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Ano xI nº 41 | março / Abril / maio 2013

www.artestudiorevista.com.br

DOIS EM UM
O novo MAR, no Rio, é museu e escola

arquitetura & estilo de vida


em dois prédios antigos integrados

PARA RECEBER
Residência foi projetada pensando
no lazer com os amigos

ELEMENTOS
MARcANTES
Madeira e pedra marcam presença
FRANCISCANOS; no projeto de uma residência

NÃO JESUÍTAS
Estudo arqueológico na Fazenda
da Graça muda história do lugar
NOVAS INSTALAÇÕES
Clínica cadiológica muda de
endereço e ganha novo projeto

cONFORTO NO TJ-pB JOGO DE


Tradição e modernidade na
reforma do Pleno do tribunal
VOlUmES
linguagem contemporânea
para residência

AMPLOS
ESPAÇOS
Showroom de loja de móveis planejados readapta antiga fábrica

E +: A arquitetura em ʻ500 Dias com Elaʼ e o problemas da Avenida Edson Ramalho, em João pessoa
CHICAGO
MIAMI
CIUDAD DE MEXICO
MONTERREY
CIUDAD DE PANAMA
CIUDAD DE GUATEMALA
SANTIAGO DE CHILE
ASUNCION
MONTEVIDEO AV EPITÁCIO PESSOA 3070
PUNTA DEL ESTE TAMBAUZINHO JOÃO PESSOA
60 LOJAS BRASIL TEL 3244 6688
SUMÁRIO Março / Abril / Maio 2013

DICAS & IDEIAS


32 AMBIENTAÇÃO
As dicas para a sua casa e seu
bichinho de estimação

78 A HISTORIA DE...
Usada por aqui desde os tempos pré-colombianos, a rede
continua um dos mais queridos utensílios no Nordeste

CONHEÇA

18 LIVRO
ARTIGOS Cidade, Cultura e Urbanidade reúne artigos
que mostram olhar plural sobre a questão

VISÃO PANORÂMICA 12 24 Grandes arquitetos


Amélia Panet lembra dos livros O elemento marcou a carreira de Philip Johnson,
fundamentais do estudo da arquitetura o primeiro vencedor do Prêmio Pritzker

URBANISMO 14
A cultura da paisagem no reconhecimento
76 ACERVO
Estudo arqueológico na Fazenda da Graça
do Rio de Janeiro pela Unesco
traz revelações sobre a capela do lugar

VÃO LIVRE 16
A imobilidade nas cidades como 88 VIAGEM DE ARQUITETO
um problema crescente Charme suíço, belezas da cidade de Thun

OPINIÃO PROFISSIONAL 17 94 ARQUITETURA E ARTE - CINEMA


Arquitetos falam de como João Pessoa Estado de espírito, a arquitetura reflete as paixões do
pode melhorar relação com os idosos personagem principal de 500 Dias com Ela

ENTREVISTAS

ENTREVISTA 20
Paulo Torniziello fala sobre
processo criativo e iluminação

CONVERSA FRANCA 99
Janine Holmes fala sobre a
profissão de designer de interiores

SOCIEDADE

especial 72
A importância da
acústica arquitetônica

REPORTAGEM 82
Estudo mostra os problemas da
Avenida Edson Ramalho

OUTRAS ÁREAS 86
Cristóvam Tadeu é o riso levado a sério
88

arquitetura & estilo de vida


ANO XI - Março/Abril/Maio 2013

ExpEDIENTE

Diretora/ Editora Geral- márcia barreiros


Editor Responsável - Renato félix, DRT/pb 1317
Redatores - Alex lacerda, Débora Cristina,
Neide Donato, Renato félix e Thamara Duarte
Diretor de criação - George Diniz
Diretora comercial - márcia barreiros
Arte e diagramação - George Diniz / Welington Costa
fotógrafos desta edição - Vilmar Costa / Christian Woa / mb
Impressão - Gráfica Jb

qUEm SOmOS

ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com foco em


arquitetura, decoração, design, arte e estilo de vida, com
tiragem de 8 mil exemplares de distribuição gratuita
pROJETOS e dirigida. A reprodução de seus artigos, fotografias e
ilustrações requer autorização prévia e só poderá ser feita
citando a sua fonte de origem. As colaborações e artigos
NAcIONAL 28 publicados e fotos de divulgação são de responsabilidade
exclusiva de seus autores, não comprometendo a revista,
O novo Museu de Arte do Rio dá início à nem seus editores.
revitalização da região portuária carioca

HORA DO JULGAMENTO 36 ONDE NOS ENCONTRAR


Reforma equilibra tradição e modernidade
no plenário do TJ da Paraíba
Contato : +55 (83) 3021.8308 / 9921.9231
MADEIRA E pEDRA 40 c o n t a t o a r t e s t u d i o @ y a h o o. c o m . b r
Elementos marcantes no projeto de uma residência c o n t a t o @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r
d i r e t o r i a @ a r t e s t u d i o r ev i s t a . c o m . b r
R. Tertuliano de brito, 338 b - 13 de maio,
cOMpARTILHANDO 46 João pessoa / pb , CEp 58.025-000
Receber os amigos norteou o projeto de uma residência
@revARTESTUDIO

Artestudio márcia barreiros


NOVO ENDEREÇO 50
Clínica cardiológica ganha novas e modernas instalações
www. artestudiorevista. com. br
NOSSA cApA 56
Amplos espaços, integração e funcionalidade As matérias da versão impressa podem ser lidas,
em loja de móveis planejados também, no nosso site:
w w w.ar testudiorevista.com.br
com acesso a mais textos, mais fotos e alguns desenhos
de projetos
pRANcHETA 64
Edifício com duas torres que buscam a inovação

Nossa Capa:
Foto: fátima Dantas
Projeto: Karla barros e
Anellise lacerda
12
EDITORIAL

DEpOIS DOS 10...


No capítulo anterior, a ARTESTUDIO
completou seus dez anos. Agora, um novo
capítulo começa, apontando para os próximos
dez anos e além. E a edição que você tem em
mãos procura, mais uma vez, levantar vários
aspectos das áreas de arquitetura, urbanismo,
design e ambientação. A estética, a vida prática,
a história, a arte.
Ao mesmo tempo em que desvendamos
a história das redes, essa “mobília” tão querida
aqui no Nordeste, vamos à capela da Fazenda
da Graça saber um pouco mais sobre sua
história. Observamos a arquitetura na história
e nos cenários do filme 500 Dias com Ela e
contamos a história do humorista Cristóvam
Tadeu e suas mil faces.
Falamos sobre livros de arquitetura
marcantes e discutimos, mais uma vez, o
colapso da imobilidade nas grandes cidades.
Márcia Barreiros
Mostramos o novíssimo Museu de Arte do Rio
Editora Geral e Diretora executiva
(MAR), que começa uma revitalização da região
portuária do Rio, e também a distante cidade
de Thun, na Suíça.
Enfim, há muito o que ler nesta edição
Colaboradores desta edição da ARTESTUDIO. Mais uma vez tentamos
combinar todos esses elementos para o seu
entretenimento e conhecimento. Boa leitura!

ARTESTUDIO

George Diniz Renato Félix Wellington Costa Vilmar Costa Jean Fechine
Diretor de criação Editor responsável Prod. e diagramador Fotógrafo Arquiteto

Alex Lacerda Débora Cristina Neide Donato Rossana Honorato Amélia Panet Roberto Ghione
Jornalista Jornalista Jornalista Arquiteta Arquiteta Arquiteto

13
VISÃO PANORÂMICA

Uma árvore, grande e frondosa

V
Foto: divulgação
enho de uma geração de arquitetos que limitada, tínhamos acesso aos livros da biblioteca,
não tinha tanta facilidade em adquirir e principalmente, aos infindáveis textos em
livros de arquitetura. Eram caros, escassos espanhol, fornecidos pelos nossos queridos
e não chegavam com facilidade à cidade. professores de teoria e história. Para o meu
Nossa oportunidade para formar nossa desespero eram todos obrigatórios à leitura e,
biblioteca estava nos encontros de arquitetura, naquela época, ler em espanhol era a mesma
ou quando aparecia alguma editora para divulgar coisa que ler em mandarim, tamanha era a
suas publicações na pracinha do CT da UFPB. dificuldade de estudar sobre Grécia e Roma, sem
As revistas Projeto e AU eram as assinaturas ver uma “figurinha” que pudesse alimentar a
mais frequentes entre os alunos de arquitetura e nossa imaginação.
a maneira possível para nos manter atualizados Mesmo assim, alguns livros eram
sobre o que acontecia na arquitetura “brasileira”. obrigatórios em nossas pranchetas e cito três deles
Sim, brasileira entre ”aspas”, pois os projetos que acompanharam toda a minha formação. O
publicados nessas revistas estavam situados, primeiro deles ganhei de presente dos meus pais,
em sua maioria, no triângulo: São Paulo, Rio de assim que entrei na universidade, o “Neufert”, um
Janeiro e Minas Gerais. Só após a vinda de José verdadeiro manual de arquitetura até hoje, cujo
Wolf, saudoso jornalista de São Paulo e amigo da título é Arte de Projetar em Arquitetura.
família Borsoi, é que começamos a ver projetos de Escrito por Ernst Neufert, um arquiteto
arquitetos nordestinos nas revistas de circulação alemão, colaborador de Walter Gropius, o
nacional. grande arquiteto da Bauhaus, o Neufert trazia
Estou falando de meados da década normativas, exemplos e medidas para quase
de 1980. Nesse período, mesmo de maneira todos os temas da arquitetura, no entanto, tudo

14
muito relacionado às medidas e ao contexto Esses princípios resumem a arquitetura
alemão, evidentemente. Assim, para fazer o da Escola Pernambucana de Arquitetura, tendo
contraponto brasileiro tínhamos o livro de Emile Delfim Amorim e Acácio Gil Borsoi como seus
Pronk, Dimensionamento em Arquitetura, publicado principais expoentes. Tais arquitetos conseguiram
pela editora da UFPB, fininho e bem mais leve adaptar os princípios da arquitetura moderna
que o Neufert, de maneira que vivíamos com uma carioca, inspirada em Le Corbusier, às condições
cópia embaixo do braço. nordestinas.
Outro livro tão importante quanto os Assim, criar uma sombra, significa propor
anteriores era o livro do pernambucano Armando uma boa cobertura, ventilada, capaz de nos
de Holanda, Roteiro para Construir no Nordeste. proteger da radiação do sol. Recuar as paredes é
Esse livro é fantástico até hoje. Uma coisinha de criar beirais generosos, varandas, terraços, pilotis,
nada, que diz tudo. Em sua homenagem, está sombrear as vedações externas. Vazar os muros
nesta página um trecho do poema “Fábula de um e paredes é a utilização de cobogós, elementos
arquiteto”, que faz a abertura da edição de 1979. vazados e venezianas, para que filtrem a luz,
Com poucas páginas, mas deixem a brisa passar.
Holanda nos brindou com “A arquitetura como construir portas Proteger as janelas com
as mais adequadas lições de de abrir; ou como construir o aberto; marquises, brises, beirais,
arquitetura para se construir construir, não como ilhar e prender, muxarabis para que a luz
nos trópicos brasileiros. São nem construir como fechar secretos; entre controlada e o vento
lições que podem ser levadas construir portas abertas, em portas; possa arejar a morada. Abrir
adiante, por todas as gerações casas exclusivamente portas e teto. as portas para integrar os
de arquitetos, independente O arquiteto: o que abre para o homem ambientes, para diminuir a
da linguagem arquitetônica (tudo se sanearia desde casas abertas) distância entre o dentro e
do momento, pois são portas por-onde, jamais portas-contra; o fora, sem descuidarmos
premissas que podem se por onde, livres: ar luz razão certa”. da segurança. Continuar os
adaptar a qualquer geometria espaços para dar flexibilidade
formal, apesar de terem Trecho do poema “Fábula de um arquiteto,” aos ambientes, fluidez visual
sido baseadas nas tradições de João Cabral de Melo Neto e para que possamos utilizá-
construtivas nordestinas que los para diversas atividades.
priorizam a harmonia das Construir com pouco, poucos
edificações com a natureza. componentes, poucos materiais, mas com muita
Assim, em nove princípios, Holanda define criatividade para que possamos criar boas relações
como uma arquitetura pode tornar-se um lugar espaciais sem poluição visual. Conviver com a
ameno nos trópicos ensolarados: natureza, entre jardins, pergolados e a sombra das
árvores, respeitando o entorno e aproveitando ao
1º. – criar uma sombra; máximo a topografia e a situação do terreno. E por
2º. – recuar as paredes; fim, o que seria a síntese de tudo, um construir
3º. – vazar os muros; frondoso, uma arquitetura livre, espontânea,
4º. – proteger as janelas; sombreada, acolhedora, representante da nossa
5º. – abrir as portas; cultura e em harmonia com o meio-ambiente.
6º. – continuar os espaços; Simples, mas tão difícil de ver nos dias
7º. – construir com pouco; atuais. Uma árvore ... grande e frondosa.
8º. – conviver com a natureza; e
9º. – construir frondoso.

