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Alexandre Magno Ferreira Gomes

INFLUÊNCIA DA REFINAÇÃO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO


PAPEL TISSUE

Monografia apresentada à Universidade


Federal de Viçosa, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em
Tecnologia de Celulose e Papel, para obtenção
do título de Especialista.

VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2010
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
Centro de Ciências Agrárias
Departamento de Engenharia Florestal
Laboratório de Celulose e Papel

Alexandre Magno Ferreira Gomes

INFLUÊNCIA DA REFINAÇÃO SOBRE AS CARACTERÍSTICAS FÍSICAS DO


PAPEL TISSUE

Monografia apresentada à Universidade


Federal de Viçosa, como parte das exigências
do Programa de Pós-Graduação Lato Sensu em
Tecnologia de Celulose e Papel, para obtenção
do título de Especialista.

Aprovada:

Prof. Jorge Luiz Colodette Profa. Ana Márcia M. L. Carvalho


(Conselheiro) (Conselheira)

Prof. Rubens Chaves de Oliveira


(Orientador)
Aos meus familiares, mestres, colegas de curso, colaboradores...

iii
AGRADECIMENTOS

A Deus, por minha vida e saúde, aos meus familiares e em especial


minha esposa Rosemeire e filho Junior pela compreensão nos momentos em
que a distância se fez necessária e ainda assim não se desanimaram quando
as adversidades surgiram durante esta fase. Aos meus pais, por terem
sonhado com minha formação um dia. Aos amigos de curso, pela imensa
satisfação de tê-los ao meu lado nos momentos de dúvida ou em que estive
muito perto de desistir, valeu por toda a ajuda dada.

iv
CONTEÚDO

Página
2. INTRODUÇÃO..............................2 4.3.1 – CARACTERÍSTICAS
FÍSICAS E MORFOLÓGICAS DAS
2.1. OBJETIVO..................................5
FIBRAS........................................19

3. Revisão bibliográfica..................6
4.4 - ALONGAMENTO....................23

3.1 ESTRUTURA DA FIBRA E


5. CONCLUSÃO..............................25
AÇÃO DO REFINO........................7
6. SUGESTÃO.................................27
4. PROPRIEDADES DO PAPEL....12
7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
4.1 - RESISTÊNCIA A TRAÇÃO....12
.....................................................28

4.2 – VOLUME APARENTE (BULK)


ABSTRACT.......................................1
.....................................................16
LISTA DE FIGURAS.......................vii
4.3 - MACIEZ...................................17
LISTA DE QUADROS......................vi

v
LISTA DE QUADROS

Página

Tabela 1 - Efeito da refinação nas fibras – D’ALMEIDA (1988)................10


Tabela 2 – ºSR em função do tempo de uso dos discos dos refinadores e
corrente consumida – (OLIVEIRA, 2005)...................................................15
Tabela 3 – Efeito das propriedades da madeira nas propriedades do papel
produzido com polpa de fibra curta – (SANTOS, 2005)..............................17
Tabela 4 – Características Dimensionais das fibras – (UFV,2003)..............20
Tabela 5 – Propriedades das Fibras - (Carla R. dos Santos – 2002).............22

vi
LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 - Microfotografia para a pasta refinada a 1500 rev (a) sem tratamento
enzimático, (b) com 4 UI de celulases – (GIL, 2010)....................................7
Figura 2 - Fibra de celulose com corte em camadas – Carlos(2005)............11
Figura 3 - Efeitos da refinação na fibra de celulose – (D’ALMEIDA, 1988)11
Figura 4 - Evolução da resistência à tração – (GIL, 2010)...........................12
Figura 5 – Efeito do ângulo de raspa na amplitude do crepe – (Huss Harmon,
1977).............................................................................................................19

vii
RESUMO

GOMES, Alexandre Magno Ferreira, Especialização em Tecnologia de Celulose


e Papel., Universidade Federal de Viçosa, Julho de 2010. Influência da
refinação sobre as características físicas do papel tissue.
Orientador: Rubens Chaves de Oliveira. Conselheiros: Jorge Luiz
Colodette e Ana Márcia M. L. Carvalho

O avanço tecnológico na produção de papel tem motivado as pesquisas


no sentido de melhorias nas propriedades do papel abrindo espaço para
discussões e debates acalorados por defensores de idéias e conceitos que vão
desde os primórdios da fabricação até os dias atuais. No presente trabalho,
busca-se evidenciar possíveis alterações nas principais propriedades do papel
tissue, com foco voltado para bulk, maciez superficial, alongamento e
resistências longitudinal e transversal, buscando correlacionar a literatura
disponível com as realidades de campo.

viii
1. ABSTRACT

Technological advances in paper production has motivated research to


improvements in paper properties opening up space for discussions and heated
debates by advocates of ideas and concepts ranging from the beginnings of
manufacturing to the present day. In this paper, we seek to show potential changes
in key properties of tissue paper with a focus toward bulk, surface smoothness,
stretching and longitudinal and transverse resistances, trying to correlate the
available literature with the realities of the field.
2. INTRODUÇÃO

