You are on page 1of 24

UNIVERSIDADE FEDERAL DO ABC

IMPEDÂNCIAS E DEFASAGENS ENTRE


TENSÃO E CORRENTE

[ESTA002-17] Circuitos Elétricos I


Prof. Dr. Harki Tanaka

Isabelle Diniz Orlandi


Rafael Pauwels de Macedo

Santo André, 27 de novembro de 2017


RESUMO

Este experimento mede e relaciona as impedâncias complexas e defasagens entre si-


nais de tensão e corrente de elementos passivos dentro de circuitos. Utilizando um gerador
de sinais, uma protoboard, um osciloscópio e dois multímetros foram montados dois circuitos
distintos com resistores, capacitores e indutores. Um circuito puramente capacitivo e outro
indutivo. Além dos cálculos das tensões, correntes e indutâncias feitos através dos valores
nominais dos componentes, dos valores reais e dos valores obtidos experimentalmente, foi
analisada a defasagem entre a tensão e a corrente em ambos os circuitos e através do soft-
ware MATLAB foram plotados as figuras de Lissajous, utilizando as equações de onda de
tensão e corrente obtidas experimentalmente.

Palavras-Chave: Impedâncias Complexas, Defasagem entre Sinais, Sinais Senoi-


dais de Tensão e Corrente

1
SUMÁRIO

1 OBJETIVOS 3

2 METODOLOGIA 4
2.1 Materiais Utilizados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2 Preparação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.1 Circuitos Capacitivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4
2.2.2 Circuitos Indutivos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
2.2.3 Figuras de Lissajous . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
2.3 Montagem Experimental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.1 Circuito Capacitivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
2.3.2 Circuito Indutivo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

3 RESULTADOS 11
3.1 Impedância Capacitiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.1.1 Valores Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
3.1.2 Valores Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
3.2 Impedância Indutiva . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.1 Valores Teóricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14
3.2.2 Valores Experimentais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
3.3 Figuras de Lissajous . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17
3.4 Análise dos dados obtidos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

4 CONCLUSÕES 22

BIBLIOGRAFIA 23

2
1. OBJETIVOS

Os circuitos elétricos compostos por elementos passivos (R, L e C) possuem um


comportamento característico quanto à defasagem de sinais, quando submetidos a formas de
ondas senoidais [5]. A impedância, dada pela relação entre a corrente e a tensão num circuito
RL ou RC, equivale a oposição que este circuito exerce à passagem da corrente alternada.
O objetivo geral deste experimento é medir e relacionar as impedâncias complexas e
defasagens entre sinais de tensão e corrente em circuitos passivos, e analisar seu comporta-
mento experimental em relação aos cálculos teóricos.
O objetivo especifico desta prática é a fixação dos conceitos de parâmetros da forma
de sinais senoidais de tensão e corrente, representação dos sinais nas formas fasoriais e as
relações entre os sinais de tensão e corrente em componentes passivos de circuitos elétricos.

3
2. METODOLOGIA

2.1 Materiais Utilizados


Para a realização do experimento sobre a defasagem entre sinais de tensão e corrente
foram utilizados os materiais e equipamentos listados na tabela 1. As especificações dos equi-
pamentos digitais foram retirados dos manuais dos fabricantes, disponíveis nas referências: [4]
gerador de sinais, [3] osciloscópio, [1] multímetro digital portátil e [2] multímetro de bancada.

Tabela 1: Materiais e equipamentos utilizados no experimento.

Material/Equipamento Quantidade
Gerador de Sinais Tektronix AFG 3002 1
Osciloscópio 1
Multímetro digital portátil 01 – ET-2510 Minipa 1
Multímetro digital de bancada – MDM-8045B Minipa 1
Protoboard 1
Resistor de 100Ω 1
Capacitor de 1µF 1
Indutor de 1 mH 1

2.2 Preparação

2.2.1 Circuitos Capacitivos

O capacitor é um componente de circuitos capaz de armazenar energia elétrica de


forma a gerar uma diferença de potencial entre as duas placas metálicas que o compõem [5].
Em regime permanente, um capacitor carregado se comporta como uma chave aberta em
tensão contínua, mas permite a condução de corrente para tensões alternadas. A relação
entre a quantidade de carga armazenada e a tensão gerada pelo capacitor equivale a constante
de proporcionalidade C - chamada de Capacitância, exibida na fórmula 1.

dQ(t) dQ dt dt
C= = = i(t) (1)
dV (t) dt dV dV

Isolando a corrente na equação acima, tem-se que:

dVC
iC (t) = C (2)
dt
4
De onde se tira que a tensão no capacitor é:
Z
1
VC (t) = i(t)dt (3)
C