Amélia Panet
arquiteta e urbanista
Mestre em arquitetura e urbanismo
Doutoranda em arquitetura e urbanismo pela UFRN
Professora do curso de arquitetura e urbanismo pela UFPB

15
URBANISMO

A paisagem como
expressão cultural

Foto: divulgação

O
título de Patrimônio Mundial como à ocupação e ao uso do solo, permite relevar qualquer
Paisagem Cultural concedido ao Rio questão quanto ao mérito da titulação.
de Janeiro pela Unesco ano passado, O primeiro reconhecimento de uma “paisagem
aprovado durante a 36ª sessão do Comitê de excepcional valor universal”, da incorporação do
do Patrimônio Mundial realizada em São conceito de paisagem como uma nova tipologia de
Petersburgo, na Rússia, resultou em um fato singular, reconhecimento dos bens culturais para a Unesco, após
não somente para o Brasil e a humanidade, mas para 20 anos de sua adoção embasada na Convenção de
a própria United Nations Educational, Scientificand 1972, ampliou os olhares de pesquisadores brasileiros
Cultural Organization: o pioneirismo da concessão. interessados na temática, chamando-os a um debate
Ao celebrar vinte anos do reconhecimento da desafiador em torno dos juízos de valor que o termo
paisagem como expressão cultural pela Convenção do cultural agrega ao termo original e as repercussões
Patrimônio da Unesco, o título conquistado pela cidade para as políticas de conservação das paisagens no país.
do Rio de Janeiro transcende a fronteira nacional e Estejam elas degradadas, em processo de
assegura certamente para a humanidade mais uma conservação ou cada vez menos conservadas,
firmação identitária no curso da história urbana do as paisagens constituem um elo de firmação de
processo civilizatório. identidades territoriais em um mundo de economia
Ainda que não tenha sido a primeira tentativa da globalizada, que reúne um conjunto de estratégias
cidade em inscrever-se nos editais anuais da premiação mercantis que se valida da uniformização dos
e a ocorrência em 2012 conjugue, certamente, lugares, da eliminação do distintivo, justamente das
uma série de fatores de interesse da conjuntura singularidades capazes de assegurar às comunidades o
internacional contemporânea para a promoção reconhecimento de pertença a um lugar.
mercadológica de cidades - vide o ciclo econômico Para quem reconhece as paisagens em meio
em que se transformaram os campeonatos esportivos à riqueza e à complexidade do imaginário coletivo,
mundiais -, a rara beleza da cidade do Rio de Janeiro, a passagem da percepção social para a memória
sobretudo pelo curso de sua expansão urbana sobre o produz uma marca humana de reconhecimento da
território natural cujo relevo de altimetria variada entre própria existência, dos traços do próprio cotidiano. A
enseadas do Oceano Atlântico não constituiu barreiras capacidade de reconhecer um lugar, onde quer que

16
Foto: divulgação

essas paisagens se situem - em um sítio, uma parede, estimar sua incidência sobre os habitantes de centros
uma janela ou na própria memória -, marca uma urbanos em movimentos de apreensão de paisagens
potencial interação do privado com o público por meio em rápidos processos de transmutação. Vivam eles
de um diálogo entre a memória individual e a memória em cidades “comuns”, vivam eles em uma cidade,
coletiva. patrimônio recém-tombado como Paisagem Cultural
Em meio à gradativa devastação da memória dos da Humanidade, vivam esses habitantes em cidades
lugares, uma visão otimista leva a ressaltar um potencial cujos centros históricos sejam tombados como
percurso porvir: a apropriação pelos habitantes de patrimônio cultural do Brasil, como o caso de João
cidades do espaço público com o sentimento cada vez Pessoa. Realidades que tipificam espaços e tempos
mais sólido de pertença. Uma utopia, decerto. A busca distintos, mas uma preocupação comum às pessoas
por uma arte de viver em harmoniosa relação com a interessadas na conservação da paisagem dos lugares,
história dos lugares e o patrimônio natural, e, longo como meios de reconhecimento de significados das
prazo, uma maneira de repensar as trocas humanas “caras urbanas” para a vida da sociedade.
em meio à vida urbana e sua relação com os reinos da Histórias urbanas, fomento para a identidade
natureza. de pertença, que proporcione às suas sociedades a
Ainda que, em torno da riqueza da diversidade afirmação de culturas próprias e de sua singularidade
e de belos panoramas da natureza, esteja em operação no curso do processo civilizatório contra a ordem
a mercantilização da sua apreciação pelo mercado global da desindentificação.
imobiliário através de sua miragem. Imagens que A procura de uma especificidade regional, a
passam a constituir, em si, um valor de troca e redundem busca incansável por uma arte de viver nas cidades,
em controvérsias que conflitem noções de paisagens a valorização do patrimônio cultural coletivo podem
naturais com paisagens fictícias. A construção de valor tornar-se fonte de esperanças e proporcionar novas
da imagem veiculada pelas propagandas do mercado dinâmicas para a vida dos lugares.
imobiliário decerto repercutirá numa revalorização O curso do balanço continua e o mais difícil ainda
social do significado e da conservação de paisagens constitui o desafio: a conservação sem o engessamento
para o patrimônio coletivo. da paisagem urbana e a expansão urbana sem o mau
Com o impacto dessa nova propagação de uso do patrimônio natural e cultural. Desenvolvimento
imagens no mercado imobiliário, ainda é impreciso que sirva às atuais e às futuras gerações.

Rossana Honorato
Arquiteta e urbanista
Mestre em Ciências Socias
Professora do Curso de Arquitetura
e Urbanismo da UFPB

17
VÃO LIVRE

A imobilidade
nas cidades

A
s cidades brasileiras entraram em colapso
de imobilidade. A situação compromete
diariamente o tempo, a saúde e a
Fotos: Divulgação
produtividade de milhares de pessoas
e representa o maior desafio dos atuais
gestores urbanos. O sucesso ou fracasso de uma gestão A cidade de planejamento tecnocrático e
municipal estará diretamente relacionado à solução deste fragmentado, baseado em indicadores abstratos e alheios à
problema, que é muito mais complexa que construir configuração de uma paisagem urbana e ao favorecimento
novos corredores e viadutos, melhorar o transporte da convivência social, precisa ser orientada para outros
público, apelar para a tecnologia de ponta, regularizar as modelos que estimulem a apropriação pacífica e civilizada
calçadas ou fomentar o uso de bicicletas e outros meios dos espaços públicos. Neste contexto, um projeto de
de transporte alternativos. mobilidade urbana terá mais possibilidades de ser
O problema não se resolve em termos quantitativos, resolvido que na continuidade da situação atual. Substituir
nem na relação lógica de causa e efeito, nem com os automóveis pelas pessoas nos objetivos centrais das
burocracia e tecnocracia administrativa. É preciso entender decisões arquitetônicas e urbanísticas constitui um passo
a complexidade do fato urbano e as relações com o fundamental para iniciar as transformações necessárias.
território, assim como abrir a mente para novos conceitos As leis de uso e ocupação do solo devem ser
que superem o modelo atual de construção da cidade. Isto orientadas nesse sentido. O modelo de cidade implícito nelas
implica enfrentar interesses de setores que se beneficiam e as arquiteturas que hoje são permitidas construir pouco
com um modelo que redunda em muito lucro para poucos contribuem para a solução da mobilidade. Ao contrário, nos
e muitos inconvenientes para todos, promover um debate centros comerciais e edifícios residenciais e empresariais
participativo e democrático com a sociedade organizada, de uso exclusivo encontra-se a origem da imobilidade.
elaborar um diagnóstico da situação atual da mobilidade, Esse modelo urbano propõe a fragmentação e isolamento
conscientizar a população acerca da necessidade e das funções e serviços, assim como os empreendimentos
conveniência de mudar hábitos e comportamentos, propõem edifícios totalmente dependentes do automóvel
determinar estratégias e objetivos para o curto, médio e para funcionar e estabelecer as redes de contatos com a
longo prazo. cidade, ao mesmo tempo que negam a integração social e
Ponto de partida essencial é estabelecer a hierarquia estimulam a violência e a exclusão.
dos componentes do problema: o pedestre antes que o Uma nova visão de cidade torna-se imprescindível
automóvel; a calçada antes que a rua; os espaços públicos para evoluir na direção de uma sociedade mais justa e
antes que as obras de engenharia do trânsito; o transporte integrada e, conseqüentemente, mais favorável a resolver
público antes que o privado; o espaço urbano como problemas críticos, como o da mobilidade. O estímulo
ambiente de vivência social antes que como local de do uso misto, a criação de novas centralidades urbanas,
passagem entre um ponto e outro. a promoção de usos que integram as pessoas, o cuidado
A inversão de hierarquias em relação à situação atual e controle espontâneo do espaço público pelos próprios
significa a mudança do paradigma de gestão e do modelo moradores são, dentre outras, orientações válidas para
de cidade em construção. Enrique Peñaloza, ex-prefeito de definir novos paradigmas de uso e apropriação da
Bogotá, afirma, no prólogo do livro La Humanización del cidade pelas pessoas e, consequentemente, diminuir
Espacio Urbano, de Jan Gehl, que “se a cidade é o lugar do sensivelmente a presença de automóveis nas ruas.
encontro por excelência, mais que qualquer outra coisa, a Continuar a construção da cidade com edifícios de
cidade é seu espaço público pedestre. Os seres humanos uso exclusivo, baseados em estruturas sociais defensivas,
não podem estar no espaço dos automóveis, nem nos com paisagens urbanas de muros e guaritas, significa
espaços privados que não lhes pertencem. A quantidade continuar um modelo pernicioso que só contribui para
e a qualidade do espaço público pedestre determinam a engessar e complicar o funcionamento das cidades, até elas
qualidade urbanística de uma cidade”. morrerem de imobilidade.

Esse espaço é para você, leitor.


Os e-mails enviados para essa seção
devem ser encaminhados com o nome
e profissão do remetente para:
contato@artestudiorevista.com.br
contatoartestudio@yahoo.com.br
Roberto Ghione
Arquiteto
Diretor do IAB/PE

18
OPINIÃO PROFISSIONAL

A casa e a cidade para o futuro


A projeção para o ano 2025 é que os idosos passem a ser 15% da população
brasileira, o que equivalerá a 34 milhões de pessoas idosas. Diante desse
quadro, como você vê a cidade de João Pessoa? e quais sugestões poderiam ser
dadas para nos prepararmos para o futuro?

Considerando o quadro atual, não vejo João Pessoa ou qualquer


cidade brasileira preparada para pessoas com mobilidade reduzida.
É preciso um grande esforço no sentido de adaptar nossas cidades
para a população idosa, que, além de aumentar gradativamente, se
mostra cada vez mais economicamente e socialmente ativa. Como
solução a curto prazo, ampliaria a legislação existente, já que a atual
só trata dos edifícios públicos ou de uso coletivo. Já a médio e longo
prazo proponho um grande debate social, que inclua todos os setores
da sociedade além de toda a cadeia da construção civil. Temos que
entender acessibilidade como necessidade e não como obrigação,
afinal todos nós desejamos chegar na terceira idade.

Fabiano Melo,
Arquiteto e urbanista
Mestre em Engenharia Urbana
Professor do curso de Arquitetura
e Urbanismo da Facisa
e sócio do escritório
Vilanova Arquitetura.

A cidade de João Pessoa vem passando por um processo


de transformação nos últimos oito anos, que busca a melhoria da
qualidade de vida da sua população.
Ações de planejamento urbano foram desenvolvidas nas
quatorze regiões do Orçamento Democrático, que compreende
os sessenta bairros da cidade, entretanto o conjunto dessas ações
precisam estar associadas a outras políticas públicas que garantam a
população o sentimento amplo de cidade que todos almejam.
A capital paraibana, segundo o IBGE, apresenta índice GINI
de 0,52, o que demonstra ainda uma grande desigualdade social,
que afasta boa parte da nossa população da efetiva participação na
utilização de equipamentos públicos instalados na cidade.
Principalmente os de lazer e cultura, por não terem suprida a
necessidade básica que é habitação.
Em estudo recente da topografia social da cidade de João
Pessoa, constatou-se através da análise de variáveis que permitiram
avaliar a infraestrutura que atende a população de cada bairro e as
condições de habitabilidade, que em 73% dos bairros, parte dos
moradores está nas piores condições de vida que a cidade oferecia,
quando da pesquisa, sendo os bairros da Penha, Distrito Industrial e
Padre Zé os que apresentaram os piores índices.
Diante dessas constatações, e apesar de todos os avanços,
podemos afirmar que João Pessoa trilha caminhos seguros na busca
dessa utopia da cidade que todos almejam, mas ainda temos um árduo
caminho até consolidarmos esse sonho coletivo.

José Guilherme de Almeida Barbosa


Engenheiro civil e ciências da computação
Secretário municipal de Habitação da cidade
de João Pessoa em 2012

19
LIVRO

A pRIVATIzAÇãO DOS ESpAÇOS pÚblICOS


ʻCidade, Cultura e Urbanidadeʼ reúne artigos que mostram olhar plural sobre a questão

Texto: Alex lacerda | Fotos: Divulgação

O
bservar a cidade criada não apenas pelos Nas palavras da organizadora, com o livro
urbanistas, mas, sobretudo, modelada, é possível compreender alguns “elementos que
vivida e culturalmente criada pelos compõem as dinâmicas, valorizam a heterogeneidade
cidadãos. Este é um dos principais vieses do ambiente urbano, reafirmam o caráter e a
abordados pelo livro Cidade, Cultura e importância da percepção e da relação entre corpo
Urbanidade, organizado pela arquiteta e professora e cidade, buscando compreender onde e como o
Jovanka Baracuhy. sensível faz contexto”.
O livro é uma coletânea de artigos produzidos
por integrantes do laboratório de Estudos sobre Laboratório
Cidade, Cultura Contemporânea e Urbanidade, do
departamento de arquitetura da UFPB. Cidade, Cultura Publicado pela Editora da UFPB, este é a
e Urbanidade apresenta artigos produzidos a partir de primeira produção do laboratório de Estudos sobre
pesquisas que utilizam questões teóricas, intercaladas Cidade, Cultura Contemporânea e Urbanidade, que
com resultados de pesquisas empíricas, procurando se propõe a discutir temas como culturalização e
enriquecer o diálogo sobre espaço público, cultura e segregação socioespacial das cidades contemporâneas,
urbanidade. transformações nos espaços públicos e possibilidades
Os artigos são fruto de uma equipe de renovação epistêmica e metodológica no campo da
interdisciplinar de pesquisadores, professores e alunos arquitetura e urbanismo.
de arquitetura e urbanismo, sociologia, geografia e
antropologia. É com essa pluralidade de criadores que
o livro consegue construir uma série de discussões
relacionadas à crítica aos processos de privatização dos
espaços públicos, homogeneização, espetacularização
e mercantilização das estratégias de intervenção e das
políticas urbanas.
Já na apresentação do livro a organizadora
chama atenção para o fato da população mundial ter
se tornado majoritariamente urbana em 2009, com
mais de 50% das pessoas habitando em cidades e que Jovanka barakuhy
este fator faz com que as médias e grandes cidades Organizadora
atraiam cada vez mais as pessoas.
O livro é uma resposta inicial de pesquisadores
para procurar novos métodos para enfrentar questões
complexas apresentadas por esta realidade e repensar
a forma como entendemos as cidades hoje. Nos artigos
este elemento é desenvolvido e os textos levam em
consideração a diversidade com que as cidades se
apresentam hoje.
No livro é possível notar que os textos apontam
para uma diversificação e ampliação da agenda política
para o espaço público, bem como a dimensão da
cultura urbana em destaque nas políticas públicas e
intervenções público-privadas.
Os textos são divididos em três seções:
“Ambiências urbanas, espaços públicos”, “Dinâmicas
de exclusão e segregação socioespacial” e “Patrimônio
cultural das imagens urbanas”. Nos temas são
abordadas questões que afetam a forma como são
vistos os espaços urbanos como um todo, mas as Cidade, Cultura
cidades de João Pessoa, Recife e Campina Grande e Urbanidade,
se apresentam como alvo de avaliação central dos de Jovanka baracuhy (org),
Editora da Ufpb, 2012
articulistas.

