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Sociologia:
“Movimento
Político das Pessoas
com Deficiência”
Foi a partir da socialização do homem que as pessoas com deficiência física ou alguma
necessidade especial sofreram com a exclusão social. Visto que as estruturas da
sociedade da época privaram essas pessoas do direito à liberdade, pois as mesmas do
ponto de vista deles tinham um “impedimento”, ou seja, elas são pessoas “defeituosas”
que não conseguiriam apresentar um mesmo potencial que o restante das pessoas da
sociedade. Ou seja, eles eram agentes indesejados a uma sociedade produtiva e
guerreira.
A sociedade civil organizou, durante o século XX, as próprias iniciativas, tais como: as
Sociedades Pestalozzi e as Associações e Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, voltadas
para a assistência das pessoas com deficiência intelectual (atendimento educacional,
médico, psicológico e de apoio à família); e os centros de reabilitação, como a
Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e a Associação de Assistência
à Criança Defeituosa – (AACD), dirigidos, primeiramente, às vítimas da epidemia de
poliomielite.
Mesmo que durante todo o século XX surgissem iniciativas voltadas para as pessoas com
deficiência, as mesmas sempre sofreram opressão, tanto pelo manifesto em relação à
restrição de seus direitos civis quanto, especificamente, à que era imposta pela tutela
da família e de instituições. Quase não havia espaço para que elas participassem das
decisões em assuntos que lhes diziam respeito. Foi a partir do final da década de 1970
que o movimento das pessoas com deficiência surgiu, aonde elas protagonizaram as
suas lutas pelos os seus direitos. O lema “Nada sobre Nós sem Nós”, expressão difundida
internacionalmente, sintetiza com fidelidade a história do movimento. Eram um dos
protagonistas do processo de redemocratização pelo qual passava a sociedade
brasileira. Ao promover a progressiva ampliação da participação política no momento
em que essa era ainda muito restrita, a atuação desse grupo deu novo significado à
democracia.
O Imperial Instituto dos Meninos Cegos foi criado pelo Imperador D. Pedro II, em 1854,
para instruir as crianças cegas do Império. A instituição foi instalada no Rio de Janeiro e
tinha como modelo o Instituto de Meninos Cegos de Paris, cujos métodos de ensino
eram considerados os mais avançados de seu tempo.
Em seu primeiro ano de funcionamento, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos atendeu
alunos de apenas duas províncias – Rio de Janeiro e Ceará. Até o fim do regime
monárquico, recebeu meninos e meninas de várias outras províncias, tais como Alagoas,
Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
Paulo. O ingresso dos alunos estava condicionado à autorização do ministro e secretário
de Estado dos Negócios do Império.
O Imperial Instituto dos Surdos-Mudos foi criado em 1856, por iniciativa particular do
francês E. Huet, professor surdo e ex-diretor do Instituto de Surdos-Mudos de Bourges.
A criação do Instituto e suas primeiras atividades foram financiadas por donativos até
1857, quando a lei orçamentária destinou-lhe recursos públicos e o transformou em
instituição particular subvencionada (Lei n° 939, de 26 de setembro de 1857),
posteriormente assumida pelo Estado. Huet dirigiu a instituição por aproximadamente
cinco anos e, depois de sua retirada, em 1861, o Instituto entrou em processo de
desvirtuamento de seus objetivos. O Instituto atendeu apenas três pessoas surdas em
1856. Com o tempo, esse atendimento se expandiu. A princípio, eram alunos
provenientes do Rio de Janeiro, sobretudo da capital do Império, onde o Instituto estava
instalado; posteriormente, vieram alunos de outras províncias: Alagoas, Bahia, Ceará,
Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Paraná,
Pernambuco e Santa Catarina. A crise na instituição foi exposta em 1868, quando o chefe
da Seção da Secretaria de Estado, Tobias Rabello Leite, realizou inspeção nas atividades
e condições do Instituto. Em seu relatório, apontou que o desvio seus propósitos
originais, transformando-se em um verdadeiro asilo de surdos. Tobias Leite tornou-se
diretor da Instituição até 1896 e deu-lhe o impulso definitivo como referência na
educação de surdos no Brasil. O currículo consistia no ensino elementar incorporado de
algumas matérias do secundário. O ensino profissionalizante focava-se em técnicas
agrícolas, já que a maioria dos alunos era proveniente de famílias pobres do meio rural.
Em 25 meados da década de 1870, foram instaladas oficinas profissionalizantes de
encadernação e sapataria.