Considerando como referência de fase uma tensão alternada de sinal senoidal do tipo:

VC (t) = Vp sin ωt (4)

onde Vp é a tensão de pico do sinal aplicado. Ao diferenciar a equação obtém-se:

dVC Vp sin ωt
= = Vp .ω cos (ωt) (5)
dt dt

Igualando as equações 2 e 5 obtemos a relação entre corrente e tensão no capacitor:

iC (t) = ω.C.Vp . cos (ωt) (6)

Como Ip = ω.C.Vp e cos (ωt)=sin (ωt+90◦ ), a expressão 6 pode ser escrita como:

iC (t) = Ip . sin (ωt + 90◦ ) (7)

Assim, verifica-se que nos terminais de um capacitor, alimentado por uma fonte AC, a
corrente sempre estará adiantada em 90◦ em relação à tensão [5], dessa forma, a representação
matemática dos sinais no capacitor na forma trigonométrica e fasorial são:

VC (t) =Vrms . sin(ωt + 0◦ ) VC =Vrms 0◦ (8)


iC (t) =Irms . sin(ωt + 90◦ ) iC =Irms 90◦ (9)

2.2.2 Circuitos Indutivos

Um indutor é um componente passivo de circuitos elétricos capaz de armazenar ener-


gia em forma de campo magnético, quando submetido a passagem de corrente [5]. Quando
a corrente que passa pelo indutor está variando, o fluxo magnético gerado pela corrente
também varia, e induz uma tensão nos terminais do indutor [5]. A relação entre a energia
armazenada no campo magnético e a auto-indução de tensão no indutor equivale a constante
de proporcionalidade L - chamada de Indutância.


L=N (10)
di

5
onde N é o número de espiras da bobina indutora.
No indutor, a tensão auto-induzida é diretamente proporcional à variação de corrente,
sendo L a constante de proporcionalidade [5].

dφ L.di(t) 1
VL (t) = −N = −N (11)
dt N dt

Logo, a tensão induzida no indutor é:

di(t)
VL (t) = −L (12)
dt

Da equação 12 é possível obter a expressão da corrente no indutor:


Z
1
iL (t) = VL (t)dt (13)
L

Considerando uma entrada de corrente senoidal do tipo:

iL (t) = Ip sin (ωt) (14)

e considerando ainda o ângulo de fase inicial da corrente como nulo, ao diferenciar a equação
tem-se que:
diL (t) d(Ip cos (ωt))
= = Ip .ω cos (ωt) (15)
dt dt
onde Ip é a corrente de pico senoidal.
Igualando as equações 12 e 15:

VL (t) = ω.L.Ip . cos (ω.t) (16)

Como Vp = ωLI e cos (ωt)=sin (ωt + 90◦ ) a expressão 16 pode ser escrita da forma:

VL (t) = Vp sin (ω.t + 90◦ ) (17)

Verifica-se com a expressão, que em um indutor alimentador por uma fonte alternada,
a corrente estará atrasada em 90◦ em relação à tensão. Caso seja incluído um ângulo de fase
na expressão senoidal da corrente, as representações matemáticas trigonométricas e fasoriais

6
dos sinais envolvidos serão:

VL (t) =Vrms . sin(ωt ± θ + 90◦ ) VL =Vrms θ + 90◦ (18)


iL (t) =Irms . sin(ωt + θ) iL =Irms θ (19)

2.2.3 Figuras de Lissajous

A composição de dois sinais senoidais nos eixos horizontal e vertical de um oscilos-


cópio gera na tela de visualização as chamadas Figuras de Lissajous. A figura é gerada pela
composição dos valores de amplitude das duas ondas senoidais a cada instante de tempo.
Este método permite a medição de defasagens entre sinais de mesma frequência. Neste caso
a figura esperada é uma eclipse, como ilustrada na figura 1.

Figura 1: Construção de uma figura de Lissajous para sinais de mesma frequência.

Caso sejam aplicados os sinais senoidais VH (t) e VV (t), respectivamente, aos eixos
horizontal e vertical do osciloscópio, da forma:

VH (t) = Vmax sin (ω.t + θ) (20)

7
VV (t) = Vmax sin (ω.t) (21)

Quando VH (t) = 0, tem se que:

sin (ω.t + θ) = 0 (22)

nπ − θ
t= (23)
ω
Para o sinal senoidal aplicado em VV (t), neste mesmo instante de tempo, a amplitude
tem valor:   
nπ − θ
VV (t) = Vmax sin ω (24)
ω
logo,
VV (t)
= sin (nπ − θ) = ± sin (θ) (25)
Vmax
Para encontrar o ângulo de defasagem entre os sinais, basta aplicar:
 
VV (t)
|θ| = arcsin (26)
Vmax

O valor de VV (t) pode ser obtido a partir dos pontos onde ocorre a intersecção da
eclipse com o eixo vertical principal da figura de Lissajous. O valor de amplitude Vmáx é
obtido nos pontos em que a eclipse possui os valores máximos e mínimos com relação ao eixo
vertical.