20
João Pessoa
Av. Flávio Ribeiro Coutinho, 931 | Manaíra | 3246.7660
Recife Natal Fortaleza
83 3326.2737 84 3221.0982 85 3244.1552

w w w. a d r o a l d o . c o m . b r

21
ENTREVISTA

Paulo Torniziello Rodrigues

Faça-se a luz!
Coordenador de desenvolvimento de produtos de uma
grande empresa de iluminação, o arquiteto e urbanista
conta detalhes do processo criativo e analisa o mercado

Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação

C
oordenador de desenvolvimento de produtos uma luminária. Do design a necessidade do cliente e do
de uma grande empresa de iluminação mercado, tudo tem que estar em perfeita sintonia para
no Brasil, Paulo Torniziello Rodrigues é o que finalmente ‘faça-se a luz’. Colaborador na Abilux
tipo de profissional que se pode classificar (Associação Brasileira das Indústrias de Iluminação), o
como criador. O arquiteto e urbanista com especialista revela na entrevista a seguir, peculiaridades
especialização em Iluminação e Design de Interiores é do processo criativo e de como a tecnologia LED está
capaz de montar o quebra-cabeça que é projetar e criar transformando o mercado.

22
Iluminar Prêmio Abilux

ARTESTUDIO – Como se dá o processo criativo ao se PT – Eles têm causado um grande furor no mercado.
projetar uma luminária? Muitos produtos são importados e com alta tecnologia,
PAULO TORNIZIELLO – O processo criativo se dá através e estamos tentando acompanhar o que acontece lá
de informações dadas pelo departamento comercial e fora. Por outro lado, nossos produtos estão surgindo
marketing com todas as especificações e necessidades. com grande qualidade e preços cada vez mais baixos.
Quanto ao design, vejo muito mais as características das O LED veio para ficar, já o OLED ainda é algo em
empresas e um feeling do responsável e as tendências desenvolvimento e que ainda vai demorar para entrar
do mercado, além de muita pesquisa de produtos. no mercado, apesar de já existirem produtos com essa
tecnologia.
AE – Quais as principais condicionantes nesse processo?
PT – Conhecer bem os tipos de processos existentes, AE – Como obter um resultado eficiente?
materiais e equipamentos para poder fazer um PT – Um bom conhecimento dos processos e materiais
produto bem comercial do ponto de vista de vendas. e seguir um fluxo de desenvolvimento, que vai do
Uma coisa muito importante é estar bem a par de papel à linha de montagem.
tudo que está acontecendo no mundo em relação
a produtos, conhecer os produtos das empresas AE – Qual as principais diferenças entre se projetar para
nacionais e internacionais, além de conhecer muito o público residencial, comercial e fábricas?
bem o portfólio da própria empresa. PT – Cada um tem suas características muito peculiares
ao seguimento, e atender a cada necessidade é bem
AE – O que as novas tecnologias, como o LED e OLED interessante. Por exemplo: o público residencial
têm provocado nesse processo? precisa de novos produtos de tempos em tempos, já

23
o comercial e fábricas estão muito mais ligados
aos que têm grandes desempenhos, com vida
útil longa e alta tecnologia.

AE – Quais as principais influências nas escolhas


dos materiais?
PT – A escolha de um material pode encarecer
um produto, porém o torna muito mais eficiente
e com vida útil mais longa. Um outro ponto na
escolha desse material é o produto pode se
tornar inviável se não estiver de acordo com
um processo de fabricação já pré-determinado,
o que encareceria esse produto, fugindo do seu
preço ideal.

AE – Quais são as etapas desse processo?


PT – As etapas de um processo de criação vão da
pesquisa do que está acontecendo no mercado
externo e interno à escolha do material.
Quanto às etapas do desenvolvimento, elas
vão do desenho à criação de um protótipo, e
ao lote piloto de montagem para – aí, sim –
uma produção sem problemas ou surpresas na
montagem do produto.

AE – Qual a importância da iluminação em um


projeto arquitetônico?
PT – Primeiro vale lembrar que, quando falamos
de projeto arquitetônico, estamos englobando
tudo: comercial, industrial, lojas, corporativo,
museus, residenciais e muitos outros também.
Temos as partes externas das edificações e
as vias, e, para cada aplicação, temos normas
técnicas regulamentas pela ABNT (a Associação Rambla design alternativo
Brasileira de Normas Técnicas) e que devem ser
seguidas. A importância da iluminação para
qualquer um desses projetos é valorizar tudo
aquilo que foi trabalhado e criado, mostrar
os detalhes arquitetônicos e dar condições
para as pessoas usufruírem funcionalmente
cada espaço, seja o de trabalho, lazer ou até
mesmo o de nossas casas de uma forma muito
agradável.

AE – Como o senhor avalia o mercado


profissional hoje?
PT – Hoje temos grandes profissionais no
mercado dedicados à iluminação. Precisamos
cada vez mais qualificá-los e valorizá-los, pois
do que adianta termos uma edificação muito
bem construída em todos os aspectos se não
podemos desfrutar desses espaços de forma
benéfica?

Pendentes by Dan Yeffet Lucie Koldova 2012

“A importância da iluminação para qualquer um desses projetos é valorizar tudo


aquilo que foi trabalhado e criado, mostrar os detalhes arquitetônicos e dar
condições para as pessoas usufruírem funcionalmente cada espaço”

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25
GRANDES ARQUITETOS

A beleza do vidro
O elemento marcou a carreira
de Philip Johnson, o primeiro
vencedor do Prêmio Pritzker
Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação

A
pontado como um dos pais da arquitetura formação de pensador permitiu uma nova visão
moderna, filho de um advogado para a arquitetura, o que transformou seus projetos
multimilionário, Philip Cortelyou Johnson em verdadeiros marcos. Trabalhou como historiador
nasceu em Ohio (EUA), em 1906. Em e crítico de arquitetura. Em 1932 foi designado
1927 formou-se mestre em Filosofia para dirigir o Museu de Arte Moderna de Nova York
pela conceituada universidade de Harvard. Sua (MoMA).

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Glass House

Sede principal da AT&T

Crystal Cathedral
Foto: Divulgação

Aos 36 anos, projetou seu primeiro edifício e Em 1945 projetou uma de suas mais famosas
pelos 50 anos seguintes Philip Johnson foi um dos mais obras, a Glass House, construída em New Canaan,
influentes arquitetos americanos. Seus projetos tinham Connecticut, em 1950. Um quadrado erguido em vidro
como característica a utilização de materiais modernos e aço, onde ambientes interno e externo se fundem na
como o vidro o aço. Os edifícios projetados por Johnson visão de quem contempla a obra que marcou a carreira
revelavam a influência de grandes mestres do passado, do arquiteto e é objeto de estudo em praticamente
principalmente dos clássicos da arquitetura. todas as universidades de arquitetura do mundo.

27
Puerta de Europa Madrid

Depois dessa obra, o vidro continuou tendo


destaque nos projetos de Johnson e nos anos 1950,
ele foi responsável por várias torres de vidro, inclusive
a Catedral de Cristal no bosque do Jardim da Califórnia,
que foi concluída na década de 1980. Na década de
1960, seu olhar passou por uma transformação e
Johnson começou a utilizar um estilo mais eclético,
fugindo da estética moderna, que a partir de então,
virou alvo de suas críticas.
Em 1978, foi agraciado com a medalha de ouro
do Instituto Americano dos Arquitetos (AIA) e um ano
depois, junto com seu parceiro John Burgee, ganhou o
prêmio Pritzker – na verdade, foi o primeiro vencedor
do prêmio que é considerado o Nobel da arquitetura,
em 1979. Seguidor do alemão Ludwig Mies van der
Rohe (1886-1969), publicou em 1932, em parceria com
Russel Hitchcock, o livro The International Style, onde
defendeu o modernismo como uma expressão formal,
uma tendência estilística, descartado de qualquer
compromisso ideológico.
Outras obras marcantes projetadas por Johnson
estão o edifício-sede da Seagrams (1958), então o
prédio mais alto do mundo, em Nova York, considerado
marco do funcionalismo; e o monumento a John F.
Kennedy, em Dallas (1970).
Também são de sua autoria um dos principais
símbolos de Madri, as Torres Kio, assim como a
Catedral of Hope, templo das Igrejas Comunitárias
Metropolitanas, que reúne 40 mil fiéis evangélicos da
comunidade gay, com capacidade para 2.200 pessoas,
obra que ele classifica como o santuário emocionante
do Cristianismo e pela qual ele, que morreu em 2005, Arquiteto
afirmava que seria lembrado. Philip Johnson

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29
NACIONAL

A vista
pArA O MAR
Ponto de partida da revitalização
da região portuária da Cidade
Maravilhosa, o Museu de Arte do
Rio possui visual de impacto

Texto: Renato Félix | Fotos e imagens: Divulgação

30
O
Rio de Janeiro ganhou um grande presente rampa coberta que conecta o quinto andar da escola
de aniversário em março: o Museu de ao terceiro da área de exposições. Sustentada por
Arte do Rio (MAR). O projeto faz parte da 37 pilares, a cobertura tem uma área 1,65 mil metros
revitalização da região portuária da Cidade quadrados e espessura de 15 centímetros, em que
Maravilhosa e é de grande impacto visual: foram usados 70 toneladas de aço e 40 caminhões
o complexo une dois prédios históricos através de uma (ou 320 metros cúbicos) de concreto. E pesa 800
passarela. Junto ao museu, funciona a Escola do Olhar, toneladas; foi desenvolvida em um isopor especial que
a primeira escola pública de arte do Rio de Janeiro. resiste à compressão de mais de 1 tonelada por metro
O projeto foi concebido pelo escritório Bernardes quadrado. A forma foi moldada sob a coordenação do
+ Jacobsen, de Thiago Bernardes e Paulo Jacobsen, do artista plástico e artesão Carlos Lopes, por uma equipe
Rio de Janeiro. Uma das construções, a mais antiga de 33 profissionais que trabalham – só poderia ser – em
(inaugurada em 1916 para ser a Inspetoria de Portos do escolas de samba
Rio), de estilo eclético, abriga as exposições – e passou Embaixo, na marquise tombada do antigo
por um cuidadoso processo de restauro que devolveu terminal rodoviário, estão a bilheteria e a área técnica
ao prédio a sua cor original. A outra, modernista, onde do MAR.
funcionou o Hospital da Polícia Civil, será ocupada pela São cerca de 15 mil metros quadrados, com oito
escola: são sete pavimentos. grandes salas de exposições (com cerca de 300 metros
As duas são unidas por uma cobertura fluida de quadrados cada), área educativa, auditório, biblioteca,
concreto, que lembra a ondulação das águas, e uma restaurante-mirante, café, loja, áreas administrativas e

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de reserva técnica. O acesso às exposições – são quatro pública aberta pela prefeitura do Rio. A construção foi
atualmente em cartaz – é feito pelo acesso da Escola do uma parceria da prefeitura com a Fundação Roberto
Olhar – um fluxo proposto pelos arquitetos. Marinho e o projeto de revitalização da região é
As quatro exposições são Rio de Imagens: ambicioso, englobando três bairros (Santo Cristo,
Uma Paisagem em Construção, no terceiro andar, Gamboa e Saúde) e atingindo outros quatro (Centro,
piso que será sempre dedicado ao Rio em diferentes Caju, Cidade Nova e São Cristóvão). E o começo de tudo
enfoques – com cerca de 400 peças. No segundo é com muita arte, a começar pelos próprios prédios
andar, O Colecionador – Arte Brasileira e Internacional que formam o MAR.
na Coleção Boghici, com 136 obras pertencentes ao
marchand romeno radicado no Rio Jean Boghici. O
primeiro andar apresenta Vontade Construtiva na
Coleção Fadel, com cerca de 250 obras da coleção do
advogado carioca Sergio Fadel. No térreo são duas
salas dedicadas à arte contemporânea: a exposição que
ocupa o local é a coletiva O Abrigo e o Terreno – Arte e
Sociedade no Brasil I.
O museu também está construindo seu
próprio acervo e, entre a já numerosa coleção, está
uma escultura de Aleijadinho: o São José de Botas. Há
também 1.200 aquarelas de Santiago Calatrava e cinco
mil peças de memorabilia do Rio.
É só o primeiro passo para a revitalização de um
dos locais históricos mais importantes do Rio: a Praça
Mauá, durante anos o principal ponto de entrada na
cidade. A gestão do museu fica sob responsabilidade Arquitetos
do Instituto Odeon, que ganhou a concorrência Thiago bernardes e paulo Jacobsen

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33
ambientação

Eles também são moradores


Os cuidados com a ambientação da casa para
a boa convivência com cachorros e gatos

Texto: Débora Cristina | Fotos: Divulgação

P
elos soltos, móveis
arranhados, almofadas
desfiadas... É, quem tem
animais de estimação sabe
bem que é preciso ter muito
cuidado para manter o ambiente
limpo e arrumado sem abrir mão da
convivência com os bichinhos. Por
isso, é bom criar algumas “táticas”
para deixar o local sempre pronto
para receber convidados sem passar
nenhum vexame. Segundo os
especialistas em decoração e também
no comportamento animal, o melhor
caminho para uma convivência
harmoniosa é conhecer as necessidades
essenciais de cada espécie e também
pela educação dos bichos, para que
eles aprendam a perceber os limites e
a se comportar bem.

