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Seminário de

Sociologia:
“Movimento
Político das Pessoas
com Deficiência”

Nomes: André Felipe Teles e João Victor Basilio

Prof.ª: Ana Cristina


Disciplina: Sociologia Data:07/12/17
Introdução

Foi a partir da socialização do homem que as pessoas com deficiência física ou alguma
necessidade especial sofreram com a exclusão social. Visto que as estruturas da
sociedade da época privaram essas pessoas do direito à liberdade, pois as mesmas do
ponto de vista deles tinham um “impedimento”, ou seja, elas são pessoas “defeituosas”
que não conseguiriam apresentar um mesmo potencial que o restante das pessoas da
sociedade. Ou seja, eles eram agentes indesejados a uma sociedade produtiva e
guerreira.

As pessoas com deficiência conquistaram espaço e visibilidade na sociedade brasileira


nas últimas décadas. E foi a partir do século XIX que houve uma evolução, um progresso
no qual possibilitou um melhor avanço nessa luta de reconhecimento dessas pessoas
aqui no Brasil. Este marco foi a integração da educação especial de cegos e de surdos
em internatos, como na Europa: o Imperial Instituto dos Meninos Cegos e o Imperial
Instituto dos Surdos-Mudos. Com isto, foi introduzido nesta época o sistema Braille de
escrita para os cegos. Durante o período entre 1880 e 1960 os surdos foram proibidos
de usar a língua de sinais para não comprometer o aprendizado compulsório da
linguagem oral. Deste modo, podemos perceber que, houve uma dominação por parte
das pessoas sobre este pequeno grupo minoritário de surdos, o qual ficou
impossibilitado de desenvolver sua cultura natural, ou seja, a ideologia do grupo
majoritário prevaleceu sobre o minoritário.

A sociedade civil organizou, durante o século XX, as próprias iniciativas, tais como: as
Sociedades Pestalozzi e as Associações e Pais e Amigos dos Excepcionais - APAE, voltadas
para a assistência das pessoas com deficiência intelectual (atendimento educacional,
médico, psicológico e de apoio à família); e os centros de reabilitação, como a
Associação Brasileira Beneficente de Reabilitação (ABBR) e a Associação de Assistência
à Criança Defeituosa – (AACD), dirigidos, primeiramente, às vítimas da epidemia de
poliomielite.

Mesmo que durante todo o século XX surgissem iniciativas voltadas para as pessoas com
deficiência, as mesmas sempre sofreram opressão, tanto pelo manifesto em relação à
restrição de seus direitos civis quanto, especificamente, à que era imposta pela tutela
da família e de instituições. Quase não havia espaço para que elas participassem das
decisões em assuntos que lhes diziam respeito. Foi a partir do final da década de 1970
que o movimento das pessoas com deficiência surgiu, aonde elas protagonizaram as
suas lutas pelos os seus direitos. O lema “Nada sobre Nós sem Nós”, expressão difundida
internacionalmente, sintetiza com fidelidade a história do movimento. Eram um dos
protagonistas do processo de redemocratização pelo qual passava a sociedade
brasileira. Ao promover a progressiva ampliação da participação política no momento
em que essa era ainda muito restrita, a atuação desse grupo deu novo significado à
democracia.

O Imperial Instituto dos Meninos Cegos

O Imperial Instituto dos Meninos Cegos foi criado pelo Imperador D. Pedro II, em 1854,
para instruir as crianças cegas do Império. A instituição foi instalada no Rio de Janeiro e
tinha como modelo o Instituto de Meninos Cegos de Paris, cujos métodos de ensino
eram considerados os mais avançados de seu tempo.

Em seu primeiro ano de funcionamento, o Imperial Instituto dos Meninos Cegos atendeu
alunos de apenas duas províncias – Rio de Janeiro e Ceará. Até o fim do regime
monárquico, recebeu meninos e meninas de várias outras províncias, tais como Alagoas,
Bahia, Espírito Santo, Minas Gerais, Pará, Piauí, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São
Paulo. O ingresso dos alunos estava condicionado à autorização do ministro e secretário
de Estado dos Negócios do Império.

