo o contexto, tal mudança ocorre a partir da leitura, a qual amplia seu conhecimento
de mundo – uma necessidade que ele mesmo indicava no início do trecho.
Essa mudança é explicitada em trechos como (vale ressaltar, a questão solicita apenas dois
trechos): “E a palavra se mostrou como caminho poderoso para encurtar distância, para
alcançar onde só a fantasia suspeitava, para permitir silêncio e diálogo”, “Com as palavras
eu ultrapassava a linha do horizonte”, “E o meu coração de menino se afagava em
esperança”, “Ao virar uma página do livro, eu dobrava uma esquina, escalava uma
montanha, transpunha uma maré”, “Ao passar uma folha, eu frequentava o fundo dos
oceanos, transpirava em desertos para, em seguida, me fazer hóspede de outros corações”,
“Pela leitura temperei a minha pátria, chorei sua miséria, provei de minha família, bebi de
minha cidade, enquanto, pacientemente, degustei dos meus desejos e limites”, “Pelo livro
soube da história e criei os avessos, soube do homem e seus disfarces, soube das várias
faces e dos tantos lugares de se olhar”.

Resposta da questão 2:
01 + 16 + 32 = 49.

Os itens [02] e [04] e [08] são incorretos, pois


[02] no período “Algumas redações chegaram a ter policiais integrando sua equipe.”, ambas as
orações, principal e subordinada adjetiva reduzida de gerúndio, apresentam sujeitos
simples: “Algumas redações” e “policiais”, respectivamente;
[04] a afirmação da autora do texto não é genérica relativamente ao comportamento dos
veículos de comunicação espanhóis perante a censura;
[08] no texto, o nome de Millor Fernandes é associado apenas ao editorial “Sem censura” da
revista “O Pasquim”.

Assim, são corretos apenas [01], [16] e [32].

Resposta da questão 3:
[C]

O autor usa o recurso da polissemia da palavra “natureza”, repetida quatro vezes no anúncio
com dois significados distintos (na segunda e terceira aparições como “conjunto de elementos
do mundo natural” e, na primeira e quarta, como “o que compõe a substância do ser;

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essência”), conforme sua aplicação no contexto.

Resposta da questão 4:
[C]

O termo “insípido” caracteriza denotativamente aquilo que não tem sabor, valor semântico que
não condiz com o texto de Drummond em que predomina a função poética da linguagem. Na
verdade, o autor usa-o na acepção de sem graça, desinteressante, monótono, portanto com
valor conotativo. Como o seu significado não seria alterado se fosse posposto ao verbo,
apenas a alternativa [C] é correta.

Resposta da questão 5:
[C]

Ao empregar a expressão “menos atraente”, o autor ameniza sua opinião sobre a


personalidade humana; trata-se do eufemismo, uma figura de pensamento. Sua intenção, neste
artigo de opinião, é despertar o leitor para o tom contundente do texto por intermédio de uma
expressão, portanto, figurada, indireta.

Resposta da questão 6:
[D]

Considerando que axioma são “verdades universais”, configurando-se como base, inclusive,
para postulações e teorias, é necessário interpretar a frase do enunciado: o ser humano tem a
tendência a não enxergar o erro em si próprio, mas no outro. As alternativas [A], [B] e [C] fazem
referência à análise do comportamento do outro, sendo [B] e [C] praticamente equivalentes.
Já a alternativa [D] exclui do enunciado a figura do outro, de modo que o indivíduo sofra as
consequências dos próprios atos.

Resposta da questão 7:
[B]

[I] Verdadeira, pois a linguagem não-verbal, relacionada ao aviãozinho feito a partir de uma
nota de 100 Reais, corrobora o sentido da linguagem verbal. Esta, de certa forma, também
reforça a ideia de “queda”, uma vez que as manchetes normalmente vêm dispostas nas
capas de modo que a leitura flua de acordo com o convencional, na direção horizontal;

[II] Verdadeira, uma vez que a poesia concreta leva o autor a se apropriar do espaço
disponível, no caso a folha de papel, reunindo elementos frasísticos, visuais e sonoros para
expor sua obra: respectivamente, há referência ao ditado popular; o aviãozinho feito a partir
de uma nota de 100 Reais reforça a ideia principal, forçando, inclusive o leitor a fazer com
os olhos o mesmo movimento de queda informado pela manchete; finalmente, a questão
sonora está relacionada ao trocadilho entre o real (moeda brasileira) e a real (sinônimo de
“realidade”).