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Os cuidados começam pelo piso: “Todo pet
solta pelos, alguns mais, outros menos. Por isso escolha
um piso claro, pois ele disfarça melhor os pelos. Para
quem tem um cão branco, por exemplo, não deve
comprar um sofá preto, já que os fios que se soltam
dos bichinhos ficam mais visíveis em tecido escuro”,
afirma Renata Sandrin, que faz parte de uma empresa
de móveis planejados pioneira no Brasil com uma linha
especialmente voltada para quem tem animais em
casa. “Nossa linha pet traz praticidade aos espaços da
casa que acolhem os animais de estimação, além de
possibilitar a organização dos acessórios e alimentos
que fazem parte do dia a dia de quem lhe faz tão bem”,
disse.
E para quem gosta de usar tapetes, outra
dica importante é utilizar os de vinil ou plástico, pois
são fáceis de limpar e possuem difícil absorção de
líquidos, já que a maioria dos animais não é adestrada
e acaba fazendo xixi em qualquer canto do imóvel. Se
o problema é o acúmulo de pelos, escolha modelos
que dificultem a penetração dos fios. Lembre sempre
que quanto mais densos, compactos e baixos, mais
fáceis são de limpar. E se o tapete ficou sujo, rasgado
ou mordido nas pontas, vale recorrer ao serviço de
restauração. Com ele, é possível refazer a malha ou
tingir o tecido manchado.
Quem costuma usar mesas e mesinhas de centro
com tampo de vidro, é bom ficar atento, já que os
gatos, principalmente, podem subir e causar acidentes.
Vale lembrar que os revestimentos sintéticos ou couro
para sofás são uma ótima solução nos ambientes aos Curiosidades:
quais os animais têm acesso livre. Além disso, capas são
ótimas soluções para manter sofás e poltronas como * Por que os gatos afiam as unhas:
novos. é do instinto dos bichanos. Eles fazem isso
Quando o assunto é a escolha da cortina, para remover unhas soltas, marcar território e
saiba que o melhor é usar tecidos que tenham o selo demonstrar alegria.
de tratamento “washed” (lavado), que podem ser * Gatos são mais independentes,
higienizados em casa, facilitando a manutenção. Caso higiênicos, e cada um precisa de, pelo menos,
contrário, as lavanderias especializadas são a melhor duas caixas de areia, o que evita a urina
opção. Os mais resistentes e laváveis são o poliéster, o no local errado. E como detestam sustos
algodão e os linhos mais pesados. Evite materiais leves e ambientes desconfortáveis, sempre que
e que puxam fios, como a gaze de linho, o veludo, a precisar desestimular comportamentos ruins
juta e as fibras naturais. As persianas são mais eficientes faça que ele associe o desconforto ao lugar, e
que as cortinas contra arranhões de gatos. Outra saída não às pessoas, para não gerar problemas de
é amarrar um fio de náilon com latas ou tampas de relacionamento com o animal.
* Por que os cães mastigam os objetos:
para explorar o mundo, por tédio e ao trocar
os dentes, aos seis meses. Cachorros precisam
sempre de um passatempo. Descubra e
incentive atividades que ele aprecie, como
brincar com mordedores, pelúcias, e outras
alternativas para se divertir e passar o tempo
sem estragar a decoração.
* Tanto cães como gatos precisam de
companhia e não devem ser deixados sozinhos
por longos períodos. O tédio da solidão pode
acarretar problemas de comportamento, que
incluem latir sem parar, destruir objetos e
espalhar xixi e cocô pelos ambientes.

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Dicas:
* Se você tem gato em casa, escolha um panela. Eles se assustam com o barulho e param de
desses tecidos resistentes e com trama fechada mexer.
para utilizar nos sofás: camurça sintética, lona e Renata dá uma dica importante para manter
veludo cotelê. a limpeza do ambiente: “Enquanto estiver em casa,
* Evite esses tipos de plantas: azaléia (há mantenha seu cão preso à guia e vá onde ele for. Ao
risco de morte para os bichinhos que engolirem perceber que ele pretende urinar, diga um não e puxe
as pétalas dessa flor); comigo-ninguém-pode (se de leve a coleira, levando-o até o local correto. Repita
mastigada, causa fortes irritações na boca e nas essa ação até ele aprender e recompense-o com muito
mucosas); e lantana (qualquer parte da planta carinho!”, explica.
pode intoxicar pessoas, cães e gatos).
* Enquanto os bichos estiverem aprendendo
as normas da casa, mantenha bem guardados Espaços próprios
objetos pessoais, como roupas, sapatos, livros,
óculos, controle remoto, etc.
* Os gatos gostam de ficar próximo à janela, Vale a pena investir em espaços próprios para
vendo o movimento, por isso mantenha todas as seu bichinho de estimação. Eles vão manter seu pet
aberturas fechadas entretido, mesmo enquanto você não estiver por
* Eles apreciam também explorar a altura perto. Além disso, possuem designs contemporâneos
das estantes, motivo para retirar das prateleiras que não vão estragar a decoração do ambiente. Quem
as peças delicadas de louça e outros objetos que tem gatinhos, por exemplo, sabe que eles adoram o
possam quebrar. espaço aéreo da casa, por isso é indicado enriquecer
* Diversão garantida para eles é oferecer o ambiente com pequenas prateleiras, escadas e
bichinhos de feltro estofados com a erva catnip, “arranhadores”. Pensando na alegria dos “bichanos”,
uma planta que exerce forte atração neles. por exemplo, a Sandrin criou a prateleira “O pulo do
* Mantenha longe do alcance dos bichos: gato” para que os felinos pulem livremente.
remédios, inseticidas, adubos, chocolate (ele E é sempre bom lembrar para quem mora em
contém teobromina, substância tóxica para os apartamento ou casas com mais de um pavimento que,
pets), produtos de limpeza, fios de decoração como é preciso fazer com as crianças, também é bom
natalina e latas de lixo. ficar atento quando o assunto é a segurança. Por isso,
* Para evitar que eles mordam os móveis, é fundamental a instalação de redes de proteção nas
vale usar sprays inibidores e “repelentes”, de gostos janelas, para evitar que eles caiam ou simplesmente
amargos, que também funcionam bem contra esse saiam e acabem se perdendo.
problema.

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PRANCHETA

Equilíbrio para a Justiça


Reforma no plenário do TJ da Paraíba cria
mais espaço e une tradição e modernidade
Texto: Débora Cristina | Imagens: Divulgação

O
Tribunal de Justiça é uma das instituições acomodar as mais diversas atividades relacionadas
de maior tradição na Paraíba. O ao seu uso. Sendo assim, a proposta foi abrigar de
edifício onde ele funciona remete ao forma confortável e segura, buscando associar com
conservadorismo e à seriedade do equilíbrio a modernidade e o conservadorismo
órgão. Por isso, quando a arquiteta próprios do Poder Judiciário.
Fabiana Furtado recebeu a tarefa de fazer a reforma Em 2011, o então presidente do Tribunal de
e ampliação do plenário do TJ não teve dúvidas e Justiça da Paraíba, o desembargador Abraham Lincoln
manteve o conceito desse espaço, dimensionado para da Cunha Ramos, designou à gerência de arquitetura,

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cargo ocupado por Fabiana, a incumbência de sem descaracterizar a edificação existente. “Um
desenvolver um projeto arquitetônico compatível bom exemplo desta adequação é a sala de sessões
com a necessidade de ampliação do número de do Tribunal Pleno, que hoje funciona no Palácio da
integrantes da Corte, utilizando os mais avançados Justiça, e será transferida para o auditório do anexo
recursos de tecnologia da informação. administrativo, integrada aos diversos ambientes que
Para ela, o grande desafio do projeto foi pretendem dar continuidade aos trabalhos realizados
a limitação do espaço físico. Por se tratar de uma pelos desembargadores”, informou Fabiana.
reforma, foi imprescindível adequar os ambientes A arquiteta explicou que apesar de
ao programa de necessidades preestabelecido, mas mantida a conformação pré-existente do edifício,

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respeitando sua relação com o anexo e seu Divisão em três planos
entorno, foram necessárias modificações nas
esquadrias. Por isso, a opção foi substituir por
pele de vidro laminado duplo reflexivo com perfis
O projeto se desenvolve em três planos: subsolo,
em alumínio anodizado fosco com o objetivo de
térreo e mezanino. No subsolo, uma escada localizada
garantir maior segurança, isolamento acústico e
no hall de entrada permite aos desembargadores
estanqueidade, impedindo a passagem de água
acesso direto às acomodações do Pleno. Neste nível
para o lado interno do ambiente.
também é encontrado um ambiente disponível com
Além disso, para dar maior conforto e evitar
uso ainda a ser determinado, além da copa para apoio
acidentes, foi criada uma cobertura de vidro e perfis
nos dias de sessão.
de alumínio na escada do acesso externo com uma
O térreo possibilita ao público acesso ao plenário
linguagem semelhante à da passarela que liga o Palácio
diretamente pela área externa do anexo administrativo
da Justiça ao anexo administrativo.
através da rampa e das escadas existentes e pela
O grande diferencial do projeto é utilizar os
passarela do Palácio da Justiça. Neste pavimento
mais avançados recursos tecnológicos associados a
encontram-se:
materiais nobres e duradouros num ambiente físico
O hall de entrada, grande área contigua ao
delimitado, garantindo então beleza e funcionalidade
plenário destinada ao público. Apresenta mármore
com a seriedade que o ambiente requer.
espanhol perlato no piso e uma grande parede curva

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revestida com painéis na cor champanhe para expor para as autoridades presentes. O projeto conta ainda
fotografias de todos os presidentes do Tribunal de com dois painéis de video wall localizados em pontos
Justiça da Paraíba. Duas escadas sinuosas conduzem as estratégicos possibilitando aos presentes a visualização
pessoas ao mezanino. de imagens muito nítidas exibidas em telas de alta
A sala de sessões, onde os desembargadores definição.
reunidos, no uso de suas atribuições, deliberam sobre A sala de imprensa, adjacente ao plenário
assuntos diversos e importantes. Para um perfeito possui painéis de vidro que permitem a visualização
funcionamento, este ambiente possui tratamento das sessões.
acústico garantido pelo forro metálico com interessante Nos banheiros dos desembargadores foram
desenho em curvas, pelo carpete, pelas esquadrias em utilizados materiais nobres como o marmoglass white
vidro laminado duplo e por painéis de madeira com dispostos em réguas de 15cm e pastilhas de vidro
isolamento de lã de vidro. 1.5x1.5cm nas paredes compondo com os espelhos e
O layout proposto objetiva acomodar de maneira o porcelanato composto 80x80cm no piso.
segura e confortável a mesa dos desembargadores, A sala de togas é o lugar destinado ao abrigo
que prevê aumento no número de integrantes da das vestimentas para os desembargadores trajarem
Corte de 19 para 23; a mesa de taquigrafia; a tribuna, durante as sessões.
que dispõe de outros dois lugares com computadores A sala de reuniões, espaço amplo com
para uso dos advogados que farão suas exposições em capacidade para 26 ocupantes na mesa, é isolada
seguida; as 93 poltronas destinadas ao público, além acústicamente e revestida com papéis de paredes
de espaço destinado aos cadeirantes e 10 poltronas e piso de madeira. Possui dois telões retráteis com

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Foto: Divulgação
projetores embutidos no forro e um sistema de som
apropriado, com microfones, em consequência de sua
dimensão. Possui ainda, estrutura de apoio para servir
refeições quando necessário, tendo em vista o longo
tempo em que a Corte permanece reunida.
A sala de estar, ambiente destinado ao descanso
e reuniões informais entre os desembargadores, possui
móveis clássicos do design, confortáveis e belos.
Revestido por painéis de madeira e papéis de parede, é Arquiteta:
um espaço aconchegante que possui ainda TVs de LED fabiana furtado
em pontos estratégicos.
E a assessoria do Pleno, local destinado para a Projeto:
equipe de apoio preparar as pautas e atas necessárias a Reforma e
um bom funcionamento do plenário.
ambientação
“Fico atenta aos detalhes para que tudo saia
como planejado, mas muitas vezes em reformas COlAbORADORES
nos deparamos com situações que podem levar ao Engenheiro: Ricardo Alexandre • Desenho: fernanda Cantalice
Projeto Luminotécnico: Via Arquitetura/Cláudia Torres
atraso na obra e mudanças no projeto idealizado.
Execução da Obra: Comtérmica • Piso de madeira: Durafloor
Minha expectativa é que atenda com satisfação às Imagens da Sala de Reuniões: Victor Hugo
necessidades de funcionamento do plenário”, finalizou Pastilha de vidro: Glass Stone • Porcelanato: porto Design
a arquiteta. Paineis: Alucobond • Papel de parede: Omexco

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ARQUITETURA

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Inspiração em
madeira e pedra
Os elementos são marcantes neste projeto
de uma casa em um condomínio fechado

Texto: Débora Cristina | Fotos: Vilmar Costa

U
ma casa confortável, bonita
e de elementos marcantes,
localizada num condomínio
fechado, no bairro do
Altiplano. Este é o sonho
realizado por uma família de João
Pessoa, graças ao projeto da arquiteta
Samia Raquel. Desde o início, a ideia
era que fosse um imóvel moderno, mas
com traços clássicos, misturando assim
dois elementos distintos, mas que dão
um toque todo especial aos ambientes.
Para isso, foram usados três elementos:
a madeira, a pedra e a coberta em telha
canal.
“A madeira foi um elemento
extremamente marcante e importante
para que chegássemos ao resultado final
com tanta precisão. Elementos esses
marcados através dos grandes pilares
na fachada frontal, do caramanchão na
fachada dos fundos sendo utilizados
ora como garagem, ora como extensão
da área de lazer e toda a estrutura
aparente do telhado permitindo um ar
mais aconchegante”, explicou Samia,
acrescentando ainda que a pedra em
tons claros permite um toque mais
moderno, deixando a casa mais leve, em
contraposição ao detalhes em frisos de
alumínio que, apesar da leveza, são um
detalhe mais clássico.

