Professional Documents
Culture Documents
Pp 17-19 (Angela)
Pp 26-28 (Priscila)
A técnica implicava uma ênfase na observação.
Na alteração recente no uso dessa técnica há uma ênfase na participação.
A técnica de análise do discurso assume importância crescente.
Os antropólogos se empenham em descobrir uma aplicação imediata e direta dos
resultados de sua pesquisa e, quando não o conseguem, tendem a substituí-la por
uma ação junto à população que a beneficie.
Estamos passando da observação participante para a participação observante.
Os recortes empíricos que os antropólogos tendem a privilegiar isolam grupos.
Apenas em algum poucos casos como no das pesquisas que se ocupam
exclusivamente de operários é que parece haver uma compatibilidade.
Pp 29-31 (Lara)
No conjunto da produção antropológica constata-se a predominância de alguns
conceitos que parecem se constituir como instrumentos privilegiados: ideologia,
identidade, pessoa, indivíduo, individualismo, hierarquia, holismo e, mais
raramente, ethos.
Esses conceitos se despolitizam, na antropologia, perdem sua complexidade e
desligam-se da problemática teórica que lhes eram próprios.
Eunice Durham, em seu ensaio se preocupa com deslocamentos no uso de
conceitos teóricos, e ensaia algumas interpretações sobre o contexto da atividade do
antropólogo brasileiro. Nós antropológos, diz ela, "estamos passando da observação
participante para a participação observante e resvalando para a militância". (p. 27).
Paradoxalmente, diz ela, "ao mesmo tempo em que os antropólogos se politizam na
prática do campo, a partir de seu engajamento crescente nas lutas travadas pelas
populações que estudam despolitizam os conceitos com os quais operam".
Essa despolitização, acima mencionada, dos conceitos seria uma forma de
solucionar o conflito entre dois papéis contraditórios, o acadêmico e o militante.
Ela diz:"o que estamos fazendo é operar os conceitos [de classes sociais, ideologia,
pessoa, individualismo e identidade] de tal modo que, evitando o tratamento direto
da problemática social e política que neles está contido, preservamos uma alusão a
esta problemática" (p. 32).
É difícil aos antropólogos pensarem a totalidade das sociedade complexas, da
mesma forma que o fazem para as sociedades primitivas de escala mais reduzida.
Ao buscar fazer uma antropologia das populações mais primitivas que estudam, e
que não representam, nas sociedades complexas, senão fragmentos de um todo
mais amplo, o antropólogo termina também por se fragmentar, podendo utilizar
conceitos semânticos de forma desligada do contexto histórico e ideológico em que
surgiram.
Eunice Durham parece requerer, não somente que os antropólogos se "descolem"
de seus objetos de estudo, mas inclusive que se construa, "em algum lugar da
reflexão antropológica" brasileira, um quadro conceitual adaptado a nossa
realidade, e que possa utilizar o uso de conceitos como: o de classe social, grupo de
status, identidade, ideologia ou pessoa, de acordo com a realidade que estuda.Isto
significa uma compreensão adequada dos contextos sociais em que surgem, mesmo
trabalhando com conceitos universais e abrangentes.Assim, se fará uma ciência
social realmente significativa.
Pp 32-34 (Ramona)
Durham traz o conceito de identidade, que foi popularizado na antropologia
brasileira a partir do contexto da análise das relações interéticas e através da
inspiração de F. Barth.
O conceito de identidade étnica, como identidade grupal contrastiva, é construído
no contexto das relações e conflitos intergrupais. Sendo fundamental para a analisar
o levantamento dos grupos em contanto, assim como o de todo o processo de
enfrentamento, oposição, dominação, submissão, resistência que ocorre
simultaneamente no plano simbólico e no plano das relações sociais.
No contexto das relações interétnicas, o conceito de identidade é preciso e delimita
o campo de investigação bem estruturado. Mas a sua extensão a outros grupos ou
categorias sociais implica na diluição desse campo, por assim diluir a dimensão
contrastiva concreta.
O campo de análise deixa de ser a oposição entre grupos ou categorias. Sendo que a
identidade passa a ser concebida como uma propriedade do grupo, projetado na
pessoa.
O deslize semântico ocorre porque o estudo da identidade se sobrepõe às análises
feitas com o conceito de pessoa, o que enfatiza as dimensões psicológicas e
culturais em detrimento das políticas.
Os antropólogos fazem um trabalho dual, pois politizam na prática de campo,
através do engajamento nas lutas travadas pelas populações que estudam, e ao
mesmo tempo despolitizam os conceitos com os quais operam, retirando-os da
matriz histórica na qual foram gerados e os projetam no campo a-histórico.
Durham acredita que no método de trabalho de campo há uma “armadilha
positivista” que promove os deslizes semânticos.
Segundo Durham, a identificação é necessária porque é impossível assimilar “de
dentro” as categorias culturais de uma população. Mas a identificação traz o risco
de os antropólogos começarem a explicar a sociedade através das categorias
“nativas”, ao invés da análise antropológica.
A nossa sociedade é caracterizada pela fragmentação. O que dificulta os estudos a
partir de grupos da sociedade, e isto agrava a deformação introduzida pela
“armadilha positivista”.
Nesse caso, os conceitos alusivos parecem resolver o problema, porque permite
restringir a análise ao nível da experiência dos informantes. E isto insinua a
existência de forças e processos sociais, que não conseguem captar a partir da ótica
dos interlocutores.
Durham propõe em algum momento da reflexão antropológica que comecem
investigar esses problemas.
Durham entende esse processo e explicitar essas alterações constituem o início da
reflexão mais sistemática sobre os novos rumos da antropologia está buscando e o
primeiro passo para a construção teórica mais adequada aos problemas atuais.