O papel foi oficialmente fabricado pela primeira vez na China, no ano de


105, por Ts'Ai Lun que fragmentou em uma tina com água, cascas de amoreira,
pedaços de bambu, rami, redes de pescar, roupas usadas e cal para ajudar no
desfibramento. Ts’Ai submergiu uma forma de madeira revestida por um fino
tecido de seda e esta forma coberta de pasta era retirada da tina e com a água
escorrendo, deixava sobre a tela uma fina folha que era removida e estendida
sobre uma mesa. Esta operação era repetida e as novas folhas eram colocadas
sobre as anteriores, separadas por algum material; as folhas então eram
prensadas para perder mais água e posteriormente colocadas uma a uma, em
muros aquecidos para a secagem.

Esse processo desenvolvido por Ts'Ai Lun, constituía da desintegração da


fibras por fracionamento, formação da folha por meio de forma manual, deságüe e
posterior aquecimento para secagem, continua válido até os dias de hoje na forma
de modernas máquinas mais eficientes e com capacidades produtivas.

As fibras naturais não são encontradas na natureza na forma ideal para


utilização direta num processo de fabricação, pois em sua constituição são
encontrados elementos que necessitam ser removidos para conferir as
características adequadas ao uso. Nesse intento, a madeira, principal meio
fornecedor de fibras celulósicas, necessita de tratamento termoquímico e
mecânico para enfim apresentar-se pronta ao uso.

Depois de gerada, a fibra será classificada em dois grandes grupos, fibras


curtas, atualmente compostas em grande parte por celulose vinda de eucalipto e
fibras longas, as quais são provenientes de várias outras fontes tais como
pinheiros, sisal, algodão, etc.

OLIVEIRA (2005) diz que um papel do tipo sanitário difere daquele


produzido na escrita por vários fatores, dentre os quais, peso específico, maciez,
resistência à tração e ao rasgo, alongamento, bulk, entre outros. Sabemos que
num processo de fabricação para este tipo de papel, a etapa correspondente ao
refino da matéria prima influencia diretamente as características do produto final
de tal maneira que, se não realizada com critério, pode torná-lo inadequado ao
projeto, inviabilizando sua comercialização posterior.

O papel para higiene pessoal ou sanitário tem sido aperfeiçoado ao longo


de sua existência comercial numa busca diária e incessante de agregar-lhe
propriedades especiais ou aperfeiçoar as já existentes, tornando-o um produto
ainda mais aceitável por seus consumidores atingindo as diversas camadas
sociais.

Entre as diversas variáveis onde podemos encontrar alterações nas


características físicas e mecânicas do papel absorvente aquelas onde o
consumidor final mais sentirá estão relacionadas à sensibilidade humana, das
quais podemos destacar a resistência à tração, aspereza superficial, coloração,
odores e liberação de poeira. Evidentemente outras propriedades poderão
interessar ao usuário final do produto, no entanto restringiremos o escopo deste
trabalho a apenas resistência longitudinal, alongamento, Bulk e maciez.

Joseph C. Gavetty lançou nos idos de 1857 o primeiro papel sanitário de


que se tem notícia e segundo alardeava à época, “um produto completamente
puro para sua higiene” o qual vinha em folhas de papel manilha sem branquear e
com a marca d’água de seu criador, mas devido à falta de investimentos no
marketing do produto, o mesmo não conseguiu sucesso comercial. Na Inglaterra
Walter Alcock também tentou lançar sua própria marca de papel higiênico em
1879, porém ao invés da folha solta, optou por produzir o papel em rolos cujas
folhas eram separadas por uma linha transversal de perfurações e arrancadas
para serem utilizadas, mas devido a falta de investimentos e ao puritanismo dos
ingleses, o projeto fracassou. Os irmãos Edward e Clarence Scott conseguiram
êxito nesse intento apresentado com uma campanha agressiva e eficaz,
colocando sua marca no mercado, marca que ainda hoje é muito comercializada
na América do Norte.

Desde então a indústria do papel tissue ou sanitários, tem pesquisado


matérias primas, alterações de processos e equipamentos que permitam a criação
de produtos cada vez mais adequados às necessidades dos usuários, em especial
a suavidade ao toque (maciez), resistências ao rasgo, tração e umidade, tais
características estão muito diretamente relacionadas à matéria prima utilizada
(fibras virgens longa, fibras curtas de folhosas, fibras recicladas, pasta de alto
rendimento) em função da característica desejada no produto final.

Fator determinante para a caracterização do produto final, a área de


preparação da massa (polpa de celulose) ou aproach flow é o local onde as fibras
são desfibradas através da utilização de refinadores que realizam esta tarefa pelo
despastilhamento dos pequenos flocos que constituem a massa. Após o envio
para a etapa de depuração a polpa tem sua consistência reduzida e enviada para
a caixa de entrada passando pelas áreas de formação, secagem e
embobinamento, de onde se obtém o produto final.