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A casa possui 345m² muito bem divididos. No
térreo ficam: sala-de-estar, jantar, sala de TV, cozinha,
área de serviço, dependência de empregada, WCB
serviço e suíte hóspedes. No pavimento superior:
quatro suítes, sendo que uma delas, a suíte máster, tem
um closet. Todos os quartos possuem acesso para a
varanda.
A área externa foi outro ponto muito importante
da casa. “Para que tivéssemos mais espaço em dias
de festas e reuniões de amigos, optamos em colocar
a garagem atrás e, assim, aumentar a área de lazer”,
explicou ela. A pedido do cliente, foram feitas duas
piscinas separadas, apesar de estarem coladas uma na
outra. Isso foi necessário para que em uma raia pudesse
ser praticado exercício e uma menor com profundidade
de 5cm para as crianças se divertirem.
Para a arquiteta, a troca de experiências foi um Arquiteta:
elemento bem marcante nesse projeto. “No início do Samia Raquel
projeto os clientes não tinham certeza exatamente do
estilo que gostariam de seguir. Então, fomos discutindo Projeto:
todos os detalhes arquitetônicos até chegarmos ao Arquitetura
projeto final. Passamos por todos os elementos desde de residência
telhado até os detalhes como a quantidade de frisos de
unifamiliar
alumínio que seriam utilizados na fachada, por exemplo.
E isso foi de extrema importância para a satisfação final
do cliente”, destacou. Ao todo, foram seis meses para Madeira: Fecimal Arte e Madeira
chegar ao resultado final e o mais interessante é que Vidros: República Vidros
ao olhar a maquete final e a casa hoje executada fica Iluminação: Grupo Emporium
até difícil distinguir o que é real do que é virtual. “É, um
sonho realizado para essa família”.
+ fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br

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ARQUITETURA

JOGO DE VOLUMES
Uma casa de condomínio, de linguagem contemporânea,
que se desenvolve a partir de um pátio interno de lazer

Texto: Débora Cristina | Fotos: Christian Woa

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O
projeto de uma residência para uma
família grande, com três filhas, que tem
como foco um patio central definidor
da convivência familiar foi criado
pela CRN Arquitetura, e construída
no bairro do Altiplano Nobre, em João Pessoa.
Os espaços foram pensados para atenderem as
funções dessa família e onde o casal satisfizesse o
prazer de receber bem os amigos. “Com base no
planejamento do uso do espaço para atender essas
necessidades de lazer familiar e compartilhamento
do espaço com os amigos é que desenvolvemos
a arquitetura, procurando corresponder às
expectativas dos clientes com comprometimento
estético e tendo a tecnologia a serviço da qualidade
do projeto”, afirmou o arquiteto Cristiano Rolim.
A casa foi construída com as restrições
normativas de condomínios fechados, onde os
muros se fecham para a cidade, mas as casas se
abrem internamente para a vizinhança. Estabelecer
esse diálogo entre interno e externo dentro desses
condomínios sem perder a privacidade da rotina
diária foi um dos desafios desse projeto. Por isso, foi
construída uma entrada social demarcada e uma
grande esquadria que fecha a garagem e compõe
um painel de madeira que integra a esquadria
do gabinete, voltada para a fachada frontal da
residência.
A casa, com 292m², tem uma ampla
garagem que se abre para o pátio interno. Ao lado,
fica a entrada social que se faz por uma escada
demarcada pelo jogo nos degraus, que leva a um
hall onde a casa se desenvolve com o escritório,
que também pode servir de quarto de hóspedes
e a uma grande sala que se abre para o jardim.
Na parte posterior do térreo fica a área de serviço
da residência, com uma cozinha que também se
liga ao terraço gourmet onde a churrasqueira e a
piscina se tornam o centro de convivência familiar.
Por fim, uma escada leva ao primeiro pavimento
com sala íntima e três suítes.

Iluminação e cores em destaque

A casa foi projetada como um jogo de


volumes, onde as cores e os materiais determinam
e reforçam o caráter contemporâneo do projeto,
por isso a iluminação aparece para realçar a
volumetria e demarcar o paisagismo e os acessos.
O uso do grande painel de madeira, das esquadrias
da fachada frontal e do porcelanato ecowood
usado nos degraus da escada e no deck da piscina,
aquecem a casa que tem esquadrias de alumínio
branco com vidros. A cobertura da área de lazer
executada com perfis metálicos cobre o apoio da
churrasqueira e dá ao pátio interno um caráter mais
tecnológico e atual, quebrando a caixa branca com
alumínio, e vidro na porção interna da casa.
Como o proprietário da casa é dono
de uma transportadora, muito dos materiais ele
comprou diretamente do fabricante em São Paulo
como luminárias e o revestimento da piscina.

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E para que o resultado fosse tão impressionante, que a execução foi muito fiel. O espaço resultante
o desenvolvimento do projeto se deu de forma salutar corresponde às expectativas da família e hoje sentimos
por existir uma amizade entre os proprietários e um a satisfação dos clientes no uso da casa”, finalizou o
dos sócios do escritório. “As conversas sempre francas arquiteto.
e as colocações objetivas dos clientes fizeram com
que o projeto acontecesse de forma satisfatória. É
claro que contratempos em obra sempre existem, mas
essas relação de proximidade e as frequentes visitas à

Foto: Divulgação
obra foram fundamentais para que o bom resultado
arquitetônico se concretizasse. Se for observado
o projeto da casa e o resultado edificado vemos

Arquiteto:
Ricardo Nogueira
e Cristiano Rolim

Projeto:
Arquitetura
de residência
unifamiliar

Piso: Porcelanato Elizabeth e Portinari


+ fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br Deck da piscina e entrada: Portobello
Esquadrias de madeira : Oficina da Madeira
Esquadrias de alumínio: Alumínios

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Refletir o futuro em cada projeto

Embutido ORUS. Fotografia Chico Aragão

JOÃO PESSOA Av. Geraldo Costa 601, Manaíra


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ARQUITETURA

Clínica de casa nova


Projeto das novas instalações de uma clínica cardiológica deu
mais espaço e melhor estrutura a profissionais e clientes
Texto: Débora Cristina | Fotos: Christian Woa

U
ma edificação arrojada, contemporânea e Pessoa, projeto do arquiteto Alexandre Suassuna.
imponente. Assim pode ser definida a nova As antigas instalações se acomodavam em um
sede da clínica cardiológica Cardioclin, prédio alugado e após alguns anos necessitavam de
localizada na Avenida Argemiro de mais espaço e melhor estrutura, tanto para clientes
Figueiredo, no bairro do Bessa, em João quanto para os próprios médicos. Assim, a construção

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de uma edificação erguida do zero foi a
escolha apropriada para garantir o melhor
funcionamento da nova clínica.
Para que esse objetivo fosse alcançado,
a opção foi utilizar materiais sofisticados,
linhas retas e ângulos inesperados. “Minha
inspiração, de uma forma geral, vem da
busca por uma arquitetura de formas limpas
e retilíneas, que traduzam também uma
clareza funcional e integração com o entorno
imediato”, explicou Alexandre.
A concepção veio a partir do desafio de
unir o complexo programa de necessidades
às características do terreno (dimensões/
declividade/localização/ orientação). Assim,
surgiram os três níveis de pavimentos, os
volumes vazados por grandes esquadrias, e
o modo de implantar o edifício no lote, num
quebra-cabeças para, além de tudo, gerar
beleza formal.
O lote medindo 15 metros de frente
e 50 metros de profundidade, acomoda uma
área construída de 655m², distribuindo-se,
no térreo, pavimento com o principal acesso,
em sala de espera e recepção, banheiros
para clientes, três salas para exames, quatro
consultórios básicos, copa/cozinha, banheiros
para funcionários e circulação. No subsolo
estão oito vagas para carros (num total de 12
vagas), depósito, sala técnica e banheiro para
funcionários. E no pavimento superior estão
o consultório principal com banheiro e sala
privativa de descanso (com 2ª função para
sala de reuniões), uma sala de exame, dois
consultórios básicos, um banheiro, e auditório
com capacidade para 50 pessoas, sendo os
três pavimentos interligados por um elevador
e uma escada centrais.
A fachada principal é voltada para
a avenida/ mar e se apresenta assimétrica,
com volumes que avançam, com generosas
transparências e com elementos que
convidam ao interior da clínica. Assim, a
principal característica estética da edificação
é vista na fachada principal, com grandes
esquadrias espelhadas, na cor azul, a
pedido do cliente, inseridas e contidas em
elementos brancos e volumes que avançam e
movimentam a fachada, a exemplo da extensa
parede, também azul, que leva o olhar desde
a calçada até o interior da clínica, onde se
destaca o novo logotipo, criado também pelo
escritório responsável pelo projeto.
O destaque acontece logo que
entramos na clínica, com uma recepção com
pé-direito duplo, para gerar imponência
e amplitude, ao mesmo tempo em que
acolhe cada cliente com maior conforto e
receptividade, além do visual livre para o
exterior leste através do grande pano de vidro.

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Os seis consultórios básicos foram acionamento duplo, de três e seis litros, piso externo
dimensionados para acomodar um layout simples com em blocos intertravados drenantes, e maiores recuos
mobiliário padronizado e que comportassem várias das edificações vizinhas, permitindo maior circulação
especialidades médicas além da cardiologia. Houve dos ventos do litoral da praia do Bessa”, afirmou o
a preocupação com a distribuição de banheiros para arquiteto, que, por fim, ressaltou a alegria em realizar
clientes, funcionários e adaptação para cadeirantes, este projeto: “Me trouxe uma satisfação enorme vê-la
além de lavabo para eventos do auditório. Destinou- pronta e em pleno funcionamento. Reafirmei a minha
se no final do pavimento térreo, uma copa/cozinha convicção de que não basta seguir sozinho em busca
para apoio aos clientes e funcionários, contando da realização de um objetivo. Ele deve ser um esforço
também com varanda para momentos de pausa dos conjunto, com sintonia e muito profissionalismo”.
profissionais.
Para o proprietário e médico principal, foi
projetado um consultório de maiores dimensões e com
Menção honrosa no concurso CAPA AE
acesso a uma sala restrita para descanso e reuniões,
além de varanda para a avenida. Para os exames da
principal especialidade da clínica, que é a cardiologia,
há quatro salas: teste ergométrico, métodos gráficos e
ecocardiograma, no térreo, e outra sala para exame tilt
test, no pavimento superior.
Para a iluminação, Alexandre buscou a
utilização ao máximo da luz natural, já que a clínica
funciona principalmente durante o dia. A intenção
principal foi gerar menores gastos com iluminação
artificial, esta aplicada em pontos estratégicos e formas
diferenciadas, a exemplo da iluminação direta com luz
branca em espaços onde se exige maior atenção, como Arquiteto:
as salas de exames; e iluminação em sancas, indiretas, Alexandre
com luz amarela, para ambientes de maior conforto, Suassuna
como sala zen (descanso) e plateia do auditório.
A preocupação com o meio ambiente foi muito Projeto:
importante nesse projeto. “Foram atribuídos alguns Arquitetura e
elementos e sistemas de eficiência ecológica que ambientação
fizeram com que o impacto da edificação ao meio de clinica
inserido fosse amenizado, tais como a utilização de
generosas janelas com posicionamento e proteções Revestimentos internos: Obra Prima Revestimentos - Elizabeth
estratégicas, permitindo excelente iluminação Louças e metais para banheiros: Obra prima Banho
e ventilação naturais, dispensando luz artificial Iluminação: B&M iluminação
Esquadrias e revestimento em alumínio: Belmetal
durante o dia, principal horário de funcionamento
Cadeiras da espera e auditório: Flexform e Kastrup
da clínica. Foram implantadas cisternas para reuso
de águas pluviais, utilização de bacias sanitárias com + fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br

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CAPA

Novos ares
para a fábrica
Showroom e atendimento ao cliente são unidos com
harmonia em loja de móveis planejados
Texto: Débora Cristina | Fotos: Fátima Dantas e Wilmar Costa

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U
nir um espaço de fábrica, estilo galpão, com
uma área de showroom e atendimento ao
cliente de uma loja de móveis planejados.
Assim é o projeto das arquitetas Karla e
Annelise Lacerda, em João Pessoa. Para a
área ampla e extremamente funcional, foi criada uma
fachada imponente em pé direito duplo, que valoriza
o espaço externo e interno, dando um ar grandioso ao
prédio e afastando a ideia de galpão e fabrica.
A construção se caracteriza por uma arquitetura
moderna, onde o uso do pano vidro convida e estimula
a curiosidade de conhecer o interior. A ambientação
foi concebida através de um estudo de layout para
que todos os espaços fossem ambientes próprios
e ao mesmo tempo integrados, dando amplitude e
harmonia ao conjunto.
A ideia era transmitir ao cliente uma noção
de espaços importantes em uma residência, como:
cozinha, quarto, home e lavabo. A parte superior
ficou destinada à sala de reunião e fechamento de
contratos. Todos os espaços foram bem aproveitados
para cumprir completamente as funções que uma loja
pede. Integrados aos ambientes de showroom, estão
espaços funcionais como as mesas de atendimento e
apresentação de projetos.

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A cozinha ficou clean, moderna com elementos
retrô e o ladrilho hidráulico. “O elemento mais
impactante do interior da loja é o móvel que marca o pé
direito duplo e que tem o uso de materiais de contraste,
tais como: a madeira de demolição e a laca laranja,
com design baseado no I Salão de Milão”, disse Karla,
acrescentando que para dar mais vida ao ambiente, foi
colocada uma vegetação tropical: a samambaia.
Já o quarto ganhou cores sóbrias, como o bege
e madeira em tom claro, em harmonia com o eterno
branco. No home foi utilizada a madeira de demolição,
espelho e poltronas com estampa marcante e colorida,
para conferir ao ambiente uma espontaneidade e
deixá-lo descontraído. O lavabo tem a mistura do
rústico, através do uso da madeira de demolição com o
retrô, com uma estante em ferro, que torna o ambiente
super aconchegante. Para coroar o estilo, o jardim por
trás da bancada dá mais vida e natureza ao local.
A sala de reunião é um ambiente versátil que
propõe três tipos de momentos: uma grande mesa
para reunir várias pessoas, uma mesa redonda para
um menor número de visitantes e um ambiente de
estar com poltronas para ocasiões mais informais. “Este
ambiente recebeu cores escuras para dar a seriedade
que o espaço propõe”, explicou Annelise.