[III] Verdadeira, pois, ao considerar o texto 3 como fonte (“Cair nas nuvens”), percebe-se a
substituição de elementos linguísticos (o predicado da frase, “cai na real”), assim como a
inclusão (o sujeito da frase, “o real”);

[IV] Verdadeira, pois, nas duas ocorrências, “real” continua sendo um substantivo, porém seu
significado muda conforme altera-se o gênero: o real (moeda brasileira) e a real (sinônimo

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de “realidade”);

[V] Falsa, uma vez que o já citado trocadilho entre o real (moeda brasileira) e a real (sinônimo
de “realidade”) indica a presença da função poética, reforçada pela disposição da frase na
direção vertical.

Resposta da questão 8:
[E]

A expressão “silêncio espesso” traduz o ambiente do velório através de uma sinestesia, pois
relaciona duas características sensoriais advindas de órgãos diferentes: “silêncio” e “espessos”,
relacionados à audição e tato, respectivamente. Assim é correta a alternativa [E].

Resposta da questão 9:
Através de uma metáfora, o eu lírico associa as cinco filhas do trabalhador a flores, as “rosas”
que ele tem de cuidar com a força do seu trabalho, mas que por serem tão belas e sempre
alegres, compensam e amenizam o seu esforço: “Por isso, quando o trabalho/Lhe fatiga as
mãos calosas,/Tem no suor o fresco orvalho/Que dá seiva àquelas rosas”.

Resposta da questão 10:


[E]

Trata-se de uma metáfora, figura de linguagem que consiste em estabelecer uma analogia de
significados entre duas palavras ou expressões, empregando uma pela outra. No contexto, a
expressão “enfiar goela abaixo” significa querer convencer forçosamente de algo. Essa figura
de linguagem está presente também nos versos da música de Djavan transcritos em [E], ao
associar o amor a um laço de armadilha e a um lobo andando em círculo em torno da sua
matilha.

Resposta da questão 11:


[C]

É correta a alternativa [C], pois a comparação implícita dos ramos frondosos das árvores com
“braços peludos” constitui uma metáfora.

Resposta da questão 12:


[A]

As poças de água despertam sensações que estimulam o mistério e a imaginação, como se


afirma em [A].

Resposta da questão 13:


a) A leitura comparativa dos textos 1 e 2 mostra diferenças significativas entre ambos. Em
termos de utilização da linguagem e concepção formal, pode-se afirmar que o texto 1
privilegia a linguagem formal, a dicção grandiloquente e o uso de formas fixas (o soneto), de
versos metrificados (decassílabos) e de um esquema regular e simétrico de rimas. Ana
Cristina César concebe o seu poema num campo formal e linguístico completamente
diferente. Podem-se observar no texto 2 a utilização de um vocabulário mais próximo da
coloquialidade e a opção pela liberdade formal, confirmada pelo uso dos versos livres e
brancos.
b) Personificação (prosopopeia), metáfora ou metonímia.

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Resposta da questão 14:


[B]

A repetição do termo “iguais” enfatiza a uniformização do comportamento, a “padronização” das


relações amorosas, como referido em [B].

Resposta da questão 15:


[C]

Na crônica de Affonso Romano de Sant’Anna, percebe-se o uso de circunlóquios com o


objetivo de não dizer diretamente o que pensa para não se comprometer diretamente com a
asserção implicada, deixando a segunda leitura a cargo do leitor. Os dois últimos períodos do
texto revelam bem o viés irônico do autor a respeito do comércio virtual de livros: “Daqui a 10
anos, não sei se haverá livrarias, se haverá editoras. Segundo uns pensadores franceses, o
“autor” morreu há muito e apenas se esqueceu de se deitar no caixão”. Assim, é correta a
alternativa [C].

Resposta da questão 16:


[A]

Em “Aquele bêbado”, o personagem decidiu que iria deixar de consumir álcool, mas acabou por
morrer de “etilismo abstrato”. O paradoxo da expressão revela o uso metafórico do verbo
“beber” para descrever a atitude apaixonada de quem se entrega às sensações para admirar
intensamente o espetáculo da vida e usufruir do prazer pleno que as múltiplas e variadas
manifestações artísticas lhe provocavam. Assim, é correta a opção [A].

Resposta da questão 17:


[D]

As proposições [II] e [III] são corretas, o que não acontece com a proposição [I]. Esta contraria
o que é afirmado no enunciado que precede a questão e que atenta para o fato de Paulo Lins
ser considerado um autor que, por ter sido morador da periferia, aborda com muito realismo a
violência das favelas carioca. Assim, é correta a alternativa [D].

Resposta da questão 18:


[B]

O diálogo que se estabelece entre os dois personagens do cartum, assim, como os acessórios
que os acompanham, permitem deduzir que pertencem a meios diferentes: o primeiro à
esquerda, da cidade, o segundo, do meio rural. Assim, é correta a opção [B], pois a pergunta
do condutor produz ambiguidade ao ser entendida de forma diferente pelo camponês,
promovendo o efeito de humor.