O Imperial Instituto dos Surdos-Mudos

O Imperial Instituto dos Surdos-Mudos foi criado em 1856, por iniciativa particular do
francês E. Huet, professor surdo e ex-diretor do Instituto de Surdos-Mudos de Bourges.
A criação do Instituto e suas primeiras atividades foram financiadas por donativos até
1857, quando a lei orçamentária destinou-lhe recursos públicos e o transformou em
instituição particular subvencionada (Lei n° 939, de 26 de setembro de 1857),
posteriormente assumida pelo Estado. Huet dirigiu a instituição por aproximadamente
cinco anos e, depois de sua retirada, em 1861, o Instituto entrou em processo de
desvirtuamento de seus objetivos. O Instituto atendeu apenas três pessoas surdas em
1856. Com o tempo, esse atendimento se expandiu. A princípio, eram alunos
provenientes do Rio de Janeiro, sobretudo da capital do Império, onde o Instituto estava
instalado; posteriormente, vieram alunos de outras províncias: Alagoas, Bahia, Ceará,
Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Maranhão, Minas Gerais, Paraná,
Pernambuco e Santa Catarina. A crise na instituição foi exposta em 1868, quando o chefe
da Seção da Secretaria de Estado, Tobias Rabello Leite, realizou inspeção nas atividades
e condições do Instituto. Em seu relatório, apontou que o desvio seus propósitos
originais, transformando-se em um verdadeiro asilo de surdos. Tobias Leite tornou-se
diretor da Instituição até 1896 e deu-lhe o impulso definitivo como referência na
educação de surdos no Brasil. O currículo consistia no ensino elementar incorporado de
algumas matérias do secundário. O ensino profissionalizante focava-se em técnicas
agrícolas, já que a maioria dos alunos era proveniente de famílias pobres do meio rural.
Em 25 meados da década de 1870, foram instaladas oficinas profissionalizantes de
encadernação e sapataria.

Movimento pestalozziano

No Brasil, inspirado pelo pedagogo suíço Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827), foi
criado, em 1926, o Instituto Pestalozzi de Canoas, no Rio Grande do Sul. A influência do
ideário de Pestalozzi, no entanto, ganhou impulso definitivo com Helena Antipoff,
educadora e psicóloga russa que, a convite do Governo do Estado de Minas Gerais, veio
trabalhar na recém-criada Escola de Aperfeiçoamento de Belo Horizonte. Sua atuação
marcou consideravelmente o campo da assistência, da educação e da institucionalização
das pessoas com deficiência intelectual no Brasil. Foi Helena Antipoff quem introduziu o
termo “excepcional”, no lugar das expressões “deficiência mental” e “retardo mental”,
usadas na época para designar as crianças com deficiência intelectual. Para ela, a origem
da deficiência vinculava-se à condição de excepcionalidade socioeconômica ou orgânica.
Helena Antipoff criou, em 1932, a Sociedade Pestalozzi de Belo Horizonte. Em 1945, foi
fundada a Sociedade Pestalozzi do Brasil; em 1948, a Sociedade Pestalozzi do Estado do
Rio de Janeiro; e, em 1952, a Sociedade Pestalozzi de São Paulo. Até 1970, data da
fundação da Federação Nacional das Sociedades Pestalozzi (Fenasp), o movimento
pestalozziano contava com oito organizações em todo o País. A criação da federação,
também por iniciativa de Helena Antipoff, fomentou o surgimento de várias sociedades
Pestalozzi pelo Brasil. Atualmente, são cerca de 150 sociedades Pestalozzi filiadas à
Fenasp.

Movimento apaeano

A primeira Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) foi fundada em 1954, no Rio de
Janeiro, por iniciativa da americana Beatrice Bemis, mãe de uma criança com deficiência
intelectual. A reunião inaugural do Conselho Deliberativo da APAE do Rio de Janeiro ocorreu em
março de 1955, na sede da Sociedade de Pestalozzi do Brasil. Em 1962, havia 16 APAEs no Brasil,
12 das quais se reuniram em São Paulo para a realização do 1° Encontro Nacional de Dirigentes
Apaeanos, sob a coordenação do médico psiquiatra Dr. Stanislau Krynski. Participaram dessa
reunião as APAEs de Caxias do Sul, Curitiba, Jundiaí, Muriaé, Natal, Porto Alegre, São Leopoldo,
São Paulo, Londrina, Rio de Janeiro, Recife e Volta Redonda. Durante a reunião decidiu-se pela
criação da Federação Nacional das APAEs (Fenapaes). A Fenapaes foi.

Ela foi criada pois o estado não assumia a responsabilidade em relação as pessoas com
deficiência intelectual.