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Elementos importantes
Para marcar o pé direito duplo da entrada, foram utilizados três pendentes com formas e em alturas diferentes.
Nas laterais desse espaço foram utilizadas faixas de painéis com iluminação de fita de LED, que propõe um ambiente
cenográfico. Já para os espaços de atendimento foi utilizada a iluminação geral.
“A parte de móveis planejados exploramos tudo o que se podia, pois a ideia era mostrar a capacidade da matéria
prima vendida na loja. Compramos apenas cadeiras, poltronas e uma mesa de madeira de demolição para compor um
dos ambientes da sala de reunião”, disse Annelise.
“O empresário confiou e comprou nossa ideia contribuindo assim para um resultado extremamente arrojado e
inovador”, como as própias arquitetas afirmam.
Foto: Divulgação

Arquitetas:
Karla Barros e Annelise Lacerda

Projeto:
Arquitetura e
ambientação de loja

Iluminação: B & M
Poltronas e cadeiras: Conceito Interiores
Móveis projetados: Ximenes Dantas
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PRANCHETA

A promessa da
inovação
Projeto do edifício com duas torres
buscou novas tecnologias

Texto: Débora Cristina | Imagens: Divulgação

O
projeto do Duo Corporate Towers
foi lançado recentemente, em
João Pessoa, partindo de dois
conceitos simples que são as
referências de características de
edifícios desse segmento: a open plan e as
fachadas em pele de vidro. Foi realizada uma
extensa pesquisa junto com a construtora.
A cidade já vinha apresentando alguns
lançamentos de edifícios empresariais e a
Planc buscava um novo nicho mercadológico
que era o segmento corporativo.
Por isso, os arquitetos Cristiano Rolim
e Ricardo Nogueira, da CRN Arquitetura,
foram buscar em outros centros não apenas
referencias projetuais, mas principalmente
avanços tecnológicos que caracterizassem

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esse empreendimento como um diferencial para a unidades. Foi prevista a possibilidade de ligação
cidade. Houve também uma preocupação com os interna entre os pavimentos por uma escada nas salas
custos dessa tecnologia e o que poderia ser absolvido posteriores, o que acabou acontecendo com a compra
pelo mercado local. A pesquisa para o projeto começou de mais de uma laje por algumas empresas.
a ser feita em 2011 e o processo de projeto iniciado em As torres, implantadas de forma desencontradas,
janeiro de 2012, com previsão de o projeto executivo permitem um melhor visual do entorno e como o terreno
ser concluído em mais nove meses. está em uma porção mais alta da cidade, proporciona
O edifício corporativo possui duas torres belos visuais de todas as unidades. Compondo o
com 30 pavimentos, num um total de 60 lajes com conjunto, haverá quatro lajes de estacionamento com
aproximadamente 450m². Ele difere da solução mais de mil vagas que foram desenvolvidas utilizando
empresarial por ter foco na venda de lajes empresariais, o declive natural do terreno. Um restaurante, um café,
com a possibilidade de essas lajes serem divididas em uma lanchonete e um auditório para até 200 pessoas,
até seis salas de 70m², que podem ser comercializadas que pode ser dividido em duas salas menores, associado
individualmente ou em módulos de uma a seis a um grande empraçamento, em um trabalho conjunto

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do escritório com a paisagista Patrícia Lago, dão ao que otimiza a utilização de condicionamento térmico
conjunto de torres, serviço e empraçamentos uma artificial e possibilita um bom aproveitamento da luz
ambiência urbana muito agradável. natural.
Ele possui sistema de elevadores inteligentes, Com relação às fachadas de vidro, é bom lembrar
central de controle com câmeras por todo o que elas acontecem nas faces leste, norte e sul, ficando
empreendimento e acesso controlado por uma central o poente protegido pela caixa de escada e por uma
de cadastramento no lobby de cada torre. Além disso, empena cega, uma preocupação do escritório com o
tem excelente localização, com uma grande facilidade conforto ambiental e com esse diálogo estabelecido
de estacionamento pela grande quantidade de vagas com nosso lugar, nosso clima.
oferecidas. Outro ponto a se destacar é o uso de piso “Quando a Planc chegou ao escritório com
elevado e forro modulado que viabiliza flexibilização o terreno e a proposta de executarmos um edifício
nos arranjos de layout, o que é fundamental para corporativo, naquele local da cidade, de imediato
possibilitar a instalação de todo tipo de empresas. visualizamos esse diálogo com a rica paisagem que
O sistema de fechamento com pele de vidro duplo tínhamos. Nossas premissas iniciais de projeto sempre

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se basearam na utilização do potencial do lote como diferencial de partido arquitetônico. À medida que o projeto foi
se desenvolvendo fomos adicionando itens que hoje, seguramente, o DCT poderá ser certificado pelo menos com o
selo green da certificação LEED”, afirmou Cristiano.
O partido arquitetônico do empreendimento leva em conta a inserção das torres de forma a garantir uma
grande parcela de solo livre, com boa porção de solo permeável a partir de uma taxa de ocupação de dez por
cento. Criando uma inserção urbana que dialoga com a mata a ser preservada no entorno e com a área de proteção
permanente (APP) do Rio Jaguaribe.
Entre os materiais que deverão ser usados na estrutura do DCT estão o concreto e o vidro. “Temos uma
construção feita de forma tradicional, com o aspecto tecnológico em destaque mais nos acabamentos e nos serviços
oferecidos do que propriamente na tecnologia construtiva. Como as peles de vidro dominam a proposta das duas
edificações, todo o dimensionamento das plantas e do pé esquerdo dos pavimentos foram feitos para otimizar o vidro
e os perfis de alumínio”, finalizou Ricardo.

Arquitetos:
Ricardo Nogueira
e Cristiano Rolim

Projeto:
Arquitetura de
edifício corporativo

Paisagismo:
Patrícia Largo

+ fotos do projeto no site: www.artestudiorevista.com.br

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INFORME PUBLICITÁRIO

Piso Elevado, conceito,


aplicações e benefícios do uso
Texto: Débora Cristina | Imagens: Divulgação

U
m conceito moderno, já bastante utilizado nos grandes centros, vem ganhando espaço no mercado paraibano. São
os pisos elevados. De montagem rápida e material super resistente, eles dão acesso irrestrito a todo o cabeamento
estruturado (dados, voz e elétrico), proporcionando flexibilidade de layout, zero custo de manutenção, criando
espaços modernos com ambientes funcionais e econômicos.
A flexibilidade é realmente uma das grandes vantagens do uso de pisos elevados em qualquer
tipo de ambiente, principalmente em empresas que precisam de agilidade e produtividade. Com o sistema de pisos elevados,
é possível até variar a localização de um banheiro dentro de um mesmo empreendimento, uma vez que pode se criar espaço

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também para a distribuição da hidráulica.
A Floorinch, fabricantes de pisos-elevados e
representada na Paraíba pela Tempo Escritório Total, nos
informa que em seus produtos ela confere até 20 anos
de garantia, dada a segurança da matéria prima e do
conceito. Como o produto é feito com materiais altamente
resistentes e ainda possiblita fácil transferência em caso
de necessidade de mudança, o piso-elevado se torna um
patrimônio das empresas. O acabamento final pode ser
feito com carpete, vinílico, porcelanato entre outros. O piso
elevado Floorinch é totalmente reciclável e não gera lixo,
contribuindo assim para o meio ambiente, ele é um dos
atributos que contribuem para que as empresas recebam
o LEED, que é o selo de certificação de prédio verde, dado
pela GBC Brasil, conceito muito valorizado e até exigido na
atualidade.
Entre outras vantagens desse piso elevado estão:
não sofre intercorrência de umidade, não gera estática, é
imune a cupim, fungos, isentos e ferrugem. Além disso, ele
não deforma e também oferece a opção de ser antichamas.
Para quem tem preocupação com o barulho, é uma ótima
opção, já que proporciona uma excelente atenuação
acústica. A instalação é fácil, já que não há furos e não
usa parafusos. Ele funciona com um sistema que garante
perfeita estabilidade, pois é intertravado.

Conceito diferenciado

Há seis anos no Brasil e dois na Paraíba, esse conceito
de piso elevado vem conquistando muito espaço aqui no
estado. O mais recente exemplo é o empreendimento DCT
- Duo Corporate Towers, que foi lançado recentemente
em João Pessoa e promete ser um dos mais modernos do
Nordeste.
Com tecnologia de ponta, o mesmo produto
também vem sendo usado em vários projetos inovadores
espalhados em outros estados do país. Em Pernambuco,
ele já é utilizado nos principais prédios comerciais,
como por exemplo o Shopping Rio Mar, o Pernambuco
Corporate e também, na Arena da Copa, que deve ficar
pronta nos próximos meses. Especificamente para a Arena,
foi desenvolvido pela Floorinch um sistema especial, que
permite suportar até 2.800 kg por metro quadrado, ou
seja, o dobro do que normalmente é suportado, que é de
1.400 kg.

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sala são paulo

especial

Ótimo som,
do lado de dentro
A importância da acústica arquitetônica para uma
boa audição e um ambiente harmônico

Texto: Jean Fechine | Fotos: Divulgação

N
ão é preciso ir longe para encontrar inúmeros outros casos do dia a dia que comprovam
situações onde a relação entre o som a falta de compromisso por parte de projetistas no
e o ambiente construído apresente-se que se refere à relação entre o som e o ambiente
de maneira desfavorável à percepção construído.
auditiva humana. São corriqueiras as Mas nem sempre foi assim. Recorrendo ao
cenas do tipo: o grande ruído da conversa que se passado, há inúmeros exemplos com qualidade quando
sobrepõe a apresentação da música ao vivo em um se trata deste assunto. Mesmo com tantas limitações
restaurante; pacientes em consultórios odontológicos de materiais e técnicas construtivas, bem como de
cada vez mais incomodados antes de serem atendidos tecnologias disponíveis comparadas às condições
em virtude do ruído emitido pela broca na sala de atuais, os teatros gregos são bons exemplos de que é
atendimento e percebido na recepção; o home possível compatibilizar a acústica com a arquitetura,
theater em um ambiente interferindo no sono do buscando sempre dois objetivos, a defesa contra ruído
vizinho (se for em uma edificação vertical este vizinho (isolamento acústico) e o controle de som no recinto
pode estar ao lado, ou nos pavimentos superiores ou (tratamento acústico). Em outras palavras, não permitir
inferiores, o que potencializa o problema); o ruído de que sons indesejáveis interfiram no desempenho
uma via expressa atrapalhando o desempenho de de uma determinada atividade, assim como garantir
alunos em salas de aula em uma escola situada à sua que o ambiente responda com qualidade aos sons
margem; e ainda, um teatro ou mesmo um auditório refletidos por suas vedações, conferindo desta forma a
onde não se compreende a palavra. É possível citar inteligibilidade do som.

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Antigo Teatro de Dionísio - Atenas Grécia

Não se trata aqui da versatilidade dos sons


O cinema entrou em casa, o restaurante que zela pelo
gerados hoje por diversas fontes eletrônicas, mas, sim,
seu consumidor oferece um bom tratamento acústico,
independente da fonte sonora, de como o ambiente
os ambientes comerciais já tratam suas áreas comuns,
contribui para que por um lado, os sons não incomodem
minimizando a reverberação sonora e oferecendo
a vizinhança, e, por outro, sejam entendidos com
mais qualidade em suas edificações. Neste sentido,
clareza. Apesar da acústica ser uma parte da física,
já ocorre em escolas, consultórios médicos, casas de
não é da competência profissional de um físico, a
shows, entre outros inúmeros ambientes que aliam
distribuição espacial de um ambiente construído,
corretamente a sua geometria e os seus materiais de
ou seja, esta função é, sim, do arquiteto, a quem é
acabamento buscando uma boa performance acústica.
atribuído o desafio de deixá-lo ao mesmo tempo com
Assim sendo, os arquitetos precisam
um nível estético apurado e tecnicamente funcional
acompanhar o que hoje a força do mercado consumidor
frente a esta variável de projeto, superficialmente
chama de tendência, apesar do entendimento de que
abordada nas escolas de arquitetura, com o título de
tal variável seja inerente ao projeto de arquitetura.
acústica arquitetônica.
Para tanto, encontram-se disponíveis métodos
É possível atestar tal superficialidade quando se
de cálculos, softwares, materiais com diversas
sabe que o tempo dedicado à formação do arquiteto,
características técnicas que contribuem para bons
neste assunto, quando muito, não chega a dois por
resultados, literatura técnica e pós-graduação no
cento da carga horária total do curso de graduação em
assunto, possibilitando o cumprimento das duas
arquitetura e urbanismo. E a dramaticidade aumenta,
principais exigências relativas à resposta do ambiente
quando se tem depoimentos de profissionais que não
construído frente à acústica, traduzidas nos termos
desfrutaram nem mesmo deste minúsculo percentual.
isolamento acústico e tratamento acústico, garantindo
Isto pode justificar a “surdez” sobre o assunto
portanto, que o mesmo seja espacialmente agradável
aqui abordado, mas não justifica a presença constante
e tecnicamente eficiente.
das desagradáveis situações corriqueiras supracitadas,
uma vez que, apesar de escassos, temos exemplos
de edificações que atendem a esta variável, tal como
o espaço da Estação Julho Prestes que abriga a Sala
São Paulo, localizada na capital paulista, onde a Dupré
Arquitetura, em 1999, desenvolveu um projeto de
reforma e, responsavelmente, buscou conteúdo e
técnicas para garantir a excelência, em termos acústicos
do citado espaço.
Hoje, a acústica arquitetônica deixou de ser
privilégio de poucos e requisito apenas de projetos
especiais ou de grande porte. As pessoas têm se
mostrado mais exigentes em relação a este assunto.

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ACERVO

Equipe de geofísicos
recebe instruções do
arqueólogo Antonio
Canto para os
possíveis locais de
maior densidade de
material arqueológico

REVElAÇÕES SObRE
A CApElA
Texto: Antonio Canto | Fotos: Germana bronzeado

O
estudo arqueológico realizado no conjunto
faiança padrão floral (Século xIx) Fazenda da Graça (capela, ruínas da casa
grande, fábrica e senzala, assim como
todo o seu entorno) consistiu no resgate
e compreensão da sua história, buscando
dados consistentes e científicos que pudessem
preencher as lacunas existentes sobre o seu período
de construção, estratégias de ocupação, aspectos
construtivos e posicionamento geográfico.
No início do projeto, nos deparamos com dados
conflitantes sobre a história da capela (monumento
tombado pelo Iphan desde 1938). Percebendo a
complexidade, resolvemos investir em procedimentos
tecnológicos de ponta, na tentativa de recuperar parte
da memória de um local de implantação que foi palco
aglutinador de inúmeros fatos históricos ocorridos na
Paraíba, principalmente, entre os séculos XVII e XIX.
Garrafas, em Grés, recuperadas intactas das escavações
arqueológicas na fazenda da Graça

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Imagem área da Fazenda da Graça/PB | Foto: Dirceu Tortorello

As parcas informações bibliográficas existentes Aldeia Braço de Peixe, sob o domínio frades capuchos.
sobre a Capela da Graça revelam que a edificação teria A informação bibliográfica se apresenta em
sido “provavelmente” construída pelos jesuítas e que, consonância com as datações obtidas, o que descarta
“provavelmente”, teria sido edificada no século XVIII. a possibilidade da capela ter sido construída pelos
Optamos por nos debruçar na questão científica e jesuítas, já que no período indicado pelas datações esta
interdisciplinar, e esse cruzamento de informações nos ordem religiosa não se encontrava mais na Paraíba.
possibilitou levantar dados polêmicos e, sobretudo, Com o apoio da tecnologia na pesquisa
discordantes sobre a filiação religiosa e a situação arqueológica empreendida na fazenda, começa a ser
temporal da capela. contada uma nova história sobre a Capela de Nossa
Os resultados das amostras de argamassa Senhora da Graça: um monumento do século XVII,
histórica para a Capela (primeira metade do século construído pelos franciscanos, ordem religiosa que se
XVII) e para a casa grande (século XVIII) se mostraram estabeleceu no aldeamento do Braço de Peixe para a
compatíveis com os registros arqueológicos catequização dos índios tabajaras, em fins do século
correspondentes. Assim permite-se concluir que XVI, e que se manteve na localidade, durante o século
a capela não teria sido construída como parte do XVII, para a conclusão desse patrimônio.
conjunto de um engenho, mas sim, como um local
de catequização dos índios existentes nos limites da
propriedade.
A bibliografia disponível informa que os jesuítas
foram expulsos da Paraíba, em 1593 e só voltaram
115 anos depois, ou seja, em 1708. Em pesquisas
históricas levantamos que, em fins do século XVI (entre
1595/1596), estava sendo construída uma capela, na
Cachimbos históricos resgatados das escavações. O Cachimbo branco
é de origem francesa (GRAVéE). O Cachimbo marrom, em cerâmica, é
também conhecido como “pito”.

