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Discutir a legalidade ou não de um Aborto não é das tarefas mais fáceis, pois a questão
do Aborto não envolve apenas os artigos expressos no Código Penal Brasileiro, válido
desde a década de quarenta sem revisões, envolve também questões individuais como:
Moral, Religião, Cultura, Condições Econômicas, entre outros.
Na América Latina, a maior parte dos países pune o Aborto inclusive com a pena de
reclusão social, e punem com mais veemência os profissionais que praticam este ato. O
rigor das Leis Latinas é fortemente influenciado pela forte manifestação da Igreja
Católica na região, presente desde a época da colonização européia.
CONCEITO DE ABORTO
• Espontâneo.
• Provocado ou induzido.
O aborto provocado é todo aquele que tem como causador um agente externo, que pode
ser um profissional ou um "Leigo" que utiliza as seguintes técnicas:
Dilatação ou corte: uma faca, em forma de foice, dilacera o feto que é retirado em
pedaços.
Sucção ou Aspiração: pode ser feito até a 12ª semana após o último período menstrual.
Este Aborto pode ser feito com anestesia local ou geral. Com a local a paciente toma
uma injeção intramuscular de algum analgésico. Já na mesa de operação faz um exame
para determinar o tamanho e a posição do útero. Se for anestesia geral, toma-se uma
hora antes da operação uma injeção intramuscular de Thionembutal. Inicia então uma
infusão intravenosa. O Thionembutal adormece o paciente e um anestésico geral por
inalação como o Óxido de Nitroso é administrado através de uma máscara. A partir daí
o procedimento é o mesmo da anestesia geral e local. O colo do útero é imobilizado por
um tentáculo, e lentamente dilatado pela inserção de uma série de dilatadores cervicais.
Depois está relacionada à quantidade de semanas de gestação. Liga-se esta ponta ao
aparelho de sucção, no qual irá evacuar completamente os produtos da concepção. A
sucção afrouxa delicadamente o tecido da parte uterina e aspira-o, provocando
contrações do útero, o que diminui a perda de sangue. Com a anestesia local, usa-se
uma injeção de Ergotrate para contrair, o que pode causar náusea e vômitos.
Curetagem é feita a dilatação do colo do útero e com uma cureta é feita a raspagem
suave do revestimento uterino do embrião, da placenta e das membranas que envolvem
o embrião. A curetagem pode ser realizada até a 15ª semana após a última menstruação.
Este tipo de aborto é muito perigoso, por que pode ocorrer perfuramento da parede
uterina, tendo sangramento abundante. Outro fator importante é que se pode tirar muito
tecido, causando a esterilidade.
Drogas e Plantas substâncias que quando ingeridas causam o Aborto. Algumas são
tóxicos inorgânicos, como arsênio, antimônio, chumbo, cobre, ferro, fósforo e vários
ácidos e sais. As plantas são: absinto (losna, abuteia, alecrim, algodaro, arruda, cipómil
– homens, esperradura e várias ervas amargas). Toda esta substância tem de ser
ingeridas em grande quantidade para que ocorra o Aborto. O risco de abortar é tão
grande como o de morrer, ou quase.
MINI-ABORTO: feito quando a mulher está a menos de sete semanas sem menstruar.
O médico faz um exame manual interno para determinar o tamanho do feto e a posição
do útero. Lava-se a vagina com uma solução anti-séptica e com uma agulha fina,
anestesia o útero em três pontos, prende-se o órgão com um tipo de fórceps chamado
tenáculo, uma sonda de plástico fino e flexível é introduzida no útero. A esta sonda liga-
se um aparelho de sucção e remove-se o endométrio e os produtos de concepção. A
mulher que faz o mini-Aborto pode ter cólicas uterinas, náuseas, suor e reações de
fraqueza. A não pode manter relações sexuais e nem usar tampão nas três ou quatro
semanas seguintes para evitar complicações ou infecções.
Envenenamento por sal feito do 16ª à 24ª semana de gestação.
O médico aplica anestesia local num ponto situado entre o umbigo e a vulva, no qual irá
ultrapassar a parede do abdome, do útero e do âmnio Com esta seringa aspira-se o
líquido amniótico, que será substituído por uma solução salina ou uma solução de
prostaglandina. Após um prazo de 24 a 48 horas, por efeito de contrações do feto é
expulso pela vagina, como num parto normal. O risco apresentado por este tipo de
aborto é a aplicação errada da anestesia, e a solução ter sido injetada fora do âmnio,
causando a morte instantânea.