Figura 2: Utilização dos paramêtros da figura de Lissajous para obtenção da defasagem entre
os sinais.

A expressão 26 pode ser escrita para determinação do ângulo de defasagem a partir


dos parâmetros da figura de Lissajous:
 
A
|θ| = arcsin (27)
B

8
2.3 Montagem Experimental

2.3.1 Circuito Capacitivo

A fim de analisar o comportamento da fase dos sinais de tensão e corrente em um


sistema resistivo-capacitivo, alimentado por uma fonte de sinal alternado, o circuito apre-
sentado na figura 3 foi implementado em protoboard, com R = 100Ω, C = 1µF, E = 2,5V e
f = 1kHz.
Utilizando o multímetro de bancada, os valores reais dos componentes utilizados
foram medidos e seus erros instrumentais calculados a partir das definições estimuladas pelo
fabricante do aparelho. As medidas tomadas e os respectivos erros estão reportados na seção
de Resultados.

Figura 3: Circuito capacitivo montado experimentalmente.

Para cada um dos instrumentos de medição do tipo multímetro disponíveis e para o


osciloscópio, foram tomados os valores de tensão no resistor, no capacitor e no conjunto de
carga: resistor e capacitor em série.
Utilizando o osciloscópio, é possível ainda visualizar a defasagem presente entre os
sinais senoidais de tensão e corrente utilizando duas pontas de prova conectadas a canais
distintos do aparelho. A primeira ponta de prova, deve estar conectada como um voltímetro,
no terminal positivo do capacitor, e a segunda ponta de prova como um amperímetro, em
série com os componentes, logo após o capacitor. Os cabos de terra das pontas de prova
devem estar devidamente aterrados na entrada da fonte.
Os valores de tensão obtidos com os multímetros e os sinais de onda visualizados no
osciloscópio estão reportados na seção Resultados.

9
2.3.2 Circuito Indutivo

Para analisar o comportamento da fase dos sinais de tensão e corrente em um sistema


resistivo-indutivo, alimentado por uma fonte de sinal alternado, o circuito apresentado na
figura 4 foi implementado em protoboard, com R = 100Ω, L = 0,8 mH, E = 2,5V e f =
20kHz.

Figura 4: Circuito indutivo montado experimentalmente.

Foram tomados os valores reais da indutância do indutor L e da resistência do indutor


L, com o multímetro portátil. Os valores de tensão no resistor, no indutor e no conjunto de
carga: resistor e indutor em série foram medidos e estão apresentados na seção Resultados.
Novamente o osciloscópio foi utilizado para visualização da defasagem entre os sinais
de tensão e corrente, através da utilização de duas pontas de provas conectadas a canais
distintos do aparelho. A primeira ponta de prova é conectada como um voltímetro ao terminal
positivo do indutor, e a segunda ponta de prova é conectada logo após o indutor, como um
amperímetro.

10
3. RESULTADOS

Antes da montagem dos circuitos no protoboard, os componentes a serem utiliza-


dos foram medidos com o multímetro portátil Minipa ET-2510. Os erros reportados foram
calculados de acordo com as especificações do fabricante [1].

Tabela 2: Valores nominais e medidos dos componentes utilizados no experimento.

Componente Valor Nominal Valor Medido


Resistor 100 Ω (98,5 ± 0,9) Ω
Capacitor 1µF (0,975 ± 0,010) µF
Indutor 0,8 mH (0,798 ± 0,012) mH
Resistência do indutor - (6,667 ± 0,088) Ω

3.1 Impedância Capacitiva

3.1.1 Valores Teóricos

Os cálculos das impedâncias correspondentes aos valores nominais dos componentes


resistor e capacitor, dispostos como apresentado no circuito da figura 1 estão apresentados
abaixo:
ZR = R = 100Ω
ZC = −jXC = −j(ω.C)−1 = −j(2πf.C)−1
= −j(2π.1kHz.1µF )−1 = −j159, 154Ω
A impedância total no circuito capacitivo é dada por:
ZT c = ZR + ZC
ZT c = (100 − j159, 154)Ω
= 187, 96 −57, 85◦
A partir dos valores teóricos calculados, caso seja aplicada uma tensão alternada de
Vp =2,5 V ao circuito, a resposta da corrente será dada pela Lei de Ohm:
Vp
θ = √2 θ =
2,5
√ 0◦
ic (t) = ZVtc = Vrms
Ztc Ztc
2
187,96 −57, 85