O presente trabalho tem o objetivo de apresentar as influências exercidas


pelo processo de refinação sobre algumas das principais características físicas do
papel tissue, tendo o seu foco principal voltado para o bulk, maciez superficial,
alongamento e resistências longitudinal e transversal, buscando correlacionar a
literatura disponível com as realidades de campo.
2.1. OBJETIVO

Este trabalho tem o objetivo de investigar o relacionamento existente entre


o processo de refino e algumas das propriedades físicas e mecânicas do papel
tissue ao longo de sua realização, com foco principal em resistência a tração
longitudinal, maciez superficial, alongamento e Bulk.
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Dos dados conhecidos sobre a ação do refino nas propriedades das fibras é
corrente que as fibras longas favorecem a resistência à tração e que as fibras
consideradas curtas melhoram a maciez e favorecem essa resistência, desde que
tais não sejam submetidas ao excesso de refinação, ocasião em que diminuem
essa contribuição e aumentam a presença de finos, sendo esta característica
pouco desejável na fabricação de papéis sanitários, além de tornar-se contra
producente.

A etapa de refinação em uma planta de produção tem uma relevância


significativa nos resultados finais do processo produtivo e isso ocorre por que a
matéria prima, ao passar por esse tratamento, tem algumas de suas
características alteradas em virtude do emprego de esforço mecânico exercido
pelos refinadores sobre a celulose.

GILBERT (1974) diz que a evolução do processo de refinação ao longo dos


anos sofreu pouca alteração conceitual, sendo que as principais mudanças nessa
etapa da fabricação de papel deram-se principalmente no âmbito da forma dos
equipamentos empregados no processo que passou do cilindro para o cone e do
cone para os atuais discos.

Fatores como tamanho e espessura das lâminas empregadas nos


desenhos de corte, simetria e ângulo dos canais entre outros pontos têm sido
amplamente estudados com o objetivo de maximizar resultados e reduzir o
consumo da energia consumida nesta etapa do processo. Em contrapartida, a
indústria química vem a passos largos, caminhando no sentido de desenvolver a
tecnologia do “refino químico” e, por esta razão já se encontram disponíveis no
mercado algumas enzimas capazes de realizar quimicamente a fibrilação externa
da celulose, sendo esta uma importante evolução no processo, pois, o tratamento
pré-refino das fibras favorece a higroscopia, como sugerem GIL (2008) et al.
Figura 1 - Microfotografia para a pasta refinada a 1500 rev (a) sem tratamento
enzimático, (b) com 4 UI de celulases – (GIL, 2010)

3.1 ESTRUTURA DA FIBRA E A AÇÃO DO REFINO

Com o objetivo entender um pouco melhor de como o processo de


refinação atua nas fibras, primeiramente torna-se necessário conhecê-la. A fibra é
considerada um tipo de cilindro oco, podendo variar em suas dimensões
dependendo do tipo de madeira, tal variação ocorre também nas propriedades
físicas da fibra, a saber: largura, diâmetro, resistência e flexibilidade. Fatores do
processo de fabricação podem também influir em propriedades tais como:
resistência ao tratamento mecânico e rigidez.

ALMEIDA (2006) et. al., diz que é no processo de refino onde as mudanças
físicas e estruturais acontecem, sobretudo nas fibras de eucalipto. Sob o ponto de
vista de produção de papéis sanitários, a refinação é um dos itens mais complexos
no processo de produção do papel e também a etapa que mais influenciará nas
características finais do produto.

De acordo com a literatura existente, a refinação nas fibras e na polpa está


dividida em:

a) Efeitos primários;
b) Efeitos secundários.

Os efeitos primários basicamente diferenciam uma fibra refinada de outra


que não passou por esse processo, e isto somente poderá ser observado através
de microscópio.

Os efeitos secundários ocasionam mudanças estruturais na fibra, sendo


conseqüência dos efeitos primários eles estão relacionados diretamente com as
propriedades físicas do papel. A literatura existente diz que os efeitos primários
são os mais importantes, por compreenderem as alterações na fibra.

Uma das alterações relevantes para o processo de fabricação de papel é a


fibrilação interna da pasta de celulose e seu efeito mais evidente se dá
basicamente nas camadas S2 e S3 da fibra que são arrancadas pela ação das
lâminas do disco refinador.

Conforme D’ALMEIDA (1988) et. al., pode-se dizer que praticamente todos
os grupos hidroxilas da celulose e das hemiceluloses estão ligados por pontes de
hidrogênio. Quando a pasta é refinada, as pontes de hidrogênio existentes são
rompidas e os grupos hidroxilas libertados se unem de novo, só que agora com as
moléculas de água, que entram na fibra devido a fibrilação externa.

Estes efeitos produzem um arrancamento total ou parcial das camadas


mais externas da fibra (Vissel Picking), facilitando assim a entrada da água. A fibra
sofre um inchamento cuja extensão aumenta quanto maior for a quantidade de
água associada à fibra. Em suma, supõe-se que a fibrilação interna produza uma
ruptura das ligações por ponte de hidrogênio existentes inicialmente no interior das
fibras, entre as moléculas de celulose e hemiceluloses, e as transformem em
novas pontes de hidrogênio, só que agora entre os grupos hidroxilas das cadeias
de celulose e hemiceluloses, e as moléculas da água que produziram o
inchamento da fibra.