Início do movimento

Em 1979, foi criada a Coalizão Pró-Federação Nacional de Entidades de Pessoas


Deficientes. Pela primeira vez, organizações de diferentes estados e tipos de deficiência
se reuniram com os objetivos de criar diretrizes para a organização do movimento e
traçar estratégias de lutas, ambos visando aumentar o potencial das reivindicações. Vale
ressaltar que não foram permitidas a participação de organizações relacionadas às
pessoas com deficiência intelectual. Em 1980, ocorre o 1° Encontro Nacional de
Entidades de Pessoas Deficientes, em São Paulo.

A “fase heroica” do movimento das pessoas com deficiência coincide com a abertura
política, quando reunidas em Brasília em 1980, as associações construíram a pauta
comum de reivindicações de seus direitos. O 1° Encontro fez nascer o sentimento de
pertencimento a um grupo, a consciência de que os problemas eram coletivos e,
portanto, as batalhas e as conquistas deveriam visar ao espaço público (SÃO PAULO,
2011). Segundo Figueira, “Se até aqui a pessoa com deficiência caminhou em silêncio,
excluída ou segregada em entidades, a partir de 1981, Ano Internacional da Pessoa
Deficiente, promulgado pela ONU, passou a se organizar politicamente” (FIGUEIRA,
2008). Em depoimento, Sassaki conta que “pela primeira vez surgiu a palavra pessoa
para conferir dignidade e identidade ao conjunto das pessoas deficientes”. (LANNA
JÚNIOR, 2010).

As pessoas com deficiência participaram ativamente da Assembleia Nacional


Constituinte (ANC), mobilizadas em torno da elaboração da Constituição de 1988. Além
disso, outros dois pontos marcam avanços na ação governamental voltadas para o
direito dessa população: a criação da Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência (CORDE), em 1986, e da Política Nacional para Integração da
Pessoa Portadora de Deficiência, em 1989. O Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa
Portadora de Deficiência (CONADE) foi criado em 1999, como órgão superior de
deliberação coletiva.

Diferença de entidades para deficientes e de deficientes

As entidades para deficientes trabalham com reabilitação e o de deficientes é quando


eles trabalham para eles mesmos.

Legislação Brasileira

 Deficientes e a legislação brasileira


O ano de 1988 foi de extremo significado para os movimentos participativos do país,
pela ratificação da Constituição Cidadã. Os movimentos nacionais das pessoas com
deficiência participaram do processo da Constituinte. Propostas relativas ao respeito às
pessoas com deficiência foram incorporadas à Constituição Federal de 1988, o que
significou a possibilidade de construção de políticas sociais com a garantia de direitos
dessas pessoas. As propostas incluíam o rompimento com a trajetória de tutela; o
rompimento do viés caritativo; o direito ao respaldo jurídico, ou seja, uma conquista
reconhecida por toda a sociedade brasileira. Os artigos da Constituição Federal de 1988
condizentes a esse processo vislumbravam formas de proteção social das pessoas com
deficiência, e se constituíram em expressão dos anseios e lutas desse grupo. A Lei
7.853/89 estabelece as normas gerais dos direitos das pessoas com deficiência; as
competências dos órgãos da administração pública em relação ao segmento; as normas
de funcionalidade das edificações e vias públicas; e as competências da Coordenadoria
Nacional para Integração da Pessoa com Deficiência – CORDE. Esse órgão foi de grande
importância no encaminhamento das lutas e com frequência agiu em consonância com
movimentos sociais específicos.

O Decreto 129/91 promulgou a Convenção 159 da OIT, e a Lei 8.213/91 estabeleceu


cotas de contratação de pessoas com deficiência, cujo potencial ganhou mais
visibilidade no mercado de trabalho. Mais adiante, a Lei 8.899/94 dispõe sobre o direito
de ir e vir através do Passe Livre, e sobre a necessidade de se tornarem mais acessíveis
os meios de transporte. Outras leis foram criadas, inclusive a Lei 9.394/96, que
estabeleceu as Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB, reconhecendo a educação
como instrumento fundamental para a integração e participação de qualquer pessoa
com deficiência no contexto em que vive. Aldaíza Sposati (2005) destaca a participação
dos movimentos sociais das pessoas com deficiência na luta para regulamentação da
LOAS, que incorporou reivindicações desse grupo.