Garrafa, de pequeno porte, em Grés faiança fina (malga)


faiança fina Inglesa do século xIx Tijela utilitária (bijuzeiro)

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A História de...

bAlANÇA, mAS NãO CAI


Usada por aqui desde os tempos pré-colombianos, a rede
continua um dos mais queridos utensílios no Nordeste
Texto: Alex lacerda | Fotos: Divulgação
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Curiosidades
- A rede ganhou este nome pela
semelhança com a rede de pescar.
- Não foi notificada nenhuma
referência antiga da rede fora da
América, o que indica que as redes
foram levadas para a Índia e para a
África pelos europeus.
- Pero Vaz de Caminha é
considerado o “padrinho da rede”
por ter sido o primeiro a utilizar
este termo. Os índios a chamavam
de “ini”.
- No Nordeste, em muitos locais
a rede ainda é considerada como
uma herança familiar. A presença da
rede na região se deve a influência
dos jesuítas, que se espalharam
pelo território brasileiro.
- Durante o período colonial nas
Américas, a cama era uma peça
eminentemente de decoração. Na
maioria das residências, dormia-se
na rede.
- As fábricas oficiais de rede estão
localizadas nas cidades de São
Bento, na Paraíba, e de Jardim de
Piranhas, no Rio Grande do Norte.

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REPORTAGEM

Batalha
pelos
espaços
Texto: Neide Donato | Fotos/imagens: Cynthia Sordi

A Avenida General Edson Ramalho,


em Manaíra, enfrenta problemas
de mobilidade, segurança e uso
inadequado dos passeios

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À primeira vista, os problemas passam
despercebidos, mas quando um profissional de
arquitetura e urbanismo bate o olho no local, percebe
os equívocos que aconteceram durante a metamorfose
que transformou uma rua programada para ser
residencial em um espaço comercial.
A arquiteta e urbanista Cynthia Sordi, não só
viu as pedras no caminho da Edson Ramalho, como fez
questão de estudar e propor soluções de mobilidade e
urbanismo para mudar a cara do lugar transformando-o
em um espaço atrativo para os transeuntes, lucrativo
para empresários e agradável para motoristas.
“Tenho acompanhado as transformações
que vem ocorrendo nesta avenida, que após ter se
transformado em corredor viário, teve o uso residencial
substituído rapidamente pelo uso comercial e de
serviços. As lojas de avenida ajudam a resgatar a
urbanidade, o uso do espaço público pelo pedestre,
mas a Avenida Gen. Edson Ramalho tomou um

A
formato confuso, que repele o pedestre, um espaço
avenida tem nome de general, no entanto novo construído segundo padrões ultrapassados, que
só lembra a organização de um quartel em não consideram a mobilidade urbana, um espaço
poucos aspectos. Na verdade, o que se vê público de baixa qualidade, paradoxalmente novo e
hoje na Av. Edson Ramalho, em Manaíra, deteriorado, um mau exemplo, um transtorno urbano”,
João Pessoa, parece muito mais uma analisa Cyntia.
batalha pelos espaços. Com a vocação inicial de ser Entre os problemas detectados na pesquisa feita
palco para endereços residenciais, a via se transformou por Cyntia e apresentada como objeto de conclusão
ao longo dos anos em avenida comercial, porém essa do curso de Arquitetura e Urbanismo pelo Unipê, os
transformação não obedeceu a requisitos básicos de de mobilidade e poluição visual chamam a atenção.
mobilidade e ocupação do espaço urbano. “Fluxos conflitantes, carros pelas calçadas, pedestres

97
Gen. Edson Ramalho transformou-se a ponto de
tornar-se, proporcionalmente, o inverso do uso do seu
entorno, predominando o uso comercial e de serviços
(73%), cada vez mais afirmado na avenida”, ressalta,
com dados da pesquisa realizada em 2009.
Ao se transformar um imóvel residencial em
comercial, as calçadas perdem a utilidade para os
pedestres e automaticamente viram estacionamentos.
“A maioria dos imóveis que mudam de uso, utilizam
o recuo frontal das antigas edificações como
estacionamento – em 2009 representavam quase
60% dos lotes da avenida. O que parece uma solução
para os comerciantes se torna um problema para os
pedestres, com os veículos constantemente cruzando
e congestionando as calçadas, estacionando sem
disciplina, interrompendo o passeio, causando o
conflito veículos x pedestres”, ressalta.
O entorno da avenida também influencia e é
influenciado pela falta de planejamento. No estudo
foi constatado que o espaço coletivo é, em geral,
árido, com pouca vegetação inserida, pavimentação
comprometida, obstáculos do mobiliário urbano, e
portanto pouco confortável para as caminhadas. O
fluxo de pedestres ao longo da via é alimentado pelos
funcionários, por moradores da vizinhança, e em menor
escala, por consumidores, gerando um movimento
maior no horário comercial.
Além de não ter um visual agradavél a
avenida não é considerada um local seguro, tanto
pela velocidade dos veículos quanto pelos furtos que
ocorrem. “Não conseguindo trazer a vitalidade às
ruas, permanece o fluxo necessário, o modelo de lojas
trancadas, de edifícios fechados com lazer interno.
Comportamentalmente não enriquece. Fisicamente
o modelo se repete no entorno, aproveitando o veio
comercial, lojas se insatalam também nas vicinais, com
o mesmo mau uso do espaço público”, argumenta
pelas ruas, acessibilidade comprometida, poluição Cyntia.
visual causada tanto pelo excesso de elementos de
propaganda dispostos quanto pela fiação aérea, enfim,
vários obstáculos à própria vocação que a avenida Ajustes beneficiariam avenida e
assumiu: a de avenida de comércio, onde as vitrines,
que deveriam ser seu maior apelo ficam cobertas pelos entorno
veículos em cima das calçadas, pelos grandes totens e
pelos transformadores e fios encobrindo a paisagem”, Apesar de, na atualidade, a avenida parecer
comenta a arquiteta. mais uma terra de ninguém, a experiência de outras
Essas duas características, por si só já brigam cidades, prova que é possível, sim, requalificar espaços
com a vocação atual da avenida atraindo apenas urbanos e devolvê-los aos transeuntes, sem deixar de
clientes que possuem veículo e cujo comportamento valorizar e se aproveitar dos novos usos. “Parafraseando
se resume a parar apenas em frente às lojas que Rita Lee, diria que no momento a avenida é ‘mutante...
desejam entrar. Por outro lado, os pedestres se sentem parece sozinha...seguindo o seu caminho...’. Corredor
inseguros e ficam relegados a segundo plano. “Há viário, espaço de residências, espaço de comércio, de
uma inversão de hierarquia onde são os veículos que negócios, possui uma diversidade que contribuiria para
assumem o papel de maior importância”, afirma Cyntia. a segurança e que, mal aproveitada, mal conduzida,
perde seu vigor, sua força. Tem as características de
espaço invadido e ao mesmo tempo abandonado”,
afirma Cyntia.
Velocidade das mudanças agravou “Mas ainda, segundo Jan Ghel em Novos
problemas Espaços Urbanos, existe a ‘cidade recuperada’, onde,
aos interesses comerciais pelo espaço público,
Uma das causas apontadas por Cyntia para a somaram-se as necessidades de espaços e condições
avalanche de conflitos que a avenida enfrenta é o curto para os passeios, com oportunidades para a realização
espaço de tempo ocorrido para a mudança de uso dos de atividades sociais e recreativas. É neste conceito que
imóveis dispostos ao longo da via. “Num entorno onde devemos trabalhar, investir, insistir, acreditar”, reflete a
o predomínio é de uso residencial (75%), a Avenida arquiteta.

98
99
OUTRAS ÁREAS

100
A missão de ser
engraçado
A trajetória de Cristóvam Tadeu, que faz rir
há mais de 30 anos em diversas frentes

Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

C
ristóvam Tadeu tem experiência retrospectiva da carreira em um DVD que
no humor: são mais de 30 anos, comemorou seus 25 anos de carreira:
desde que estreou com um Risopontocom. Uma edição feita com a
show de comédia no teatro – seriedade com quem sempre tratou suas
no estilo one-man show. Foi muitas atividades – entre elas, atualmente é
em 1982, quando ele tinha 20 anos – e gerente de programação da rádio Tabajara e
dois anos antes havia estreado como ator faz charges para o jornal Correio da Paraíba,
de teatro. Hoje, Tadeu já diversificou e ambos de João Pessoa.
muito no gênero: além de contar piadas e Aos 8 anos, Cristóvam descobriu
fazer imitações, já dirigiu peças de teatro, seu talento para a comédia no colégio,
apresentou programas de rádio, criou e tentando ser mais popular com as meninas.
dirigiu uma sitcom na TV paraibana, foi Aos 12, conseguiu ter uma tirinha publicada
dublador de filmes, estrelou comerciais no jornal O Norte. Aos 14, publicava um
de TV e faz histórias em quadrinhos. E já jornalzinho no bairro onde morava. Aos 17,
participou várias vezes de programas em saía de casa de chuteiras, mas, na verdade,
rede nacional. ia para o Teatro Santa Roza participar de
Em 1989, esteve no elenco do laboratórios de atuação.
programa Só Riso, da Rede Bandeirantes, Em 1980, estreou na peça O Dia
que também tinha mestres do humor em que Deu Elefante. Foras muitas peças
como Costinha e José Vasconcelos. Há depois dessa, sendo que Bailei na Curva
bem menos tempo, também fez parte do foi a primeira que dirigiu. Em 1982, subiu
elenco do Show do Tom, na Record, como ao palco para seu primeiro show solo de
o Gaetano Velhoso (paródia de Caetano humor: Pra Morrer de Rir. Foram 15 solos,
Veloso). Também já participou de outros sempre contando piadas e imitando
programas de auditório da Record. nomes conhecidos da cultura nacional –
Com a missão de ser engraçado, de Caetano Veloso a Lula, passando por
Cristóvam Tadeu reuniu uma pequena José Wilker e Ariano Suassuna – e também
personalidades regionais, como o agora
arcebispo emérito da Paraíba, Dom Marcelo
Carvalheira.
Com o Sábado de Graça, ele
conseguiu a proeza de manter no ar na
TV paraibana um seriado de humor nos
moldes do Sai de Baixo, da Rede Globo. E
nos quadrinhos, seu destaque é o bebum
Bartolo, publicado algumas vezes nos
jornais locais e que chegou a ser exposto
na cidade de Rimini, na Itália (Rimini, a terra
natal de Federico Fellini).
São as muitas faces de Cristóvam
Tadeu, embora todas tenham o mesmo
objetivo: provocar o riso no espectador,
leitor, ouvinte...

101
Viagem de Arquiteto

Texto e fotos : Suellen Montenegro

Inspiração milenar
A charmosa cidade de Thun, na Suíça, existe desde antes de Cristo

T
hun é uma cidade Suíça que fica no Cantão de Berna. Cidade muito antiga, recebeu os primeiros habitantes
vários anos antes de Cristo, porém foi realmente povoada após a construção do castelo Schloss, no ano de
1190 d.C. O castelo existe até hoje e passa atualmente por pequenas reformas.
Existem vários pequenos castelos e chatôs espalhados pela cidade, que é pequena, romântica e
aconchegante, como a maioria das cidades suíças. É cercada pelo Rio Aar, e banhada pelo enorme Lago Tune.
Esse lago é lindíssimo e dá um toque bucólico à cidade, que é apaixonante. A população local está em torno dos 45.000
habitantes.

102
As boas surpresas são destinos da vida
E o inesperado pode acontecer
Mesmo na escuridão fria e obscura
Um belo lugar nos fez conhecer

A beleza da neve caindo


Fez o mundo tornar perigoso
E como que numa pista de dança
Ao som de uma música dramática e lenta
Sacudiu nosso carro num balanço nervoso

Percorremos novos caminhos


Para num novo rumo chegar
E lá chegando, quanta surpresa!
Os desenhos de Deus naquele momento,
Tive a certeza de encontrar.

Thun! Tão estonteantemente bela


Um destino não programado
Mas de certo abençoado
Pelas mãos de Nosso Senhor

Encantos não lhe faltavam


E adjetivos para lhe engrandecer
Eram fartos e cheios vida
E suaves de dizer

A cidade linda e encantada


Submersa na solidão
Na sua brancura intacta
Nos trouxe como presente
Novamente a convicção
Que o dia seria lindo
Que a vida era um presente
Que nada era em vão

A cada passo que dávamos


Cada canto percorrido
Enchia os olhos de surpresas
E como crianças perplexas
Chegávamos a desconfiar
Se aquilo era mesmo vivido

O antigo castelo no alto


Devidamente iluminado
Como num conto de fadas
Fez parecer tudo encantado

As casinhas ao seu redor


Perfeitamente dispostas
Numa arquitetura peculiar
De mezaninos e subsolos
De cores diversas então
Faziam com que o olhar
Aguçado e curioso
Mantivesse a atenção

Há novecentos anos
A cidade foi crescendo
Em volta de rios e lagos
Tomou forma exuberante
E é belo tudo o que se olha
É beleza por todos os lados
É beleza incessante

103
As árvores que passam frio
Os pássaros cantarolando
Em volta daquele rio
Vão depressa anunciando
As sutilezas de lá estar
A neve que não cessa
Que encanta e machuca
Torna o lugar calmo
E romântico, por fim
E deixa lembranças únicas
Marcadas dentro de mim

Olhando para a água fria


Tive a certeza em sigilo
Que ao me colocar ali
Deus queria compartilhar
Aquela cidade comigo

Cidade de poucas pessoas


Cidade de belas paisagens
Cidade que vale a pena Texto e fotos: arquiteta Suellen Montenegro
Cidade que deixa saudades!
+ fotos no site: www.artestudiorevista.com.br

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DEIXE SEU OLHAR
PASSEAR PELO
QUE É BELO.
ACOMPANHAR A
SIMPLICIDADE DE UMA
LINHA, IMAGINAR O TODO
NO DETALHE.