Esta reorganização das ligações se realiza na fração amorfa das celuloses


e hemiceluloses.
A ação da fibrilação externa constitui uma retirada das camadas externas
da fibra, sobretudo se o refino ocorrer em baixa consistência ocasião em que irá
formar uma camada de “penugem” em torno da sua superfície e esse efeito gerará
os finos em virtude da trituração das camadas (Pr) e (S1), especialmente se o
refino é feito com baixa consistência. Na Tabela 1 são apresentados os efeitos da
refinação na fibra, onde:

M = os efeitos têm uma relação direta e importante

P = a relação entre eles é pequena

(-) = não há necessariamente relação entre dois efeitos que pode


ser insignificante.

A Tabela 1 também relaciona os efeitos da refinação com as propriedades


do papel. Conforme GONÇALVES (1988), algumas propriedades morfológicas
merecem uma maior atenção sob o ponto de vista da utilização no processo de
papéis sanitários: Coarseness e Curl. O Coarseness é um parâmetro muito usado
e é definido como a massa correspondente a uma unidade de comprimento da
fibra expressa em miligramas por 100 m (decigrex). O termo em ingles FCI (Fiber
Coarseness Index) é muito utilizado nas fábricas e este parâmetro serve para
classificar a qualidade dos diferentes tipos de fibras para a fabricação dos papeis.

Ainda conforme GONÇALVES (1988), quando este índice é baixo existe


uma melhor formação e o papel fica mais liso, mais macio e geralmente melhora
em absorção. Outra característica morfológica da fibra não menos importante é o
Curl. Este é um parâmetro que pode ser definido como sendo a porcentagem do
comprimento verdadeiro da fibra (L) pelo comprimento projetado (Lp). Este índice
nos dá a idéia de como as fibras vão se entrelaçar após o refino para a formação
do papel a suas propriedades físicas como rasgo, ruptura, etc
Tabela 1 - Efeito da refinação nas fibras – D’ALMEIDA (1988)

Primários
Secundários Fibrilação Fibrilação Produção de Corte das
Interna Externa Finos Fibras

Volume Específico M P - -

Flexibilidade M P - P

Superfície Específica P M M -

Comprimento da Fibra - - P M

Absorção de Água - P P P

Porosidade P P M -

Tensões durante
P P P -
secagem
Superfícies unidas por
M P P -
pontes de hidrogênio

Densidade M - P -

Energia de Rupture P P P P

Lisura P P - -

Índice de rasgo P M P P

Alongamento P P P P

Dobras Duplas P P M P
Figura 2 - Fibra de celulose com corte em camadas – Carlos(2005)

Figura 3 - Efeitos da refinação na fibra de celulose – (D’ALMEIDA, 1988)


4. PROPRIEDADES DO PAPEL

4.1 - RESISTÊNCIA A TRAÇÃO

No estudo apresentado por GIL (2008) et al., é diagnosticada uma melhora


na propriedade resistência à tração ao fazer-se o tratamento químico no pré-refino
da fibra, um resultado perfeitamente aceitável, já que essa característica é
bastante influenciada por fatores ligados às camadas externas da fibra, foco
principal da ação da enzima e um dos principais fatores para contribuição dessa
propriedade.

Figura 4 - Evolução da resistência à tração – (GIL, 2010)

Quando observados outros fatores, tais como finos e espessura, a


operação da etapa de refinação merece especial atenção por tratar-se de
características importantes sob o ponto de vista da fabricação tissue.

De acordo com Roveri (1997), uma operação em baixa consistência na


caixa de entrada associada à ação do refino na polpa, são as condições ideais
para a correta dispersão das fibras sobre a tela, gerando uma boa formação da
folha, ainda segundo o autor, a alta consistência é um fator a ser considerado e
nesse caso, pode-se observar a presença, muitas vezes indesejada de “grumos”,
conferindo à folha um aspecto superficial irregular.

A fibra curta de madeira de folhosa vem ganhando há algum tempo


notoriedade e mercado com grande evidência no segmento tissue, onde sua
principal aplicação tem sido o preenchimento (formação) e a maciez e conforme
GIERTZ (1989) preconiza em seu estudo sobre a influência da moagem sobre as
fibras individuais e seus efeitos sobre as propriedades do papel “o resultado mais
importante da moagem é que a rigidez de tensão do papel aumenta e,
conseqüentemente, também a carga de ruptura”. Ainda segundo o autor, a
fibrilação interna resulta numa fibra mais flexível e a externa na formação de finos
e neste caso há aumento das forças de Campbell.