= 9, 405 57, 85◦ [mA]


Tendo o valor da corrente, o valor das tensões no resistor e no capacitor, e o valor
da tensão da fonte são dadas por:

11
VC = ZC .Ic (t) = (159, 154 −90◦ )Ω.(9, 405 57, 85◦ )mA
= 1, 496 −32, 15◦ [V ]

VR = ZR .Ic (t) = (100 0◦ )Ω.(9, 405 57, 85◦ )mA


= 0, 9405 57, 85◦ [V ]

V 2,5V
V = √p
2
0◦ = √
2
0◦

= 1, 77 0 [V ]

3.1.2 Valores Experimentais

Os cálculos realizados para estimação dos valores a serem obtidos com o experimento
realizado foram feitos de maneira semelhante aos cálculos teóricos, porém, com a utilização
dos valores reais dos componentes medidos e apresentados na tabela 2. Para o circuito
capacitivo, os valores calculados e seus devidos erros são:
ZR = R = (98, 5 ± 0, 9)Ω
ZC = −jXC = −j(ω.C)−1 = −j(2πf.C)−1
= −j(2π.1kHz.(0, 975 ± 0, 010)µF )−1 = −j(163, 236 ± 1, 674)Ω
A impedância total calculada a partir dos valores reais dos componentes no circuito
capacitivo é dada por:
ZT c = ZR + ZC
ZT c = ((98, 5 ± 0, 9) − j(163, 2 ± 1, 7)Ω
= (190, 6 ± 2, 6) (−58, 9 ± 0, 8)◦
A partir dos valores reais dos componentes, a aplicação de uma tensão alternada de
Vp=2,25 V ao circuito (valor real medido pelo osciloscópio para a saída da fonte), a resposta
da corrente será dada pela Lei de Ohm:
Vp
θ = √2 θ = 0◦
2,25

ic (t) = ZVtc = Vrms 2

Ztc Ztc (190,6±2,6) (−58, 9 ± 0, 8)

= (8, 34 ± 0, 11) (58, 9 ± 0, 8)◦ [mA]


Tendo o valor da corrente, o valor das tensões no resistor e no capacitor, e o valor
da tensão da fonte são dadas por:
VC = ZC .Ic (t) = [(163, 236 ± 1, 674) −90◦ )]Ω.[(8, 34 ± 0, 11) (58, 9 ± 0, 8)◦ ]mA
= (1, 36 ± 0, 02) (−31, 1 ± 0, 4)◦ [V ]

VR = ZR .Ic (t) = [(98, 5 ± 0, 9) 0◦ ]Ω.[(8, 34 ± 0, 11) (58, 9 ± 0, 8)◦ ]mA


= (0, 82 ± 0, 01) (58, 9 ± 0, 8)◦ [V ]

12
V (2,25±0,01)V
V = √p
2
0◦ = √
2
0◦

= (1, 59 ± 0, 02) 0 [V ]
A tabela 3 apresenta os valores obtidos com os instrumentos digitais disponíveis em
laboratório para o experimento, tomados no circuito equivalente a figura 3. As medidas
foram realizadas como apresentado na Metodologia. Os valores medidos pelo osciloscópio
foram obtidos na forma de valor de tensão de pico-a-pico Vpp . Desta forma, para converter
o valor lido para a tensão eficaz Vrms correspondente, apresentados na tabela, foi utilizada a
seguinte relação:

Vpp
Vrms = √ (28)
2 2

Tabela 3: Valores de tensão obtidos no circuito capacitivo.

Instrumento V [V] VR [V ] VC [V ]
Osciloscópio (Vpp ) 4,50 2,21 3,70
Osciloscópio (Vrms ) 1,59 0,78 1,30
Multímetro de bancada 1,5459 ± 0,024 0,7386 ± 0,0137 1,3110 ± 0,0185
Multímetro portátil 1,538 ± 0,019 0,737 ± 0,012 1,305 ± 0,017

Figura 5: Defasagem entre tensão e corrente no circuito capacitivo.