O Decreto 3.298/99, que regulamenta a lei 7.853/89, traz uma primeira conceituação
de deficiência e dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora
de Deficiência. Essa política confere aos órgãos e entidades do poder público a
responsabilidade de assegurar à pessoa com deficiência o pleno exercício de seus
direitos. Na execução desse Decreto, foi criado o Conselho Nacional dos Direitos da
Pessoa Portadora de Deficiência - CONADE, estrutura básica da Secretaria Especial dos
Direitos Humanos da Presidência da República, órgão superior de deliberação colegiada,
com a finalidade de acompanhar e avaliar o desenvolvimento de uma política nacional
de inclusão da pessoa com deficiência, em integração com a CORDE, também ligada à
Secretaria de Estado dos Direitos Humanos. A CORDE, em sintonia com os movimentos
sociais, foi dirigida por sete anos (2002 a 2009) por uma pessoa com deficiência,
detentora de histórico expressivo nas lutas desse grupo.

Ao final da década de 1990, algumas ações começam a se destacar, voltadas para o


protagonismo daqueles com deficiência intelectual. A Rede APAE, atenta às tendências
internacionais dos direitos humanos daqueles com deficiência intelectual e múltipla,
preocupa-se em despertar, dentro do grupo de alunos, lideranças que permitam
ajudarem-se uns aos outros. O resultado é significativo: algumas dessas pessoas
assumiram o controle de suas vidas, passaram a lutar contra a discriminação e a
promover a autodefesa de seus direitos. Em 2001, 2005, 2008 e 2012 foram realizados
fóruns nacionais de autodefensores, nos quais se pautaram discussões para que cada
vez mais pessoas com deficiência intelectual e múltipla viabilizassem suas garantias
constitucionais, possibilitando sua participação em todos os segmentos da sociedade. Já
o reconhecimento da Língua Brasileira de Sinais – Libras, como língua oficial do Brasil se
dá através da Lei nº 10.436/02, que responsabilizou o poder público pela garantia do
uso e difusão dessa língua, visando ao atendimento adequado aos deficientes auditivos.
Para a população surda, trata-se da principal bandeira de luta, pois a ausência da
comunicação compromete qualquer perspectiva de inclusão social desse público.

O Decreto 5.296/2004 regulamenta as Leis 10.098 e 10.048, que tratam de


atendimentos e acessibilidade para as pessoas com deficiência. O Decreto se tornou,
durante anos, a principal referência para que a sociedade brasileira se
instrumentalizasse com vistas a garantir o respeito às diferenças humanas. Órgãos
públicos e privados deveriam respeitar as prerrogativas dessa normativa. Contudo,
somente uma estrutura jurídica não é capaz de garantir o cumprimento e efetividade do
Decreto. As organizações das pessoas com deficiência mantiveram articulações para
viabilizar suas demandas.

Inclusão

Conceito de inclusão e o conceito de desenvolvimento inclusivo surgem como evolução


do modelo medico para o modelo social. A convenção da ONU é criada com base neste
modelo social da deficiência. O modelo médico limita a pessoa pelo fato de ser
deficiente, por exemplo, se existir uma escada na frente de um cadeirante, este modelo
irá dizer “coitado, ele não vai conseguir pois é deficiente”. Já o modelo social, vai criticar
a infraestrutura pois está impedindo aquela pessoa de ter os seus direitos como cidadão.

A infraestrutura aumenta ou diminui o grau de deficiência de uma pessoa, ou seja, o


meio ambiente está diretamente relacionado com nível de deficiência que uma
determinada pessoa tem. Visto que, em condições inadequadas uma pessoa, que tem,
por exemplo, alguma deficiência que se sobressai em lugares com o asfaltamento ruim
terá um grau maior que uma pessoa que mora num local que o asfaltamento é plano e
com rampas e mais outras coisas que promovem a locomoção. Deste modo, podemos
concluir que a deficiência não é só algo relacionado intrinsecamente a pessoa, e sim
também ao meio ambiente que pode aumentar ou diminuir ao ponto de que aquela
pessoa não seja deficiente.

Conclusão

É possível perceber muitos avanços na inclusão social das pessoas com deficiência.
Entretanto, muitos destes avanços só aconteceram na teoria, porque na prática, não é
muito bem o que. Muitos estigmas que atingiram ao longo da história este segmento
social permanecem ativos. É muito comum, as pessoas com deficiência serem
associadas a seres incapazes, que não trabalham ou estudam, e de que são
improdutivas. Deste modo elas deveriam usufruir de ambientes especiais “protegidos”
da sociedade. Exemplos como estes são parte do cotidiano de qualquer um que tenha
alguma deficiência. Desde a saúde, educação e trabalho este tipo de pensamento se faz
presente no âmbito da sociedade.