Segundo RATNIEKS (1994), a adequação do processo de refino através da


utilização de discos apropriados, o controle do pH pré-refino e baixas
consistências na entrada da refinação permitem ganhos na resistência à tração de
maneira tal que há uma redução substancial no consumo de energia,
considerando-se que a polpa em evidência provém de madeira de eucalipto em
seu estudo. De acordo com BAKER (1995), a consistência ideal para refino de
fibras curtas encontra-se na faixa entre 5 a 6 % dessa forma reduzindo o
fenômeno do arrancamento de vasos (“vissel picking”).

De acordo com a afirmação de RATNIEKS (1996) em seu estudo sobre


polpas de eucalipto para papel tissue, as características predominantemente
tissue podem ter seus valores interferidos em conseqüência da escolha,
armazenamento e condições de aplicação da fibra de eucalipto, sendo estas fibras
as grandes responsáveis pela obtenção de certas propriedades do papel tissue
tais como maciez e volume (Bulk).

ALVES e NEITZEL (2003), disseram que o processo de refinação da polpa


celulósica para a fabricação de papel é considerado um dos mais, ou talvez, o
mais importante componente do processo de fabricação de papel. Desde o início
do século, quando um fabricante de papel escreveu “não existe em fábrica de
papel nenhuma operação que requeira mais atenção e cuidado que a refinação,
pela qual o papel adquire suas características finais” vários autores têm estudado
esta parte do processo com mais dedicação. Segundo WANG et al. (1997), a
refinação é a etapa chave da fabricação de papel.

De acordo com PAULAPURO (2000), a refinação de polpas é o tratamento


mecânico de modificação de fibras para que elas formem um papel de
propriedades desejadas. Esta é uma das mais importantes operações unitárias
quando se preparam as fibras para a fabricação de papel de alta qualidade.

CARLOS (2005) cita que “CLARK et. al (1978), e MANFREDI, Vilela & Silva
Jr. (1986), definem o refino como o tratamento mecânico dado às fibras em
suspensão com intuito de modificar a estrutura das fibras, melhorando, assim, as
características da polpa para a produção de papel. Sendo que estas modificações
são irreversíveis e produzidas a partir de impactos nas fibras. O objetivo principal
da refinação é melhorar a capacidade de união das fibras tanto para que elas
formem uma folha de papel forte e lisa como apresente boas propriedades de
impressão. Algumas vezes o propósito é diminuir as fibras longas para uma boa
formação da folha ou para desenvolver outras propriedades semelhantes como
absorbância, porosidade, ou propriedades ópticas específicas para dar um papel
de boa qualidade”.

CLARK (1978) e LIDBRANT & MOHLIN (1980) descrevem os principais


efeitos do refino sobre as fibras sendo o corte das fibras, as fibrilações internas e
externas e a formação de finos, sendo o corte responsável pelo aparecimento de
finos e as fibrilações (internas e externas) responsáveis pelo aumento de
superfície das fibras e também pelo aparecimento de finos. Um fator importante é
o grau de refino da polpa (celulose) utilizada na fabricação do papel.

O grau de refino pode ser medido de várias formas, sendo as medidas mais
comumente usadas, apesar de serem indiretas, ou seja, indicam o grau de refino
através de uma medida da drenabilidade da polpa, são o Canadian Standard
Freness (CSF) e o Schopper-Riegler (oSR). Os ensaios laboratoriais para
determinação do grau de drenabilidade da polpa são denominados com o próprio
nome das medidas citadas, ou seja, Shopper-Riegler ou CSF. Os estudos
destinados ao conhecimento mais profundo do processo de refinação sofreram e
têm sofrido um grande crescimento devido ao reconhecimento da importância
desta etapa dentro do processo de fabricação do papel e da sua grande influência
sobre as características finais do papel. Por isso a atual ausência de modelos bem
desenvolvidos, que representem satisfatoriamente a refinação, impulsionam o
desenvolvimento e a utilização de modelos híbridos, que necessitem de pequena
quantidade de informações.

OLIVEIRA (2005), apresenta algumas considerações sobre resistências do


ponto de vista da operacional, sobre a interferência não apenas da mistura de
polpas no processo de fabricação de papel tissue, como também do tempo de
utilização dos discos refinadores, tomando por base a unidade °SR, mantendo-se
constante a energia aplicada ao processo conforme pode ser visto na tabela a
seguir

Tabela 2 – ºSR em função do tempo de uso dos discos dos refinadores e corrente
consumida – (OLIVEIRA, 2005)

Linha Dias de uso ºSR Corrente (A)

I (fibra curta) 198 24 290


II (fibra longa) 186 24 290
I (fibra curta)
200 23 290
(90+10)*
II (fibra longa) 188 24 290
I (fibra curta) 222 24 290
II (fibra longa)
200 22 290
(90/10)*
* polpa com adição de pasta termoquímica de alto rendimento (CTMP)

Apesar da ausência de informações como comprimento e altura das


lâminas, distância de trabalho entre estator e disco móvel, entre outras, é possível
concluir que a polpa mista tende a ser mais sensível à operação com discos mais
“velhos” quando submetida ao emprego da CTMP na formulação.
4.2 – VOLUME APARENTE (BULK)

Conforme cita CARLOS (2005), “a superfície da fibra é extremamente


reativa, formando pontes de hidrogênio que une uma fibra à outra. Esta reação é
totalmente dependente da água que está “combinada” com a fibra. O mecanismo
utilizado pela “química de debonding” é a substituição da água na fibra
bloqueando uma fibra de unir-se a outra. Dessa forma a “química de debonding”
acaba interferindo no “bulk”, por diminuir a resistência do papel em ambos os
sentidos, através da quebra das ligações interfibrilares conferindo à fibra uma
baixa rigidez e aumentando a presença de fibras soltas na superfície da folha de
papel (maciez superficial)”.