A figura 5 apresenta as formas de onda da tensão e corrente na carga do circuito


capacitivo, obtidos com a utilização de duas pontas de prova do osciloscópio conectadas
a canais distintos. O sinal senoidal visualizado com maior amplitude (sinal amarelo) está

13
relacionado com a tensão no circuito. O sinal senoidal de menor amplitude (sinal verde)
representa a corrente que circula pelo circuito. Através da imagem, é possível observar a
defasagem entre os sinais medidos, e o valor de defasagem entre os sinais apresentado pelo
próprio instrumento é de θ = (57, 19 ± 0, 02)◦ . Verifica-se então que, a corrente em um
circuito capacitivo, alimentado por uma fonte alternada, está sempre adiantada com relação
a tensão aplicada.

3.2 Impedância Indutiva

3.2.1 Valores Teóricos

Os cálculos das impedâncias correspondentes aos valores nominais dos componentes


resistor e indutor, dispostos como apresentado no circuito da figura 4 estão apresentados
abaixo:
ZR = R = 100Ω
ZL = −jXL = j(ω.L) = j(2πf.L)
= −j(2π.20kHz.0, 800mH) = j100, 53Ω
A impedância total no circuito indutivo é dada por:
ZT l = ZR + ZL
ZT l = (100 + j100, 53)Ω
= 141, 79 45, 15◦
A partir dos valores teóricos calculados, caso seja aplicada uma tensão alternada de
Vp =2,5 V ao circuito, a resposta da corrente será dada pela Lei de Ohm:
V Vrms θ
V
√p θ
2
2,5

2
0◦
il (t) = Ztl = Ztl = Ztl = 141,79
45, 15◦

= 12, 46 −45, 15 [mA]
Tendo o valor da corrente, o valor das tensões no resistor e no capacitor, e o valor
da tensão da fonte são dadas por:
VL = ZL .Il (t) = (100, 53 90◦ )Ω.(12, 46 −45, 15◦ )mA
= 1, 25 44, 85◦ [V ]

VR = ZR .Il (t) = (100 0◦ )Ω.(12, 46 −45, 15◦ )mA


= 1, 246 −45, 15◦ [V ]

V 2,5V
V = √p
2
0◦ = √
2
0◦

= 1, 77 0 [V ]

14
3.2.2 Valores Experimentais

O mesmo procedimento realizado para obtenção dos valores teóricos foram realizados
com os valores reais medidos e apresentados na tabela 2 para o circuito indutivo. Os cálculos
e erros estão reportados a frente. Note que o cálculo da impedância do indutor envolve a
parte real R, dada pela resistência medida do indutor. Considerar essa resistência interna do
indutor garante que os valores calculados sejam próximos da realidade do experimento físico.
ZR = R = (98, 5 ± 0, 9)Ω
ZL = RL + jXL = RL + j(ω.L) = RL + j(2πf.L)
= (6, 67±0, 08)+j(2π.20kHz.(0, 798±0, 012)mH) = (6, 67±0, 08)+j(100, 28±
1, 51)
A impedância total calculada a partir dos valores reais dos componentes no circuito
indutivo é dada por:
ZT l = ZR + ZL
ZT l = [(98, 5±0, 9)+(6, 67±0, 08)]+j(100, 28±1, 51) = ((105, 17±1, 58)+j(100, 28±
1, 51))Ω
= (145, 32 ± 3, 09) (43, 63 ± 0, 9)◦
A partir dos valores reais dos componentes, a aplicação de uma tensão alternada de
Vp =2,03 V ao circuito (valor real medido pelo osciloscópio para a saída da fonte), a resposta
da corrente será dada pela Lei de Ohm:
V
√p θ 0◦
2,03

i (t) = V = Vrms θ = 2 =
L
2
ZtL ZtL ZtL (145,32±3,09) (43, 63 ± 0, 9)◦

= (9, 88 ± 0, 21) (−43, 63 ± 0, 9)◦ [mA]


Tendo o valor da corrente, o valor das tensões no resistor e no indutor, e o valor da
tensão da fonte são dadas por:
VL = ZL .IL (t) = [(100, 75±1, 94) 86, 20 ± 1, 66◦ )]Ω.[(9, 88±0, 21) (−43, 63 ± 0, 9)◦ ]mA
= (0, 99 ± 0, 03) (42, 57 ± 1, 20)◦ [V ]

VR = ZR .IL (t) = [(98, 5 ± 0, 9) 0 ± 0◦ ]Ω.[(9, 88 ± 0, 21) (−43, 63 ± 0, 9)◦ ]mA


= (0, 97 ± 0, 02) (−43, 63 ± 0, 9)◦ [V ]

V (2,03±0,01)V
V = √p
2
0◦ = √
2
0◦

= (1, 43 ± 0, 01) 0 [V ]
A tabela 4 apresenta os valores obtidos com os instrumentos digitais disponíveis em
laboratório para o experimento, tomados no circuito equivalente a figura 4. As medidas
foram realizadas como apresentado na Metodologia. Os valores medidos pelo osciloscópio

15
foram obtidos na forma de valor de tensão de pico-a-pico Vpp . Novamente, para converter o
valor lido para a tensão eficaz Vrms correspondente, apresentados na tabela, foi utilizada a
relação 28.
Tabela 4: Valores de tensão obtidos no circuito indutivo.