Com isto, se faz necessário que os órgãos oficiais aprimorem o conhecimento sobre o
grupo de pessoas com deficiência no país. O IBGE, por sua vez, só apresenta dados
relativos à população com deficiência a cada dez anos, quando da realização do Censo
Demográfico. A sugestão seria a inclusão das pessoas com deficiência também na
Pesquisa Nacional por Amostra em Domicílios (PNAD), realizada anualmente, para que
se tenha um conjunto de dados mais atualizados e precisos das pessoas com deficiência
no país. O exame das políticas voltadas para as pessoas com deficiência revela o quanto
este processo é recente, se comparado com as políticas orientadas para outras minorias
sociais, o que faz com que seus resultados ainda sejam pouco efetivos e não adequados
para uma análise de impacto. O que se tem é um processo de construção de cidadania
em andamento, o que torna temerário admitir neste momento flexibilizações que
retirem direitos dos trabalhadores com deficiência, principalmente no que diz respeito
à Lei de Cotas, já que a aplicação deste instrumento, apesar de ter sido formalizado há
mais de 20 anos, ainda é muito recente. As fiscalizações do Ministério do Trabalho e do
Ministério Público do Trabalho têm sido mais efetivas e têm obtido êxito ao conduzir as
empresas à refletirem sobre a contratação de pessoas com deficiência. Ou seja, se com
a chamada Lei de Cotas o cenário ainda é bastante precário, sem ela o quadro seria ainda
muito pior.
A Acessibilidade é um dos cenários no qual a maioria das pessoas sofrem com isto devido
a péssima infraestrutura. Se este tipo de problema atrapalha as pessoas que não tem
nenhum tipo de deficiência, imagina aqueles que realmente necessitam de coisas
básicas, como rampas, asfaltamentos etc.? Este problema não deveria estar presente na
sociedade. Deste modo como estas pessoas poderiam, por exemplo, procurar emprego
se o simples fato de sair para a rua torna-se uma tarefa difícil? Mesmo que consiga
chegar aos locais de busca de vagas, muitas vezes estas pessoas encontram prédios com
pouca ou nenhuma adaptação física, com escadas intransponíveis e sem a alternativa
de rampas ou elevadores, ou sem a presença de intérprete de línguas de sinais para que
possam estabelecer uma comunicação razoável, no caso dos surdos. Na Sociologia do
Trabalho, os trabalhadores com deficiência estão invisíveis aos olhos dos estudiosos da
área, faltam análises mais aprofundadas sobre o dia-a-dia do trabalho das pessoas com
deficiência, faltam dados empíricos tanto quantitativos, quanto qualitativos. Há um
amplo campo de possibilidades para estudos futuros, como por exemplo, sobre a
qualidade no trabalho deste segmento, já que a inclusão completa vai além da simples
inserção. Muitas vezes, um empregador contrata uma pessoa com deficiência apenas
para cumprir a cota, mas não para trabalhar. Isto resulta em indivíduos frustrados,
subaproveitados em suas capacidades, e que estão cotidianamente constrangidos por
não produzirem da mesma forma que seus colegas. Comparecem à empresa, registram
seus horários, mas passam o dia realizando tarefas repetitivas e que estão muito abaixo
de suas capacidades.

Sem desprezar as conquistas históricas trazidas pelas mobilizações destas pessoas e pelo
empenho de governos e instituições neste sentido, é possível concluir que muitas
medidas, nos mais diversos âmbitos da sociedade, são ainda necessárias para uma
efetiva inclusão das pessoas com deficiência no mercado de trabalho.
Bibliografia

http://www.infojovem.org.br/infopedia/descubra-e-aprenda/diversidade/pessoas-
com-deficiencia/
https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/117571/000967381.pdf?sequenc
e=1

http://violenciaedeficiencia.sedpcd.sp.gov.br/pdf/textosApoio/Texto2.pdf

http://www.portalinclusivo.ce.gov.br/phocadownload/publicacoesdeficiente/historia
%20movimento%20politico%20pcd%20brasil.pdf

http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-88392000000200008

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