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João Pessoa • Rua Professora Severina Sousa Souto, 207
(83) 3244.7075 • Jardim Oceania • João Pessoa/PB

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ARQUITETURA E ARTE

Estado
de espírito
A arquitetura reflete as paixões
do personagem principal
de 500 Dias com Ela

Texto: Renato Félix | Fotos: Divulgação

T
om, o protagonista do filme 500 Dias com Ela (2009), trabalha
como redator em uma empresa fabricante daqueles cartões de
festas. Não é o que ele quer fazer. Ele é apaixonado por desenho
e arquitetura e essa paixão, se não é o ponto principal do roteiro,
é um elemento importante da construção do personagem desta
comédia romântica muito elogiada.
Por exemplo: ele é formado em arquitetura, mas se contenta com
o quase-bico de escrever mensagens de cartões. O que isso tem a dizer
sobre Tom (Joseph Gordon-Levitt) e sobre seu relacionamento com
Summer (Zooey Deschanel), a colega por quem ele se apaixona, mas
que, mesmo curtindo o lance dos dois, não quer compromisso? Não por
acaso, o protagonista aparece lendo A Arquitetura da Felicidade, de Alain
de Botton, e dá o livro de presente para Summer.
“O roteiro foi pensado para ser filmado originalmente em São
Francisco”, explica a arquiteta Tharsiana Freitas. “Contudo, após uma
visita à Downtown Los Angeles, o Webb e o ator Gordon-Levitt ficaram
encantados com a arquitetura histórica dessa parte da cidade, que
é pouco vista pelos turistas e pouco mostrada no cinema e na TV. Eles
decidiram, então, readaptar o roteiro para incluir cenas em que o cenário
arquitetônico fosse destacado”.

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109
O romance, que é mostrado em idas e vindas no
tempo, entre momentos bons e ruins, é pontuado por
comentários culturais – entre eles, arquitetônicos. “Num
dos passeios que eles fazem o jovem arquiteto mostra à
sua namorada o Edíficio das Belas Artes de Los Angeles, seu
prédio favorito na cidade – projetado pelos arquitetos Walker
& Eisen, que foi construído em 1925 no estilo neo-românico,
originariamente para abrigar artesãos”, diz a arquiteta.
Mas a cena mais marcante está em outro local favorito
de Tom na cidade. “A Califórnia Plaza é onde Tom faz um
croqui da skyline no antebraço de Summer para mostrar o
que ele proporia para a área”, lembra ela. O filme volta ao
local perto do desfecho da história.
Como elemento de comunicação com a plateia,
os interiores são bastante eloqüentes. O apartamento de
Summer, por exemplo, possui papel de parede de ar bem
feminino. “No apartamento de Tom, um sofá Chesterfield
toma a cena e agrega sofisticação ao local, que se não fosse
pela peça da época vitoriana, passaria por um apartamento
de solteiro qualquer”, completa Tharsiana. “É bem curioso
o contraste de toda a arquitetura histórica e de altíssima
qualidade com as cenas filmadas na Ikea, uma rede de lojas
sueca que vende móveis de baixo custo num modelo de
ambientes prontos pouco personalizados, mas encantam
grande parcela de pessoas comuns, com um design fácil de
se consumir”.
A arquiteta destaca o prédio onde se passa a cena
final de 500 Dias com Ela. “O ponto alto no que se refere
a arquitetura e design mostrados são as cenas filmadas
no Bradbury Building, construído em 1893, projetado por
George H. Wyman nos estilos revival renascença italiana e
românica”, conta. “O interior do prédio é esplendido, com
vários mezaninos abertos para um vão central de pé direito
muito alto, iluminado com luz natural através de um grande
shed. Fechando a ultima cena do filme Tom, espera por uma
entrevista de emprego sentado numa poltrona Barcelona”.
O trabalho de fotografia, que chega a misturar as cenas
reais com desenho, também foi elogiado por Tharsiana. “Para
passar a atmosfera de altos e baixos emocionais o diretor faz
uso da temperatura da luz durante todo o filme, variando os
tons sépia e por vezes chegando à luz branca menos intimista,
dependendo do local e do momento”, diz ela. “Isso demonstra
a influência que a iluminação dos ambientes provoca no
emocional das pessoas. As mudanças de luz, de ambiência
e de lugar mostra que, como na arte, na vida observamos
aquilo que realmente nos interessa e invariavelmente o
estado de espírito influenciará na percepção do ambiente. E
o ambiente nos emocionará de alguma forma”.

Tom (levitt) desenha


um croqui no braço de
Summer (zooey)

500 Dias com Ela


(500 Days of Summer, EUA, 2009)
De Marc Webb
Distribuição: 20th Century-Fox

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111
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conversa franca

Janine
Holmes

Um lugar
ao sol
A coordenadora do curso superior
de Tecnologia em Design de
Interiores do IFPB diz que
regulamentação da profissão
ainda é um desafio

Texto: Neide Donato | Fotos: Divulgação

C
om graduação em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e mestrado em
Engenharia Urbana, Janine Holmes Gualberto tem na docência a mais expressiva experiência profissional. Ela
já foi professora temporária no curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, ministrando disciplinas na área
de representação gráfica, projeto e desenho urbano; lecionou para turmas no curso técnico em Edificações
e no curso superior de Tecnologia em Design de Interiores ambos do Instituto Federal da Paraíba (IFPB),
ministrando disciplinas na área de representação gráfica e projeto. Desde 2009 é professora efetiva no curso superior
de Tecnologia em Design de Interiores do IFPB, ministrando disciplinas na área de representação gráfica e em 2010
assumiu a coordenação do curso. Em entrevista à AE, Janine fala sobre o mercado de trabalho para os designers de
interiores apontando oportunidades e entraves nessa profissão.

113
“ Como a profissão de designer de interiores é mais recente,
confunde-se muito com arquiteto ou decorador.”

ARTESTUDIO - Como coordenadora do curso de design orçamentos de projetos de interiores; o gerenciamento


de interiores, como você avalia o mercado atualmente e a supervisão de obras de execução de projetos de
para esse profissional? interiores; a produção de maquetes físicas e eletrônicas
Janine Holmes - Há uma expansão no setor de de interiores. Em suma, os designers de interiores atuam
comércio, serviços e no setor imobiliário no nosso nos ambientes internos ao edifício. Como atribuições, o
país e, consequentemente, em nosso estado. Esse arquiteto também pode conceber e executar projetos
crescimento, digamos assim, reforça a importância e de ambientes, além de estar habilitado a atuar nos
o aumento pela procura de profissionais capazes de setores de arquitetura e urbanismo, de arquitetura
estruturar e organizar espaços físicos mais eficientes paisagística, do patrimônio histórico cultural e artístico,
e confortáveis. Este mercado requer profissionais do planejamento urbano e regional, da topografia,
habilitados que possam oferecer atendimento técnico do conforto ambiental, entre outros, conforme Lei nº
na orientação aos clientes para a aquisição e utilização 12.378, de 31 de dezembro de 2010 que regulamenta o
correta dos produtos, bem como profissionais exercício da arquitetura e urbanismo e, cria o Conselho
específicos para o desenvolvimento dos projetos de Arquitetura e Urbanismo do Brasil.
visando à qualificação dos espaços interiores. As novas
demandas e as exigências de mercado para os espaços AE - As pessoas ainda confundem muito as duas
interiores, no que tange a soluções sustentáveis e funções?
acessíveis, são fatores, entre outros, que tornam a JH - Como a profissão de designer de interiores é
profissão necessária. mais recente, confunde-se muito com arquiteto ou
decorador. Porém, pode-se notar pelas habilidades
AE - Quais as semelhanças e diferenças entre um descritas anteriormente, qual a área de atuação do
arquiteto e designer de interiores? designer de interiores. Há diferença também entre um
JH - No que diz respeito ao designer de interiores deve- decorador e um designer de interiores. Pela própria
se diferenciar primeiramente a formação, já que existem formação em nível superior, o designer de interiores
cursos de nível técnico, tecnólogo e bacharel, sendo possui conhecimento técnico/científico, devido ao seu
estes dois últimos de nível superior. Um profissional, aprendizado acadêmico que aborda conteúdos como
formado pelo curso superior de Tecnologia em Designer conforto térmico, iluminação, acústica, ergonomia,
de Interiores do IFPB, por exemplo, está habilitado a ecodesign, história, entre outros. É interessante
elaborar, desenvolver, detalhar e especificar projetos perceber que o próprio mercado já começa a entender
de interiores residenciais, comerciais e institucionais, a diferenciação entre esses profissionais (arquiteto,
considerando todos os elementos que compõem designer de interiores e decorador), principalmente
os ambientes interiores: mobiliários, revestimentos, quando se trata do interesse em contratação para
iluminação, forros, elementos decorativos, entre outros. determinado posto de trabalho.
Sua habilidade pode incluir ainda: a análise de espaços
interiores considerando aspectos funcionais, estéticos, AE - O que o cliente deve esperar em relação a entrega
ergonômicos, tecnológicos, socioeconômicos, de projetos de cada um desses profissionais?
ambientais, culturais e históricos; a especificação de JH - Ambos os profissionais têm capacidade de
materiais, indicadores e parâmetros em projetos de desenvolver projetos de interiores, seja um arquiteto,
interiores; a análise de projetos de interiores quanto seja um designer de interiores de nível superior.
à sua viabilidade técnica e financeira; a análise de
ambientes interiores quanto ao atendimento às AE - Na sua avaliação qual o maior entrave atualmente
legislações e normas técnicas vigentes; a elaboração de para os profissionais de design?

Projeto: Márcia Barreiros


Imagens: Juliane Gasparin

114
Foto: Patrícia Pasquini

JH - O maior entrave atualmente para o designer


de interiores, do meu ponto de vista, seria a não
regulamentação da profissão. Um importante passo dado
nesse sentido foi o reconhecimento da profissão, por
parte do Ministério do Trabalho, que ocorreu este ano.
As entidades e associações dos designers de interiores
lutam agora para a regulamentação da profissão e
consequentemente a vinculação em conselho de classe.
Apesar disso, é importante ressaltar que o profissional
formado tem capacidade, habilidade e direito de exercer
sua profissão de acordo com seu nível de formação.

AE - A teoria e a prática estão alinhados, ou ainda há uma


distância entre mercado de trabalho e academia?
JH- Sempre houve uma certa distância entre academia
e prática profissional. Os estudantes da minha época no
curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB, entre 2005
e 2010, não cursavam disciplinas que desenvolvessem
projetos de interiores. A experiência e o conhecimento
que se adquiriam eram através de estágios em escritórios
que desenvolvessem projetos naquela área. Não existiam
disciplinas ou conteúdos que abordassem de forma
específica os projetos de interiores. Do meu ponto de vista,
essa distância é menor para um designer de interiores, pois
esse abordou, no âmbito acadêmico, de forma específica, os
condicionantes e parâmetros para concepção de ambientes
internos. Mas, reforço, que a prática profissional é importante
em todas as formações. Ter capacidade e habilidade não
significa experiência profissional. Até porque o aprendizado
não termina na academia. O exercício da profissão é um
eterno aprendizado.

115
CARTA DO LEITOR

A Artestudio quer ouvir você.


É com prazer que aceitamos a sua opinião, críticas, sugestões e elogios. Entre em contato conosco:
contatoartestudio@yahoo.com.br | contato@artestudiorevista.com.br
Os emails devem ser encaminhados, de preferência, com nome, profissão, telefone e cidade do remetente.
A ARTESTUDIO reserva-se o direito de selecioná-las e resumi-las para publicação.

Sou de Recife, PE, e gostaria que vocês soubessem Parabéns à arquiteta Sandra Moura: belíssimo projeto,
que tenho a edição de aniversário da ARTESTUDIO muito bem apresentado nas páginas dessa revista.
como minha leitura de cabeceira. Percebi muitas Excelente escolha!
mudanças e todas para melhor. O projeto da capa é
minha inspiração. Parabéns a arquiteta Sandra Moura Roberto mello
e a equipe da revista que apresentou tão bem esse Recife, PE
maravilhoso projeto.

Raquel Rezende
Recife, PE
Parabenizo a editoria dessa revista, excelente qualidade
gráfica e, me surpreendeu saber que a Paraíba tem
um produto de tão boa qualidade. Foi muito bom ter
conhecido, vou continuar acompanhando vocês pelo
Olá, quero parabenizar a toda equipe da ARTESTUDIO. site. Abraços.
Confesso que, quando eu recebi a edição pensei que
era outra revista de tão grande as mudanças, mas michel benvenutti
tudo foi para melhor: mais fácil e ainda mais conteúdo. Florianópolis, SC
Gostei da nova logo, menor, mais atual e ainda lembra
a antiga. A capa ficou ainda mais bonita. Parabéns!

Simone Carvalho
Cabedelo, PB Gostaria de parabenizar pela excelente revista passada.
Lindo projeto, linda capa.

Carlos Santos
Campina Grande, PB

ARTESTUDIO é uma publicação trimestral, com tiragem


de 8 mil exemplares de distribuição gratuita e dirigida. A revArtestudio
reprodução de seus artigos, fotografias e ilustrações requer
autorização prévia e só poderá ser feita citando a sua fonte
de origem. As colaborações e artigos publicados e fotos Artestudio márcia barreiros
de divulgação são de responsabilidade exclusiva de seus
autores, não comprometendo a revista, nem seus editores. co nt ato @ a r te s t u d i o r ev i s t a . co m . b r
Contato : +55 (83) 3021.8308 / 9921.9231 co nt ato a r te s t u d i o @ y a h o o. co m . b r

R. Tertuliano de Brito, 338 B - 13 de Maio,


www. artestudiorevista. com. br
João Pessoa / PB , CEP 58.025-000

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ENDEREÇOS

Alexandre Suassuna
Av. Rui Carneiro, 636, sl 13, Ed. Pacific Center
Manaíra - João Pessoa/PB
Fone: +55 (83) 4141.4690 / 8827.2769
alexandresuassuna@homtail.com

Karla Barros e Annelise Lacerda


Av. Guarabira 949 - Manaíra
João Pessoa/PB
Fone: +55 (83) 3021.6161
ka.arq@hotmail.com

Fabiana Furtado
Av. Euzely Fabrício de Sousa, 477
Manaíra - João Pessoa/PB
Fone: +55 (83) 9997.6992
fabianafurtadojp@yahoo.com.br

Cristiano Rolim e Ricardo Nogueira


Av. Flávio Ribeiro Coutinho, 300
Ed. Praia Shopping, sl 206
Bessa - João Pessoa/PB
Fone: +55 (83) 3246.7500 / 9983.9321

Samia Raquel
Av. Presidente Epitácio Pessoa, empresarial Bell Center,
2055, sala 109, Bairro dos estados
João Pessoa / PB.
Fone: +55 (83) 3224.4657 / 9663.0000

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