Instrumento V [V] VR [V ] VL [V ]
Osciloscópio (Vpp ) 4,06 2,77 5,15
Osciloscópio (Vrms ) 1,43 0,97 1,82
Multímetro de bancada 1,4098 ± 0,0193 0,9417 ± 0,0155 0,9755 ± 0,0158
Multímetro portátil 0,355 ± 0,008 0,235 ± 0,007 0,243 ± 0,007

Figura 6: Defasagem entre tensão e corrente no circuito indutivo.

A figura 6 apresenta as formas de onda da tensão e corrente na carga do circuito


indutivo, obtidos com a utilização de duas pontas de prova do osciloscópio conectadas a
canais distintos. O sinal senoidal visualizado com maior amplitude (sinal amarelo) está
relacionado com a tensão no circuito. O sinal senoidal de menor amplitude (sinal verde)
representa a corrente que circula pelo circuito. Através da imagem, é possível observar a
defasagem entre os sinais medidos, e o valor de defasagem aproximada entre os sinais pode
ser obtido através da medida ∆X apresentada pelo osciloscópio. Para a obtenção do valor
de ∆X foram utilizados os cursores verticais do instrumento digital, posicionados nos pontos
de pico dos sinais visualizados. Logo, o valor ∆X é equivalente ao intervalo de tempo ∆t
entre a ocorrência dos dois picos. O cálculo necessário para encontrar o valor do ângulo de
defasagem com respeito ao intervalo ∆t=7,20µs tomado é:

16
θ= ∆t
T
.360◦ = ∆t.f.360◦ = (7, 20 ± 0, 25)µs.(20kHz).(360◦ )
θ = (51, 84 ± 1, 77)◦
Verifica-se a partir da imagem, que a corrente em um circuito indutivo, alimentado
por uma fonte alternada, está sempre atrasada com relação a tensão aplicada.

3.3 Figuras de Lissajous


As figuras de Lissajous não foram obtidas diretamente do osciloscópio, como pro-
posto para a execução do experimento, por conta da falta de habilidade em lidar com esse
instrumento na realização do experimento prático. A fim de entender os conceitos envolvidos
na geração das figuras de Lissajous, gráficos correspondentes às figuras foram plotados no
software MATLAB, utilizando as equações de forma de onda de tensão e corrente obtidas
experimentalmente.
No circuito capacitivo, as formas de onda senoidal de tensão e corrente no circuito,
medidas experimentalmente, tem a forma:

VC (t) =1, 59 sin (2kπ)


iC (t) =(8, 34.10−3 ) sin (2kπ + 58, 9◦ )

Para a obtenção do resultado da figura de Lissajous para este circuito, o valor de


VC (t) foi plotado na posição horizontal vH , e o valor da corrente iC (t) na posição vertical
vV . O código em MATLAB para obtenção da figura de Lissajous para o circuito capacitivo
é dado por:

t = linspace(0,2*pi);
x = 1.59*sin((2*pi)*t);
y = (8.34*10^-3)*sin((2*pi)*t+(57.85*(pi/180)));
figure(1);
subplot(2,2,1), plot(t,x); axis([0 pi/2 -inf inf]); title(’Tensao’);
subplot(2,2,4), plot(y,t); axis([-inf inf 0 pi/2]); title(’Corrente’);
subplot(2,2,2), plot(y,x), box on, grid on, axis([-inf inf -inf inf]);
title(’Figura de Lissajous’);

Os pontos obtidos na figura de Lissajous, que representam a intersecção entre a elipse


formada e o eixo vertical de vV, e os valores de pico do eixo horizontal vV são:

• P1 = (4.337, 1.590)

17
• P2 = (0, 1.335)

• P3 = (-4.678, -1.589)

• P4 = (0, 1.320)

A partir da relação apresentada na equação 27, o módulo do ângulo de defasagem


entre os dois sinais plotados é dado por:
     
A 1, 335 + 1, 320 2, 655
|θ| = arcsin = arcsin = arcsin = 56, 63◦
B 1, 59 + 1, 589 3, 179

Tensão [V] Figura de Lissajous


1.5 1.5
P1
P2
1 1

0.5 0.5

0 0

-0.5 -0.5

-1 -1 P4
P3

-1.5 -1.5
0 0.5 1 1.5 -5 0 5
×10 -3

1.5

0.5

0
-5 0 5
Corrente [mA] ×10 -3

Figura 7: Figura de Lissajous para tensão e corrente no circuito capacitivo.

