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contemporâneo na Sociologia.
José Adilson Filho1
Resumo
Abstract
This paper seeks to examine briefly how the antinomy Individuals and Society, was / is present
in classical and contemporary sociological thought, contributing to the expansion of the
sociological approach, by building new theoretical and methodological perspectives. However,
without fail to express a critique of reductionism and dualism generated by such thinking.
Introdução
1
Mestre em História pela UFPE e Doutor em Sociologia pela UFPB. Leciona na UEPB e na Fafica
Habermas, procuram escapar delas, ensaiando contribuições à teoria social a partir da
combinação criativa de tradições diferentes. O esforço destes autores é tentar
transcender os dualismos produzidos pelos clássicos e contemporâneos ampliando o
escopo da análise sociológica no sentido de evitar os reducionismos.
2
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001, p.21.
3
DURKHEIM, Emille. As regras do Método Sociológico. São Paulo: Ed. Nacional,1978.
utilitarista dos economistas neoclássicos que articulavam a divisão social do trabalho a
simples trocas econômicas, reduzindo o vínculo social ao jogo da competitividade e do
sucesso individuais. Mais do que desenvolvimento econômico, cultural e científico, a
divisão social do trabalho, na perspectiva de Durkheim, produz efeitos morais positivos.
Produz o que ele chamou de uma “solidariedade orgânica”, uma forma de manter a
integração do corpo social. Ele estabeleceu uma diferenciação entre a solidariedade
mecânica (sociedades tradicionais) e a solidariedade orgânica (sociedades modernas)
para demonstrar as diferenças entre a consciência individual e a coletiva nas duas
sociedades.
4
DURHEIM, Emille. Da divisão social do trabalho. São Paulo,:Martins Fontes, 1995.
5
DURKHEIM, Emille. As formas elementares da vida religiosa. Sâo Paulo: Martins Fontes, 2003.
holísticas do autor, sem romper com elas. Apenas buscará um pouco mais de equilíbrio,
dando maior ênfase ao papel dos indivíduos e suas representações na construção das
interações sociais. As afirmações mais ousadas sobre o papel dos indivíduos na
sociedade, não chegam a eliminar as posições clássicas de Durkheim quanto à dimensão
coercitiva do social, pois esta questão perpassará toda sua obra. Tais afirmações,
segundo Artur Perrusi
O sociólogo alemão Max Weber procurou livrar seu pensamento sociológico dos
aspectos essencialistas e metafísicos que havia nas obras de Marx e Durkheim.
Fortemente influenciado pelos filósofos Dilthey e Nietzsche, Weber irá propor uma
6
PERRUSI, Artur. A construção social dos sentidos: Subjetividade e individualidade em Durkheim. In.
Cartografia das novas investigações em Sociologia. (0rgs.) Ariosvaldo da Silva Diniz; Maria Dilma Simões
Brasileiro; Margarita Latiesa – João Pessoa EDU- UFPB/Manufatura, 2005, p. 40.
7
DURKHEIM, Emille. As formas elementares da vida religiosa, op. Cit.
sociologia compreensiva da sociedade. Na verdade, a categoria sociedade, no
pensamento weberiano, perde força para o papel dos indivíduos. Não lhe interessa
compreender algo genérico chamado sociedade e, sim, a ação dos indivíduos e o sentido
conferido a ela. Portanto, há uma profunda mudança de perspectiva nesta concepção.
Pois nela nem a classe social nem tampouco a sociedade, aparecem como realidades
substancializadas.
Neste sentido, a realidade social não pode ser compreendida como determinação
de causas exteriores aos indivíduos. Mas em termos de atividade social.
8
WEBER, Max. Economia e Sociedade. Fundamentos da sociologia compreensiva. Brasília: UNB, 1991.
mesmo Weber, com todo seu cuidado e moderação, não escapou em certos momentos
da sua trajetória intelectual, de alguns dualismos e paradoxos. Segundo Fleischmann
9
FLEISCHMANN, E. De Weber a Nietszche. Arquivos européennes de sociologia, V, 1964, p. 194 e 228.
Boudon, Elias e Bauman e a “sociedade dos indivíduos”
Muitos sociólogos que dão ênfase ao papel do indivíduo como elemento central
na análise dos fatos sociais se colocam como seguidores da sociologia compreensiva de
Max Weber, assim como se nutrem, simultaneamente, da velha tradição da economia
neoclássica, cuja tese é a da aplicação do “mercado como modelo de inteligibilidade das
10
THATCHER, Margaret apud BAUMAN, Zygmunt. In. Modernidade Líquida. Rio de Janeiro:Jorge Zahar
Editor, 2001, p. 38.
relações interindividuais e da ficção de um homem apto a efetuar uma ação racional em
função de objetivos e de interesses bem compreendidos.”11
11
LALLEMENT, Michel. História das Idéias Sociológicas. De Parsons aos contemporâneos. Rio de Janeiro,
Vozes, 2004, p. 259.