Em um raciocínio lógico, pode-se inferir que a “química de debonding”


opere no sentido contrário ao da refinação à baixa consistência, por propiciar
exatamente o desligamento das fibras criado pela etapa de refinação. De acordo
com SANTOS (2005), as propriedades da madeira podem interferir em algumas
propriedades do produto final e conforme citado em seu trabalho, PAAVILAINEN
(1998) publicou um resumo sobre as relações de dependência existentes entre a
madeira e o papel interligados com as propriedades das fibras que compõem a
folha de papel, o qual está expresso na Tabela 3.
Tabela 3 – Efeito das propriedades da madeira nas propriedades do papel
produzido com polpa de fibra curta – (SANTOS, 2005)

Propriedades da Propriedades da
Propriedades do Papel
Madeira Fibra

Diâmetro da fibra Bulk


Rigidez
Espessura da parede Rigidez

Comprimento da N° de Dispersão de luz, Opacidade,


Fibra Fibras/Grama Formação, Porosidade

“Coraseness” N° de
Dispersão de Luz, Opacidade
Fibras/Grama
Teor de
Estabilidade Dimensional
Hemiceluloses -

4.3 - MACIEZ

Segundo HOFFMAN (2010), “produtos fabricados utilizando papel tissue,


especialmente lenços e papéis higiênicos foram desenvolvidos com o objetivo de
substituir artigos de tecido, que eram suaves e absorventes”. Não por acaso, uma
que o nível de absorção tenha sido atingido,o consumidor teve sua preferência
fortemente influenciada pela maciez do tissue.

De acordo com CARLOS (2005), a maciez tornou-se um fator importante e


determinante na preferência do consumidor e não obstante à sua preferência na
hora da compra, ela basicamente é composta pela combinação de:

a) maciez de superfície;

b) maciez de flexibilidade;

c) maciez de compressibilidade (amortecimento dos efeitos dinâmicos).


Por ser a maciez uma propriedade subjetiva ligada exclusivamente às
sensações do tato, sua definição não é tão simples. Porém, já existem algumas
definições que são aceitáveis para essa propriedade, conforme podemos ver a
seguir:

A maciez superficial pode ser definida como a sensação tátil percebida com
o toque dos dedos na superfície dos papéis. Essa propriedade está relacionada
principalmente com a superfície das fibras (aspereza ou lisura).

A maciez estrutural pode ser definida como a sensação tátil quando a folha
é comprimida entre os dedos com a mão. Esse tipo de maciez está diretamente
relacionado com a estrutura das fibras (rigidez/“bulk”). Conforme abordada
anteriormente, maciez pode ser considerada como uma das mais importantes
propriedades do papel tissue.

Na verdade, trata-se de uma propriedade que pode influenciar o


consumidor na sua preferência de compra e por esta razão ela é tão almejada no
mercado tissue. Por esta razão, tão importante quanto medir o nível de maciez é
saber como consegui-la ou melhorá-la.

Dentre os fatores que podem oferecer o processo de crepagem possui uma


grande interferência na propriedade de maciez do papel. Conforme HARMON
(1977), é essencial que compreendamos o efeito da geometria da raspa na
amplitude do crepe, que por sua vez definirá se um produto terá maior ou menor
maciez superficial (lisura). Conforme Figura 5, a amplitude do crepe, de acordo
com Harmon, é definida por:

2 A = Projeção da face da raspa na superfície do secador; ou

2 A = (cos) (largura da raspa); ou

2 A = amplitude = A = 0,5 (cos) (largura).


Para o eixo do secador

90º
Largura

Figura 5 – Efeito do ângulo de raspa na amplitude do crepe – (Huss Harmon,


1977)

4.3.1 – CARACTERÍSTICAS FÍSICAS E MORFOLÓGICAS DAS FIBRAS

Conforme HOFFMAN (2010), “quando todas as outras etapas se


mantiverem constantes, a maciez dependerá da qualidade da matéria-prima.
Quanto melhor a qualidade da fibra, maior a suavidade”.

A qualidade da fibra é notoriamente difícil de definir devido à variedade de


características e propriedades individuais de cada produtor, inclua-se neste caso,
viscosidade, CAR, Coarseness entre outras, porém geralmente fibras com melhor
qualidade são também mais caras. Fibras celulósicas com características mais
robustas (espessura maior de parede) produzem papel com maior maciez. A
obtenção das propriedades da polpa com sucesso vem através do estudo da
combinação das propriedades morfológicas gerais das fibras relacionadas à
suavidade tais como: comprimento de fibra, coarseness e densidade da parede
celular. As fibras vegetais mais utilizadas na fabricação de papéis tissue, são
geralmente classificadas em fibras longas e fibras curtas.