Os gráficos obtidos e a figura de Lissajous equivalentes ao circuito capacitivo estão


apresentados na figura 7.
O mesmo procedimento de análise das figuras de Lissajous foi aplicado ao circuito

18
indutivo. As formas de onda senoidal da tensão e corrente medidas experimentalmente são:

VL (t) =1, 43 sin (40kπ)


iL (t) =(9, 88.10−3 ) sin (40kπ − 43, 63◦ )

Para a obtenção da figura de Lissajous para este circuito, o valor VL (t) foi plotado na
posição horizontal vH , e o valor da corrente iL (t) na posição vertical vV . Como a frequência
dos sinais no circuito indutivo é alta, o número de intervalos de tempo t calculados pelo
software deve ser especificado no programa. O número de intervalos utilizados neste eixo foi
de 20000, pois este apresentou condições suficientes para a reconstrução dos sinais senoidais
utilizados. Quantidades de intervalos inferiores a este apresentavam uma figura de Lissajous
com muita interferência, uma vez que a amostragem dos sinais de tensão e corrente de alta
frequência, para intervalos baixos, faz com que a forma de onda apresentada , não corresponda
à real. O código em MATLAB para obtenção da figura de Lissajous para o circuito indutivo
é dado por:

t = linspace(0,2*pi,20000);
x = 1.43*sin((40*pi)*t);
y = (9.88*10^-3)*sin((40*pi)*t-(43.63*(pi/180)));
figure(1);
subplot(2,2,1), plot(t,x); axis([0 0.1 -inf inf]); title(’Tensão’);
subplot(2,2,4), plot(y,t); axis([-inf inf 0 0.1]); title(’Corrente’);
subplot(2,2,2), plot(y,x), box on, grid on, axis([-inf inf -inf inf]);
title(’Figura de Lissajous’);

Os gráficos obtidos e a figura de Lissajous equivalentes ao circuito indutivo estão


apresentados na figura 8.
Os pontos obtidos na figura de Lissajous para o circuito indutivo, que representam
a intersecção entre a elipse formada e o eixo vertical de vV , e os valores de pico do eixo
horizontal vV são:

• P1 = (7,139, 1.430)

• P2 = (0, 0,986)

• P3 = (-7,150, -1,431)

• P4 = (0, -0,987)

19
A partir da relação apresentada na equação 27, o módulo do ângulo de defasagem
entre os dois sinais plotados é dado por:
     
A 0, 986 + 0, 987 1, 973
|θ| = arcsin = arcsin = arcsin = 43, 59◦
B 1, 430 + 1, 431 2, 861

Tensão Figura de Lissajous


P1
1 1 P2

0.5 0.5

0 0

-0.5 -0.5
P4
-1 -1
P3

0 0.02 0.04 0.06 0.08 0.1 -5 0 5


×10 -3
0.1

0.08

0.06

0.04

0.02

0
-5 0 5
Corrente ×10 -3

Figura 8: Figura de Lissajous para tensão e corrente no circuito indutivo.

Para a análise das figuras de Lissajous no osciloscópio devem ser utilizados os cursores
horizontais a fim de encontrar os intervalos de vv (A) e Vpp (B)

3.4 Análise dos dados obtidos


Após a obtenção de todas as medidas, dos cálculos para apresentações de erros
experimentais e dos cálculos teóricos dos valores esperados, um resumo dos resultados de
tensões V, VR e VC para o circuito capacitivo analisado estão apresentados na tabela 5.
A partir da tabela verifica-se que todos os resultados medidos pelos instrumentos
se aproximam do valor calculado com as medidas reais dos componentes utilizados. O fato
dos resultados experimentais apresentarem valores abaixo dos calculados está nos efeitos de
perda de energia no circuito físico, efeito joule e possíveis maus contatos entre componentes.

20
Tabela 5: Resumo dos valores obtidos para o circuito capacitivo.

VC [V ] VR [V ] V [V]
Valor Nominal 1,496 −32, 15◦ 0,941 57, 85◦ 1,77 0◦
◦ ◦ ◦
Valor Real (1,36±0, 02) (−31, 1 ± 0, 4) (0,82±0, 01) (58, 9 ± 0, 8) (1,59±0, 02) (0 ± 0)
Osciloscópio (1,30±0, 01) (0,78±0, 01) (1,59±0, 01)
Multi. Bancada (1,3110±0, 0185) (0,7386±0, 0137) (1,5459±0, 0240)
Multi. Portátil (1,305±0, 017) (0,737±0, 012) (1,538±0, 019)

A tabela 6 apresenta o resumo dos resultados de tensões V, VR e VL para o circuito


indutivo analisado no experimento.