12
BOUDON, Raymond. Efeitos perversos e ordem social. Rio de Janeiro, Jorge Zahar, 1979.
redes de interdependências que ligam os indivíduos entre si. Para isso, Elias procura
romper com a lógica do in ou out, isto é, do velho dualismo tão caro ao pensamento
sociológico.
13
Ver de ELIAS, Norbert. A sociedade de Corte. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001.
14
ELIAS, Norbert. A sociedade dos indivíduos. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 1994, pp, 28 e 29.
deviam funcionar como forjadores da unidade nacional. As lutas sociais de alguns
grupos étnicos como os negros, por exemplo, nos EUA durante os anos de 1960, podem
ser lidas como algo que mobilizou os mais diversos grupos e classes sociais. Ou seja,
como uma questão nacional.
15
SENNETT, Richard. A corrosão do caráter. Consequências pessoais do trabalho no novo capitalismo.
Rio de Janeiro, Record, 2005, pp, 9 a 10.
espécie de autismo social que oblitera sua imaginação e sensibilidades. Os gurus da
administração flexível como Peter Drucker estão em sintonia fina com as idéias
políticas dos neoliberais mais reacionários, pois para ambos não “existe essa coisa de
sociedade,” muito menos salvação a partir dela. Na sociedade dos indivíduos líquidos,
segundo Bauman “a redenção e a condenação são produzidas pelo indivíduo e somente
por ele – o resultado do que o agente livre fez livremente de sua ação”. 16
Parte dessa história tem como emblema o culto à perfomance do corpo, isto é, a
busca obsessiva pelo corpo sempre jovem e saudável. O sujeito individual é também um
narcisista e um consumidor compulsivo, cuja estilística da existência resume-se aos
cuidados de si. A obsessão pelo corpo perfeito levou a um aumento avassalador dos
praticantes de academias de ginástica e do consumo de produtos farmacêuticos, como
anabolizantes, viagras e a dietas rigorosíssimas. A busca na verdade é pela aparência e
não pela saúde, o que levou a transformações profundas na estética corporal. O que
significa dizer que é o corpo o primeiro a ser flexibilizado pelas novas condições do
mercado e da cultura líquida moderna. Porém, enganam-se os que confundem isso com
autonomia, liberdade e poder sobre si.
16
BAUMAN, Zygmunt. Modernidade líquida. Rio de Janeiro, Jorge Zahar Editor, 2001, p, 76.
Ao contrário do que se imagina a exaltação da liberdade e de autocontrole do
corpo, esconde um processo de agenciamento e de disciplinarização dos indivíduos à
lógica do mercado e da sociedade capitalista.
17
ORTEGA, Francisco. Da ascese a bio-ascese ou do corpo submetido à submissão ao corpo. IN. Imagens
de Foucault e Delleuze. (Orgs.) ORLANDI, Luis B. Lacerda, RAGO, Margareth, VEIGA_NETO, Alfredo. Rio
de Janeiro, DP e A, 2002, p, 165.
O consumismo é uma resposta do tipo “como fazer” aos
desafios propostas pela sociedade dos indivíduos. A lógica
do consumismo serve às necessidades dos 18homens e das
mulheres em luta para construir, preservar e renovar a
individualidade e, particularmente, para lidar com a sua
supracitada aporia. [...]Uma propaganda como “seja
você mesmo – prefira Pepsi” faz eco a essa aporia com
uma franqueza muito bem-vinda pelos consumidores
potenciais do produto e à qual seriam gratos. A luta pela
singularidade agora se tornou o principal motor da
produção e do consumo de massa. Mas, para colocar o
anseio por singularidade a serviço do mercado de
consumo de massa( e vice-versa), uma economia de
consumo deve ser uma economia de objetos de
envelhecimento rápido, obsolescência quase instantânea e
veloz rotatividade. E assim, também de excesso e
desperdício. A singularidade é agora marcada e medida
pela diferença entre “o novo” e “o ultrapassado”, ou
entre mercadorias de hoje e as de ontem que ainda são
“novas” e, portanto, estão nas prateleiras das lojas. [...]
18
BAUMAN, Zygmunt. Vida líquida. Rio de Janeiro, Jorge zahar Editor, 2007, p. 36.
impossibilidade da tarefa, ainda que o lote das tentativas
fracassadas de realizá-la continue crescendo e se torne
cada vez mais denso.19
Considerações Finais
19
BAUMAN, Zygmunt. Op, cit, p.29.
Referências Bibliográficas.
BOUDON, Raymond. Efeitos perversos e ordem social. Rio de Janeiro: Jorge Zahar,
1979.