Resposta da questão 19:


[E]

O termo “imersão” alude à postura concentrada do ato da leitura.

Resposta da questão 20:


[D]
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A metáfora trabalha com os traços semânticos comuns entre duas ideias. O termo “clarões”,
usado no título, alude ao momento em que a somatória de imagens, conceitos, lembranças e
sensações se associam e propiciam o entendimento do significado de cada palavra dentro do
contexto em que está inserida (“O sentido de uma palavra não é outro senão a guirlanda
cintilante de conceitos e imagens que brilham por um instante ao seu redor”), como se afirma
em [D].

Resposta da questão 21:


[C]

As opções [A], [B] e [D] são incorretas, pois “escuro segredo” sugere o desconhecido e
imponderável, “multidões compactas” e “hora da delicadeza” a desumanização do mundo do
trabalho e a sensação de paz no momento de descanso, respectivamente. Assim, é correta
apenas [C], pois “mergulho no poço” alude ao desejo de desistência da vida.

Resposta da questão 22:


[D]

O narrador em 1ª pessoa, Paulo Honório, expressa a sua intenção de escrever um livro para
entender a razão da sua solidão, compreender os fatos que motivaram o suicídio da mulher e o
afastamento das pessoas que com ele conviviam. Atormentado pelas lembranças do passado,
reconhece em si a “casca espessa” com que se revestiu ao longo dos seus cinquenta anos e
tenta, através da “vaga compreensão” das muitas coisas que sente, entender o que se passou.

Resposta da questão 23:


[A]

Palavras e expressões como “nó desata”, “lata sobre rodas”, “bunkers” e “reciclar suas aflições”
substituem metaforicamente “fim do congestionamento”, “carro”, “automóveis blindados” e
“substituir suas preocupações”. Assim, apenas a opção a) apresenta linguagem denotativa,
pois a forma do verbo andar apresenta o seu significado literal: mover-se.

Resposta da questão 24:


[E]

No contexto, a expressão “tênue fio” é usada com sentido conotativo, sugerindo a dificuldade
em definir objetivamente as sensações antagônicas captadas pelo autor perante o ambiente
que o cerca (“Existe, sim, um equilíbrio perfeito… fazendo-nos caminhar sobre um tênue fio
distendido entre o amargor e a satisfação, entre o entusiasmo e o tédio”).

Resposta da questão 25:


[D]

Enquanto que “outros apartamentos”, “grama do vizinho”, “em algum lugar” e “festa lá fora”
remetem ao imaginário sobre a realidade do outro, que, aparentemente, sempre é melhor e
mais perfeita que a vivida pela própria pessoa, à expressão “mesmo barco” refere-se aos
interesses e objetivos comuns a todos.

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Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 07/06/2015 às 20:27


Nome do arquivo: Denota??o

Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1.............136328.....Média.............Português......Unicamp/2015......................Analítica

2.............136653.....Média.............Português......Ufsc/2015.............................Somatória

3.............128466.....Média.............Português......Fuvest/2014.........................Múltipla escolha

4.............129235.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha

5.............129405.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha

6.............129408.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha

7.............129412.....Média.............Português......Uece/2014............................Múltipla escolha

8.............132597.....Média.............Português......Unesp/2014..........................Múltipla escolha

9.............132617.....Média.............Português......Unesp/2014..........................Analítica

10...........133228.....Média.............Português......Uepa/2014............................Múltipla escolha

11...........133312.....Média.............Português......Uea/2014..............................Múltipla escolha

12...........122173.....Média.............Português......Insper/2013..........................Múltipla escolha

13...........121557.....Média.............Português......Pucrj/2013............................Analítica

14...........120031.....Média.............Português......Uerj/2013..............................Múltipla escolha

15...........125628.....Média.............Português......Cefet MG/2013.....................Múltipla escolha

16...........122113......Média.............Português......Enem/2012...........................Múltipla escolha

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17...........112735......Média.............Português......Ufrgs/2012............................Múltipla escolha

18...........127114......Média.............Português......Enem PPL/2012...................Múltipla escolha

19...........108833.....Média.............Português......Unesp/2012..........................Múltipla escolha

20...........109186.....Média.............Português......Uff/2012................................Múltipla escolha

21...........111360......Média.............Português......Ufrn/2012.............................Múltipla escolha

22...........99079.......Média.............Português......Uerj/2011..............................Múltipla escolha

23...........101582.....Média.............Português......Ita/2011................................Múltipla escolha

24...........103235.....Média.............Português......Cesgranrio/2011...................Múltipla escolha

25...........103832.....Média.............Português......Espm/2011...........................Múltipla escolha

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