É de literariamente conhecido e amplamente divulgado que as fibras longas


variam de um comprimento médio de 2 a 5 mm, enquanto que as curtas variam,
em média, de 0,5 a 1,5 mm. A fibra curta mais utilizada no Brasil para produção de
papel tissue é a de “eucalyptus” e isso se deve principalmente a versatilidade
operacional que a mesma propicia oferecendo inúmeras vantagens em relação a
outras folhosas.

A Tabela 4 apresenta as características dimensionais de fibras longas e


curtas mais utilizadas no Brasil para a produção de celulose.

Tabela 4 – Características Dimensionais das fibras – (UFV,2003)

Características Dimensionais Médias das Principais Fibras de Madeiras utilizadas no


Brasil para a Produção de Celulose

Dimensões Pinnus elliotti Pinnus caríbea Eucalyptus Acacia negra


(mm) grandis

Comprimento 3.3 4.3 1.0 1.0

Largura 46.7 49.6 18.2 18.2

Diâmetro 31.0 28.8 9.1 9.2


lúmem

Espessura 7.8 10.4 4.5 4.5


parede

As propriedades das folhas de papel, dependem muito da morfologia das


fibras e do tipo e extensão de transformação pela qual passam durante a
elaboração da pasta de celulose, especialmente durante o refino e antes de sua
moldagem em folhas propriamente ditas, conforme Segundo NOE e DEMUNER
(2010), cada espécie de árvore possui fibras com diferentes características
morfológicas. Os autores dizem tratar-se de uma fibra curta, na verdade a fibra de
eucalipto está entre as mais curtas das espécies de hardwood no mundo, sendo
sua granulação uma das mais baixas dentre as fibras comumente encontradas no
mercado de celulose.

O coeficiente de granulação é dado pelo peso da fibra dividido por seu


comprimento e as fibras mais delgadas têm menor granulação. Na fibra de folhosa
o número de fibras por grama é alto e isso se deve ao fato de sua baixa
granulação. Os valores comumente encontrados para a espécie eucalipto ficam na
faixa de 20 milhões.

Conforme CARLOS (2005), a título de exemplo, o pinheiro do sul dos


Estados Unidos está no extremo oposto, sua arquitetura interna é diferente: os
componentes básicos da parede da fibra chamados também de microfibrilas
mostram pequena angulação em torno do eixo da fibra em comparação com
outras madeiras de folhosa. Conseqüentemente a fibra do eucalipto é rígida,
proporcionando uma estrutura de papel volumosa, com alta opacidade.

Essas diferentes características microscópicas da fibra se traduzem em


propriedades macroscópicas da folha de papel, como resistência, volume ou
maciez, por exemplo.

Com base na literatura, podemos então resumir quais as propriedades das


fibras influenciam na maciez e em outras propriedades do papel tissue (Tabela 5).
Tabela 5 – Propriedades das Fibras - (Carla R. dos Santos – 2002)

Propriedade da fibra Propriedade do papel

Menor colapsabilidade

Redes fibrosas mais fracas (menor


Maior espessura da parede da fibra
resistência)

“Bulk” (maior volume) e maior porosidade

Menor grau de colapsamento

Menor resistência à tração


Maior densidade básica da madeira
Maior porosidade (absorção)

Maior volume específico (“bulk”/maciez)

Menor superfície específica para ligações


interfibras

Menor grau de consolidação da folha


População fibrosa na polpa (menor
número de fibras/g) Folha menos resistente

Superfície mais áspera

Menor “bulk” e porosidade

Menor capacidade de absorção de água


pela fibra

Fibra menos flexível (menor


colapsabilidade)
Teor de hemiceluloses na polpa (menor
teor) Menor área de contato e número de
ligações fibra-fibra

Menor resistência mecânica e maior


volume específico
Outras características que devem ser citadas e que estão relacionadas com
as propriedades finais do papel tissue e que também influenciam diretamente a
maciez são: “coarseness” e índice de “curl”.

4.4 - ALONGAMENTO

Conforme citado por BITENCOURT (2004), “O alongamento é determinado


simultaneamente com a resistência a tração, através de um acessório do
dinamômetro. É expresso em porcentagem e indica quanto o papel deforma antes
de sua ruptura (IPT, 1982)”

O alongamento do papel tissue pode ser definido, de maneira simplificada,


como a capacidade que o papel possui de sofrer esticamento sem que haja a sua
ruptura. De acordo com a opinião de alguns fabricantes de máquinas de
conversão, essa propriedade possui grande interferência no runnability desse tipo
de equipamento, observando-se do ponto de vista prático.

Essa propriedade ocorre e tende a aumentar ou diminuir de acordo com


alguns fatores, dentre os quais e principalmente, a ação do processo de refinação.