Tabela 6: Resumo dos valores obtidos para o circuito indutivo.

VL [V ] VR [V ] V [V]
Valor Nominal 1,25 44, 85◦ 1,246 −45, 15◦ 1,77 0◦
◦ ◦ ◦
Valor Real (0,99±0, 03) (42, 57 ± 1, 20) (0,97±0, 02) (−43, 6 ± 0, 9) (1,43±0, 01) (0 ± 0)
Osciloscópio (1,82±0, 01) (0,97±0, 01) (1,43±0, 01)
Multi. Bancada (0,9755±0, 0158) (0,9417±0, 0155) (1,4098±0, 0193)
Multi. Portátil (0,243±0, 007) (0,235±0, 007) (0,355±0, 008)

Dos valores obtidos para o circuito indutivo apresentados, existe discrepância com
relação aos valores calculados em todos os valores obtidos pelo multímetro portátil. Isso
ocorre pois o circuito opera em alta frequência (f = 20kHz), e a leitura máxima de frequência
do multímetro portátil para tensões alternadas é de 500Hz (dados do fabricante [1]). Ao tentar
realizar a medição de um sinal com frequência muito superior ao seu limite de amostragem,
boa parte do sinal original é perdido, e por conta disso, o cálculo interno realizado pelo
multímetro para a exibição do valor True RMS da onda lida não equivale ao valor real do
circuito.
Tabela 7: Resumo dos valores obtidos para o circuito indutivo.

θcapacitivo θindutivo
Nominal 57,85◦ -45,15◦
Real (58,9±0, 8)◦ (-43,6±0, 9)◦
Osciloscópio (57,19±0, 02)◦ (-51,84±1, 77)◦
Lissajous 56,63◦ -43,59◦

A tabela 7 apresenta a comparação dos valores de defasagens obtidos para os dois


circuitos, capacitivo e indutivo. Os ângulos apresentados estão dentro do esperado. É obser-
vado uma diferença maior com relação ao valor real da medida do osciloscópio para o circuito
indutivo, pois a metodologia envolvida nesta medida propõe encontrar o intervalo de tempo
entre os picos dos dois sinais utilizando os cursores do osciloscópio. Esta medida foi feita
manualmente e é suscetível aos erros humanos.

21
4. CONCLUSÕES

O experimento permite concluir que existem diversos métodos e instrumentos para


medição da defasagem e da amplitude de sinais senoidais em circuitos passivos. Porém, os
instrumentos de medição digitais devem ser estudados antes da realização de uma medida,
pois como visto para o multímetro portátil, alguns tipos de medições podem não apresentar
os resultados reais, devido às faixas de trabalho de cada um deles.
O método das Figuras de Lissajous é um facilitador na obtenção da defasagem na
utilização do osciloscópio, caso executada corretamente. O método apresentado neste rela-
tório, baseado na construção das figuras de Lissajous em software a partir das equações de
formas de ondas experimentais calculadas é uma ferramenta alternativa na análise do cir-
cuito, mas recomenda-se que os gráficos sejam reconstruídos com base em dados obtidos de
amplitude x tempo do sinal, disponíveis pelo osciloscópio, para maior confiança nos valores
de defasagem obtidos.
A correta execução do experimento prático e a posterior análise dos resultados pro-
porciona ao aluno a aplicação dos conceitos teóricos de representações fasoriais, impedâncias
complexas e medidas de tensão e corrente em circuitos alimentados por fontes alternadas.
Tendo em vista que as redes de distribuição de energia fornecem tensões na forma AC, é
de extrema importância que os métodos de medições e análise dos resultados obtidos com
relação aos resultados esperados, aqui apresentados, sejam estudados.

22
BIBLIOGRAFIA

[1] Minipa Indústria e Comércio Ltda. Multímetro Digital ET-2095/ET-2510 - Manual de


instruções., January 2003.

[2] Minipa Indústria e Comércio Ltda. Multímetro Digital de Bancada MDM-8045B - Manual
de instruções., January 2008.

[3] Agilent Technologies Inc. Osciloscópios: Agilent InfiniiVision 2000 série-X - Guia do
usuário, July 2012.

[4] Tektronix Inc. AFG3000 Series. Arbitrary/Function Generators - Service Manual.

[5] Fernando Luiz Rosa Mussoi. Sinais Senoidais: Tensão e Corrente Alternadas, 3, March
2006.

23

You might also like