You are on page 1of 4

CURSO – BACHARELADO EM ARQUITETURA E URBANISMO

DISCIPLINA – ACAT3 (CONFORTO AMBIENTAL TÉRMICO)

DOCENTE – PROF. DR. WALTER JOSÉ FERREIRA GALVÃO

ANOTAÇÕES DE AULA – AULA 01

1 – Conforto térmico.
1.1. Variáveis de conforto térmico.

O homem, por ser um animal de sangue quente, tem a necessidade de manter sua
temperatura corpórea em torno de 37ºC.

Como o corpo humano troca calor constantemente com o ar, sendo que quando a
temperatura do ar está maior do que 37ºC se ganha calor do ar e quando está menor de
37ºC perde-se calor. Assim, quando a temperatura do ar está muito maior ou muito menor
do que nossa temperatura corpórea, ocorrem reações biológicas na tentativa de mediar o
balanço de perda e ganho de calor de nosso corpo. Estas reações são o suor, a contração
e dilatação dos poros, necessidade de beber líquidos quentes ou frios, dentre outros. Estes
mecanismos são chamados de Mecanismos termorreguladores. Também o homem toma
algumas atitudes comportamentais para manter este balanço, como movimentar-se ou
permanecer em repouso, que influencia no seu metabolismo, bem como vestir mais ou
menos peças de roupas. Estas atitudes comportamentais citadas são chamadas de
Variáveis Humanas de Conforto Térmico.

Também as condições ambientais têm grande influência no conforto térmico, tais


como a temperatura, umidade relativa e movimentação do ar, bem como a temperatura
radiante média, ou seja, o calor emitido pelos corpos aquecidos. Para estas condições dá-
se o nome de Variáveis Ambientais de Conforto Térmico.

Pesquisas quantitativas de Conforto Térmico resultam das respostas de um grupo


de pessoas quando submetidas a determinadas combinações de Variáveis Humanas e
Ambientais. Dessas pesquisas a mais consagrada foi a engendrada por O. G. Fanger que
resultou no Voto Médio Predito (PMV) e o Percentual de Pessoas Insatisfeitas (PPD),
importantes indicadores quantitativos de conforto térmico.
1.2. Diferenças entre Clima e Tempo

Quando visitamos um local por um breve período de tempo e são observadas certas
condições ambientais (temperatura e umidade do ar, precipitações de água, etc.), não pode
ser determinada a condição climática deste local com base nesta experiência de curto
período.

O clima de um local é determinado pela tabulação de condições climáticas médias


por um prolongado espaço temporal, baseando-se num período de dez anos
aproximadamente, o que caracteriza o Ano Climático de Referência (TRY - Test
Reference Year).

Assim, o tempo é um estado momentâneo da atmosfera, enquanto o clima é a


configuração mais permanente ou referente a um período de tempo maior.

1.3. Diagnóstico bioclimático.

O termo “bioclimático” estabelece uma ligação entre a biologia humana e o clima,


sendo que Cartas Bioclimáticas são gráficos de relacionam dados climáticos de uma
região com variáveis quantitativas de conforto térmico. O objetivo destas cartas
bioclimáticas é fornecer aos arquitetos estratégias para aplicação no projeto arquitetônico.

Existem várias cartas bioclimáticas que podem ser citadas, porém a de Baruch
Gyvoni, com algumas modificações, embasou a norma brasileira NBR 15220 (ABNT,
2005) que versa sobre o conforto térmico nas edificações.

Não obstante as recomendações normativas e regulamentares sobre o conforto


térmico nos edifícios, antes de iniciar um projeto, para adaptar a edificação ao clima onde
ela está inserida é fundamental que o arquiteto observe alguns aspectos para ter uma ideia
do padrão climático do local onde o edifício será implantado.

Em primeiro lugar deve ser considerado o hemisfério onde será feito o projeto, pois
regiões localizadas no hemisfério norte tendem a ser mais frias e mais quentes (inverno e
verão) de outra que, mesmo tendo a mesma latitude e altitude, localizam-se no hemisfério
sul.

A latitude1 do lugar também deve ser considerada, pois regiões localizadas entre os
trópicos de câncer (23º26’ Norte) e capricórnio (23º26’ Sul) têm poucas variações nas

1
Distância medida em graus de qualquer ponto da terra até a linha do equador, considerando-se a linha do
equador a latitude 0º, o polo Norte latitude 90º Norte e o polo Sul latitude 90º Sul.
condições ambientais nas estações extremas (inverno e verão), sendo que quanto mais
próximo da linha do equador (latitude 0º) menor ainda estas distinções. Por sua vez,
regiões localizadas em latitude altas (acima dos trópicos) possuem grandes diferenças,
com invernos com frio extremo e verões quentes.

A altitude do lugar também tem forte influência nas suas condições de clima, pois
locais a grande altura tendem a ser mais frios que outros em relação ao nível do mar. Para
cada 200 metros de altitude a temperatura média do ar decresce 1º Celsius.

Por fim, as regiões próximas a rios caudalosos e florestas tendem a ser mais úmidas
que as grandes concentrações urbanas. Consequentemente as metrópoles são mais
quentes que as áreas verdes e próximas a grandes rios.

1.4. Estratégias de projeto.

A condição climática quente e úmida tem por características a temperatura do ar


máxima não atingir valores muito elevados (entre 32° e 35° Celsius), porém com uma
alta taxa de umidade relativa do ar (acima de 70%). Também ocorrem pequenas
oscilações da temperatura do ar nos períodos diurnos e noturnos. Aqui as vedações
externas devem ser leves (inércia térmica baixa) e a edificação deve ser abundantemente
sombreada com varandas e grandes beirais. As aberturas para ventilação devem ter
dimensões generosas para privilegiar a ventilação.

Na condição quente e seca, por sua vez, a temperatura do ar alcança níveis


elevadíssimos (entre 40° e 45° Celsius) e a umidade relativa do ar é baixa (não superior a
20%). Diferentemente da condição quente e úmida, aqui ocorre uma grande variação entre
as temperaturas do ar dos períodos diurno e noturno, com manhãs muito quentes e noites
frias. As vedações externas devem ser espessas (inércia térmica alta), compostas de
alvenaria ou pedra, sendo pintadas na parte externa com cores claras para atrasar a
passagem do calor da parte externa para o interior dos edifícios. De mesmo modo as
edificações devem estar agrupadas e ter pequenas aberturas nos ambientes para evitar a
ventilação abundante. Igualmente espelhos d’água e umidificadores devem ser utilizados.

No frio extremo, considerando-se esta condição a temperatura do ar não superior a


5° Celsius, deve-se prover a estanqueidade na edificação, tomando cuidado com as
esquadrias para que não seja perdido o calor gerado no interior dos edifícios. De mesmo
modo deve ser usada inércia térmica alta nas vedações externas ou isolamento térmico,
com o uso de isopor ou lãs de vidro e de rocha no interior das vedações. Digno de nota
que o isolamento térmico acaba com a inércia térmica, não permitindo a passagem de
calor um lado para o outro da vedação, não sendo adequada como estratégia de projeto
para a condição quente e seco e muito menos para o quente e úmido.

You might also like