Movimento pestalozziano
No Brasil, inspirado pelo pedagogo suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), foi
criado, em 1926, o Instituto Pestalozzi de Canoas, no Rio Grande do Sul. A influência do
ideário de Pestalozzi, no entanto, ganhou impulso definitivo com Helena Antipoff,
educadora e psicóloga russa que, a convite do Governo do Estado de Minas Gerais, veio
trabalhar na recém-criada Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte. Sua atuação
marcou consideravelmente o campo da assistência, da educação e da institucionalização
das pessoas com deficiência intelectual no Brasil. Foi Helena Antipoff quem introduziu o
termo “excepcional”, no lugar das expressões “deficiência mental” e “retardo mental”,
usadas na época para designar as crianças com deficiência intelectual. Para ela, a origem
da deficiência vinculava-se à condição de excepcionalidade socioeconômica ou orgânica.
Helena Antipoff criou, em 1932, a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte. Em 1945, foi
fundada a Sociedade Pestalozzi do Brasil; em 1948, a Sociedade Pestalozzi do Estado do
Rio de Janeiro; e, em 1952, a Sociedade Pestalozzi de São Paulo. Até 1970, data da
fundação da Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi (Fenasp), o movimento
pestalozziano contava com oito organizações em todo o País. A criação da federação,
também por iniciativa de Helena Antipoff, fomentou o surgimento de várias sociedades
Pestalozzi pelo Brasil. Atualmente, são cerca de 150 sociedades Pestalozzi filiadas à
Fenasp.
Movimento apaeano
A primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) foi fundada em 1954, no Rio de
Janeiro, por iniciativa da americana Beatrice Bemis, mãe de uma criança com deficiência
intelectual. A reunião inaugural do Conselho Deliberativo da APAE do Rio de Janeiro ocorreu em
março de 1955, na sede da Sociedade de Pestalozzi do Brasil. Em 1962, havia 16 APAEs no Brasil,
12 das quais se reuniram em São Paulo para a realização do 1° Encontro Nacional de Dirigentes
Apaeanos, sob a coordenação do médico psiquiatra Dr. Stanislau Krynski. Participaram dessa
reunião as APAEs de Caxias do Sul, Curitiba, Jundiaí, Muriaé, Natal, Porto Alegre, São Leopoldo,
São Paulo, Londrina, Rio de Janeiro, Recife e Volta Redonda. Durante a reunião decidiu-se pela
criação da Federação Nacional das APAEs (Fenapaes). A Fenapaes foi.
Ela foi criada pois o estado não assumia a responsabilidade em relação as pessoas com
deficiência intelectual.
Início do movimento
A “fase heroica” do movimento das pessoas com deficiência coincide com a abertura
política, quando reunidas em Brasília em 1980, as associações construíram a pauta
comum de reivindicações de seus direitos. O 1° Encontro fez nascer o sentimento de
pertencimento a um grupo, a consciência de que os problemas eram coletivos e,
portanto, as batalhas e as conquistas deveriam visar ao espaço público (SÃO PAULO,
2011). Segundo Figueira, “Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio,
excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981, Ano Internacional da Pessoa
Deficiente, promulgado pela ONU, passou a se organizar politicamente” (FIGUEIRA,
2008). Em depoimento, Sassaki conta que “pela primeira vez surgiu a palavra pessoa
para conferir dignidade e identidade ao conjunto das pessoas deficientes”. (LANNA
JÚNIOR, 2010).
Legislação Brasileira
O Decreto 3.298/99, que regulamenta a lei 7.853/89, traz uma primeira conceituação
de deficiência e dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência. Essa política confere aos órgãos e entidades do poder público a
responsabilidade de assegurar à pessoa com deficiência o pleno exercício de seus
direitos. Na execução desse Decreto, foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE, estrutura básica da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República, órgão superior de deliberação colegiada,
com a finalidade de acompanhar e avaliar o desenvolvimento de uma política nacional
de inclusão da pessoa com deficiência, em integração com a CORDE, também ligada à
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos. A CORDE, em sintonia com os movimentos
sociais, foi dirigida por sete anos (2002 a 2009) por uma pessoa com deficiência,
detentora de histórico expressivo nas lutas desse grupo.
Inclusão
Conclusão
É possível perceber muitos avanços na inclusão social das pessoas com deficiência.