Sufocamento também chamado de "parto parcial". Nesse caso, puxa-se o feto para fora
deixando apenas a cabeça dentro, já que ela é grande demais. Daí introduz-se um tubo
em sua nuca, que sugará a sua massa cerebral, levando-o à sua morte. Só então o bebê
consegue ser totalmente retirado.
LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
No Brasil o Aborto Legal, como é chamado às situações previstas pelo Código Penal,
não é considerado crime, pois as situações previstas apesar de típicas afastam a
antijuricidade.
A tabela abaixo exibe para maior compreensão todos os artigos do Código Penal que
envolve a questão do Aborto:
Homicídio Simples:
Art. 121 - Matar alguém: Pena - reclusão, de seis (seis) a 20 (vinte) anos.
Homicídio culposo:
§ 3º - Se o homicídio é culposo:
Infanticídio:
Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o próprio filho, durante o parto
ou logo após:
Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque:
Forma qualificada
Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço,
se, em conseqüência do Aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante
sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas,
lhe sobrevém à morte.
Aborto necessário
Apesar do Código Penal prever a prática do aborto legal desde de 1940, somente após
uma sessão realizada pela Comissão de Constituição e Justiça em 20 de agosto de 1997,
o aborto legal passou a ser praticado na rede pública obrigatoriamente.
As Leis Brasileiras estão na mídia com freqüência, e todos concordam que o Código
Penal necessita ser reformulado em um todo. Em relação às Leis do Aborto está
mudança já pode ser sentida nos Tribunais que recentemente liberam em diversos
estados do país a licença para o aborto em casos de formação fetal incompatível com a
vida.
Os legistas consideram além das categorias de Aborto, citadas no código Penal outras
duas categorias: o Aborto Eugenésico e o Aborto Social. Uma vez que não existe em
nossa legislação um dispositivo que permita realização do Aborto quando os exames
pré-natais demonstram que o filho nascerá com graves anomalias, como Síndrome de
Down, ausência de algum membro, não é permitido, portanto, o Aborto eugenésico ou
eugênico. Ocorre, entretanto, que os juízes têm concedido alvarás permitindo a
realização do Aborto quando os exames comprovam que a anomalia é de tamanha
gravidade que o filho morrerá logo após o corte do cordão umbilical, como acontece,
por exemplo, nos casos de anencefalia. Argumentam os juízes que essa constatação não
era possível quando o Código Penal foi elaborado porque, à época, não existia ultra-
som. Atualmente, porém, quando a anomalia é verificada concede-se o alvará sob o
fundamento de que o feto não tem vida própria (atipicidade) ou por inexigibilidade de
conduta diversa (excludente de culpabilidade). Parece-nos correta a providência porque,
nos termos do art. 3º da Lei n. 9.434/97, a morte se verifica com a cessação da atividade
encefálica (para permitir a retirada de órgão para transplante), não se podendo, por essa
razão, caracterizar o crime de Aborto (pela provocação de morte do feto) quando o
produto da concepção sequer possui vida encefálica.
As estáticas mundiais mostram que a prática do aborto é mais freqüente nos países onde
o Aborto não é permitido, mesmo com as dificuldades para medir estes índices.
Conforme mostra a tabela abaixo:
Comparação entre os índices de aborto no mundo
% de Aborto por 1,000 Mortes Maternais por
País
mulheres de idade 15–44* 100,000 nascimentos vivos
Aborto Legalizado
Estados Unidos 26 12
Inglaterra 15 9
Holanda 6 12
Finlândia 10 11
Japão 14 18
Austrália 17 9
Aborto Ilegal
Brasil 38 220
Colômbia 34 100
Chile 45 65
República Dominicana 44 110
México 23 110
Peru 52 280
*Dados são de 1990; grupo-idade é 15–49 em países aonde o aborto é ilegal. Fontes: %
de Abortosão de S. Singh e S.K. Henshaw, "The Incidence of Abortion: A Worldwide
Overview Focusing on Methodology and on Latin America," papel entregue á International
Union for the Scientific Study of Population Seminar on Socio-Cultural and Political Aspects
of Abortion from an Anthropological Perspective, Trivandrum, India, Mar. 25–28, 1996; %
de mortes maternais são de P. Adamson, "A Failure of Imagination," The Progress of
Nations: 1996, United Nations Children's Fund (UNICEF), New York, 1996.