Outro fator de interferência muito importante em relação ao alongamento,


sendo co-responsável por alterações nessa propriedade é a relação de crepe, que
conforme já citado, corresponde à razão entre a velocidade da enroladeira e a
velocidade do cilindro yankee. Ligada a relação de crepe, temos também que citar
a lâmina de raspa, cuja função numa máquina de produção de papéis tissue é
destacar a folha do cilindro yankee. Também podem interferir nos resultados do
crepe gerado os seguintes fatores:

• Coating;

• Ângulo da Lâmina de Raspa;

• Tempo de utilização da lâmina;


• Ângulo do suporte;

• Pressão aplicada à lâmina;

• Flexibilidade da lâmina;

• Altura da lâmina.

De acordo com CARLOS (2005), o uso contínuo de uma mesma lâmina de


raspa tende a reduzir a amplitude do crepe à medida que a mesma se desgasta e,
por conseguinte, poderá haver uma redução nos índices de alongamento, tendo
em vista que o ângulo do crepe estará mais aberto, exigindo do conjunto um maior
esforço para se obter a mesma eficiência de crepagem.

De acordo com BITTENCOURT (2004), o alongamento também sofre uma


influência da idade da polpa utilizada, ou seja, uma polpa constituída por celulose
oriunda de madeira mais velha tende a reduzir a capacidade de alongamento da
folha resultante, embora o autor tenha explicitado que os valores são
estatisticamente irrelevantes para indivíduos entre 14 a 16 anos de idade.
5. CONCLUSÃO

A etapa de refinação em uma planta de fabricação de papel tissue possui


altíssima relevância no processo, tendo em vista as enormes possibilidades de
melhoria tanto do processo em si, quanto dos produtos resultantes desse
processo. Uma operação adequada e controlada dessa etapa pode resultar na
obtenção de resultados consistentes e razoavelmente previsíveis, além de permitir
a obtenção de ajustes flexíveis sob o ponto de vista fabril.

O item custo, ainda que não tenha sido diretamente abordado no presente
trabalho, influenciará a tendência operacional na etapa de refinação, e conforme
observado, já há no mercado alguns produtos químicos à base de enzimas que
são capazes de melhorar significativamente os resultados de propriedades tais
como resistência a tração longitudinal e transversal, atuando como uma etapa de
pré-refinação, o que torna a idéia interessante nos tempos atuais devido ao alto
envolvimento das empresas nas questões ambientais, pois, a economia de
energia elétrica e a redução do impacto ambiental podem justificar com ampla
vantagem o investimento na tecnologia do pré-refino químico da polpa de celulose.

Uma das constatações relevantes sob o ponto de vista da influência


exercida pela refinação nas propriedades do papel é que, boa parte da otimização
do processo e melhoria dos resultados está associada à matéria prima, aos
equipamentos e principalmente ao método de trabalho empregados na planta,
vinculando dessa maneira a evolução do processo de refinação com a evolução
das espécies de madeira empregadas, com a pesquisa por melhorias nos
equipamentos atuais e finalmente, com a forma pela qual a etapa de refinação é, e
será manuseada.

A propriedade Bulk do papel está diretamente associada à rigidez da fibra


utilizada na constituição da folha e, embora seja considerada importante, sob o
ponto de vista operacional de uma planta de fabricação tissue, essa propriedade
poderá ser manuseada através da correta seleção da matéria prima a ser
utilizada, já que, madeiras de lenho tardio possuem características físicas e
mecânicas que favorecem a obtenção, manutenção ou incremento dessa
propriedade ao produto final.

A maciez superficial está diretamente relacionada ao emprego de fibras


curtas de madeira de folhosa, com grande ênfase na celulose de eucalipto, por ser
esta uma fibra com características que favorecem o surgimento de finos, os quais
por outro lado, agregam ao papel uma sensação tátil aveludada, no entanto, o
excesso de refino pode acentuar a degradação das paredes da fibra, fazendo que
a mesma perca suas ligações hidrogênio, gerando um aumento considerável dos
finos e reduzindo as resistências.

É corrente no meio operacional que, o acréscimo de fibra curta depois de


certa proporção da polpa, tende a reduzir consideravelmente a resistência a tração
longitudinal, no entanto, essa afirmativa pode estar equivocada, pois o fator pH da
polpa pode estar envolvido, pois conforme visto, a refinação à baixa consistência
tende a favorecer a propriedade de alongamento, devido principalmente à menor
energia empregada na operação dos refinadores em decorrência do maior volume
assumido pela fibra antes da passagem pelos mesmos.
6. SUGESTÃO

A fabricação de papel tissue possui ainda muitas áreas a serem


pesquisadas. As condições ambientais demandam o desenvolvimento de novas
tecnologias capazes de manter a produção sem que haja necessidade de
aumento de consumo de reservas naturais. Sob esse ponto de vista, os próximos
passos de pesquisa podem ser o estudo do impacto ambiental ocasionado pelo
efluente gerado pelo processo de refino químico, as implicações do refino químico
nas superfícies do sistema de alimentação de água fresca em um circuito fechado,
entre outros.
7. REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO

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