Entretanto, muitos destes avanços só aconteceram na teoria, porque na prática, não é
muito bem o que. Muitos estigmas que atingiram ao longo da história este segmento
social permanecem ativos. É muito comum, as pessoas com deficiência serem
associadas a seres incapazes, que não trabalham ou estudam, e de que são
improdutivas. Deste modo elas deveriam usufruir de ambientes especiais “protegidos”
da sociedade. Exemplos como estes são parte do cotidiano de qualquer um que tenha
alguma deficiência. Desde a saúde, educação e trabalho este tipo de pensamento se faz
presente no âmbito da sociedade.
Com isto, se faz necessário que os órgãos oficiais aprimorem o conhecimento sobre o
grupo de pessoas com deficiência no país. O IBGE, por sua vez, só apresenta dados
relativos à população com deficiência a cada dez anos, quando da realização do Censo
Demográfico. A sugestão seria a inclusão das pessoas com deficiência também na
Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios (PNAD), realizada anualmente, para que
se tenha um conjunto de dados mais atualizados e precisos das pessoas com deficiência
no país. O exame das políticas voltadas para as pessoas com deficiência revela o quanto
este processo é recente, se comparado com as políticas orientadas para outras minorias
sociais, o que faz com que seus resultados ainda sejam pouco efetivos e não adequados
para uma análise de impacto. O que se tem é um processo de construção de cidadania
em andamento, o que torna temerário admitir neste momento flexibilizações que
retirem direitos dos trabalhadores com deficiência, principalmente no que diz respeito
à Lei de Cotas, já que a aplicação deste instrumento, apesar de ter sido formalizado há
mais de 20 anos, ainda é muito recente. As fiscalizações do Ministério do Trabalho e do
Ministério Público do Trabalho têm sido mais efetivas e têm obtido êxito ao conduzir as
empresas à refletirem sobre a contratação de pessoas com deficiência. Ou seja, se com
a chamada Lei de Cotas o cenário ainda é bastante precário, sem ela o quadro seria ainda
muito pior.
A Acessibilidade é um dos cenários no qual a maioria das pessoas sofrem com isto devido
a péssima infraestrutura. Se este tipo de problema atrapalha as pessoas que não tem
nenhum tipo de deficiência, imagina aqueles que realmente necessitam de coisas
básicas, como rampas, asfaltamentos etc.? Este problema não deveria estar presente na
sociedade. Deste modo como estas pessoas poderiam, por exemplo, procurar emprego
se o simples fato de sair para a rua torna-se uma tarefa difícil? Mesmo que consiga
chegar aos locais de busca de vagas, muitas vezes estas pessoas encontram prédios com
pouca ou nenhuma adaptação física, com escadas intransponíveis e sem a alternativa
de rampas ou elevadores, ou sem a presença de intérprete de línguas de sinais para que
possam estabelecer uma comunicação razoável, no caso dos surdos. Na Sociologia do
Trabalho, os trabalhadores com deficiência estão invisíveis aos olhos dos estudiosos da
área, faltam análises mais aprofundadas sobre o dia-a-dia do trabalho das pessoas com
deficiência, faltam dados empíricos tanto quantitativos, quanto qualitativos. Há um
amplo campo de possibilidades para estudos futuros, como por exemplo, sobre a
qualidade no trabalho deste segmento, já que a inclusão completa vai além da simples
inserção. Muitas vezes, um empregador contrata uma pessoa com deficiência apenas
para cumprir a cota, mas não para trabalhar. Isto resulta em indivíduos frustrados,
subaproveitados em suas capacidades, e que estão cotidianamente constrangidos por
não produzirem da mesma forma que seus colegas. Comparecem à empresa, registram
seus horários, mas passam o dia realizando tarefas repetitivas e que estão muito abaixo
de suas capacidades.
Sem desprezar as conquistas históricas trazidas pelas mobilizações destas pessoas e pelo
empenho de governos e instituições neste sentido, é possível concluir que muitas
medidas, nos mais diversos âmbitos da sociedade, são ainda necessárias para uma
efetiva inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Bibliografia
http://www.infojovem.org.br/infopedia/descubra-e-aprenda/diversidade/pessoas-
com-deficiencia/
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/117571/000967381.pdf?sequenc
e=1
http://violenciaedeficiencia.sedpcd.sp.gov.br/pdf/textosApoio/Texto2.pdf
http://www.portalinclusivo.ce.gov.br/phocadownload/publicacoesdeficiente/historia
%20movimento%20politico%20pcd%20brasil.pdf
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200008