Fonte: (www.aborto.com/laborto1.htm)
ÉTICA
Segundo o Dicionário Aurélio, Ética é "o estudo dos juízos de apreciação que se
referem à conduta humana susceptível de qualificação do ponto de vista do bem e do
mal, seja relativamente à determinada sociedade, seja de modo absoluto".
O ato, objeto da Ética, é o ato humano, ato específico do homem, ato que distingue o
homem dos outros seres. Os outros atos (atos do homem) são realizados pelo homem,
mas não enquanto homem, apenas enquanto ser biológico ou animal. O homem nasce e
cresce por forças inatas, necessárias, por determinismo natural. Destas ações não sé
ocupa a Ética. Ato humano - é o ato voluntário e livre. Não é voluntário o ato
espontâneo e necessário. Vontade é tendência racional; só há vontade em seres
racionais. Por isso o ato voluntário supõe que a inteligência teve conhecimento prévio
do objeto que se apresenta à vontade. É necessário este conhecimento para que o ato
seja humano.
A Ética procura definir o bem e o mal moral. Procura determinar princípios e normas
éticas, que levem o indivíduo a cumprir com seus deveres e ordenar seus atos.
Da Ética ocupou-se a vida inteira Sócrates. Sobre a Ética discorreu Platão em todos os
seus diálogos. Aristóteles legou-nos quatro tratados de Ética. E quando morria
Aristóteles, nascia Zenão de Cício, o fundador do Estoicismo, que reduziu toda a
Filosofia à Ética.
A pessoa não nasce ética, sua estruturação ética vai ocorrendo juntamente com o seu
desenvolvimento. De outra forma, a humanização traz a ética no seu bojo.
O aborto é uma grande polêmica, até mesmo nas discussões éticas e morais, algumas
pessoas acreditam no direito à vida, outras no direito da mulher de escolha em seu
próprio corpo, há também a discussão em torno da má formação fetal e da gestante
portadora de HIV.
A deontologia relata que Hipócrates, nos século 4 e 5 AC, era contra os médicos
colocarem a disposição da mulher todo e qualquer métodos de realizar aborto. O
juramento médico definido em Genebra em 1948, afirma o dever de respeito absoluto à
vida desde a concepção até a morte. Mas como não existe uma unanimidade na leis
mundiais,não só médicos como todos profissionais de saúde estão exposto a legislações
nacionais que contradizem este juramento, cabe a esses profissionais decidirem de
acordo com seus valores morais, nestes casos.
Pela legislação brasileira o "Aborto Sentimental" não decorre do conflito entre dois
direitos à vida, mas envolve o direito à saúde psíquica da mãe ou um direito de
segurança social.
CONCLUSÃO
Além das conseqüências sobre a mãe os demais membros da família também são
afetados com problemas imediatos com os demais filhos por causa da animosidade que
a mãe sofre.
A legalização do aborto, ao mesmo tempo que proporcionara uma melhora nas estáticas
de saúde da mulher, levando as que fazem esta dura escolha condições dignas e
higiênicas pode ocasionar, sobrecarga fiscal sobre os cidadãos que pagam impostos,
pois o deverá ser pago pela previdência social; maior número de crianças que nascem
com defeitos em conseqüência de abortos provocados, relaxamento das
responsabilidades específicas da paternidade e da maternidade pois algumas pessoas
podem substituir o anticoncepcional pelo aborto, e por fim o aumento das doenças
psicológicas no âmbito de um setor importante para a sociedade, particularmente entre
as mulheres de idade madura e entre os jovens.
BIBLIOGRAFIA
SANSON, Vitorino Felix. Ética e Trabalho. Caxias do Sul: De Zorzi S/A, p. 81-84.
VALLS, Álvaro L. M. O que é Ética. 7ª edição. São Paulo. Ed. Brasiliense, 1993
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS
CURSO DE DIREITO
A ÉTICA NO ABORTO
Junho 2007
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS
CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS
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Junho 2007